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1 01 Aula História 1B Iluminismo Introdução A busca de uma nova concepção do mundo, essencialmente racionalista e baseada na existência de leis naturais que regem a dinâmica do Universo, encontra-se na base da filosofia iluminista, sendo que suas origens estão vinculadas à chamada Revolução Científica do século XVII, que se apoiava nas teorias de Galileu Galilei, de René Descartes e de Isaac Newton. A partir da segunda metade do século XVIII, a crise do Antigo Regime se intensificou. A burguesia, apoiada pelo campesinato, passou a questionar os privilégios do clero e da nobreza. No campo econômico, as relações sociais, ainda predominantemente feudais, travavam o desenvolvimento do capitalismo. Dentro desse contexto de crise social e inconfor- mismo, os intelectuais procuraram respostas e soluções para os problemas da época. A esse movimento de renovação filosófica e intelec- tual, que atingiu maior maturidade na França, dá-se o nome de Iluminismo ou Ilustração, e ao século XVIII, o apelido de Século das Luzes. Compreender o Iluminismo não é tarefa fácil. Não basta decorar nomes de livros e autores. A questão é mais complexa. Nem todos os filósofos iluministas eram burgueses, bem como não havia uniformidade de pensamento entre eles. Apesar disso, muitas das ideias desses pensadores foram usadas pela burguesia na sua luta contra o Antigo Regime, contribuindo dessa forma para as revoluções burguesas: Independência dos Estados Unidos e Revolução Francesa. Os principais pensadores foram: Locke, Montesquieu, Voltaire e Rousseau. M us eu M et ro po lit an o de A rt e de N ov a Yo rk / Fo tó gr af o de sc on he ci do Metropolitan Museum of Art. New York. Óleo sobre tela 129,5 cm x 196,2 cm. No século XVIII predominou o estilo neoclássico. A Morte de Sócrates – J. L. David Esses pensadores acreditavam na razão e no progresso. Combatiam o misticismo, a ignorância, o absolutismo, a Igreja Católica, a tortura, a pena de morte, a intervenção do Estado na economia, enfim todas as forças que se opunham ao progresso e ao desenvolvimento. Segundo o advogado Séguier (1770), esses filósofos “com uma das mãos tentaram abalar o trono e com a outra quiseram derrubar os altares”. John Locke (1632 - 1704) Sua teoria política está principalmente exposta no Segundo tratado do governo civil, que foi publicado em 1690. Em essência, sua obra defende a ideia de governo limitado que justificava o governo estabelecido na Inglaterra após a Revolução Gloriosa. Locke condenou o absolutismo, denunciando a monarquia despótica. Locke foi um dos filósofos que mais tiveram influên- cia na História da Humanidade. Além de suas teorias terem influenciado a Revolução Francesa, foram prontamente aceitas na América, prepa- rando a revolta colonial contra a Inglaterra. Montesquieu (1689 - 1755) O aristocrata Charles-Louis de Secondat, senhor de La Brède e Barão de Montesquieu, escreveu várias obras, ganhou notoriedade e exerceu notável influência. A sua principal obra foi: O espírito das leis. É uma obra volumosa, dividida em seis partes, cada qual em vários livros, compostos de muitos capítulos. Para Montesquieu, as leis, escritas ou não, que gover- nam os povos, não são frutos do capricho ou do arbítrio de quem legisla. Ao contrário, decorrem da realidade so- cial e da história concreta própria ao povo considerado. Montesquieu não questiona qual é a melhor forma de governo. Para ele, não há leis justas ou injustas. O que existe são leis mais ou menos adequadas a um determi- nado povo e a uma determinada circunstância de época e lugar. Montesquieu não era um revolucionário. Suas simpa- tias políticas se dirigem a uma monarquia liberal, à moda inglesa. Sem dúvida, sua con- tribuição mais conhecida foi a doutrina dos três poderes, baseada em Locke, na qual advogava a divisão da autoridade governamental em três setores fundamentais: o executivo, o legislativo e o judiciário. Voltaire (1694 - 1778) François-Marie Arouet, chamado Voltaire, nasceu em Paris. Polemista vigoroso, crítico da religião e da mo- narquia, Voltaire deixou uma obra extensa e variada. Escreveu: Cândido, O ingênuo, Tratado de metafísica, Dicionário filosófico, Ensaio sobre os costumes, Cartas inglesas, etc. Voltaire era um crítico contundente da Igreja Católica e quase sempre concluía sua correspondência com a frase Écrasez I’infâme, ou seja, Esmagai a Infame. Isso não quer dizer que Voltaire fosse ateu. Para ele, as massas deveriam temer alguma coisa e, daí, não ter abandonado o conceito de um ser supremo. É dele a observação: “Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo”. Voltaire defendia a tolerância e a liberdade. Modera- do, era favorável a uma monarquia parlamentar. Montesquieu condenava o absolutismo. Na imagem, qua- dro representando Luís XIV, monarca absolutista francês. Museu Carnavalet M us eu C ar na va le t / F ot óg ra fo d es co nh ec id o Museu do Palácio de Versalhes, escola francesa, 1728. Montesquieu Pa lá ci o de V er sa lh es / Fo tó gr af o de sc on he ci do É uma verdade eterna: qualquer pessoa que te- nha o poder tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de manei- ra que o poder seja contido pelo poder. Montesquieu. O espírito das leis Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778) Popular, radical, crente em Deus, o suíço Jean-Jacques Rousseau foi um personagem polêmico, amado por muitos e odiado por outros tantos. Rousseau se interessou por muitas coisas. Para a “Enciclopédia”, escreveu os verbetes sobre música. 2 Extensivo Terceirão Na obra Discurso sobre as ciências e as artes, chocou os enciclopedistas, defendendo a tese de que o progresso, ao invés de melhorar o homem, na realidade o havia deteriorado. Criticava de forma contundente a propriedade privada (para ele, a raiz das infelicidades humanas). Essa tese revo- lucionária foi defendida na obra Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens. Sua obra mais conhecida é O contrato social, na qual desenvolveu a concepção de que a vontade geral deve ultrapas- sar os interesses particulares. Ao subscrever o contrato social, cada indivíduo renunciou a individualidade. Enciclopedismo Quando se fala em lluminismo, pensa-se logo na grande Enciclopédia. Em 1751, um grupo de filósofos franceses resolveu publicar uma enciclopédia que reunisse todos os conhe- cimentos da época. Esta obra monumental foi organiza- da por Denis Diderot e Jean Le Rond d’Alembert. Não era uma obra qualquer, como explica d’Alembert, em sua introdução. As inteligências mais brilhantes da época, além de especialistas os mais diversos, colaboraram com essa monumental obra. Montesquieu redigiu apenas um verbete, sobre o gosto; já Voltaire foi responsável por quarenta e três artigos. Rousseau, Buffon, o Barão d’Holbach, Quesnay e Turgot também participaram. Mesmo tendo sido publicada clandestinamente, a Enciclopédia influenciou o pensamento político e social da época, preparando os espíritos para a Revolução de 1789. Fisiocratas A “filosofia das luzes” passou a questionar o mercanti- lismo, política econômica do Estado absolutista. Os economistas fisiocratas (fisiocracia = governo da natureza) eram contrários à intervenção do Estado na economia. O primeiro teórico dessa corrente foi o médi- co de Luís XV, François Quesnay, que escreveu Quadro econômico. Para Quesnay, a terra era a única fonte de riqueza; daí a supremacia da agricultura sobre o comércio. Isto posto, pode-se dizer que os fisiocratas represen- taram o pensamento dos partidários de um capitalismo liberal agrário. Escola Clássica A Escola de Manchester, mais conhecida como Escola Clássica, surgiu paralelamente à consolidação da produção capitalista na Inglaterra, a partir da Revolução Industrial. “Rosseau toma violentamente posição contra as práticas da democracia: o bem comum não pode ser esta- belecido pela simples soma estatística das opiniõesindividuais – por exemplo, pelo voto, posto que somando tantos egoísmos não se obtém absolutamente altruísmo e consciência civil. Como já afirmava Heráclito: a opinião de um vale 10 mil, se for o melhor. Construir uma vontade geral amante do bem comum, capaz de realizar o interesse coletivo, obtendo, ao mesmo tempo, a livre adesão de cada cidadão, significa mudar a natureza do homem. As regras sociais devem ser interiorizadas, vividas como um dever ético, e não como uma obrigação imposta pela convivência. A pessoa deve, de alguma maneira, socializar-se, abandonar o indi- vidualismo para transformar-se em um ser coletivizado, capaz de pensar nos outros não como instrumentos, mas como fim.” NICOLA, Ugo. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à idade moderna: São Paulo: Globo, 2005, p. 307. Seus principais representantes foram: Adam Smith (1723 - 1790) Suas principais obras foram: A riqueza das nações e Teoria dos sentimentos morais. Para Smith, o trabalho, aliado ao capital, é fator determinante de riqueza. Smith escreveu sobre a divisão do trabalho, o livre mercado e muitos outros preceitos do laissez-faire. Des- confiava do governo e se opunha ao mercantilismo. Déspotas esclarecidos Alguns monarcas europeus tentaram colocar em prática algumas ideias dos pensadores iluministas. Os historiadores do século XIX cognominaram esses monar- cas de déspotas esclarecidos. Esses novos teóricos defendiam a plena liberdade econômica, a liberdade de mercado, a propriedade privada e o individualismo econômico. 