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TCC_Miriam Meng 9,0 -Farmaeconomia

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MÍRIAM CECÍLIA MENG 
 
 
 
 
 
 
 
FARMACOECONOMIA 
UM INSTRUMENTO PARA TOMADA DE DECISÃO 
 
 
 
 
Monografia de Conclusão do CEAI - Curso de 
Especialização em Administração Industrial da Escola 
Politécnica da Universidade de São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2008 
 MÍRIAM CECÍLIA MENG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FARMACOECONOMIA 
UM INSTRUMENTO PARA TOMADA DE DECISÃO 
 
 
 
 
Monografia de Conclusão do CEAI - Curso de 
Especialização em Administração Industrial da Escola 
Politécnica da Universidade de São Paulo 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Davi Nakano 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2008 
 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço ao meu marido Marco e meus filhos Ricardo e Daniel pelo apoio e paciência com 
minha ausência em todos os sábados destes últimos dois anos. Sem a ajuda deles eu não teria 
como participar deste curso. Agradeço também aos meus poucos, mas valorosos amigos que 
me incentivaram a investir nesta empreitada. 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho faz uma avaliação do uso da Farmacoeconomia com o objetivo de 
investimento financeiro, isto é, para o interesse dos acionistas da Indústria Farmacêutica. A 
fim de comprovar o melhor custo-benefício de um novo medicamento desenvolvido pela 
empresa versus o concorrente. O estudo apresentado no item 3.2.1 é um caso prático e foi 
utilizado pela sanofi-aventis para demonstrar a vantagem de introdução de um novo 
medicamento (Taxotere®) no Brasil para as Autoridades Sanitárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
LISTA DE FIGURAS 
LISTA DE TABELAS 
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................9 
1.1 Apresentação do Problema ........................................................................................9 
1.2 Objetivo do Trabalho...............................................................................................12 
1.3 Relevância do Tema ................................................................................................12 
2 A FARMACOECONOMIA ...............................................................................................15 
2.1 Definição .........................................................................................................................15 
2.2 Histórico ..........................................................................................................................17 
2.3 Perspectiva International .................................................................................................19 
2.4 Conceitos .........................................................................................................................20 
2.4.1 Custos ......................................................................................................................23 
2.4.2 Consequências .........................................................................................................24 
2.5 Técnicas de pesquisa e avaliação em farmacoeconomia .................................................25 
2.5.1 Especificação dos recursos ......................................................................................25 
2.5.2 Contabilização de unidades .....................................................................................26 
2.5.3 Designando os valores monetários ..........................................................................26 
2.5.4 Ajustando as diferenças de custos no tempo ...........................................................27 
2.5.5 Concedendo a incerteza ...........................................................................................28 
2.6 Análise Custo-Minimização ............................................................................................31 
2.7 Análise Custo-Benefício..................................................................................................34 
2.8 Análise Custo-Efetividade...............................................................................................36 
2.9 Análise Custo-Utilidade ..................................................................................................41 
2.10 Custo da doença...............................................................................................................45 
2.11 Qual forma de análise é mais apropriada?.......................................................................47 
2.12 Análise de sensibilidade ..................................................................................................47 
3 APLICAÇÕES FARMACOECONÔMICAS, UM EXEMPLO PRÁTICO DA SANOFI-
AVENTIS ................................................................................................................................47 
3.1 Cenário Farmacêutico......................................................................................................47 
3.2 Uma aplicação prática do uso da Farmacoeconomia na sanofi-aventis ..........................53 
 
 
3.2.1 Custo –efetividade do esquema quimioterápico TAC comparado ao esquema FAC 
no tratamento adjuvante do câncer de mama linfonodo-positivo............................................53 
3.2.1.1 Objetivo ...................................................................................................................54 
3.2.1.2 Método.....................................................................................................................55 
3.2.1.3 Resultados................................................................................................................60 
3.2.1.4 Conclusões...............................................................................................................63 
4 FARMACOECONOMIA E ÉTICA...................................................................................64 
5 CONCLUSÕES GERAIS...................................................................................................65 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................67 
POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL ..................................................................................68 
Gastos com saúde ................................................................................................................72 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Esquema de avaliação farmacoeconômica................................................................14 
Figura 2: Avaliações econômicas sempre envolvem uma análise comparativa de alternativas
..........................................................................................................................................21 
Figura 3: Distinguindo características de avaliações de cuidados com a saúde.......................22 
Figura 4: Avaliação econômica em saúde ................................................................................28 
Figura 5: Etapas de uma avaliação farmacoeconômica............................................................30 
Figura 6: A morte da análise custo-minimização? ...................................................................33 
Figura 7: Comparação de duas ou mais opções de tratamento.................................................38 
Figura 8: QALYs ganhos devido a uma intervenção ...............................................................43 
Figura 9 Porcentagem de gastos totais com medicamentos em relação aos gastos totais com 
saúde .................................................................................................................................48 
Figura 10: impacto de medidas de contenção de custo ............................................................49 
Figura 11: Custo estimado do impacto nos maiores mercados europeus ................................49 
Figura 12: Lançamento de novos produtos na Europa e EUA .................................................50Figura 13: Queda da imagem da Indústria Farmacêutica .........................................................50 
Figura 14: Nível de importância de dados farmacoeconômicos: .............................................51 
Figura 15: Fluxograma típico de desenvolvimento de um produto:.........................................52 
Figura 16: Modelo de Markov – câncer de mama metastático.................................................56 
Figura 17: Tempo livre de doença com os regimes quimioterápicos TAC e FAC, projeção de 
uma vida inteira. ...............................................................................................................58 
Figura 18: expectativa de vida (LYG) e de anos de vida ajustados pela qualidade (QALY) 
ganhos com o esquema TAC, comparado com o esquema FAC em mulheres com câncer 
de mama com invasão tumoral dos linfonodos axilares ...................................................61 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Figura 1: Esquema de avaliação farmacoeconômica................................................................14 
Figura 2: Avaliações econômicas sempre envolvem uma análise comparativa de alternativas
..........................................................................................................................................21 
Figura 3: Distinguindo características de avaliações de cuidados com a saúde.......................22 
Figura 4: Avaliação econômica em saúde ................................................................................28 
Figura 5: Etapas de uma avaliação farmacoeconômica............................................................30 
Figura 6: A morte da análise custo-minimização? ...................................................................33 
Figura 7: Comparação de duas ou mais opções de tratamento.................................................38 
Figura 8: QALYs ganhos devido a uma intervenção ...............................................................43 
Figura 9 Porcentagem de gastos totais com medicamentos em relação aos gastos totais com 
saúde .................................................................................................................................48 
Figura 10: impacto de medidas de contenção de custo ............................................................49 
Figura 11: Custo estimado do impacto nos maiores mercados europeus ................................49 
Figura 12: Lançamento de novos produtos na Europa e EUA .................................................50 
Figura 13: Queda da imagem da Indústria Farmacêutica .........................................................50 
Figura 14: Nível de importância de dados farmacoeconômicos: .............................................51 
Figura 15: Fluxograma típico de desenvolvimento de um produto:.........................................52 
Figura 16: Modelo de Markov – câncer de mama metastático.................................................56 
Figura 17: Tempo livre de doença com os regimes quimioterápicos TAC e FAC, projeção de 
uma vida inteira. ...............................................................................................................58 
Figura 18: expectativa de vida (LYG) e de anos de vida ajustados pela qualidade (QALY) 
ganhos com o esquema TAC, comparado com o esquema FAC em mulheres com câncer 
de mama com invasão tumoral dos linfonodos axilares ...................................................61 
 
 
9
1 INTRODUÇÃO 
1.1 Apresentação do Problema 
 
O medicamento, industrializado ou manipulado, é um produto de alta tecnologia, 
geralmente fruto de pesquisa e avanços científicos, com a função social de resolver ou 
melhorar um estado ruim (doença) de alguma pessoa, conduzindo-a para um estado melhor 
(saúde). Todavia, a maior parte da produção mundial de medicamentos está nas mãos de 
indústrias de capital aberto ou privado, que têm no lucro o seu maior objetivo. Donos ou 
acionistas vão fazer suas aplicações onde o retorno for mais promissor. A opção de 
investimento não é ato de caridade, mas mera opção em que, por exemplo, são equiparadas 
fábricas de medicamentos, empresas de informática e fábricas de sapatos ou de móveis. Se os 
diretores de uma indústria farmacêutica não gerarem lucro para os acionistas, obviamente 
serão substituídos. Na prática, o medicamento é considerado pelos industriais como uma 
mercadoria inserida na lógica de produção e consumo, como qualquer outro produto. O 
medicamento, na condição de bem de consumo, é qualificável segundo a possibilidade de o 
consumidor observar seus atributos de qualidade, antes ou depois da aquisição, dentre as 
possibilidades seguintes: (Zanini, 2006). 
 
* Bem de busca: quando a qualidade do bem é verificável antes da compra (roupas, 
livros). 
* Bem de experiência: quando a qualidade do bem é conhecida após sua compra 
(alimentos, programas turísticos). 
* Bens credenciais: quando o consumidor não é apto a avaliar ou escolher o bem por 
si só e necessita da ajuda de um profissional qualificado para certificar-lhe a 
qualidade (serviços advocatícios, serviços médicos). 
 
