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1 MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM Ensino de Geografia 2º Ano Disciplina: GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO Código: ISCED41-CAMBCFE007 Total Horas/IIo Semestre: 115 Créditos (SNATCA): 5 Número de Temas: 5 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED 2 Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: isced HYPERLINK "mailto:isced@isced.ac.mz"@ HYPERLINK "mailto:isced@isced.ac.mz"isced.ac.mz Website: www.isced HYPERLINK "http://www.isced.ac.mz/".ac.mz mailto:isced@isced.ac.mz mailto:isced@isced.ac.mz http://www.isced.ac.mz/ 3 Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autor André Camanguira Nguiraze, PhD pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte- Brasil Coordenação Design Financiamento e Logística Revisão Científica Revisão Linguística Ano de Publicação Local de Publicação Direcção Académica do ISCED Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) xxxx 2018 ISCED – BEIRA 4 Índice Visão geral ................................................. Benvindo à Disciplina/Módulo de Contabilidade Geral ................................................................................. 1 Objectivos do Módulo ................................................................................ 1 Quem deveria estudar este módulo ........................................................... 1 Como está estruturado este módulo ........................................................... 1 Ícones de actividade .................................................................................. 3 Habilidades de estudo ............................................................................... 3 Precisa de apoio? ...................................................................................... 5 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ....................................................... 6 Avaliação ................................................................................................... 6 5 TEMA – I: CONSIDERAÇÃO GERAIS: CONCEITO E OBJECTO DE ESTUDO UNIDADE Temática 1.1. Geografia da população: conceito, objecto de estudo e evolução.................................................................................... Sumario......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercício de Avaliação.............................................................................. UNIDADE Temática 1.2. evoluição do pensamento da Geografia da população..................................................................................... ........... Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercício de Avaliação.............................................................................. TEMA – II: TEORIAS POPULACIONAIS: TEORIAS DE MALTHUS. MARXISTAS E AS VERTENTES NEOMALTHUSIANISMO CONTEMPORÂNEO UNIDADE Temática 2.1. Conceitos básicos da Geografia da população..................................................................................... ............ Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercício de Avaliação.............................................................................. 6 UNIDADE Temática 2.2. Teorias demográficas: Teorias Malthusiana............................................................................. ........... Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação.................................................................... Exercício de Avaliação............................................................................. UNIDADE Temática 2.3. Teorias demográfricas: Teorias Marxistas...................................................................................... ........ Sumário......................................................................................... ........ Exercício de Auto- Avaliação.................................................................. Exercício de Avaliação........................................................................... UNIDADE Temática 2.4. Teorias demográficas: Teorias neomalthusiana e a vertente reformista................................................ Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercício de Avaliação.............................................................................. TEMA – III: ELEMENTOS, DINÂMICA POPULACIONAL E DESENVOLVIMENTO... UNIDADE Temática 3.1. histórico de crescimento populaconal............ Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercício de Avaliação.............................................................................. UNIDADE Temática 3.2. Crescimento populacional no século XX..... Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercício de Avaliação.............................................................................. UNIDADE Temática 3.3. A Migração ....................................................... 7 Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercício de Avaliação.............................................................................. TEMA – IV: MOVIMENTOS SOCIAIS................................................................. UNIDADE Temática 4.1. Breve histórial da gêneses dos Movimentos sociais ...................................................................................................... Sumário.................................................................................................... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercicio de Avaliação ............................................................................. UNIDADE Temática 4.2. Teorias de Movimentos sociais...................... Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercicio de Avaliação.............................................................................. TEMA – V: CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO............................................... UNIDADE Temática 5.1. Reflexões sobre os conceitos de racas e etnia Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação.................................................................... Exercicio de Avaliação............................................................................. UNIDADE Temática 5.1. A Religião verus estrutura social.................... Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercicio de Avaliação.............................................................................. UNIDADE Temática 5.1. Tipos de religião no mundo............................. 8 Sumário......................................................................................... ........... Exercício de Auto- Avaliação..................................................................... Exercicio de Avaliação.............................................................................. Visao Geral Benvindo à Disciplina/Módulo d Geografia da População Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Geografia da População deverás ser capaz de saber os diferentes estágios de evoluição do conceito do conceito da Geografia da população, conhecer a interdisplinaridade das ciências com a Geografia no concernente ao objecto de estudo que o homem, compreender as teorias populacionais: Teoria de Malthus; Neomalthusianismo contemporâneo; Marx e a população, tendo em conta a critica do crescimento populacional no mundo, saber os elementos da dinâmica populacional: mortalidade, natalidade e fecundidade, mobilidade populacional, em termos da migrações; saber caracterizar a população no concernente a etnia, religião, cultura e língua. Ademais, conhecer também a dinâmica populacional e desenvolvimento e, os movimentos sociais por si provocado. 9 Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Ensino de Geografia do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. Estrutura deste módulo Objectivos Específicos Identificar os diferentes estágios da dinâmica da evoluição da Geografia da População e a sua ocupação espacial; Compreender a população como se configura enquanto objecto de invetigação e teorização no contexto histórico da organização da sociedade; Caracterizar as teorias de Malthus; Neomalthusianismo contemporâneo e de Marx, no concernente ao crescimento populacional. Compreender os fenômenos e da dinâmica populacional e suas variações espaciais. Natalidade, mortalidade, crescimento vegetativo, migrações, estrutura etária e ocupacional; Caracterizar os movimentos sociais. 