3História 1B Aula 01 Testes Assimilação 01.01. (FAMERP – SP) – No livro Investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações, publicado em 1776, Adam Smith argumentou que um agente econômico, procurando o lucro, movido pelo seu próprio interesse, acaba favorecendo a sociedade como um todo. Esse ponto de vista é um dos fundamentos a) do liberalismo, que dispensou a regulamentação da eco- nomia pelo Estado. b) do utilitarismo, que defendeu a produção especializada de objetos de consumo. c) do corporativismo, que propôs a organização da sociedade em grupos econômicos. d) do socialismo, que expôs a contradição entre produção e apropriação de riqueza. e) do mercantilismo, que elaborou princípios de protecio- nismo econômico. 01.02. O iluminismo (ou ilustração) foi uma corrente de ideias que teve origem no século XVII e se desenvolveu sobretudo no século XVIII. O referido movimento é consi- derado importante por transformar a visão tradicional do homem moderno. O iluminismo expressou a a) consolidação dos dogmas religiosos como importantes na vida humana. b) negação dos princípios do uso da razão, pois não contri- buía para o conhecimento humano. c) consolidação do uso da razão, ou racionalismo, como elemento essencial do ser humano. d) consolidação da providência divina dos reis. e) negação dos valores do humanismo e do uso da razão. 01.03. (FEEVALE – RS) – O Iluminismo foi um movimento intelectual que chegou ao auge no século XVIII. Ele estabe- leceu uma nova mentalidade que, com o passar do tempo, alcançou grande parte da população europeia da época, especialmente a burguesia. Marque a alternativa incorreta sobre as características do Iluminismo. a) Foi na França que o movimento atingiu maior expressão, combatendo o Antigo Regime. b) Os nobres eram, na visão dos iluministas, aqueles que defendiam a organização de sociedades democráticas. c) As ideias iluministas chegaram ao continente americano, influenciando as lutas anticoloniais. d) O Iluminismo defendia o triunfo da razão sobre a igno- rância e a superstição. e) O Iluminismo defendia o anticlericalismo. 01.04. (UFJF – MG) – O Iluminismo foi o movimento cultural europeu ocorrido entre a revolução inglesa (1688) e a Revo- lução francesa (1789). Acerca desse movimento assinale a alternativa INCORRETA: a) Em política atacava-se o poder absoluto dos governantes e propunha governos constitucionais. b) Criticava-se a Igreja Católica, sustentáculo ideológico do Antigo Regime e propunha a separação Igreja – Estado. Resumindo: • Os “monarcas esclarecidos” adotavam alguns princípios da filosofia iluminista, objetivando modernizar os estados atra- sados que eles governavam. Esses monarcas, contudo, repri- miam os opositores e usavam políticas mercantilistas. • Em alguns casos enfrentaram a reação de grupos políticos tradicionais: nobreza e clero, por isso procuraram o apoio da burguesia (ainda fraca) e dos “corpos populares”. • Os principais déspotas esclarecidos foram: José II, da Áustria; Catarina II, da Rússia; o Marquês de Pombal, de Portugal; Frederico II, da Prússia; e Carlos III, da Espanha. • Embora suas políticas variassem, apresentavam alguns traços comuns, concentrados em três grandes centros de interesses: a relação Igreja-Estado, a racionalização da eco- nomia e o combate à nobreza. Ga le ria N ac io na l d e Re tr at os d a Su éc ia / Fo tó gr af o de sc on he ci do Galeria Nacional da Suécia, óleo de A. R. Lisiewski. Catarina II, seu marido Pedro III e o filho. 4 Extensivo Terceirão c) As propostas do Liberalismo, tais como a não intervenção na economia, eram opostas ao Mercantilismo dos Estados Absolutistas. d) A representação da luz – o sol – símbolo da razão, deveria nortear a construção de uma nova sociedade capitalista e dissipar a treva identificada com o Absolutismo. e) O movimento iluminista defendia a manutenção do direito divino dos soberanos em oposição ao obscurantismo da tradição. Aperfeiçoamento 01.05. (UDESC) Leia atentamente o texto a seguir. “Se o homem no estado de natureza é tão livre, confor- me dissemos, se é senhor absoluto dasua própria pes- soa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utili- zação do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos se- nhores tanto quanto ele, todo o homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da jus- tiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstân- cias obrigam-no a abandonar uma condição que, em- bora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pre- tendem unir-se para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.” (LOCKE, John. Segundo Tratado Sobre o Governo, São Paulo: Abril Cultural, 1983) No trecho acima, John Locke (1632-1704) anuncia alguns elementos que caracterizam a corrente de pensamento conhecida como Liberalismo. Em termos políticos, pode-se afirmar que o texto justifica: a) a necessidade do governo como proteção à vida e aos direitos. b) a instauração do governo absoluto como imposição da natureza humana. c) a liberdade individual sempre acima do direito de pro- priedade. d) o governo como poder oriundo da natureza. e) o cerceamento da liberdade por parte do governo. 01.06. Brasília foi inaugurada em 1960, poucos anos depois do início de sua construção. Planejada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, a nova capital do Brasil foi estruturada a partir de dois grandes eixos que se cruzam: o Eixo Rodoviário, em torno do qual estão as áreas residenciais, e o Eixo Monumental, onde se localizam os órgãos governamentais e culturais. Em uma das extremidades do Eixo Monumental, encontra-se a Praça dos Três Poderes. O nome dessa praça faz referência à teoria a) da divisão das responsabilidades sobre o país que, com a Constituição de 1891, definiu que o presidente, os go- vernadores e os prefeitos exerceriam o poder de forma compartilhada. b) do Estado tripartido, de origem medieval, que definiaas fun- ções que deveriam ser desempenhadas pela nobreza, pela burguesia e pelos trabalhadores em benefício da sociedade. c) da organização da república, proposta por Platão, em que o presidente, o povo e os deputados debatem a respeito do funcionamento da sociedade. d) do Estado moderno europeu, segundo a qual o Senado, a Câmara e a Presidência da República exercem os poderes conferidos pela população por meio do voto direto e secreto. e) da separação dos poderes, proposta por Montesquieu, em que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário devem exercer os seus poderes de forma independente e equilibrada entre si. 01.07. (UFT – TO) – Rousseau, na obra Do contrato so- cial, afirma: “Proponho-me a investigar se pode haver na ordem civil uma regra de administração legítima e confiável que tome os homens tais como são e as leis tais como podem ser. Tentarei sempre conciliar nesta pesquisa o que é permitido pelo direito com o que é prescrito pelo interesse, a fim de que a justiça e a uti- lidade não fiquem em desarmonia”. Fonte: ROUSSEAU, J-J. Do contrato social, apud. RAWLS, J. Conferencias sobre a história da filosofia política. São Paulo: Martins Fontes, 2012, p. 233 Desta forma, o autor estabelece desde o início alguns termos essenciais do seu pensamento político. No que concerne às bases das instituições políticas e sociais e à concretização dos princípios do direito político e da justiça em Rousseau, é CORRETO afirmar que a noção de “contrato social” se orienta fundamentalmente: a) à conservação da condição de igualdade entre os cida- dãos, à concretização do estado de direito e à garantia de um grau suficiente de igualdade material. b) à autopreservação da vida, à livre iniciativa do trabalho e à propriedade privada como direitos fundamentais e inalienáveis do indivíduo. c) à obediência irrestrita ao soberano e às suas leis em função da garantia da segurança pessoal no estado civil e do progresso material da sociedade. d) à sacralidade da propriedade privada, do estado de direito e do respeito às diferenças entre os homens como condi- ções para a validade de todo contrato. 01.08. (UNESP – SP) – Todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos ina- lienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para assegurar esses direitos, entre os homens se instituem governos, que derivam seus justos poderes do consentimento dos governados. Sempre que uma forma de governo se dispõe a destruir 5História 1B Aula 01 essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la, e instituir um novo governo, assentando seu fundamento sobre tais princípios e organizando seus poderes de tal forma que a ele pareça ter maior pro- babilidade de alcançar-lhe a segurança e a felicidade. (Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776). In: Harold Syrett (org.). Documentos históricos dos Estados Unidos, 1988.) O documento expõe o vínculo da luta pela independência das treze colônias com os princípios a) liberais, que defendem a necessidade de impor regras rígidas de protecionismo fiscal. b) mercantilistas, que determinam os interesses de expansão do comércio externo. c) iluministas, que enfatizam os direitos de cidadania e de rebelião contra governos tirânicos. d) luteranos, que obrigam as mulheres e os homens a lutar pela própria salvação. e) católicos, que justificam a ação humana apenas em função da vontade e do direito divinos. 01.09. Quando na mesma pessoa, ou no mesmo órgão de governo, o poder Legislativo está unido ao poder Executivo, não existe liberdade […] E também não existe liberdade se o poder Judiciário (poder de julgar) não estiver separado do poder Legislativo (poder de fazer as leis) e do poder Executivo (poder de executar, de por em prática as leis.) Montesquieu, O espírito das leis, 1748. In: FREITAS, G. de; 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1978. V. III, p.24 Político, filósofo e escritor, o Barão de Montesquieu (1689– 1755) se notabilizou por sua teoria sobre a separação dos poderes, que organiza o funcionamento de muitos dos Estados modernos até a atualidade. Ao formular sua teoria, Montesquieu criticou o regime ab- solutista e defendeu a divisão do governo em três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – como forma de a) garantir a centralização do poder monárquico e a vontade absoluta dos reis, bem como defender os interesses das classes dominantes. b) desestabilizar o governo e enfraquecer o Judiciário, bem como garantir a impunidade dos crimes cometidos pelos mais pobres. c) evitar a concentração de poder e os abusos dos gover- nantes, bem como proteger as liberdades individuais dos cidadãos. d) estabilizar o governo e fortalecer o Executivo, bem como liberar as camadas subalternas da cobrança de impostos. e) fortalecer o povo e eliminar os governos, bem como eliminar as formas de punição consideradas abusivas. 