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APOSTILA - CURSO ÉTICA E ESTATUTO DA OAB

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1 
 
 
 
2 
 
 
 
3 
 
 
 
4 
 
 
SUMÁRIO 
 
AULA 1 | Dos Direitos/prerrogativas do advogado ......................................................... 5 
AULA 2 | Da sociedade de advogados .......................................................................... 21 
AULA 3 | Dos honorários advocatícios ......................................................................... 30 
AULA 4 | Das incompatibilidades e impedimentos ...................................................... 37 
AULA 5 | Das infrações e sanções disciplinares ............................................................ 48 
AULA 6 | Das relações com o cliente e do dever de urbanidade .................................. 57 
GABARITO .................................................................................................................. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
AULA UM 
PRERROGATIVAS DO ADVOGADO 
 
1. PRERROGATIVAS PREVISTAS NO ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA OAB 
De longe este é o tema mais importante da sua prova na matéria de ética, tendo em 
vista que ele é o assunto mais recorrente desde que houve a unificação pela banca FGV. 
Primeiramente, cumpre ressaltar a vocês que as prerrogativas são superiores aos 
direitos, uma vez que para todo e qualquer direito poderão haver restrições, já as 
prerrogativas são características inerentes ao exercício de uma profissão, motivo pelo 
qual elas não poderão ser relativizadas. 
No caso dos advogados, as prerrogativas para o exercício das suas atribuições estão 
previstas nos artigos 6º e 7º da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos 
Advogados do Brasil – EAOAB). Em conformidade a elas, o advogado(a) pode exercer 
suas atividades de forma autônoma e independente, sem temer a interferência de 
nenhuma autoridade que tenha o objetivo de diminuir o exercício da sua profissão. Isto 
porque, as prerrogativas do advogado existem para que o profissional exerça a defesa 
de seus clientes de forma plena e com total liberdade. 
Nesse sentido, prevê o art. 133 da CF/88: 
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável 
por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. 
 
1.1. ART. 6º - AUSÊNCIA DE HIERARQUIA 
Determina o art. 6º do EOAB: 
Art. 6º. Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e 
membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e 
respeito recíprocos. 
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da 
justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento 
6 
 
 
compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu 
desempenho. 
O artigo ressalta que todos os membros que atuam em defesa da lei devem ser tratados 
de forma equânime. A eles deve ser prestado o mesmo respeito e consideração, 
independente do cargo/função. 
Assim, saiba que não existe hierarquia entre juízes, membros do Ministério Público, 
delegados, defensores públicos e também advogados. Em regra, todos possuem 
liberdade e autonomia para exercerem suas atividades. 
 
1.2. ART. 7º - ROL DE PRERROGATIVAS 
Por sua vez, o art. 7º do EOAB, apesar da sua extensão, é o que tem mais probabilidade 
de cair na sua prova tendo em vista que a maior parte das prerrogativas são trazidas 
neste dispositivo. 
Alguns incisos do artigo demandam uma interpretação maior em razão da sua 
importância, enquanto outros exigem apenas uma análise literal: 
I. Exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional. 
O inciso ressalta claramente que uma das prerrogativas do advogado (a) é exercer sua 
função livremente onde ele possua a inscrição principal. Assim, caso ele atue em outro 
Estado/Seccional em mais de 5 causas no mesmo ano, é necessário que ele efetue uma 
inscrição suplementar nesta outra Seccional. 
Portanto, embora tenhamos ressaltado que uma das principais características das 
prerrogativas é a sua ilimitabilidade, veja-se então que a liberdade para o exercício da 
profissão constante do inciso I é relativa, uma vez que para exercer as suas atividades 
em outra Seccional o advogado (a) poderá ser obrigado a realizar uma inscrição 
suplementar. 
II. A inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus 
instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e 
telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia. 
Essa é uma prerrogativa que visa garantir também o direito de defesa do cliente, e não 
apenas o exercício das atribuições do advogado(a). 
7 
 
 
Este inciso é um dos mais importantes do art. 7o do EOAB, já que a inviolabilidade 
protege tanto o local de trabalho do advogado, quanto os seus materiais, documentos, 
arquivos e tudo que envolva o exercício do seu trabalho. A maioria das questões que 
cobraram este assunto, trouxeram um caso prático para a prova e questionaram se 
àquela situação era ou não inviolável. 
A primeira parte do inciso II determina que quem primeiramente tem essa proteção da 
inviolabilidade é o escritório do advogado(a), e caso este não exista será considerado 
como o seu local de trabalho e, portanto, inviolável, o local onde ele exerce suas 
atividades, exp.: casa. 
Entre os instrumentos de trabalho do advogado que também são invioláveis nós temos: 
computador, celular, notebook. Porém, saiba que o veículo do advogado(a) não se 
enquadra nesta hipótese, uma vez que ele não é imprescindível ao exercício das suas 
atividades. 
Ainda podem ser incluídos como instrumentos de trabalho os arquivos e documentos 
físicos, bem como àqueles que estão em HD’s e na nuvem, exp.: Dropbox, Google Drive. 
Já em relação às correspondências, são invioláveis as cartas (epístolas), recados no 
celular (mensagens), telemática (WhatsApp), e-mail, bem como as mensagens no inbox 
do Instagram ou Facebook. 
Porém novamente saiba que essa prerrogativa de inviolabilidade não é absoluta, e sim 
relativa, uma vez que ela admite exceções. 
Os requisitos para que possa ocorrer essa quebra da inviolabilidade do advogado(a) são 
cumulativos, ou seja, todos eles devem ser cumpridos obrigatoriamente, nos termos do 
§6o do art. 7o do EOAB1: 
a) Indício de autoria ou materialidade, da prática de um crime comum pelo 
advogado: este requisito não exige a comprovação da prática do crime, assim o 
mero indício de materialidade já é suficiente, uma vez que o advogado (a) não 
pode se valer das suas prerrogativas para praticar ilícitos. 
b) Ordem judicial fundamentada, específica e detalhada: assim, a simples ordem 
policial não pode ser suficiente para quebrar a inviolabilidade do advogado, exp.: 
investigação no celular. 
 
1 Art. 7º, § 6o Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a 
autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II 
do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e 
pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, 
vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado 
averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes. 
8 
 
 
c) Acompanhamento de representante da OAB: assim que a inviolabilidade for 
decretada pelo Juiz, ele deverá oficiar a Subseção da OAB em que o advogado (a) 
atua, para que o Órgão envie um representante para acompanhar a quebra da 
inviolabilidade do advogado (a). O STF já entendeu que se a OAB for notificada 
para acompanhar a diligência e não encaminhar um representante, a diligência 
será válida (entendimento jurisprudencial, ADI-1105 e ADI-1127). 
d) Utilização da prova contra o advogado: tudo que for colhido nessa diligência 
de quebra de inviolabilidade em regra só poderá ser utilizado contra o advogado, 
no caso dos clientes, somente poderá ser utilizado em casode coautoria de crimes 
entre advogado e cliente. Nesta hipótese, a prova colhida também poderá ser 
utilizada contra o cliente do advogado(a), exp.: carta do cliente confessando algum 
crime, sem qualquer coautoria com o advogado, neste caso esta prova não poderá 
ser utilizada para incriminar o cliente, já que neste caso ela é inviolável. 
III. Comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem 
procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em 
estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis. 
O Estatuto da OAB cita neste inciso que o advogado(a) poderá conversar com seus 
clientes reservadamente (sozinho), mesmo que não possua procuração, inclusive se o 
cliente se encontrar preso ou detido em estabelecimentos civis ou militares, ainda que 
incomunicável (RDD – regime disciplinar diferenciado – neste caso ele apenas não 
recebe visita). 
IV. Ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo 
ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de 
nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB. 
Se o advogado (a) for preso em flagrante por motivo ligado ao exercício da advocacia, 
uma de suas prerrogativas é a presença de um representante da Seccional da OAB, caso 
contrário o flagrante será considerado nulo, exp.: advogado que briga em audiência com 
o juiz. 
Assim como no inciso anterior, o STF entenda que se a OAB for notificada a participar 
do ato e não enviar represente, o ato será considerado válido. Nos demais casos em que 
não corra a prisão em flagrante, basta que haja comunicação à Seccional. 
9 
 