10 Este módulo de Geografia da População , para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Ensino de Geografia, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias • Um índice completo. • Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades,. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algunas incluido estudo de caso. Outros recursos A equipa dos académicoa e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para elém deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresntam duas caracteristicas: primeeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação, mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 11 Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/doceentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exrcícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico- Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em goso de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones da Actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidade Objectivos de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos),para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 12 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalhjo intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Porque o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto, mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com 13 o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de Apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou admibistrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar’a a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefa Avaliação e auto-avaliação O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 14 Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio é uma viloção do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e concistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizaos, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. 15 TEMA I: CONSIDERAÇÕES GERAIS: CONCEITO E OBJECTO DE ESTUDO. UNIDADE Temática 1.1. Geografia da população: conceito, objecto de estudo e evolução UNIDADE Temática 1.2. A Evoluição do Pensamento da Geografia da População UNIDADE Temática 1.1.Geografia da população: conceito, objecto de estudo e evolução. Introdução Nesta Unidade, iremos discutir o conceito da Geografia da População bem como sua história, elementos que marcam a sua evoluicao no Mundo, no sentido epistemológica, sem se esquecer de fazer menção da relevância dos estudos populacionais para a Geografia. Destaca-se também nesta unidade, vamos nos aferir mais detalhadamente em como a população se torna um obbjecto de e um discurso que interessa a diversas esferas da sociedade, transformando-se em campos teóricos que explicam e projectam o comportamento das pessoas, idealizando a sua dinâmica. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Conceituar a geografia da população; Idenficar o objecto de estudo da Geografia da População e as variáveis que estao implicado; Reconhecer a relvancia dos estudos populacionais para a Geografia; Descrever a evolução dos estudos demográficos Demonstrar a relação de interdependência entre GPP e outras áreas cietificas afim. Conceito da Geografia da População Segundo larke (1972) citado por PACIONE (1986), a geografia da população é o estudo da variação espacial da distribuição, composição, migração e crescimento populacional. Nesse sentido, os geógrafos populacionais se debruçariam sobre as inter- relações entre os ambientes físicos e a população, sendo o principal objetivo explicar essas inter-relações. É notório que tal definição é fortemente influenciada pelas abordagens geográficas tradicionais deterministas e 16 possibilistas, que focam exatamente na interação entre ser humano e meio ambiente. A força dessa definição é percebida pelo peso desse método de análise nas principais obras dedicadas ao tema nas primeiras décadas após a sua legitimação como subárea da geografia. Outra tentativa de definição destacada por Pacione (1986) é a de Pryor6, para quem a geografia da população é a análise e explicação dos fenômenos populacionais por meio do aspecto geográfico dos lugares e de suas variações ao longo do tempo no espaço. A concepção de Pryor não foge muito da apresentada por Clarke (apud PACIONE, 1986), só acrescenta a variável tempo como um elemento a mais a ser considerado pelo geógrafo e que está de acordo com a concepção de Beaujeu-Garnier, que pode ser verificada a seguir. Para Beaujeu-Garnier (1980), o geógrafo, quando trata da população, tem a função de descrever os fatos de acordo com os seus contextos ambientais, verificando suas causas, características e consequências. Segundo a autora, para esse fim o geógrafo usará ferramentas e dados de diferentes disciplinas, mas irá organizá-los de acordo com seu objetivo, que está enraizado à determinada situação na superfície terrestre. Por outro lado, segundo Zelinsky (1974), a geografia da população é a ciência que estuda as maneiras pelas quais os elementos populacionais variam no interior dos lugares geográficos através do tempo e do espaço, interagindo com numerosos fenômenos não demográficos. Para ele, o propósito fundamental dessa área está além de descrever onde as pessoas vivem, seu número e tipo. De forma categórica, Zelinsky (1974) afirma que geográfico não é sinônimo de localizacional, e que por isso a geografia da população deve focar o caráter interdependente das coisas que mudam no espaço, por meio da análise das causas e dos efeitos das transformações. As afirmações do autor são importantes por focarem elementos básicos do saber geográfico como homem e espaço, mas, sobretudo, por deslocarem a geografia da confortável e constrangedora condição de ser uma ciência que diz somente onde estão as coisas e, nesse caso, onde estão as pessoas. Zelinsky (1974) demonstra que o fazer geográfico está muito além de apenas dar a localização do fenômeno, este é apenas mais um instrumento para a compreensão do objeto de estudo. Numa tentativa de classificar as definições de geografia da população, Pacione (1986) usa trabalhos de Noin7 (1989), Bähe8 (1983) e Jones (1982) e separa as definições em amplas e restritas. Segundo Pacione (1986), as definições amplas são aquelas que enfatizam a distribuição espacial da população com base em elementos de seu crescimento e características estruturais. Já as definições restritas abordam a variação na dinâmica populacional por meio de componentes migratórios em diferentes escalas, com uma perspectiva espacial que desconsidera, na maioria dos. As décadas de 1980 e 1990 foram marcadas pelo surgimento de uma nova ordem mundial caracterizada pelo fim da bipolaridade, pela expansão da globalização, das ideias neoliberais e pela intensificação dos transportes e 17 comunicações. Tais transformações foram acompanhadas por questionamentos à ordem teórica preestabelecida. Era um mundo em ebulição que não exigia apenas respostas diferentes para os problemas, exigia também diferentes perguntas e metodologias. Nesse caminho, segundo Bailey (2005), a geografia da população também mudou. Para além dos modelos de geografia da população estabelecidos entre as décadas de 1950 e 1970, diferentes abordagens surgiram sob influência das discussões que ocorriam nas ciências humanas de forma geral e na geografia em particular. Deste modo, novas correntes de pensamento como o materialismo, o estruturalismo, o culturalismo, o pós-estruturalismo, e o pós-colonialismo passaram a demandar uma forma diferente de fazer geografia da população (Bailey, 2005; King, 2011). Nesse contexto, outras demandas se misturavam a assuntos clássicos da subdisciplina na construção de uma miríade de temas de pesquisa, com destaque, segundo Bailey (2005, p. 165), para temas como migração (sedentarismo, nomadismo, nacionalismo