Buscar

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE TRIBUTO

Prévia do material em texto

Direito Tributário e Financeiro I
Aula 04: Conceito e Classificação de Tributo.
· Definição de Tributo:
a) Conceito: Embora haja críticas Doutrinárias, o conceito de tributo é previsto no artigo 3º Lei 5.172/66, denominado de Código Tributário Nacional – CTN. 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Destrinchando o conceito legal, temos que:
1. Prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: O art. 156, XI, do CTN, admite a dação em pagamento de bens imóveis como forma de extinção da obrigação tributária. 
Mantém-se o entendimento de que a obrigação tributária não pode ser extinta mediante dação em pagamento de bem móvel, uma vez que, na prática, o ente estaria adquirindo bem sem licitar e não haver previsão legal neste sentido. 
Deste modo, em regra, o tributo deve ser pago em dinheiro ou em algo que valha dinheiro. 
2. Prestação compulsória: O tributo é receita derivada, cobrada pelo Estado, no uso do poder de império. Conforme determina o artigo 5º, inciso II, da CRFB/88, somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Deste modo, a lei é fonte direta e imediata da obrigação tributária, de modo que seu nascimento independe da vontade ou do conhecimento do sujeito passivo. 
3. Prestação que não constitui sanção de ato ilícito: O dever de pagar tributos surge com a ocorrência, no mundo concreto, de uma hipótese abstratamente prevista em lei, denominada de fato gerador, havendo expressa vedação legal de sua proibição como forma de punição.
Assim, a finalidade do tributo é arrecadar e intervir em situações sociais e econômicas. 
Desta parte do conceito é que surge o princípio da vedação do tributo de caráter sancionatório, bem como a instituição de tributo com efeito de confisco[footnoteRef:1]. [1: Forma de perda de bem autorizada pelo artigo 5º, inciso XLVI, “b”, da CRFB/88.] 
4. Prestação instituída em lei: O Tributo só pode ser criado por lei, seja ela complementar ou ordinária, ou ato normativo de igual força, como a medida provisória. No entanto, há exceções ao princípio com relação à alteração de alíquotas. 
5. Prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: A autoridade tributária não pode analisar se é conveniente ou oportuno cobrar o tributo, não lhe sendo dada qualquer margem de discricionariedade. 
Destaca-se que as palavras vinculado/vinculada aparecem no Direito Tributário com duas acepções:
	Definição de Tributo
	A cobrança de tributo é atividade plenamente vinculada
	Exemplo: Todos os tributos, conforme o artigo 3º, do CTN.
	Quanto à hipótese de incidência, podem ser:
	Vinculados: Fato gerador é uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte
	Exemplos: Taxas e contribuição de melhorias.
	
	Não vinculados: O fato gerador é uma situação independente de qualquer atividade específica relativa ao contribuinte
	Exemplo: Todos os impostos, conforme artigo 16, do CTN.
	A arrecadação do tributo pode ser:
	Vinculada: Os recursos arrecadados só podem ser utilizados com despesas determinadas.
	Exemplo: Empréstimos compulsórios; custas e emolumentos.
	
	Não vinculada: Os recursos poderão ser utilizados em quaisquer despesas previstas no orçamento.
	Exemplo: Impostos, conforme artigo 167, IV, da CRFB/88.
b) Destinação do tributo: Há necessidade de um quadro comparativo:
	CTB
	Lei 4.320/1964
	Não há disposição acerca da destinação legal do produto da arrecadação tributária.
	Há disposição acerca da destinação.
	Art. 4º, CTN: A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: (…) 
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
	Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades.
	Apesar disso, o STJ entendeu que o fato da destinação do FGTS não ser o erário, mas sim, as contas dos empregados, afasta o caráter tributário.
	O conceito é mais adotado no Direito Financeiro.
	Súmula 353, STJ: As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às
contribuições para o FGTS.
	