Os medicamentos encaixam-se na última categoria. A natureza credencial atribui ao 
medicamento característica não comum à maioria dos bens de consumo, pois seu consumo 
depende de escolha exercida por um terceiro personagem que não é nem o vendedor, nem o 
comprador do produto; quase sempre é um médico. Isso é conhecido como assimetria de 
informação. (Zanini, 2006) 
 
A finalidade ideal do medicamento, que é a saúde pública, acaba por ser aproveitada 
como instrumento de marketing. Esse valor simbólico em saúde, atribuído ao produto 
medicamento, é aproveitado pelos produtores para valorizar suas marcas por meio de 
estratégias de promoção e convencimento da classe médica; agem principalmente com os 
profissionais de maior renome, tidos como formadores de opinião. (Zanini, 2006) 
 
Outra forma de promoção, a propaganda direta ao público na grande mídia de 
medicamentos de venda livre, também se configura um caso de assimetria de informação. 
Embora não haja a figura do prescritor para exercer a escolha, o consumidor, com freqüência, 
não está apto para julgar a real necessidade de uso ou validade do produto. (Zanini, 2006) 
 
A comprovação dessa situação real é que, nas estatísticas da década de 1990, 
investimentos em pesquisa alcançavam cerca de 20 % do faturamento da empresa, ao passo 
que os investimentos em promoção atingiram 30 %. (Zanini, 2006) 
 
No Brasil observa-se ainda grande volume de lançamentos comerciais de marcas e 
apresentações, mas na maioria sem novidades terapêuticas. (Zanini, 2006) 
 
 
10
 
Dentro dos sistemas de investimento e lucro, vale a pena destacar o problema da 
patente e características especiais do mercado de produtos farmacêuticos. Para a maioria dos 
produtos, a patente protege os resultados oriundos de seus investimentos em pesquisa. Para a 
indústria farmacêutica, quando o medicamento tem nova indicação a patente pode representar 
a posse de monopólio do tratamento. Para garantir esse monopólio, é importante saber que, 
visando ao lucro, medicamentos antigos, de grande valor terapêutico e baixo custo, são 
criticados, às vezes pelo próprio produto, com a finalidade de concentrar esforços nos 
produtos protegidos por patente em vigor, em ação conhecida como trade up. (Zanini, 2006) 
 
Deve-se também estar atento para o fato de que a indústria farmacêutica emprega 
critérios de farmacoeconomia a procura de elementos nos quais possa se amparar para formar 
o preço de um novo produto, buscando maior lucro possível, dentro dos limites comportados 
pelo mercado farmacêutico. Por isso, avalias os custos dos concorrentes e, quando a situação 
permite, utiliza o privilégio do monopólio de tratamento de doenças. (Zanini, 2006) 
 
Em que pese à importância de reconhecer o progresso tecnológico em medicina 
trazido pela indústria farmacêutica, nunca pode ser esquecida a estratégiade forçar retirada de 
medicamentos de menor preço no mercado. (Zanini, 2006) 
 
Não se pode nem incriminar nem ignorar o lucro com medicamentos. A humanidade 
pode aproveitar o “lado bom” dos investimentos, que são os avanços da ciência e os governos 
devem ter a seriedade de não se deixar envolver por informações enganosas motivadas pelo 
“lado mal” do desejo de lucro abusivo. (Zanini, 2006) 
 
Todos que planejam, fornecem, recebem ou pagam por serviços de saúde enfrentam 
uma incessante barreira de questões tais como (Drummond, 2005): 
a) Deve o médico verificar a pressão sanguínea de cada adulto que visitar seu 
consultório? 
b) Deve o planejador lançar um programa de verificação de escoliose em escolas de 
ensino fundamental? 
c) Devem-se encorajar check-ups anuais individuais? 
d) Devem departamentos de saúde locais liberarem enfermeiras de clínicas pediátricas 
para que elas passem a visitar adultos hipertensos? 
e) Devem as administrações de hospitais comprarem cada novo equipamento de 
diagnóstico? 
f) Deve um medicamento novo e caro ser colocado na lista de medicamentos do SUS? 
 
Estes são exemplos gerais de questões recorrentes sobre quem deve fazer o que para 
quem com que recurso e qual a relação com outros serviços de saúde. As respostas a estas 
questões são muito fortemente influenciadas por nossa estimativa de mérito relativo ou valor 
da alternativa (Drummond, 2005). 
 
O esforço de promover e aperfeiçoar a oferta de produtos e serviços em saúde tem sido 
recompensado com melhores resultados em saúde. As novas tecnologias aplicadas à saúde 
têm conseguido, de forma inegável (Pfizer, 2007): 
 
- Aumentar a duração e a qualidade de vida; 
 
 
11
- Aumentar as taxas de cura em situações clínicas definidas 
- Reduzir a dor e o sofrimento 
- Recuperar a capacidade funcional e profissional 
 
No entanto, estes benefícios têm sido freqüentemente acusados de estarem associados 
a aumentos dos custos em saúde. Governos, Organizações e Indivíduos vêm agindo de forma 
a pressionar os fornecedores de produtos e serviços a reduzirem seus preços, através de 
pressões políticas, de concorrências e de muitas outras práticas (Pfizer, 2007). 
 
Para evitar que as decisões desta natureza sejam tomadas sem uma fundamentação 
adequada, na década de 70, iniciou-se uma associação de princípios de ciências 
administrativas com a medicina, tentando entender as relações entre os custos e os benefícios 
das ações de saúde. Assim se iniciou a Farmacoeconomia (Pfizer, 2007). 
 
A Farmacoeconomia abrange aspectos diversos, que dependem do objetivo dos 
estudos (Zanini, 2006): 
a) Se o objetivo é o interesse social, a farmacoeconomia visa à otimização do uso de 
recursos financeiros sem que haja prejuízo na qualidade do tratamento com 
medicamentos. 
b) Se o objetivo é a política nacional de medicamentos, a farmacoeconomia deve estudar 
estratégias e procedimentos dos governos quanto aos interesses internos do país 
(disponibilidade de medicamento, autonomia, gestão de saúde e influência sobre a 
qualidade do atendimento à saúde), bem como a avaliação das decisões e 
procedimentos de países exportadores. 
c) Se o objetivo é o investimento financeiro (que reflete o interesse dos donos e dos 
acionistas das indústrias farmacêuticas), a farmacoeconomia é ferramenta auxiliar para 
aumentar o retorno dos investimentos, ou seja, o aumento do lucro. 
Interesse social, investimentos financeiros e política são áreas interativas, sendo difícil 
estudar custos de medicamentos atendo-se a uma dessas áreas (Zanini, 2006). 
 
Até o início do século XX, a disponibilidade de medicamentos era limitada a pouco 
mais de duas centenas, o acesso aos mesmos era restrito a poucas pessoas por motivos 
geográficos e sócio-econômicos e havia uma quantidade relativamente pequena de 
informações conhecidas sobre cada um deles. A partir da década de 40, verificou-se uma 
explosiva descoberta de novas drogas e de informações relevantes sobre o seu uso, 
aumentando rapidamente a complexidade do exercício da terapêutica medicamentosa (Pfizer, 
2007). 
 
Além deste fato, mudanças na estrutura das sociedades e a cultura de massas forçou 
importantes alterações no papel de governos e de instituições privadas quanto ao provimento 
de artigos e serviços de saúde. Na medida em que a cultura se desenvolveu, as exigências 
sociais se ampliaram, tanto no aspecto da demanda quali-quantitativa por medicamentos e 
serviços adequados quanto pelas exigências de eficácia e segurança de produtos farmacêuticos 
(Pfizer, 2007). 
 
Observados com a visão técnica, medicamentos são essenciais na absoluta maioria das 
ações em saúde. Do ponto de vista financeiro, os medicamentos geralmente constituem a 
menor parte dos custos que podem ser atribuídos a uma enfermidade, mas mesmo assim o 
 
 
12
gasto que a sociedade realiza com os mesmos pode chegar a 8 a 10% do total investido na 
saúde (dependendo da enfermidade, podendo chegar a percentagens muito mais expressivas 
em raros casos) (Pfizer, 2007). 
 
É bem sabido que os custos de pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos 
cresceram significativamente por conta dessas maiores exigências. Também é certo que todas 
as condições da sociedade capitalista levam a busca da otimização dos lucros, que afeta a 
todas as empresas, inclusive farmacêuticas. Em relação a estes dois fatores, o que ocorre é que 
os medicamentos mostram preços cada vez maiores, muitas vezes em desproporção com a 
qualidade dos resultados que se propõe a oferecer (Pfizer, 2007). 
1.2 Objetivo do Trabalho 
O objetivo deste trabalho é avaliar as estratégias e táticas pelas quais estas estimativas 
de valor relativo podem ser verificadas e interpretadas. Mais especificamente, o trabalho foca 
em um tipo de avaliação, muitas vezes referenciada como avaliação econômica ou avaliação 
da eficiência. 
 
É imperativo verificar que apesar de avaliações econômicas fornecerem informações 
importantes aos tomadores de decisão, ela endereça apenas uma dimensão das decisões. 
 Avaliações econômicas são mais úteis e apropriadas quando precedidas de três outros 
tipos de avaliação (Drummond, 2005): 
a) Isso pode funcionar? O procedimento, serviço ou programa de saúde traz mais 
benefícios que mal para as pessoas que aderirem totalmente com as recomendações ou 
tratamento associados? Este tipo de avaliação é relativo à preocupação com a eficácia. 
b) Isso funciona? O procedimento, serviço ou programa de saúde traz mais benefícios 
que mal para aquelas pessoas para quem ele é oferecido? Esta forma de avaliação de 
cuidados com saúde, que considera ambos, a eficácia do serviço e sua aceitação por 
aqueles para quem é oferecido, é a avaliação da efetividade ou utilidade. 
c) Está atingindo aqueles que necessitam? O procedimento, serviço ou programa de 
saúde é acessível a todas as pessoas que podem se beneficiar dele? Avaliação deste 
tipo é relativo à preocupação com a disponibilidade. 
 