e transnacionalismo), fecundidade (gravidez, paternidade e maternidade), mortalidade e morbidade (distribuição espacial das doenças), grupos etários (infância, adolescência, juventude, maturidade, população idosa, aposentadoria), casamentos, divórcios, minorias (questões de gênero, classe, sexualidade, questões raciais, étnicas, de nacionalidade, religião e família), etc. Apresentavam-se, assim, novas temáticas e questionavam-se os muros da subdisciplina que haviam sido erigidos entre 1950 e 1970. Para Bailey (2005), o pluralismo passou a ser a palavra que marcava a geografia da população, se é que se poderia afirmar que ainda existia uma geografia da população, pois, como afirma o autor, a geografia da população como era conhecida até então não existia mais. De tal modo, a geografia da população aumentava suas possibilidades de análise deixando de ser uma gaveta fechada para se abrir às necessidades e potencialidades da sociedade contemporânea. Na visão de Zelinsky (1974:17), Geografia da População: “é a ciência que trata dos modos pelos quais o caráter geográfico dos lugares é formado por um conjunto de fenómenos de população que varia no interior deles através do tempo e do espaço, na medida em que seguem suas próprias leis de comportamento, agindo uns sobre os outros e relacionando- se com numerosos fenómenos não demográficos. Na longa definição acima, podemos extrair basicamente alguns elementos centrais, como “lugar”, “variação”, “tempo”, “espaço” e “comportamento”. O que aparentemente confunde com o estudo da Demografia. Portanto, achamos que a definição acima tenta esgotar aspectos estritamente geográficos, mais assim não responde, por exemplo, para entender a nova dinâmica populacional dos dias atuais que o bem diferencia dos velhos estudos populacionais, por sinal muitos comuns dentro do pensamento económico (como é o caso de Thomas Malthus). 18 “A Geografia da População é o campo de estudo (portanto, com certo carácter científico) dos processos demográficos, analisados em uma perspectiva temporal e principalmente espacial, na tentativa de explicarsua dinâmica permanente, da qual organiza o espaço produzido pelo homem, buscando entender o carácter diferenciado de sua distribuição espacial. POPULAÇÃO E GEOGRAFIA: um breve histórico na construção de objecto de estudo O estudo da população está presente na Geografia praticamente desde o seu inicio, sendo, no entanto, bastante incipiente no começo do século XX, não contando com produções específicas. A população era tratada como “o primeiro capítulo dos manuais ou tratados de geografia humana” ou enquanto “primeira aproximação da diversidade espacial produzida pelo homem” (Damiani, 2009, p. 48) No entanto, fica evidente em obras como Princípios de Geografia Humana, de Vidal de La Blache, na qual afirma-se que “na apreciação das relações entre terra e homem, a primeira pergunta deve ser de que forma está distribuída a espécie humana na superfície terrestre, determinando em que proporções numéricas ocuparia as diferentes regiões” (Damiani, 2009, p. 48). Esta sentença torna claro também o principal objeto de investigação acerca da população para os autores clássicos: a sua distribuição pelo globo e as causas das diferenças nas ocupações do ecúmeno. Outro ponto em que se debruçavam os geógrafos estudiosos da população era o das características dos grupos humanos e de como eles se adaptavam às variações naturais – especialmente as climáticas – do planeta. Com forte influência da Biologia, ciência de grande status no inicio do século passado, o estudo dos grupos humanos estava voltado para a compreensão da concentração diferenciada das “raças originais” no planeta, a partir das condições de adaptação e aclimatação das mesmas. Não é surpresa que nestes estudos estava presente uma posição colonialista, em que a aclimatação do grupo caucasiano aos climas quentes e úmidos era uma preocupação por parte dos estudiosos. É possível identificar fragmentos de perspectiva semelhante em obras como Geografia de População, de Beaujeu-Garnier, em que a autora afirma: O corpo humano pode adaptar-se a seu ambiente natural. Talvez uma adaptação operada durante milhares de anos possa ser percebida na distribuição das raças negra e branca, pois o homem branco é o habitante natural da zona temperada e o negro da região quente. 19 Este concentra-se, indubitavelmente, mas bem adaptado que aquele à vida nas regiões quentes: a forte pigmentação de sua pele forma uma espécie de tela que o coloca “na sombra”, por assim dizer, e lhe permite trabalhar nu, reduzindo assim a quantidade de sal que perde pela evaporação; o grande número de glândulas sebáceas que lhe dão maior capacidade para transpirar, a multiplicidade de capilares sanguíneos subcutâneos (…), tudo isso permite-lhe manter mais facilmente seu equilíbrio térmico. (1971, p. 42) No entanto, o fim da 2ª Guerra representa o início de grandes transformações para as ciências, assim como para as esferas sociais, politicas e econômicas. O aprofundamento das relações de produção capitalistas e a intensificação dos processos de industrialização e urbanização exigiram das ciências novas formas de entender o mundo e para a Geografia, em particular, estas exigências não poderiam mais ser atendidas pelas análises tradicionais. A complexidade das relações espaciais não podia mais ser compreendida a partir de uma perspectiva de condicionamento natural ou ainda a partir da análise dos gêneros de vida, vistos que esses representavam sociedades mais elementares e agrícolas. A diminuição progressiva da simbiose homem- meio natural nas sociedades industriais no pós-guerra e o aumento do número de grandes cidades são fatores importantes que explicam os novos direcionamentos das análises populacionais, mas pode-se dizer que um fator ainda mais significativo foi o grande aumento da população mundial, especialmente nos países subdesenvolvidos. O fato impulsionou o surgimento de uma nova Geografia da População, que passava a contar agora com estudos próprios, transformando-se em uma disciplina acadêmica (processo este incentivado também pelo crescimento da ciência demográfica). Neste contexto, um nome importante foi o de Pierre George, geógrafo de grande produção na área de população 1 . Seus trabalhos representaram uma ruptura com diversos aspectos clássicos nos estudos populacionais, como a própria distribuição dos povos pelo planeta, agora entendida a partir da organização da produção capitalista e não mais por fatores biológicos e culturais, o que caracteriza uma ênfase economicista neste momento histórico, para essa disciplina recém criada. Objecto de estudo da Geografia da População De início, é evidente que o aspecto do ONDE deve aparecer em primeiro lugar, isto servindo como instrumento inicial de análise, mesmo sabendo de suas limitações explicativas. 1 Entre seus principais trabalhos na área podemos citar: Demogeografia (1955), Geografia da População (1969), População e Povoamento (1972) e Populações Ativas (1979). 