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4
ETEC DE PRAIA GRANDE
ENSINO MÉDIO INTEGRADO A QUÍMICA
ATIVIDADE DE HISTÓRIA
AMANDA GROGIA MUHRINGER
PRAIA GRANDE 
2020
RESUMO
Neste trabalho estão relacionados os presidentes do Brasil com uma breve história de vida e processo de governo de cada, incluindo forma de ingresso, ações e saída. De forma sintetizada, poderemos compreender os feitos dos presidentes e tomar nosso pensamento pela história do nosso país e compreender nossa política atual de forma resumida.
Palavras-chave: presidente, Brasil, política, resumo.
SUMÁRIO
SEGUNDA REPÚBLICA: ERA VARGAS (1930- 1945)	4
Junta Governativa Provisória de 1930	4
Getúlio Vargas	5
TERCEIRA REPÚBLICA: GOVERNOS PROVISÓRIO E CONSTITUCIONAL	6
Getúlio Vargas	6
José Linhares	7
QUARTA REPÚBLICA: REPÚBLICA POPULISTA	8
Eurico Gaspar Dutra	8
Café Filho	9
Carlos Luz	11
Nereu Ramos	13
Juscelino Kubitschek	14
Jânio Quadros	16
Ranieri Mazzilli	18
João Goulart	20
QUINTA REPÚBLICA: DITADURA MILITAR	24
Ranieri Mazzilli	24
Humberto Castelo Branco	25
Artur da Costa e Silva	26
Pedro Aleixo	28
Junta Governativa Provisória de 1969	30
Emílio Garrastazu Médici	31
Ernesto Geisel	32
SEXTA REPÚBLICA: NOVA REPÚBLICA	36
Tancredo Neves/José Sarney	36
Fernando Collor de Mello (Impeachment do Collor)	37
Itamar franco	40
Fernando Henrique Cardoso	41
Luiz Inácio Lula da Silva	44
Dilma Rousseff	45
Michel Temer	47
Jair Messias Bolsonaro	49
MAPA TODOS OS PRESIDENTES DO BRASIL	53
Gráfico	53
Fluxograma	53
CONCLUSÃO	55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	56
SEGUNDA REPÚBLICA: ERA VARGAS (1930- 1945)
Junta Governativa Provisória de 1930
Uma junta provisória militar assumiu a presidência da República, em 24 de outubro de 1930, devido aos problemas de sucessão ao governo de Washington Luís (1926-1930). A eleição presidencial, ocorrida em 1° de março de 1930 teve resultado favorável à chapa Júlio Prestes - Vital Soares, apoiada pelo presidente Washington Luís. Esse resultado foi contestado pela Aliança Liberal que havia lançado a candidatura de oposição de Getúlio Vargas, para presidente, e João Pessoa, para vice-presidente.
A Aliança Liberal era integrada pelas presidências Estaduais do Rio Grande do Sul, da Paraíba e de Minas Gerais, pelas oposições dos governos dos demais Estados do país e por setores do movimento tenentista. Dentre as propostas da plataforma dessa Aliança estavam a implementação do voto secreto, a anistia dos tenentes insurgentes, a autonomia do poder Judiciário, e a adoção de medidas econômicas protecionistas. A derrota nas urnas da candidatura de Getúlio Vargas - João Pessoa foi considerada pela Aliança Liberal como consequência da fraudulência do sistema eleitoral do período.
Getúlio Vargas
Getúlio Vargas, um dos grandes nomes da história recente do Brasil, foi militar, advogado e político. Tornou-se presidente do Brasil por meio da Revolução de 1930 e governou de maneira centralizadora, sendo forçado a renunciar quinze anos depois de ter assumido. Acabou cometendo suicídio, em 1954, durante uma intensa crise política.
Getúlio Dornelles Vargas nasceu em 19 de abril de 1882, na cidade de São Borja, localizada no estado do Rio Grande do Sul. A família de Vargas, formada por estancieiros, era rica e influente e chegou a ter influência política tanto em São Borja como no Rio Grande do Sul. Seu pai chamava-se Manoel do Nascimento Vargas, e sua mãe, Cândida Dornelles Vargas.
Getúlio era o terceiro filho e tinha quatro irmãos: Viriato, Protásio, Spartacus e Benjamin. Ingressou na carreira militar com 16 anos e atuou em um batalhão de São Borja, mas acabou sendo expulso da corporação com 18 anos de idade. Por causa da possibilidade de um conflito com a Bolívia, em 1903, Vargas ingressou novamente no Exército, mas acabou pedindo baixa no fim daquele ano.
Em 1911, quando tinha 28 anos, casou-se com Darcy Lima Sarmanho, oriunda de uma família tradicional de São Borja (a família de Darcy também era de estancieiros). No casamento, Darcy tinha apenas 15 anos de idade. Desse casamento, nasceram Lutero, Jandira, Alzira, Manuel e Getúlio Filho.
TERCEIRA REPÚBLICA: GOVERNOS PROVISÓRIO E CONSTITUCIONAL
Getúlio Vargas
A trajetória política de Vargas começou a nascer quando ele decidiu ingressar na Faculdade de Direito de Porto Alegre, em 1904. Durante a sua graduação, Vargas fez parte do Bloco Acadêmico Castilhista, o que lhe aproximou do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR). O candidato apoiado por Vargas – Carlos Barbosa Gonçalves – acabou elegendo-se presidente (governador) do Rio Grande do Sul.
A aproximação de Vargas com o PRR e com o grande nome desse partido no Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, foi extremamente importante porque garantiu a entrada de Vargas na política gaúcha. Em 1908, elegeu-se deputado estadual do Rio Grande do Sul e abandonou sua função de segundo promotor público no Tribunal de Porto Alegre.
Como deputado estadual do PRR, Vargas cumpriu o mandato e foi eleito para um segundo mandato em 1913. Um desentendimento com Borges de Medeiros fez com que Vargas renunciasse ao seu cargo de deputado estadual, só retornando para a função em 1917, depois de ser novamente eleito.
O retorno de Vargas à vida política ocorreu pela reaproximação com Borges de Medeiros. Depois de ser eleito em 1917, foi reeleito em 1921. O novo mandato como deputado estadual foi interrompido porque Vargas foi eleito para ser deputado federal em 1922. Em 1923, estourou uma guerra civil no Rio Grande do Sul e Vargas foi enviado por Borges de Medeiros como tenente-coronel.
Vargas acabou não se envolvendo em batalha e retornou ao Rio de Janeiro, ainda em 1923, para cumprir seu mandato de deputado federal. Em 1926, Washington Luís tornou-se presidente do Brasil e, durante esse governo, Vargas foi nomeado para ocupar o Ministério da Fazenda, posição que ocupou entre 1926 e 1927.
Ainda em 1927, Getúlio Vargas foi escolhido por Borges de Medeiros como seu sucessor na disputa do governo do Rio Grande do Sul. Vargas acabou sendo eleito e assumindo como presidente de estado (governador) em 1928.
José Linhares
José Linhares nasceu no Ceará, em 1886, e filho do coronel Francisco Alves Linhares. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas na Faculdade de Direito de São Paulo em 1908. José Linhares pretendia dedicar-se à magistratura, por isso o engajamento nas atividades propriamente políticas a princípio foram renegadas. Em 1932, com a criação da Justiça Eleitoral, José Linhares passou a ser desembargador do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 1937, com a instauração do Estado Novo, o TSE foi extinto e José Linhares foi nomeado por Getúlio Vargas para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), tornando-se vice-presidente e, posteriormente, presidente desse Tribunal. José Linhares permaneceu ministro do STF até o fim do Estado Novo.
Em 1945, começou a delinear-se a abertura do regime ditatorial do Estado Novo. Assim, foram realizadas as seguintes medidas: a decretação da anistia, os presos políticos foram libertos, acabou a censura à imprensa, e novos partidos políticos foram organizados. A iminente derrota do Eixo na Segunda Guerra Mundial exerceu influência sobre a política nacional brasileira, pois o combate dos soldados brasileiros aos regimes fascistas na Europa não se compatibilizava com o regime autoritário varguista. Dessa maneira, as medidas para a adoção do regime liberal foram iniciadas no ano de 1945.
QUARTA REPÚBLICA: REPÚBLICA POPULISTA
Eurico Gaspar Dutra
Eurico Gaspar Dutra ingressou na carreira militar aos 21 anos, em 1904. Durante a década de 1920 atuou na repressão ao movimento tenentista. E no ano de 1930 defendeu a permanência do governo de Washington Luís, compondo as forças legalistas. Somente em 1932 que se aproximou do governo de Getúlio Vargas, combatendo o movimento constitucionalista paulista. Entre os anos 1933 e 1934, Dutra tornou-se general e presidiu o Clube Militar. Em 1935, reprimiu a Revolta Comunista na capital federal quando ocupou a chefia da 1ª Região Militar. Em dezembro de 1936, foi nomeado ministroda Guerra, função que cumpriu até agosto de 1945, quando o Estado Novo esteve na iminência de encerrar.
A atuação de Eurico Gaspar Dutra no ministério da Guerra foi crucial para o a conclusão do regime do Estado Novo, pois se empenhou na divulgação anticomunista e no afastamento do governador do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha. Ao longo do Estado Novo, Dutra promoveu expurgos de dissidentes nas forças armadas para garantir a permanência do regime. Devido à proximidade de Dutra às tendências fascistas do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial aceitou com resistência a entrada do Brasil na guerra ao lado dos Aliados. Apesar dessa renitência em relação à adesão brasileira aos Aliados, Dutra foi o responsável por organizar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) que foi combater o fascismo na Itália.