· Tributos em espécie:
a) Teorias: A controvérsia sobre a classificação fez surgirem 04 correntes:
	Dualista, bipartida ou bipartite
	Tripartida, tricotômica ou tripartite
	Pentapartida ou quinquipartida
	Quadrapartida, tetrapartida ou tetrapartite
	· Imposto;
· Taxa.
	· Taxa;
· Imposto;
· Contribuições de melhoria.
	· Taxa;
· Imposto;
· Contribuições de melhoria;
· Empréstimos compulsórios;
· Contribuições especiais (arts. 148 e 149 da CRFB/88).
	· Taxa;
· Imposto;
· Empréstimos compulsórios;
· Contribuições em geral.
	
	Adotada pelo CTN, que determina que:
Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.
	Adotada pelo STF, com a justificativa de que o rol do art. 145 da CRFB/88 é exemplificativo, não sendo recepcionado o artigo 5º do CTN.
	
	
	Os adeptos desta teoria entendem que as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios são tributos, mas possuem natureza de taxa ou imposto, dependendo de como a lei definiu seu fato gerador.
	A adoção desta teoria importa no afastamento do CTN às contribuições especiais e aos empréstimos compulsórios.
	
b) Natureza jurídica específica do tributo: Nos termos do artigo 4º, do CTN:
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
Assim, para determinar a natureza jurídica do tributo, é necessário utilizar a classificação dos tributos como vinculados ou não vinculados. Em síntese, se o Estado tiver que realizar alguma atividade específica com relação ao sujeito passivo/devedor para validar a cobrança, trata-se de um tributo vinculado, do contrário, é um tributo não vinculado. 
Adotando-se a teoria tripartida, se o tributo não for vinculado é um imposto, se for, ou é taxa ou contribuição de melhoria. 
Assim, temos:
	
	CTN, art. 3º
	
	CTN, art. 4º.
	
	Espécie
	A administração pública cobra determinado valor
	Verificar características da exação
	É um tributo?
	Sim
	Definir a natureza jurídica do tributo
	O fato gerador é uma atividade estatal específica relacionada ao contribuinte?
	Não
	Imposto
	
	
	Não
	
	Sim
	
	
	
	Não aplica o CTN
	
	A atividade é o exercício do poder de polícia ou a prestação ou disponibilização de serviço público?
	Sim
	Taxa
	
	
	Não
	
	
	
	A atividade é uma obra da qual decorra valorização imobiliária?
	Sim
	Contribuição de melhoria.
	
	
	Não
	
	
	
	A exação é inconstitucional e não pode ser cobrada.
	
Art. 5º, CTN: Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.
Art. 145, CRFB/88: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
c) Impostos: Trata-se de tributo não vinculado[footnoteRef:2] por natureza que incide sobre manifestação de riqueza do sujeito passivo (devedor), sendo baseado na ideia de solidariedade social. [2: OBS: Quando o tributo é vinculado, o ente tributante competente para instituí-lo é o mesmo que deve realizar a atividade estatal. ] 
Conforme determina o CTN, Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica,relativa ao contribuinte.
Vale ressaltar que o artigo 167, IV, da CRFB/88 veda a vinculação da receita proveniente de imposto a órgão, fundo ou despesa. 
Assim, a destinação do imposto será o financiamento de atividades gerais de Estado, remunerando os chamados “serviços universais”. 
1. Competência[footnoteRef:3]: É atribuída de maneira privativa a cada ente federado pela CRFB/88 de maneira taxativa: [3: Art. 18. Compete: I - à União, instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se aqueles não forem divididos em Municípios, cumulativamente, os atribuídos a estes; II - ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios, instituir, cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios.] 
	União
	Estados e Distrito Federal
	Municípios
	Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
	Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
III - propriedade de veículos automotores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
	Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
	Art. 154. A União poderá instituir:
· Com Competência residual: 
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
· Com Competência extraordinária:
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
	