20 Nessa linha de abordagem, o elemento inicial seria explicar os motivos e causas de distribuição da população no espaço geográfico. Veja que não utilizamos a expressão superfície terrestre, sendo esta herança da chamada Geografia Clássica e a mera indicação é frágil para explicarmos as complexidades do mundo de hoje e particularmente de uma realidade dominada pelo capitalismo em sua fase de domínio das grandes empresas e da força do sistema financeiro. Daí a dificuldade de se construir o campo de estudo da Geografia da População, isso até para não cairmos na armadilha de estarmos fazendo Demografia, Sociologia da População, ou ainda da Economia Demográfica. Entretanto, temos o triunfo da tradição, quando a disciplina é uma das mais antigas e ao mesmo tempo é uma das mais modernas, quando, por exemplo, relacionam problemas de natureza ambiental e de recursos naturais e a chamada pressão demográfica ou da superpopulação aparece como marco de ser analisado e estudado. Para melhor esclarecer ao estudante. A questão da distribuição da população no espaço é à base do estudo, isso naturalmente associado às causas e motivos dessa desigualdade espacial observada. Um segundo ponto seria a relação população-recursos naturais. Mas não devemos esquecer que essa relação não é meramente mecânica. A tendência mundial da população morar e viver nas áreas urbanas não significa necessariamente que isso estaria relacionado com o fenómeno do desequilíbrio crescimento populacional e recursos naturais limitados. E na verdade seriam outras causas, particularmente mais relevantes, que propriamente essa relação de causa e efeito. Afinal, a necessidade e o domínio de um sistema económico onde tudo se transforma em mercadoria (logo, para viver deve ter dinheiro no bolso), obrigam que actualmente milhões de pessoas se desloquem do campo ou de um pequeno aglomerado urbano, migrando para uma cidade maior, buscando trabalho e uma nova vida, onde se compra tudo. E finalmente um terceiro elemento estaria na importância do estudo de diversas variáveis como as variáveis biológicas, este apresentado, por exemplo, pela taxa de natalidade, mortalidade, faixa etária, distribuição por sexo, etc. Ou ainda, nas variáveis culturais, como o número de casamentos, divórcios, tamanho médio da família, etnia, raça, etc. E para completar pelas variáveis sócias económicas, como renda familiar, condição de moradia, qualificação profissional, nível de escolaridade, etc. Lembrando mais uma vez, que, todas essas variáveis não podem ser vistas isoladamente, para no conjunto e ainda mais importante: a análise de sua dinâmica para explicar determinada localidade como país ou região é o verdadeiro campo de estudo da Geografia da População. Completa-se também a importância da representação demográfica, com base na construção de mapas, isso servindo como instrumentodos estudos sobre população. 21 Paradigma da interdisciplinaridade da Geografia da População A Geografia da População começa a ganhar destaque academicamente na década de 1950 (apesar de os estudos nesta área serem bem mais antigos, porém não sistematizados, como se discorrerá mais adiante), impulsionada pelos avanços na Demografia e o seu consequente alcance de status cientifico. Na década seguinte, as pesquisas nas duas áreas ganharam amplitude e passaram a ocupar um importante lugar nas políticas governamentais, em um momento em que o mundo debatia os impactos do crescimento vegetativo para o desenvolvimento dos países pobres. Desde então, os avanços técnicos no campo da Demografia aumentaram significativamente. É neste contexto, que proporcionou-se uma maior sofisticação e precisão no tratamento dos dados estatísticos; o que também beneficiou os estudos populacionais na Geografia. O que ocorre nas décadas seguintes é o esgotamento da temática – ate então central para as duas áreas – crescimento populacional x desenvolvimento econômico e o resultado disso para a Geografia da População foi uma aparente estagnação teórica e metodológica nas décadas de 1980 e 1990. As temáticas mostravam-se repetitivas e, em algumas vezes, aproximava os estudos do censo comum, explicitando os fenômenos por eles mesmos sem explicar sua realidade, apenas descrevendo-os (MormuL & Rocha, 2012, p. 143). Ainda, nos anos de 1950 a Geografia da População passa a contar cada vez mais com a influência de outras áreas, como a Sociologia, Estatística, História e Economia mas em especial a Demografia, ciência que passou a ocupar posição cada vez mais importante diante da nova realidade econômica e social. Recenseamentos ficaram mais frequentes, contando com novos métodos e técnicas de análise, cada vez mais sofisticados e precisos. Para Amélia Damiani, apesar deste estreitamento das análises demográficas e geográficas ter representado maior controle sobre os dados populacionais (inclusive dos dados qualitativos) ele representou, ao mesmo tempo, um comprometimento metodológico, na medida em que pressupõe um caminho padrão para as análises populacionais, que iniciariam sempre a partir dos números para depois serem explorados por outros ramos da geografia. Isso significaria um engessamento no estudo das complexidades históricas dos povos e das suas estruturas econômicas, sociais e políticas. (2009, p. 61). A geografia populacional irá buscar ainda conceitos de outras áreas de estudo como a biologia, da qual mesclada a conceitos básicos desta, irá desenvolver conceitos amplamente difundidos em distintas áreas, como 22 as taxas natalidade, mortalidade, faixa etária, distribuição por sexo, etc. Pode-se ainda elaborar variáveis baseadas em estudos culturais, como o número de casamentos, divórcios, etnia, raça, entre outras. Teremos ainda variáveis de cunho sócio-economico, como renda familiar, condições de moradia, qualificação profissional, nível de escolaridade, além de muitas outras. As pesquisas sobre população estão presentes em muitas ciências, e a forma como cada uma aborda esta temática, também, é diferenciada. A Geografia na maioria das vezes discute a população priorizando a questão da migração, ou a questão da distribuição. Contudo, sabemos que não encontraremos manifestações “puras” dos estudos populacionais na ciência geográfica, encontraremos sim, momentos de maior adesão aos estudos de população. No entanto, o que objectiva-se dialogar como outras ciências que contribuem com o tema. A Antropologia, por exemplo, é um ramo do conhecimento que possui um olhar peculiar para os conjuntos humanos, em especial, pelo rápido desenvolvimento numérico da espécie já que isso afecta, sobremaneira, o bem-estar da humanidade. Discute também que os “problemas” de população apresentam aspectos próprios que pertencem a cada continente, a cada país, que possuem condições geográficas, ecológicas e demográficas e socioeconómicas muitas vezes diferenciadas. Para a Antropologia a população é uma unidade social onde os indivíduos estão unidos pela língua, pelos traços culturais e também pela história. Na maior parte das vezes a população é tratada como comunidade ou povo, ou seja, um grupo de indivíduos que se ligam por meio de reconhecimento social, pelas afinidades culturais e até pela proximidade geográfica. Desde modo, as discussões sobre desigualdade social, distribuição de renda, exploração da força de trabalho, migrações, não são temas abordados de forma categórica pela Antropologia, já que esta ciência está mais preocupada a trabalhar e entender os hábitos das pessoas e como essas se relacionam com o meio. É válido destacar que os estudos de população na Geografia, podem ser melhor compreendidos se postos no contexto histórico em que foram produzidos, não trata-se de realizar uma leitura linear da história, mas entender as forças políticas, económicas e culturais que influenciaram o modo como às pessoas se organizam e vivem socialmente. Entre os economistas a dinâmica populacional é um processo que precisar ser mais bem compreendido, a fim de se poder traduzi-los numa série de dados que possibilitam optar de forma consciente entre: adequar à população a estrutura vigente; adequando-as ao desenvolvimento económico, ou as eventuais mudanças institucionais atreladas à população. A Economia, sobremaneira, é uma área que discute os temas associados a população, vinculando-as, sobretudo, com as questões das políticas públicas, e os assuntos referentes ao 23 planeamento urbano e também regional, e buscam “harmonizar” os interesses económicos com a dinâmica da população (crescimento vegetativo, natalidade, fecundidade, mortalidade, etc.). O interesse pela população não constitui um fenómeno novo: modernamente, desenvolve-se de maneira coerente com a própria Demografia, datando das preocupações manifestadas pelos teóricos do Estado e da economia política, do mercantilismo ao liberalismo, passando pela fisio cracia. Entretanto, é no final do século XIX que evidências empíricas mais consistentes a esse respeito puderam ser observadas, em especial no noroeste da Europa. Com novos instrumentos nas mãos, os estudiosos da população constatavam um crescimento demográfico substantivo, que demandava hipóteses explicativas. Em outras palavras, procurava-se elucidar a história recente de uma parcela da população europeia que havia passado de um estado de recente equilíbrio, com níveis