1.3 Relevância do Tema 
 
A avaliação econômica é importante porque recursos humanos, tempo, instalações, 
equipamentos e conhecimento são escassos. Escolhas devem e serão feitas. Métodos tais 
como “o que nós fizemos da última vez”, “sentimentos”, e até “desejos educacionais” 
raramente são melhores que considerações organizadas dos fatores envolvidos na decisão de 
comprometer recursos para um em vez de outro. Isso é verdadeiro por, pelo menos, três 
razões (Drummond, 2005): 
a) Sem análise sistemática, é difícil identificar claramente as alternativas relevantes. 
b) O ponto de vista assumido na análise é importante 
c) Sem algum esforço na medição, a ordem de grandeza da incerteza envolvida pode ser 
crítica. 
 
A Farmacoeconomia terá papel importante nas decisões futuras sobre o uso de 
medicamentos, pois: 
 
 
13
 
Questões demográficas, novas oportunidades para curar doenças ou mesmo minimizar 
seu risco, avanços em tecnologias de diagnóstico, o sequenciamento do genoma humano, se 
desenvolvido por métodosatuais ou de desenvolvimentos de engenharia genética no futuro, 
terão um papel importante nos sistema de saúde e a Farmacoeconomia mostra-se um eficiente 
instrumento para avaliação da introdução destas inovações. (International Forum on 
Medicines, 2003). 
 
Nos últimos anos, o controle do custo dos sistemas de saúde tem tornado-se um 
assunto relevante em quase todos os lugares. Tem aumentado também tentativas de conter os 
custos dos medicamentos, que são vistos frequentemente de forma isolada do resto dos custos 
dos sistemas de saúde. Objetivos políticos de reduzir ou controlar orçamentos públicos 
conduzirão para a inovação de ferramentas diagnósticas fáceis de usar. (International Fórum 
on Medicines, 2003). 
 
Além disso, existem cinco custos críticos que deverão ser equacionados (International 
Fórum on Medicines, 2003): 
 
1. Inovação em pesquisa e desenvolvimento farmacêutico. A atual explosão de 
oportunidades para minimizar o risco e o custo de doenças, curar doenças e alcançar 
tecnicamente coisas que até agora eram impossíveis se traduzirão em mais altas contas 
de medicamentos. 
2. O envelhecimento da população. Expectativa de vida está aumentando e se traduzirá 
num maior consumo de programas de saúde e medicamentos. 
3. O advento de pacientes muito mais capacitados e exigentes na população, que não 
aceitam racionalmente a avaliação dos sistemas de saúde por simples razões de custo. 
Estes pacientes esperam cada vez mais tratamentos individualizados. 
4. Definições diversificadas de “doenças tratáveis”: um crescente número de condições 
que eram previamente considerados como eventos inevitáveis ou infelizes serão 
incluídos sob a definição de doença, o que aumentará a demanda por opções de 
tratamento e os custos derivados disso. 
5. A substituição de tratamentos de curto prazo para longo prazo é mais provável 
continuar, o que também aumentará o consumo de medicamentos. 
A avaliação farmacoeconômica objetiva identificar, medir e comparar os custos 
(recursos consumidos com produtos farmacêuticos, serviços e outros gastos diretos e indiretos 
de um tratamento) e as conseqüências (econômicas, clínicas e humanísticas) provenientes de 
sua utilização. É um instrumento que ajuda a selecionar as opções mais eficientes (com boa 
relação custo/benefício) e pode ajudar na distribuição dos recursos sanitários de forma mais 
justa e equilibrada (Figura 1) (Zanini, 2006). 
 
 
 
14
Figura 1: Esquema de avaliação farmacoeconômica 
 
CUSTOS BENEFÍCIOS 
 
 
Fonte: Zanini (2006) 
 
Os altos custos da assistência à saúde vêm gerando preocupações entre governos, 
organizações e pacientes. A plena liberdade requerida por médicos e profissionais de saúde no 
exercício de suas funções, embora desejável, pode gerar despesas que inviabilizariam os 
sistemas de saúde de maneira precoce. Por outro lado, a redução de gastos sem critérios pode 
ser enganosa, resultando em maiores custos imediatos ou tardios, além de ineficácia. A difícil 
tarefa de conciliar a necessidade de reduzir custos com a manutenção ou aperfeiçoamento da 
qualidade do tratamento são os objetivos da farmacoeconomia. (Follador, 1998) 
 
Os dados oriundos dos estudos farmacoeconômicos têm ampla possibilidade de 
utilização na sociedade e compreendem: autorização da comercialização de medicamentos, 
fixação de preços, financiamento público de medicamentos, suporte nas decisões sobre 
investigação e desenvolvimento na indústria farmacêutica, definição de estratégias de 
marketing na indústria farmacêutica, incorporação de medicamentos em guias 
farmacoterápicos e suporte na tomada de decisões clínicas (Bootman, 2005). 
 
Para fixação do preço de medicamentos, cada vez mais, são incorporados resultados 
de estudos farmacoeconômicos, com a finalidade de situar o valor terapêutico do 
medicamento justificando o seu preço no mercado. Esta estratégia é utilizada para negociação 
de preços com as autoridades sanitárias, de forma que um determinado medicamento, quando 
comparado à outra alternativa, possa apresentar um menor preço dependendo das suas 
vantagens terapêuticas. Os resultados dos estudos farmacoeconômicos podem servir para 
negociação de preços com ambulatórios, hospitais e setores de assistência médica suplementar 
(Secoli et al, 2005). 
Mesmo ainda não dispondo de um guia farmacoeconômico, no Brasil tem sido 
solicitado à justificativa de um quarto item (custo/benefício) além dos já tradicionais 
segurança, eficácia e qualidade para o registro de um medicamento novo. 
 
Programas ou procedimentos 
em cuidados à saúde 
Resultados ou 
conseqüências 
em saúde 
Econômicos Não Econômicos
- Efeito na saúde 
- Anos de vida 
- Qualidade de vida 
Custos 
- diretos 
- indiretos 
- intangíveis
Investimentos em 
cuidados à saúde 
 
 
15
Principais usos da economia na regulação dos fármacos são no Registro de 
medicamento novo, no financiamento seletivo, no monitoramento, no desenho dos modelos 
de financiamento e no desenho dos modelos de fornecimento público. 
 
No Registro e financiamento seletivo realiza-se comparação de drogas pelos métodos 
custo - beneficio, custo efetividade e custo-utilidade. 
 
No monitoramento, financiamento e fixação de tarifas ajudando a definir critérios para 
incorporar novos produtos, no desenho de listas e na analise de funções e custos de produção 
(corrigindo desvios e orientando a oferta aos objetivos públicos). 
 
No financiamento seletivo e fornecimento público auxilia na avaliação do impacto 
distributivo e avaliação do impacto econômico do no uso racional. 
Os estudos farmacoeconômicos podem auxiliar na decisão quanto ao grau de 
financiamento público de medicamentos (total ou parcial) e quais serão estes agentes. Nos 
sistemas de saúde de cobertura universal existem listas de medicamentos que, muitas vezes, 
são totalmente financiadas como, por exemplo, os medicamentos imunossupressores para 
pacientes transplantados (Secoli et al, 2005). 
A indústria farmacêutica é um dos setores da sociedade que mais tem incorporado os 
estudos farmacoeconômicos como suporte nas decisões de investigar e desenvolver novos 
medicamentos bem como oferecendo subsídio para a escolha da melhor alternativa terapêutica 
(anexo A). Os estudos farmacoeconômicos ajudam na definição de estratégias de marketing, 
auxiliam na modificação de preços, na inclusão de medicamentos em formulários e 
recomendações terapêuticas (Secoli et al, 2005). 
Outra finalidade desses estudos é auxiliar as Comissões de farmácia e terapêutica 
existentes nos serviços públicos e hospitais, na decisão de incorporar medicamentos nos guias 
farmacoterápicos. Estas comissões são responsáveis pela elaboração e manutenção atualizada 
de guias de medicamentos. (Secoli et al, 2005). 
A aplicação clínica dos estudos farmacoeconômicos pode, também, beneficiar 
pacientes, profissionais envolvidos na assistência e a sociedade como um todo, incrementando 
a qualidade da assistência prestada e racionalizando os recursos. O suporte nas decisões 
farmacoterápicas pode ser em relação à inclusão do medicamento no guia; à seleção de uma 
determinada terapia para um paciente; e a normatização da utilização de medicamentos caros, 
entre outros. (Secoli et al, 2005). 
A farmacoeconomia vem se firmando como ciência e ganhando espaço na literatura 
internacional com inúmeros trabalhos, especialmente na área hospitalar, em que existe a 
necessidade de encontrar um balanço viável entre custos e efetividade na prestação de 
cuidados (Secoli et al, 2005). 
 
2 A FARMACOECONOMIA 
2.1 Definição 
Farmacoeconomia, lato sensu, é a aplicação da economia ao estudo dos medicamentos. A 
definição da mesma matéria, strictu sensu, abrange aspectos diversos, que dependem do 
objetivo dos estudos (Zanini, 2006). 
 
 
 
16
A Farmacoeconomia pode ser definida como a descrição, a análise e a comparação dos 
custos e das conseqüências das terapias medicamentosas para os pacientes, os sistemas de 
saúde e a sociedade, com o objetivode identificar produtos e serviços farmacêuticos cujas 
características possam conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio 
(Pfizer, 2007). 
 
