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Organização, Sistemas e o Código Eleitoral no Brasil

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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
UNIDADE 1 – A JUSTIÇA ELEITORAL ................... .................................................. 5 
1.1 Competências ....................................................................................................... 6 
1.2 Atribuições da Justiça eleitoral .............................................................................. 7 
UNIDADE 2 – TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE ..... ................................. 13 
UNIDADE 3 – TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS - TRE .. ................................ 17 
UNIDADE 4 – JUÍZES ELEITORAIS ..................... ................................................... 19 
UNIDADE 5 – JUNTA ELEITORAL ....................... ................................................... 21 
UNIDADE 6 – O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL ........ .................................... 23 
UNIDADE 7 – A POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL ........ ...................................... 26 
UNIDADE 8 – SISTEMAS ELEITORAIS ................... ............................................... 28 
8.1 Sistema majoritário .............................................................................................. 29 
8.2 Sistema proporcional ........................................................................................... 32 
8.3 Sistema misto ...................................................................................................... 35 
UNIDADE 9 – DIREITOS POLÍTICOS-PARTIDÁRIOS ........ .................................... 37 
UNIDADE 10 – O CÓDIGO E AS LEIS ELEITORAIS ........ ...................................... 50 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61 
ANEXOS ................................................................................................................... 64 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Criado em 1932, a Justiça Eleitoral é o ramo do Poder judiciário, responsável 
por todos os trabalhos eleitorais – do alistamento à proclamação dos eleitos. 
 
Cumpre à Justiça Eleitoral, a nobre missão de resguardar a democracia e o 
Estado Democrático, nos moldes do disposto no art. 1º e incisos da 
Constituição Federal, efetivando, praticamente, a soberania popular, a 
cidadania e o pluralismo político como princípios fundamentais trilhados 
pelo legislador-constituinte (RAMAYANA, 2010, p. 103). 
 
Segundo consta em seu sítio na Internet, a Justiça Eleitoral, enquanto ramo 
especializado do Poder Judiciário, atua em três esferas, desempenhando, além da 
função jurisdicional, as funções administrativas, normativa e consultiva. Ou seja, tem 
competências para julgar questões eleitorais; administrativas (na qual é responsável 
pela organização e realização de eleições, referendos e plebiscitos); e, elaborar 
normas referentes ao processo eleitoral. 
De acordo com os artigos 92, V e 118, I a IV, da Constituição Federal, a 
Justiça Eleitoral é composta pelo Tribunal Superior Eleitoral, pelos Tribunais 
Regionais Eleitorais, pelos juízes eleitorais e pelas juntas eleitorais. 
Pois bem, a organização da Justiça Eleitoral no Brasil é nosso primeiro 
ponto de estudo neste módulo. 
Na sequência, teremos como foco os sistemas eleitorais, de grande 
importância, devido suas distorções e peculiaridades próprias que nos levam a 
entender a conduta dos agentes políticos. 
Noções e conceitos pertinentes ao Direito Político-partidário vêm a seguir e, 
por fim, teceremos comentários acerca do Código Eleitoral e a legislação pertinente 
à matéria encontra-se em anexo. 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
3 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Ora exploraremos artigos resultados de pesquisas pontuais, elaborados 
por pesquisadores em seus diversos níveis da Academia, sejam alunos, mestres ou 
doutores, ora apresentaremos as perspectivas e experiências cotidianas de 
empresas do setor privado, evidentemente que sempre focados nos conteúdos do 
módulo e sempre a título de enriquecimento para os cursistas. 
4) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)2, ou conjunto de soluções dadas às questões de 
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
5) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
6) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona 
como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x 
mulher, mas na medida do possível iremos nos adequando à identidade de gênero, 
cientes de que no mundo atual as pessoas têm liberdade de se expressarem de 
forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada 
indivíduo torna-se fator de extrema importância. 
 