Com o afastamento de Vargas do governo, foi empossado interinamente o ministro do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, que governou o período de três meses até concluir-se o pleito eleitoral e a posse do presidente eleito, em janeiro de 1946. A candidatura de Eurico Gaspar Dutra foi lançada pela coligação entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ambos criados com a pretensão de continuidade das políticas varguistas. Disputaram as eleições contra Dutra, o candidato brigadeiro Eduardo Gomes pela União Democrática Nacional (UDN), que combatia o varguismo, e o candidato comunista Yedo Fiúza pelo Partido Comunista do Brasil (PCB). Dutra saiu vitorioso do pleito, obtendo cerca de 55% dos votos. Em janeiro de 1946, assumiu a presidência do país.
Politicamente, Dutra afastou-se do varguismo e aliou-se à UDN por meio do Acordo Interpartidário. Economicamente, Dutra aderiu aos princípios liberais, reduzindo os investimentos públicos e promovendo o arrocho salarial. O incentivo às importações dilapidou as reservas de moedas estrangeiras e desequilibrou as contas públicas com o crescimento da inflação. Para contrabalançar a economia estatal, Dutra lançou o Plano SALTE, com postulados intervencionistas próximos aos do varguismo. O Plano SALTE consistiu em um programa econômico quinquenal para o desenvolvimento das áreas da saúde, alimentação, energia e transporte. No entanto, muitas metas desse plano não foram atingidas por falta de recursos.
Em outubro de 1950, foram realizadas eleições para a sucessão presidencial da República. Dutra apoiou o candidato Cristiano Machado do PSD. A UDN novamente lançou a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes. E Getúlio Vargas veio como candidato pela coligação entre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP). Apesar de não possuir o apoio da mídia, Vargas obteve a maioria dos votos (48,7%). A UDN contestou a vitória de Vargas no pleito, pois esse não havia obtido a maioria absoluta dos votos que seria equivalente a 50% ou mais. A Justiça Eleitoral não aceitava tal contestação, pois na Constituição de 1946 previa que bastava a maioria simples de votos. Assim, Getúlio Vargas assumiu ao posto, em 31 de janeiro de 1951, sucedendo o mandato do general Eurico Gaspar Dutra.
Café Filho
O suicídio de Vargas fez com que a breve presença de Café Filho na presidência fosse marcada por uma grande instabilidade. Para acalmar as tensões dessa época, o novo presidente saiu aos meios de comunicação prometendo assumir os compromissos firmados por seu antecessor. Entretanto, a pressão política exercida pelos setores de oposição fez com que Café Filho permitisse a entrada de políticos udenistas em seu novo gabinete ministerial.
Os grandes problemas econômicos da época (a inflação e o déficit da balança comercial) foram combatidos através da limitação do crédito, a redução das despesas públicas, a criação de uma taxa única de energia elétrica e a retenção automática do imposto de renda sobre os salários. Além disso, para buscar apoio junto aos parlamentares na aprovação de tais medidas, Café Filho declarou que seu governo tinha caráter provisório e não tinha maiores pretensões políticas.
A prova desse caráter transitório foi percebida quando o presidente negou a sugestão de adiamento das eleições estaduais, propostas por políticos que temiam uma vitória massiva do PTB por conta da comoção causada pela morte de Getúlio Vargas. O temor dos conservadores acabou não tendo reflexo nas urnas, onde os partidos getulistas tiveram um pequeno avanço. Logo em seguida, as disputas seriam reavivadas com as eleições para presidente.
Já em 1954, Juscelino Kubitschek lançou sua candidatura pelo PSD. Logo em seguida, os militares ofereceram um documento ao presidente sugerindo que as eleições fossem organizadas em torno de um único candidato aprovado pelas forças militares. A proposta – supostamente favorável aos udenistas – foi combatida pelo PTB, que compôs aliança com JK ao colocar João Goulart como vice-presidente da chapa. Com isso, a mobilização sugerida pelos militares não teve prosseguimento.
Dessa forma, a UDN enfrentou sérias dificuldades para escolher um nome que fizesse frente à chapa PTB/PSD. A escolha final da oposição acabou sendo fechada nos nomes do ex-tenetista Juarez Távora e Milton Campos. Correndo por fora, ainda havia a candidatura de Ademar de Barros, que contava com seu prestígio junto ao eleitorado paulista. De fato, as disputas naquelas eleições ficaram polarizadas entre Juscelino e Juarez Távora.
No período de campanha eleitoral, JK buscava o apoio da população com um discurso focado para o desenvolvimentismo e a imediata modernização da indústria brasileira. Entre os udenistas havia uma grande preocupação em se defender a moralização do cenário político nacional e, graças o tom incendiário de Carlos Lacerda, levantavam suspeitas sobre as reais intenções de Juscelino Kubitschek. Ainda assim, era visível que a chapa JK/Jango tinha maiores condições de vencer o pleito.
Com isso, alguns udenistas cogitaram a possibilidade de apoiar um golpe de Estado conduzido pelas Forças Armadas. No final da eleição, Juscelino Kubitschek venceu as eleições com uma pequena diferença de 6% em relação à Juarez Távora. Para tentar desarticular a vitória de JK, Carlos Lacerda ainda “plantou” uma carta que provaria a intenção de Jango em estabelecer um regime sindicalista através do oferecimento de armas ao operariado.
Em novembro de 1955, o presidente Café Filho teve que se afastar do cargo para tratar de problemas cardíacos. No seu lugar, Carlos Luz, presidente da Câmara, assumiu o posto presidencial. Entre seus primeiros atos, Carlos indicou o general Álvaro Fiúza de Castro para assumir o Ministério da Guerra no lugar de Henrique Lott. Tal medida ampliou a possibilidade de um golpe militar, já que o novo ministro era visivelmente contra a chegada de JK à presidência.
No entanto, antes de entregar seu cargo, o general Lott foi convencido por outros militares legalistas para conduzir um golpe contra o presidente Carlos Luz. Após o anúncio do golpe, Café Filho se recuperou subitamente e manifestou interesse em reassumir o posto presidencial. Entretanto, a cura repentina despertou a desconfiança de Lott, que preferiu entregar o mandato para Nereu Ramos, presidente do Senado. Assim, a transmissão do poder para Juscelino e Jango foi garantida.
Carlos Luz
Carlos Coimbra da Luz nasceu em Três Corações (MG) no dia 4 de agosto de 1894, filho de Alberto Gomes Ribeiro da Luz e de Augusta Coimbra da Luz. Diplomou-se em Direito em fins de 1915, sendo nomeado pouco depois delegado de polícia de Leopoldina e professor de geografia, corografia e cosmografia da Escola Normal da cidade. Em 1920 passou a dedicar-se à advocacia e ao jornalismo.
Em 1923 foi eleito vereador em Leopoldina, assumindo em seguida a presidência da Câmara Municipal e, depois, a prefeitura da cidade, com mandato de três anos. Reeleito, iniciou em 1927 seu segundo mandato, de quatro anos.
Em setembro de 1932 foi nomeado secretário da Agricultura, Viação e Obras Públicas de Minas Gerais. Em 15 de dezembro assumiu o cargo de secretário do Interior. Em outubro de 1934, foieleito deputado federal na legenda do Partido Progressista (PP) de Minas Gerais. Deixando seu cargo no governo do estado em janeiro de 1935, iniciou seu mandato em maio seguinte.
Em 1937, com o golpe que implantou o Estado Novo, Carlos Luz não tardou a ser nomeado por Vargas para o conselho administrativo da Caixa Econômica Federal (RJ). Em dezembro de 1938 foi eleito vice-presidente da instituição, tornando-se pouco depois membro do conselho e diretor da Companhia de Seguros Minas-Brasil, em cujos cargos permaneceria durante toda a vida.
Em julho de 1939 foi eleito presidente da Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro, passando a integrar, nesta qualidade, o Conselho Superior das Caixas Econômicas Federais. Foi reeleito para o cargo em novembro de 1942, nele permanecendo até fevereiro de 1946.
Com o fim do Estado Novo, foi convidado por Dutra para ocupar a pasta da Justiça do novo governo, empossado em janeiro de 1946. Posteriormente, nas eleições suplementares para a Câmara dos Deputados realizadas em 1947, Carlos Luz foi o único candidato eleito na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Ainda no mesmo ano, assumiu o cargo de diretor-presidente do Banco Ribeiro Junqueira S.A.
Foi reeleito para dois mandatos sucessivos na Câmara dos Deputados, em 1950 e 1954. Empossado em seu segundo mandato em fevereiro de 1955, Carlos Luz foi eleito presidente da Câmara dos Deputados.
Depois do 11 de Novembro de 1955, Carlos Luz teve uma atuação política apagada, menos vinculada à contemporaneidade dos fatos do que à polêmica retrospectiva em torno do movimento que, impedindo sua permanência e a volta de Café Filho à presidência, garantira a posse de Juscelino e Goulart. Em 3 de outubro de 1958 foi mais uma vez eleito para a Câmara dos Deputados. Entre 1951 e 1957 integrou a diretoria da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Casou-se com Maria José Dantas Luz, de quem ficou viúvo e com quem teve dois filhos e, em segundas núpcias, com Graciema Junqueira da Luz, com quem também teve dois filhos. Faleceu no Rio de Janeiro em fevereiro de 1961.
Nereu Ramos
Nereu Oliveira Ramos foi um catarinense, nascido em 3 de setembro de 1888. Bacharelou-se em Direito, em 1909, no entanto, a primeira função que exerceu foi de jornalista, tendo fundado o jornal A República. Começou a atividade política apoiando a candidatura de Nilo Peçanha à presidência, vencida pelo o opositor Artur Bernardes, em março de 1922. Na década de 1930 começou a lecionar Direito Constitucional e Teoria do Estado na Faculdade de Direito de Santa Catarina. Nereu Ramos fez parte do quadro de deputados que elaboraram a Constituição de 1934. E foi governador do Estado de Santa Catarina por uma década (1935-1945).