A Farmacoeconomia tem sido definida como a descrição, a análise e a comparação dos 
custos e das conseqüências das terapias medicamentosas para os pacientes, os sistemas de 
saúde e a sociedade, com o objetivo de identificar produtos e serviços farmacêuticos cujas 
características possam conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio 
(Bootman, 2005). 
Pela avaliação farmacoeconômica é possível encontrar respostas para questões como 
(Zanini, 2006): 
• Qual a melhor opção terapêutica para uma determinada doença, sob o binômio 
qualidade-custo? 
• De que forma a qualidade de vida do paciente será afetada por uma opção terapêutica? 
• Qual será o custo de prolongar a vida de um paciente por meio de um determinado 
tratamento? Tal custo é justificável sob aspectos clínicos e de qualidade de vida, 
quando estes parâmetros são comparados a outras alternativas terapêuticas? 
• Quais medicamentos compõem as melhores alternativas para a elaboração de 
formulários de uma região, instituição ou programa de saúde? 
• Para uma indústria farmacêutica, um novo medicamento em fase de pesquisa será 
viável, sob o binômio qualidade-custo, para justificar a continuidade do seu 
desenvolvimento? 
 
Entretanto, a Farmacoeconomia não pode ser confundida com a elaboração de cálculos 
de consumo, físico e/ou financeiro, de medicamentos. Embora haja importância grande em 
conhecer os gastos realizados com medicamentos e as variações que estes gastos podem 
apresentar em função de intervenções que possam ser realizadas para racionalizar custos, tais 
estudos só se tornam farmacoeconômicos quando se pode demonstrar, de maneira matemática 
e inequívoca, o tipo e a magnitude do impacto causado nos resultados sanitários (Pfizer, 
2006). 
A Farmacoeconomia contribui para o uso racional do medicamento ao incorporar o 
custo aos quesitos de segurança, eficácia e qualidade das diferentes terapias medicamentosas e 
busca pela melhor relação entre custos e resultados. Embora empregando a palavra “fármaco” 
em sua nomenclatura, apresenta ferramentas que podem ser utilizadas igualmente na 
avaliação de medicamentos, programas de saúde e sistemas administrativos, desde que 
observadas as devidas características de cada setor. Portanto, qualquer estudo que vise à 
“otimização de recursos”, inclusive atividades de gestão, estudos de utilização, incentivo a 
produção e até mesmo a política de genéricos, pode trasnformar-se em avaliação econômica 
de medicamentos, pois, sob o ponto de vista social, a farmacoeconomia tem por objetivo 
reduzir custos sem implicar na perda de qualidade do tratamento. (Zanini, 2006). 
Devem-se ainda considerar aspectos micro e macro da farmacoeconomia (Zanini, 2006): 
a) A microfarmacoeconomia estuda aspectos econômicos e resultados obtidos com o uso 
de um medicamento em circunstâncias diversas, ou compara poucos medicamentos 
 
 
17
utilizados isoladamente ou inseridos em protocolos de tratamento (focalizando 
doenças ou sintomas). 
b) A macrofarmacoeconomia analisa aspectos epidemiológicos, por intermédio de 
pesquisas ou de “decisões por consenso” de grupo de especialistas que avaliam 
risco/benefício/custo de equivalentes terapêuticos. 
 
2.2 Histórico 
O desenvolvimento da especialidade farmacoeconomia está relacionado com a 
disponibilidade de medicamentos durante o século XX e com mudanças que caracterizam 
fases distintas de comportamento/reação da sociedade em relação à disponibilidade e ao 
acesso a medicamentos (Zanini, 2006): 
• Até o início do século XX havia poucos medicamentos eficazes, em geral de 
fácil acesso a todos os níveis sociais da população (Zanini, 2006). 
• Na metade do século, nas décadas de 1940 a início de 1960, aumentou o 
número de novos medicamentos, mas ainda havia relativo equilíbrio entre 
orçamento da saúde e gastos com os tratamentos disponíveis. (Zanini, 2006). 
• Durante o início da década de 60 alguns farmacêuticos começaram a envolver-
se como uma disciplina clínica dentro do sistema de saúde. Foi durante este 
período que disciplinas científicas farmacêuticas como farmácia clínica, 
informações sobre medicamentos e farmacocinética tornaram-se partes críticas 
e integrais da educação e ciência farmacêutica. (Bootman, 2005) 
• Ao final da década de 1960 e início da década de 1970, nos países em 
desenvolvimento, a população mais pobre já não conseguiu ter acesso a todos 
os medicamentos disponíveis. Foram iniciadas políticas governamentais de 
racionalização de uso (medicamentos essenciais e formulários), selecionando 
medicamentos com base em comparação entre preço e eficiência de 
tratamentos. Essa política de “lista de medicamentos essenciais”, necessárias 
para atendimento global da população, tem caráter restritivo, na medida em 
que impede acesso aos medicamentos que não estão na lista. (Zanini, 2006) 
• Na década de 70 a farmacoeconomia desenvolveu suas raízes. (Bootman, 
2005). 
• O Brasil foi um dos pioneiros nos estudos dos aspectos econômicos da 
utilização de medicamentos, por meio da política de medicamentos essenciais. 
Em 1970, um pequeno grupo de sanitaristas, liderados por Mozart de Abreu e 
Lima e Orlando Ribeiro Gonçalves, iniciaram a seleção de um grupo de 
medicamentos para ser distribuída à população sem poder aquisitivo. Esse 
grupo também estruturou um novo órgão, a Central de Medicamentos (CEME) 
oficializada em 1971. (Zanini, 2006) 
• O ano de 1973 marca a introdução do item “estudos de utilização de 
medicamentos” (Drug utilization) no Index Medicus, com a correspondente 
evolução dessa área na farmacologia aplicada. (Zanini, 2006). 
• Em 1976, foi realizada a primeira reunião de peritos da Organização Mundial 
da Saúde (OMS) para orientação de conduta aos países membros e elaboração 
de uma “lista modelo” de medicamentos essenciais. (Zanini, 2006). 
 
 
18
• Nos anos que se seguiram a CEME foi adquirindo maior força até que, em 
1977, foi oficializada uma “Relação de Medicamentos Básicos (RMB)”, 
tornada obrigatória para todo o sistema previdenciário do país (Zanini, 2006). 
• Em 1978, McGhan, Rowland e Bootman, da Universidade de Minesota, 
introduziram os conceitos de análise custo benefício e custo-efetividade. 
(Bootman, 2005). 
• Nos moldes atualmente empregados, a farmacoeconomia surgiu em 1978, 
quando McGhan, Rowland e Bootman, professores de farmácia da 
Universidade de Minnesota, introduziram os conceitos de custo-benefício e de 
custo-efetividade e os utilizaram em estudos sobre a individualização de 
dosagens de aminoglicosídeos em pacientes severamente queimados (Zanini, 
2006). 
• Em 1980, o nome “Relação de Medicamentos Básicos” mudou para “Relação 
Nacional de Medicamentos (RENAME)”, nome que o país adotou nas décadas 
seguintes. (Zanini, 2006). 
• A década de 1980 marcou o direcionamento de governantes e administradores 
de saúde a otimizar a aplicação de recursos com estudos comparativos entre 
medicamentos com ação semelhante, precipitando o desenvolvimento 
científico da farmacoeconomia como ciência. (Zanini, 2006) 
• O termo atual “farmacoeconomia“ não apareceu na literatura até 1986 quando 
a primeira de duas apresentações de Towsend foi publicada descrevendo a 
necessidade de desenvolver atividades de pesquisa envolvendo essa disciplina. 
(Bootman, 2005) 
• Em 1995, foi fundada a International Society for Pharmacoeconomics and 
Outcomes Research, que foi decisiva na implementação da farmacoeconomia 
como especialidade científica da medicina. (Zanini, 2006). 
• No final do século XX, em diversos países, estudos comparativos de 
medicamentos, incluindo custos e resultados de tratamento, passaram a ser 
obrigatórios para o registro de novos medicamentos, condição que exige cada 
vez mais investimentos da indústria farmacêutica neste tipo de pesquisa. 
(Zanini, 2006). 
• Nas décadasseguintes, final do século XX e início do século XXI, a 
necessidade de maior lucro dos investidores motivou fusão de empresas e 
conseqüente concentração dos investimentos em pesquisa e busca de 
monopólios e oligopólios de tratamentos. O envolvimento da indústria 
farmacêutica na farmacoeconomia resultou em extraordinário interesse e no 
marcante desenvolvimento dessa área da farmacologia. (Zanini, 2006). 
 
Hoje em dia, muitos esforços nesta disciplina foram direcionados para o refinamento 
dos métodos de pesquisa e sua aplicação na avaliação de serviços farmacêuticos e terapias 
com medicamentos específicos. (Bootman, 2005) 
As primeiras listas de medicamentos essenciais podem ser consideradas como marco 
inicial da farmacoeconomia, pois, embora ainda de modo empírico, eram comparados 
benefícios, riscos e custos de tratamentos (Zanini, 2006). 
 
 
 
19
Com o desenvolvimento desta área, houve uma rápida evolução e reconhecimento 
social e administrativo das vantagens desta forma de abordagem das relações custo-
conseqüência das ações de saúde. Os Estados Unidos da América e a Inglaterra 
desenvolveram esta disciplina em seu meio acadêmico, e hoje países como Canadá e Austrália 
já a incorporaram na sua seleção de medicamentos de interesse público. As indústrias 
farmacêuticas estão muito empenhadas na utilização de dados farmacoeconômicos, tanto nas 
suas estratégias de marketing quanto durante as primeiras fases de pesquisa clínica, quando 
análises preliminares podem indicar se valerá a pena investir anos de pesquisa no lançamento 
de um novo produto se o mesmo não puder representar um benefício clínico ou econômico 
real. Os planos de saúde aplicam estudos farmacoeconômicos na prática do “gerenciamento 
da doença”, que significa estudar quais as doenças crônicas (em especial) e opções de 
tratamento que permitem aumentar a sobrevida e reduzir custos globais (Follador, 1998). 
 