1 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
2 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora 
Positivo, 2005. 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
7) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ouseja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
8) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
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UNIDADE 1 – A JUSTIÇA ELEITORAL 
 
Os órgãos estruturantes da atual conjuntura eleitoral no Brasil são os 
mesmos desde a Constituição de 1946. As constituições posteriores apenas 
trataram de assuntos ligados às composições de cada órgão, os modos de 
investidura em cada um, e a competência delegada a cada órgão jurisdicional 
(SOUZA, 2010). 
Cabe destacar, por oportuno, que não fora a Constituição de 1946 quem 
criou a Justiça eleitoral. A justiça eleitoral brasileira foi criada através do Decreto nº 
21.076 de 24 de janeiro de 1932 e constando em texto constitucional pela primeira 
vez na CF de 1934. Anteriormente a tal decreto, a Justiça Eleitoral era coordenada 
pelo Poder Legislativo. Cabe destacar também que nessa mesma oportunidade foi 
instituído o voto feminino. 
Os dois esquemas3 a seguir ilustram a posição do Tribunal Superior Eleitoral 
(TSE) no organograma do Superior Tribunal Federal (STF), instâncias que veremos 
mais adiante. 
 
Figura 1: Organograma do STF indicando a posição do TSE. 
Fonte: TSE (2012). 
 
 
3 Disponíveis em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=sobreStfOrganograma 
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Figura 2: Organograma do STF. 
Fonte: STF (2014). 
 
1.1 Competências 
A Constituição de 1988 não dispõe sobre a competência da Justiça Eleitoral, 
limitando-se a dizer que ela será definida em lei complementar (art. 121, caput), 
porém, tal lei complementar ainda não foi editada, acordando os doutrinadores que 
se consideram as disposições do Código Eleitoral (Lei nº 4.737, de 15 de julho de 
1965). 
Na opinião de JOSÉ JAIRO GOMES (2018), embora o Código Eleitoral seja 
uma lei ordinária, no tocante a esse tema, foi recepcionado pela Constituição 
Federal como lei complementar. Disso podemos dizer que, sem incorrer em 
inconstitucionalidade, a lei complementar poderia ampliar ou diminuir razoavelmente 
essa competência. 
RÔMULO PIZZOLATTI (1998) assevera que a competência das justiças 
especializadas no Brasil (eleitoral, trabalhista e militar) se determina ratione materiae 
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(CF, arts. 111-24). “Matéria eleitoral”, portanto, é o campo dentro do qual se move a 
Justiça Eleitoral. Mas, a Constituição Federal não definiu, com contornos precisos, o 
que seja matéria eleitoral, remetendo à lei complementar essa tarefa (CF, art. 121, 
caput). Agiu similarmente no tocante à Justiça Militar, deixando à lei complementar 
definir a sua competência, que é julgar os “crimes militares definidos em lei” (CF, art. 
124). A competência da Justiça do Trabalho, diferentemente, já veio bem demarcada 
na Constituição, abrangendo todos os litígios trabalhistas (relação de trabalho ou 
celetista), pouco importando se o empregador é pessoa de direito público ou 
privado, mesmo porque se trata de competência firmada ratione materiae, sem 
prejuízo de deixar à lei definir “outras controvérsias decorrentes da relação de 
trabalho”, servindo de exemplo a Lei nº 8.984, de 1995, a qual estende a 
competência da Justiça do Trabalho. 
De maneira bem simplista, se respondermos sim ao seguinte 
questionamento: “É matéria eleitoral?”, então estaremos diante de conteúdo de 
competência da Justiça Eleitoral. 
 