	
Devido a previsão do artigo 154, II, afirma-se que apenas a união possui competência tributária privativa absoluta, pois, no caso de guerra externa ou sua iminência, está autorizada a tributar as mesmas bases econômicas atribuídas aos demais entes, sendo caso, inclusive de bitributação. 
2. Criação dos impostos: Em decorrência do princípio da legalidade, encampado no artigo 3º do CTN, não há tributo sem lei anterior que o defina. 
Assim, para a criação de tributos, é necessária a edição de lei ou ato normativo de igual hierarquia, instituindo-os abstratamente, isto é, definindo seus fatos geradores, bases de cálculo, alíquotas e contribuintes. 
Destaca-se que, para o imposto, a liberdade legislativa do ente tributante é menor, isto porque a CRFB/88, determina a observância à lei complementar nacional:
Art. 146. Cabe à lei complementar: (…) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
3. Impostos em espécie no CTB:
· 
· Impostos sobre a Importação;
· Imposto sobre a Exportação;
· Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural;
· Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana;
· Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a eles Relativos;
· Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza;
· Imposto sobre Produtos Industrializados;
· Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários;
· Imposto sobre Serviços de Transportes e Comunicações;
· Impostos Especiais;
· Imposto sobre Operações Relativas a Combustíveis, Lubrificantes, Energia Elétrica e Minerais do País;
· Impostos Extraordinários.
d) Taxas: Conforme se extrai do artigo 145, II, da CRFB/88 e do artigo 77 do CTB, é prestação cobrada em razão do exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
1. Competência: O ente competente[footnoteRef:4] para instituir e cobrar a taxa é aquele responsável por prestar o serviço ou exercer o poder de polícia. A taxa pode surgir de dois fatos geradores: [4: Os estados possuem competência material residual, sendo titular dos serviços que não foram atribuídos expressamente à União e aos Municípios. Assim, enquanto a União detém a competência residual sobre impostos, os estados possuem competência residual sobre as taxas e contribuições de melhorias.] 
· Regular Exercício do Poder de Polícia (atividade administrativa) – Taxa de polícia: Sua fundamentação é o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. 
O poder de polícia é conceituado no artigo 78, CTN: Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Aqui, vale trazer à baila o artigo 145, II, da CRFB: taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição
O grifo não se aplica à cobrança de taxa de polícia, de modo que só se pode cobrar taxa de polícia pelo efetivo exercício desse poder.
Nesse sentido, o STF presumindo o exercício do poder de polícia quando existente o órgão fiscalizar, mesmo que este não comprove haver fiscalizações individualizadas no estabelecimento de cada contribuinte (STF, RE 416.601/DF). 
· Prestação de serviço – Taxa de serviço: Para a instituição válida de taxas com esse fato gerador, o artigo 145, II, da CRFB/89 estabelece alguns elementos mínimos: O serviço deve ser específico e divisível; o Destinatário deve utilizar efetiva ou potencialmente[footnoteRef:5] o serviço; O serviço deve ser prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição. [5: O que pode ser potencial é apenas a utilização do serviço. A disponibilização deve ser efetiva para que seja válida a cobrança de taxa.] 
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposiçãomediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
2. Base de cálculo das taxas: O art. 145, §2º, da CRFB/88 veda a instituição de base de cálculo própria de impostos. Em igual sentido, o art. 77, §ú, do CTN, veda que a base de cálculo seja idêntica ao imposto.
Art. 145, (…) § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Art. 77, Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. (Vide Ato Complementar nº 34, de 1967)
Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.
O ideal seria que o Estado conseguisse ratear igualmente o valor gasto pela prestação do serviço público por indivíduo, de modo a existir uma correção razoável entre os valores, evitando-se o enriquecimento sem justa causa do Estado. 
3. Taxas x preços públicos: Os serviços públicos também podem ser remunerados por preço público (tarifa). Assim, é possível fazer confusão entre preço público e taxas de serviço. Ambas as cobranças exigem a referibilidade, ou seja, a necessidade de identificação do sujeito passivo (devedor). No entanto, existem as seguintes diferenças:
	TAXA DE SERVIÇO
	PREÇO PÚBLICO / TARIFA
	Regime jurídico tributário, ou seja, de direito público.
	Regime jurídico contratual, ou seja, de direito privado.
	Receita derivada
	Receita originária, decorrendo da exploração do patrimônio do próprio Estado.
	Prestação compulsória
	Prestação facultativa, justamente por ser uma relação contratual.
	Súmula 545, STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu[footnoteRef:6]. [6: Não há mais aplicação do princípio da anualidade em matéria tributária. Assim, a parte final da súmula deve ser desconsiderada, não havendo necessidade de autorização orçamentária para cobrança de taxas.] 
	O regime é legal, não se admitindo rescisão.
	O regime é contratual, admite-se a rescisão.
	Somente podem figurar no polo ativo pessoas jurídicas de direito público
	Podem figurar no polo ativo pessoas jurídicas de direito privado.
	CLASSIFICAÇÃO ADOTADA NO RE 209.365-3/SP
	Serviço Público Propriamente estatal
	Serviço Público Essencial ao interesse público
	Serviço Público não essencial
	Aquele no qual o Estado atua no exercício de sua soberania, sob o ponto de vista interno e externo.
	São os serviços prestados no interesse da comunidade. A taxa incidirá sobre a utilização efetiva ou potencial à coletividade.
	Aquele que, quando não utilizado, não resulta dano ou prejuízo à comunidade ou para o interesse público.
	É indelegável, uma vez que apenas o Estado pode prestá-lo.
	
