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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 UNIDADE 1 – A JUSTIÇA ELEITORAL ................... .................................................. 5 1.1 Competências ....................................................................................................... 6 1.2 Atribuições da Justiça eleitoral .............................................................................. 7 UNIDADE 2 – TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE ..... ................................. 13 UNIDADE 3 – TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS - TRE .. ................................ 17 UNIDADE 4 – JUÍZES ELEITORAIS ..................... ................................................... 19 UNIDADE 5 – JUNTA ELEITORAL ....................... ................................................... 21 UNIDADE 6 – O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL ........ .................................... 23 UNIDADE 7 – A POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL ........ ...................................... 26 UNIDADE 8 – SISTEMAS ELEITORAIS ................... ............................................... 28 8.1 Sistema majoritário .............................................................................................. 29 8.2 Sistema proporcional ........................................................................................... 32 8.3 Sistema misto ...................................................................................................... 35 UNIDADE 9 – DIREITOS POLÍTICOS-PARTIDÁRIOS ........ .................................... 37 UNIDADE 10 – O CÓDIGO E AS LEIS ELEITORAIS ........ ...................................... 50 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61 ANEXOS ................................................................................................................... 64 2 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. INTRODUÇÃO Criado em 1932, a Justiça Eleitoral é o ramo do Poder judiciário, responsável por todos os trabalhos eleitorais – do alistamento à proclamação dos eleitos. Cumpre à Justiça Eleitoral, a nobre missão de resguardar a democracia e o Estado Democrático, nos moldes do disposto no art. 1º e incisos da Constituição Federal, efetivando, praticamente, a soberania popular, a cidadania e o pluralismo político como princípios fundamentais trilhados pelo legislador-constituinte (RAMAYANA, 2010, p. 103). Segundo consta em seu sítio na Internet, a Justiça Eleitoral, enquanto ramo especializado do Poder Judiciário, atua em três esferas, desempenhando, além da função jurisdicional, as funções administrativas, normativa e consultiva. Ou seja, tem competências para julgar questões eleitorais; administrativas (na qual é responsável pela organização e realização de eleições, referendos e plebiscitos); e, elaborar normas referentes ao processo eleitoral. De acordo com os artigos 92, V e 118, I a IV, da Constituição Federal, a Justiça Eleitoral é composta pelo Tribunal Superior Eleitoral, pelos Tribunais Regionais Eleitorais, pelos juízes eleitorais e pelas juntas eleitorais. Pois bem, a organização da Justiça Eleitoral no Brasil é nosso primeiro ponto de estudo neste módulo. Na sequência, teremos como foco os sistemas eleitorais, de grande importância, devido suas distorções e peculiaridades próprias que nos levam a entender a conduta dos agentes políticos. Noções e conceitos pertinentes ao Direito Político-partidário vêm a seguir e, por fim, teceremos comentários acerca do Código Eleitoral e a legislação pertinente à matéria encontra-se em anexo. Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se fazem necessárias: 1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 3 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 3) Ora exploraremos artigos resultados de pesquisas pontuais, elaborados por pesquisadores em seus diversos níveis da Academia, sejam alunos, mestres ou doutores, ora apresentaremos as perspectivas e experiências cotidianas de empresas do setor privado, evidentemente que sempre focados nos conteúdos do módulo e sempre a título de enriquecimento para os cursistas. 4) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu julgamento” (FERREIRA, 2005)2, ou conjunto de soluções dadas às questões de direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 5) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento crítico. 6) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x mulher, mas na medida do possível iremos nos adequando à identidade de gênero, cientes de que no mundo atual as pessoas têm liberdade de se expressarem de forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada indivíduo torna-se fator de extrema importância. 1 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou similares. 2 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora Positivo, 2005. 4 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ouseja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Por fim: 8) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 5 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 1 – A JUSTIÇA ELEITORAL Os órgãos estruturantes da atual conjuntura eleitoral no Brasil são os mesmos desde a Constituição de 1946. As constituições posteriores apenas trataram de assuntos ligados às composições de cada órgão, os modos de investidura em cada um, e a competência delegada a cada órgão jurisdicional (SOUZA, 2010). Cabe destacar, por oportuno, que não fora a Constituição de 1946 quem criou a Justiça eleitoral. A justiça eleitoral brasileira foi criada através do Decreto nº 21.076 de 24 de janeiro de 1932 e constando em texto constitucional pela primeira vez na CF de 1934. Anteriormente a tal decreto, a Justiça Eleitoral era coordenada pelo Poder Legislativo. Cabe destacar também que nessa mesma oportunidade foi instituído o voto feminino. Os dois esquemas3 a seguir ilustram a posição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no organograma do Superior Tribunal Federal (STF), instâncias que veremos mais adiante. Figura 1: Organograma do STF indicando a posição do TSE. Fonte: TSE (2012). 3 Disponíveis em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=sobreStfOrganograma 6 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Figura 2: Organograma do STF. Fonte: STF (2014). 1.1 Competências A Constituição de 1988 não dispõe sobre a competência da Justiça Eleitoral, limitando-se a dizer que ela será definida em lei complementar (art. 121, caput), porém, tal lei complementar ainda não foi editada, acordando os doutrinadores que se consideram as disposições do Código Eleitoral (Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965). Na opinião de JOSÉ JAIRO GOMES (2018), embora o Código Eleitoral seja uma lei ordinária, no tocante a esse tema, foi recepcionado pela Constituição Federal como lei complementar. Disso podemos dizer que, sem incorrer em inconstitucionalidade, a lei complementar poderia ampliar ou diminuir razoavelmente essa competência. RÔMULO PIZZOLATTI (1998) assevera que a competência das justiças especializadas no Brasil (eleitoral, trabalhista e militar) se determina ratione materiae 7 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. (CF, arts. 111-24). “Matéria eleitoral”, portanto, é o campo dentro do qual se move a Justiça Eleitoral. Mas, a Constituição Federal não definiu, com contornos precisos, o que seja matéria eleitoral, remetendo à lei complementar essa tarefa (CF, art. 121, caput). Agiu similarmente no tocante à Justiça Militar, deixando à lei complementar definir a sua competência, que é julgar os “crimes militares definidos em lei” (CF, art. 124). A competência da Justiça do Trabalho, diferentemente, já veio bem demarcada na Constituição, abrangendo todos os litígios trabalhistas (relação de trabalho ou celetista), pouco importando se o empregador é pessoa de direito público ou privado, mesmo porque se trata de competência firmada ratione materiae, sem prejuízo de deixar à lei definir “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho”, servindo de exemplo a Lei nº 8.984, de 1995, a qual estende a competência da Justiça do Trabalho. De maneira bem simplista, se respondermos sim ao seguinte questionamento: “É matéria eleitoral?”, então estaremos diante de conteúdo de competência da Justiça Eleitoral. 