Em 12 de março de 1951, Nereu Ramos tornou-se presidente da Câmara dos Deputados. E, em 1955, ocupou a vice-presidência do Senado. Devido às pressões da mídia, dos empresários e forças armadas sobre o governo de Getúlio Vargas após o atentado ao Carlos Lacerda na rua Tonelero, Café Filho, vice-presidente da República, propôs a Vargas renúncia conjunta. Caso isso se efetivasse, Nereu Ramos tornar-se-ia presidente da República.
Contudo, Getúlio Vargas não aceitou tal proposta de Café Filho, e suicidou-se, em 24 de agosto de 1954. Após o suicídio de Vargas, Café Filho assumiu a presidência até o momento em que sofreu com um problema de saúde e transferiu o cargo para o presidente da Câmara dos Deputados Carlos Luz, em 8 de novembro de 1955. Carlos Luz presidiu a nação por apenas quatro dias, pois militares comandados pelo marechal Henrique Lott, no Movimento 11 de Novembro, o depuseram. Esses militares temiam que os candidatos eleitos para presidência e vice-presidência do país, respectivamente, Juscelino Kubitschek e João Goulart não seriam empossados.
Desse modo, Nereu Ramos era o próximo da linha sucessória ao cargo e tomou posse da presidência da República, em 11 de novembro de 1955. No dia seguinte, Nereu Ramos foi ao hospital e declarou a Café Filho que lhe restituiria a presidência quando o estado de saúde dele melhorasse. Porém, o ministro da Guerra Henrique Lott não permitiu que Café Filho retornasse à presidência. Assim, Nereu Ramos governou o país até a tomada de posse da presidência da República por Juscelino Kubitschek, em 31 de janeiro de 1956. Nereu Ramos assumiu o posto de ministro da Justiça do governo de Kubitschek.
Juscelino Kubitschek
Juscelino Kubitschek nasceu em Diamantina – MG, em 12 de setembro de 1902. A primeira profissão que exerceu foi de telegrafista até formar-se em Medicina em 1927. Tornou-se cirurgião e, em Paris, especializou-se em urologia. Em 1933, Kubitschek ocupou a chefia do gabinete civil do interventor Benedito Valadares no governo do Estado de Minas Gerais. Em 1935, Juscelino assumiu o cargo de Deputado Federal do qual foi deposto com o Golpe de 1937 que implantou o Estado Novo. Após a deposição, voltou a atuar como médico no Hospital Militar de Belo Horizonte.
Em fevereiro de 1940, Juscelino Kubitschek foi nomeado prefeito de Belo Horizonte, função que assumiu a revelia, pois pretendia continuar exercendo o ofício de médico. Atuou concomitantemente nas funções de médico e de prefeito. Somente em 1945 abandonou a medicina para atuar exclusivamente na carreira política, nesse ano também colaborou intensamente na formação do Partido Social Democrático (PSD). Em Belo Horizonte realizou importantes obras de infraestrutura e construiu o conjunto arquitetônico da Pampulha projetado por Oscar Niemeyer. Assim como os demais prefeitos na época, Juscelino foi afastado da prefeitura devido à deposição de Getúlio Vargas.
Em 1946, Juscelino participou da Constituinte e continuou o mandato de deputado federal. Em 1948, realizou uma viagem ao Estados Unidos e ao Canadá que influenciou bastante a forma dele de conceber a administração pública, a partir de então passou a considerar a industrialização fundamental para o crescimento do Brasil. Entre os anos de 1951 e 1954, Juscelino exerceu o cargo de governador do Estado de Minas Gerais, investindo, sobretudo, nos setores de transporte e energia.
No final do ano de 1954, Juscelino e as lideranças do PSD decidiram lançar a candidatura dele à presidência do país. O suicídio de Getúlio Vargas havia causado transtornos na sucessão presidencial. O vice-presidente Café Filho ocupou o cargo interinamente e devido aos problemas de saúde precisou ser substituído. Primeiro foi sucedido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz. No entanto, o ministro da Guerra, marechal Henrique Lott, destituiu-o, pois considerou Carlos Luz uma ameaça à sucessão presidencial de Juscelino. Em seguida, Nereu Ramos assumiu presidência na tentativa de assegurar a Café Filho a restituição do cargo. Contudo, Lott inviabilizou o retorno de Café Filho. Nereu Ramos governou até a tomada de posse de Juscelino Kubitschek na presidência e João Goulart na vice-presidência da República, em 31 de janeiro de 1956.
Dentre as primeiras proposições políticas do governo Juscelino Kubitschek esteve o Plano de Metas, também chamado de Programa de Metas. Esse plano consistia em um projeto de desenvolvimento nacional com trinta e uma metas, a trigésima primeira meta era a construção de Brasília e a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para lá. Esse plano baseou-se em estudos realizados pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos entre os anos de 1951 e 1953. Essa comissão tinha por objetivo identificar os pontos cruciais de estagnação da economia brasileira que inviabilizavam o crescimento econômico do país em um viés capitalista e liberal.
O slogan adotado para o Plano de Metas foi “50 anos de progresso em 5 anos de realizações”. O Plano de Metas pretendeu atuar em cinco setores da economia nacional e estabeleceu várias metas para cada um deles, esses setores foram: energia, transportes, indústria de base, alimentação e educação. Esses três primeiros setores mencionados receberam 93% dos recursos, e educação e alimentação contaram apenas com 7% dos investimentos. O resultado mais significativodo Plano de Metas foi o crescimento em 100% na indústria de base nacional. Contudo, a utilização de capital estrangeiro para fomentar o Plano de Metas gerou desequilíbrio monetário no país.
Assim que assumiu a presidência, Juscelino pediu o fim do estado de sítio e aboliu a censura à imprensa. No período em que Juscelino era presidente ocorria a Guerra Fria, conflito ideológico entre o Estados Unidos e a União Soviética pela disputa de áreas de influência política e econômica. Por isso, o governo estadunidense solicitou a Juscelino a instalação de áreas militares no território brasileiro, concedendo Fernando de Noronha para tais fins. Em 1957, propôs-se reatar relações comerciais com a União Soviética, esse intento foi inviabilizado por Lott que alegou o compromisso com a segurança nacional.
Em 1958, o ministro da Fazenda Lucas Lopes criou o Plano de Estabilização Monetária (PEM) para conter a inflação. O PEM promoveu a entrada de capitais estrangeiros no país, gerando forte oposição da esquerda. Em 1959, as políticas do PEM entraram em ação e causaram o aumento dos preços de insumos básicos. A população manifestou-se contra essas políticas, de modo que o ministro teve de comprometer-se em corrigir algumas medidas do PEM. A manutenção da política econômica desenvolvimentista do governo Kubitschek estava comprometida por conta das exigências financeiras do Fundo Monetário Internacional (FMI) e das manifestações populares contra a carestia, para manter o cunho desenvolvimentista do governo foi necessária o descumprimento das prescrições do FMI.
O governo de Juscelino Kubitschek foi sucedido pelo de Jânio Quadros, candidato da UDN, que obteve a maioria esmagadora dos votos nas eleições presidenciais. João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro, apesar da disparidade política em relação ao candidato à presidência, foi reeleito para o cargo de vice-presidente. Jânio Quadros e João Goulart assumiram os postos em 31 de janeiro de 1961.
Jânio Quadros
Jânio da Silva Quadros nasceu em Mato Grosso, onde atualmente corresponde ao território do Mato Grosso do Sul, em 25 de janeiro de 1917. As primeiras funções exercidas por Jânio Quadros foram de professor e advogado. Ingressou na atividade política nas eleições para vereador de São Paulo, em 1947 pelo Partido Democrata Cristão (PDC), no entanto, não recebeu a quantidade de votos suficiente para assumir o posto imediatamente. Somente com a cassação de mandatos do Partido Comunista do Brasil (PCB), Jânio Quadros passou a exercer o posto de vereador como suplente.
A plataforma política de Jânio Quadros desde o princípio já encampava a moralização do serviço público e o combate à corrupção. Com essa plataforma, Jânio tornou-se deputado estadual, em1950, e foi eleito prefeito de São Paulo, em 1953. Como prefeito uma das primeiras iniciativas foi a demissão em massa de funcionários públicos. Em 1955, foi eleito governador do Estado de São Paulo e aproximou a gestão estadual à presidência da República de Café Filho, possibilitando a recuperação econômica do Estado.
Durante o governo presidencial de Juscelino Kubitschek, o Estado de São Paulo foi o mais beneficiado pelo Plano de Metas com o crescimento industrial e a concessão de crédito. Entretanto, Jânio permaneceu alinhado politicamente à União Democrática Nacional (UDN), contrária à política nacional vigente. O desenvolvimento do Estado de São Paulo no período da gestão de Jânio Quadros favoreceu a candidatura dele à presidência da República.
Em 20 de abril de 1959, foi fundado um movimento pela candidatura de Jânio Quadros à presidência do país, o Movimento Popular Jânio Quadros (MPJQ). A campanha para a presidência adotou o seguinte slogan: “varre, varre, vassourinha, varre, varre a bandalheira”, em menção às propostas de combate à corrupção e moralização de costumes.
O governo de Jânio Quadros foi marcado por idiossincrasias e contradições do presidente. Já no dia em que tomou posse do cargo mostrou-se contraditório, no primeiro discurso elogiou o governo de JK e horas depois disse à imprensa que havia herdado dívidas do governo anterior, que não havia gerido bem o país. Jânio Quadros manteve no governo federal as medidas de moralização de costumes e tentou até mesmo proibir o uso de biquínis nas praias. Promoveu uma centralização do poder na presidência, diminuindo os encargos do Congresso Nacional.
No que se referiu à política econômica realizou uma reforma cambial que favoreceu o setor exportador e os credores internacionais. Malgrado, adotou uma política econômica conservadora e alinhada aos propósitos estadunidenses, propôs a retomada de relações diplomáticas e comerciais com países do bloco socialista (China e União Soviética), ocasionando muitas críticas dos setores que o apoiaram. Com o aprofundamento dos conflitos sociais surgiram as Reformas de Base, os movimentos sindical e camponês engajaram-se nessas propostas de reformas, entretanto, o governo estabeleceu relações dúbias com esses movimentos.