1.2 Atribuições da Justiça eleitoral 
Segundo RODRIGO LÓPEZ ZÍLIO (2012), a Justiça Eleitoral possui 
características próprias, que a distingue dos demais ramos do Poder Judiciário. De 
plano, cumpre consignar que a Justiça Eleitoral não possui quadro próprio de 
magistrados, sendo a função dos juízes eleitorais de primeiro grau, exercida 
mediante delegação, por juízes de direito estaduais. A característica fundamental é 
que a Justiça Eleitoral apresenta funções múltiplas, não se restringindo a atividade-
fim de prestar jurisdição, sendo reconhecida, ainda, as atribuições administrativa, 
normativa e consultiva, como veremos a seguir. 
 
a) Função jurisdicional 
A função jurisdicional, para solucionar os conflitos de interesses e zelar pela 
uniformidade das decisões da Justiça Eleitoral, se atém ao julgamento de casos 
referentes ao processo eleitoral, tais como: pedidos de registro de candidatos; 
representações sobre propaganda eleitoral; ações para apuração de crimes 
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eleitorais, condutas vedadas a agentes públicos, captação ilícita de sufrágio, entre 
outros. 
Assim, sempre que à Justiça Eleitoral for submetida uma disputa/demanda, 
esta exercitará sua função jurisdicional, por meio de seus juízes que aplicarão, ao 
caso concreto, o direito (GOMES, 2018). 
 
b) Função administrativa 
A atividade administrativa da Justiça Eleitoral se revela através da 
organização e da administração do processo eleitoral (lato sensu). Assim, é 
atribuição da Justiça Eleitoral a administração do cadastro de eleitores, procedendo 
aos atos de alistamento e transferência, revisão do eleitorado, designação de locais 
de votação, criação das seções eleitorais e Zonas Eleitorais, nomeação e 
convocação de mesários e escrutinadores (ZÍLIO, 2012). 
Essa função da Justiça Eleitoral desempenha papel relevante, pois os atos 
preparatórios das eleições são dispendiosos e consomem dinheiro, material e força 
de trabalho de inúmeros servidores. É a Justiça Eleitoral que administra todo o 
processo eleitoral, ou seja, é ela que prepara, organiza e administra todas as etapas 
a ele relacionadas. 
Segundo JOSÉ JAIRO GOMES (2018), o que caracteriza a função 
administrativa é a inexistência de conflito ou lide para ser resolvida. Logo, a função 
administrativa é responsável, dentre outras coisas, pelo alistamento de eleitores, 
emissão de título eleitoral, transferência de domicílio, fixação de local de votação, 
nomeação de mesários, apuração de votos e expedição de diplomas aos eleitos. 
 