 
Por fim, só caberá a prisão em flagrante do advogado por motivo ligado ao exercício da 
advocacia quando se tratar de um crime inafiançável, sendo isto ressaltado no § 3º do 
art. 7º do EOAB2: 
Art. 7º, §3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de 
exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no 
inciso IV deste artigo. 
V. Não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala 
de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela 
OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar. 
Uma outra prerrogativa dos advogados(as) é que em caso de prisão cautelar (aquela que 
ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória), exp.: preventiva, 
temporária, flagrante; ela deverá ocorrer apenas em sala de Estado-Maior (quartel da 
Marinha, Exército ou Aeronáutica, para o STF também se aplica a isso o quartel da Polícia 
Militar ou Corpo dos Bombeiros). 
Ou seja, em caso de prisão o advogado(a) não tem direito apenas a uma cela especial 
por conta da sua graduação no ensino superior, mas sim ele tem direito a uma sala em 
local ainda mais reservado, com instalações dignas. 
Por esta razão, caso a localidade não possua uma sala com essas características o 
advogado(a) poderá permanecer em prisão domiciliar. Além disso, saiba que a 
necessidade de reconhecimento desta sala pela OAB como sendo digna foi declarado 
inconstitucional pelo STF, motivo pelo qual esta parte do artigo foi suprimida, vide ADIN 
1.127-8. 
Após o trânsito em julgado da sentença penal, em caso de condenação o advogado(a) 
poderá ser preso em cela comum, não sendo mais conferida esta prerrogativa. Por fim, 
saiba que este direito será garantido ao advogado(a) tanto em caso de crimes ligados ao 
exercício da advocacia, quanto no caso de crimes comuns, exp.: homicídio. Lembrando 
que isso só se aplica ao advogado(a), ou seja, não se aplica aos estagiários, ainda que 
devidamente registrados na Ordem. 
VI. Ingressar livremente: a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos 
cancelos que separam a parte reservada aos magistrados; b) nas salas e dependências 
de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, 
e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e 
 
2 Nos termos do artigo 5º, inciso XLIII da Constituição: “São inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia: tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e os definidos 
como crimes hediondos”. 
10 
 
 
independentemente da presença de seus titulares; c) em qualquer edifício ou recinto 
em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva 
praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, 
dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente 
qualquer servidor ou empregado; d) em qualquer assembleia ou reunião de que 
participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, 
desde que munido de poderes especiais. 
O inciso ressalta o direito do advogado(a) ingressar livremente nas salas e dependências 
dos fóruns e tribunais, exp.: elevador do juiz. 
Ainda, na Delegacia de Polícia, o advogado poderá ingressar mesmo fora do horário de 
expediente e independente da presença do titular. Da mesma forma, ainda que o Fórum 
ou Tribunal estabeleça que o horário para o atendimento dos advogados é até as 18:00, 
caso exista algum servidor após o horário estipulado o advogado(a) poderá exigir o 
atendido. 
Por fim, saiba que o advogado(a) também poderá representar os seus clientes em 
reuniões de condomínio ou qualquer outra reunião, por exemplo. 
VII. Permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso 
anterior, independentemente de licença. 
Este inciso é chamado de “prerrogativa da falta de educação”. Ela estabelece que o 
advogado(a) não está obrigado a permanecer sentado durante a realização das 
audiências ou qualquer outro ato, bem como poderá se retirar de qualquer local sem 
pedir licença, exp.: fazer audiência em pé. 
VIII. Dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, 
independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, 
observando-se a ordem de chegada. 
O inciso destaca a prerrogativa de que o advogado(a) não precisa agendar um horário 
específico para poder falar com o Juiz, devendo apenas respeitar a ordem de chegada 
dos demais advogados, se for o caso; sendo que o juiz está obrigado a receber o 
advogado(a), conforme também especificado no Estatuto da Magistratura3. 
 
3 Embora a LOMAN (Lei orgânica da Magistratura), não disponha especificamente sobre o assunto, o art. 
35 que trata a respeito dos deveres diz que o magistrado é obrigado a "[...] atender aos que o 
procurarem, a qualquer momento, quando se trate de providência que reclame e possibilite solução de 
urgência". 
11 
 
 
Isto também se aplica aos Desembargadores, Ministros do STJ e STF (embora 
recorrentemente eles esqueçam que este dispositivo existe, exigindo na maioria dos 
casos um prévio agendamento do advogado). 
IX. Sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de 
julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo 
de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido (Vide ADI 1.127-8 e ADI 1.105-
7). 
Esse inciso foi julgado inconstitucional (ADIs 1.105-7 e 1.127-8), tendo em vista que o 
STF entendeu que o advogado(a) deve se manifestar antes da prolação do voto do 
relator, e não após. 
Atualmente, de acordo com o art. 937 do Código de Processo Civil, a sustentação oral 
deve ser realizada antes da prolação do voto do relator, pelo prazo improrrogável de 15 
(quinze) minutos, salvo se for concedido mais tempo. A única exceção a isto ocorre nos 
casos de processo disciplinar da OAB, nos termos do art. 60, § 4º do Código de Ética da 
OAB4, que determina que a sustentação será realizada apenas após o voto do relator. 
X. Usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção 
sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos 
ou afirmações que influam no julgamento, bem como parareplicar acusação ou 
censura que lhe forem feitas. 
O inciso destaca que tanto durante a realização das audiências quanto durante a 
prolação do voto nos Tribunais, o advogado poderá fazer uso da palavra “pela ordem”, 
que nada mais é do que uma intervenção sumária (rápida) para corrigir ou se manifestar 
sobre algo, caso contrário perde-se o direito de se manifestar. 
A intervenção serve apenas para esclarecer dúvidas pontuais ou equívocos em relação 
a fatos que gerem efeitos no julgamento, exp.: relator cita que não há prova nos autos, 
quando na verdade elas existem. 
XI. Reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou 
autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento. 
 
4 Art. 60. O Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina, após o recebimento do processo, devidamente 
instruído, designa, por sorteio, relator para proferir voto. § 4º Na sessão de julgamento, após o voto do 
relator, é facultada a sustentação oral pelo tempo de 15 (quinze) minutos, primeiro pelo representante 
e, em seguida, pelo representado. 
12 
 
 
Embora todo e qualquer cidadão tenha o direito de se manifestar livremente, no caso 
dos advogados(as) tal manifestação, verbal ou por escrito, é uma das prerrogativas para 
o exercício da sua função. 
XII. Falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da 
Administração Pública ou do Poder Legislativo. 
Mais uma vez o EOAB destaca a prerrogativa que o advogado (a) tem de poder ficar 
sentado ou em pé em qualquer uma das instâncias de poder, seja no Executivo, 
Legislativo ou Judiciário. 
XIII. Examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da 
Administração Pública em geral, autos de PROCESSOS findos ou em andamento, 
mesmo sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, 
assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar apontamentos. 
Este inciso teve uma alteração relevante em 2019 por conta da Lei 13.793/19. O inciso 
define que o advogado(a) poderá analisar tanto processos que estão em andamento 
quanto processos que já foram encerrados. Independente do status, o advogado poderá 
ter acesso a esses processos mesmo que ele não tenha procuração, desde que o 
processo não esteja em sigilo ou em segredo de justiça, uma vez que para esses casos 
será exigida a procuração. 
Esta mesma regra é exigida para processos eletrônicos. Tendo em vista que essa 
alteração foi relativamente recente, releia novamente o inciso porque há uma grande 
chance dele cair na sua prova. Resumindo: 
• Advogado sem procuração + processo sem sigilo = Acesso liberado 
 
• Advogado sem procuração + processo com sigilo = Acesso negado 
 
• Advogado com procuração + processo com sigilo = Acesso liberado 
XIV. Examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir INVESTIGAÇÃO, 
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, 
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos, em meio físico ou digital. 
13 
 
 
Diferentemente do inciso anterior que tratava a respeito de processos já autuados (em 
andamento ou encerrados), aqui o EOAB também confere como prerrogativa do 
advogado (a) o acesso a investigações em andamento ou já encerradas. 
Enquadram-se neste inciso o acesso a inquéritos policiais, inquéritos civis (MP ou MPT), 
processos administrativos da PM, e qualquer tipo de investigação, mesmo que ele não 
tenha procuração, e ainda que esteja concluso à autoridade competente. 
Se a investigação for sigilosa, poderá ser exigido procuração, nos termos do § 10, do art. 
7º do Estatuto: 
Art. 7º, §10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração 
para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. 
Da mesma forma, o § 11 do mesmo artigo complementa este assunto: 
Art. 7º, §11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá 
delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências 
em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de 
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. 
Ou seja, o inciso ressalta que a autoridade não pode limitar o acesso do advogado às 
provas que já estão documentadas na investigação, salvo se houver diligências em 
andamento, não documentadas nos autos, evitando assim qualquer prejuízo à 
operação, contudo, desde que essa impossibilidade de acesso seja fundamentada, exp.: 
operação Lava-jato. 
Por fim, o § 12 também estabelece que: 
Art. 7º, §12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o 
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a 
retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização 
criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso 
do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do 
direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. 
Note que neste caso o § 12 não está falando em diligências em andamento, mas sim em 
provas já documentadas nos autos. Caso o acesso a tais documentos ainda assim 
continue sendo negado ao advogado (a), poderá ser impetrado MS com base no inciso 
14 
 
 
XIV do EOAB, ou ser aplicado a este caso a Súmula Vinculante n° 14, sendo tal acesso 
solicitado diretamente no STF: 
Súmula Vinculante n.º 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam 
respeito ao exercício do direito de defesa. 
XV. Ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em 
cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais. 
O inciso reitera a prerrogativa já ressaltada no inciso XIII, contudo ela se aplica somente 
a processos que ainda estejam em andamento. As únicas exceções a isso são: I) no caso 
dos processos que estejam em segredo de justiça; II) se constarem no processo 
documentos originais de difícil recuperação; III) caso existam motivos relevantes nos 
autos que justifiquem o impedimento; IV) até o final do processo, para o advogado (a) 
que houver deixado de devolver os autos no prazo legal. 
Tai hipóteses de exceção constam no § 1º do art. 7º do Estatuto: 
Art. 7º, § 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI: 
1) aos processos sob regime de segredo de justiça; 
2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou 
ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, 
secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, 
proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte 
interessada; 
3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver 
os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado. 
XVI. Retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias. 
Diferentemente do inciso anterior e semelhante ao estabelecido no inciso XIII, é uma 
das prerrogativas do advogado(a) o acesso a processos que já tenham sido encerrados, 
no prazo de 10 (dez) dias. 
15 
 