Em janeiro de 1961, foi realizada a Conferência de Punta del Este em que se discutiu a relação dos países americanos com o Estados Unidos da América. Após essa conferência, Ernesto Che Guevara, ministro da Economia de Cuba, visitou o Brasil e Argentina para agradecer o posicionamento dos governos desses países favorável à Cuba. Che Guevara recebeu de Jânio Quadros a condecoração da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, inquietando setores conservadores militares e civis.
No dia seguinte (25 de agosto de 1961), Jânio Quadros renunciou, prontamente aceita pelo Congresso Nacional. Na carta de renúncia, Jânio Quadros dizia: “Forças terríveis se levantaram contra mim”, pretendendo provocar uma comoção popular contra a renúncia. No entanto, isso não ocorreu. A transferência do cargo para o vice-presidente João Goulart passou por diversos percalços. Durante a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart estava em uma missão diplomática na China e sua imagem era relacionada ao regime comunista por parcela das forças armadas e por grupos de direita. Para tentar impedir que Goulart assumisse o cargo, os ministros militares do governo de Jânio Quadro formaram uma Junta Militar.
O Congresso Nacional considerou o veto ao governo de Goulart inconstitucional, mas restringiu os poderes do futuro presidente votando a proposta de adoção do regime parlamentarista no país. A escolha do parlamentarismo arrefeceu os grupos que pretendiam o impedimento de João Goulart. No curso das duas semanas entre a renúncia de Jânio e o retorno de Goulart, assumiu a presidência da República o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli. E, somente em 7 de setembro de 1961, João Goulart iniciou o governo presidencial em regime parlamentarista.
Ranieri Mazzilli
Paschoal Ranieri Mazzilli, paulista nascido na cidade de Caconde em 1910, graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Niterói, em 1940. Antes de formar-se bacharel em Direito já havia iniciado a carreira militar, atuando no Movimento Constitucionalista de 1932 ao lado dos paulistas, iniciou o combate na guerra civil com a patente de primeiro-tenente e durante o conflito foi promovido a capitão. E também desempenhou as funções de professor de Economia (1935-1939) e de diretor da Casa da Moeda. Após graduar-se, assumiu diversos cargos públicos como a presidência do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) (1940-1942), a direção da Caixa Econômica Federal (1947) e a direção do Banco da Prefeitura do Distrito Federal (1948).
Durante o governo presidencial de Eurico Gaspar Dutra (1946-1950), Ranieri Mazzilli cooperou com a elaboração do Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) (1950-1951). Durante a década de 1950, foi membro do Conselho Nacional do Petróleo (CNP) e de outros órgãos ministeriais relacionados ao comércio exterior e à mobilização bancária. Entre os anos de 1951 e 1966, Mazzilli ocupou o cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo, eleito para quatro mandatos consecutivos, pelo Partido Social Democráticos (PSD). Durante os anosde 1959 e 1965, foi presidente da Câmara dos Deputados e, por conta desse cargo, assumiu interinamente a presidência da República por diversas vezes. Os principais momentos em que assumiu a presidência do país foram em 1961 e 1964.
Apesar da adoção do regime parlamentarista, os conflitos políticos perduraram no decurso do governo presidencial de João Goulart. As Reformas de Base foram a principal pauta política do governo de Goulart e sofreram forte rechaço dos setores de direita e de parcela dos militares. O principal objetivo da implementação dessas reformas era atenuar as desigualdades socais no país. Dentre algumas das medidas das Reformas de Bases estavam a reforma agrária, a concessão do direito ao voto dos analfabetos e militares de baixas patentes e a ampliação do controle do Estado na economia nacional.
No dia seguinte (2 de abril de 1964), Ranieri Mazzilli, então presidente da Câmara dos Deputados, assumiu oficialmente governo provisório da República, contudo, efetivamente, o governo do país era exercido pelo autoproclamado “Comando Supremo da Revolução” composto pelos militares general Artur da Costa e Silva, almirante Augusto Rademaker Grünewald e brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo. Em 9 de abril, o “Comando Supremo da Revolução” instaurou o Ato-Institucional nº 1 (AI-1) que suspendeu direitos políticos e estabeleceu eleições indiretas. Após o AI-1 criar as garantias legais que ampararam o Golpe Militar, Ranieri Mazzilli entregou o cargo de presidente da República ao marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, em 15 de abril de 1964.
João Goulart
João Belchior Marques Goulart, apelidado de Jango, nasceu em São Borja no Rio Grande do Sul, em 1° de março de 1919. Bacharelou-se em Direito, em 1939, no entanto, não exerceu a função, atuando com a atividade agropecuária na fazenda da família. Getúlio Vargas, quando foi deposto da chefia do país em 1945, retornou a São Borja e entrou em contato com João Goulart que já desenvolvia popularidade na região. Vargas observando a notoriedade de João Goulart começou a incentivá-lo à prática política. Desse modo, João Goulart iniciou as atividades políticas, elegendo-se deputado estadual pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1947.
A consolidação da carreira política de João Goulart ocorreu com a nomeação para o cargo de ministro do Trabalho, em 1953, no governo presidencial de Getúlio Vargas. Dentre as medidas adotadas nesse ministério esteve o aumento em 100% do salário mínimo, no ano de 1954. O salário mínimo estava muito defasado por não sofrer reajustes por anos, e a inflação tornava-o ainda mais insuficiente para garantir o mínimo para a sobrevivência do trabalhador. Os setores conservadores criticaram bastante essa medida e associaram Vargas e João Goulart ao comunismo. O aumento do salário mínimo foi uma das motivações de setores das forças armadas para exigirem a renúncia de Getúlio Vargas.
Getúlio Vargas não renunciou e suicidou-se, causando grande comoção popular. A sucessão presidencial foi conflituosa nesse período, e o Movimento 11 de novembro comandado pelo general Henrique Lott atuou para garantir as posses do presidente e vice-presidente eleitos, Juscelino Kubitschek e João Goulart, no ano de 1955. No ano seguinte, em 31 de janeiro de 1956, os candidatos eleitos assumiram a presidência e vice-presidência do país. João Goulart aproximou-se ainda mais do movimento sindical, contudo, Juscelino Kubitschek procurou aplacar essa influência do vice-presidente.
Em 31 de janeiro de 1961, Jânio Quadros assumiu a presidência da República, e João Goulart novamente foi eleito vice-presidente. A Constituição de 1946, em vigor na época, previa que tanto presidente quanto vice-presidente deveriam concorrer em pleito eleitoral. Desse modo, dois candidatos com posições políticas tão díspares foram eleitos para o mesmo governo. Jânio Quadros pelo Partido Democrata Cristão (PDC) e João Goulart pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Jânio Quadros era apoiado pela União Democrática Nacional (UDN), e claramente adotava uma política antigetulista. Já João Goulart era herdeiro político de Vargas.
Quando Jânio Quadros renunciou à presidência, João Goulart estava na República Popular da China em uma delegação responsável por aproximar economicamente os países do eixo socialista ao Brasil. João Goulart foi comunicado que deveria retornar ao Brasil para assumir a presidência. No entanto, ministros militares e um grupo de civis antigetulistas formaram uma junta para impedir a posse de João Goulart, alegando que essa presidência ocasionaria instabilidade das instituições do país.
Em 29 de agosto, o Congresso Nacional vetou o pedido de impedimento da posse de João Goulart que assumiu o posto em 7 de setembro de 1961. O mandato estava previsto para terminar em 31 de janeiro de 1966 que seria cumprido em regime parlamentarista. A alteração do regime presidencialista para o parlamentarista pretendia diminuir os encargos e poderes da presidência da República. Era a primeira vez que o regime parlamentarista era implantado no período republicano brasileiro.
No regime parlamentarista o gabinete ministerial possuía mais atribuições do que o presidente. No governo de João Goulart o primeiro gabinete foi presidido por Tancredo Neves que perdurou de 8 de setembro de 1961 a 12 de julho de 1962. Esse gabinete teve por principal objetivo promover a integração nacional. O gabinete de Tancredo foi dissolvido, pois todos os ministros descompatibilizaram-se do gabinete para concorrerem às eleições de 1962.
Assim, foi formado um novo gabinete, presidido por Brochado da Rocha, que ficou responsável pela convocação de uma consulta popular acerca da continuidade do regime parlamentarista. Esse gabinete pretendeu antecipar o plebiscito e enviou ao Congresso Nacional uma emenda que antecipava a consulta para a data de 7 de outubro de 1962, mesmo período em que ocorreriam as eleições para deputados e governadores estaduais.
João Goulart convocou o novo ministério e procurou estabelecer um plano econômico que combatesse a alta inflacionária. Desse modo, foi executado o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico sob o comando de San Tiago Dantas e Celso Furtado. San Tiago Dantas viajou para Washington para acordar um plano de auxílio econômico ao Brasil. E, em território nacional, o presidente buscava meios políticos de concretizar a adequação do aumento salarial equiparado ao crescimento da inflação. No entanto, essa pauta do Plano Trienal estava causando atritos entre a presidência da República e demais setores do poder Executivo, ocasionando o fracasso do Plano Trienal.
Dentre as propostas das reformas de base estavam: a agrária, a bancária, a fiscal, a universitária, a urbana e a administrativa. Destacava-se entre essas propostas a reforma agrária que distribuiria de maneira mais equitativa a terra entre os trabalhadores rurais, para isso seria necessário mudar a exigência prevista na Constituição vigente de que a desapropriação de terras deveria sofrer indenização prévia em dinheiro. As reformas de base também previam maior intervenção do Estado na economia nacional, a ampliação do direito do voto aos analfabetos e às baixas patentes militares, e o controle do investimento econômico estrangeiro no país. Para efetivar as reformas de base, João Goulart participou de grandes comícios realizados nas principais cidades do país.
