Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Plano de Ação Nacional para Conservação do Lopholatilus villarii 2 Plano de Ação Nacional para Conservação do Lopholatilus villarii Organizadores Bruna Melo de Carvalho, Camila Demienzuck Tozetti Vieira, Cézar Júnio Jerônimo Marques, Larissa Rana Isidoro, Matheus Lopes e Sofia Costa Casali Ano/Período de Vigência: 2020 - 2025 Nome comum: Peixe-batata, Cordata Nome científico: Lopholatilus villarii Família: Malacanthidae Ordem: Perciformes Classe : Actinopterygii Bioma: Marinho Resumo: O projeto do Plano de Ação Nacional para Conservação do Peixe-batata tem como objetivo restringir e planejar a época e locais de captura da espécie, na área de ocorrência natural desta, até o período de estabilização da biomassa que foi perdida. Além disso, também restabelecer o número dos juvenis que são afetados pela frota de arrasto de navios e barcos. Buscando ação conjunta entre órgãos públicos e privados, com o envolvimento da comunidade local, buscando promover práticas mais conscientes e sustentáveis para conservação do habitat e aumento no número da espécie ameaçada. Foi proposto um programa de defesa com duração de 5 anos, com restrição geográfica de captura estabelecida e aplicações sobre a frota pesqueira que captura direta ou indiretamente a espécie. 3 Introdução O peixe-batata, de nome científico Lopholatilus villarii, é um peixe demersal marinho (animais aquáticos demersais são aqueles que, apesar de possuírem a capacidade de natação ativa, vivem a maior parte de suas vidas associados a um substrato) que habita substratos rochosos de calcário na parte superior da encosta continental (entre 200 e 400m). O Lopholatilus villarii situa-se na região do Atlântico sul, desde o Rio Grande do Norte no território brasileiro até o norte da Argentina. É uma espécie de importância comercial devido a valorização de sua carne, que é muito apreciada e utilizada na culinária. A pesca comercial do peixe-batata no Brasil vem sendo datada desde a década de 70, fator de grande influência que causou impacto na questão de sua extinção. Sua exploração excessiva devido à pesca resultou em uma redução de 50% da biomassa da espécie. Atualmente há uma preocupação para adoção de medidas para conservação da espécie, que vão desde a proposta de limitação de capturas até restringir as áreas de pesca da espécie. Figura 1- Retirada do LivroVermelho - PEixes - Volume VI - 2018 Figura 2 – Retirada do site http://www.fishbiosystem.ru/PERCIFORMES/Malacanthidae/Lopholatilus_villarii2.html 4 História evolutiva Muitas vezes comercializado como peixe namorado, devido a confusão gerada pela cor de suas pintas que são brancas, sendo a do peixe-batata amarelas. Também conhecido como peixe-do-alto,o Lopholatilus villarii é nativo da costa brasileira, do Rio Grande do Norte, até a Argentina. Sua é carne, suave, saborosa e delicada e muito apreciada no Brasil, principalmente no Nordeste. Figura 2 retirada do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção - Volume VI - Peixes - 2018 Mapa de distribuição geográfica do peixe- batata. Além de ser saboroso, o Lopholatilus villarii é um peixe remoso (não possui escamas e é apresenta mais gordura em sua carne), ele apresenta uma barbatana dorsal espinhosa de coloração verde escura e um tom mais claro na região da barbatana pélvica /anal. Também possui um elevado índice de mercúrio que, em pequenas quantidades não faz mal a um homem adulto, mas deve ser evitado por crianças e mulheres grávidas. Isso porque o acúmulo de mercúrio pode produzir efeitos tóxicos que incluem danos ao cérebro, rins e pulmões. Um adulto da espécie é capaz de chegar a um comprimento máximo de 149 cm e viver aproximadamente 41 anos de idade. O Lopholatilus villarii é um peixe relativamente grande, seu sazonamento geralmente ocorre quando o indivíduo chega a 7 ou 8 anos com cerca de 34 cm para 5 fêmeas e 44 cm para machos. O peixe-batata tem sua época reprodutiva no outono, entre os meses de setembro e dezembro, não apresentando migrações sazonais expressivas. Encontrado em regiões de profundidade entre 122 a 470 metros, os adultos dessa espécie são vistos em regiões mais profundas. Já os juvenis são encontrados em áreas mais rasas de 100 metros. Abrigando-se em fundos areno-lamosos marinhos e rochosos, o peixe-batata tem o hábito de construir tocas, um abrigo seguro, tanto para si mesmo quanto para suas crias, podendo até dividir com outros animais. Sua alimentação consiste em pequenos peixes, crustáceos e equinodermos. Como resultado, a pesca é a principal ameaça ao Lopholatilus villarii, devido ao seu alto valor comercial, levando a uma queda de 50% da sua população entre 1995 a 1999, segundo o artigo “A evolução da pesca de linha-de-fundo e a dinâmica de população do peixe-batata Lopholatilus villarii na margem continental da costa brasileira entre os paralelos 22º e 28º Sul.”