	São serviços, em regra, delegáveis.
	Remunerado mediante taxa.
	Remunerados mediante taxa.
	Podem ser remunerados mediante preço público.
	Exemplo: Emissão de passaporte / serviço jurisdicional.
	Exemplo: Serviço de coleta de lixo e sepultamento.
	Serviço postal, serviço telefônico, telégrafo, distribuição de energia, gás etc.
Destaca-se que o Poder Público não pode fugir das restrições do poder de tributar. Assim, nos casos em que for devida taxa, não poderá o ente público sob pena de fraude às limitações constituições, se esquivar destas, impondo preço público no lugar de taxa[footnoteRef:7]. [7: STF, RE, 89.876/RJ. ] 
e) Contribuições de melhoria[footnoteRef:8]: Trata-se de tributo de caráter contraprestacional destinado a “ressarcir” o Estado, total ou parcialmente, os gastos com a realização de obra. Essa é a conclusão retirada do artigo 145, III, da CRFB/88: [8: Ver também o Decreto-Lei 195/1967 e página 80, 1º parágrafo do livro.] 
 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
É um tributo vinculado, visto que, pela própria redação do artigo 145, III, da CRFB/88, sua cobrança depende de uma atividade estatal específica, qual seja, a realização de uma obra que tenha como consequência um incremento do valor de imóveis pertencentes aos potenciais contribuintes. Assim, o fato gerador não é a realização da obra, mas sim, a melhoria (entendida como valorização (valor inicial – valor final[footnoteRef:9]) no imóvel. [9: Ver STF, RE 114.069/SP, Rel. Min. Carlos Velloso; e STJ, REsp 169.131/SP.] 
Deste modo, em regra, não é legítima a cobrança com o intuito de obter recursos para obras futuras. 
1. Limites: Existem dois limites na cobrança de contribuição e melhoria:
· Limite Total: O Estado não pode cobrar mais do que gastou na obra, pois importaria em enriquecimento do Estado.
· Limite Pessoal: Somente pode ser cobrado o valor do acréscimo que a obra resultar em cada imóvel beneficiado.
Art. 81, CTN: A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
2. Requisitos para instituição e cobrança: São previstos no artigo 82 do CTN:
	CTN
	DECRETO-LEI 195/67
	Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.
	Art 5º Para cobrança da Contribuição de Melhoria, a Administração competente deverá publicar o Edital, contendo, entre outros, os seguintes elementos:
I - Delimitação das áreas direta e indiretamente beneficiadas e a relação dos imóveis nelas compreendidos;
II - memorial descritivo do projeto;
III - orçamento total ou parcial do custo das obras;
IV - determinação da parcela do custo das obras a ser ressarcida pela contribuição, com o correspondente plano de rateio entre os imóveis beneficiados.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, também, aos casos de cobrança da Contribuição de Melhoria por obras públicas em execução, constantes de projetos ainda não concluídos.
Art 6º Os proprietários de imóveis situados nas zonas beneficiadas pelas obras públicas tem o prazo de 30 (trinta) dias, a começar da data da publicação do Edital referido no artigo 5º, para a impugnação de qualquer dos elementos dêle constantes, cabendo ao impugnante o ônus da prova.
(….)