Essa mobilização pelas reformas de base desencadeou a reação de proprietários de terras, parcelas das forças armadas e dos interesses políticos estadunidenses no Brasil. Em março de 1964, os generais Artur da Costa e Silva, Castelo Branco e Cordeiro de Farias reuniram-se no Rio de Janeiro para avaliar a conjuntura e para articular medidas contra o governo de João Goulart.
Em 20 de março, Castelo Branco emitia uma circular aos oficiais do estado-maior indicando que as medidas de João Goulart ameaçava a segurança nacional. Em 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho arregimentou tropas sediadas em Minas Gerais para dirigirem-se ao Rio deJaneiro e instaurarem um regime militar. Dessa maneira, no 1º de abril de 1964, foi realizado o golpe que implementou o regime militar.
João Goulart exilou-se no Uruguai e retomou a atividade pecuária. No exílio tentou organizar, em 1966, uma Frente Ampla pela restauração do regime democrático liberal, no entanto, fracassou. E, nos anos que seguiram, dedicou-se à administração das propriedades rurais dele no Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil. João Goulart faleceu, em dezembro de 1976, na fazenda La Villa situada na Argentina.
QUINTA REPÚBLICA: DITADURA MILITAR
Ranieri Mazzilli
Paschoal Ranieri Mazzilli, paulista nascido na cidade de Caconde em 1910, graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Niterói, em 1940. Antes de formar-se bacharel em Direito já havia iniciado a carreira militar, atuando no Movimento Constitucionalista de 1932 ao lado dos paulistas, iniciou o combate na guerra civil com a patente de primeiro-tenente e durante o conflito foi promovido a capitão. E também desempenhou as funções de professor de Economia (1935-1939) e de diretor da Casa da Moeda. Após graduar-se, assumiu diversos cargos públicos como a presidência do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) (1940-1942), a direção da Caixa Econômica Federal (1947) e a direção do Banco da Prefeitura do Distrito Federal (1948).
Durante o governo presidencial de Eurico Gaspar Dutra (1946-1950), Ranieri Mazzilli cooperou com a elaboração do Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) (1950-1951). Durante a década de 1950, foi membro do Conselho Nacional do Petróleo (CNP) e de outros órgãos ministeriais relacionados ao comércio exterior e à mobilização bancária. Entre os anos de 1951 e 1966, Mazzilli ocupou o cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo, eleito para quatro mandatos consecutivos, pelo Partido Social Democrático (PSD). Durante os anos de 1959 e 1965, foi presidente da Câmara dos Deputados e, por conta desse cargo, assumiu interinamente a presidência da República por diversas vezes. Os principais momentos em que assumiu a presidência do país foram em 1961 e 1964.
Apesar da adoção do regime parlamentarista, os conflitos políticos perduraram no decurso do governo presidencial de João Goulart. As Reformas de Base foram a principal pauta política do governo de Goulart e sofreram forte rechaço dos setores de direita e de parcela dos militares. O principal objetivo da implementação dessas reformas era atenuar as desigualdades socais no país. Dentre algumas das medidas das Reformas de Bases estavam a reforma agrária, a concessão do direito ao voto dos analfabetos e militares de baixas patentes e a ampliação do controle do Estado na economia nacional.
No dia seguinte (2 de abril de 1964), Ranieri Mazzilli, então presidente da Câmara dos Deputados, assumiu oficialmente governo provisório da República, contudo, efetivamente, o governo do país era exercido pelo autoproclamado “Comando Supremo da Revolução” composto pelos militares general Artur da Costa e Silva, almirante Augusto Rademaker Grünewald e brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo. Em 9 de abril, o “Comando Supremo da Revolução” instaurou o Ato-Institucional nº 1 (AI-1) que suspendeu direitos políticos e estabeleceu eleições indiretas. Após o AI-1 criar as garantias legais que ampararam o Golpe Militar, Ranieri Mazzilli entregou o cargo de presidente da República ao marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, em 15 de abril de 1964.
Humberto Castelo Branco
Humberto de Alencar Castelo Branco foi filho de general, nascido em 1897, no Estado do Ceará. Ingressou na carreira militar, em 1918, com os estudos na Escola Militar do Realengo. Tornou-se general do Exército em julho de 1962. Durante o governo presidencial de João Goulart (1961-1964), o general Castelo Branco articulou um Golpe Militar no país conjuntamente ao general Artur da Costa e Silva, o vice-almirante Augusto Rademaker, e o tenente-brigadeiro Francisco de Assis Correia Melo. Respectivamente, esses três últimos mencionados eram ministros militares do Exército, da Marinha, e da Aeronáutica.
A proposição das Reformas de Base e a mobilização para executá-las no governo de João Goulart desencadearam a reação de setores conservadores da sociedade, como os supracitados militares, os proprietários de terras e a interferência de setores políticos estadunidenses na política brasileira. Dentre essas reformas constavam a reforma agrária, a bancária, a financeira, a universitária, a ampliação do direito ao voto, e outras medidas que pretendiam atenuar as desigualdades sociais no país. Assim, em 1° de abril de 1964, formou-se uma Junta Militar composta pelos ministros militares para depor João Goulart e evitar a implementação das Reformas de Base, instaurando o Golpe Militar de 1964.
Em 9 de abril de 1964, foi promulgado o Ato Institucional n° 1 do governo militar que possibilitou ao poder Executivo cassar mandatos eleitos, suspender direitos políticos, e declarar o estado de sítio. No dia seguinte, o Congresso elegeu o general Humberto Castelo Branco presidente da República. Castelo Branco era um militar da vertente moderada das Forças Armadas, próximo à política estadunidense, realizou um governo que teve por base de apoio das parcelas mais conservadora da União Democrática Nacional (UDN), dos militares, dos tecnocratas, e da classe média.
O governo de Castelo Branco tornou-o impopular por conta das medidas econômicas anti-inflacionárias, para garantir o pagamento de dívidas no exterior, e por causa das medidas repressivas que atingiram até mesmo políticos apoiadores do Golpe Militar. Sob as manifestações do MDB no Congresso, em outubro de 1966, o governo do general Castelo Branco foi substituído pelo governo do general Artur da Costa e Silva.
Costa e Silva alinhava-se à ala da “linha dura” das Forças Armadas, assim tornando o regime ainda mais fechado e perseguindo cruelmente a oposição. O governo de Castelo Branco terminou em março de 1967, quando assumiu o presidente Artur da Costa e Silva eleito indiretamente por uma junta de militares, designada “Comando Supremo da Revolução”. A indicação de Costa e Silva para a presidência propiciou ainda mais o fechamento do regime militar.
Artur da Costa e Silva
Artur da Costa e Silva nasceu no Rio Grande do Sul, em 1899. Ingressou na carreira militar na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1918. Costa e Silva tornou-se general do exército em 1961. Durante o governo presidencial de João Goulart (1961-1964), Costa e Silva presidiu o Ministério do Exército e foi um dos responsáveis pela elucubração e execução do Golpe Militar de 1964. Costa e Silva compôs a junta militar que governou o país após o golpe até a indicação do general Humberto Castelo Branco para a presidência.
O Ato Institucional n° 1 (AI-1), promulgado em 9 de abril de 1964, configurou o caráter ditatorial do regime instaurado, possibilitando a cassação de mandatos eleitos e a suspensão dos direitos políticos de quem se opusesse ao governo vigente. No dia seguinte ao decreto do AI-1, a junta militar que havia assumido o comando do país indicou para a presidência da República o general Humberto Castelo Branco (1964-1967). Castelo Branco era um militar da ala moderada das Forças Armadas e pró-Estados Unidos, adotou na gestão dele uma política de arrocho fiscal e medidas repressivas de perseguição política. Durante o mandato de Castelo Branco foi editado também o Ato Institucional n° 2 (AI-2), em 27 de outubro de 1965, que implantou o bipartidarismo e eleições indiretas para governadores estaduais e presidente da República.
O governo do general Costa e Silva foi marcado pela tortura dos opositores políticos ao regime, pelo cerceamento da livre expressão e de direitos políticos, institucionalizando a repressão. No mesmo dia da posse de Costa e Silva foi instituída a Constituição de 1967. O Ato Institucional n° 4 (AI-4) convocou uma Assembleia Constituinte para formular uma nova carta e substituir a Constituição de 1946. A Constituiçãode 1967 outorgou o regime militar e o Golpe de 1964, nela também foram incluídos os Atos Institucionais e Complementares propostos até aquele momento. Desse modo, a Constituição e os Atos Institucionais não conflitavam mais, como ocorria com a carta constitucional de 1946. Também, em 15 de março de 1967, foi estabelecida a Lei de Segurança Nacional pelo Decreto-Lei 314.
Em agosto de 1969, o general Costa e Silva morreu em decorrência de um derrame cerebral. Uma junta militar assumiu o poder, e vetou o vice-presidente Pedro Aleixo de assumir a presidência. Em 30 de outubro de 1969, assumiu a presidência o general Emílio Garrastazu Médici.
Pedro Aleixo
É conhecido no Brasil como "Regime Militar" o período que vai de 1964 a 1985, onde o país esteve sob controle das Forças Armadas Nacionais (Exército, Marinha e Aeronáutica). Neste período, os chefes de Estado, ministros e indivíduos instalados nas principais posições do aparelho estatal pertenciam à hierarquia militar, sendo que todos os presidentes do período eram generais do exército. Era denominada "Revolução" em sua época, sendo que os principais mentores do movimento viam o cenário político do início dos anos 60 como corrupto, viciado e alheio às verdadeiras necessidades do país naquele momento. Assim, o seu gesto era interpretado como saneador da vida social, econômica e política do país, livrando a nação da ameaça comunista e alinhando-a internacionalmente com os interesses norte-americanos, trazendo de volta a paz e ordem sociais.