. A principal forma de captura é praticada com o espinhel-de-fundo, e principalmente linha-de-fundo. Pressão da pesca na variabilidade genética A pesca afeta a espécie de muitos modos, na genética isso pode ocorrer de modo a mudar tanto os hábitos do animal quanto características físicas. A seleção feita nas redes vem mostrando que, nos últimos 20 anos a pesca tem causado mudanças no tamanho e na maturação de diversas espécies de peixes que têm interesse econômico associados à eles. Isso se deve ao fato do molde da rede determinar o tamanho dos peixes que ficaram presos, capturando com mais facilidades indivíduos de maior porte, ou seja, os peixes com genes que fazem o animal ter um porte maior possuem mais dificuldades de sobrevivência e, por sua vez, mais dificuldades para passar seus genes adiante, fazendo com que peixes com tamanhos menores tenham mais sucesso na sobrevivência e no acasalamento. Peixes que alcançam também sua maturidade mais cedo que os demais ganham vantagens em tempo para procriar. Essas seleções, que são efeitos da pesca, causam ao longo do tempo tanto a diminuição do comprimento padrão do animal quanto um aumento no período de seu tempo de maturação, o que pode ser vantagem para o peixe em curto prazo mas 6 pode ocasionar em um sério risco a longo prazo. Se os indivíduos passarem a apresentar menor porte a demanda por um número de peixes crescerá para suprir o menor porte do animal, causando ainda mais impacto na espécie. Buscando evitar esse impacto, medidas como por exemplo, um padrão mínimo de tamanho do peixe permitido para a pesca, podem ajudar a garantir que o animal tenha pelo menos uma cópula antes de ser pescado. A proibição de pesca em períodos de reprodução e castração das licenças de pescador para quem não comprir as regras poderiam também ter um valor significativo para a não extinção do animal. Objetivo geral do plano: Reduzir a taxa de mortalidade causada pela ação antrópica, em especial pela pesca intensiva ao longo da costa, e auxiliar o aumento da população garantindo a reprodução em massa. Objetivo 1: Estimular o cumprimento da legislação/ solicitar elaboração de avisos (notificações) em relação ao consumo arriscado do peixe, pela alta ingestão de mercúrio. Objetivo 2: Garantir a preservação e reprodução da espécie. Incrementar limites na pesca, restringir por um período específico, quantidade limite de peixes e a partir de um certo tamanho. Objetivo 3: Definir a quantidade de embarcações que podem operar com espinhel de fundo e embarcações que podem operar com arrasto de fundo. 1.1. Ação 1: Programa de defesa que consiste em uma paralisação temporária da pescade espécies de peixes em reprodução para proteção da fauna aquática. Ficam proibidos a pesca direcionada, o transporte, o desembarque e a comercialização de qualquer indivíduo da espécie Peixe-Batata (Lopholatilus villarii) nas águas jurisdicionais brasileiras, período de defeso entre 1º de setembro e 31 de outubro para a pesca realizada entre cem e seiscentos metros de profundidade, enquanto vigorarem as classificações oficiais do Peixe-Batata como espécie ameaçada de extinção em nível nacional. Os exemplares de Peixe-Batata (Lopholatilus villarii) capturados incidentalmente, em desacordo com o estabelecido, deverão ser liberados vivos ou descartados no ato da captura, devendo ser registradas a captura e a liberação ou o descarte, conforme disposto para as espécies de captura incidental. 