elevados de natalidade e mortalidade, para uma fase que anunciava outro equilíbrio, mas com níveis baixos de natalidade e mortalidade (NADALIN, 2004, p.126). Em síntese, a população não é um conceito numérico, por isso uma só ciência não da conta de explicá-la. A Demografia, por exemplo, ciência com maior destaque nos estudos populacionais não pode ser sozinha uma companheira da Geografia. Neste sentido, reforça-se a ideia que os estudos sobre população tornam-se mais “completos” na medida em que os diálogos entre as ciências se tornam mais profícuos. Ao abordar os temas populacionais, muitas ciências podem contribuir a seu modo, a Biologia com suas teorias e formulações, a Antropologia e os estudos a partir da colectividade, a Filosofia e as prospecções sobre o individuo, a Economia, enfim várias ciências, neste sentido, a interdisciplinaridade desempenharia um papel importante para o enriquecimento deste tema, sobretudo, para o aprimoramento da ciência geográfica acerca do tema. Pierre George é um pesquisador importante para a Geografia e devemos a ele a difusão da Geografia da População, a obra dele é uma porta de entrada para os interessados nos assuntos populacionais na Geografia, contudo, precisa ser analisada cuidadosamente, para que não se faça uma discussão descolada da realidade. O autor em Sociologia e Geografia (1974) faz um estudo sistematizado entre a Sociologia e a Geografia, apresentandotemas que se correlacionam entre si, portanto, há um capítulo específico sobre o número que nos chama atenção pela forma como o autor trabalha com os dados e faz a crítica aos estudos quantitativos por eles mesmos, isso denota um amadurecimento por parte do autor que ao relacionar as questões sociais com as demográficas, atribuiu mais dinamismo aos assuntos populacionais. Dessa forma, percebemos que a Sociologia é uma grande parceira nos estudos de populacionais, e com isso, podemos encontrar outros caminhos e percorrer diferentes espaços antes não detidamente estudados, sobretudo, pela Geografia e nesta troca interdisciplinar está o enriquecimento de temas como a População. 24 Contudo, não somos especialistas em todas as áreas, mas reconhecemos que a troca de conhecimentos entre algumas áreas, sobremaneira, aquelas definidas como ciências humanas, podem contribuir para que temas como população passassem a ser estudada de forma mais comprometida, inclusive, pela Geografia. Apesar, de reconhecer a fragmentação imperante da chamada ciência moderna. O estudo da população na Geografia exige o aporte de outras ciências sociais como a Economia Política e a Sociologia, para explicar o porquê do lugar de pessoas nas classes sociais, a perda dos indivíduos na coisidade da força de trabalho do homem genérico, ao mesmo tempo submetido na sociedade, não por obra do acaso, mas das leis sociais dominantes (RIQUE, 2004, p.30). Infelizmente, os estudos populacionais na Geografia acabam explicitando os fenómenos por eles mesmos, ou seja, não explicam a realidade do fenómeno, na maior parte das vezes descreve-os, e descrever a realidade apenas não significa produzir ciência. Neste sentido, o modo como são interpretados e analisados os dados da população pautados numa visão empirista, torna o estudo da população, bem como de suas variáveis como algo estanque e distante da realidade. Diante disto, defende-se que os fenómenos são manifestações parciais da realidade, isto é, manifestação aparente da realidade. Nenhum fenómeno encontra explicação apenas na aparência. É preciso entender o contexto as contradições e a gama de relações que produzem determinado fenómeno, para que se possam entender seus determinantes, suas implicações, e talvez encontrar a raiz do problema e como isso transformá-lo. Olhar para o “lugar” da população na Geografia é também tentar entender os reposicionamentos do mesmo no interior da trajectória desta ciência. Ao realizar, portanto, este exercício teórico, acredita-se que o mesmo permitirá um melhor entendimento das dinâmicas internas que marcam o campo científico da Geografia e que ainda, mesmo que de forma residual, estão presentes nos processos ligados ao entendimento desta questão. Para além da periodização estanque entre diferentes correntes do pensamento geográfico, comummente utilizada quando se estuda a história da Geografia, a leitura é dialéctica e não linear. A intenção é focar mais nas ideias, conceitos do que nas correntes e generalizações. Investigando as produções de alguns autores, buscando entender suas perspectivas, seu tempo e a forma como concebiam e acreditavam ser a Geografia que realizavam e com isso entender os posicionamentos e reposicionamentos dos estudos populacionais na denominada Geografia Humana e na Geografia da população. 25 Sumário Nesta unidade temática, concluimos que, a Geografia da População, é um ramo da geografia (humana) que análisa descreve e interpreta a composição, distribuição, as migrações e o crescimento da população, em relação com o espaço. A distribuição dos homens sobre a Terra traz ao mesmo tempo a marca dos caracteres originais das civilizações e dos condicionamentos ecológicos. Ainda, aferimos que a Geografia da População permite, com efeito, pôr em evidência ao modo como os factores técnicos e os factores ecológicos interferem: refere a existência de escalões caracterizados por certos regimes demográficos e por uma certa capacidade de dominar o ambiene. Prepara assim, a compreensão dos sistemas regionais de organização do espaço. Exercícios de Auto- Avaliação 1- Geografia da população é o ramo de conhecimento geográfico que identifica e analisa os fenómenos, tais como: A. sociedade- disponíveis; B. sociedade e recursos minerais; C. sociedade- recursos naturais; D. Todas as opções estão certas. 2- Na perspectiva da Geografia da Populacional, é investigada a partir da especialização dos seguintes aspectos: A- crescimento, migrações, estruturas e distribuição populacional; B- crescimento, natalidade, mortalidade e distribuicao populacional; C- crescimento vegetativo, população activa e a morbidade; D- migrações, mortalidade e natalidade. 3- O estudo da população está presente na Geografia praticamente desde o seu inicio, https://www.google.co.mz/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwiVn8ubsarQAhVF7hoKHW5YC70QjRwIBw&url=https://twitter.com/bertaspaini/media&bvm=bv.138493631,d.ZGg&psig=AFQjCNHmnptONjxAKQuNgWYa1LVaRw_9gQ&ust=1479286271409070 https://www.google.co.mz/imgres?imgurl=http://preg.sites.ufms.br/files/2014/11/metodoavaliacao.jpg&imgrefurl=http://preg.sites.ufms.br/avaliacao-de-cursos/&docid=E3ddK3jYLDgbvM&tbnid=CjCfb-AkqRndYM:&vet=1&w=570&h=347&bih=551&biw=1138&ved=0ahUKEwiOveGKo6rQAhVIB8AKHf8rBjsQMwg9KA0wDQ&iact=mrc&uact=8 26 sendo, no entanto, bastante incipiente no começo do século: A- XVIII B- XIX C- década 50 D - XX 4- O principal objeto de investigação acerca da população para os autores clássicos: A- Distribuição pelo globo com as suas actividades; B- Distribuição pelo globo e as causas das diferenças nas ocupações do ecúmeno; C- Distribuição pelo globo e sua migração; D- Todas as opções estão certas. 5- O início de grandes transformações para as ciências, assim como para as esferas sociais, politicas e econômicas, foi: A- decáda 40 B- 2° guerra Mundial C- decada 70 D- Todas as opcoes estao certas. Correcção: 1 2 3 4 5 C A D B B Exercícios de Avaliação 1- Seus trabalhos representaram uma ruptura com diversos aspectos clássicos nos estudos populacionais: A. Beaujeu-Garnier B. de Vidal de La Blache C. Augusto Comte D. Pierre George 2- A Geografia da População começa a ganhar destaque academicamente na década de: A - 1945 B - 1950 C- 1960 D - Todas as opcões estão certas 3- Desde então, os avanços técnicos no campo da Demografia aumentaram significativamente: A- debatia os impactos do crescimento vegetativo para o desenvolvimento dos países pobres; B- Os impactos do crescimento vegetativo para o desenvolvimento dos países do primeiro mundo; C- Os impactos do crescimento vegetativo para o desenvolvimento dos países da Europa; https://www.google.co.mz/imgres?imgurl=http://preg.sites.ufms.br/files/2014/11/metodoavaliacao.jpg&imgrefurl=http://preg.sites.ufms.br/avaliacao-de-cursos/&docid=E3ddK3jYLDgbvM&tbnid=CjCfb-AkqRndYM:&vet=1&w=570&h=347&bih=551&biw=1138&ved=0ahUKEwiOveGKo6rQAhVIB8AKHf8rBjsQMwg9KA0wDQ&iact=mrc&uact=8 27 D- Todas as opções estão erradas. 