 
Aplicam-se aqui as mesmas exceções descritas no § 1º do art. 7o do EOAB, ou seja, 
situações que não permitem que o processo seja retirado: I) no caso dos processos que 
estejam em segredo de justiça; II) se constarem no processo documentos originais de 
difícil recuperação; III) caso existam motivos relevantes nos autos que justifiquem o 
impedimento; IV) até o final do processo, para o advogado (a) que houver deixado de 
devolver os autos no prazo legal. 
XVII. Ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em 
razão dela. 
O desagravo nada mais é do que uma sessão pública que visa restituir a dignidade da 
advocaciaquando algum advogado(a) for destratado no exercício das suas atividades. 
Para tanto, é necessário que você saiba que o desagravo somente é cabível quando o 
advogado(a) for ofendido em razão da profissão ou no exercício dela, podendo ser 
instaurado de ofício pela OAB, ser requerido pelo ofendido ou ainda ser pleiteado por 
qualquer pessoa, exp.: mãe do advogado ofendido. 
Além disso, o desagravo independe da vontade do ofendido, exp.: advogado algemado. 
Contudo, o pedido de desagravo poderá ser arquivado nos seguintes casos: I) se a ofensa 
for pessoal e não profissional; II) se a ofensa não estiver relacionada com o exercício 
profissional; III) se a ofensa não estiver relacionada com qualquer uma das prerrogativas 
do advogado; IV) se as críticas ao advogado(a) forem meramente de caráter doutrinário, 
político ou religioso. 
Por regra será o Conselho Seccional da inscrição do ofendido quem promoverá o 
desagravo, a exceção a isto ocorre no caso de Conselheiro Federal, Presidente da 
Seccional, em caso de relevância ou repercussão nacional, uma vez que nesses casos o 
desagravo caberá ao Conselho Federal da OAB. Por fim, saiba que o representante da 
Subseção poderá representar a Seccional e promover o desagravo. 
A mudança ocorrida no desagravo ocorreu por meio da Resolução n° 1 de 22/05/2018 
(que alterou os §§ do art. 18 do Regulamento Geral)5, passando a definir que a Diretoria 
 
5 Art. 18 do Regulamento Geral: “O inscrito na OAB, quando ofendido comprovadamente em razão do 
exercício profissional ou de cargo ou função da OAB, tem direito ao desagravo público promovido pelo 
Conselho competente, de ofício, a seu pedido ou de qualquer pessoa. § 1º O pedido será submetido à 
Diretoria do Conselho competente, que poderá, nos casos de urgência e notoriedade, conceder 
imediatamente o desagravo, ad referendum do órgão competente do Conselho, conforme definido em 
regimento interno. § 2º Nos demais casos, a Diretoria remeterá o pedido de desagravo ao órgão 
competente para instrução e decisão, podendo o relator, convencendo-se da existência de prova ou 
indício de ofensa relacionada ao exercício da profissão ou de cargo da OAB, solicitar informações da 
pessoa ou autoridade ofensora, no prazo de 15 (quinze) dias, sem que isso configure condição para a 
concessão do desagravo. § 3º O relator pode propor o arquivamento do pedido se a ofensa for pessoal, 
se não estiver relacionada com o exercício profissional ou com as prerrogativas gerais do advogado ou se 
configurar crítica de caráter doutrinário, político ou religioso. § 4º Recebidas ou não as informações e 
16 
 
 
do Conselho competente poderá conceder o desagravo ad referendum (sujeito à 
aceitação posterior por parte de um colegiado), em caso de urgência ou notoriedade, 
sendo posteriormente confirmado o desagravo pelo Conselho Federal. 
Não sendo urgente, a Diretoria do Conselho remeterá o desagravo ao relator, que 
poderá no prazo e 15 dias solicitar esclarecimento à autoridade ofensora. Os desagravos 
serão decididos no prazo máximo de 60 dias e a sessão de desagravo será realizada no 
prazo máximo de 30 dias, de preferência no mesmo local onde a violência foi sofrida ou 
no local onde a autoridade ofensora se encontra. Lembrando que a autoridade ofensora 
não é obrigada a responder ao desagravo. 
Por fim, ressalta o § 5o do art. 7o: 
Art. 7º, §5º. No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de 
cargo ou função de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o 
desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que 
incorrer o infrator. 
 
XVIII. Usar os símbolos privativos da profissão de advogado. 
Esta também é uma das prerrogativas do advogado (a), exp.: balança, deusa da Justiça. 
Com a ressalva de que não é permitido que o advogado (a) utilize os símbolos da OAB 
em seu cartão de visita. 
XIX. Recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva 
funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, 
mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que 
constitua sigilo profissional. 
 
convencendo-se da procedência da ofensa, o relator emite parecer que é submetido ao órgão competente 
do Conselho, conforme definido em regimento interno. § 5º Os desagravos deverão ser decididos no prazo 
máximo de 60 (sessenta) dias. § 6º Em caso de acolhimento do parecer, é designada a sessão de 
desagravo, amplamente divulgada, devendo ocorrer, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, 
preferencialmente, no local onde a ofensa foi sofrida ou onde se encontre a autoridade ofensora. § 7º Na 
sessão de desagravo o Presidente lê a nota a ser publicada na imprensa, encaminhada ao ofensor e às 
autoridades, e registrada nos assentamentos do inscrito e no Registro Nacional de Violações de 
Prerrogativas. § 8º Ocorrendo a ofensa no território da Subseção a que se vincule o inscrito, a sessão de 
desagravo pode ser promovida pela diretoria ou conselho da Subseção, com representação do Conselho 
Seccional. § 9º O desagravo público, como instrumento de defesa dos direitos e prerrogativas da 
advocacia, não depende de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, devendo ser promovido 
a critério do Conselho". 
17 
 
 
O inciso ressalta que é direito do advogado(a) recusar-se a responder como testemunha 
em processo que já atuou (passado) ou que ainda poderá atuar (futuro), mesmo quando 
o testemunho tenha sido autorizado ou solicitado pelo cliente. 
Esta, portanto, é uma das principais prerrogativas do advogado(a), qual seja o sigilo 
profissional. 
XX. Retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após 
trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a 
autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo. 
O pregão nada mais é do que a chamada nominal realizada pela autoridade judiciária 
antes da realização do ato processual, assim o advogado poderá se retirar do local 
(Fórum ou Tribunal) após 30 minutos de atraso do ato processual, devendo protocolizar 
uma comunicação junto ao juízo para que seja remarcada uma nova audiência, por 
exemplo. 
Contudo, tal prerrogativa somente poderá ser utilizada se o juiz estiver ausente, ou seja, 
o mero atraso de pauta com a presença do juiz não se enquadra nesta situação, exp.: 
audiência que estava marcada para as 16:00, porém já são 17:00 e o juiz ainda não está 
no Fórum. 
XXI. Assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de 
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, 
de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, 
direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) 
apresentar razões e quesitos. 
O último inciso do art. 7o ressalta que é prerrogativa do advogado (a) acompanhar seu 
cliente durante a realização do interrogatório ou durante o depoimento. 
Caso seja negado esse direito, o ato será considerado nulo, assim como todo e qualquer 
ato processual que decorra direta ou indiretamente disto. Por fim, a alínea “a” do inciso 
XXI ressalta que o advogado (a) poderá, inclusive, apresentar razões e quesitos, ou seja, 
levantar questionamentos e participar diretamente do ato inquisitorial. 
 