7 Ação 2: Aplicações sobre a frota pesqueira que captura direta ou indiretamente a espécie de Peixe-Batata (Lopholatilus villarii) A frota pesqueira de espinhel de fundo, registrada para captura das espécies discriminadas no caput, fica limitada ao número de embarcações hoje registrada, não sendo permitidas novas autorizações. II - Embarcações enquadradas nas modalidades abaixo, em conformidade com a INI MPA/MMA nº 10/2011, ficam permitidas a pescar apenas em profundidades menores ou iguais a cem metros: a) 3.6. Modalidades e/ou petrechos: Arrasto (fundo) - duplo. b) 3.9. Modalidades e/ou petrechos: Arrasto (fundo) - duplo ou simples Ação 3: Restrição geográfica de captura estabelecida. Contudo, poderá ser revisada mediante o aporte e análise de novos dados de monitoramento da espécie considerando as recomendações do respectivo Plano de Recuperação Nacional. Ficam permitidos a captura, retenção, transporte, beneficiamento e comercialização apenas para indivíduos capturados com o comprimento total (CT) maior ou igual a: cinquenta centímetros. Ação 4: Todas as embarcações ficam obrigadas a usar o equipamento de rastreamento por satélite instalado a bordo da embarcação, nos moldes do Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite - PREPS durante as operações de pesca, e entregar os mapas de bordo. As embarcações ficam obrigadas a garantir, sempre que solicitadas, o embarque de observador científico indicado pela SEAP ou IBAMA e ICMBio, para o monitoramento contínuo da pesca, devendo os proprietários, armadores ou arrendatários das embarcações pesqueiras arcar unicamente com os custos de alimentação e acomodação a bordo do observador científico. 1° As pessoas físicas ou jurídicas que atuam no armazenamento, transporte, beneficiamento, industrialização ou comercialização da espécie peixe-batata (Lopholatilus villarii) poderão realizar essas atividades durante o período estabelecido no caput, exclusivamente, quando fornecerem, até o dia 10 de setembro de cada ano, a declaração de estoques preenchida. 8 2° Durante o período estabelecido no caput, o transporte, a estocagem, a conservação, o beneficiamento, a industrialização e a comercialização de qualquer volume de Peixe-Batata (Lopholatilus villarii) ou seus subprodutos somente serão permitidos se originários de estoque declarado ao Ibama e se estiverem acompanhados de cópia da respectiva declaração. 3º A retenção a bordo e o desembarque de Peixe-Batata (Lopholatilus villarii), por qualquer embarcação, serão tolerados até o dia 5 de setembro de cada ano. 1.2.Resultados esperados: Com esse plano de ação, buscamos encontrar um ponto de equilíbrio entre as atividades de pesca e a conservação da espécie sem que seja prejudicial para a economia das regiões onde se tem um alto índice de pesca e sem que a espécie acabe diminuindo pela falta de machos e fêmeas adultos no período de reprodução. Quem desrespeitar a proibição está sujeito está sujeito a apreensão da espécie e multa que varia entre R$ 700 e R$ 100 mil, acrescida de R$ 20 por quilo do pescado e R$ 40, no caso de comercialização ilegal. O infrator também pode receber pena de um a três anos de detenção e multa. Os pescadores ilegais de mero terão, ainda, os cadastros e licenças de atividade pesqueira cancelados. As embarcações que atuarem em desacordo com as medidas estabelecidas, independentemente de outras sanções, terão suas autorizações de pesca canceladas ou suspensas por prazo definido pela Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca responsável por repassar à autoridade marítima e ao órgão ambiental competente a relação de embarcações pesqueiras com autorização de pesca cancelada, para análise de possível embargo de suas atividades, não podendo ser inferior a seis meses. As autorizações de pesca canceladas não serão redistribuídas pelo órgão competente para outras embarcações. 1.3.Período de vigência da ação: 1 de setembro à 31 de outubro durante 5 anos, entrando em vigência no ano de 2020. 1.4.Articuladores/Colaboradores: Para a vigência deste plano, é necessário apoio do governo dos estados onde se tem a maior concentração da espécie. Além de organizações governamentais, tais como: 9 • Ministério do Meio Ambiente (MMA) : A IN MMA nº 53 de 2005 estabeleceu que o tamanho mínimo de captura do Lopholatilus villarii é de 40 cm de comprimento nas regiões sul e sudeste do Brasil. • Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP) : § 3º Fica a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca responsável por repassar à autoridade marítima e ao órgão ambiental competente a relação de embarcações pesqueiras com autorização de pesca cancelada, para análise de possível embargo de suas atividades. • PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 40,DE 27 DE JULHO DE 2018 10 Referências: ICMBIO; Painel dinâmico de informações. Disponível em: http://qv.icmbio.