1.2 Atribuições da Justiça eleitoral Segundo RODRIGO LÓPEZ ZÍLIO (2012), a Justiça Eleitoral possui características próprias, que a distingue dos demais ramos do Poder Judiciário. De plano, cumpre consignar que a Justiça Eleitoral não possui quadro próprio de magistrados, sendo a função dos juízes eleitorais de primeiro grau, exercida mediante delegação, por juízes de direito estaduais. A característica fundamental é que a Justiça Eleitoral apresenta funções múltiplas, não se restringindo a atividade- fim de prestar jurisdição, sendo reconhecida, ainda, as atribuições administrativa, normativa e consultiva, como veremos a seguir. a) Função jurisdicional A função jurisdicional, para solucionar os conflitos de interesses e zelar pela uniformidade das decisões da Justiça Eleitoral, se atém ao julgamento de casos referentes ao processo eleitoral, tais como: pedidos de registro de candidatos; representações sobre propaganda eleitoral; ações para apuração de crimes 8 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. eleitorais, condutas vedadas a agentes públicos, captação ilícita de sufrágio, entre outros. Assim, sempre que à Justiça Eleitoral for submetida uma disputa/demanda, esta exercitará sua função jurisdicional, por meio de seus juízes que aplicarão, ao caso concreto, o direito (GOMES, 2018). b) Função administrativa A atividade administrativa da Justiça Eleitoral se revela através da organização e da administração do processo eleitoral (lato sensu). Assim, é atribuição da Justiça Eleitoral a administração do cadastro de eleitores, procedendo aos atos de alistamento e transferência, revisão do eleitorado, designação de locais de votação, criação das seções eleitorais e Zonas Eleitorais, nomeação e convocação de mesários e escrutinadores (ZÍLIO, 2012). Essa função da Justiça Eleitoral desempenha papel relevante, pois os atos preparatórios das eleições são dispendiosos e consomem dinheiro, material e força de trabalho de inúmeros servidores. É a Justiça Eleitoral que administra todo o processo eleitoral, ou seja, é ela que prepara, organiza e administra todas as etapas a ele relacionadas. Segundo JOSÉ JAIRO GOMES (2018), o que caracteriza a função administrativa é a inexistência de conflito ou lide para ser resolvida. Logo, a função administrativa é responsável, dentre outras coisas, pelo alistamento de eleitores, emissão de título eleitoral, transferência de domicílio, fixação de local de votação, nomeação de mesários, apuração de votos e expedição de diplomas aos eleitos. c) Funçãoconsultiva Essa competência da Justiça Eleitoral encontra-se prevista nos artigos 23, XII, e 30, VIII, do Código Eleitoral, e determina que o Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais devem responder a questionamentos sobre assuntos relacionados à matéria eleitoral. Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior: XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político; 9 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais: VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político. As questões formuladas não podem ter relação ou semelhança com casos concretos e devem ser respondidas pelo TSE, desde que feitas por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político, ou pelos Tribunais Regionais Eleitorais, desde que demandadas por autoridade pública ou partido político. As respostas às consultas não vinculam outros tribunais ou juízes, contudo, na prática, são usadas como referência e fundamento para casos similares. A função consultiva é característica extremamente peculiar e própria da Justiça Eleitoral. A consulta tem por finalidade esclarecer determinadas dúvidas, tornando público o entendimento da Corte sobre matéria eleitoral. A importância da consulta cresce progressivamente na medida em que a composição das Cortes Eleitorais se modifica substancialmente e com frequência, por força do rodízio bienal, ocorrendo, invariavelmente, oscilação no entendimento pretoriano, o Código Eleitoral atribui competência para responder consulta sobre matéria eleitoral, a serem formuladas por autoridade pública ou partido político, ao Tribunal Superior Eleitoral (art. 23. Inciso XIII) e aos Tribunais Regionais Eleitorais (art. 30, inciso VIII). Portanto, havendo previsão de competência apenas para os Tribunais Eleitorais, não há possibilidade de o Juiz Eleitoral responder à consulta, já que inexiste qualquer referência expressa no art. 35 do CE. A legitimidade para formular consultas junto ao TSE é de autoridade pública, com jurisdição federal, ou partido político, através de seu órgão de direção nacional, ao passo que, perante o TRE, a legitimidade é do órgão de direção estadual do partido político, além da autoridade pública. Por consequência, não é reconhecida legitimidade para o diretório municipal de partido político formular consulta junto ao TRE, em face à limitação de circunscrição do órgão partidário (TRE-RS - Consulta nº 252008 - ReI. Jorge Alberto Zugno - j. 26.06.2008). A consulta somente pode envolver matéria exclusivamente eleitoral, sendo descabido o questionamento sobre matéria constitucional, administrativa ou partidária. Por matéria eleitoral entende-se, em suma, toda atividade desenvolvida com vista à realização do pleito, envolvendo desde a fase preparatória até a data da 10 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. diplomação. De igual sorte, toda matéria envolvendo questionamento sobre as ações eleitorais (lato sensu) é matéria eleitoral e apta a ser respondida mediante consulta, desde que presentes os demais requisitos legais. Portanto, v.g., a matéria eleitoral abrange os atos de alistamento, transferência e cancelamento de inscrição, convenção partidária para escolha de candidatos, coligações, registro de candidatos, condições de elegibilidade, hipóteses de inelegibilidade, propaganda eleitoral, pesquisa eleitoral, direito de resposta, arrecadação de recursos, prestação de contas, diplomação, ações eleitorais, entre outros (ZÍLIO, 2012). Frise-se que a consulta não pode ser sobre uma situação determinada e concreta, somente sendo possível versar sobre situação “em tese”, sob pena de não conhecimento. Justifica-se a necessidade da consulta somente ser formulada sobre situação em tese, porquanto, a natureza consultiva é de mera orientação, sem qualquer caráter vinculativo. Daí, pois, não tendo poder de vinculação, somente pode ser respondida sobre situação em abstrato. Segundo TORQUATO JARDIM (1998, p. 183), consultar em tese é descrever situação, estado ou circunstância genérica o bastante para (a) tal qual a norma jurídica, admitir-se provável sua repetição sucessiva e despersonalizada, e (b) revelar-se a dúvida razoável e genuína, em face de lacuna ou obscuridade legislativa ou jurisprudencial, porém, jamais, antecipação de julgamento judicial ou supressão de instância. A complexidade da matéria, contudo, não