1.3. DIREITOS DA ADVOGADA (ART. 7º DO EAOAB) 
18 
 
 
Visando conferir algumas prerrogativas específicas para as advogadas gestantes e 
lactantes, a Lei 13.363/2016 inclui no Estatuto da OAB o art. 7-A, que poderá ser 
estudado de forma mais objetiva conforme a tabela abaixo: 
ADVOGADA DIREITO PRAZO 
Gestante § Entrada em tribunais sem ser 
submetida a detectores de metais 
e aparelhos de raios X 
§ Reserva de vaga em garagens dos 
fóruns dos tribunais; 
Enquanto perdurar o estado 
gravídico; 
 
Lactante, 
adotante ou 
que der à luz 
Acesso a creche, onde houver, ou a 
local adequado ao atendimento 
das necessidades do bebê;120 dias – art. CLT. Já para a 
advogada lactante o direito 
permanece enquanto 
perdurar o período de 
amamentação, art. 7-A, § 1º 
do Estatuto; 
Gestante, 
lactante, 
adotante, ou 
que der à luz 
Preferência na ordem das 
sustentações orais e das audiências 
a serem realizadas a cada dia, 
mediante comprovação de sua 
condição; 
120 dias – art. CLT. Já para a 
advogada lactante o direito 
permanece enquanto 
perdurar o período de 
amamentação, art. 7-A, § 1º 
do Estatuto; 
Adotante ou 
que der à luz 
Suspensão de prazos processuais 
quando for a única patrona da 
causa, desde que haja notificação 
por escrito ao cliente; 
Para a advogada, 30 dias a 
partir do parto ou da 
concessão da adoção, art. 
313, § 6º do CPC. 
Para o advogado, sendo o 
único patrono responsável no 
processo, 8 dias a partir da 
data do parto ou da 
concessão da adoção, art. 
313, § 7º do CPC; 
 
 
1.4. IMUNIDADE PROFISSIONAL (ART. 7º, §2º, DO EAOAB) 
Estabelece o art. 7º, §2º do EAOAB que: 
Art. 7º, §2º - O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, 
difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício 
19 
 
 
de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares 
perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8). 
Este parágrafo merece ser estudado de forma apartada, tendo em vista que o STF 
entendeu em 2018 que o desacato não possui mais imunidade profissional, e caso 
ocorra, mesmo que o advogado(a) esteja no exercício da sua profissão, será considerado 
como crime comum. 
O mesmo ocorre no caso da prática do crime de calúnia. Além disso, saiba que o § 4º do 
art. 7o destaca que o Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os 
juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes 
para uso dos advogados(as), com uso e controle assegurados à OAB. 
 
2. QUESTÃO DE ORDEM 
01. (XXI Exame de Ordem) José, bacharel em Direito, constitui Cesar, advogado, como 
seu procurador para atuar em demanda a ser proposta em face de Natália. Ajuizada a 
demanda, após o pedido de tutela provisória ter sido indeferido, José orienta César a 
opor Embargos de Declaração, embora não vislumbre omissão, contradição ou 
obscuridade na decisão, tampouco erro material a corrigir. César, porém, acredita que 
a medida mais adequada é a interposição de Agravo de Instrumento, pois entende que 
a decisão poderá ser revista pelo tribunal, facultando-se, ainda, ao juízo de primeira 
instância reformar sua decisão. Diante da divergência, assinale a opção que indica o 
posicionamento correto. 
a) César deverá, em qualquer hipótese, seguir a orientação de José, que é parte na 
demanda e possui formação jurídica. 
b) César deverá esclarecer José quanto à sua estratégia, mas subordinar-se, ao final, à 
orientação deste, pois no exercício do mandato atua como patrono da parte. 
c) César deverá imprimir a orientação que lhe pareça mais adequada à causa, sem se 
subordinar à orientação de José, mas procurando esclarecê-lo quanto à sua estratégia. 
d) César deverá imprimir a orientação que lhe pareça mais adequada à causa, sem se 
subordinar à orientação de José, e sem procurar esclarecê-lo quanto à sua estratégia, 
pois, no seu ministério privado, presta serviço público. 
20 
 
 
 
02. (XXII Exame de Ordem) Viviane, Paula e Milena são advogadas. Viviane acaba de dar 
à luz, Paula adotou uma criança e Milena está em período de amamentação. Diante da 
situação narrada, de acordo com o Estatuto da OAB, assinale a afirmativa correta 
a) Viviane e Milena têm direito a reserva de vaga nas garagens dos fóruns dos tribunais. 
b) Viviane e Paula têm direito à suspensão de prazos processuais, em qualquer hipótese, 
desde que haja notificação por escrito ao cliente. 
c) Viviane, Paula e Milena têm direito de preferência na ordem das audiências a serem 
realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição. 
d) Paula e Milena têm direito a entrar nos tribunais sem serem submetidas a detectores 
de metais e aparelhos de raio-X. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
AULA DOIS 
DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS 
 
1. NATUREZA E CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE 
A sociedade de advogados é uma sociedade simples pura, que deve ter como objeto 
exclusivo a prestação de serviços de advocacia, de caráter eminentemente intelectual, 
não se admitindo que realize atividade estranha à advocacia ou que apresente forma ou 
característica mercantil, não sendo admissível a sua constituição com elementos de uma 
sociedade empresária. 
Assim, não poderá ter por objeto, por exemplo, a advocacia e a corretagem de imóveis 
ou a advocacia e a prestação de serviços contábeis, dado o seu regime especial. 
Isto porque, o art. 15 e 16 do Estatuto da OAB mantiveram a natureza das sociedades de 
advogados como sendo formada exclusivamente por pessoas e com finalidades 
profissionais, não se confundindo com as sociedades empresariais estabelecidas no art. 
997 a 1.038 do Código Civil. 
Em sua redação original, o Estatuto não previa a sociedade individual, sendo que os 
parágrafos 1o, 2o, 4o, 5o e 7o foram incluídos por meio da Lei n° 13.247/2016, e 
modificaram a expressão “sociedade civil” para “sociedade simples”, no que tange à 
sociedade coletiva de advogados. Assim, o Estatuto passou a disciplinar tanto a 
sociedade coletiva de advogados quanto a sociedade individual. 
Quando o advogado concentrar todas as quotas da sociedade em seu nome, a sociedade 
será unipessoal; em contrapartida, quando houver dois ou mais advogados compondo 
a sociedade, esta será tipificada como pluripessoal. 
Assim, saiba que apenas advogados regularmente inscritos na OAB poderão integrar a 
sociedade, ou sejam bacharéis em direito não inscritos ou que estão com alguma 
incompatibilidade, estagiários e leigos estão excluídos. 
Quanto aos estagiários, sua associação, antes permitida, passou a ser proibida com o 
advento da Lei n° 8.906/94, uma vez que o estagiário tem uma disciplina própria, não 
contemplando a participação em sociedades de advogados. 
22 
 
 
O Estatuto ainda ressalta no art. 15, § 4o que o advogado não pode integrar mais de 
uma sociedade (individual ou coletiva) na mesma área territorial do seu Conselho 
Seccional, salvo se antes da constituição da nova sociedade houver a dissolução da 
sociedade anterior. 
Saiba ainda que quaisquer conflitos relativamente à execução do contrato social da 
sociedade devem ser dirimidos em juízo, com garantia do contraditório e ampla defesa, 
não tendo a OAB competência para tal, salvo o da regularidade do registro (aspectos 
formais e extrínsecos), nos termos o art. 71, inciso VI, alínea “c” do Código de Ética e 
Disciplina da OAB6. 
As questões econômicas, ou relativas a divisões dos resultados e das perdas, os direitos 
de sucessão, inclusive por morte do sócio e a dissolução da sociedade escapam às 
atribuições administrativas da OAB. 
 
2. DA CONSTITUIÇÃO OBRIGATÓRIA 
No que tange à sua constituição, a sociedade de advogado, seja ela individual ou coletiva, 
se perfectibiliza por meio do contrato social, que deverá conter os seguintes requisitos: 
denominação, finalidade, sede, duração, administração, representação judicial e 
extrajudicial, valor do capital social e sua distribuição entre os sócios, além disso deve 
estabelecer a responsabilidade solidária e subsidiária dos sócios, extinção, e por fim a 
qualificação dos fundadores e da diretoria provisória. 
Após a publicação dos atos constitutivos, o contrato social será levado a registro, para 
que assim adquira personalidade jurídica. O órgão registral competente será o Conselho 
Seccional da OAB e nenhum outro. 
Assim, enquanto a sociedade em geral adquire personalidade jurídica própria após o 
arquivamento de seu ato constitutivo em junta comercial ou em cartório de registro de 
pessoa jurídica, dependendo da sua natureza, a existência de sociedade de advogados 
depende, obrigatoriamente, do prévio registrode seus atos na Seccional da OAB em cujo 
território esteja sua sede, sendo esse um requisito específico da legislação. 
Ou seja, não há a necessidade de registro da sociedade de advogados no cartório de 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou do Registro Público de Empresas Mercantis. O 
registro se realiza em livro próprio da OAB, recebendo numeração sucessiva. 
 
6 Art. 71. Compete aos Tribunais de Ética e Disciplina: VI - atuar como órgão mediador ou conciliador nas 
questões que envolvam: c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de advogados. 
23 
 
 
Qualquer alteração do ato constitutivo deverá ser averbada no respectivo registro, após 
aprovação pelo Conselho Seccional. 
A constituição de sociedade de advogados sem registro no Conselho Seccional importa 
infração ao art. 34, inciso II do Estatuto da OAB, sendo cabível a pena de censura aos 
advogados que a integrem. 
 