A Farmacoeconomia obterá um maior nível de reconhecimento quando sua aplicação 
em definições clínicas for mais completa. Em outras palavras, quando os farmacêuticos 
começarem a aplicar os resultados da pesquisa farmacoeconômica nas tomadas de decisão 
terapêuticas, influenciando positivamente as conseqüências para os pacientes, a disciplina se 
tornará crescentemente um componente crítico do currículo farmacêutico. Farmacêuticos 
devem tornar-se peças chave para assegurar que a terapia medicamentosa e serviços 
farmacêuticos relacionados são não somente seguros e efetivos, mas também agregar real 
valor em termos econômicos e humanísticos. (Bootman, 2005) 
 
2.3 Perspectiva International 
A aplicação da análise econômica para análise farmacêutica é parte da tendência 
global de maximizar o valor recebido pelo dinheiro gasto em serviços de saúde. (Bootman, 
2005) 
 
Tem havido uma tendência de aumento em gastos com saúde como uma porcentagem 
do PIB nos EUA assim como em outros países. Qual a causa para esta tendência geral de 
aumento? É devido ao aumento da qualidade do produto, preços altos, aumento da utilização 
ou a combinação de todas estas causas? (Bootman, 2005). 
 
Em geral devido à combinação de todas estas causas. Se os preços estão aumentando 
pode o aumento ser justificado devido a melhor qualidade dos produtos? Se a utilização está 
aumentando, está também contribuindo para conseqüências melhores? É difícil encontrar uma 
relação. É mais fácil observar preços e alterações na utilização que as conseqüências. 
Consequentemente, não é surpresa que muitos dos esforços realizados pelos pagadores 
(governos) para controlar gastos com produtos farmacêuticos são no sentido de controlar 
preços e utilização. (Bootman, 2005) 
 
Existe agora um interesse em acessar o valor recebido pelo dinheiro gasto com a 
esperança de moderar a tendência de alta nos gastos com medicamentos e estabelecer uma 
relação razoável entre gasto e valor recebido. Muitos dos pagadores (governos) estão agora 
focando diretamente no valor do que em seus componentes. (Bootman, 2005) 
 
Lembrando que: 
 
Gasto = preço x quantidade 
Valor = gasto/unidade de conseqüência 
 
 
20
 
A relação preço e quantidade é simples, mas alterações em valores são mais 
complexas (Bootman, 2005). 
 
Enquanto guias farmacoeconômicos são usualmente expressos em termos de valor, 
reconhece-se que são vários os caminhos para agregar valor no dinheiro gasto. É importante 
entender que a farmacoeconomia não responde a questão de quanto gastar com a prescrição 
de medicamentos. O nível de gastos com medicamentos é uma questão política que tem 
múltiplas dimensões além da econômica. Quanto gastar em prescrição de medicamentos 
também é influenciado por políticas sociais, expectativas públicas, recursos disponíveis e 
outras necessidades que são competitivas. Farmacoeconomia pode ser útil em responder a 
questão sobre o valor do dinheiro, mas é somente uma peça do quebra-cabeça. (Bootman, 
2005) 
 
Estudos farmacoeconômicos provem de várias fontes, mas a maior parte é conduzida 
por companhias farmacêuticas, pois dados farmacoeconômicos tornaram-se importantes para 
produtos comercializados para reportar análises econômicas como suporte de um preço 
solicitado. (Bootman, 2005) 
 
Em geral, um novo medicamento é aprovado para comercialização com base nos 
padrões de segurança, eficácia e qualidade. Depois que o produto recebe a aprovação para 
comercialização o governo irá definir um preço baseado em regulamentação específica do 
país. O fabricante de medicamento geralmente propõe um preço que se torna a base para as 
negociações. Porque existe somente um pagador/aprovador (o governo) não há 
comercialização do novo produto até que seu preço seja estabelecido. Portanto, a introdução 
de guias farmacoeconômicos tem sido descrito por alguns como a quarta barreira para 
comercialização (as três primeiras são segurança, eficácia e qualidade) porque isso introduz 
outro processo de revisão. (Bootman, 2005) 
 
Atualmente somente os governos da Austrália, Canadá e Reino Unido têm guias 
farmacoeconômicos operacionais com critérios explícitos para conduzir um relatório de 
análise econômica de medicamentos. A Austrália foi o primeiro governo a implementar guias 
farmacoeconômicos, por causa disso tem tornado-se um ponto de referência, se não um 
modelo para outros países. O primeiro guia australiano foi publicado em 1992 e tornou-se 
efetivo em 1993. (Bootman, 2005) 
 
Em países como Austrália e Canadá, a autorização da comercialização de novos 
medicamentos esta condicionada à apresentação de resultados farmacoeconômicos. A 
normatização feita pelas autoridades sanitárias parte do pressuposto que a comercialização de 
um novo medicamento deve estar baseada em critérios de segurança, eficácia, qualidade e 
economia (Secoli et al, 2005). 
 
2.4 Conceitos 
A análise farmacoeconômica engloba os custos totais de um tratamento, dos quais o 
custo de aquisição é apenas um dos fatores considerados no estudo. São também levados em 
conta os conceitos clínicos de eficácia, segurança e qualidade em processos de assistência 
sanitária, juntamente com as medidas de custo da economia. (Zanini, 2006) 
 
 
 
21
Dois pontos caracterizam análises econômicas com relação das atividades (incluindo 
serviços de saúde) a que são aplicados (Drummond, 2005): 
O primeiro lida com entradas e saídas, algumas vezes chamadas custos e 
conseqüências, de atividades. 
Segundo, referem-se por si só a escolhas. Recursos escassos, e nossa conseqüente 
inabilidade para produzir saídas desejadas (inclusive terapias eficazes!), necessitamos que 
escolhas sejam tomadas em todas as áreas da atividade humana. Estas escolhas são feitas com 
base em muitos critérios, algumas vezes explícitos, mas frequentemente implícitos. Análises 
econômicas procuram identificar e tornar explícito uma série de critérios que podem ser úteis 
na decisão entre diferentes usos de recursos escassos. 
Estas duas características das análises econômicas nos levam a definir avaliação 
econômicacomo a análise comparativa de alternativas de ações escassas em termos de seus 
custos e conseqüências. Portanto, as tarefas básicas de qualquer avaliação econômica são 
identificar, medir, valorizar e comparar os custos e conseqüências das alternativas 
consideradas. Estas tarefas caracterizam todas as avaliações econômicas, incluindo aquelas 
relacionadas com serviços de saúde (Drummond, 2005) (Figura 2). 
Figura 2: Avaliações econômicas sempre envolvem uma análise comparativa de alternativas 
 Programa A Conseqüências A 
Custos A 
 
Escolha 
 
Custos B 
 Programa B Conseqüências B 
Fonte: Drummond (2005) 
 
Este diagrama ilustra que avaliações econômicas são usualmente formuladas em 
termos de escolha entre duas alternativas competitivas. Mesmo quando dois tratamentos 
ativos estão sendo comparados, também pode ser importante considerar a opção de não se 
fazer nada (Drummond, 2005). 
 
Na verdade, estas duas características da análise econômica podem ser utilizadas para 
distinguir e rotular várias situações de avaliações comumente encontradas na literatura em 
avaliações de cuidados com a saúde (Drummond, 2005). 
 
Na figura 3, as respostas de duas questões (Dummond, 2005): 
(1) Existe comparação de duas ou mais alternativas? 
(2) Custos e conseqüências das alternativas foram examinados? 
Define uma matrix de seis células para avaliação de situações. 
 
 
 
 
22
Figura 3: Distinguindo características de avaliações de cuidados com a saúde 
 Ambas as alternativas custo e conseqüências foram examinadas? 
 Não Sim 
Examina somente 
conseqüência 
Examina 
somente 
custo 
1 Avaliação Parcial 2 Avaliação Parcial 
Não 
1A 
Descrição das 
conseqüências 
1B 
Descrição do 
custo 
Descrição custo-conseqüência 
3 Avaliação Parcial 4 Análise econômica completa 
Existe a 
comparação 
de duas ou 
mais 
alternativas? 
Sim 
3A 
Avaliação da 
eficácia ou 
efetividade 
3B 
Análise do 
custo 
Análise custo-efetividade 
Análise custo-utilidade 
Análise custo-benefício 
Fonte: Drummond (2005) 
 
Nas células 1A, 1B e 2 não existem comparações entre alternativas (isto é, um único 
programa ou serviço é avaliado). Para ser mais exato, o serviço ou programa é apenas 
descrito, pois avaliação requer comparação. Na célula 1A, somente as conseqüências do 
programa ou serviço são examinadas e então a avaliação é denominada uma descrição da 
conseqüência. Na célula 1B, porque somente os custos são examinados, é chamado descrição 
do custo. A maior parte da literatura sobre custo da doença inclue-se nesta categoria. Estes 
estudos descrevem o custo da doença para a sociedade, mas não são avaliações econômicas 
porque alternativas não são comparadas (Drummond, 2005). 
 
Na célula 2, conseqüências e custos de um único programa ou serviço são descritos e então a 
avaliação é denominada uma descrição custo-conseqüência. Descreve-se este estudo como 
análise custo-benefício. Os títulos publicados nas avaliações econômicas nem sempre indicam 
exatamente o tipo de avaliação realmente realizada! (Drummond, 2005) 
 
Células 3A e 3B contêm situações em que duas ou mais alternativas são comparadas, mas que 
os custos e conseqüências de cada alternativa não são examinados simultaneamente. Na célula 
3A, somente as conseqüências das alternativas são comparadas e então são denominadas 
avaliações de eficácia ou efetividade. Esta é, naturalmente, a célula em que se encontram a 
maior e mais importante parte das pesquisas clínicas da literatura. Na célula 3B somente o 
custo das alternativas são examinados. Nestas situações os estudos realizados podem ser 
chamados análise de custos (Drummond, 2005). 
 