c) Funçãoconsultiva 
Essa competência da Justiça Eleitoral encontra-se prevista nos artigos 23, 
XII, e 30, VIII, do Código Eleitoral, e determina que o Tribunal Superior Eleitoral e os 
Tribunais Regionais Eleitorais devem responder a questionamentos sobre assuntos 
relacionados à matéria eleitoral. 
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior: 
XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em 
tese por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político; 
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Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais: 
VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, 
em tese, por autoridade pública ou partido político. 
As questões formuladas não podem ter relação ou semelhança com casos 
concretos e devem ser respondidas pelo TSE, desde que feitas por autoridade com 
jurisdição federal ou órgão nacional de partido político, ou pelos Tribunais Regionais 
Eleitorais, desde que demandadas por autoridade pública ou partido político. As 
respostas às consultas não vinculam outros tribunais ou juízes, contudo, na prática, 
são usadas como referência e fundamento para casos similares. 
A função consultiva é característica extremamente peculiar e própria da 
Justiça Eleitoral. A consulta tem por finalidade esclarecer determinadas dúvidas, 
tornando público o entendimento da Corte sobre matéria eleitoral. A importância da 
consulta cresce progressivamente na medida em que a composição das Cortes 
Eleitorais se modifica substancialmente e com frequência, por força do rodízio 
bienal, ocorrendo, invariavelmente, oscilação no entendimento pretoriano, o Código 
Eleitoral atribui competência para responder consulta sobre matéria eleitoral, a 
serem formuladas por autoridade pública ou partido político, ao Tribunal Superior 
Eleitoral (art. 23. Inciso XIII) e aos Tribunais Regionais Eleitorais (art. 30, inciso VIII). 
Portanto, havendo previsão de competência apenas para os Tribunais Eleitorais, não 
há possibilidade de o Juiz Eleitoral responder à consulta, já que inexiste qualquer 
referência expressa no art. 35 do CE. A legitimidade para formular consultas junto ao 
TSE é de autoridade pública, com jurisdição federal, ou partido político, através de 
seu órgão de direção nacional, ao passo que, perante o TRE, a legitimidade é do 
órgão de direção estadual do partido político, além da autoridade pública. Por 
consequência, não é reconhecida legitimidade para o diretório municipal de partido 
político formular consulta junto ao TRE, em face à limitação de circunscrição do 
órgão partidário (TRE-RS - Consulta nº 252008 - ReI. Jorge Alberto Zugno - j. 
26.06.2008). 
A consulta somente pode envolver matéria exclusivamente eleitoral, sendo 
descabido o questionamento sobre matéria constitucional, administrativa ou 
partidária. Por matéria eleitoral entende-se, em suma, toda atividade desenvolvida 
com vista à realização do pleito, envolvendo desde a fase preparatória até a data da 
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diplomação. De igual sorte, toda matéria envolvendo questionamento sobre as 
ações eleitorais (lato sensu) é matéria eleitoral e apta a ser respondida mediante 
consulta, desde que presentes os demais requisitos legais. Portanto, v.g., a matéria 
eleitoral abrange os atos de alistamento, transferência e cancelamento de inscrição, 
convenção partidária para escolha de candidatos, coligações, registro de candidatos, 
condições de elegibilidade, hipóteses de inelegibilidade, propaganda eleitoral, 
pesquisa eleitoral, direito de resposta, arrecadação de recursos, prestação de 
contas, diplomação, ações eleitorais, entre outros (ZÍLIO, 2012). 
Frise-se que a consulta não pode ser sobre uma situação determinada e 
concreta, somente sendo possível versar sobre situação “em tese”, sob pena de não 
conhecimento. 
Justifica-se a necessidade da consulta somente ser formulada sobre 
situação em tese, porquanto, a natureza consultiva é de mera orientação, sem 
qualquer caráter vinculativo. Daí, pois, não tendo poder de vinculação, somente 
pode ser respondida sobre situação em abstrato. Segundo TORQUATO JARDIM 
(1998, p. 183), 
 
consultar em tese é descrever situação, estado ou circunstância genérica o 
bastante para (a) tal qual a norma jurídica, admitir-se provável sua repetição 
sucessiva e despersonalizada, e (b) revelar-se a dúvida razoável e genuína, 
em face de lacuna ou obscuridade legislativa ou jurisprudencial, porém, 
jamais, antecipação de julgamento judicial ou supressão de instância. 
 
A complexidade da matéria, contudo, não impede o conhecimento da 
consulta, até mesmo porque uma das finalidades primordiais da matéria consultiva é 
o esclarecimento de dúvidas sobre situações não suficientemente elucidadas pela 
legislação. Porém, não há como conhecer consulta formulada com muita amplitude, 
de modo a impedir a fixação de diretrizes mínimas para a resposta. 
Como somente é possível conhecer de consulta formulada em tese, o 
entendimento é que a Justiça Eleitoral somente responde consultas até o período 
anterior à realização das convenções partidárias. Com efeito, considerando que a 
partir da deliberação das convenções partidárias se inicia o processo de 
individualização das candidaturas e dos registros, conclui-se que a partir de tal 
interregno já existem interessados específicos para as consultas formuladas, sendo 
vedada a atividade consultiva das Cortes Eleitorais. Por consequência, não se 
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conhece de consulta após iniciado o processo eleitoral, porque o objeto da consulta 
poderá ser apreciado, em caso concreto, pela Justiça Eleitoral. A resposta à 
consulta não tem natureza normativa, ou seja, não vincula o Tribunal, o consulente 
ou a terceiros; no mesmo norte, não tem conteúdo decisório. Apenas serve como 
orientação, em tese, sobre determinada matéria eleitoral, não significando que, 
quando do julgamento de caso concreto, o órgão consulente observará 
incondicionalmente as diretrizes expostas na consulta. Como referido por 
TORQUATO JARDIM (1998, p. 184), 
 