4- Nos anos de 1950 a Geografia da População passa a contar cada vez mais com a influência de outras áreas, como: A- Estatística, História, Economia, Demografia e sociologia; B- Sociologia, Física, Astronomia e Matematica; C- Astronomia, filosofia, Matemática e Economia; D- Todas as opções estão certas. 5- O que ocorre nas décadas seguintes é o esgotamento da temática, restando apenas ao estudo de: A- Aumento de natalidade X desenvolvimento econômico B- Crescimento vegetativo X desenvolvimento econômico. C- Crescimento populacional x desenvolvimento econômico D- Todas as opções estão certas. Correcção: 1 2 3 4 5 D B A A D UNIDADE Temática 1.2. A evoluição do Pensamento da Geografia da População. IntroduçãoPartindo do pressuposto que a população se torna um objecto e um discurso que interessa a diversas esferas da sociedade, transformando-se em camps tóricos que explicam e projectam o comportamento das pessoas, idealizando a sua dinâmica. Para isso, é necessário vaiajar um pouco no olhar da população no tempo. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos 28 Descrever o percurso histórico da evolução da Geografia da populacao como ciência Caracterizar as diferentes fazes da evolução dos estudos da geografia da populacao Institucionalização da geografia fia da população Apesar do frequente aparecimento do tema população no conhecimento geográfico ao longo de sua história, a institucionalização dessa área como um campo específico da ciência geográfica só ocorreu a partir da década de 1950. Segundo Peréz (2010), a sua legitimação como uma subárea da geografia ocorreu com o discurso do então presidente da associação de geógrafos americanos Trewartha, em 1953, no qual ele afirmou que o grande foco da geografia da população é estudar a diferença de população entre áreas. Essa afirmação, de acordo com Peréz (2010), influenciou os trabalhos de geografia da população que se desenvolveram nos períodos iniciais dessa subdisciplina. Nesse sentido, Bailey (2005) alega que a diferenciação da população de distintas áreas, que influenciou a geografia da população desde o início, foi usada para realçar as especificidades populacionais e assim justificar as ambições coloniais, mesmo antes de a geografia da população ser institucionalizada, o que de certa forma demonstra o uso da geografia da população para atender aos interesses do Estado. E foram os interesses do Estado que até certo ponto contribuíram para que a geografia da população fosse institucionalizada a partir da década de 1950. Após a formação dos Estados Nacionais e a laicização dos governos, o Estado se transformou no principal mecenas das ciências e, por isso, muitas das vezes os temas de pesquisa foram escolhidos de acordo com as conveniências desse patrono. Com a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução da Europa e o desenrolar da Guerra Fria colocaram a população no centro das preocupações mundiais. O aumento da taxa de natalidade pós-guerra, a demanda por mão de obra e as migrações internacionais transformaram-se em questões de interesse estratégico para os Estados em uma ordem bipolar. Tanto os capitalistas queriam entender a dinâmica populacional para identificar as potencialidades e vulnerabilidades para a economia, quanto os socialistas queriam fundamentar os seus planos económicos. Todo esse contexto criou um solo fértil para o desenvolvimento de uma análise geográfica que atendia as demandas dos Estados que, por sua vez, criaram as condições institucionais para a estruturação da geografia da população (BAILEY, 2005). Noin (2005) concorda que a década de 1950 marcou uma virada nos estudos de geografia da população e, para justificar seu pensamento, apresenta dados como o lançamento de livros especificamente sobre geografia da população, o surgimento de cadeiras dessa área no ensino universitário de geografia e o aumento do percentual de pesquisas sobre o tema nas revistas e congressos de geografia. Além disso, atribui o fortalecimento da geografia da população nesse período ao surgimento 29 de novas técnicas de levantamento de dados populacionais e à sua disponibilização nos mais diversos países. Apesar desse fortalecimento da geografia da população só ter acontecido a partir da década de 1950, Noin (2005) alerta que o desenvolvimento tardio da geografia da população em relação à história da ciência geográfica como um todo não deve ser confundido com uma falta de interesse dos geógrafos anteriores pelo tema. Pelo contrário, segundo Noin (2005), a população sempre foi um elemento de curiosidade dos geógrafos e por isso foi tratada pelos mais diferentes pesquisadores ao longo da história da ciência geográfica e até mesmo antes de essa ciência ser formalizada. De certa forma, uma análise da evolução do pensamento geográfico confirma a afirmação de Noin (2005), pois demonstra como o tema população sempre apareceu de maneira transversal no desenvolvimento da geografia como ciência e como conhecimento humano. Para Bailey (2005), a geografia da população que se praticava antes de sua institucionalização baseava-se, assim como a geografia de forma geral, nos usos dos conceitos de espaço, ambiente e lugar como fundamento para a interpretação dos fenômenos populacionais. Dessa forma, interessava aos estudiosos verificar como as populações se distribuíam e se relacionavam no espaço, interpretando tal distribuição como um conjunto de fixos e fluxos; perceber as influências do meio físico nas condições de adaptação da população ao ambiente e suas consequências sobre os padrões de desenvolvimento; bem como entender os efeitos da relação subjetiva e cultural do lugar sobre os elementos demográficos (natalidade, mortalidade, envelhecimento, fecundidade etc.) e locacionais da população. Tais conceitos, na visão de Bailey (2005), ainda influenciam a geografia da população, mas foram sendo moldados desde então pelo contexto espaço temporal que caracterizou o desenvolvimento das ciências de forma geral e pelo enquadramento da geografia da população por meio de sua institucionalização. Bailey (2005) também afirma que o período entre 1950 e 1970 foi a fase de maturação da ideia de geografia da população e cita duas razões para que isso acontecesse naquela época, que vão ao encontro das razões apresentadas por Noin (2005). A primeira é que diferentes geógrafos fizeram declarações conceituais sobre geografia da população nesse período, como é o caso de Glenn Trewartha (já citado), Beaujeu-Garnier e Wilbur Zelinsky. Todos, em suas declarações, destacaram a importância dessa subdisciplina para a geografia. Além disso, uma série de textos influentes que tratavam sobre o tema foram escritos na mesma época como consequência dos comentários desses três geógrafos. Contudo, Bailey (2005) ressalta que havia diferenças nas concepções de geografia da população apresentada por cada um desses protagonistas nessa fase inicial. 