01.10. (FGV – SP) – “O gênero humano é de tal ordem que não pode subsistir, a menos que haja uma grande infinidade de homens úteis que não possuam nada.” (Dicionário filosófico, verbete Igualdade) “O comércio, que enriqueceu os cidadãos na Inglater- ra, contribuiu para os tornar livres, e essa liberdade deu por sua vez maior expansão ao comércio; daí se formou o poderio do Estado.” (Cartas inglesas) Sobre os trechos de Voltaire, é correto afirmar que o autor a) define, com suas ideias, os interesses da burguesia como classe, no século XVIII: o comércio como condição para a acumulação de capital, a riqueza como fator de liberdade e do poder de Estado e a propriedade ligada à desigualdade. b) crê, como filósofo iluminista do século XVIII, nas igualdades social e política, pois a filosofia burguesa elabora uma doutrina universalista que confunde a causa da burguesia com a de toda a humanidade. c) critica a centralização do poder na medida em que ela breca a liberdade, impedindo o progresso das técnicas e a expansão do comércio que geram riqueza, e, ao mesmo tempo, aceita a propriedade como fundamento da igualdade. d) considera que a burguesia não se constitui em uma classe no século XVIII, e ela precisa do poder do Estado centralizado para garantir a sua riqueza e, nessa medida, aproxima-se da nobreza para obter apoio político. e) defende, como representante da Ilustração, a liberdade ligada à ausência da propriedade e elabora princípios universais, com direitos e deveres para todos os homens, o que faz a igualdade econômica ser o fundamento da sociedade. Aprofundamento 01.11. (USF – SP) – Conhecido como o século das Luzes ou do Iluminismo, o século XVIII foi marcado por um movimento do pensamento europeu (ocorrido mais especificamente na segunda metade do século XVIII) que abrangeu o pensamento filosófico e gerou uma grande revolução nas artes (principalmente na literatu- ra), nas ciências, nos costumes, na teoria política e na doutrina jurídica. O Iluminismo também se distinguiu pela centralidade da ciência e da racionalidade crítica no questionamento filosófico. Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/15543/15543_3.pdf>. Acesso em: 12/09/2017. Tomando como base o contexto abordado, podemos afirmar corretamente que a) o liberalismo econômico deu ênfase à economia mer- cantilista, na qual o Estado seria responsável pela regula- mentação de preços e mercados para evitar abusos que prejudicariam a população. b) a Escola Fisiocrata sustentou a ideia de que existem leis naturais regendo a sociedade, mas que poderiam ser alte- radas pelo bem da humanidade, e, além disso, defendeu que a indústria e o comércio seriam responsáveis pela riqueza de uma nação. 6 Extensivo Terceirão c) as ideias defendidas por John Locke, na obra O contrato social, afirmam que o soberano deve conduzir o Estado de forma democrática, de acordo com a vontade do povo. d) o Despotismo Esclarecido, ligado à associação entreas ideias das luzes e o poder absolutista dos reis, foi aplicado com ênfase em todos os Estados europeus no início do século XVIII, resultando no nascimento de dezenas de monarquias parlamentaristas. e) o Iluminismo combateu o mercantilismo, o tradiciona- lismo religioso herdado da Idade Média e a divisão da sociedade em estamentos. 01.12. (PUCCAMP – SP) – Um pensamento liberal mo- derno, em tudo oposto ao pesado escravismo dos anos 1840, pode formular-se tanto entre políticos e intelectuais das cidades mais importantes quanto junto a bacharéis egressos das famílias nordestinas que pouco ou nada poderiam esperar do cativeiro em declínio. (BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 224) Faz parte das características do pensamento liberal europeu, no século XIX, a defesa a) da liberdade de imprensa e de ações afirmativas visando à reparação estatal a grupos discriminados. b) da distribuição equitativa de riquezas e do estado de bem-estar social. c) do livre cambismo e do direito à propriedade privada. d) da liberdade de culto e do mutualismo. e) da nacionalização dos meios de produção e da doutrina do destino manifesto. 01.13. (PUCCAMP – SP) – Os enciclopedistas consti- tuíram uma pequena elite de letrados e de técnicos, ligados à vida material como elementos de ponta do progresso econômico e também estreitamente vin- culados ao aparato estatal, o qual se esforçaram por tornar melhor e mais racional. (...) Por toda a parte na Europa das Luzes, encontramos esta pretensão e esta vontade [dos filósofos] de pôr-se à testa e na direção da sociedade. (VENTURI, Franco. Utopia e reforma no Iluminismo. Bauru: Edusc, 2003, p. 44, 239- 240) A elite intelectual a que o texto se refere foi responsável pela organização e publicação do mais importante veículo de divulgação das ideias do Iluminismo, no século XVIII: a Enciclopédia. Essa obra de inspiração racionalista, a) defendia a teoria de que a economia deveria funcionar por suas próprias leis e na eliminação da intervenção do Estado sobre os negócios comerciais que entravava as aduanas internas. b) estabelecia a tese segundo a qual as estruturas sociais eram determinadas pelas circunstâncias ambientais e pela liberdade como direito incontestável de todos os homens da época. c) afirmava que a única esperança de garantir os direitos de cada um seria ceder todos esses direitos à comunidade civil para que a governasse de acordo com as ideias dos filósofos iluministas. d) defendia uma monarquia absolutista moderada por um governo baseado na razão e no ideário político e social vigente na época e não mais pelos pressupostos religiosos divulgados pela Igreja. e) propunha, de maneira geral, a imediata autonomização da Igreja em relação ao Estado e o combate às superstições e às diversas manifestações do pensamento dogmático eclesiástico. 01.14. (UNESP – SP) – Um homem transporta o fio metá- lico, outro endireita-o, um terceiro corta-o, um quarto aguça a extremidade, um quinto prepara a extremidade superior para receber a cabeça; para fazer a cabeça são precisas duas ou três operações distintas; colocá-la constitui também uma tarefa específica, branquear o alfinete, outra; colocar os alfinetes sobre o papel da embalagem é também uma tarefa independente. [...] Tive ocasião de ver uma pequena fábrica deste tipo, em que só estavam empregados dez homens, e onde alguns deles, consequentemente, realizavam duas ou três operações diferentes. Mas, apesar de serem muito pobres, e possuindo apenas a maquinaria estritamente necessária, [...] conseguiam produzir mais de quarenta e oito mil alfinetes por dia. Se dividirmos esse trabalho pelo número de trabalhadores, poderemos considerar que cada um deles produz quatro mil e oitocentos alfi- netes por dia; mas se trabalhassem separadamente uns dos outros, e sem terem sido educados para este ramo particular de produção, não conseguiriam produzir vinte alfinetes, nem talvez mesmo um único alfinete por dia. (Adam Smith. Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, 1984.) O texto, originalmente publicado em 1776, demonstra a) o avanço tecnológico representado pelo surgimento da fábrica na Inglaterra, relacionando a riqueza com o aprimoramento científico e o trabalho simultâneo de milhares de operários. b) o crescimento do mercado consumidor e a maior veloci- dade na distribuição das mercadorias inglesas, destacando o vínculo entre riqueza e uma boa relação entre oferta e procura. c) a força crescente dos sindicatos e das federações de tra- balhadores na Inglaterra, enfatizando o princípio marxista de que apenas o trabalho permite a geração de riqueza. d) a produtividade do artesanato e o conhecimento da totalidade do processo produtivo pelos trabalhadores ingleses, relacionando a noção de riqueza ao acúmulo de metais nobres. e) a disciplina no trabalho e o parcelamento de tarefas pre- sentes nas manufaturas e fábricas inglesas, associando o crescimento da riqueza à produtividade do trabalho. 