as respostas às consultas refletem recomendação, um entendimento prévio 
posto em situação abstrata, porquanto não se respondem a casos 
concretos. É palavra dada em sessão administrativa, ausente qualquer 
defesa ou contraditório ou publicidade, requisitos essenciais ao due process 
da sentença judicial, ainda que palavra motivada (CF art. 5°, LII, LV, LVII, e 
93, IX e X4). 
 
Por não ter caráter normativo, não enseja ajuizamento de ação direta de 
inconstitucionalidade; por não ter conteúdo decisório, não cabe a interposição de 
recurso. Neste sentido, já restou assentado pelo STF o 
 
não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade, no que concerne 
às Resoluções referidas do TSE, em respostas as consultas, porque não 
possuem a natureza de atos normativos, nem carátervinculativo (ADIN nº 
1805-2 - ReI. Néri da Silveira - j. 26.03.98). 
 
Em outra oportunidade, a Corte Suprema concluiu pela impossibilidade de 
controle abstrato de constitucionalidade do § 1° do art. 4° da Res. nº 20.993/02 – 
que dispunha sobre a verticalização –, aduzindo que o dispositivo impugnado é ato 
de interpretação, fruto de resposta à consulta, caracterizando-se como ato normativo 
secundário. 
Nessa linha de pensamento, JOSÉ NÉRl DA SILVEIRA (1998, p. 60) define 
a natureza jurídica da consulta, aduzindo que 
 
cuida-se, aí, de exercício de competência materialmente administrativa, não 
se revestindo a deliberação da Corte Eleitoral de caráter vinculativo ou 
obrigatório. Anotou-se que a resposta à consulta não obriga quer o 
consulente, quer terceiros, nem dela coisa julgada resulta, não se 
caracterizando, assim, a resolução como ato normativo, suscetível de 
 
4 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004. 
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controle concentrado de inconstitucionalidade, ut art. 102, I, letra a, da CF. 
A resposta à consulta, em torno da exegese de determinada norma, traduz, 
é certo, a compreensão da Corte, em abstrato, sobre a matéria eleitoral em 
exame, mas não se erige em deliberação ou disposição de caráter 
imperativo, como é da natureza da norma jurídica ou do ato normativo 
stricto sensu. 
 
A consulta, em regra, sempre recebe a forma de resolução pela Corte 
Superior, até mesmo porque de acórdão – que é ato de jurisdição dos tribunais – 
não se trata. Portanto, ao fim, resta distinguir: se se trata de resolução emanada 
pelo TSE, é cabível o ajuizamento de ADIN ou, mesmo, de recurso; no entanto, se 
se trata de resposta à consulta formulada pelo TSE, embora também o seja na 
forma de resolução, não é cabível ADIN ou recurso (ZÍLIO, 2012). 
 