É importante observar que nenhuma das células mencionadas acima avalia completamente 
ambas as condições para avaliações econômicas. Por esta razão elas são denominadas 
avaliações parciais. Isto não implica que estudos com estas características não sejam 
importantes, eles podem representar um importante estágio intermediário em nosso 
entendimento de custos e conseqüências de programas e serviços de saúde. Porém, o rótulo de 
avaliação parcial indica que elas não permitirão nos responder perguntas eficientemente. Para 
isso são necessários estudos empregando as técnicas listadas na célula 4 denominadas 
avaliação econômica completa. (Drummond, 2005) 
 
 
23
 
2.4.1 Custos 
O primeiro elemento de estudo da farmacoeconomia é o custo. Freqüentemente, leigos 
comparam preços de produtos e imaginam entender que o custo é o valor financeiro de cada 
unidade. Pessoas mais experientes sabem que o custo de um tratamento completo engloba os 
medicamentos e materiais empregados (Pfizer, 2007). 
 
O preço de um medicamento não é o mesmo que o custo da terapia medicamentosa. 
Diferente de preço, que é facilmente obtido, custo é mais difícil de medir. (Bootman, 2005) 
 
Para a farmacoeconomia, o custo é um dado complexo, que engloba elementos 
mensuráveis tanto qualitativa quanto quantitativamente, e aos quais podem ser atribuídos 
valores financeiros, podendo ser dividido como se segue (Pfizer, 2007): 
 
 Custos diretos, sendo aqueles pagamentos que implicam em uma retirada financeira 
real e imediata, como o uso de materiais e medicamentos, salários (horas trabalhadas), 
exames realizados, despesas administrativas e outros eventos (Pfizer, 2007); 
Um custo direto envolve uma transferência de dinheiro. Se dinheiro é trocado para o 
uso de um recurso, este é um custo direto (Bootman, 2005). 
 Custos indiretos, representados por ganhos não realizados, fatos sempre presentes na 
maioria das situações de doença e que envolvem o próprio paciente e seus 
acompanhantes (perda temporária ou definitiva da capacidade de trabalho) (Pfizer, 
2007). 
Um custo indireto é compromisso de um recurso não pago. Dinheiro não é trocado. 
Perda de tempo no trabalho é um custo indireto porque saída é perda devido à ausência 
(Bootman, 2005). 
 
O conceito de custo lida com recursos que são usados ou consumidos na produção de 
um serviço/produto. Produção em sistemas de saúde é um processo de duas etapas. O produto 
final de um sistema de saúde são terapias que curam, previnem, ou aliviam doenças, afetando 
o estado de saúde. Na produção destas terapias vários serviços podem ser utilizados: 
prescrição de medicamentos, testes laboratoriais, internação em hospitais, visita a médicos e 
procedimentos cirúrgicos. Em outras palavras, estes serviços são as entradas do processo de 
produção que produz terapias como suas saídas. Estes serviços, por outro lado, requerem 
recursos básicos tais como pessoal, equipamentos, instalações e fornecedores. Ou seja, 
serviços de saúde podem ser vistos como uma fase intermediária – eles consomem recursos 
básicos e, por sua vez, eles são consumidos na produção de terapias. Em algumas análises 
farmacoeconômicas, a determinação da entrada básica é importante (Bootman, 2005). 
 
Vários termos relacionados a custos necessitam ser entendidos. Estes incluem custo, 
custo direto e indireto, custo fixo e variável, custo médio e custo marginal e custo de 
oportunidade. Custo é definido como a magnitude dos recursos consumidos. O custo de um 
produto ou serviço é o valor monetário dos recursos consumidos em sua produção ou entrega. 
Recursos incluem laboratório, planta, equipamento e fornecedores (Bootman, 2005). 
 
Uso de recursos pode ou não ser afetado pelo volume da saída. O custo fixo não muda 
com um aumento ou diminuição da saída. Em contraste, custo variável varia ou altera com a 
mudança no volume da saída (Bootman, 2005). 
 
 
24
 
Custo médio é o recurso consumido por unidade de saída. É calculado dividindo o 
custo total pelo volume ou quantidade de saída. Custo marginal é a alteração no custo total da 
produção de uma unidade adicional (ou menos uma) de saída. Como o custo fixo mantém-se 
inalterado, com aumento dassaídas, custo marginal pode ser visto como a média do custo 
variável. Então, se um programa envolve principalmente custos variáveis, sua média e custo 
marginal serão similares. Se, porém, um programa tem uma grande quantidade de custos 
fixos, seu custo marginal é menor que seu custo médio (Bootman, 2005). 
 
Custo de oportunidade é definido como a quantidade que um recurso pode ganhar em 
sua alternativa mais valorizada. Isto é, o valor da alternativa que deve ser previamente 
determinado quando alguma coisa é produzida. O custo da oportunidade é a melhor medida 
do valor de um recurso. Num mercado competitivo, o preço de uma mercadoria ou serviço é 
definido pela interação entre fornecimento e demanda, este é o seu custo de oportunidade. 
Porém, alguns serviços de saúde são praticamente imunes da competição de preços e utilizar 
preço como um substituto para o custo da oportunidade é perigoso. Outros recursos não 
possuem preços de mercado tais como auxílio voluntário. Seu custo de oportunidade é 
estimado calculando-se potenciais ganhos de outro esforço (Bootman, 2005). 
Muitos autores fazem referência aos chamados custos intangíveis, representados por 
dor, sofrimento, incapacidade e perda da qualidade de vida. O sentido dado à palavra custo, 
neste caso, tem a ver com o ônus psicológico que estes fatores representam, mas não podem 
ser avaliados em valores monetários. No entanto, podem se englobados em avaliações de 
conseqüências e mostram importância no processo de decisão entre condutas diferentes 
(Pfizer, 2007). 
Os custos representam os investimentos financeiros em saúde. A compreensão global 
dos efeitos sobre a utilização de medicamentos não se dá apenas em níveis clínicos, mas 
também em econômicos e sociais (Zanini, 2006). 
 
É importante mencionar que a coleta de valores deve ser feita com observação dos 
interessados pelos resultados de um estudo farmacoeconômico, o que é chamado de 
“determinar a perspectiva da análise”. Para entender o significado deste termo, é necessário 
compreender que cada ator no cenário da saúde – paciente, provedor de serviços, pagador dos 
serviços (plano de saúde ou sistema governamental) e fornecedores – participam em 
momentos diferentes da composição de custos, e cada um deles tem uma visão particular de 
quais são os custos que lhe cabem. O paciente, por exemplo, assume todos os custos dos 
medicamentos adquiridos ambulatorialmente (no sistema brasileiro em geral), mas não 
despende nenhum real quando está internado sob o pagamento de um plano de saúde; assim, 
sob a sua perspectiva, todo o seu período de internação não representa nenhum custo 
financeiro, mas o tratamento ambulatorial é um custo para ele – e não para o seu plano de 
saúde. Percebe-se, então, que o plano de saúde tem uma perspectiva inversa à do paciente (a 
princípio). Os custos indiretos não são englobados na perspectiva de planos de saúde ou de 
hospitais, por exemplo. Quando se pretendem englobar todos os custos, sejam diretos, sejam 
indiretos, e que ocorrem em todos os níveis, diz-se que a análise é feita sob a perspectiva da 
sociedade, pois esta sofre todos os impactos positivos e negativos das ações de saúde (Pfizer, 
2007). 
 
2.4.2 Consequências 
O segundo elemento da análise farmacoeconômica, tão importante quanto o custo, são 
as conseqüências ou os resultados do tratamento. As conseqüências podem ser mensuradas 
 
 
25
através de resultados clínicos (p.ex., porcentagens de curas obtidas, complicações evitadas, 
número de vidas salvas, melhorias em parâmetros vitais e outros), econômicos (lucros ou 
prejuízos) ou humanísticos (mudanças na qualidade de vida dos pacientes) (Pfizer, 2007). 
 
O termo benefício, quando empregado, reflete seu uso pelos especialistas em 
economia. Em economia, benefícios são conseqüências do uso de medicamentos mensuráveis 
financeiramente, por exemplo, (Zanini, 2006): 
• Bons resultados na saúde que permitam manter ou aumentar a produtividade 
humana individual e coletiva 
• Condutas terapêuticas que reduzam a necessidade de recursos mais elaborados e 
mais dispendiosos. 
 
Em economia, más escolhas de produtos ou opções de tratamentos podem resultar em 
valores financeiros perdidos: 
 Quando a opção escolhida se mostra mais dispendiosa do que a opção rejeitada 
 Quando as reações adversas levam a custos adicionais de tratamento 
 Quando o uso irracional de medicamentos gera o esgotamento precoce dos 
recursos financeiros. 
2.5 Técnicas de pesquisa e avaliação em farmacoeconomia 
A estrutura para determinação do custo de uma terapia ou serviço abrange cinco 
etapas: (1) especificação dos recursos, (2) contabilização de unidades de cada recurso ou 
entrada, (3) apontamento dos valores monetários dos ingredientes, portanto qual o valor 
aproximado do custo de oportunidade, (4) ajuste das diferenças no tempo e (5) admissão da 
incerteza (Bootman, 2005). 
 