7História 1B Aula 01 01.15. (PUCCAMP – SP) – José de Alencar retratou o seu herói goitacá em prosa, a exemplo do que o escocês Walter Scott havia feito com os cavaleiros medievais na célebre novela Ivanhoé. Para evocar um mítico passado nacional, na falta dos briosos cavaleiros medievais de Scott, o índio seria o modelo de que Alencar lançaria mão. (...) O índio entrara como tema na literatura uni- versal por influência das ideias dos filósofos iluministas e especialmente, da obra de Jean-Jacques Rousseau (....). As teses de Rousseau sobre o “bom selvagem”, por sua vez, bebiam na fonte das narrativas de viajantes do século XVI, os primeiros europeus que haviam colo- cado os pés no chão americano. Foram esses viajantes os responsáveis pela propagação do juízo de que, do outro lado do oceano, existia um povo feliz, vivendo sem lei nem rei (...) (NETO, Lira. O inimigo do Rei. Uma biografia de José de Alencar. São Paulo: Globo, 2006. p. 166-167) Para o filósofo iluminista francês a que o texto de Lira Neto se refere, a) o governo democrático deveria sempre representar a maioria dos cidadãos, a qual opinaria sobre as questões sociais, enquanto os governantes deveriam consultar o povo sempre que necessário. b) o universo é governado por leis físicas e não submetido a interferências de cunho divino, sendo a universalidade da razão o único caminho que levaria ao conhecimento do mundo de forma coerente. c) os homens possuem a vida, a liberdade e a propriedade como direitos naturais e os governos teriam que respeitar esses direitos e, caso não o fizessem, caberia à sociedade civil o direito de rebelião. d) o espírito humano é uma ‘tábua rasa’ e todo conhecimento se faz com a própria capacidade intelectual do homem de se desenvolver mediante sua atividade e de exercício do pensamento. e) o Estado deveria garantir aos cidadãos a liberdade, por meio de uma divisão equilibrada dos poderes, quais se- jam: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes. 01.16. (UDESC) – “Renunciar à liberdade é renunciar à qualidade de homem, aos direitos da humanidade, e até aos próprios deveres. Não há nenhuma reparação possível para quem renuncia a tudo. Tal renúncia é in- compatível com a natureza do homem. Assim, seja qual for o lado por que se considerem as coisas, o direito de escravizar é nulo, não somente porque ilegítimo, mas porque absurdo e sem significação. As palavras escravidão e direito são contraditórias; excluem-se mutuamente. Jean-Jacques Rousseau. O Contrato Social. O livro O contrato Social, escrito por Rousseau e lançado em 1762, apresenta ideias que confluem com as lutas por “liberdade, igualdade e fraternidade”, conhecido lema da Revolução Francesa. Com base na citação de Rousseau – O Contrato Social, assinale a alternativa correta a respeito das relações entre a Revolução Francesa e a práticada escravidão. a) Um dos princípios da Revolução Francesa, a igualdade, está previsto na Declaração dos direitos do homem e do cidadão. Por este motivo, a partir de 1791, a escravidão, em todas as suas formas, foi abolida e jamais restabelecida nas colônias francesas. b) Ainda que o posicionamento dos revolucionários fosse homogêneo, no que diz respeito ao fim da escravidão, esta foi abolida apenas em 1791, com a assinatura de um tratado entre Napoleão e o líder haitiano Toussaint Louverture. Após a assinatura deste tratado, a escravidão jamais foi restabelecida em uma colônia francesa. c) A defesa da liberdade e as lutas pelo fim da escravidão eram pautas bastante cômodas para os revolucionários franceses, pois a França nunca contou com pessoas es- cravizadas em suas colônias. d) Os posicionamentos dos revolucionários a respeito da escravidão eram relativamente contraditórios. Apesar das preleções de Rousseau, alguns grupos defendiam, primeiramente, apenas o fim do tráfico negreiro. As lutas pela abolição da escravidão e a independência do Haiti, concretizada apenas em 1804, são representativas destas contradições. e) Como a obra não cita as mulheres, pode-se concluir que Jean-Jacques Rousseau era um defensor da escravidão apenas para as mulheres. 01.17. (UEPG – PR) – Em 1776, o inglês Adam Smith pu- blicou A riqueza das nações, obra que continha os pressu- postos essenciais do liberalismo, doutrina que serviu como referência para o avanço capitalista a partir do século XVIII. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) O liberalismo defende o livre mercado e o direito individu- al sobre a propriedade privada dos meios de produção, ao contrário, por exemplo, do pensamento socialista. 02) Para o liberalismo, é necessário que exista um Estado forte e atuante nas questões sociais, de modo a atender demandas como a geração de emprego e a seguridade social. 04) Uma das premissas centrais do liberalismo é a não in- tervenção do Estado na economia, como por exemplo, a adoção de medidas protecionistas no mercado eco- nômico. 08) O liberalismo utiliza vários princípios formulados pela fisiocracia, corrente que antecedeu o pensamento libe- ral e que era bastante difundida pela Europa desde os tempos medievais. 01.18. (UEM – PR) – Sobre o Iluminismo e o Liberalismo, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) Para o pensador inglês John Locke, a vida, a liberdade e a propriedade são direitos naturais dos homens. 02) Os valores e os ideais defendidos pelos pensadores ilu- ministas constituíram a base teórica da crítica ao Anti- go Regime e à desigualdade jurídica. 8 Extensivo Terceirão 04) Os filósofos iluministas construíram um corpo teórico coeso. Isso pode ser observado, por exemplo, nas crí- ticas que Voltaire e Rousseau fizeram à propriedade privada e à burguesia, consideradas por eles a raiz da infelicidade humana. 08) Adam Smith combatia as ideias e as práticas mercanti- listas, pois as considerava prejudiciais à economia. Para esse autor, com a adoção da livre concorrência, com a divisão do trabalho e com a liberdade do comércio, alcançar-se-ia a justiça social. 16) Com base em princípios iluministas, alguns reis euro- peus colocaram em prática reformas que visavam har- monizar o poder régio com a modernização de seus países. Essas ações foram chamadas Despotismo Escla- recido. Desafio 01.19. (UEPG – PR) – Concebido por Adam Smith no século XVIII, o liberalismo é uma doutrina política e econômica que possui características e princípios bastante peculiares. A respeito deste tema, assinale o que for correto. 01) A doutrina liberal defende a livre organização dos tra- balhadores em associações, sindicatos e partidos que representem os seus interesses. Para o liberalismo, é a organização dos trabalhadores que gerará salários jus- tos e direitos sociais garantidos. 02) No liberalismo há o incentivo ao mérito, ou seja, todo indivíduo terá garantida igualdade de oportunidades e depende apenas do seu esforço pessoal para alcançar seus objetivos e propósitos. 04) Ideologicamente vinculado à perspectiva capitalista, o liberalismo constrói sua base argumentativa na defesa do aumento da produção e na ideia de bem-estar ma- terial do indivíduo. 08) No bojo do pensamento liberal, destaca-se o princípio de que, se em uma sociedade as leis fossem cumpridas por todos, não haveria necessidade de que o Estado co- brasse impostos e investisse, por exemplo, na formação de quadros militares. 16) Enquanto doutrina, o liberalismo defende o Estado mí- nimo, ou seja, um Estado que pouco interfira na eco- nomia, mas, ao mesmo tempo, garanta a propriedade privada, os direitos individuais, a liberdade religiosa e a segurança. 01.20. (UNICAMP – SP) – (Edgar Fash Memorial Collection, Departament Of Special Collections, University of Pennsylvania Library. Disponível em: <http: sceti.library.upenn.edu. Acessado em 14/08/2017.) A ilustração anterior, com Marie Lavoisier representada à direi- ta, foi produzida nas últimas décadas do século XVIII, e mostra uma experiência para entender a fisiologia da respiração e o papel do oxigênio nela. Considerando o contexto histórico e o seu conhecimento de química, assinale a alternativa correta. a) No século XVIII, Marie Lavoisier, como outras mulheres, não participava da produção do conhecimento científico. Por outro lado, seu marido, Antoine Lavoisier, ficou famoso pela frase “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, conhecida como a lei de conservação da quantidade de matéria. b) A Revolução Francesa favoreceu cientistas e intelectuais franceses independentemente de suas posições ideológi- cas e das questões de gênero. É o caso de Marie Lavoisier e de Antoine Lavoisier, este último famoso pela frase “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, conhecida como a lei de conservação das massas. c) No século XVIII, as mulheres participavam da produção do conhecimento científico. Marie Lavoisier registrou e publicou muitos dos experimentos feitos pela equipe de seu marido, Antoine Lavoisier, famoso pela frase “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, conhecida como a lei de conservação das massas. d) A Revolução Francesa garantiu às mulheres a cidadania e a participação na produção do conhecimento cien- tífico. Marie Lavoisier registrou e publicou muitos dos experimentos feitos pela equipe de seu marido, Antoine Lavoisier, famoso pela frase “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, conhecida como a lei de conservação da quantidade de matéria. 01.01. a 01.02. c 01.03. b 01.04. e 01.05. a 01.06. e 01.07. b 01.15. a 01.16. d 01.17. 05 (01 + 04) 01.18. 27 (01 + 02 + 08 + 16) 01.19. 