impede o conhecimento da consulta, até mesmo porque uma das finalidades primordiais da matéria consultiva é o esclarecimento de dúvidas sobre situações não suficientemente elucidadas pela legislação. Porém, não há como conhecer consulta formulada com muita amplitude, de modo a impedir a fixação de diretrizes mínimas para a resposta. Como somente é possível conhecer de consulta formulada em tese, o entendimento é que a Justiça Eleitoral somente responde consultas até o período anterior à realização das convenções partidárias. Com efeito, considerando que a partir da deliberação das convenções partidárias se inicia o processo de individualização das candidaturas e dos registros, conclui-se que a partir de tal interregno já existem interessados específicos para as consultas formuladas, sendo vedada a atividade consultiva das Cortes Eleitorais. Por consequência, não se 11 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. conhece de consulta após iniciado o processo eleitoral, porque o objeto da consulta poderá ser apreciado, em caso concreto, pela Justiça Eleitoral. A resposta à consulta não tem natureza normativa, ou seja, não vincula o Tribunal, o consulente ou a terceiros; no mesmo norte, não tem conteúdo decisório. Apenas serve como orientação, em tese, sobre determinada matéria eleitoral, não significando que, quando do julgamento de caso concreto, o órgão consulente observará incondicionalmente as diretrizes expostas na consulta. Como referido por TORQUATO JARDIM (1998, p. 184), as respostas às consultas refletem recomendação, um entendimento prévio posto em situação abstrata, porquanto não se respondem a casos concretos. É palavra dada em sessão administrativa, ausente qualquer defesa ou contraditório ou publicidade, requisitos essenciais ao due process da sentença judicial, ainda que palavra motivada (CF art. 5°, LII, LV, LVII, e 93, IX e X4). Por não ter caráter normativo, não enseja ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade; por não ter conteúdo decisório, não cabe a interposição de recurso. Neste sentido, já restou assentado pelo STF o não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade, no que concerne às Resoluções referidas do TSE, em respostas as consultas, porque não possuem a natureza de atos normativos, nem carátervinculativo (ADIN nº 1805-2 - ReI. Néri da Silveira - j. 26.03.98). Em outra oportunidade, a Corte Suprema concluiu pela impossibilidade de controle abstrato de constitucionalidade do § 1° do art. 4° da Res. nº 20.993/02 – que dispunha sobre a verticalização –, aduzindo que o dispositivo impugnado é ato de interpretação, fruto de resposta à consulta, caracterizando-se como ato normativo secundário. Nessa linha de pensamento, JOSÉ NÉRl DA SILVEIRA (1998, p. 60) define a natureza jurídica da consulta, aduzindo que cuida-se, aí, de exercício de competência materialmente administrativa, não se revestindo a deliberação da Corte Eleitoral de caráter vinculativo ou obrigatório. Anotou-se que a resposta à consulta não obriga quer o consulente, quer terceiros, nem dela coisa julgada resulta, não se caracterizando, assim, a resolução como ato normativo, suscetível de 4 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004. 12 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. controle concentrado de inconstitucionalidade, ut art. 102, I, letra a, da CF. A resposta à consulta, em torno da exegese de determinada norma, traduz, é certo, a compreensão da Corte, em abstrato, sobre a matéria eleitoral em exame, mas não se erige em deliberação ou disposição de caráter imperativo, como é da natureza da norma jurídica ou do ato normativo stricto sensu. A consulta, em regra, sempre recebe a forma de resolução pela Corte Superior, até mesmo porque de acórdão – que é ato de jurisdição dos tribunais – não se trata. Portanto, ao fim, resta distinguir: se se trata de resolução emanada pelo TSE, é cabível o ajuizamento de ADIN ou, mesmo, de recurso; no entanto, se se trata de resposta à consulta formulada pelo TSE, embora também o seja na forma de resolução, não é cabível ADIN ou recurso (ZÍLIO, 2012). d) Função normativa Refere-se à competência para expedir instruções para a fiel execução da legislação eleitoral. JOSÉ JAIRO GOMES (2018) ensina que a resolução da Justiça Eleitoral apresenta natureza de ato-regra, uma vez que cria situações gerais, abstratas e impessoais, modificáveis pela vontade do órgão que a produziu. A função normativa da Justiça Eleitoral é prevista no Código Eleitoral, no seu artigo 1º, parágrafo único, e no artigo 105, da Lei nº 9.504/975, a qual estabelece normas para eleições. 13 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 2 – TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com sede em Brasília e órgão máximo da Justiça eleitoral, será composto de, no mínimo, 07 ministros, escolhidos da seguinte forma, conforme o art. 119 da CF/1988: • três oriundos do STF, escolhidos por eleição, mediante voto secreto; • dois oriundos do STJ, também por eleição, mediante voto secreto; • dois juízes, oriundos da lista sêxtupla da classe dos advogados, “com notável saber jurídico e idoneidade moral”, indicados pelo STF e nomeados pelo Presidente da República. A Constituição Federal exige que essa última classe de juízes, que completa a composição do TSE, seja preenchida apenas por advogados, cujas indicações sejam feitas pelo próprio Poder Judiciário e não pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como ocorre nas demais indicações de advogados para composição do quinto constitucional de outros Tribunais. Para que seja mantida a total imparcialidade dos juristas, que passam a funcionar como juízes da Corte Eleitoral, não pode ser nomeado advogado que ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político em qualquer das esferas, seja Federal, Estadual ou Municipal (CE, Art. 16, § 2º). O Presidente e o Vice-Presidente do TSE, obrigatoriamente, são originários do STF, ao passo que o Corregedor Eleitoral, obrigatoriamente, é originário do STJ (art. 119, parágrafo único, da CF). Não há previsão de indicação de membro do Ministério Público para compor o TSE. Os membros dos Tribunais, no exercício de suas funções, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis (art. 121, § 1°, CF). Nesta esteira, conclui-se que os componentes dos Tribunais terão as mesmas garantias inerentes aos demais membros da magistratura, ressalvada – por força da nomeação por biênio (e a possibilidade de uma recondução - art. 121, § 2°, CF) – a vitaliciedade. 