3. DA DENOMINAÇÃO DA SOCIEDADE 
Toda sociedade personificada, seja de que tipo for, precisa eleger um nome que a 
designe para o desenvolvimento de seu objeto social, aplicando-se o mesmo às 
sociedades de advogados, exigindo que nele figure ao menos o nome de um sócio 
responsável pela sociedade e impondo a proibição de que sejam designadas por 
expressão de fantasia. Para estas, porém, há regras peculiares ditadas pelo Estatuto. A 
respeito da sua denominação, o § 1o e 4o do art. 16 do Estatuto ressalta que não há 
liberdade na composição do nome da sociedade de advogados. 
O nome da sociedade de advogados deve expressar com clareza sua finalidade, não 
sendo admitidos nome de fantasia, símbolos ou acréscimos comuns nas atividades 
mercantis. 
A denominação da sociedade (dita “razão social”) deve ser constituída pelo nome 
completo, ou sobrenome, dos sócios, ou pelo menos de um deles, responsáveis pela 
administração. 
É vedada, ainda, a utilização do título de “professor” ou de “doutor”, porque não 
integram o nome do advogado. O art. 38 do Regulamento Geral e o art. 16, § 1o do 
Estatuto, contudo, admitem que permaneça o nome do sócio falecido se essa 
possibilidade tiver sido prevista no ato constitutivo da sociedade ou de sua modificação. 
Também não se altera o nome da sociedade se o sócio passar a exercer atividade 
incompatível temporária. Bastará apenas anotação no registro da sociedade. 
O exercício de atividade incompatível permanente (exemplo, magistratura) importará a 
necessária modificação não só do nome, mas da composição societária da sociedade de 
advogados. 
I. Sociedade Unipessoal: Nome do Sócio + Sociedade Individual de Advocacia; 
24 
 
 
II. Sociedade Pluripessoal: Nome de um dos sócios + Sociedade de Advogados. Por 
fim, tome nota como sendo vedada a utilização de nome fantasia para a 
denominação de sociedade de advogados. 
 
4. DA FORMAÇÃO DE FILIAIS 
Nos termos do § 5o do art. 15 do Estatuto, é possível que as sociedades de advogado 
criem filiais, as quais, no entanto, só podem ser instaladas na área territorial de outro 
Conselho Seccional, de cujos limites não podem ultrapassar, ficando os sócios, inclusive 
o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição suplementar. 
 
5. DA RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS 
Diferentemente das sociedades que visam a exploração empresarial, na de advogados 
só quantitativamente se admitem diferenças entre os sócios, uma vez que o qualificativo 
é idêntico, sendo que as pretensões de seus sócios não são qualificadas em dinheiro, 
mas na especificação dos serviços prestados por cada um. Por essa razão, a sociedade 
jamais substitui os advogados na atividade privativa de advocacia. Esta somente pode 
ser desenvolvida diretamente pelo advogado sócio ou empregado. 
O Código de Processo Civil conferiu especial relevo às sociedades de advogados, que 
passaram a ter legitimidade conjunta com os advogados que dele participem, para ser 
indicadas na petição inicial (art. 105), receber intimações judiciais (art. 106), receber 
outorga em procuração (art. 105), receber o pagamento dos honorários (art. 85), 
credenciar preposto para retirada dos autos (art. 272). Da mesma forma, a sociedade de 
advogados passou a ter legitimidade ativa para executar, em seu nome, a verba 
honorária concedida em processo para o qual foi outorgado mandato a um dos seus 
sócios. 
Nos termos do art. 17 do Estatuto, a responsabilidade civil dos sócios pelos danos que a 
sociedade coletivamente, ou cada sócio ou advogado empregado individualmente, 
causar, por ação ou omissão no exercício da advocacia, é solidária, subsidiária e 
ilimitada, independentemente do capital individual integralizado. Assim, os bens 
individuais de cada sócio respondem pela totalidade dessas obrigações. 
É nula a cláusula do contrato social que estabelecer qualquer tipo de limitação à 
responsabilidade dos sócios para tal fim. 
25 
 
 
Deste modo, veja-se que é ilimitada a responsabilidade dos sócios e também não há 
dúvidas quanto à subsidiariedade desta responsabilidade, de modo que somente se 
efetiva a obrigação dos sócios em relação aos clientes, quando faltarem bens suficientes 
para a sociedade cumprir integralmente com suas obrigações. 
Sendo assim, a sociedade de advogados responderá sempre, como qualquer pessoa, 
direta e ilimitadamente, por toda e qualquer obrigação que assume como ente jurídico, 
como também por aquelas obrigações que derivam da atividade de advocacia exercida 
por seus sócios, associados e empregados. Contudo, não havendo patrimônio suficiente 
para pagar as dívidas pela sociedade, os sócios e associados, subsidiariamente, assumem 
a reparação na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de 
responsabilidade solidária. 
Enquanto há responsabilidade ilimitada da sociedade pelos atos praticados por sócios 
na advocacia e perante terceiros e subsidiária dos sócios, é impossível sujeitar a 
sociedade ou os demais sócios por infrações éticas e disciplinares cometidas pelo 
infrator. 
 
6. DA OBSERVÃNCIA DOS DEVERES ÉTICOS 
A sociedade de advogados é punida nas pessoas de todos os seus sócios. É este o sentido 
da norma que manda a ela aplicar o Código de Ética e Disciplina. 
Como a pessoa jurídica não pode cometer infração ético disciplinar, esta é tida como 
praticada pelo advogado responsável pela sociedade, que, quando menos, responde 
pelo fato de não ter zelado para que a sociedade não se transviasse dos deveres morais. 
Segundo o Professor Assis Gonçalves “a falta cometida por um não contamina o 
conjunto nem os indivíduos desse conjunto singularmente considerados”. Isto porque 
quem exerce a advocacia não é a sociedade, mas sim seus sócios, associados ou 
empregados, não havendo como estender a infração ética disciplinar para além da 
pessoa do infrator. 
Por isto, há forte inspiração ética na determinação legal de impedimento à 
representação profissional de clientes de interesses entre si opostos, nos termos do art. 
19 e 22 do Código de Ética da OAB. Ou seja, não pode o advogado defender um cliente 
que tenha como adversário outro cliente cuja defesa esteja sendo feita por outro 
26 
 
 
vinculado à mesma sociedade de advogados, sendo que tal proibição não se esgota no 
âmbito judicial. 
Nesse sentido, saiba que os advogados sócios de uma mesma sociedade que 
representarem em juízo clientes de interesses opostos praticarão crime de tergiversação 
tipificado no Código Penal (art. 355, § único)7. 
Por fim, como são concebidas como organizações de meios, as sociedades de advogados 
não podem realizar as atividades privativas de advogado. Assim, não podem oferecer 
serviços de consultoria ao público por meios de comunicação como telefonia e Internet. 
Se profissionais ou sociedades não registradas na OAB o fizerem, também incorrerão em 
exercício ilegal da profissão. 
 
7. DO ADVOGADO ASSOCIADO 
O art. 39 do Regulamento Geral introduziu a disciplina de um tipo intermediário entre o 
sócio da sociedade e o advogado empregado. É o advogado associado, muito comum 
noscostumes dos escritórios de advocacia do Brasil. 
O advogado associado não estabelece qualquer vínculo de subordinação ou de relação 
de emprego com a sociedade ou com os sócios dela. Ele associa-se em causas de 
patrocínio comum, atuando em parceria e auferindo o percentual ajustado nos 
resultados ou honorários percebidos, podendo utilizar as instalações da sociedade de 
advogados, mas não assume qualquer responsabilidade social. 
Contudo, o art. 40 do Regimento Interno menciona que os advogados sócios e os 
associados respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados diretamente 
ao cliente, nas hipóteses de dolo ou culpa e por ação ou omissão, no exercício dos atos 
privativos da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possam 
incorrer. 
O advogado associado é, portanto, um tipo legal distinto de outros tipos previstos no 
Estatuto da OAB, a saber, o advogado individual, o advogado empregado, o advogado 
sócio de sociedade de advogados e o advogado público. 
Assim, ele distingue-se dos demais tipos pela singularidade de vincular-se a causas ou 
trabalhos profissionais extrajudiciais específicos. Não gera vínculo de emprego com a 
 
7 Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, 
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Parágrafo 
único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, 
simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. 
27 
 
 
sociedade de advogados porque não há qualquer relação de dependência ou 
subordinação jurídica ou hierárquica. Tampouco se confunde com a figura do sócio. 
O eventual impedimento do advogado associado, exatamente por não integrar direta ou 
indiretamente a sociedade de advogados, não interfere no mandato do advogado 
associado. 
 
8. DA SOCIEDADE INDIVIDUAL 
Durante muito tempo, o direito brasileiro relutou em admitir a pessoa jurídica 
unipessoal, em razão da dificuldade da separação patrimonial e da responsabilidade 
pelas obrigações da mesma pessoa física. 
Parece estranho que haja sociedade de apenas um sócio. Neste caso, saiba que a 
procuração deve ser outorgada ao advogado e não à pessoa jurídica assim composta, 
pois a função desta é prover-lhe os meios para o exercício e a organização de sua 
atividade profissional, em face de terceiros, incluindo o fisco e os empregados. 
O titular da sociedade individual de advocacia não pode constituir outra sociedade 
congênere, nem participar como sócio de sociedade coletiva de advocacia. Tal exercício 
simultâneo frauda a finalidade da lei. Tampouco poderá o advogado individual abrir filial 
na mesma base territorial do respectivo Conselho Seccional. 
Pode o titular, no entanto, valer-se do instituto da concentração, quando todas as quotas 
da sociedade coletiva de advogados forem concentradas em seu domínio, por quaisquer 
meios de aquisição, convertendo a sociedade coletiva de advocacia em sociedade 
individual de advocacia, mediante requerimento ao Conselho Secional competente. A 
conversão implica a constituição de nova pessoa jurídica, sucessora da anterior. 
A lei institui uma faculdade. Se o advogado não quiser constituir sociedade individual, 
continuará exercendo sua profissão em caráter pessoal, continuando uma longa tradição 
de sua atividade. 
Embora pareça não haver benefícios para tal constituição, existem diversos incentivos 
fiscais, isto porque a tributação federal é diferenciada para o advogado que atua de 
forma autônoma, sem vínculo societário, a qual pode chegar a pagar 27,5% dos seus 
rendimentos pela tabela do imposto de renda, enquanto que se houver a constituição 
da sociedade individual ele pagará de 4,50% a 16,85% de seu faturamento ao fisco 
28 
 
 
(considerado seu enquadramento no regime do chamado “Simples Nacional” definido 
pela Lei Complementar nº 147/14, em alteração da Lei Complementar nº 123/06, e 
dependendo das faixas de faturamento). Ou ainda, poderá pagar em torno de 14% (sem 
aderir ao Supersimples e considerado o regime de lucro presumido, somando PIS, Cofins, 
Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro), distribuindo depois o resultado 
social apurado aos seus integrantes, sem mais nenhuma incidência de impostos. 
 