22 (02 + 04 + 16) 01.20. c 01.08. c 01.09. c 01.10. a 01.11. e 01.12. c 01.13. e 01.14. e Gabarito 9História 1B Aula 01 1B Absolutismo inglês Entre 1337 e 1453, a Inglaterra esteve envolvida na Guer- ra dos Cem Anos, enfrentando os franceses. Por volta de 1450, os ingleses sofreram uma série de reveses, o que veio a agravar os problemas internos, já que o rei Henrique VI era fraco e ingênuo. Em meio à crise, duas famílias passaram a disputar o po- der, já que Henrique VI tornara-se louco. A guerra civil entre os Lancaster e os York ficou conhecida como a “Guerra das Duas Rosas”, pois o símbolo da família Lancaster era uma rosa vermelha, enquanto o símbolo da família York era uma rosa branca. O conflito se estendeu de 1455 a 1485. O fim da “Guerra das Duas Rosas” ocorreu quando Henrique Tudor, descenden- te por parte de mãe dos Lancaster, derrotou Ricardo III (dos York), que morreu lutando. Henrique casou-se com Elisabeth de York e foi coroado rei. Henrique VII procurou controlar a nobreza, lançando as bases do absolutismo inglês. Henrique VIII (1509 - 1547) consolidou o absolutismo monárquico com a Reforma Anglicana, confiscando e ven- dendo os bens eclesiásticose tornando-se chefe da Igreja. Os seus sucessores, Eduardo VI (1547 - 1553) e Maria I (1553 - 1558), enfrentaram constantes guerras civis em con- sequência dos antagonismos religiosos. É no reinado de Elisabeth I, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, que se elevou o absolutismo, bem como a Reforma Religiosa Anglicana. Crise No final do século XVI, a burguesia e a nova nobreza enriqueceram e fortaleceram-se tanto que já não neces- sitavam da tutela de um forte poder real. Por sua parte, os reis ingleses acreditavam que poderiam governar como monarcas absolutos, à semelhança dos reis da França ou da Espanha. Entretanto, eram impedidos nesse propósito pelo Parlamento. Os representantes da burguesia e da nova nobreza, que ocupavam lugares no Parlamento, queriam governar o país à sua maneira e dirigir a política externa. Queriam que o Rei se submetesse ao Parlamento. Assim, começou entre este e aquele uma luta pelo poder. Os choques entre o Parlamento e o poder real começaram durante o reinado de Elisabeth I, porém tornaram- -se particularmente fortes na época de seus sucessores. Muitos autores procuram relacionar a Revolução Industrial do século XVIII com a Revolução Inglesa do século XVII. Segundo esses autores, a Revolução Inglesa teria eliminado os entraves feudais, liberando a economia para o desenvolvimento do capitalismo. A liberação de mão de obra e a extinção das antigas corporações criaram as precondições para a Revolução Industrial. Ha tfi el d Ho us e / F ot óg ra fo d es co nh ec id o Óleo de Marcus Gheeraerts. Hatfield House, Instituto da Arte, Londres. Elisabeth I (1558 - 1603) foi uma monarca compe- tente. Soube enfrentar Filipe II da Espanha e man- dou executar sua própria prima Maria Stuart. 10 Extensivo Terceirão História Aula 02 Revoluções inglesas Às vésperas da Revolução, a sociedade inglesa apresentava as seguintes características: Com a morte de Elisabeth I, terminou a dinastia dos Tudors. Subiu então ao trono seu primo, o rei da Escócia, Jaime VI, que recebeu, na Inglaterra, o título de Jaime I (1603 - 1625), iniciando-se com ele a dinastia dos Stuarts. Ao tentar governar de forma absolutista, Jaime I entrou em choque com o Parlamento, fechando-o em 1614. A intolerância levou Jaime I a perseguir católicos e puritanos, provocando a emigração de muitos deles para a costa oriental da América do Norte, onde fundaram colônias inglesas (futuros núcleos iniciais dos Estados Unidos). Em 1605 o monarca escapou de um atentado: a Conspiração da Pólvora, articulada por um grupo de católicos. Guerra civil Carlos I, filho e sucessor de Jaime I, subiu ao trono em 1625. Foi um monarca despótico. O Parlamento obrigou- -o, em 1628, a assinar a Petição de Direitos, que o proi- bia de taxar impostos sem consultar os parlamentares. Apesar de assinar, não a respeitou, tentando ilegalmente cobrar nas cidades interioranas o ship money, imposto cobrado apenas em cidades costeiras. Isso tudo acabou por provocar uma guerra civil com o Parlamento. Os cavaleiros, partidários do Rei, contra os cabeças re- dondas, partidários do Parlamento (cavaleiros devido à pomposidade dos uniformes e cabeças redondas devido ao corte de cabelo.) A Guerra Civil durou de 1642 a 1648 e foi vencida pelos adeptos do Parlamento. Durante o conflito, os grupos se alinharam da seguinte maneira: do lado do Rei ficaram os partidários do absolutismo, a nobreza e os católicos ingleses e irlandeses; já os presbiterianos (membros da alta burguesia), a nobreza liberal, os puri- tanos (calvinistas, membros da pequena burguesia) e os radicais de toda ordem (levellers e diggers) apoiaram o Parlamento. Os levellers – niveladores – eram elementos da pequena burguesia, queriam transformar a Inglaterra numa República de pequenos proprietários; os diggers – escavadores – defendiam uma espécie de comunismo agrário. Esses grupos acabaram sendo reprimidos devi- do ao caráter burguês da Revolução. Na Batalha de Naseby (1645), Oliver Cromwell e os seus ironsides (costelas de ferro) venceram os realistas. Cromwell realizou uma verdadeira revolução militar. DICK, Antoon van. Carlos I a cavalo. 1636. 1 Óleo sobre tela: color.; 367 cm x 292 cm. National Gallery, Londres. N at io na l G al le ry / Fo tó gr af o de sc on he ci do • os grandes proprietários de terras formavam uma aristocracia que dava sustentação ao regime absolutista, po- rém as enormes mudanças (crescimento das cidades, expansão do comércio, ascensão de novos grupos sociais, etc.) debilitavam essa aristocracia fundiária; • surgimento dos gentry, ou seja, uma pequena e média nobreza rural, dotada de uma mentalidade capitalista e com laços econômicos com a burguesia das cidades, e dos yeomen, espécie de classe média malformada por pequenos proprietários, granjeiros, lavradores e arrendatários que viviam numa situação difícil, que piorava às vésperas da Revolução. • Os camponeses sem terras, o proletariado (ainda em formação), os desempregados e os miseráveis de toda a sorte completavam o quadro. 11História 1B Aula 02 Derrotado, Carlos I fugiu para a Escócia. Após uma série de reveses, os escoceses concordaram em entregar o Rei ao exército de Cromwell. Julgado e condenado, Carlos I foi decapitado (1649). República puritana (1649 - 1658) Durante a república puritana, o poder concentrou-se nas mãos de Cromwell, que fechou o Parlamento e governou com o apoio do exército. Cromwell reprimiu seus antigos aliados: a direita (nobreza liberal) e a esquerda, os levellers (niveladores). Estes últimos pretendiam um apro- fundamento do processo revolucionário, sonhando com uma república de pequenos proprietários. As principais realizações desse período foram: Restauração (1660 - 1688) Com a morte de Oliver, assumiu o poder seu filho, Ri- cardo Cromwell, que renunciou, após um ano de governo. O regime monárquico foi restaurado na Inglaterra e a dinastia dos Stuarts voltou ao trono, com Carlos II. Durante o seu reinado, teve sérios atritos com o Parla- mento. Nesse período, formaram-se dois partidos: Tory, conservador e favorável à ampla autoridade real, e Whig, liberal e favorável ao Parlamento. A restauração ocorreu devido ao temor das classes dominantes (gentry e burguesia) em relação aos exces- sos e às reivindicações das classes sociais inferiores. Era preciso consolidar as conquistas revolucionárias, sem, contudo, ceder terreno aos radicais. M us eu m o f L on do n / F ot óg ra fo d es co nh ec id o Coleção do Duque de Buccleuch e Queensbury. COOPER, Samuel. Oliver Cromwell, miniatura. 1655. Aquarela: 60 mm x 48 mm Co le çã o D uq ue d e Bu cc el eu ch e Q ue en sb ur y / F ot óg ra fo d es co nh ec id o “A essência dessa revolução militar estava na adoção do “modo livre de agir”, em oposição ao “modo formal”. Ela implicava o reco- nhecimento de que homens livres, conscientemente motivados pela crença em sua causa, poderiam levar a melhor sobre meros profis- sionais (...). Desde o início, os soldados de Cromwell eram homens escolhidos, muito disciplinados, bem equipados, que dispunham de bons cavalos e eram bem pagos. Todos esses fatores permitiram-lhe usar a carga da cavalaria como um aríete, no lugar de uma infantaria móvel simplesmente armada com pistolas. (...)” HILLS, Christopher. O eleito de Deus. São Paulo: Companhia das letras. 2003, p. 73. • o Ato de Navegação (1651), determinando que somente entrariam nos portos da Inglaterra navios ingleses ou pertencentes a países com os quais ela estivesse comerciando diretamente. Houve, assim, a eliminação dos navios dos países intermediários. Como resultado desse ato, a Holanda entrou em decadência, e a Inglaterra assumiu a posição de maior potência naval; • a conquista e a submissão da Irlanda e da Escócia; • a ampliação do império colonial; • o confisco e a venda das terras da Igreja Anglicana e dos realistas. Em 1665, Londres foi atingida pela peste bubônica. Milhares de pessoasmorreram. Em 1666, um terrível incêndio destruiu parte da cidade. 12 Extensivo Terceirão Revolução Gloriosa (1688) Sucedeu a Carlos II seu irmão Jaime II, católico declarado, que tinha claros objetivos absolutistas. Temendo a volta ao catolicismo e ao absolutismo, Whigs e Tories, de comum acordo, convidaram o príncipe Gui- lherme de Orange e sua esposa Maria (filha mais velha de Jaime II) a invadirem a Inglaterra e deporem o Rei. Guilherme desembarcou com um pequeno exército e tomou Londres sem dar um tiro. Jaime II fugiu e se refugiou na França, com o amparo de Luís XIV. O Parlamento ofereceu o trono a Guilherme de Orange, que assumiu como Guilherme III e jurou a Declaração de Direitos (Bill of Rights), redigida pelo Parlamento. A Declaração de Direitos estabelecia: o julgamento pelo júri; a permanência do habeas corpus; o rei deveria pertencer à Igreja Anglicana, não poderia lançar impostos nem organizar exércitos sem autorização do Parlamento. Terminavam também as perseguições religiosas. Em síntese, Jaime II foi afastado sem derramamento de sangue, sem desordens sociais e sem anarquia. A burguesia capitalista, os mercadores de Londres e os gentis-homens do campo triunfaram. Não foi uma revolução popular, pois o povo não ascendeu ao poder. Formou-se, então, uma mo- narquia limitada (o rei reina, mas não governa), impedindo que na Inglaterra houvesse radicalizações, como ocorreu na França. Testes Assimilação 02.01. Observe a imagem que representa a morte do mo- narca Carlos I na Inglaterra. A condenação à morte do rei Carlos I, em 1649, teve como principal significado político a) a crise e o declínio do absolutismo. b) a implantação da República inglesa. c) o restabelecimento das relações feudais. d) a irrupção de movimentos liberais pró-presidencialismo. e) o estabelecimento da guerra civil e o fim do Reino Unido. 