14 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. A duração dos mandatos de todos os membros da Corte Superior é de dois anos, podendo haver a recondução por mais um biênio consecutivo, que serão contados ininterruptamente, mesmo estando eles em gozo de férias ou licença. A única exceção a esta regra é quando o Juiz for parente consanguíneo ou afim, até o 2° grau de candidato a cargo eletivo na circunscrição. Para cada membro do TSE existe um substituto legal, escolhido na mesma ocasião do titular, pelo mesmo processo e em número igual para cada categoria. O TSE é órgão colegiado unicameral, ou de turma única, que delibera por maioria de votos, em sessão pública e com a presença da maioria de seus membros. Nos julgamentos a respeito da interpretação do Código Eleitoral e da Constituição Federal, naqueles em que importe a cassação do registro de Partidos Políticos ou anulação geral de eleições e perda de diplomas, as deliberações só poderão ser tomadas com a presença de todos os membros. As competências do Tribunal Superior são explicitadas nos artigos 22 e 23 do Código Eleitoral. O TSE julga matérias: � originárias (primárias, em 1° grau, ou pela primeira vez); � em grau de recurso (decisões em 2° grau); � privativas (matérias administrativas, de organização interna). De acordo com o artigo 22 do Código Eleitoral, compete ao Tribunal Superior Eleitoral: Processar e julgar originariamente: - o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República; - os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de Estados diferentes; - a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da sua Secretaria; - os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais; - o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da República, dos ministros de estado e dos Tribunais 15 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escritodo Grupo Prominas. Regionais; ou ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração; - as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos; - as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República; - os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada; - as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos; - a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível. Compete ainda ao Tribunal Superior Eleitoral julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais, nos termos do artigo 276 do Código Eleitoral, inclusive os que versarem matéria administrativa. E, nos termos da Constituição Federal, artigo 121, § 3º, são irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Em matéria de competência administrativa, estabelece o artigo 23, do Código Eleitoral que, compete privativamente, ao Tribunal Superior: - elaborar o seu regimento interno; - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei; - conceder aos seus membros licença e férias, assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos; - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais; - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios; - propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juízes de qualquer Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse aumento; 16 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, Senadores e Deputados Federais, quando não o tiverem sido por lei; - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas; - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código; - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência fora da sede; - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos termos do art. 25; - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese, por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político; - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo; - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência; - requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando exigir o acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria; - publicar um boletim eleitoral; - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação eleitoral. 17 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 3 – TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS - TRE Os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) compor-se-ão (art. 120, CF/88): mediante eleição, pelo voto secreto, de dois juízes dentre os desembargadores do TJ (inciso 1, a) e de dois juízes, dentre os juízes de direito, escolhidos pelo TJ (inciso I, b); de um juiz do TRF, com sede na Capital ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz Federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo (inciso II); de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo TJ e nomeados pelo Presidente da República. O STF, em interpretação dada ao art. 94 da CF, tem entendido lícita a exigência de dez anos de efetiva atividade jurídica como requisito para que advogados possam vir a integrar os tribunais regionais eleitorais (Recurso em Mandado de Segurança nº 24.232 - ReI. Joaquim Barbosa - j. 29.11.2005). No mesmo norte, deve-se destacar que – ao contrário da composição do quinto constitucional dos TJ – a indicação dos advogados para compor o TRE é exclusiva do TJ, sem participação da entidade de classe dos advogados (OAB) (ZÍLIO, 2012). O TSE já decidiu que Procurador do Estado pode compor a lista tríplice do Tribunal Regional, na classe de juristas, imprimindo, portanto, interpretação extensiva à expressão “advogado” (Encaminhamento de Lista Tríplice nº 502 - ReI. Cezar Peluso - j. 16.10.2007). O TRE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente, obrigatoriamente, dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça (art. 119, § 2°, da CF). Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos (art. 121, § 2°, da CF). De igual modo, não há previsão da indicação de membro do Ministério Público para compor o TRE. De acordo com o Código Eleitoral (art. 29), são competências do TRE, dentre outras: I - processar e julgar originariamente: a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a governador, vice- governador e membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas; b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo Estado; 18 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros, ao Procurador Regional e aos funcionários da sua Secretaria, assim como aos juízes e escrivães eleitorais; d) os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais; e) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos. II - julgar os recursos interpostos: a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais; b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado de segurança. São competências privativas do TRE, dentre outras: a) constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição; b) apurar, com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os resultados finais das eleições de governador e vice-governador, de membros do Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas, remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior,cópia das atas de seus trabalhos; c) responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político; d) dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo esta divisão, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior; e) requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões e solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força federal; f) cumprir e fazer cumprir as decisões e as instruções do Tribunal Superior; g) determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na respectiva circunscrição. 19 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 4 – JUÍZES ELEITORAIS Os Juízes Eleitorais são Juízes de Direito estaduais que exercem, por delegação, a função eleitoral. São, portanto, oriundos da Justiça Estadual e designados pelo TRE. Somente Juiz de Direito, ainda que em vitaliciamento, pode ser Juiz Eleitoral, não havendo a possibilidade de nomeação de Pretor para o exercício da função especializada. O TSE já assentou que “Juiz substituto atual da Corte não pode assumir titularidade de zona eleitoral, ainda que seja apenas eventualmente convocado para tomar assento na Corte” (Processo Administrativo nº 19.393 - ReI. Cezar Peluso - j. 01.08.2006) e, ainda, determinou a reintegração de juiz que fora, imotivadamente, afastado da função de Juiz Eleitoral, antes do término do biênio, assentando a garantia da inamovibilidade e afastando a caracterização da nomeação como função de confiança (Recurso em Mandado de Segurança nº 239 - ReI. Luiz Carlos Madeira - j. 02.09.2003). Cada Juiz Eleitoral tem jurisdição em uma determinada zona eleitoral. Em regra, a zona eleitoral corresponde a uma comarca, embora a assertiva nem sempre corresponda à realidade, dada a autonomia de