9. QUESTÃO DE ORDEM 
03. (XV Exame de Ordem) Os advogados X de Souza, Y dos Santos e Z de Andrade 
requereram o registro de sociedade de advogados denominada Souza, Santos e Andrade 
Sociedade de Advogados. Tempos depois, X de Souza vem a falecer, mas os demais sócios 
decidem manter na sociedade o nome do advogado falecido. Sobre a hipótese, assinale 
a afirmativa correta. 
a) É possível manter o nome do sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no 
ato constitutivo da sociedade. 
b) É possível manter o nome do sócio falecido, independentemente de previsão no ato 
constitutivo da sociedade. 
c) É absolutamente vedada a manutenção do nome do sócio falecido na razão social da 
sociedade. 
d) É possível manter, pelo prazo máximo de seis meses, o nome do sócio falecido. 
 
04. (XVIII Exame de Ordem) Gabriela é sócia de uma sociedade de advogados, tendo, 
no exercício de suas atividades profissionais, representado judicialmente Júlia. 
Entretanto, Gabriela, agindo com culpa, deixou de praticar ato imprescindível à defesa 
de Júlia em processo judicial, acarretando-lhe danos materiais e morais. Em uma 
eventual demanda proposta por Júlia, a fim de ver ressarcidos os danos sofridos, deve-
se considerar que: 
 
29 
 
 
a) Gabriela e a sociedade de advogados não podem ser responsabilizadas civilmente 
pelos danos, pois, no exercício profissional, o advogado apenas responde pelos atos que 
pratica mediante dolo, compreendido por meio do binômio consciência e vontade. 
b) a sociedade de advogados não pode ser responsabilizada civilmente pelos atos ou 
omissões praticados pessoalmente por Gabriela. Assim, apenas a advogada responderá 
pela sua omissão decorrente de culpa, no âmbito da responsabilidade civil e disciplinar. 
c) Gabriela e a sociedade de advogados responderão civilmente pela omissão 
decorrente de culpa, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar da advogada, 
cuidando-se de hipótese de responsabilidade civil solidária entre ambas. 
d) Gabriela e a sociedade de advogados podem ser responsabilizadas civilmente pela 
omissão decorrente de culpa. A responsabilidade civil de Gabriela será subsidiária à da 
sociedade e ilimitada pelos danos causados, sem prejuízo de sua responsabilidade 
disciplinar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
AULA TRÊS 
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
 
1. INTRODUÇÃO 
A palavra “honorário” deriva do latim honorarius, cujo radical honor também dá origem 
à palavra honra, mérito. Para os romanos, cuja sociedade fundava-se no trabalho 
escravo, quem trabalhava por salário assimilava-se aos escravos. 
É por meio dos honorários que o advogado(a) é remunerado pelo seu trabalho. E, no 
direito, Romano ele recebia prêmios, títulos, inclusive a isenção de tributos. 
Atualmente ele é a contraprestação paga pelo cliente ao advogado em razão dos 
serviços judiciais e extrajudiciais por ele prestados. 
Caso o advogado receba valores e não preste o serviço pelo qual foi contratado, além de 
ser uma infração disciplinar, ele deverá prestar contas e ressarcir os valores, sob pena de 
locupletamento. 
De acordo com o art. 85, § 14º do Código de Processo Civil, os honorários advocatícios 
possuem natureza alimentar, e, portanto, são impenhoráveis8: 
Art. 85, §14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza 
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do 
trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. 
Assim, saiba que os honorários advocatícios possuam as mesmas garantias e privilégios 
em casos de insolvência civil, falência, recuperação judicial, sendo incluído no quadro 
geral doscredores com preferência. 
A questão, a propósito, foi objeto da Súmula Vinculante nº 47: 
Súmula Vinculante n.º 47 - Os honorários advocatícios incluídos na condenação 
ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de 
natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório 
ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos 
dessa natureza. 
 
8 Art. 833, inciso IV do Código de Processo Civil: São impenhoráveis: IV - os vencimentos, os subsídios, os 
soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os 
montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do 
devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, 
ressalvado o § 2º. 
31 
 
 
Os honorários advocatícios podem ser classificados em cinco espécies, sendo que todas 
elas possuem natureza jurídica alimentar, nos termos do art. 22 do Estatuto da OAB, 
conforme veremos a seguir: 
 
I. Honorários convencionados (art. 24 do EAOAB): São aqueles honorários fixados em 
contrato. Assim, se o contrato for escrito, ele será considerado um título executivo 
extrajudicial, não sendo necessário a assinatura de duas testemunhas para que surta os 
efeitos legais, art. 107 do Código Civil. 
O art. 35 do Código de Ética e Disciplina da OAB prevê que é recomendável que a 
celebração dos honorários convencionados seja feita por escrito. 
Além disso, o art. 48, § 2º e o art. 53, ambos do Código de Ética, ressaltam que é admitida 
a compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas ao cliente, porém 
desde e haja autorização para tanto no contrato de prestação de serviços. 
Também é permitido o emprego de sistema de cartões de crédito para recebimento de 
honorários, mediante credenciamento junto a operadoras de tal ramo. 
Caso o advogado (a) não receba os valores fixados em contrato, ele poderá exigi-lo de 
três formas9: 
a) Execução autônoma: Neste caso, a execução dos honorários é ajuizada contra 
o próprio cliente que contratou os serviços, devendo ser paga em até 3 (três) dias, 
sob pena de penhora de bens. 
b) Execução nos próprios autos em que advogado(a) está trabalhando para o 
cliente (art. 24, § 1o do EAOAB): Bastando juntar o contrato no processo e pedir 
para que o Juiz expeça uma guia em seu próprio nome, podendo este valor ser fixo, 
ou então ser composto por uma entrada + cláusula ad exitum, desde que a soma 
dos valores não ultrapasse 30% do valor a ser recebido pelo cliente (limite 
jurisprudencial). 
c) Execução coletiva: Esta última forma é utilizada nos casos de falência, 
recuperação judicial. Aqui, o advogado(a) deverá habilitar o seu crédito junto ao 
juízo recuperacional, podendo ser pago mediante ofício requisitório (crédito 
extraconcursal) ou certidão de crédito (crédito concursal). 
 
9 CUIDADO! O contrato NÃO é levado a protesto, o que é levado a protesto é o meio/instrumento que o 
cliente utilizou para o pagamento, isto é, o cheque ou a nota promissória por si emitida em favor do 
advogado. 
32 
 
 
Se o contrato for celebrado com o cliente de maneira meramente verbal, saiba que ele 
deverá ser incontroverso, ou seja, as partes devem concordar com o valor fixado, caso 
contrário ele será arbitrado judicialmente. 
Por fim, saiba que não há uma definição clara de como deverá ser feito o pagamento dos 
honorários advocatícios, mas não havendo estipulação pelas partes, em regra o 
pagamento deverá ser feito 1/3 no início dos serviços, 1/3 na prolação sentença de 1º 
instância e 1/3 no trânsito em julgado da ação, nos termos do § 3o do art. 22 do Estatuto 
da OAB. 
 
II. Honorários arbitrados judicialmente (art. 22, § 2o do Estatuto da OAB): Estes 
honorários são fixados quando não há o estabelecimento de um contrato prévio com o 
cliente ou quando alguma das partes não concorda com o contrato verbal supostamente 
celebrado, ficando o advogado (a) obrigado a ingressar com uma ação cível para receber 
os valores devidos. 
Neste caso, basta que o advogado(a) comprove quais foram os serviços devidamente 
prestados ao cliente, para que assim o Juiz da ação nomeie um perito para avaliar o 
trabalho dispensado, fixando o valor devido por meio de um laudo (em regra baseado 
na tabela da OAB)10. 
Diferentemente dos honorários convencionados por meio do contrato (extrajudicial), 
aqui a sentença que fixar os honorários devidos ao advogado(a) será um título executivo 
judicial, podendo ser exigida na própria ação de arbitramento, nos termos do art. 523 
do Código de Processo Civil ou em execução autônoma. 
 