02.02. (UNESP – SP) – ... o período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma nova estrutura política dentro da qual o capi- talismo podia desenvolver-se livremente. (Christopher Hill, A revolução inglesa de 1640) O autor do texto está se referindo a) à força da marinha inglesa, maior potência naval da Época Moderna. b) ao controle pela coroa inglesa de extensas áreas coloniais. c) ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supre- macia política do parlamento. d) ao desenvolvimento da indústria têxtil, especialmente dos produtos de lã. e) às disputas entre burguesia comercial e agrária, que ca- racterizaram o período. 02.03. (ACAFE – SC) – A respeito da Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra em 1688, é correto afirmar: a) fortaleceu o poder monárquico, ameaçado pelo parla- mentarismo; b) estabeleceu a ditadura puritana de Cromwell; c) estabeleceu uma república constitucional; d) derrubou a ditadura de Cromwell, restabelecendo a Monarquia; e) estabeleceu a supremacia do poder parlamentar sobre o poder monárquico. 02.04. (ESPM – SP) – Em 1646, em plena guerra civil, um grupo de democratas em Londres afirmou que a soberania do Parlamento e sua resistência ao rei só poderiam se justificar teoricamente se essa soberania derivasse do povo. Assim, se o povo era soberano, então o Parlamento teria de se fazer representante do povo. O mais pobre dos indivíduos tem tanto direito de votar quanto o mais rico e o mais importante deles. (Christopher Hill. O Século das Revoluções) O texto, que trata de uma revolução e de um grupo político nela interveniente, refere-se: a) à Revolução Ludita e ao grupo dos destruidores de má- quinas; 13História 1B Aula 02 b) à Revolução Gloriosa e ao grupo dos cartistas; c) à Revolução Gloriosa e ao grupo dos cavaleiros; d) à Revolução Puritana e ao grupo dos diggers ou esca- vadores; e) à Revolução Puritana e ao grupo dos levellers ou nive- ladores. Aperfeiçoamento 02.05. (UNESP – SP) – A Revolução Puritana (1640) e a Revo- lução Gloriosa (1688) transformaram a Inglaterra do século XVII. Sobre o conjunto de suas realizações, pode-se dizer que a) determinaram o declínio da hegemonia inglesa no comér- cio marítimo, pois os conflitos internos provocaram forte redução da produção e exportação de manufaturados. b) resultaram na vitória política dos projetos populares e radicais dos cavadores e dos niveladores, que defendiam o fim da monarquia e dos privilégios dos nobres. c) envolveram conflitos religiosos que, juntamente com as disputas políticas e sociais, desembocaram na retomada do poder pelos católicos e em perseguições contra pro- testantes. d) geraram um Estado monárquico em que o poder real devia se submeter aos limites estabelecidos pela legislação e respeitar as decisões tomadas pelo Parlamento. e) precederam as revoluções sociais que, nos dois séculos seguintes, abalaram França, Portugal e as colônias na América, provocando a ascensão política do proletariado industrial. 02.06. (UNIOESTE – PR) – Sobre a Revolução Gloriosa na Inglaterra (1688/1689) é correto afirmar que a) foi uma Revolução política que pôs fim ao Absolutismo, consolidando a supremacia do parlamento sobre a au- toridade real. b) constituiu-se na vitória de setores reacionários no aspecto político inglês e o retorno à descentralização política típica do mundo medieval. c) o holandês Guilherme de Orange foi coroado como Gui- lherme III, depois de ter assinado a Bill Of Rights imposta pelo Parlamento, que ampliava os poderes da monarquia sobre este. d) solapou a supremacia da teoria da separação dos três poderes e de um Estado democrático baseado no sufrágio. e) representou uma vitória da teoria do direito divino sobre a teoria do contrato entre o soberano e o povo. 02.07. (FAMERP – SP) – O período de 1603 a 1714 foi talvez o período mais decisivo na história da Inglaterra. […] Jaime I e seu filho [na primeira metade do século XVII] destituíram juízes que atuavam de forma muito in- dependente, contrariando desejos da realeza; após 1701, os juízes só poderiam ser removidos de suas funções por meio de notificações de ambas as Casas do Parlamento. (Christopher S. Hill. O século das revoluções, 1603-1714, 2012.) O excerto descreve transformações ocorridas na história inglesa no sentido a) de extinção da monarquia e de proclamação da república parlamentarista. b) de fortalecimento do feudalismo e de conquista do par- lamento pela nobreza. c) de ascensão do poder popular e de controle do parlamen- to pelos camponeses. d) de abolição do absolutismo e de reforço do poder do parlamento. e) de ampliação dos direitos do Estado e de domínio do parlamento pelos juízes. 02.08. No processo denominado Revolução Puritana o con- fronto de poder entre a política absolutista dos reis ingleses, a resistência do Parlamento e as lutas religiosas resultaram: a) no fortalecimento dos senhores feudais e na extensão do seu controle definitivo sobre o Parlamento. b) na extinção dos projetos de expansão comercial e colonial da Inglaterra na América do Norte, na África e no Oriente. c) na publicação dos Atos de Navegação, responsáveis pela abertura do comércio inglês aos comerciantes de outras monarquias europeias. d) na condenação à morte do Rei Carlos Stuart I e na pro- clamação da República de Cromwell, com o apoio do Parlamento. e) na implantação da Contra Reforma no país e sua convi- vência pacífica com a Igreja Católica romana. 02.09. (FGV – SP) – “O século XVII é decisivo na história da Inglaterra.... Toda a Europa enfrentava uma crise em meados do século XVII e ela se expressava por meio de uma série de conflitos, revoltas e guerras civis.” (Hill, Christopher, “O eleito de Deus. Oliver Cromwel e a Revolução Inglesa”, p. 13.) A esse respeito é CORRETO afirmar: a) Durante o século XVII, a Inglaterra foi a única região que passou ao largo das turbulências político-sociais que sacudiram as monarquias europeia. b) A “Declaração de Direitos” (Bill of Rights), elaborada em 1689, estabeleceu a monarquia absolutista na Inglaterra,condição fundamental para o poderio britânico que se verificaria nos séculos XVIII e XIX. c) A chamada Revolução Gloriosa de 1688 consolidou a emergência dos grupos radicais, denominados nivelado- res e cavadores, em detrimento do poder da aristocracia senhorial inglesa. d) O resultado final da Revolução Inglesa foi a adoção de um pacto político e religioso entre a burguesia e a nobreza proprietária de terras, que garantiu o reconhecimento da supremacia papal sobre os assuntos religiosos da monarquia. e) Após a chamada Revolução Puritana, que resultou na execução do rei Carlos I, e da Revolução Gloriosa, que levou à deposição de Jaime II, a monarquia teve seu poder limi- tado, tendo que cumprir as leis votadas pelo Parlamento. 14 Extensivo Terceirão 02.10. (UNITAU – SP) – “Em janeiro de 1649, o rei foi decapitado em frente ao palácio de Whitehall, em Londres. Pouco tempo depois, discursando ao Parla- mento, Oliver Cromwell, justificando as várias medidas revolucionárias, chegou a dizer o seguinte: ‘Quando chegar o momento de prestarmos contas a eles (o elei- torado), poderemos dizer: Oh! Brigamos e pelejamos pela liberdade na Inglaterra’”. HILL, C. O eleito de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 179. No século XVII, ocorreram duas revoluções na Inglaterra: a Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa. Sobre essas revoluções, é CORRETO afirmar: a) Embora ambas tenham sido caracterizadas como revolu- ções burguesas, mantiveram a monarquia como regime político. b) Ambas foram, na essência, revoluções burguesas que criaram condições políticas essenciais à burguesia, favo- recendo a eclosão da Revolução Industrial. c) Nas duas houve regicídio, abolindo-se, assim, o regime monarquista e instaurando-se o parlamentarismo. d) Ambas promoveram a integração dos partidos, homo- geneizando a atuação da burguesia nos processos revo- lucionários e erradicando a disputa política no incipiente regime parlamentarista. e) Ambas promoveram a reversão do processo de implemen- tação do regime parlamentarista, devido à manutenção da monarquia com vantagens econômicas para os nobres e burgueses. Ambas promoveram a reversão do processo de implementação do regime parlamentarista, devido à manutenção da monarquia com vantagens econômicas para os nobres e burgueses.Ambas promoveram a reversão do processo de implementação do regime parlamentarista, devido à manutenção da monarquia com vantagens econômicas para os nobres e burguesesAprofundamento 02.11. (UFRGS) – Ao longo da Revolução Inglesa, ocorrida no século XVII, emergiu um regime republicano, que durou cerca de uma década, sob o comando de Oliver Cromwell, o “Lord Protector” da Inglaterra. Sobre esse período republicano, é correto afirmar que a) a Inglaterra, enfraquecida pela transição de regime, ficou à mercê das demais potências europeias, às quais foi obrigada a conceder uma série de vantagens comerciais. b) Cromwell, no intuito de proteger a economia interna, elaborou diversas restrições comerciais que o colocaram em conflito direto com os holandeses. c) a morosidade com que Cromwell implantou sua polí- tica econômica contribuiu para a curta duração de seu governo. d) ele teve como particularidade o retrocesso do puritanismo religioso, característica marcante nos tempos do monarca Carlos I. e) ele representou uma fase de distensão entre a Inglaterra e as oposições irlandesas e escocesas. 02.12. (FGV – SP) – A Reforma, a despeito de sua hostilidade à magia, estimulara o espírito de profecia. A abolição dos intermediários entre o homem e a divindade, bem como a ênfase na consciência individual, deixavam Deus falar diretamente a seus eleitos. Era obrigação destes tornar conhecida a Sua mensagem. E Deus não fazia acepção de pessoas: preferia falar a John Knox do que à sua rainha, Maria Stuart da Escócia. O próprio Knox agradeceu a Deus ter-lhe dado o dom de profetizar, que assim estabelecia que ele era um homem de boa-fé. Na Inglaterra, as décadas revolucionárias deram ampla difusão ao que praticamente constituía uma profissão nova – a do profeta, quer na qualidade de intérprete dos astros, ou dos mitos populares tradicionais, ou, ainda, da Bíblia. HILL, Christopher, O mundo de ponta-cabeça. Ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. Trad. Renato Janine Ribeiro. São Paulo, Companhia das Letras, 1987, p. 103. O texto se refere ao ambiente político e religioso da Inglaterra no século XVII. A esse respeito é CORRETO afirmar: a) A insatisfação popular na Inglaterra era decorrente da perspectiva protestante de manter os sacerdotes como intermediários entre Deus e os homens. b) Os revolucionários basearam-se em princípios estritamen- te racionais e científicos, em uma nítida ruptura com as crenças e o profetismo da época. c) Apesar de todas as disputas religiosas dos séculos XVI e XVII, os monarcas ingleses mantiveram-se neutros, o que permitiu a preservação da monarquia. d) Para os revolucionários ingleses, Deus considerava ape- nas os parlamentares como pessoas aptas a transmitir a doutrina e indicar os caminhos da salvação. e) A movimentação revolucionária esteve vinculada aos conflitos religiosos decorrentes da chamada Reforma Protestante iniciada no século XVI. 02.13. (FUVEST – SP) – No século XVII, a Inglaterra conhe- ceu convulsões revolucionárias que culminaram com a execução de um rei (1649) e a deposição de outro (1688). Apesar das transformações significativas terem se verificado na primeira fase, sob Oliver Cromwell, foi o período final que ficou conhecido como “Revolução Gloriosa”. Isto se explica porque: a) em 1688, a Inglaterra passara a controlar totalmente o comércio mundial tornando-se a potência mais rica da Europa. b) auxiliada pela Holanda, a Inglaterra conseguiu conter em 1688 forças contrarrevolucionárias que, no continente, ameaçavam as conquistas de Cromwell. c) mais que a violência da década de 1640, com suas exe- cuções, a tradição liberal inglesa desejou celebrar a nova monarquia parlamentar consolidada em 1688. d) as forças radicais do movimento, como Cavadores e Ni- veladores, que assumiram o controle do governo, foram destituídas em 1688 por Guilherme de Orange. e) só então se estabeleceu um pacto entre a aristocracia e a burguesia, anulando-se as aspirações políticas da “gentry”. 15História 1B Aula 02 02.14. (UEL – PR) – No século XVII, a Revolução Inglesa foi a primeira manifestação da crise do absolutismo. Para o historiador Christopher Hill, “a Revolução Ingle- sa, como todas as revoluções, foi causada pela ruptura da velha sociedade e não pelo desejo da burguesia ou pelos líderes do Longo Parlamento. Seu resultado, no entanto, foi o estabelecimento de condições muito mais favoráveis ao desenvolvimento do capitalismo do que aquelas que prevaleceram até 1640”. Hill, C. Uma revolução burguesa? Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 4, nº. 7, p. 9 mar. 1984. Sobre a Revolução Inglesa do século XVII, é correto afirmar: a) A Revolução Inglesa teve como resultado a ascensão da burguesia ao controle do Estado e a adoção de medidas que propiciaram sua afirmação econômica. b) O processo revolucionário conjugou os interesses da velha aristocracia inglesa com os de pequenos proprietários rurais, enfraquecendo a nascente burguesia. c) A relação entre a Revolução Inglesa e o desenvolvimento do capitalismo pretende-se à política de monopólios defendida pelos líderes do Longo Parlamento. d) A Revolução Inglesa decorreu de ações conduzidas pelo Parlamento, que ratificou medidas econômicas ocorridas até 1640. e) Para “romper com a velha sociedade”, foram decisivas as jornadas revolucionárias populares, que empreenderam a eliminação sistemática dos nobres. 02.15. Leia e analise o texto a seguir. Foi pela espada que nossos ancestrais introduzi- ram, na criação, o poder de cercar a terra e fazê-la sua propriedade;foram eles que primeiromataram os seus próximos, os homens, para assim roubarem ou pilharem a terra que a esses pertencia e deixá-la a vós, seus descendentes. (...)Eu vos exorto, soldados da Re- pública Inglesa! O inimigo não poderia vencer-vos no campo de batalha, porém pode derrotar-vos no campo da política se não estabelecem a liberdade para todos. Onde existe um povo.... unido graças à propriedade coletiva dos meios de subsistência até formar uma só pessoa será o seu país o mais poderoso do mundo... a defesa da proprie-dade e do interesse individual divi- de o povo de um país e do mundo todo. (Gerrard Winstanley. Em Cristopher Hill. O mundo de ponta-cabeça, 1987) A partir do documento, é correto afirmar que: a) Gerrard Winstanley defendia a propriedade coletiva da terra, eixo da proposta dos diggers (escavadores), no contexto da Revolução Puritana na Inglaterra, contra a classe proprietária que, vitoriosa militarmente com o exército republicano, massacrou a ameaça radical dos não proprietários. b) no fim da guerra civil, Gerrard Winstanley, líder do exér- cito republicano inglês, o New Model Army, exortou os soldados a lutarem pela vitória de Cromwell, defensorda propriedade privada e do poder dos proprietários, reas- sentados na Câmara do Comuns. c) o líder do partido independente na guerra civil inglesa, Gerrard Winstanley, defendia a propriedade coletiva em nome da liberdade, o que garantiria a reunião de todos os ingleses para a vitória de Cromwell contra Carlos I, de- capitado em 1649, o que significou o fim do absolutismo na Inglaterra. d) o exército republicano, New Model Army, chefiado por Cromwell e unido ao líder dos levellers (niveladores), Gerrard Winstanley, na Revolução Puritana, garantiu a derrota de Carlos I, o que possibilitou a morte do Antigo Regime na Inglaterra e a implantação da propriedade coletiva. e) com a morte do rei Carlos I, assumiu a chefia da Câmara dos Comuns o deputado Gerrard Winstanley que, com o seu poder, começaram as mudanças radicais, como a propriedade coletiva da terra, anulando os cercamentos que enriqueceram os proprietários e empobreceram os camponeses 02.16. (UFRRJ) – Leia o texto a seguir, sobre algumas das ra- zões que levaram à chamada Revolução Gloriosa, e responda à questão a seguir. Satisfeitos com a política de Carlos II contra a Holan- da, os capitalistas ingleses não se sentiam entretanto contentes com a sua atitude, e ainda menos com a de Jaime II, em relação à França, que se transformara na mais temível concorrente da Inglaterra no comércio e nas colônias. (...) A luta econômica contra a França, a luta por uma religião mais adaptada ao espírito capita- lista, provocaram a revolução de 1688. MOUSNIER, R. “História geral das civilizações”. Os séculos XVI e XVII. São Paulo: Difel, 1973. v. 9 p.324. Sobre a Revolução Gloriosa de 1688/1689, pode‐se afirmar que ela a) representou a vitória de setores reacionários no espectro político inglês e o retorno à descentralização política típica do mundo medieval. b) significou, após a afirmação temporária de governos protestantes, um retorno à tradição britânica de governos católicos. c) foi o momento no qual o anglicanismo afirmou‐se defini- tivamente como religião de Estado na Inglaterra. d) representou uma derrota da teoria do direito divino e o triunfo da teoria do contrato entre o soberano e o povo. e) representou a vitória da teoria da separação dos três po- deres e de um estado democrático baseado no sufrágio. 02.17. (UEM – PR) – Sobre o Absolutismo Monárquico, forma de poder político que se desenvolveu na Europa entre os séculos XVI e XVIII, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) A Revolução Francesa, iniciada em 1789, acabou com o absolutismo monárquico na França. 02) A Inglaterra é, nos dias atuais, o único país da Europa Ocidental que ainda mantém a Monarquia Absolutista como forma de governo. 16 Extensivo Terceirão 02.01. a 02.02. c 02.03. e 02.04. e 02.05. d 02.06. a 02.07. d 02.08. d 02.09. e 02.19. Foi uma revolução liberal porque, no plano político, consagra os princípios do liberalismo conforme preconizado por Locke. Foi parlamentar porque o poder passou a ser exercido de fato pelo parla- mento. Foi burguesa porque beneficiou política e economicamente essa classe social. 02.10. b 02.11. b 02.12. e 02.13. c 02.14. a 02.15. a 02.16. d 02.17. 29 (01 + 04 + 08 + 16) 02.18. 22 (02 + 04 + 16) Gabarito 04) A natureza da Monarquia da Época Moderna e a origem do poder real foram embasadas teoricamente por pen- sadores como Nicolau Maquiavel, Jean Bodin e Jacques Bossuet. 08) O primeiro grande abalo no absolutismo na Inglaterra aconteceu com a Revolução Puritana de 1642, liderada por Oliver Cromwell. 16) Com a fundação da Igreja Anglicana, Henrique VIII rom- peu com a Igreja Católica Romana e instituiu o controle pela Coroa da Igreja na Inglaterra. 02.18. (UEM – PR) – O Período Moderno da história do ocidente viveu um processo de intensas transformações em todos os aspectos da vida social e da vida privada. Sobre a economia do mundo ocidental na Época Moderna, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) Na Inglaterra, predominou, do século XV ao XIX, a pro- dução manufatureira. Caracterizada pela utilização de máquinas, a manufatura libertou a produção dos limites da força e da agilidade dos trabalhadores. 02) A centralização política, que resultou no surgimento das monarquias nacionais, tornou possível uma maior inter- venção dos reis na vida social, com o estabelecimento de regras, práticas e ações, inclusive na economia. 04) O Mercantilismo foi um conjunto de práticas, normas e ações adotadas pelos estados nacionais modernos que visavam à obtenção e ao acúmulo de riquezas. A ado- ção dessas práticas e normas contribuiu para o fortaleci- mento do poder régio. 08) O protecionismo, uma das práticas mais disseminadas entre as monarquias modernas, tinha como objetivo claro e declarado obstaculizar o desenvolvimento do capitalismo e favorecer a nobreza feudal. 