Os antecedentes do Regime Militar podem ser encontrados no período Vargas, entre os responsáveis pela sua derrubada em 1945, pondo fim ao Estado Novo. Este contingente de oposição se agruparia logo depois na UDN, União Democrática Nacional, partido de orientação liberal-conservadora. Com a volta de Getúlio por meio de eleições diretas em 1951, tal grupo continuaria fazendo oposição à sua política, considerada "populista". Tal pressão acabaria por provocar o suicídio do presidente. Este gesto, apesar de frear o movimento das forças conservadoras, não impediu algumas tentativas, em especial a manobra para que o presidente eleito Juscelino Kubitschek não tomasse posse. Uma intervenção de um grupo militar não-ortodoxo garantiria a posse de Kubitschek.
Eleito Jânio, parecia finalmente que as forças que dariam respaldo aos militares subiria ao poder, mas, o temperamento ímpar do novo presidente, e sua surpreendente renúncia implodiriam o projeto conservador. Outra vez as ideias de Vargas estariam representadas por um de seus mais aplicados discípulos, João Goulart, que tinha o talento de atrair a repulsa de todos os movimentos um pouco mais à direita do espectro político. O medo de que Goulart implantasse no Brasil uma república sindicalista com o apoio discreto do Partido Comunista Brasileiro acabou lançando a classe média contra o presidente, entendendo que o Brasil caminhava para o caos do socialismo operário e campesino.
Na noite de 31 de março para 1 de abril de 1964 começa então um período de exceção, arbitrariedade, desrespeito aos poderes estabelecidos, aos direitos dos cidadãos, à sua integridade física, bem como sua liberdade de expressão. Certos de que realizavam um gesto de "purificação" do poder, o projeto de aparência edificante dos militares descamba para a repressão de toda uma nação. A Constituição seria rasgada, o judiciário perderia sua independência, e pior, os membros do legislativo seriam depostos de seus cargos como representantes legítimos do povo.
A ideia era de que quando o Marechal Humberto Castelo Branco assumisse o poder, logo o devolveria a um representante civil, garantindo mesmo as eleições previstas para 1965. Castelo Branco pertencia ao grupo moderado do movimento, chamado de "Grupo de Sorbonne". Logo, porém, os radicais assumiriam o controle do movimento, forçando a permanência dos militares no poder, em plena crença de que os entes responsáveis pelos males políticos do país ainda poderiam voltar a comandar o país.
Ao aproximar-se a Primeira Crise do Petróleo, sobe ao poder justamente o presidente da Petrobrás, General Ernesto Geisel, confrontado com o disparo da inflação e fim do milagre. Moderado, ele é incumbido de preparar a volta à normalidade, fazendo a distensão "lenta, gradual e segura". Apesar de casos infames como a morte do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho, Geisel parece conseguir seu objetivo, entregando o poder ao último general da era militar, João Batista Figueiredo. Apesar da crise econômica, que começava a atingir níveis insuportáveis, da concreta "quebra" do Brasil no plano econômico, e da impunidade de vários personagens da época da repressão, Figueiredo irá, depois de 21 anos de ditadura, transferir o poder a um civil, ainda indiretamente eleito: Tancredo Neves, que morre antes de subir ao poder. Seu vice, José Sarney, proveniente dos quadros políticos da ditadura, acabaria incumbido de guiar o país até as tão esperadas eleições diretas em mais de 25 anos, previstas para 1989.
Junta Governativa Provisória de 1969
Uma Junta de generais (formada pelos ministros militares da Marinha, Augusto Rademaker, da Aeronáutica, Aurélio de Lyra Tavares, e do Exército, Márcio de Souza e Mello) assumiu o poder com o afastamento do general Costa e Silva da presidência. Durante o governo da Junta Militar foram editados os Atos Institucionais n° 12 ao n°17, entre as datas de 26 de agosto e 14 de outubro de 1969, e a Emenda Constitucional n° 1. Essa Emenda, que passou a vigorar em 17 de outubro de 1969, alterou a Constituição de 1967, promovendo ainda maior centralização do Poder Executivo. Essa Emenda, composta pela Junta Governativa Provisória de 1969, ficou conhecida como Constituição de 1969, pois possuía prerrogativas próprias de uma constituição, reforçou os Atos institucionais, e ampliou o mandato presidencial para cinco anos, além de ter implementado outras medidas.
Os Atos institucionais editados nesse período previam: AI–12 – o afastamento do general Costa e Silva do poder e a posse da Junta Militar, em 30 de agosto de 1969; o AI-13 – o banimento de pessoas consideradas ameaças à segurança nacional pelo regime militar; AI-14 – a pena de morte para aqueles que atuassem em atividades consideradas “terroristas” pelo regime; AI-15 e AI-16 – datas para as eleições municipais e presidencial da República; e AI-17 – o afastamento de militares que comprometessem a coesão das Forças Armadas.
Durante o governo da Junta Militar ocorreu o sequestro do embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick realizado pelas organizações de luta armada Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8) e Ação Libertadora Nacional. Esse sequestro, realizado em 4 de setembro de 1969, visava a libertação de 15 presos políticos e a leitura em rede nacional de um manifesto condenando a ditadura militar. A Junta militar aceitou o acordo e o embaixador foi libertado. Os militantes que participaram dessa ação foram barbaramente torturados e, posteriormente, exilados. Esse sequestro ensejou a edição dos Atos Institucionais n° 13 e 14.
O término do governo da Junta provisória de 1969 ocorreu com a indicação do general Emílio Garrastazu Médici à presidência da República, em 30 de outubro de 1969.
Emílio Garrastazu Médici
Emílio Garrastazu Médici nasceu no Rio Grande do Sul, em 1905. Apoiou o movimento político de 1930 e combateu o movimento constitucionalista paulista de 1932. Na década de 1960, apoiou o Golpe Militar (1964), tornou-se adido militar em Washington (1964-1966), chefiou o Serviço Nacional de Informações – SNI (1967), e comandou o III exército do Rio Grande do Sul (1969). Em 30 de outubro de 1969, Médici foi indicado indiretamente pelo Alto Comando do Exército para o cargo de presidente da República. O recrudescimento do regime militar foi iniciado no governo do general Costa e Silva, e chegou ao auge no governo do general Emílio Médici.
No governo do general Médici, o combate ao regime militar se acentuou, e a repressão aos movimentos que promoveram essa resistênciatambém aumentou. A censura aos meios de comunicação e as torturas de prisioneiros políticos tornaram-se comuns. A opção pela luta armada cresceu nesse período, e dois focos guerrilheiros no meio rural foram dissolvidos, um em Ribeira no Estado de São Paulo, e outro no Araguaia no Pará. As guerrilhas urbanas também foram formas de resistência que se ampliaram, destacaram-se dois importantes militantes políticos que pensaram essa tática de combate ao regime militar: Carlos Marighella da Ação Libertadora Nacional (ALN) e Carlos Lamarca da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), ambos foram assassinados pelo regime no período do governo Médici, respectivamente nos anos 1969 e 1971.
A educação esteve marcada por um viés tecnicista e doutrinador dos valores da ditadura militar; assim foram criadas a disciplina Educação Moral e Cívica, em setembro de 1969, e Organização Social e Política do Brasil, substituindo as disciplinas de História e Geografia. Essas novas disciplinas eram ministradas para todas as séries do ensino Básico e buscavam retirar o conteúdo crítico da educação formal. Os projetos populares de alfabetização, organizados por grupos de esquerda, foram suprimidos e os militantes que participavam eram perseguidos e presos. Em substituição a esses projetos, criou-se o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral).
Outras medidas do governo Médici foram a criação, em 1970, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a expansão territorial do mar brasileiro em duzentas milhas, a ampliação das rodovias como a Transamazônica, Cuiabá-Santarém, e Manaus-Porto Velho. A ditadura militar promoveu essas medidas entre outras, de acordo com o viés desenvolvimentista adotado pelo regime, bastante influenciado pelo modelo estadunidense.
Em 15 de março de 1974, o general Médici deixou a presidência da República, e foi sucedido pelo general Ernesto Geisel.
Ernesto Geisel
Ernesto Geisel nasceu no Rio Grande do Sul, em 1907. Assim como o antecessor na chefia da República, o general Médici, Geisel também apoiou o movimento político de 1930 e combateu o movimento constitucionalista paulista de 1932. Da mesma forma como os demais generais que presidiram o país no regime militar (1964-1985), iniciou a carreira militar ainda jovem na Escola Militar do Realengo. Entre os anos de 1947 e 1950, foi adido militar na embaixada do Uruguai. Em 1964, Ernesto Geisel participou das articulações para o Golpe Militar, e tornou-se general do Exército no ano de 1966. E, em 15 de março de 1974, foi eleito indiretamente para a presidência do país.
Ernesto Geisel pertencia à linha moderada das forças armadas, pois concebia o regime militar como transitório para assegurar o liberalismo no país. Durante o governo Geisel iniciou a transição para a democracia liberal que ele mesmo designou que deveria ocorrer de forma “lenta, gradual e segura”. Algumas prerrogativas dos Atos Institucionais expiraram, como o caso da cassação aos direitos políticos de algumas personalidades pelo AI-1, e outras foram suplantadas, como a proibição à propaganda política pelo AI-5.
Em 1974, foi permitida a propaganda política e o partido de oposição aos militares, Movimento Democrático Brasileiro (MDB), obteve a maioria dos votos. No entanto, essa vitória do MDB não representou uma alteração expressiva da situação política do país, pois o MDB fazia uma oposição tímida e institucional ao regime e à Aliança Nacional Renovadora (ARENA), por conta do caráter institucional dele. Apesar da suposta mitigação da repressão do regime militar, a perseguição aos militantes de esquerda e a censura à imprensa persistiram. No governo do general Geisel, em 1975, ocorreu o assassinato do jornalista Vladimir Herzog no cárcere do DOI-CODI, ele estava preso porque veiculava notícias de crítica ao regime e por denunciar as mazelas sociais.