A conclusão de ambos os dispositivos legais é parecida[footnoteRef:10].Sob a ótica do princípio da irretroatividade, a exigência prévia de lei instituindo o tributo. [10: Há entendimento do STJ afirmando que o decreto-lei 195/67 revogou o artigo 82 do CTN (REsp 89.791/SP), enquanto o STF conjuga os dois (RE 107.500/PR). ] 
3. Cálculo da Contribuição:
· Situação hipotética: Arnoldo, proprietário de um imóvel inicialmente avaliado em R$20.000,00. Após a realização de uma obra pública, seu imóvel passou a valor R$26.000,00. A obra foi orçada em R$50.000,00 a ser integralmente pago por meio de contribuição e melhoria. As melhorias totais nos imóveis da região foram de R$70.000,00. Pergunta-se, quanto Arnoldo pagará de tributo?
A conta pode conter erros, mas dá para entender a lógica da cobrança.
f) Empréstimos compulsórios: 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
1. Natureza Jurídica: Durante algum tempo foi controverso, visto que, por não possuir definitividade de ingresso ao erário, isto é, serem restituíveis ao contribuinte, havia entendimento no sentido de não serem tributos, havendo entendimento sumulado do STF nesse sentido (Súmula 418). 
Atualmente, o entendimento é de que o empréstimo compulsório é tributo. O artigo 3º do CTN não traz como requisito caracterizador do tributo a definitividade, de modo que esse argumento não é o suficiente para descaracterizá-lo como tributo. 
2. Competência e forma de instituição: A competência é exclusiva da união, sendo regra sem exceções. O caput do artigo 148 da CRFB/88 exige que a criação do empréstimo compulsório seja por meio de lei complementar. 
OBS: A CRFB/88 veda a instituição de medida provisória para as matérias às quais se exige lei complementar. Assim, conclui-se que lei ordinária e medida provisória (ainda que presente a situação de urgência e relevância) NÃO, NUNCA, JAMAIS poderão instituir empréstimo compulsório. 
3. Casos de instituição: São os previstos nos incisos I e II do artigo 148 da CRFB/88. 
ATENÇÃO!!! O ARTIGO 15, INCISO III, DO CTN, TRAZ UMA TERCEIRA HIPÓTESE, NO ENTANTO, NÃO FOI RECEPCIONADO PELA CRFB/88.
	CRFB/88
	CTN
	Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência[footnoteRef:12]; [12: Não precisa obedecer ao princípio da anterioridade.] 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
	Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
4. Restituição: Deve constar na lei que instituir o empréstimo compulsório prazo e condição para restituição, sob pena de ilegitimidade. 
O STF tem entendimento no sentido de que a restituição deve ocorrer na mesma forma do empréstimo (pegou dinheiro paga em dinheiro), conforme RE 175.385/CE[footnoteRef:13]. [13: A Exceção fica por conta do julgamento do RE 193.798 -AgR/PR, que tratava de empréstimo em favor da Eletrobrás, pago com ações da empresa (Vide artigo 34, § 12, ADCT)] 
g) Contribuições especiais:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
1. Competência: Exclusiva da União. No entanto, o §1º do artigo 149 da CRFB/88 traz a seguinte exceção:
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência)
2. Separação:
	Contribuições especiais
	Contribuições Sociais
	Seguridade Social
	