16) A Inglaterra, na Época Moderna, adotou medidas para estimular o desenvolvimento da frota naval e da mari- nha mercante e para incentivar a produção manufatu- reira. Desafio 02.19. (UFPR) – Leia o excerto da “Declaração de Direitos “ (Bill of Rights), assinada pelo rei Guilherme de Orange, em 1689, após a chamada Revolução Gloriosa na Inglaterra em 1688: “ Os Lords (...) e os membros da câmara dos Comuns declaram, desde logo, o seguinte: 01. Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento(...). 05. Que os súditos têm direitos de apresentar petições ao Rei, sendo ilegais as prisões, vexações de qualquer es- pécie que sofram por esta causa. (...). 13. Que é indispensável convocar com frequência os Par- lamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis.” A partir do documento acima e de seus conhecimentos sobre a Revolução Gloriosa e seus desdobramentos, explique por que ela é interpretada como uma revolução liberal, parlamentar e burguesa. 17História 1B Aula 02 1B Antecedentes O final do século XVIII foi uma época de crise eco- nômica, social e política. Guerra de Independência dos Estados Unidos (1776 - 1783), rebeliões na Irlanda, Bél- gica, Genebra e Inglaterra são alguns exemplos desses tempos agitados. Os acontecimentos mais radicais e dramáticos, po- rém, ocorreram na França. Esse período turbulento ficou conhecido como Revolução Francesa. Entre 1792 e 1794, a Revolução Popular chegou ao apogeu, sobrevivendo e esmagando os inimigos inter- nos e externos. Economia A França atravessava, no final do século XVIII, uma séria crise econômica e financeira. O relatório financeiro de março de 1788 mostrava que as despesas somavam 629 milhões de libras, mas a receita alcançava apenas 503 milhões. Só os juros da dívida pública consumiam 318 milhões de libras. Mulheres revolucionárias. Apesar de participarem ativamentedas jornadas populares, as mulheres não adquiriram direitos políticos. Bi bl io te ca N ac io na l d a Fr an ça / Fo tó gr af o de sc on he ci do Para se estudar a Revolução Francesa de 1789, deve-se compreender seu caráter antifeudal e bur- guês. A Revolução abriu as comportas para o desen- volvimento do capitalismo na França. Sepultou-se uma sociedade aristocrática e feudal, propiciando o nascimento de uma nova sociedade: burguesa e capitalista. Os gastos suntuosos da Corte, as guerras e a isen- ção fiscal às ordens privilegiadas (clero e nobreza) eram os principais responsáveis por esse deficit. Apesar de predominantemente burguesa, a revolu- ção foi produto de confluência de quatro movimentos distintos: tudo começou com a insubordinação dos aristocratas que se recusaram a pagar impostos. Ao exigir essa contribuição da aristocracia, Luís XVI tentava diminuir o deficit financeiro e procurava salvar o regime. Os aristocratas não perceberam isso e quando acorda- ram já era tarde. A Revolução Camponesa tornou-se uma realidade a partir de 1789, radicalizando-se à medida que a Contrarrevolução Aristocrática ameaçava as conquistas revolucionárias. Castelo de Versalhes, retratado por Duplessis: 1777. Pa lá ci o de V er sa lh es / Fo tó gr af o de sc on he ci do Luís XVI As intempéries climáticas, as revoltas camponesas e a falta de compreensão das elites agravavam a situação. Quando Luís XVI assumiu o governo (1774), a crise econômica já era grande. Ele tentou solucionar a crise, convidando Turgot para participar do governo. Ao ferir os interesses da aristocracia, Turgot foi demitido. O mes- mo aconteceu depois com Necker. 18 Extensivo Terceirão Aula 03 História Revolução Francesa I Na pintura de Elisabeth Vigée-Lebrun. Castelo de Versalhes. Maria Antonieta e os filhos Pa lá ci o de V er sa lh es / Fo tó gr af o de sc on he ci do Óleo de Luis Boilly, 1792. Museu do Louvre. Quem eram os sans-culottes? Eram ar- tesãos, trabalhadores e até pequenos proprietários que viviam nos arredores de Paris. Recebiam esse nome porque não usavam os elegantes calções que a nobreza vestia, mas, sim, uma calça de algodão grosseiro. M us eu d o Lo uv re / Fo tó gr af o de sc on he ci doOs sucessores de Necker também não resolveram a crise econômica, e Luís XVI novamente o convocou em 1788; o Ministro sugere ao Rei a convoca- ção dos Estados Gerais, com o intuito de obter aprovação de novos impostos. Estados Gerais era a reunião de representantes das três ordens sociais ou “estados”. Sociedade A primeira ordem, na França, era o clero; a segunda, a nobreza. Essas duas ordens eram privilegiadas, livres de quase todos os impostos. Todos os cargos superiores do Estado e os postos de comando do exército estavam nas mãos da nobreza. Dentro do clero e da nobreza, contudo, havia também diferentes cama- das. Os nobres, que viviam na Corte, em Paris, consideravam-se superiores aos nobres da província. A diferenciação se verificava também dentro do clero. Os membros do alto clero possuíam imensos domínios e recebiam da Igreja rendas fabulosas, enquanto os sacerdotes das aldeias, por sua maneira de viver, distinguiam-se muito pouco dos camponeses. Os burgueses enriquecidos viviam num luxo ostensivo, rivalizando-se com a nobreza. Porém, politicamente, careciam de direitos. Em síntese, ao que a burguesia aspirava era participar do poder político que até então era monopolizado pelo Rei e pela nobreza. A alta e a média burguesia aspiravam a um governo constitucional, nos moldes da Inglaterra, enquanto a pequena burguesia desejava mudanças mais profundas, ambicionando, inclusive, um governo repu- blicano. A França, no final do século XVIII, contava com uma população de 26 milhões de habitantes, dos quais mais de 23 milhões eram camponeses que continuavam presos a inúmeros resquícios feudais. O camponês era obrigado a en- tregar ao latifundiário uma parte da colheita (geralmente a quarta parte) ou a pagar-lhe o valor dessa parte em dinheiro. Pagavam ainda impostos ao Estado e dízimos à Igreja. A situação era tão grave, que havia na França um milhão e meio de cam- poneses, reduzidos à situação de vaga- bundos, que perambulavam por todas as partes e se dedicavam ao roubo. Nas cidades, formou-se uma camada plebeia. No Faubourg Saint- -Marcel, morava a gentalha de Paris. Ali, as pessoas se amontoavam em moradias sem as mínimas condições higiênicas e sanitárias. Bastava uma fagulha para que essa massa de desesperados se rebelasse, o que acabou acontecendo em 1789. 19História 1B Aula 03 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão Bi bl io te ca N ac io na l d a Fr an ça Política Diante da crise, o rei Luís XVI convocou a Assembleia dos Estados Gerais. Primeiro Estado: clero; Segundo Estado: nobreza e Terceiro Estado: restante da população. Por não aceitar a votação por ordens, os representantes do Terceiro Estado se declararam em Assembleia Nacional que dias depois tornou-se Constituinte. • 13 de julho: formação da Guarda Nacional. • 14 de julho: queda da Bastilha, símbolo do antigo regime. • 04 de agosto: abolição dos privilégios feudais. • 26 de agosto: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Estabeleceu a igualdade jurídica. Pressionado pela opinião pública, Luís XVI deixou Versa- lhes, estabelecendo-se no Palácio das Tulherias, em Paris. Ali era mais facilmente admoestado pelas massas parisienses. Fervilhavam os clubes: a imprensa tinha um papel cada vez maior nos acontecimentos políticos. Jean-Paul Marat e René Hébert escreviam artigos incendiários. Diante da crise financeira, o governo desapropriou os bens da Igreja, colocando-os à venda e, com o seu produto, emitiu bônus do tesouro, os assignats, valendo como papel- -moeda, logo depreciado. Em 1790, foi aprovada a Constituição Civil do Clero. Ela decretava que os bispos e padres de paróquia seriam eleitos por todos os eleitores, independente de sua filiação religiosa. O dízimo foi absolvido. Os membros do clero tornaram-se assalariados do Estado como “funcionários públicos“. Os clérigos deveriam jurar a nova Constituição. Os que fizeram isso ficaram conhecidos como juramentados; os que se recusaram passaram a ser chamados de refratários e engrossaram o campo da Contrarrevolução. Procurando frear o movimento popular, a Assembleia Nacional Constituinte, pela Lei de Le Chapelier, proibiu associações e coalizões profissionais. Em junho de 1791, Luís XVI tentou fugir para o exterior, com o intuito de reunir-se aos emigrados e articular o esmagamento da Revolução. A fuga fracassou. O rei foi descoberto em Varennes e obrigado a voltar. A Assembleia absolveu Luís XVI, mantendo a monarquia. Para justificar essa decisão, alegou que o Rei fora seques- trado. A Guarda Nacional, comandada por Lafayette, reprimiu violentamente a multidão que queria a deposição do Rei. Testes Assimilação 03.01. (UFES) – A Revolução Francesa não foi feita por um partido político organizado, no sentido moderno do termo, nem foi influenciada por um programa partidário previa- mente elaborado. Sua unidade foi estabelecida mediante a convergência de ideias geradoras de um consenso. Podemos classificar essas ideias como a) burguesas, baseadas no liberalismo clássico. b) monarquistas, baseadas no absolutismo real de direito divino. c) burguesas, baseadas nos ideais socialistas e anarquistas. d) camponesas, baseadas no socialismo utópico e empresarial. e) monarquistas, baseadas na economia de mercado e no parlamentarismo. 03.02. (PUCCAMP – SP) – “... ao contrário do que acontecia com a burguesia, a insatisfação dos camponeses e do pro- letariado urbano, por razões óbvias (...), não se manifestava politicamente (...). Porque as luzes dos filósofos não os atin- giam, seu descontentamento perdia-se no silêncio e sua revolta terminava nos braços da repressão. (...) A existência de uma diferenciação social no
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