d) Função normativa 
Refere-se à competência para expedir instruções para a fiel execução da 
legislação eleitoral. JOSÉ JAIRO GOMES (2018) ensina que a resolução da Justiça 
Eleitoral apresenta natureza de ato-regra, uma vez que cria situações gerais, 
abstratas e impessoais, modificáveis pela vontade do órgão que a produziu. A 
função normativa da Justiça Eleitoral é prevista no Código Eleitoral, no seu artigo 1º, 
parágrafo único, e no artigo 105, da Lei nº 9.504/975, a qual estabelece normas para 
eleições. 
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UNIDADE 2 – TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE 
 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com sede em Brasília e órgão máximo 
da Justiça eleitoral, será composto de, no mínimo, 07 ministros, escolhidos da 
seguinte forma, conforme o art. 119 da CF/1988: 
• três oriundos do STF, escolhidos por eleição, mediante voto secreto; 
• dois oriundos do STJ, também por eleição, mediante voto secreto; 
• dois juízes, oriundos da lista sêxtupla da classe dos advogados, “com notável 
saber jurídico e idoneidade moral”, indicados pelo STF e nomeados pelo 
Presidente da República. 
A Constituição Federal exige que essa última classe de juízes, que completa 
a composição do TSE, seja preenchida apenas por advogados, cujas indicações 
sejam feitas pelo próprio Poder Judiciário e não pela Ordem dos Advogados do 
Brasil (OAB), como ocorre nas demais indicações de advogados para composição 
do quinto constitucional de outros Tribunais. 
Para que seja mantida a total imparcialidade dos juristas, que passam a 
funcionar como juízes da Corte Eleitoral, não pode ser nomeado advogado que 
ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário 
ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em 
virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter 
político em qualquer das esferas, seja Federal, Estadual ou Municipal (CE, Art. 16, § 
2º). 
O Presidente e o Vice-Presidente do TSE, obrigatoriamente, são originários 
do STF, ao passo que o Corregedor Eleitoral, obrigatoriamente, é originário do STJ 
(art. 119, parágrafo único, da CF). Não há previsão de indicação de membro do 
Ministério Público para compor o TSE. Os membros dos Tribunais, no exercício de 
suas funções, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis (art. 121, § 1°, CF). 
Nesta esteira, conclui-se que os componentes dos Tribunais terão as mesmas 
garantias inerentes aos demais membros da magistratura, ressalvada – por força da 
nomeação por biênio (e a possibilidade de uma recondução - art. 121, § 2°, CF) – a 
vitaliciedade. 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A duração dos mandatos de todos os membros da Corte Superior é de dois 
anos, podendo haver a recondução por mais um biênio consecutivo, que serão 
contados ininterruptamente, mesmo estando eles em gozo de férias ou licença. A 
única exceção a esta regra é quando o Juiz for parente consanguíneo ou afim, até o 
2° grau de candidato a cargo eletivo na circunscrição. 
Para cada membro do TSE existe um substituto legal, escolhido na mesma 
ocasião do titular, pelo mesmo processo e em número igual para cada categoria. 
O TSE é órgão colegiado unicameral, ou de turma única, que delibera por 
maioria de votos, em sessão pública e com a presença da maioria de seus 
membros. Nos julgamentos a respeito da interpretação do Código Eleitoral e da 
Constituição Federal, naqueles em que importe a cassação do registro de Partidos 
Políticos ou anulação geral de eleições e perda de diplomas, as deliberações só 
poderão ser tomadas com a presença de todos os membros. 
As competências do Tribunal Superior são explicitadas nos artigos 22 e 23 
do Código Eleitoral. 
O TSE julga matérias: 
� originárias (primárias, em 1° grau, ou pela primeira vez); 
� em grau de recurso (decisões em 2° grau); 
� privativas (matérias administrativas, de organização interna). 
De acordo com o artigo 22 do Código Eleitoral, compete ao Tribunal Superior 
Eleitoral: 
Processar e julgar originariamente: 
- o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios 
nacionais e de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República; 
- os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de 
Estados diferentes; 
- a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e 
aos funcionários da sua Secretaria; 
- os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos 
seus próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais; 
- o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos 
a atos do Presidente da República, dos ministros de estado e dos Tribunais 
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Regionais; ou ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a 
violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração; 
- as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos 
políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos; 
- as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e 
expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República; 
- os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais 
Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, 
candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada; 
- as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta dias 
a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos; 
- a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro 
de cento e vinte dias de decisão irrecorrível. 
Compete ainda ao Tribunal Superior Eleitoral julgar os recursos interpostos 
das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais, nos termos do artigo 276 do Código 
Eleitoral, inclusive os que versarem matéria administrativa. 
E, nos termos da Constituição Federal, artigo 121, § 3º, são irrecorríveis as 
decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem a Constituição e 
as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. 
Em matéria de competência administrativa, estabelece o artigo 23, do 
Código Eleitoral que, compete privativamente, ao Tribunal Superior: 
- elaborar o seu regimento interno; 
- organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso 
Nacional a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos 
respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei; 
- conceder aos seus membros licença e férias, assim como afastamento do 
exercício dos cargos efetivos; 
- aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juízes dos 
Tribunais Regionais Eleitorais; 
- propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios; 
- propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juízes de qualquer 
Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse aumento; 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
- fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da 
República, Senadores e Deputados Federais, quando não o tiverem sido por lei; 
- aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas 
zonas; 
- expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código; 
- fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares 
em diligência fora da sede; 
- enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos 
Tribunais de Justiça nos termos do art. 25; 
- responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em 
tese, por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político; 
- autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em 
que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo; 
- requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas 
próprias decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para 
garantir a votação e a apuração; 
- organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência; 
- requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando exigir o 
acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria; 
- publicar um boletim eleitoral; 
- tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução 
da legislação eleitoral. 
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UNIDADE 3 – TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS - TRE 
 