cada um dos órgãos do Poder Judiciário (Justiça Comum e Justiça Eleitoral). Viável, nesse ponto, a distinção entre zona eleitoral e circunscrição eleitoral. Aquela é a delimitação do exercício da jurisdição, ou seja, é a divisão territorial da Justiça Eleitoral; esta corresponde ao âmbito de abrangência territorial em que é realizada a eleição e se encontra definida no art. 86 do CE. Os juízes eleitorais são órgãos de primeiro grau e exercido por juízes de direito da comarca da área da zona eleitoral. Nas comarcas onde houver número de varas superior ao de zonas, caberá ao Tribunal Regional Eleitoral designar o magistrado que atuará na zona eleitoral, tendo o Tribunal Superior Eleitoral aprovado a Resolução nº 20.505/99, que estabelece o sistema de rodízio. O artigo 32 do Código Eleitoral exigia que o juiz eleitoral substituto fosse vitalício, de acordo com o artigo 95 da Constituição, mas esse dispositivo foi revogado pelo artigo 22, § 2°, da Lei Complementar nº 35/79 (Lei Orgânica da 20 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Magistratura), que reza que “o juiz de direito substituto poderá exercer todas as funções do juiz vitalício”. Aos juízes eleitorais, na competência jurisdicional, cabem: • processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos tribunais regionais; • decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa competência não esteja atribuída privativamente à instância superior; • expedir salvo-conduto, com a cominação de prisão por desobediência de até cinco dias, em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na sua liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado, medida válida para o período compreendido entre 72 horas antes e 48 horas depois do pleito; • processar e julgar as reclamações ou representações relativas apresentadas pelos partidos políticos, coligações ou candidatos, relativas ao cumprimento dos preceitos contidos na Lei 9.504/97. No entanto, como atribuição administrativa, cabe ao Juiz eleitoral: • expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor; • dividir a zona em seções eleitorais; • mandar organizar, em ordem alfabética, uma relação dos eleitores de cada seção, para remessa à mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação; • ordenar o registro e a cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos; • fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensa do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais. 21 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 5 – JUNTA ELEITORAL As juntas eleitorais são órgãos colegiados de atuação provisória, constituídos 60 dias antes das eleições e extintos logo após o fim dos seus trabalhos. As juntas atuam somente nas fases finais do processo eleitoral e têm como trabalho principal a apuração e a totalização dos votos. Nas eleições municipais, as juntas permanecem até a proclamação dos resultados das eleições e a diplomação dos eleitos. A Junta Eleitoral é órgão colegiado na Justiça Eleitoral com existência, apenas, junto à instância de primeiro grau. Por expressa disposição constitucional, os membros das juntas eleitorais, no exercício de suas funções e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis (art. 121, § 2°, da CF). As juntas eleitorais serão compostas de um Juiz de Direito, que será o Presidente, e de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade (art. 40, caput, do CE), devendo os membros da junta ser nomeados até sessenta dias antes da eleição (art. 36, § 1º, do CE), sendo cabível impugnação da indicação (art. 36, § 2°, do CE). A opção pelo legislador, quanto à composição total da junta eleitoral, é de uma formação ímpar (três ou cinco membros), de modo a evitar situação de empate em suas decisões. O § 3° do art. 36 do CE estabelece vedação para a nomeação de membros das juntas, escrutinadores ou auxiliares, relação que, segundo a doutrina eleitoral, é meramente exemplificativa. A Junta Eleitoral é competente para apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais, sob a sua jurisdição, além de resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração, expedir os boletins de apuração e o diploma aos eleitos para cargos municipais. Com a adoção do sistema de votação informatizado, resta bastante reduzida a atribuição da Junta Eleitoral, dado que a apuração e a totalização ocorrerão através dos programas de computador e geração de dados e os boletins de apuração serão expedidos eletronicamente. Em suma, a Junta Eleitoral tem competência restrita à fase da apuração e diplomação (ZÍLIO, 2012). Como as funções das juntas eleitorais estão diretamente relacionadas com a apuração de votos, elas só funcionam plenamente em casos de uso da urna tradicional, o que demonstra que, atualmente, com o advento da urna eletrônica e da 22 Todos os direitos são reservadosao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. apuração informatizada, suas funções ficaram um pouco esvaziadas. Porém, independentemente disso, a competência para expedição dos diplomas dos Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores, ainda é da junta eleitoral, e o diploma é expedido pelo juiz eleitoral no papel de presidente da junta (ZÍLIO, 2012). Guarde... As juntas eleitorais são órgãos colegiados de primeiro grau competentes para apuração e diplomação nos cargos municipais, sendo formados por juiz eleitoral presidente e dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade, maiores de 18 anos. Não confundir as juntas eleitorais com as antigas juntas do trabalho. As juntas do trabalho foram extintas pela Emenda Constitucional nº 45/2004, mas as juntas eleitorais permanecem no artigo 118, IV, da CF. Nos municípios com mais de uma zona eleitoral, todas as juntas possuem competência para a apuração, mas somente a mais antiga é responsável pela diplomação. 23 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 6 – O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, com a incumbência precípua da defesa do regime democrático, revelando-se, neste ponto, sua irrefutável legitimidade para atuar em todos os feitos eleitorais. Assim, embora não haja referência expressa ao Ministério Público Eleitoral na Constituição Federal de 1988, a previsão que concede legitimidade plena ao órgão ministerial em matéria eleitoral resta consubstanciada no próprio caput do art. 127 da Carta Maior. A atividade do Ministério Público Eleitoral é, originariamente, função do Ministério Público da União, regrada pelos artigos 72 à 80 da LC nº 75/93, a qual dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União. Portanto, da mesma sorte que ocorre em relação aos Juízes Eleitorais, não existe categoria própria de Promotores Eleitorais. O Procurador-Geral Eleitoral, que possui atribuição para o exercício das funções eleitorais nas causas de competência do TSE, é o Procurador-Geral da República (arts. 73 e 74 da LC nº 75/93); por tal motivo, inexiste limite para recondução do Procurador-Geral Eleitoral (art. 128, § 1º, CF). É atribuição do Procurador-Geral Eleitoral, entre outras, designar o Procurador Regional Eleitoral de cada Estado e dirimir conflitos de atribuições (art. 75, incisos I e III, da LC nº 75/93). O substituto do Procurador-Geral Eleitoral é o Vice-Procurador Geral Eleitoral, que deve ser designado dentre os Subprocuradores-Gerais da República (art. 73, parágrafo único, da LC nº 75/93). O Procurador Regional Eleitoral, juntamente com seu substituto, será designado pelo Procurador-Geral Eleitoral dentre os Procuradores Regionais da República nos Estados e no Distrito Federal ou, onde não houver, dentre os Procuradores da República vitalícios, para