Durante o governo Geisel também se ampliaram as relações diplomáticas e comerciais com países com países na Europa, África e Ásia. O Brasil foi o primeiro país a reconhecer o governo português após a queda do regime salazarista, em 25 de abril de 1974. Economicamente, o país estava com alta taxa de inflação e dívida externa, isso foi acentuado pela crise internacional do petróleo de 1973. Para contornar essa crise, investiu-se no setor energético e na indústria de base por meio do II Plano Nacional de Desenvolvimento, além de lançar projetos de prospecção de petróleo pela Petrobrás.
O governo Geisel também foi marcado pelas greves dos operários do ABC paulista e pelo destaque do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, no ano de 1979.
Ao final do governo, em 1978, Geisel anulou o AI-5, preparando a abertura do regime militar. Em 15 de março de 1979, o general Geisel deixou a presidência e foi sucedido pelo general João Figueiredo.
João Figueiredo
João Baptista Figueiredo nasceu no Rio de Janeiro, em 1918. Iniciou a carreira militar na Escola Militar do Realengo (1935-1937), e na década de 1960 estudou também na Escola Superior de Guerra – ESG, conhecida como reduto de formação política dos militares que implantaram o Golpe de 1964. João Figueiredo participou da articulação do Golpe Militar de 1964, chefiou o Gabinete Militar no período do governo Médici (1969-1974) e foi nomeado para presidir o Serviço Nacional de Informações – SNI (1974 e 1979). Em 1977, tornou-se general de Exército. E, em 15 de março de 1979, foi nomeado presidente da República, sucedendo o governo do general Ernesto Geisel.
O governo do general João Figueiredo na presidência da República foi o último do regime militar. O general João Figueiredo deu continuidade ao projeto iniciado no governo anterior de abertura do regime, como designado pelos militares de maneira “lenta, gradual e segura”. Desse modo, em agosto de 1979, assinou a Lei de Anistia Política que anulou as punições aos brasileiros feitas desde 1964. Com essa lei foram revogadas as penalidades propostas nas legislações do regime militar como o exílio, a suspensão de direitos políticos, as aposentadorias compulsórias, dentre outras punições. As absolvições foram concedidas tanto aos militares que atuavam em favor do regime, quanto aos militantes de esquerda que se opuseram ao regime. Dessa forma, os crimes cometidos pelos agentes do regime também não poderiam ser julgados.
Além da Lei da Anistia, foi aprovada a Lei Orgânica dos Partidos que possibilitou a criação de outros partidos e, consequentemente, a extinção do bipartidarismo e dos partidos existentes durante o regime: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Dentre alguns dos partidos criados nesse período estiveram o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o partido que agregava arenista – Partido Democrático Social (PDS), e o Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) – que reunia antigos emedebistas. E, durante novembro de 1979, foram previstas eleições diretas para os governadores de Estados, e foi extinta a eleição indireta para senadores. Somente no ano de 1982 foram realizadas as eleições diretas para compor os quadros executivos dos Estados e da Câmara Federal, sendo a oposição majoritariamente vitoriosa nesses pleitos.
Economicamente, o governo do general Figueiredo foi marcado por inflação e estagnação econômica, evidenciando o colapso da política econômica do regime militar. Isso se somou à crise internacional do petróleo de 1979; para contornar essa crise a importação de petróleo foi reduzida e ampliaram-se as prospecções de busca por esse insumo. A crise econômica persistiu, e a dívida externa chegou ao índice alarmante de 61 bilhões de dólares. Em consequência da crise econômica ocorreram as demissões em massa nas fábricas do ABC paulista, acarretando nas greves de diversas categorias, destacadamente dos metalúrgicos, entre os anos de 1978 e 1979. Os líderes sindicais que atuaram nessas greves foram indiciados pela Lei de Segurança Nacional.
O desgaste da ditadura militar levou à criação de uma frente daoposição ao regime pela realização de eleições diretas, esse movimento ficou conhecido como “Diretas já”. Assim, uma Emenda Constitucional acerca das eleições diretas foi elaborada pelo deputado Dante de Oliveira, no entanto, não foi aprovada pelo Congresso. Em janeiro de 1985, realizaram-se eleições indiretas para presidente da República, os candidatos governistas Paulo Maluf e Flávio Marcílio foram derrotados pela oposição. Sucedeu o governo do general Figueiredo, o civil José Sarney. Tancredo Neves que havia sido eleito para o cargo de presidente da República não chegou a assumir o posto por não ter sobrevivido a diversas cirurgias. Assim, o vice-presidente José Sarney tornou-se presidente, e o regime militar foi encerrado.
SEXTA REPÚBLICA: NOVA REPÚBLICA
Tancredo Neves/José Sarney
José Sarney nasceu no ano de 1930 na cidade de Pinheiro, no Maranhão. Formado em direito, foi suplente de deputado federal, senador e governador do Estado do Maranhão ainda durante o período do Regime Militar.
José Sarney foi o primeiro presidente civil do Brasil após o longo período de Ditadura Militar no país. Sarney foi indicado, inicialmente, para a vice-presidência do país, enquanto Tancredo Neves foi o nome indicado para o cargo da presidência.
Tancredo Neves, entretanto, nem chegou a assumir o cargo de presidente, pois, por problemas de saúde, passou por um tratamento hospitalar e veio a falecer. Sendo assim, José Sarney assumiu a presidência em 1985, e ocupou o cargo até o ano de 1990.
Em sua carreira como político, também presidiu o partido contrário ao governo de Getúlio Vargas, a chamada UDN (União Democrática Nacional) e participou do partido apoiador das pautas militares, o ARENA (Aliança Renovadora Nacional), durante o Regime Ditatorial Militar no país.
Sarney tinha profundas relações com as oligarquias do Nordeste, por isso, seu governo foi marcado por tentativas de conciliar o necessário desenvolvimento econômico com a manutenção dos privilégios desse grupo.
Uma das primeiras medidas deste governo foi a criação de uma Assembléia Constituinte, com o objetivo de criar uma nova Constituição, em substituição à que foi instaurada durante o Regime Militar.
A nova Constituição ficou pronta em 1988 e garantiu eleições diretas para presidentes, governadores e prefeitos, o regime presidencialista, a independência dos três poderes (legislativo, executivo e judiciário), a garantia do direito de greve, dentre outras medidas que ajudaram no caminho para a transição democrática do país.
Além disso, a chamada “Constituição Cidadã” de 1988 garantia liberdades individuais e previa condições mínimas de subsistência para todos os cidadãos. Nela, foram também assegurados o limite de 44 horas de jornada para os trabalhadores e direitos como licença maternidade, licença paternidade e seguro-desemprego. 
Rompendo com a política econômica do governo militar que havia deixado grandes déficits, Sarney criou programas econômicos com a intenção de conter o aumento da inflação. Dessa forma, uma nova moeda foi criada no chamado Plano Cruzado.
Além disso, medidas como o incentivo à produção e o congelamento de salários e preços também foram tomadas durante seu governo. A inflação, entretanto, continuou a subir, chegando a taxas de mais de 300% entre os anos de 1986 e 1987. A crise fez com que o país deixasse de pagar os juros da dívida externa e mesmo com novos planos econômicos elaborados, a economia não melhorou, com uma taxa de inflação de 1764% em 1989. 
Outras medidas do Governo Sarney foram o ingresso no MERCOSUL e a criação do Ministério da Cultura. O Governo de José Sarney chegou ao fim em 1990, quando Fernando Collor de Mello foi eleito presidente da República via eleições diretas.
Fernando Collor de Mello (Impeachment do Collor)
Fernando Collor (1949) é um político brasileiro e primeiro presidente eleito depois do movimento de “Diretas já” que se seguiu ao fim da ditadura militar.
Três anos após seu mandato, no entanto, sofreu impeachment, sendo o primeiro presidente brasileiro a ser afastado de seu cargo por esse processo.
Fernando Collor (1949) foi presidente do Brasil de 1989 a 1992.
Após esse acontecimento, no entanto, Collor ainda insistiu na carreira política, concorrendo a diversos cargos. Conseguiu se eleger senador e continuar atuando como político, apesar do impeachment sofrido e da corrupção investigada e comprovada.
Fernando Affonso Collor de Mello nasceu no dia 12 de agosto de 1949, no Rio de Janeiro. Filho do político Arnon Afonso de Farias Melo e de Leda Collor, passou sua infância e juventude transitando entre as cidades de Maceió, Rio de Janeiro e Brasília devido a profissão de seu pai.
Collor formou-se em Ciências Econômicas, na Universidade Estadual de Alagoas. Trabalhou como estagiário no Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, e também como corretor de valores. 
Ao voltar para o Nordeste, trabalhou na direção da Gazeta de Alagoas, em 1972. Nove anos depois, iniciou sua carreira política como prefeito de Maceió, pelo partido ARENA, que apoiava a ditadura militar, então em vigência.
Em 1982, Collor elegeu-se a deputado federal pelo PSD, e depois a governador de Alagoas pelo PMDB.
Em 1989, iniciadas as primeiras eleições diretas depois da ditadura militar, Collor foi eleito presidente da república, após um período de propaganda política e midiática desigual se comparados ao outro candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
Associou sua imagem a de um “caçador de Marajás”, e assim ficou conhecido nacionalmente. Isso implicava em uma estratégia de remoção de funcionários públicos que recebiam salários desproporcionais.
No entanto, após sua posse, as medidas econômicas tomadas em seu governo geraram polêmicas e contribuíram para a impopularidade do Collor presidente. O congelamento da poupança foi uma delas. Essa iniciativa planejada pela Ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Melo tinha a intenção de combater a alta inflação.