2.5.1 Especificação dos recursos 
A etapa inicial na determinação do custo de uma terapia ou programa é identificar os 
recursos consumidos pelo programa, isto é, os ingredientes utilizados para produzir o 
programa ou serviço. O objetivo é desenvolver uma lista abrangente das entradas que são 
utilizadas para produzi-lo. No caso de uma terapia, que serviços médicos são utilizados? 
Cuidados hospitalares? Consultas médicas? Prescrição de medicamentos? Que serviços não 
médicos ou custos indiretos estão envolvidos? Para um serviço, que tipo de tipo de 
funcionários são necessários? Que equipamentos e fornecedores? (Bootman, 2005) 
 
Um ponto chave é que, para ser significativo, uma avaliação econômica deve incluir 
todos os recursos relevantes, não apenas aqueles que são óbvios e/ou fáceis de identificar e 
medir. Identificando as entradas separadamente para apontamento de valor monetário deles 
reduz a probabilidade de omissão de itens relevantes. Alguns recursos podem ser 
considerados insignificantes e possivelmente desconsiderados da análise. Porém esta deve ser 
uma decisão consciente, feita somente após o recurso ter sido identificado e avaliado 
(Bootman, 2005). 
 
Na determinação da relevância dos recursos, o analista deve especificar o objetivo ou 
perspectiva das análises. Avaliações econômicas podem assumir o ponto de vista de um 
simples provedor, segurador, do sistema de saúde, ou da sociedade. Portanto, o custo de um 
programa de saúde depende de uma perspectiva (Bootman, 2005). 
 
 
26
 
2.5.2 Contabilização de unidades 
Para cada recurso, uma unidade de uso ou unidade de consumo deve ser especificada. 
A magnitude dos recursos consumidos é medida ou contabilizada nesta unidade. Por exemplo, 
o uso de um medicamento pode ser medido em doses, serviços médicos podem ser medidos 
em procedimentos, o serviço de um paciente internado pode ser medido em dias. É útil 
contabilizar e relatar unidades separadamente de valores monetários, pois valores monetários 
podem variar. Se as unidades são contabilizadas e reportadas separadamente, o impacto de 
diferentes valores monetários pode facilmente ser estimado. Conhecer importância total gasta 
monetariamente de um recurso é menos relevante que conhecer as unidades consumidas e o 
valor atribuído a cada unidade (Bootman, 2005). 
 
2.5.3 Designando os valores monetários 
 
Uma vez que os recursos utilizados no programa tenham sido identificados e 
contabilizados, eles são determinados a um valor monetário. Isto é frequentemente 
relativamente complexo. Como regra geral, o tempo e o esforço gasto em designar um valor 
monetário devem ser proporcionais à importância daquele recurso. Recursos ou custos 
maiores devem receber mais atenção que itens menores (Bootman, 2005). 
 
Inúmeros fatores entram neste processo de avaliação. Em geral, a melhor medida de 
valor do recurso é seu custo de oportunidade. Uma questão é a relação entre custo de 
oportunidade e preço de mercado. Uma segunda questão é a relação entre custo de 
oportunidade e custo médio. Uma terceira questão é que alguns recursos podem serdivididos 
entre vários programas ou atividades e, portanto, devem ser alocados (Bootman, 2005). 
 
Apesar do custo de oportunidade ser o verdadeiro custo de um recurso consumível, os 
preços do mercado são provavelmente o melhor indicador do valor e deve ser utilizado se 
disponível. Preços de mercado são apropriados para preços que são estabelecidos através da 
competição de preço. Para alguns serviços de saúde, porém, existe baixa competição e os 
preços de mercado podem não ser apropriados. Taxas hospitalares, por exemplo, podem ser 
enganosas porque elas podem exibir pouca (ou nenhuma) relação com os recursos 
consumidos. Se o preço de mercado não é apropriado, o valor deve ser derivado de registros 
financeiros ou dado de custos da contabilidade. Similarmente, para recursos que não tem 
preço (voluntários, perda de produtividade manual, etc) o custo de oportunidade deve ser 
estimado (Bootman, 2005). 
 
Como mencionado anteriormente custo marginal é o custo total que resulta da 
produção de uma unidade adicional de saída (conseqüência). Em geral, custo marginal é um 
melhor indicador dos custos de oportunidade do que o custo médio. Custo marginal também é 
melhor indicador do valor do recurso que custo médio porque os custos fixos, que são 
incluídos no custo médio, são consumidos mesmo na ausência da unidade adicional. Do 
mesmo modo, quando uma unidade de saída não é produzida (por ex., uma curta internação 
hospitalar), os recursos economizados são equivalentes ao custo marginal da saída evitado 
mais que seu custo médio. O problema é que, diferentemente do custo médio, o custo 
marginal quase nunca é conhecido, não é reportado nem facilmente derivado dos relatórios 
contábeis (Bootman, 2005). 
 
 
 
27
Se um recurso é consumido exclusivamente na produção de um único produto ou 
serviço, é referido como um custo direto em contabilidade. Porém, um recurso também pode 
ser dividido entre vários programas ou departamentos, isto é, não está exclusivamente 
associado com um produto ou serviço. Sistemas de alocação de custos são desenhados para 
distribuir estes custos compartilhados apropriadamente entre linhas de produtos ou receita 
bruta dos departamentos (por ex, saídas finais) (Bootman, 2005). 
 
Apesar de detalhes de sistemas de alocação estar além do escopo deste trabalho, um 
assunto fundamental é a base pela qual um gasto geral é alocado. Custos podem ser alocados 
de diversas maneiras, incluindo a base de metro quadrado, tempo gasto e rendimento gerado 
(Bootman, 2005). 
 
O ponto chave é que, se um recurso é usado por múltiplos programas ou serviços, o 
custo de um recurso deve ser alocado entre os programas. O custo não deve ser atribuído 
somente a um programa, nem deve ser omitido de outros. Se um farmacêutico inicia um novo 
serviço, o custo pessoal não é zero simplesmente porque o farmacêutico já estava na folha de 
pagamento. (Bootman, 2005). 
 
2.5.4 Ajustando as diferenças de custos no tempo 
 
Tempo está associado com dinheiro. Nós preferimos receber reais agora que mais 
tarde porque eles podem gerar benefícios ou retornos neste ínterim. Pela mesma razão, nós 
preferimos pagar reais mais tarde que pagar agora. Em outras palavras, um real hoje vale mais 
que um real amanhã. (Bootman, 2005). 
 
Porque reais atuais e futuros não são igualmente valorizados, custos futuros devem ser 
descontados a fim de refletir seu valor atual quando um programa estende-se por muitos anos. 
O Valor Presente (VP) pode ser calculado pela multiplicação do Valor Futuro (VF) pelo Fator 
de Desconto (FC). O FC é dependente de duas variáveis: o número de anos no futuro que o 
custo incorrerá (n) e da taxa de desconto (d). (Bootman, 2005). 
 
Um assunto chave é que taxa de desconto utilizar. Não existe regra definida para a 
melhor taxa de desconto para utilizar em avaliações econômicas. Teoricamente, a taxa de 
desconto deve refletir a taxa de mercado para o custo do dinheiro no tempo. Na prática, 
análises sensíveis são frequentemente utilizadas, em que uma faixa de taxas é utilizada nos 
cálculos. (Bootman, 2005). 
 
A relação entre desconto e inflação deve ser esclarecida. São conceitos diferentes. 
Desconto é baseado no custo do dinheiro no tempo. Desconto é apropriado sempre que um 
programa ou terapia estende-se por vários anos, mesmo se a taxa de inflação é zero. Inflação é 
alteração nos preços. Se dados são coletados em diferentes períodos de tempo, os preços 
precisam ser ajustados para um preço uniforme contabilizado pela inflação. Isto não é 
desconto. Desconto é apropriado quando a análise é longitudinal, seguindo os mesmos 
assuntos por mais de um ano. Quando projetando ou estimando o custo nos anos futuros dos 
preços atuais, nenhuma estimativa é feita para inflação. Por exemplo, o preço atual de uma 
terapia de longo prazo é calculado estimando o custo futuro e então descontado pela taxa real 
de interesse. (Bootman, 2005). 
 
 
 
28
2.5.5 Concedendo a incerteza 
 
Frequentemente consumo de custos ou recursos não é conhecido com exatidão. 
Suposições são feitas e cifras são derivadas. Um método para compensar esta incerteza é a 
análise sensitiva. Na análise sensitiva, a avaliação econômica é retrabalhada usando 
suposições diferentes ou estimando os custos incertos (Bootman, 2005). 
 
Análises sensitivas podem ser visualizadas como uma “o que acontecerá se” análise: O que 
acontecerá se um preço aumentar (diminuir) para um medicamento é adotado. O que 
acontecerá se um diferente hospital diferente por sorte (azar) for utilizado? Novamente, 
análise sensitiva é essencial para qualquer custo que não é conhecido com certeza. Assumir 
que suposições e estimativas são factuais pode levar a inúmeras conclusões (Bootman, 2005).. 
A figura 4 mostra o que está implicado em uma avaliação econômica (Zanini, 2006): 
Figura 4: Avaliação econômica em saúde 
AVALIAÇÃO CLÍNICA 
Eficácia/segurança/qualidade 
 ECONOMIA 
custo 
 
 FARMACOECONOMIA 
Análise de minimização de custos 
Análise custo-benefício 
Análise custo-efetividade 
Análise custo-utilidade 
 
 
Para realizar a avaliação farmacoeconômica podem-se utilizar diversas metodologias, 
desde a simples análise de minimização de custo, isto é, a escolha da melhor de duas 
alternativas que tenham efeitos idênticos até análises mais complexas de custo benefício, 
custo efetividade e custo utilidade. (Zanini, 2006) 
Qualquer sistema de saúde, público ou privado, coleta dinheiro de seus associados (ou 
contribuintes através de taxas e impostos, no caso público) e usa este dinheiro para pagar os 
tratamentos dos pacientes que deles precisam. Existe uma relação ideal entre a quantidade de 
dinheiro coletada dos associados e a quantidade de dinheiro gasta para o tratamento dos 
doentes, em um período de tempo específico. Se todos os associados precisarem de 
tratamento ao mesmo tempo ou se os recursos forem usados de maneira irracional, haverá 
desequilíbrio do sistema, podendo ocorrer a sua falência, situação na qual ninguém mais será 
tratado (Pfizer, 2007). 
 