um mandato de dois anos, podendo ser reconduzido uma vez (art. 76, § 1°, da LC nº 75/93). O Procurador Regional Eleitoral tem atuação perante o TRE e pode ser destituído, antes do final do mandato, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, anuindo a maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal (art. 76, § 2°, da LC nº 75/93). As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e Juntas Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral (art. 78 da LC nº 75/93), que será membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo incumbido do 24 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. serviço eleitoral de cada Zona (art. 79 da LC nº 75/93). O artigo 32 da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93) determina que compete aos Promotores de Justiça, dentro da esfera de suas atribuições, oficiar perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, com as atribuições do Ministério Público Eleitoral previstas na Lei Orgânica do Ministério Público da União que forem pertinentes, além de outras estabelecidas na legislação eleitoral e partidária. Os promotores eleitorais são indicados pelo Procurador-Geral de Justiça e designados pelo Procurador-Regional Eleitoral, em face da interpretação conjugada do art. 10, inciso IX, alínea h, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93) com os artigos 77, parágrafo único, e 79 da LC nº 75/93. De regra, o Procurador-Regional Eleitoral acolherá a indicação do Procurador-Geral de Justiça somente cabendo cogitar de recusa à indicação nos atos em que houver expressa vedação legal, com a respectiva fundamentação. É vedada, por exemplo, a indicação de Promotor de Justiça para as funções eleitorais até dois anos após o cancelamento da sua filiação partidária, na forma prevista pelo art. 80 da LC nº 75/93 (ZÍLIO, 2012). Embora ausente previsão legal, JOSÉ JAIRO GOMES (2018) observa que a destituição do Promotor de Justiça Eleitoral é atribuição do Procurador-Regional Eleitoral, que é quem possui a atribuição para a designação. Atualmente, a Resolução nº 30, de 19 de maio de 2008, do Conselho Nacional do Ministério Público estabelece parâmetros para a indicação e a designação dos membros do Ministério Público para exercer função eleitoral em primeiro grau. Em síntese, pela incumbência da proteção da ordem jurídica e do regime democrático, o Ministério Público Eleitoral sempre tem atuação em matéria eleitoral – seja de jurisdição voluntária ou contenciosa, seja como autor da ação ou, necessariamente (quando não for o autor), como custos legis. A amplitude da intervenção ministerial, em matéria eleitoral, é dada pelo art. 127, caput, da CF e, em nível infraconstitucional, pelo disposto no art. 72 da LC nº 75/93, que prevê a atuação: “em todas as fases [fase preparatória, votação/totalização e diplomação] e instâncias do processo eleitoral”. 25 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Por conseguinte, não se concebe a existência de processo eleitoral – seja contencioso ou administrativo – sem a participação do Ministério Público, sob pena de nulidade, porquanto, é objetivo precípuo da instituição ministerial, a proteção da isonomia de igualdade entre os candidatos e da normalidade e legitimidade do pleito. Nesse sentido, ÉDSON DE RESENDE CASTRO (2004, p. 55) ressalta que: a partir do art. 127 da CF/88, tornou-se evidente que sua atuação é indispensável em toda e qualquer fase do processo eleitoral, desde as atividades meramente administrativas (alistamento eleitoral, nomeação de mesários, designação de local de votação, diplomação, etc.) até as jurisdicionais propriamente (ação de impugnação ao registro de candidatura, representação, investigaçãojudicial, ação de impugnação de mandato eletivo, etc.). É que o ordenamento constitucional exige que seja garantida a lisura do processo eleitoral como pressuposto da observância da ordem jurídica e da manutenção do regime democrático de direito. E o Ministério Público aparece neste contexto como defensor natural do interesse público, consistente em garantir que cada cidadão possa votar livremente, e o resultado das urnas coincida com a vontade popular. A jurisprudência tem assentado a ampla legitimidade do Ministério Público para atuar em todas as fases do processo eleitoral, em vista de sua condição de fiscal da lei e da Constituição Federal. Como exceção, contudo, não é reconhecida legitimidade ao Ministério Público Eleitoral para execução das multas eleitorais; nesse caso, porque se trata de dívida ativa, a legitimidade é da Fazenda Pública (TSE - Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 5.764 - ReI. Caputo Bastos - j. 25.08.2005), embora o STJ tenha assentado que a competência para a execução das multas eleitorais é da Justiça Eleitoral (ZÍLIO, 2012). 26 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 7 – A POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL Se a Justiça Eleitoral tem caráter Federal e o Ministério Público é o Federal (ou estadual, agindo sob delegação), cabe verificar qual a polícia judiciária que deverá instaurar e presidir os inquéritos policiais eleitorais. Essa tarefa, não haja dúvida, é da Polícia Federal, pois os crimes eleitorais afetam bens jurídicos de interesse da União Federal (independentemente da localidade da disputa eleitoral). A essa polícia é que incumbe, nos termos do art. 144 da Constituição: “§ 1º [...] IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União”. Entretanto, na prática, não tem acontecido assim. A maioria dos inquéritos policiais relativos a crimes eleitorais é instaurada e conduzida pela Polícia Civil Estadual. As razões para isso são várias. Em primeiro lugar, a Polícia Federal não tem a estrutura, pessoal e “capilaridade” para estar representada em todos os municípios brasileiros (e, em todos eles, há eleições!). Em segundo lugar, os Promotores Eleitorais estão mais familiarizados com a Polícia Civil Estadual, por serem, afinal, membros do Ministério Público dos Estados e lidar com essa polícia cotidianamente. Em terceiro e, talvez, mais importante lugar, está o fato de que os eleitores, em geral, diante de notícias de infrações eleitorais, vão, antes de tudo, nas Delegacias da Polícia Estadual, que existem em todas ou quase todas as cidades do país. Se os inquéritos forem bem feitos não há objeção para essa colaboração entre a Polícia dos estados e a Polícia Federal, portanto, não há que se falar em “nulidade” ou “irregularidade” somente em razão da atividade administrativa de descoberta de autoria ou materialidade delitivas. O ideal, porém, é que a Polícia Federal cresça e se prepare também para essa relevante função. A Resolução nº 23.363/2010 do TSE, sobre a apuração de crimes eleitorais, diz que a Polícia Federal “exercerá, com prioridade sobre as suas atribuições regulares, a função de polícia judiciária em matéria eleitoral” e que, “quando no local da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia do respectivo Estado terá atuação supletiva” art. 2º e parágrafo único. 27 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. A mesma Resolução dispõe, com esteio no art. 10 do Código de Processo Penal, que, em caso de flagrante delito ou prisão preventiva, o inquérito policial deverá ser concluído em dez dias, contados da execução da ordem de prisão. Se o indiciado estiver solto, em 30 dias. A Lei da Prisão Temporária, nº 7.960/89, não incluiu crimes eleitorais entre aqueles que podem ser objeto dessa medida constritiva. Mas é possível que uma quadrilha ou bando seja um crime eleitoral inespecífico, autorizando, então, essa prisão. 