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Classificação, Aquisição e perda da Posse

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CLASSIFICAÇÃO DA POSSE 
O Capítulo I do Livro III da Parte Especial o Código Civil trata da posse e de sua classificação, 
distinguindo a posse direta da indireta; a posse justa da posse injusta; e a posse de boa-fé da 
posse de má-fé. Podemos apontar também outras espécies: posse exclusiva, composse e posses 
paralelas; posse nova e posse velha; posse natural e posse civil ou jurídica; posse ad interdicta e 
posse ad usucapionem; e posse pro diviso e posse pro indiviso. 
Detém a posse direta a pessoa que tem a coisa em seu poder. Podemos citar como exemplo: 
Usufrutuário, depositário, locatário e o comodatário, pois detêm a coisa que lhes foi transferida. 
A posse indireta ocorre quando o seu titular, afastando de si por sua própria vontade a detenção 
da coisa, continua a exercê-la imediatamente após haver transferido a posse direta. No exemplo 
do locatário, que possui a posse direta do imóvel, o proprietário possui a posse indireta. Uma 
não anula a outra, as duas continuam coexistindo e implicam o exercício de efetivo direito sobre 
a coisa. 
Exclusiva é a posse de um único possuidor, um só possuidor exerce os poderes de fato inerentes 
à propriedade. Composse é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, 
simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. Ex. Cônjuges no regime de 
comunhão de bens e condôminos. Podem os compossuidores, também, estabelecer uma divisão 
de fato para a utilização pacífica do direito de cada um, surgindo, assim, a composse pro diviso. 
Permanecerá pro indiviso se todos exercerem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, 
os poderes de fato (utilização ou exploração comum do bem). Não se deve, todavia, confundir 
composse com posses paralelas, que ocorre quando há posse direta e indireta. 
Podemos classificá-la quanto aos vícios. Nesse caso haverá posse justa: é mansa, pacífica, 
pública e adquirida sem violência. Posse injusta: com pelo menos um dos vícios da posse 
(violência, clandestinidade ou precariedade). 
A posse de boa-fé ocorre quando o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a 
aquisição da coisa, ou do direito possuído. É de má-fé quando o possuidor sabe que a posse tem 
vício. É de suma importância, para caracterizar a posse de boa-fé, a crença do possuidor de se 
encontrar em uma situação legítima. 
Posse nova é a de menos de ano e dia. Posse velha é a de ano e dia ou mais. Importa determinar 
de qual delas se trata a fim de elucidar determinadas situações, por exemplo o que ocorre no 
art. 558 do Código de Processo Civil de 2015, que possibilita a concessão de liminar initio litis ao 
possuidor que intentar a ação possessória “dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho”. 
Posse natural é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa e posse civil 
ou jurídica é a que se adquire por força da lei, sem necessidade de atos físicos ou da apreensão 
material da coisa. 
Posse ad interdicta é a que pode ser defendida pelos interditos, isto é, pelas ações possessórias, 
quando molestada, mas não conduz à usucapião, como é o caso do locatário, que poderá mover 
ação possessória adequada em caso de turbação ou esbulho, para defender-se. Posse ad 
usucapionem é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, 
deferindo a seu titular a aquisição do domínio. É, em suma, aquela capaz de gerar o direito de 
propriedade. 
 
 AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE 
Os modos de aquisição da posse costumam ser classificados em originários e derivados. No 
primeiro caso, não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. É o que acontece 
quando há esbulho, e o vício, posteriormente, convalesce. Não há cadeia de produção. Ato 
unilateral e sem transmissão negocial. Por outro lado, diz-se que a posse é derivada quando há 
anuência do anterior possuidor, como na tradição precedida de negócio jurídico. Neste caso 
ocorre a transmissão da posse ao adquirente, pelo alienante. Quando o modo é originário, surge 
uma nova situação de fato, que pode ter outros defeitos, mas não os vícios anteriores. Já o 
mesmo não acontece com a posse adquirida por meios derivados. O adquirente a recebe com 
todos os vícios que a inquinavam nas mãos do alienante. A adquirida por herdeiros ou legatários, 
por exemplo, mantém os mesmos vícios anteriores (CC, art. 1.206). 
A posse adquire-se, originariamente, pela apreensão da coisa ou pelo exercício do direito. No 
primeiro caso há apropriação unilateral de coisa “sem dono”, que tiver sido abandonada (lixo) 
ou quando não for de ninguém (uma pedra, um peixe). Também na retirada da coisa, sem 
permissão. Esbulho convalidado em posse. Pelo exercício do direito adquire-se a posse dos 
direitos reais sobre coisas alheias. Exemplo servidão, o uso. 
O ato mais frequente representativo da aquisição derivada é a tradição. Na sua acepção mais 
pura, ela se manifesta por ato material de entrega da coisa, ou a sua transferência de mão a 
mão, passando do antigo ao novo possuidor. Nem sempre, todavia, a tradição se completa com 
tal simplicidade, seja porque o objeto, pelo seu volume ou pela sua fixação, não permite o 
deslocamento, seja porque não há necessidade da remoção. Daí a existência de três espécies de 
tradição: real, simbólica e ficta. 
Tradição Real é a que consiste na efetiva entrega ou entrega material da coisa ao adquirente 
que a recebe e apreende. Tradição Simbólica se diz da tradição que não se realiza pela entrega 
e apreensão material da coisa, porém mediante a de algo que a represente, como a entrega das 
chaves ao comprador de um carro, como sinal do negócio fechado. Já a tradição ficta, é aquela 
que, embora não haja a entrega da coisa efetiva, o alienante continua na posse em nome do 
adquirente, como ocorre no Constituto Possessório. No constituto possessório o possuidor de 
uma coisa em nome próprio passa a possuí-la em nome alheio. 
A posse pode ser adquirida, também, em virtude de sucessão inter vivos e mortis causa. A 
sucessão inter vivos deriva de um ato entre vivos, como ocorre na compra e venda. A sucessão 
causa mortis também é chamada sucessão hereditária, podendo ser a título universal ou a título 
singular. 
A posse pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende, desde que capaz. Se não tiver 
capacidade legal, poderá adquiri-la se estiver representada ou assistida por seu representante. 
Há alguma discordância quanto a capacidade do agente para a aquisição da posse, uma vez que 
a mera ocupação caracteriza a vontade ou o animus, o que poderia determinar que um incapaz, 
mas que possui a coisa de fato, teria o direito adquirido. Mas é evidente que a posse carece da 
vontade, e um “louco”, por exemplo não poderia demonstrar essa vontade. Admite-se, ainda, 
que terceiro, mesmo sem mandato, adquira posse em nome de outrem, dependendo de 
ratificação, como é o caso do gestor de negócios. 
A perda da posse poderá ocorrer: pelo abandono, quando o possuidor renuncia à posse, de 
forma voluntária, como quando atira à rua um objeto. Mas, para que se caracterize o abandone, 
é preciso que o possuidor renuncie ao direito, não tendo a intenção de reavê-lo mais tarde. Nem 
sempre o abandono é motivo determinante para a perda, como no caso do dono de uma 
propriedade na praia, que se ausenta por longos períodos, mas que a mantém em sua 
propriedade. Ocorre a perda também com a tradição, que envolve a transferência da posse, com 
a devida anuência do possuidor, como nos casos de venda de objetos. Não há perda da posse 
na entrega da coisa a um representante, para que a administre. Pode ocorrer também outras 
formas de perda da posse: a perda propriamente dita da coisa, a perda pela destruição da coisa, 
pela colocação da coisa fora do comércio, pois se tornou sem aproveitamento ou inalienável ou 
ainda pela posse de outrem.JULIANA MATTOS DE PAULA 
FACIC – FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE SÃO PAULO

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