III. Honorários sucumbenciais: Aqui a parte perdedora de um processo judicial pagará 
os honorários de sucumbência para a parte vencedora, uma vez que ela sucumbiu no 
processo11. Esta espécie de honorário é um bônus conferido ao advogado(a) vencedor, 
 
10 Cuidado com isto, uma vez que de acordo com recente posicionamento do STJ (Informativo 659) as 
tabelas não vinculam o juiz, servindo apenas como orientação. Embora o entendimento tenha sido em 
torno do processo penal, é plenamente possível ser aplicado ao processo civil. Ver mais sobre isso no 
Tema 984 do STJ. 
11 Art. 50 do Código de Ética da OAB: Os honorários de sucumbência e os honorários contratuais, 
pertencendo ao advogado que houver atuado na causa, poderão ser por ele executados, assistindo-lhe 
direito autônomo para promover a execução do capítulo da sentença que os estabelecer ou para postular, 
quando for o caso, a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor em seu favor. § 1º A 
participação do advogado em bens particulares do cliente só é admitida em caráter excepcional, quando 
esse, comprovadamente, não tiver condições pecuniárias de satisfazer o débito de honorários e ajustar 
com o seu patrono, em instrumento contratual, tal forma de pagamento. 
33 
 
 
sendo um direito exclusivo dele, podendo fazer o que quiser, inclusive devolver para a 
parte ou dividir com o cliente. 
Além disso, a sucumbência será fixada pelo juiz, que de acordo com o CPC será fixado 
entre 10 a 20% do proveito econômico obtido ou sobre o valor da causa. 
No caso do advogado empregado (que possua vínculo de emprego com uma empresa, 
exp.: Banco do Brasil), isso variará. Se ele for empregado de uma sociedade de 
advogados, os valores recebidos a título de honorários sucumbenciais formarão um 
fundo comum, onde ele deverá receber uma parte (salvo se a sociedade de advogados 
abrir mão do restante), exp.: série Suits. Porém se o advogado for empregado de uma 
empresa qualquer e não de um escritório, os honorários deverão ser destinados 100% 
a ele, sendo que este valor não integra verba salarial para fins trabalhistas e 
previdenciários. 
Por fim, no caso do advogado público (procurador do Estado, Município, defensor 
público ou advogado da União), os honorários sucumbenciais recebidos formarão um 
fundo comum com o recebimento de todos os advogados desta categoria em uma 
mesma conta, sendo que o valor acumulado será dividido entre os membros a cada ano. 
Havendo 2 advogados que discutem o direito de recebimento dos honorários 
sucumbenciais, quem decidirá sobre este conflito será o TED (Tribunal de ética e 
disciplina da OAB). 
 
IV. Honorários assistenciais (art. 22, §§ 6o e 7o do Estatuto da OAB): Estes são aqueles 
honorários pagos para o advogado(a) vinculado a uma entidade de classe, sindical, pela 
prestação dos serviços de assistência jurídica aos trabalhadores associados a esta 
entidade que não possuem condições financeiras para a contratação de um advogado(a) 
particular. 
Aqui quem efetua o pagamento dos honorários advocatícios é a entidade de classe em 
que o advogado(a) está vinculado, ou seja, não são os trabalhadores. Por fim, os 
honorários assistenciais podem ser somados aos honorários convencionados 
diretamente com o trabalhador (contrato). 
 
34 
 
 
V. Honorários com cláusula“quota litis”12: Em regra esta forma de recebimento de 
honorários não é permitida, tendo em vista que ela estabelece ao advogado(a) o direito 
de receber os seus honorários com parte do processo, ou seja, com bens. Tal proibição 
ocorre, pois o Estatuto da OAB define que o recebimento dos honorários deverá ser feito 
sempre em pecúnia. 
No entanto, a cláusula quota litis poderá ser utilizada em casos excepcionais, desde que 
sejam cumpridos os seguintes requisitos: 
a) Se o cliente não tiver condições de efetuar o pagamento dos honorários em 
dinheiro. 
b) Desde que seja um bem vinculado ao processo em que o advogado(a) está 
atuando (não é permitido a dação – dar uma coisa no lugar de outra). 
 
2. PRESCRIÇÃO (ART. 25 DO ESTATUTO DA OAB) 
Em relação ao prazo prescricional para a exigência dos honorários, o Estatuto da OAB 
estabelece dois prazos: 
I. Advogado Vs. Cliente: O prazo prescricional para que o advogado(a) possa exigir do 
seu cliente os honorários devidos é de 5 (cinco) anos, contados: 
a) A partir do vencimento do contrato (honorários convencionados); 
b) A partir do trânsito em julgado da sentença que fixar os honorários (honorários 
arbitrados judicialmente e honorários sucumbenciais); 
c) A partir da última ação no caso da realização de serviço extrajudicial; 
d) A partir da renúncia ou revogação do mandato (será paga de forma proporcional 
ao serviço efetivamente prestado); 
e) Desistência da ação ou transação (acordo). 
II. Cliente Vs. Advogado (art. 25-A do Estatuto da OAB): O prazo prescricional para que 
o cliente possa exigir do seu advogado a prestação de contas dos valores recebidos, é de 
 
12 Art. 50 do Código de Ética da OAB: “Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem 
ser necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da sucumbência, 
não podem ser superiores às vantagens advindas a favor do cliente”. 
35 
 
 
5 (cinco) anos, sob pena de restar configurada infração disciplinar ao art. 34, inciso XXI 
do Estatuto da OAB (suspensão)13. 
 
3. ADVOGADO SUBSTABELECIDO 
Por fim, nos termos do art. 26 do Estatuo da OAB, o advogado substabelecido com 
reserva de poderes, não pode cobrar honorários do cliente sem que haja a intervenção 
daquele que lhe conferiu o substabelecimento. 
Para tanto, saiba que o substabelecimento com reserva de poderes, é um ato privativo 
do advogado e não precisa de prévia comunicação ao cliente. 
Por outro lado, o substabelecimento sem reserva de poderes, não é ato privativo do 
advogado e requer a comunicação expressa do cliente, já que neste caso o advogado 
está saindo do processo e transferindo a responsabilidade para outro advogado. 
 
4. QUESTÃO DE ORDEM 
05. (XXIII Exame de Ordem) O advogado Stéfano, buscando facilitar a satisfação de 
honorários advocatícios contratuais a que fará jus, estuda tomar duas providências: de 
um lado, tenciona incluir expressamente no contrato de prestação de seus serviços, com 
concordância do cliente, autorização para que se dê compensação de créditos pelo 
advogado, de importâncias devidas ao cliente; de outro, pretende passar a empregar, 
para o recebimento de honorários, sistema de cartão de crédito, mediante 
credenciamento junto a uma operadora. Tendo em vista as medidas pretendidas pelo 
advogado e as disposições do Código de Ética e Disciplina da OAB, assinale a afirmativa 
correta. 
a) Não é permitida a compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas 
ao cliente, sendo vedada a inclusão de cláusula nesse sentido no contrato de prestação 
de serviços. De igual maneira, não é admitido o emprego de sistema de cartões de 
crédito para recebimento de honorários, mediante credenciamento junto a operadoras 
de tal ramo. 
b) Não é permitida a compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas 
ao cliente, sendo vedada a inclusão de cláusula nesse sentido no contrato de prestação 
 
13 Art. 37, § 2º do Estatuto da OAB: Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão perdura 
até que satisfaça integralmente a dívida, inclusive com correção monetária. 
36 
 
 
de serviços. Porém, é admitido o emprego de sistema de cartões de crédito para 
recebimento de honorários, mediante credenciamento junto a operadoras de tal ramo. 
c) É admitida a compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas ao 
cliente, se houver autorização para tanto no contrato de prestação de serviços. Também 
é permitido o emprego de sistema de cartões de crédito para recebimento de 
honorários, mediante credenciamento junto a operadoras de tal ramo. 
d) É admitida a compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas ao 
cliente, se houver autorização para tanto no contrato de prestação de serviços. Porém, 
não é permitido o emprego de sistema de cartões de crédito para recebimento de 
honorários, mediante credenciamento junto a operadoras de tal ramo. 
 
06. (XXIV Exame de ordem) O advogado Inácio foi indicado para defender em juízo 
pessoa economicamente hipossuficiente, pois no local onde atua não houve 
disponibilidade de defensor público para tal patrocínio. Sobre o direito de Inácio à 
percepção de honorários, assinale a afirmativa correta. 
a) Os honorários serão fixados pelo juiz, apenas em caso de êxito, de natureza 
sucumbencial, a serem executados em face da parte adversa. 
b) Os honorários serão fixados pelo juiz, independentemente de êxito, segundo tabela 
organizada pelo Conselho Seccional da OAB e pagos pelo Estado. 
c) Os honorários serão fixados pelo juiz, apenas em caso de êxito, independentemente 
de observância aos patamares previstos na tabela organizada pelo Conselho Seccional 
da OAB, a serem pagos pelo Estado. 
d) Os honorários serão fixados pelo juiz, independentemente de êxito, segundo tabela 
organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo patrocinado caso possua 
patrimônio, a ser executado no prazo de cinco anos, a contar da data da nomeação. 
 