28 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 8 – SISTEMAS ELEITORAIS Por sistema eleitoral, devemos entender o conjunto de regras necessárias à computação dos votos e sua consequente transformação em mandatos (ROCHA, 2010). Na esteira das lições do professor JAIRO MARCONI NICOLAU (2004), temos que os sistemas eleitorais são os mecanismos responsáveis pela transformação do voto dado pelos eleitores no dia das eleições e mandatos. O sistema eleitoral é uma realidade institucional que se propõe a viabilizar a representação política através de uma estratégia de composição das escolhas e opções políticas da sociedade. Algumas variáveis se destacam como presentes nos diversos estilos de sistemas eleitorais: a) fórmula eleitoral (pluralidade ou maioria; proporcional; misto ou outro); b) estrutura da cédula de votação (se é facultada ao cidadão a opção de votar em candidato ou em partido, se é uma escolha única ou uma ordenação de preferências); e, c) o tamanho do distrito eleitoral (a quantidade de representantes que este determinado distrito, que pode coincidir ou não com a divisão administrativa, pode eleger) (ROCHA, 2010). Na lição de JOSÉ AFONSO DA SILVA (1997, p. 326), sistema eleitoral é “o conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinados a organizar a representação do povo no território nacional”. A opção pelo sistema eleitoral a ser adotado revela a relação entre o número de votos do candidato, partido ou coligação com o mandato a ser obtido. Portanto, com inteira procedência a assertiva de CANOTILHO (1997 apud AUGUSTO ARAS, 2006 p. 94) quando assevera que “o sistema eleitoral traz em si, subjacente, a opção por diferentes concepções de democracia”. Segundo AFONSO DE PAULA PINHEIRO ROCHA (2010), há uma imensidade de variações nos sistemas eleitorais de acordo com a evolução histórica de cada país. É possível, porém, dividi-los em doze sistemas principais, em três amplas famílias: 29 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. a) sistemas de pluralidade ou maioria – maioria simples, segunda votação, voto em branco, voto em bloco partidário, voto único não transferível, voto alternativo; b) sistemas proporcionais – voto único transferível, representação proporcional de lista; e, c) sistemas mistos. O mesmo autor faz algumas observações interessantes: � o sistema eleitoral influencia a tomada de decisões dos diversos agentes políticos envolvidos; � o sistema eleitoral funciona quase como a regra do jogo político, porque em última análise, cada partido ou político individualizado deseja obter o maior número de votos ou a melhor forma de um conjunto de votos para se eleger;� o sistema eleitoral acaba por ter efeito sobre a própria sociedade, podendo agravar ou moderar tensões e conflitos. Se o sistema eleitoral não for considerado justo e capaz de permitir uma verdadeira identificação da sociedade com os representantes, ou o sistema político inviabilizar que a oposição sinta a possibilidade de vencer as próximas eleições, os derrotados, ou outros grupos sociais podem se sentir compelidos a trabalhar fora do sistema, usando tácticas não democráticas, até mesmo violentas. De todo modo, no atual arcabouço constitucional-eleitoral pátrio são reconhecidos o sistema majoritário e o sistema proporcional, sobre os quais faremos algumas considerações (ZÍLIO, 2012). 8.1 Sistema majoritário Pelo sistema majoritário consideram-se eleitos aqueles candidatos que obtiverem, dentro da circunscrição em disputa, o maior número de votos para o cargo. Elegem-se por este sistema: o Presidente5 e o Vice-Presidente da República (art. 2° da LE; art. 77, § 2°, da CF), o Governador e Vice-Governador (art. 2° da LE; art. 32, § 2°, da CF), o Prefeito e Vice-Prefeito (art. 3° da LE; art. 29, inciso II, da CF) e os Senadores (art. 46 da CF). O Direito Constitucional vigente consagra o sistema majoritário de maioria absoluta e o sistema majoritário de maioria simples ou relativa. 5 A eleição do Prefeito, Governador e do Presidente importa, por corolário, a eleição do Vice, por força do princípio da unicidade de chapa (art. 91 do CE). 30 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Pelo sistema majoritário de maioria simples, considera-se eleito o candidato que obtiver o maior número de votos em relação aos demais concorrentes. Esta hipótese, não se exige que o candidato obtenha um percentual mínimo de votos para se considerar eleito, bastando, tão-só, que tenha recebido mais votos que os demais adversários. Assim, ainda que a diferença entre os concorrentes seja mínima (de um voto, por exemplo), restará eleito o candidato que obtiver o maior número de votos. Em caso de candidato único ao Poder Executivo, basta a obtenção de um único voto válido para ser considerado eleito. O sistema majoritário simples, que é efetuado em um único turno, é adotado nas eleições de Prefeito nos Municípios com menos de duzentos mil eleitores, na forma do art. 3°, § 2°, da LE, a contrario sensu, e na eleição para Senador da República. Pelo sistema majoritário de maioria absoluta, é considerado eleito o candidato que obtém a metade mais um dos votos válidos, ou seja, mais do que a soma dos votos de seus adversários. Neste sistema majoritário, caso nenhum dos candidatos atinja a maioria absoluta dos votos na primeira votação, deverá ocorrer uma nova votação – que é o denominado segundo turno, no qual concorrerão os dois candidatos mais votados. No segundo turno, será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria – ainda que simples – dos votos válidos. Dispõe o art. 2°, caput, da LE que “será considerado eleito o candidato a Presidente ou Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos”, ao passo que o §1° do mesmo art. 2° prevê que se nenhum candidato alcançar a maioria absoluta na primeira votação, far- se-á nova eleição no último domingo de outubro, concorrendo os dois candidatos mais votados, considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos votos válidos. O art. 77, §§ 2° e 3°, da CF estabelece a mesma regra para a eleição do Presidente da República. Na eleição para Prefeito Municipal, nos municípios que tiverem mais de duzentos mil eleitores, será aplicada a mesma regra da eleição para Governador de Estado e Presidente da República, por força do disposto no art. 3°, § 2°, da LE. Portanto, quando nenhum dos candidatos alcançar, na primeira votação, a maioria absoluta, excluídos os votos brancos e nulos, ocorrerá segundo turno, oportunidade em que será eleito o candidato mais votado, o sistema majoritário de 31 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. maioria absoluta tem inegáveis vantagens em relação ao sistema da maioria simples ou relativa, fundamentalmente porque confere maior representatividade ao candidato eleito, o qual poderá, assim, investir-se dos poderes que lhe foram conferidos pela maioria do corpo da circunscrição eleitoral respectiva, o que, em tese, reflete em uma base governamental mais sólida e convergente. AUGUSTO ARAS (2006, p. 98) observa que se, por um lado, o sistema majoritário proporciona uma maior estabilidade governamental, por outro, enfraquece a dialética democrática, pois, ao desconsiderar a opinião das minorias, reduz o canal de discussão entre as diferentes ideologias que concorrem para a formação da vontade política do Estado. Essa assertiva, embora verdadeira, perde consistência no caso do sistema majoritário de maioria absoluta em dois turnos, no qual existe, quando da segunda votação, um reagrupamento de forças políticas, havendo, neste interregno, espaço para os partidos de representatividade minoritária buscar alianças que lhes confiram maior espaço dentro do cenário político-eleitoral. No