30 Geografia da População: Na Antiguidade As preocupações relativas a quanto são, quem são e como vivem os habitantes do planeta, não são recentes. No decorrer dos séculos, as visões sobre a dinâmica populacional foram sendo alteradas em função do próprio desenvolvimento da humanidade. Entre esses registos, estão os escritos bíblicos onde se encontram indicações de estímulo a facundidade, caracterizadas pela expresão “sede fertis e multiplicais vos“, e também muitas citações que tratam dos movimentos migratórios dos povos bíblicos. Exemplo: a saida dos hebreus do Egipto para o local onde hoje é Israel. Depreende-se que nos discursos mais antigos já aparecem discursos em que os termos fecundidade, mortalidade e migrações são verbalizados para dar entido a dinâmica dos povos pelo espaço. Antigos filosófos chineses reconheceram a noção de “distribuição ótima da população” através da movimentação de indivíduos de terras superpovoadas para outras subpovoadas; eles eram favoráveis ao aumento da população por meio do casamento e procriação. Os filosofos gregos Platão (427 a.C – 347 a.C) e Aristóteles (348 a.C – 222 a.C) defendiam necessidade de otimizar o tamanho da população e da terra (no sentido território), para que a defesa e a segurança pudessem ser maximizados, os recursos pudessem ser adequados para o povo e o governo pudessem utilizá-los de forma eficiente. Nesse sentido, eles consideravam que o tamanho da população e a sua distribuição eram elementos fundamentais a concretização de seus ideias acerca da “Cidade-Estado”. Para Platão, o problema da superpopulação deveria ser solucionado com a prática docontrole de nascimentos e de políticas de colonização, enquanto o subpovoamento seria revertido através do incentivo ao aumento da taxa de nascimentos e da migração. Já os romanos, em plena fase de conquista de terras (Império Romano), eram amplamento favoráveis ao crescimento da população visando à disponibilidade de homens para ocupar e manter as áreas conquistadas. A Geografia da População no medival Os líderes religiosos hebreus, cristãos e muculumanos, assim como os escritores, estimularam a expansão populacional. Nesse período, tem-se a constituição da sociedade feudal, que tem no feudo a sua unidade 31 básica de produção. Na organização espacial do feudo existia a moradia do senhor feudal e sua familia, a vila ou aldeia habitada pelos servos e as terras onde se produziam as mercadorias necessárias à subsistência da população. A maior parte da sociedade feudal era formada por servos, trabalhadores semi-livres que não detinham a propriedade da terra. Em um outro grupo social estavam os senhores feudais ou nobres, que formavam a aristócracia dominante e possuiam a propriedade da terra. No feudalismo, as possibilidades de mudança de grupo social era restritas. No entanto, com a crise do feudalismo as relações socioespaciais foram alteradas, emergindo as condições para o ressurgimento das actividades comerciais entre regiões – ate então fechadas em torno do feudo. O mercantilismo pode ser entendido como o período em que as trocas comerciais foram ampliadas, alargando as fronteiras do mundo conhecido, e os papéis do Estado e da Igreja foram definidos na organização social. De acordo com Milone (1991, p. 13), nesse período, a acumulação de dinheiro e de pedras preciosas e o estímulo ao comercia exterior e ao desenvolvimento das manufecturas fortaleceram o poder do “Estado” para intervir na actividade economia e no tamanho da população. O Estado, rico e poderoso, era dectentor dos meios capazes de interferir na dinâmica populacional,em função do discurso da adequação do número de habitantes às condições de vida que o território seria capaz de oferecer. No contexto, da intensificação das actividades comerciais ocorreu o reavivamento das cidades e a desestruturação dos feudos. Depreende-se que a preocupacao com a populaço não é recente; os aspectos que envolvem a dinâmica populacional, isto é, seu crescimento e mobilidade, são alvo da reflexão de estudiosos desde época remotas. Na base dessas análises, subentende-se a relação entre população e espaço. A moderna Geografia da População De maneira substancial, a discussão sobre a população assumiu maior relvância no seculo XVIII, tendo como foco os aspectos voltados para a relação entre crescimento populacional e os meios de subsistência disponíveis. Nessa direccao, a natureza é vista como o “estoque de recursos”e homem, separado dessa natureza, é um “objecto” que pode ser quantificado, transformado em números estatísticos que servem à produção e ao consumo. Percebe-se que às ideias de um homem racional, político, reliogioso e espirítual legadas pela Antiguidade e Renascimento, acrescentam-se outras capazes de modificar as nacões anteriores. A geografia vai estudar a dimensao desse homem em sua especialização “homem estatístico” gestado na Modernidade, é a essência dos estudos 32 populacionais. Na Geografia da População, o “homem estatístico” e componente que possibilita revelar a síntese da equação natureza versus consumo . Nessa equação, a natureza é vista como meio ou recurso a ser apropriado e transformado em produtos que servem ao consumo e à satisfacao da sociedade. O homem é o sujeito responsável pela manipulacao da natureza atravez da tecnica e do conhecimento (Moreira, 2006, p. 89). Novas tendencias entre as décadas de 1950 e 1970, a ciência demográfica, alavancada pelos avanços técnicos nos Estados Unidos e na Europa, passa a dirigir seus estudos para um tema em especial, o do crescimento populacional nos países subdesenvolvidos, que logo viria a ser tratado como a “explosão demográfica”. Ressurgem assim, os princípios malthusianos do final do século XIX, agora, repaginados: ao invés da falta de alimentos, seria o subdesenvolvimento (ou a manutenção desta situação) a consequência direta do crescimento populacional. A ênfase no enfoque neomalthusiano estabelece, neste momento, uma forte vinculação entre produção científica e interesses políticos de controle populacional. À medida que a temática populacional crescia em importância, a Geografia da População passa a contar com uma maior diversificação de temas trabalhados e com o aumento de produções específicas, destacando-se autores como Zelinsky, Therthawa, Beaujeu-Garnier entre outros. Estes estudiosos se debruçam também em questões teóricas, buscando assim uma definição mais precisa do campo de atuação desta disciplina. Para Zelinsky (1974, p. 17), a Geografia da População seria a “ciência que trata dos modos pelos quais o caráter geográfico dos lugares é formado por um conjunto de fenômenos de população que variam no interior deles através do tempo e do espaço (...)”. Além da definição conceitual, o autor buscou delimitar e diferenciar os campos de atuação do demógrafo e do geógrafo da população, afirmando que este lidaria com a análise geográfica dos fenômenos de população (que seria a compreensão das interrelações entre aspectos espaciais da população e demais elementos da área estudada), enquanto o demógrafo trataria da “natureza intrínseca, dos atributos universais da população, dos princípios sistemático que governam sua composição, (…) seu comportamento e mudanças” (1974, p.13). Com intuito de proporcionar ainda mais destaque à Geografia da População, Trewartha (1960) defendeu que a mesma deveria ser um ramo autônomo dentro do grande campo da Geografia, constituindo-se em uma terceira divisão fundamental da ciência, colocando-se ao lado da Geografia Física e da Geografia Humana. Ora, se ainda hoje os geógrafos tentam superar a dicotomia original desta ciência, uma tripartição da mesma seria um retrocesso epistemológico, e talvez por este motivo, esta tese não tenha sido bem aceita3. 33 A partir destes fragmento das obras, busca-se mostrar que: 1) as décadas de 1950 a 1970 foram um período de ampliação dos estudos populacionais na Geografia, no qual, pela primeira vez, foram tratadas questões teórico-metodológicas desta área; e 2) apesar dos trechos destacados representarem aparentemente uma abertura e indefinição do campo da Geografia da População, eles se mostrariam como um avanço de compreensão dos limites e possibilidades da mesma, Não abstante, nas décadas seguintes, pouco foi feito nesse sentido, tendo os trabalhos na área limitado-se, na maioria das vezes, à simples análise de dados demográficos e sua correlação com aspectos não- demográficos, nesta ordem, seguindo um caminho metodológico engessado. Sumário Nesta unidade temática, aferimos que, as diferentes visões sobre a construção do conceito da Geografia, desde da antiguidade que tratam dos movimentos migratórios dos povos bíblicos, com exemplos concreto da saida dos hebreus do Egipto para o local onde hoje é Israel. No período medival, com a crise do feudalismo as relações socioespaciais foram alteradas, emergindo as condições para o ressurgimento das actividades comerciais entre regiões – ate então fechadas em torno do feudo e o advento do mercantilismo. Já na idade moderna, de maneira substancial, a discussão sobre a população assumiu maior relvância no seculo XVIII, tendo como foco os aspectos voltados para a relação entre crescimento populacional e os meios de subsistência disponíveis. Nessa direccao, a natureza é vista como o “estoque de recursos”e homem, separado dessa natureza, é um “objecto” que pode ser quantificado, transformado em números estatísticos que servem à produção e ao consumo. https://www.google.co.mz/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwiVn8ubsarQAhVF7hoKHW5YC70QjRwIBw&url=https://twitter.com/bertaspaini/media&bvm=bv.138493631,d.ZGg&psig=AFQjCNHmnptONjxAKQuNgWYa1LVaRw_9gQ&ust=147928627140907034 Exercícios de Auto- Avaliação 1 - Na antiguidade os antigos filosófos chineses reconheceram a noção de: A. Distribuição equitativa da população; B. distribuição ótima da população; C. distribuição os recursos naturais; D. distribuição racial do espaço. 