Essa racionalidade de tratamento é determinada não só pela disponibilidade monetária, 
mas também pela análise das características farmacoeconômicas de cada opção disponível. 
Alguns aspectos essenciais devem ser entendidos como base de uma análise desta natureza 
(Pfizer, 2007): 
• A ética deve nortear todas as decisões. Nunca é lícito questionar se o preço de um 
tratamento é alto demais em função da vida a ser salva ou da qualidade de vida a ser 
resgatada. A única concessão para esta diretriz é aceita quando a utilização de um 
recurso em poucos indivíduos significará prejuízo para a saúde de muitos, quando não 
existe a possibilidade de aumentar o volume de recursos necessário para atender as 
duas demandas simultaneamente. 
 
 
29
• As discussões relativas à ética dos lucros de fabricantes, distribuidores e provedores 
de produtos e serviços em saúde pode ser objeto de uma visão crítica econômico-
social, mas não é o foco da farmacoeconomia.Ela pode, entretanto, colaborar para 
encontrar o preço ideal de um item frente a seus concorrentes, considerando também o 
seu valor clínico. 
• O contexto geral deve ser observado: as condições econômicas do paciente, da 
instituição ou do sistema de saúde no qual o paciente está sendo amparado, buscando 
reconhecer as eventuais limitações existentes (não os obstáculos impostos de maneira 
irracional para restringir atendimentos realmente necessários). 
• Identificar se o medicamento a ser usado tem características que, em certa parcela de 
indivíduos (p.ex., idosos ou portadores de comorbidades), cria fatores dificultadores 
que podem agregar custos e/ou reduzirem os benefícios clínicos esperados. 
• Considerar efeitos imediatos e em prazos mais longos, ainda que afetando a outros 
indivíduos. Para citar um exemplo, o uso irracional de antibióticos pode causar 
benefícios imediatos, mas em longo prazo a emergência de cepas resistentes pode 
implicar em aumento da morbi-mortalidade e maiores custos de tratamento. A um 
nível governamental, investimentos elevados em ações terciárias de saúde podem se 
mostrar eficazes para as doenças existentes, mas se não houver investimentos sólidos 
em atenção primária e a medidas de saneamento, alimentação e educação, podem 
ocorrer aumento de freqüência de enfermidades banais, afetando a mortalidade infantil 
e muitos outros indicadores de níveis de saúde. Políticas de controle de preços para o 
setor saúde, quando mal estabelecidas, têm o potencial de desestimular investimentos 
privados e gerar queda da oferta e da qualidade de produtos e serviços. 
 
Localizar o ponto de equilíbrio entre a máxima qualidade e o menor custo de um 
tratamento é uma tarefa das mais complexas (Pfizer, 2007). 
 
A melhor opção não pode ser descoberta de maneira empírica, pois os levantamentos 
de custos e conseqüências exigem abordagem metódica e técnica. E ainda pode ser fluida, 
pois tanto os custos como as conseqüências sofrem os efeitos de múltiplos fatores. Para 
apresentar um exemplo, uma política de descontos praticada em uma organização pode alterar 
a decisão farmacoeconômica inicialmente tomada com base em outra instituição, sem os 
mesmos descontos. Os resultados clínicos, também, podem sofrer a influência das condições 
de uso dos produtos e serviços, da qualidade do fornecedor, ou dos pacientes que farão uso, 
apenas para citar algumas possibilidades. As pessoas envolvidas com a farmacoeconomia 
quer seja o produtor de conhecimento ou o usuário destas informações, precisam estar atentos 
a tais possibilidades (Pfizer, 2007). 
 
Para realizar a avaliação farmacoeconômica pode-se utilizar diversas metodologias, 
desde a simples análise de minimização de custo, isto é, a escolha da melhor de duas 
alternativas que tenham efeitos idênticos até as análises mais complexas de custo-benefício, 
custo-efetividade e custo-utilidade (tabela 1) (Zanini, 2006). 
 
 
30
Tabela 1: Tipos de análises farmacoeconômicas 
Tipo de análise Medida de custos Medida dos resultados 
Minimização de custos $ unidade monetária = efeitos equivalentes 
Custo-benefício $ unidade monetária $ unidade monetária 
Custo-efetividade $ unidade monetária ▫ unidades clínicas habituais 
Custo-utilidade $ unidade monetária ◊ quantidade e qualidade de 
vida (anos de vida saudáveis) 
 
As técnicas de avaliação seguem os passos mostrados na figura 5, a qual também 
salienta que elas podem variar conforme o objetivo e perspectiva da análise. Dessa forma, o 
resultado farmacoeconômico não tem poder decisório sobre uma política de medicamentos, 
mas oferece mais um importante fator a ser considerado (Zanini, 2006). 
Figura 5: Etapas de uma avaliação farmacoeconômica 
 
 
Fonte: Zanini, 2006 
 
A pesquisa Farmacoeconômica identifica, mede e compara custos de produtos e 
serviços farmacêuticos. Dentro desta estrutura estão incluídos os seguintes métodos de 
pesquisa (Bootman, 2005): 
 
• Custo-minimização (assume-se ser equivalente em grupos comparativos) 
• Custo-efetividade (unidades naturais: anos de vida ganhos, mg/dl de glicose no 
sangue, mmHg de pressão sanguínea) 
Objetivos do estudo
Análise das alternativas
Perspectivas da análise 
 Administrador: interessado em resultados financeiros (análise custo-benefício) 
 Clínico: interessado em resultados clínicos (análise custo-efetividade) 
 Paciente: Interessado em resultados de qualidade de vida (análise custo-utilidade) 
Tipo de análise 
 Minimização de custo 
 Custo-benefício 
 Custo-efetividade 
 Custo-utilidade 
Análise dos resultados
Conclusões 
 
 
31
• Custo-benefício (Unidade: reais) 
• Custo da doença 
• Custo-utilidade (qualidade ajustada de anos de vida ou outras utilidades) 
• Custo-consequência 
• Análise de decisão 
• Qualidade de vida 
• Aspectos humanísticos 
 
Em essência, a análise farmacoeconômica utiliza ferramentas para examinar o impacto 
(desejável, indesejável) de terapias medicamentosas alternativas e outras intervenções 
médicas. (Bootman, 2005). 
 
Quando a mensuração das conseqüências não faz parte do estudo, existe uma forma de 
estudo de caráter econômico (considerada por alguns como farmacoeconômico) que avalia 
apenas o valor financeiro gerado por uma enfermidade. Este estudo pode englobar apenas os 
custos diretamente implicados no tratamento (com medicamentos, exames, internações, etc.) 
ou também os custos indiretos, envolvendo as perdas financeiras derivadas da incapacidade 
permanente ou temporária para o trabalho e o envolvimento de cuidadores no processo do 
tratamento. Isto é chamado de análise de custo da doença, e freqüentemente pode ser visto 
através da mídia, quando se informa, por exemplo, qual é o custo social dos acidentes de 
trabalho ou das complicações do tabagismo, apenas para citar alguns exemplos (Pfizer, 2007). 
 
A identificação de vários tipos de custos e suas subseqüentes medições em unidades 
monetárias é similar na maioria das avaliações econômicas, porém, a natureza das 
conseqüências originadas das alternativas examinadas pode diferir consideravelmente. 
 
2.6 Análise Custo-Minimização 
Quando duas ou mais intervenções são avaliadas e demonstradas ou assumidas como 
sendo equivalentes em termos de conseqüências obtidas, os custos associados com cada 
intervenção podem ser avaliados e comparados. Esta análise de custo típica chama-se análise 
custo-minimização. Um exemplo deste tipo de investigação com relação a terapias 
medicamentosas pode ser a avaliação de duas drogas genericamente equivalentes em que às 
conseqüências provaram serem iguais, apesar dos custos de aquisição e administração 
poderem ser diferentes (Bootman, 2005). 
 
A análise de minimização de custos é uma forma de comparar duas ou mais opções de 
tratamento em relação a seus custos, com o objetivo de identificar a mais barata. Nessa 
análise, as conseqüências (clínicas ou de utilidade) são consideradas equivalentes, havendo 
então apenas a necessidade de avaliar cuidadosamente os custos de cada opção, dentro da 
metodologia proposta. Tido como o método mais fácil de ser aplicado, é àquele que exige 
mais precauções, porque pressupõe que todas as alternativas analisadas têm idênticas 
conseqüências. Isso, na verdade, é uma condição muito rara, quase inexistente (Follador, 
1998). 
O maior cuidado a se tomar em uma análise de minimização é não fazer comparações 
entre produtos com perfis de eficácia e segurança que apresentem diferenças éticas 
inaceitáveis. (Pfizer, 2007) 
É utilizada quando o resultado de duas ou mais intervenções são iguais em suas 
conseqüências clínicas, servindo para comparar somente os inputs ou custos de cada 
alternativa (Zanini, 2006). 
 
 
32
A Análise de Minimização de Custos é utilizada quando o resultado de duas ou mais 
intervenções é igual em suas conseqüências clínicas, servindo para comparar somente os 
entradas ou custos de cada alternativa. É a forma mais simples de análise, pois considera 
somente os custos (geralmente só os diretos),

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