	
	Outras Contribuições Sociais
	
	
	Contribuições Sociais Gerais
	
	Contribuição de intervenção no Domínio Econômico – CIDE
	
	Contribuições Corporativas
	
	Contribuição para Custeio de Serviço de Iluminação Pública – COSIP.
3. Previsão na CRFB/88: Sofreu bastante alteração em 2019. 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.          (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)    (Vigência)
§ 1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo.          (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)    (Vigência)
§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § 1º-A para equacionar o deficit atuarial, é facultada a instituição de contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos servidores públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas.          (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)    (Vigência)
§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para equacionamento do deficit e vigorará por período determinado, contado da data de sua instituição.        (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)    (Vigência)
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo:         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - poderão ter alíquotas:         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
a) ad valorem , tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 4º A lei definirá as hipóteses em queas contribuições incidirão uma única vez.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)
 
· Classificação Doutrinária dos Tributos: 
a) Quanto à discriminação das rendas por competência: Leva em conta a atribuição constitucional de competência para a instituição do tributo, independentemente de o produto da arrecadação estar sujeito à repartição entres os entes, podendo ser:
1. Federais:
2. Estaduais:
3. Municipais: 
b) Quanto ao exercício da competência impositiva: 
1. Privativos: São aqueles que a CRFB defere a determinado ente político competência exclusiva para sua instituição, não sendo possível delegação.
2. Comuns: A competência de instituição é deferida pela CRFB indiscriminadamente a todos os entes políticos. 
3. Residuais: Novos impostos (artigo 154, I, CRFB/88) e as novas contribuições de melhoria (art. 195, §4º, CRFB/88).
c) Quanto à finalidade: 
1. Fiscais: Visa precipuamente arrecadar, carrear recursos para os cofres públicos.
2. Extrafiscais: Objetiva fundamentalmente intervir numa situação econômica ou social. É o caso o imposto sobre importação e exportação, que busca proteger o mercado nacional. 
3. Parafiscais: Aquele em que a lei nomeia sujeito ativo diverso da pessoa que a expediu, atribuindo-lhe a disponibilidade dos recursos arregrados para o implemento de seus objetivos.
d) Quanto à hipótese de incidência:
1. Vinculados[footnoteRef:14]: São os tributos cujo fato gerador seja um “fato do Estado”. Assim, para justificar a cobrança, o estado deve fazer uma atividade específica com relação ao sujeito passivo. [14: Parte da doutrina entende como tributos retributivos, pois visualizam neles uma contraprestação. ] 
2. Não vinculados: Aqueles que têm como fato gerador um “fato do contribuinte”, não sendo exigido que o Estado desempenhe uma atividade específica voltada ao sujeito passivo. É o caso do imposto. 
e) Quanto ao destino da arrecadação:
1. De arrecadação vinculada: São aqueles em que a receita obtida deve ser destinada exclusivamente a determinada atividade.
2. De arrecadação não vinculada: O Estado tem liberdade para aplicar suas receitas em qualquer despesa autorizada no orçamento. 
f) Quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico-financeiro: 
1. Indireto: Permite a translação do seu encargo econômico-financeiro para uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplo: ICMS, em que o sujeito passivo é o comerciante (contribuinte de direito), mas há permissão para que este repasse o “custo” ao consumidor (contribuinte de fato).
2. Direto: Não há a permissão acima. 
g) Quanto aos aspectos objetivos e subjetivos da hipótese de incidência:
1. Reais: Tributos que, em sua incidência, não lavam em consideração aspectos pessoais, subjetivos.
2. Pessoais: Os tributos incidem de forma subjetiva, considerando os aspectos pessoais do contribuinte. 
h) Quanto às bases econômicas de incidência:
1. Sobre o Comércio Exterior;
2. Sobre o Patrimônio ou renda;
3. Sobre a produção ou circulação;
4. Imposto extraordinários.
Essa Classificação leva em conta o CTN. O STF entende que a classificação do CTN não pode restringir imunidade constitucional, devendo ser analisado o caso concreto.

Continue navegando