2- Os filosofos gregos Platão (427 a.C – 347 a.C) e Aristóteles (348 a.C – 222 a.C) defendiam a necessidade de: A- otimizar o equilibrio entre a natalidade e mortalidade; B- otimizar o crescimento vegetativo; C- otimizar o tamanho da população e da terra; D-Todas as opcoes estao certas. 3- Para Platão, o problema da superpopulação deveria ser solucionado com a prática de: A- controle de nascimentos e de políticas de colonização; B- controle de nascimentos e da mortalidade; C- controle das guerras e doenças; D- controle do superpovoamento. 4- A crescimento vegetativo foi possivel em função do discurso da adequação do número de habitantes: A- através de desetruturação dos feudos; B- Estado, rico e poderoso; C- Seria dectentor dos meios capazes de interferir na dinâmica populacional; D- Todas as opcoes estao certas. 5- Na Geografia da População, o “homem estatístico” é componente que possibilita revelar a síntese da equação natureza versus consumo , através dos seguintes preceitos: A- recursos a ser explorado ate ao esgotamento; https://www.google.co.mz/imgres?imgurl=http://preg.sites.ufms.br/files/2014/11/metodoavaliacao.jpg&imgrefurl=http://preg.sites.ufms.br/avaliacao-de-cursos/&docid=E3ddK3jYLDgbvM&tbnid=CjCfb-AkqRndYM:&vet=1&w=570&h=347&bih=551&biw=1138&ved=0ahUKEwiOveGKo6rQAhVIB8AKHf8rBjsQMwg9KA0wDQ&iact=mrc&uact=8 35 B- Recurso a ser apropriado e transformado em produtos; C- Recursos de futura geração; D- Recursos dos países pobre a ser explorado. Correcção: 1 2 3 4 5 B C A D B Exercícios de Avaliação 1- Um período de ampliação dos estudos populacionais na Geografia, no qual, pela primeira vez, foram tratadas questões teórico- metodológicas desta área; aconteceu em: A- 1945 B. 1950 a 1970 C- 1950-1945 D- 1970-1980 2- À medida que a temática populacional crescia em importância, a Geografia da População passa a contar com uma maior diversificação de temas trabalhados, até contar com conceito mais complexo de: A- La Vidal B- Trewartha C- Zelinsky D- Zelinsky, Therthawa, Beaujeu-Garnier 3- De maneira substancial, a discussão sobre a população assumiu maior relvância no século: A- XV B- XVI C-XVII D-XVIII 4- No período medival, com a crise do feudalismo as relações socioespaciais foram alteradas, emergindo as condições para: A- Ressurgimento das actividades de ocupação espacial B- Ressurgimento do êxodo rural; C- Ressurgimento das actividades comerciais entre regiões; D- Ressurgimento de guerras entre Estado- cidade. 5- No século XVIII, teve foco os aspectos voltados para a relação entre: A- crescimento populacional e os meios de subsistência disponíveis; https://www.google.co.mz/imgres?imgurl=http://preg.sites.ufms.br/files/2014/11/metodoavaliacao.jpg&imgrefurl=http://preg.sites.ufms.br/avaliacao-de-cursos/&docid=E3ddK3jYLDgbvM&tbnid=CjCfb-AkqRndYM:&vet=1&w=570&h=347&bih=551&biw=1138&ved=0ahUKEwiOveGKo6rQAhVIB8AKHf8rBjsQMwg9KA0wDQ&iact=mrc&uact=8 36 B- Natalidade e mortalidade; C- Crescimento vegetativo; D- desputa na ocupação de espaço. 6- Na otica de crescimento exacerbado para depois redistribuir a natureza é vista como: A- Estoque de recursos; B- Recursos disponíveis irenovável; C- Recurso renovável; D – Recurso disponível a explorar. Das afirmações que se seguem, assinala com “V” as Verdadeiras e com “F” as Falsas: 7- Geografia da População seria a “ciência que trata dos modos pelos quais o caráter geográfico dos lugares é formado por um conjunto de fenômenos de população que variam no interior deles através do tempo e do espaço (...)”. 8- Os líderes religiosos hebreus, cristãos e muculumanos, assim como os escritores, não estimularam a expansão populacional. 9- Desde então, os avanços técnicos no campo da Demografia aumentaram significativamente: A- debatia os impactos do crescimento vegetativo para o desenvolvimento dos países pobres; B- Os impactos do crescimento vegetativo para o desenvolvimento dos países do primeiro mundo; C- Os impactos do crescimento vegetativo para o desenvolvimento dos países da Europa; D- Todas as opções estão erradas. 10- Novas tendências entre as décadas de 1950 e 1970, a ciência demográfica, alavancada pelos avanços técnicos nos seguintes países A- Holanda e Alemanha; B-Estados Unidos e na Europa; C- França e Estados Unidos; D- Todas as opções estão certas. Correcção: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B D D C A A V F A B 37 TEMA II: TEORIAS POPULACIONAIS: TEORIA DE MALTHUS, MARXISTAS E AS VERTENTES NEOMALTHUSIANISMO CONTEMPORÂNEO. UNIDADE Temática 2,1. Conceitos básicos da Geografia da População Unidade Temática2.2. Teorias demográficas: Teorias Malthusiana UNIDADE Temática 2.3. Teorias demográficas: Teorias Marxista UNIDADE Temática 2.4. Teorias demográficas: Teorias neomalthusiana e a vertente reformista. UNIDADE Temática 2.1: Conceitos básicos da Geografia da População Introdução Nesta unidade, vamos iniciar com os conceitos relativos à dinâmica demográfica, quanto ao quesito crescimento populacional. Assim abordar-se-á conceitos básicos da Geografia da população que estão articulados a sua ocorrência, quais sejam: população absoluta, população relativa, superpopulação, crescimento natural ou vegetativo, taxas de natalidade, taxas de mortalidades e migrações. A partir da definição desses termos, apresenta-se um conjunto de actividades que se tornam os campos de aplicação e reflexão necessária para a compreensão de uma realidade específica. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 38 Objectivos específicos Compreender em que consiste o crescimento demográfico. Entender conceitos básicos da Geografia da população. Aplicar as noções, ideias ou conceito básicos que envolvem a discussao sobre crescimento populacional ao estudo de uma realidade específica. Relacionar a temática do crescimento demografico, tendo como parametro a realidade social Definindo alguns conceitos para compreender a especialização da população Vamos progresseguir na discussão, apresentando alguns conceitos que permitem estabelecer a conexão entre a população e espeço socialmente construído. A partir destes conceitos ou dados podemos interpretá-los. 1- Na dinâmica populacional, podemos dizer que esses países possuem elevada população absoluta e baixa densidade demográfica, apesar de estarem entre os mais populosos do mundo: a) DEMOGRAFIA = campo específico que dedica-se ao estudo estatísticos das populações, no qual se descrevem e analisam as características de uma colectividade em termos de crescimento, estrutura, distribuição e mobilidade social. As análises demográficas assumem relevância, tendo em vista que constituem subsídios fundamentais aos estudos realizados por geográficos, economistas, sociólogos entre outros cientistas, e também em acções de planejamentos socioeconomicos implementadas pelos governantes. b) POPULAÇÃO ABSOLUTA = corresponde ao total de habitantes de um lugar. C) POPULAÇÃO RELATIVA = é a medida de habitantes por quilómetros quadrados (hab./”km²) ou seja, a concentração de população residente em uma determinada área. Expressa-se através da densidade demográfica, que indica o numero de habitantes por unidade da área (geralmente o quilometro quadrado). d) SUPERPOPULAÇÃO OU SUPERPOVOAMENTO = situação definida, principalemente, a partir do nível de desenvolvimento socioeconomico e tecnologico resultante da relação população/área; não esta directamente relacionada a densidade
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