ponto, insuperável o ensinamento de MÔNICA HERMANN SALEM CAGGIANO (2004, p. 119/120), acerca do modelo majoritário de dois turnos, quando aduz que num primeiro momento, permite-se ao eleitor clara manifestação quanto a sua preferência política; no segundo, porém, é autorizado o reagrupamento das forças políticas, restringindo-se as possibilidades de opção do corpo eleitoral. O segundo turno, a rigor, se consubstancia numa manifestação negativa, de eliminação. Aduzindo, após, que a legitimação do poder e, até mais que isso, a consistência do suporte político, elemento intrínseco à expectativa de governabilidade, resultam de forma muito mais robusta a partir de um sistema majoritário por dois turnos do que respaldado tão-só no majoritário simples, que conduz ao poder, não raras vezes, candidatos contemplados com o voto de uma minoria (CAGGIANO, 2004, p. 123). Ao contrário do sistema proporcional, que possui a regra do art. 110 do CE, inexiste norma que discipline, de modo específico, o desempate na eleição majoritária. Segundo o previsto no § 5 ° do art. 77 da CF – que é aplicável, apenas, 32 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. ao ingresso do candidato para disputar o segundo turno –, “se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso”. Embora a lacuna legal e em face das normas previstas no art. 110 do CE – que é aplicável à eleição proporcional – e do § 5° do art. 77 da CF – que visa a qualificação ao segundo turno –, o TSE, com recurso à analogia, tem utilizado como critério de desempate, também na eleição majoritária, a idade do candidato, sendo considerado eleito o mais idoso (Recurso Especial Eleitoral n° 19.274 - ReI.Costa Porto - j. 29.03.2001). Por fim, o STF já decidiu que não há incompatibilidade entre o art. 77, § 2°, da CF e o art. 224 do CE, que foi recepcionado pela Constituição Federal. O art. 77, § 2°, da CF – ao definir maioria absoluta – trata de estabelecer critério para a proclamação dos eleitos (ou seja, o segundo turno é critério para proclamação dos eleitos), ao passo que o art. 224 do CE – ao definir a hipótese de nova eleição – estabelece critério de validade da eleição. Por conseguinte, deve-se distinguir: a norma do art. 224 do CE – que trata de validade – precede àquela prevista no § 2° do art. 77 da CF – que trata de proclamação dos resultados. Dito de outro modo, somente pode-se cogitar de segundo turno, havendo, antes, uma eleição válida. 8.2 Sistema proporcional O sistema proporcional não leva em consideração apenas o voto obtido pelo candidato, sendo o mandato distribuído em função da votação recebida pelo partido ou coligação. Em verdade, o sistema proporcional visa distribuir a representação em conformidade com a densidade eleitoral de cada partido ou coligação. Segundo AUGUSTO ARAS (2006, p. 99), a construção do sistema proporcional resultou da premente necessidade de se proteger, politicamente, os interesses das minorias, no intuito de fortalecer o regime democrático e assegurar aos partidos políticos uma representação correspondente à força partidária. O sistema proporcional é aplicável para os cargos de Vereador6 (art. 29, inciso IV, da CF), Deputado Estadual (art. 27, caput, e § 1º, da CF), Deputado Distrital (art. 6 Estabelecido pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009. 33 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32, § 3°, da CF) e Deputado Federal (art. 45, caput, da CF). O art. 84 do CE aponta no mesmo norte. A eleição de um candidato, pelo sistema proporcional, deve observar determinados cálculos aritméticos, realizados em sequência, que se desdobram no quociente eleitoral, quociente partidário e das sobras. O quociente eleitoral é o número mínimo de votos que um partido ou coligação deve obter para ter direito à eleição de seus candidatos. A fórmula de cálculo do quociente eleitoral é dada pelo art. 106 do CE, devendo ser procedida a divisão do total de votos válidos da circunscrição pelo número de vagas a preencher (número de cadeiras). Com a revogação do parágrafo único do art. 106 do CE e a redação dada ao art. 5° da LE, os votos nulos e os brancos não são computados para o cálculo do quociente eleitoral. Por conseguinte, somente são computados como votos válidos, para fins de quociente eleitoral, os votos nominais e os votos de legenda. É possível, portanto, a seguinte conclusão em relação ao tratamento jurídico-normativo dispensado aos votos em branco e nulo: o voto em branco tem tratamento igual ao voto nulo no cálculo do quociente eleitoral (art. 5° da LE) e da maioria absoluta (art. 77, § 2°, da CF); o voto branco tem tratamento diverso do nulo na aplicação do art. 224 do CE, que trata da nulidade da eleição. Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias. O partido político, ou coligação partidária, que obtiver o quociente eleitoral tem, portanto, direito ao preenchimento de vagas. A quantidade exata do número de vagas a preencher é obtida através do quociente partidário. O quociente partidário é a quantidade de cadeiras obtidas pelos partidos em determinada circunscrição, conforme cálculo determinado na forma do art. 107 do CE. Obtém-se o quociente partidário dividindo-se o número de votos obtidos pelo partido político, ou coligação, pelo quociente eleitoral. A seguir, estatui o art. 1087 do CE que Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por 7 Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015. 34 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. Não sendo preenchidas todas as vagas pela aplicação do cálculo do quociente partidário, deve-se, então, proceder à distribuição das sobras eleitorais, na forma preconizada pelo art. 109 do CE, que estabelece o critério da “maior média”, através das seguintes regras: I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou coligação pelo número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107, mais um, cabendo ao partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima; II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que apresentem as maiores médias. As vagas obtidas pelo partido serão distribuídas segundo a ordem de votação recebida por seus candidatos, conforme estabelece o art. 109, § 1°, do CE. Portanto, a distribuição das vagas obtidas pelo partido será na estrita observância da votação nominal descrente de seus candidatos. Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos e coligações que participaram do pleito (art. 1098, § 2°, do CE). Caso nenhum partido consiga obter o quociente eleitoral, aplica-se, por força do art. 111 do CE, a fórmula do Sistema majoritário e, desta feita, os mais votados são eleitos. O TSE já assentou a aplicabilidade plena do art. 109, § 2°, do CE e sua compatibilidade com o art. 45, caput, da CF, esclarecendo que “ainda que haja outros modelos de sistema proporcional, com maiores vantagens ou desvantagens, o Código Eleitoral não foge à razoabilidade, atendendo ao princípio da proporcionalidade”. Em havendo empate da “média” entre as legendas e no número de votos obtidos pelas coligações, o critério de desempate a ser observado é o de número de votos nominais recebidos pela coligação, e não o do candidato mais idoso, conforme já decidiu o TSE. AUGUSTO ARAS (2006, p. 104) observa que 8 Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017. 35 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. se, por um lado, o sistema proporcional possui a vantagem de abrir espaço para a representação das minorias, por outro revela a desvantagem de originar uma tendência à proliferação de partidos. Além de enfraquecer a pessoa
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