Os cortes dos gastos estatais, as medidas de privatizações e abertura de mercado do país ao capital estrangeiro são características do plano de governo de Collor, e é considerado por muitos, um plano de modernização econômica do país.
Esses procedimentos fizeram parte do chamado Plano Collor.
Em 1992, no entanto, Collor passou a enfrentar denúncias de corrupção passiva e tráfico de influência. Tais denúncias foram feitas por seu irmão, Pedro Collor, que revelou que PC Farias, além de ser o tesoureiro da campanha do então presidente, também recebia benefícios do governo.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) investigou as denúncias que, comprovadas, resultaram no impeachment de Collor.
Impedido de exercer funções políticas por 10 anos, Collor mudou-se para Miami. De volta ao Brasil, já em 2000 tentou concorrer a eleição da prefeitura de São Paulo, mas foi impedido pelo TSE (Tribunal Supremo Eleitoral).
Já em 2002, conseguiu disputar as eleições para o governo de Alagoas, mas foi derrotado. Quatro anos depois, elegeu-se e senador, cargo que manteve durante 8 anos.
Itamar Franco foi o trigésimo terceiro Presidente da República do Brasil, entre os anos de 1992 e 1994, assumindo o cargo após o impeachment de Fernando Collor. O presidente ficou conhecido por implementar, junto ao seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, no Brasil, o chamado Plano Real. Antes disso, em sua carreira na política, passou pelos cargos de senador e prefeito.
Itamar Franco nasceu em 1930, a bordo de um navio que ia do Rio de Janeiro até Salvador. Cresceu em Juiz de Fora, onde também se formou em Engenharia Civil e Eletrotécnica. Filou-se ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) em 1958.
Seu primeiro cargo político veio ainda durante a Ditadura Militar, quando, filiado ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro), em 1967, foi eleito prefeito de Juiz de Fora. Após se reeleger em 1972, abandonou o cargo para concorrer às eleições para senador por Minas Gerais. Em 1982, reelegeu-se senador, desta vez pelo PMDB. 
Em 1986 afastou-se do PMDB e filiou-se ao PL (Partido Liberal). Entretanto, permaneceunesse último partido apenas por dois anos, quando uniu-se a chapa de Fernando Collor de Melo e concorreu como vice-presidente. 
Itamar Franco assumiu a presidência do país em janeiro de 1993, em meio a um contexto político e econômico complexo, permeado pela recessão, altos índices inflacionários e elevadas taxas de desemprego.
O governo de Itamar foi marcado por enormes esforços para organizar esse cenário. Para isso, buscou realizar alianças com diversos partidos políticos do país, principalmente o PMDB (Partido Movimento Democrático Brasileiro) e o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). 
Em abril de 1993, assim como estava instituído na constituição, foi realizado um plebiscito a fim de decidir o sistema político de governo do país. A população optou por manter o regime republicano, com 66% dos votos, e o presidencialismo, com 55%. 
Uma das mudanças mais importantes do governo de Itamar Franco foi o Plano Real, criado por Fernando Henrique Cardoso, então Ministro da Fazenda, sociólogo e um dos fundadores do PSDB. 
O objetivo do Plano Real era regular as taxas da inflação. Para isso, foi criada uma unidade real de valor (URV), que se aplicava a todos os produtos e correspondia a um dólar. Mais tarde, a URV se tornou a nova moeda brasileira, o real.
O Plano desenvolvido por FHC foi eficaz ao controlar a inflação, reduzir o déficit orçamentário e aumentar o poder de compra da população a partir do aumento das taxas de juro. Além disso, como Ministro da Fazenda, FHC promoveu a redução de gastos no orçamento público e a privatização de dezenas de empresas antes estatais.
O aumento do poder de compra da população e o controle da inflação fizeram com que Itamar terminasse seu mandato com altos índices de popularidade. Em 1994, Fernando Henrique Cardoso candidatou-se à presidência da República e foi eleito com 54% dos votos, contra 27% destinados a Luís Inácio Lula da Silva.
Itamar franco 
Itamar Franco nasceu em um voo entre Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ), em 28 de junho de 1930, contudo, seu registro de nascimento constou que foi mineiro de Juiz de Fora, nascido em 1931. Em 1954, graduou-se engenheiro pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Iniciou a carreira política durante o Regime Militar quando ingressou no partido Movimento Democrático Brasileiro, oposição tímida e institucionalizada ao regime. Elegeu-se, nesse período, duas vezes prefeito de Juiz de Fora (1967-1971 e 1973-1974), e duas vezes senador (1974 e 1982). Após o Regime Militar, tornou-se vice-presidente da República durante a gestão de Fernando Collor de Mello. Em razão do impeachment de Collor da presidência, em decorrência de casos de corrupção nos quais ele havia se envolvido, Itamar Franco assumiu a presidência do país, em 29 de dezembro de 1992. Efetivamente empossado em janeiro de 1993.
Economicamente, o país sofria com alta taxa de inflação (por volta de 30% ao mês), tornando a vida do trabalhador ainda mais precária e inibindo os investimentos no país. Com o objetivo de sanar esse problema, foi indicado para o cargo de ministro da Fazenda o sociólogo e fundador do PSDB, Fernando Henrique Cardoso que elaborou o Plano Real. Esse plano econômico, que passou a vigorar em julho de 1994, adotou a moeda Real, equiparada ao dólar estadunidense, ou seja, um real equivalia a um dólar. Além da criação da moeda real, a gestão de Fernando Henrique Cardoso no ministério da Fazenda propôs a redução de gastos públicos e a realização de privatização de grandes empresas públicas como a Açominas, a Companhia Siderúrgica Nacional, e a Companhia Siderúrgica Paulista.
Dentre eventos que tiveram destaque no governo de Itamar Franco esteve o caso de corrupção de vinte e dois deputados federais que desviaram mais de cem milhões de dólares do orçamento do país, apenas seis desses deputados tiveram os mandatos cassados. Esse caso ficou conhecido como “escândalo dos anões do orçamento” devido às baixas estaturas dos deputados envolvidos.
O Plano Real conteve o aumento da inflação e promoveu o crescimento do consumo. Desse modo, cresceu a popularidade de FHC, que propiciou a candidatura dele à presidência da República. Em abril de 1994, terminou o mandato de Itamar Franco, e em outubro desse mesmo ano realizaram-se eleições para presidente da República. Fernando Henrique Cardoso foi eleito no primeiro turno das eleições com mais de 54% dos votos, em segundo lugar ficou o candidato Luiz Inácio Lula da Silva com 27% dos votos.
Fernando Henrique Cardoso 
Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil durante os anos de 1995 e 2002, tempo que comportou seus dois mandatos. Comumente chamado pelas suas iniciais, FHC é também professor universitário, sociólogo, escritor e político. 
Sua atuação política marcou profundamente o Brasil. Além disso, foi o criador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), publicou livros importantes e lecionou em algumas das maiores universidades do país e do mundo, como Stanford, Paris, Cambridge e USP. 
Fernando Henrique Cardoso nasceu em 1931 e ainda por volta de seus 20 anos envolveu-se na carreira acadêmica, graduando-se em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo e lecionando no curso de Economia na mesma faculdade, por um convite de Florestan Fernandes, de quem foi assistente a partir de 1955. Em 1961, FHC foi realizar pós-graduação na Universidade de Paris. 
Durante o Regime Militar no Brasil, foi acusado de subversão pelo governo e acabou por se exilar no Chile, onde viveu por três anos. Lá, lecionou na Universidade do Chile, na Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais e no Instituto Latino Americano de Planejamento Econômico e Social. Também neste período, trabalhou na Comissão Econômica para América Latina e Caribe, a CEPAL. Em 1967, mudou-se para França, quando passou a lecionar na Universidade de Paris-Nanterre. 
Sua carreira acadêmica no Brasil foi retomada em 1968, quando retornou à USP. Com a instituição do AI-5, FHC foi aposentado do cargo de professor de forma antecipada e compulsória, o que o levou a dar aulas em outras universidades no mundo. 
Fernando Henrique Cardoso ingressou na política no ano de 1978 ao se candidatar pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) ao cargo de suplente de Franco Montoro. Foi eleito na época com um milhão de votos, e em 1983, com a eleição de Montoro para o governo de São Paulo, FHC assumiu o cargo de senador. Nesse período, tornou-se um dos articuladores do movimento Diretas Já, imprescindível para o fim do Regime Militar no Brasil. 
FHC disputou a prefeitura de São Paulo em 1985, mas perdeu para Jânio Quadros. Em 1986, reelegeu-se como senador. Em 1988, criou o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). 
Entre os anos de 1992 e 1995, o Brasil teve Itamar Franco como Presidente da República. Fernando Henrique Cardoso foi seu Ministro das Relações Exteriores, entre 1992 e 1993, e Ministro da Fazenda, entre 1993 e 1994.
O Plano Real e seu impacto
Como ministro, FHC criou o chamado Plano Real, que se configurava como uma plano gradual de estabilização. A implementação de uma nova moeda, o Real, em substituição aos antigos Cruzeiros, trouxe a diminuição da inflação e ao aumento do consumo. 
O sucesso de sua atuação, principalmente no âmbito econômico com o Plano Real, levou Fernando Henrique Cardoso a ganhar a disputa presidencial em 1994, tornando-se sucessor de Itamar Franco. 
Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil por dois mandatos: o primeiro entre os anos de 1994 e 1998 e o segundo entre 1998 e 2002. Ambos foram marcados por políticas fortemente neoliberais.
Adequar o Brasil a um projeto neoliberal foi a proposta fundamental do governo Fernando Henrique Cardoso. Para isso, propôs por fim efetivamente às políticas herdadas da Era Vargas, onde havia forte interferência do Estado na economia. 
Seguindo esse raciocínio, nesse período foram privatizadas importantes empresas e houve intensa entrada de capital estrangeiro no país. Dentre essas empresas podemos citar a Embratel, de telecomunicações, a Vale do Rio Doce

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