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc2.htm?document=painel_corporativo_64 76.qvw&host=Local&anonymous=true ICMBIO. Planos de ação Nacional. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/planos-de-acao-nacional CARVALHO, Maria Odete Ximenes et al . Idade e crescimento de Lopholatilus villarii Ribeiro no Sudeste do Brasil (Osteichthyes, Malacanthidae). Rev. Bras. Zool., Curitiba , v. 15, n. 4, p. 899-906, Dec. 1998 . Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-81751998000400007&script=sci_arttext BRESSAN, Paulo Magalhães; SUGIEDA, Angélica Midori; KIERULFF, Maria Cecília Martins. Fauna ameaçada de extinção no estado de São Paulo. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Andre_Vaz-dos- Santos/publication/234128797_Peixes_Marinhos/links/59f84b64a6fdcc075ec7e1ae/ Peixes-Marinhos.pdf ICMBIO. Livro vermelho. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/publicacoes/publicaco es-diversas/livro_vermelho_2018_vol6.pdf SINDIPI. Plano de recuperação para espécies ameaçadas. Disponível em http://www.sindipi.com.br/uploads/repositorio/files/Plano_de_Recuperacao_do_Cher ne-verdadeiro_e_do_Peixe-batata.pdf CAMARGO, Beatriz. População do “peixe-batata” diminui devido ao impacto da pesca. Disponível em: http://www.usp.br/agen/repgs/2003/pags/032.htm Período de defeso. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt- br/assuntos/aquicultura-e-pesca/pesca/periodo-defeso Diário oficial da União. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/- /asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34554906/do1-2018-07-30-portaria- interministerial-n-40-de-27-de-julho-de-2018-34554887 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe-batata http://qv.icmbio.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc2.htm?document=painel_corporativo_6476.qvw&host=Local&anonymous=true http://qv.icmbio.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc2.htm?document=painel_corporativo_6476.qvw&host=Local&anonymous=true https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/planos-de-acao-nacional https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-81751998000400007&script=sci_arttexthttps://www.researchgate.net/profile/Andre_Vaz-dos-Santos/publication/234128797_Peixes_Marinhos/links/59f84b64a6fdcc075ec7e1ae/Peixes-Marinhos.pdf https://www.researchgate.net/profile/Andre_Vaz-dos-Santos/publication/234128797_Peixes_Marinhos/links/59f84b64a6fdcc075ec7e1ae/Peixes-Marinhos.pdf https://www.researchgate.net/profile/Andre_Vaz-dos-Santos/publication/234128797_Peixes_Marinhos/links/59f84b64a6fdcc075ec7e1ae/Peixes-Marinhos.pdf https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/publicacoes/publicacoes-diversas/livro_vermelho_2018_vol6.pdf https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/publicacoes/publicacoes-diversas/livro_vermelho_2018_vol6.pdf http://www.sindipi.com.br/uploads/repositorio/files/Plano_de_Recuperacao_do_Cherne-verdadeiro_e_do_Peixe-batata.pdf http://www.sindipi.com.br/uploads/repositorio/files/Plano_de_Recuperacao_do_Cherne-verdadeiro_e_do_Peixe-batata.pdf http://www.usp.br/agen/repgs/2003/pags/032.htm https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/aquicultura-e-pesca/pesca/periodo-defeso https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/aquicultura-e-pesca/pesca/periodo-defeso https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34554906/do1-2018-07-30-portaria-interministerial-n-40-de-27-de-julho-de-2018-34554887 https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34554906/do1-2018-07-30-portaria-interministerial-n-40-de-27-de-julho-de-2018-34554887 https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34554906/do1-2018-07-30-portaria-interministerial-n-40-de-27-de-julho-de-2018-34554887 https://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe-batata
Compartilhar