 
 
 
37 
 
 
AULA QUATRO 
INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS 
 
1. INTRODUÇÃO 
Primeiramente, saiba que a liberdade para o exercício de toda e qualquer profissão é 
inserida entre os direitos e garantias individuais, mas o seu exercício é condicionado à 
qualificação profissional, conforme determina o art. 5o, inciso XIII, da Constituição 
Federal. 
Especificamente no caso da advocacia, as condições para o seu exercício são 
disciplinadas pelo Estatuto da OAB, que também contempla um arcabouço de proteção 
(art. 27 a 30), para evitar que a advocacia possa ser usada em desprestígio do interesse 
da coletividade mediante práticas como tráfico de influência e captação indevida de 
clientela. 
Esse sistema de proteção tem dois graus distintos: incompatibilidades e impedimentos. 
Resumidamente, as incompatibilidades se caracterizam como uma restrição total ao 
exercício da advocacia, enquanto que os impedimentos geram apenas uma proibição 
parcial ao exercício, conforme o art. 27 do EOAB: 
Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento, a 
proibição parcial do exercício da advocacia. 
O Estatuto ainda especifica, de forma clara, quais são as incompatibilidades e quais são 
os impedimentos que o advogado está submetido – sendo este o assunto que nos 
debruçaremos nesta aula. 
 
2. INCOMPATIBILIDADES 
Como já ressaltado, quando tratamos a respeito das incompatibilidades estamos nos 
referimos a atividades que são incompatíveis com o exercício da advocacia (estando o 
advogado proibido inclusive de atuar em causa própria). 
Nestes casos de incompatibilidade, o exercício da advocacia, por algum motivo, não se 
coaduna com a exercício daquela atividade. Além disso, a incompatibilidade é sempre 
38 
 
 
total e absoluta tanto para a postulação em juízo como para a advocacia extrajudicial, 
assim a sua prática produz uma nulidade insanável aos atos praticados pelo profissional. 
Por isso, mesmo o afastamento temporário das atividades não autoriza oexercício da 
advocacia, apenas cessando a incompatibilidade quando deixar o cargo incompatível por 
motivo de aposentadoria, morte, renúncia ou exoneração. 
 O art. 28 do EOAB traz um rol taxativo com as 8 atividades incompatíveis, conforme 
veremos a seguir. 
 
I. Ser chefe do Poder Executivo, membro da Mesa do Poder Legislativo ou seus 
substitutos legais (titulares de entes políticos): Esta incompatibilidade define que 
o Presidente da República, Governadores e Prefeitos, bem como seus respectivos 
vices não poderão exercer as atividades da advocacia enquanto estiverem no 
exercício destes cargos. 
No que diz respeito a Mesa Diretora das assembleias legislativas, trata-se de um 
órgão colegiado cujos membros também ficam impedidos de atuarem com 
advogados. 
 É importante ressaltar que todos esses cargos são passageiros, ou seja, o 
impedimento ocorre apenas por um tempo determinado - que é o mandato - de 
forma que é cabível o pedido de licença profissional, não se fazendo necessário o 
cancelamento da inscrição na OAB. 
Por fim, os demais parlamentares que não integrem as mesas das respectivas casas 
legislativas estão apenas impedidos de exercer a advocacia, nos termos do art. 
30, inciso I, do EOAB. 
 
II. Ser membro de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos 
tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes 
classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos 
de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta (função de 
julgamento): A justificativa para que haja uma incompatibilidade com o exercício 
da advocacia concomitantemente com a atividade exercida pelos membros do 
39 
 
 
Poder Judiciário (juízes e promotores), é algo bem óbvio. Isto porque se houvesse 
permissão, certamente haveria uma confusão entre defensor, julgador e acusador. 
Tanto isso é verdade, que de acordo com o art. 95, § único, inciso V, da Constituição 
Federal de 198814, magistrados aposentados e/exonerados devem aguardar ao 
menos três anos em quarentena antes de retomarem o exercício da advocacia – o 
que neste caso configura um impedimento, por seu caráter meramente transitório. 
Contudo, não há impedimento legal para que ele advogue em jurisdições distintas 
daquela em que ele estava lotado. Assim, se ele integrava a justiça estadual, a 
quarentena de 3 anos abrange todos os órgãos judiciários dessa jurisdição, mas 
não os do âmbito federal, exp.: Sérgio Moro. Por fim, no caso dos Conselhos ou 
Juntas cuja regulamentação faça constar a participação de integrante indicado pela 
OAB, para esses representantes da classe dos advogados não incide a vedação. 
 
III. Ser ocupante de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração 
Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas 
ou concessionárias de serviço público (funções de direção): Este inciso destaca a 
incompatibilidade do exercício da advocacia, para os indivíduos que estejam 
ligados a algum órgão da administração púbica direta ou indireta e que possuam 
poder de decisão, ou seja, “que detenha poder de decisão relevante sobre 
interesses de terceiro”. 
Tal incompatibilidade não se aplica a todos os servidores do órgão (eles estão 
apenas impedidos), mas apenas para aqueles com poder de direção, chefia ou 
assessoramento ligados a fundações, empresas controladas pelo poder público, 
concessionárias de serviço público, ou, ainda, pertencente a qualquer um dos 
órgãos da administração pública direta. Nesse sentido, destaca o § 2º do art. 28 do 
EOAB: 
Art. 28, §2º. Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham 
poder de decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do conselho 
competente da OAB, bem como a administração acadêmica diretamente 
relacionada ao magistério jurídico. 
 
 
14 Art. 95, Parágrafo único. Aos juízes é vedado: V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se 
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 
(Incluído pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004). 
40 
 
 
IV. Ser ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a 
qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de 
registro (auxiliares e serventuários da justiça): Além dos próprios membros do 
poder judiciário destacados no inciso II do art. 28 do EOAB, a atividade da 
advocacia também é incompatível para aqueles que ocupam cargos ligados ao 
judiciário, como assessores de magistrados. 
Portanto, aos bacharéis que sejam serventuários da Justiça, analistas, auxiliares e 
técnicos judiciários, oficiais de justiça, escrivães e funcionários de secretaria e 
estagiários de pós-graduação junto ao Judiciário é terminantemente vedada a 
condição de advogado. 
Novamente, atente-se para uma regulação específica para este caso, trazida pelo 
art. 25 da Lei 8.935/94: 
Art. 25. O exercício da atividade notarial e de registro é incompatível com o 
da advocacia, o da intermediação de seus serviços ou o de qualquer cargo, 
emprego ou função públicos, ainda que em comissão. 
Assim, o dispositivo também impõe a incompatibilidade a todos os que prestam 
serviços notariais e de registros públicos por delegação do Poder Público como 
notários, tabeliães, escrivães, oficiais de registro, funcionários e empregados de 
cartórios e todos que exerçam atividades sob controle do Poder Judiciário, 
independentemente da natureza do vínculo jurídico que mantenham. 
 
V. Ser ocupante de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a 
atividade policial de qualquer natureza (atividade policial): É incompatível com 
as atividades da advocacia o exercício concomitante de qualquer uma das carreiras 
policiais. 
O motivo pelo qual há esta incompatibilidade é porque os policiais muitas vezes 
encontram-se próximos aos autores e réus de processos, o que poderia facilitar a 
captação de clientela, entre outras vantagens. 
Assim, todos aqueles que prestam serviços policiais como bombeiros, policiais 
militares, policiais civis e federais, guardas municipais, bem como os demais cargos 
vinculados a estes (efetivo ou terceirizado) - como peritos criminais, legistas, 
guardas de presídio, agentes penitenciários, investigadores, escrivães - também 
41 
 
 
exercem atividades incompatíveis com o exercício da advocacia, pois no interesse 
da população, devem os policiais exercer com exclusividade a incumbência de 
segurança pública. 
 
VI. Ser militar de qualquer natureza, na ativa (militares): Assim como ressaltado 
no inciso anterior, é incompatível com as atividades da advocacia o exercício 
concomitante de qualquer uma das carreiras militares. 
Assim, aqueles que ocupam cargos de natureza militar, seja na Marinha, Exército 
ou Aeronáutica, exercem atividades que são incompatíveis com o exercício da 
advocacia. Vale ressaltar ainda que para os “ex-militares” – também chamados de 
militares reformados – isso não se aplica, uma vez que neste caso eles não estão 
na ativa podendo, portanto, exercer livremente a advocacia. 
 
VII. Ser ocupante de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, 
arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais (atividades 
tributárias): O inciso é autoexplicativo e basta que saibamos que se agente público 
possuir competência para lançar, arrecadar ou fiscalizar tributos ou contribuições 
parafiscais (fiscais da receita, auditores, Secretário de Fazenda), ele está impedido 
de exercer concomitantemente qualquer atividade advocacia. 
Saiba que esta incompatibilidade não recai sobre servidores que detenham 
funções similares, mas que não estejam vinculados às atividades de arrecadação 
de tributos ou contribuições parafiscais, por exemplo, não são incompatíveis com 
o exercício da advocacia as atividades de fiscal de obras ou de fiscal do PROCON, 
gerando, tão somente, o impedimento previsto no art. 30, I do EOAB. 
No entanto, todos os servidores que

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