Os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) compor-se-ão (art. 120, CF/88): 
mediante eleição, pelo voto secreto, de dois juízes dentre os desembargadores do 
TJ (inciso 1, a) e de dois juízes, dentre os juízes de direito, escolhidos pelo TJ 
(inciso I, b); de um juiz do TRF, com sede na Capital ou no Distrito Federal, ou, não 
havendo, de juiz Federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo (inciso 
II); de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade 
moral, indicados pelo TJ e nomeados pelo Presidente da República. 
O STF, em interpretação dada ao art. 94 da CF, tem entendido lícita a 
exigência de dez anos de efetiva atividade jurídica como requisito para que 
advogados possam vir a integrar os tribunais regionais eleitorais (Recurso em 
Mandado de Segurança nº 24.232 - ReI. Joaquim Barbosa - j. 29.11.2005). No 
mesmo norte, deve-se destacar que – ao contrário da composição do quinto 
constitucional dos TJ – a indicação dos advogados para compor o TRE é exclusiva 
do TJ, sem participação da entidade de classe dos advogados (OAB) (ZÍLIO, 2012). 
O TSE já decidiu que Procurador do Estado pode compor a lista tríplice do 
Tribunal Regional, na classe de juristas, imprimindo, portanto, interpretação 
extensiva à expressão “advogado” (Encaminhamento de Lista Tríplice nº 502 - ReI. 
Cezar Peluso - j. 16.10.2007). O TRE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente, 
obrigatoriamente, dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça (art. 119, § 2°, 
da CF). Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois 
anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos (art. 121, § 2°, da 
CF). De igual modo, não há previsão da indicação de membro do Ministério Público 
para compor o TRE. 
De acordo com o Código Eleitoral (art. 29), são competências do TRE, 
dentre outras: 
I - processar e julgar originariamente: 
a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e 
municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a governador, vice-
governador e membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas; 
b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo Estado; 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros, ao Procurador Regional 
e aos funcionários da sua Secretaria, assim como aos juízes e escrivães eleitorais; 
d) os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais; 
e) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos 
políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos. 
II - julgar os recursos interpostos: 
a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais; 
b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas 
corpus ou mandado de segurança. 
São competências privativas do TRE, dentre outras: 
a) constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição; 
b) apurar, com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os 
resultados finais das eleições de governador e vice-governador, de membros do 
Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas, remetendo dentro do prazo 
de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior,cópia das atas de seus 
trabalhos; 
c) responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em 
tese, por autoridade pública ou partido político; 
d) dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo esta 
divisão, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior; 
e) requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões e solicitar 
ao Tribunal Superior a requisição de força federal; 
f) cumprir e fazer cumprir as decisões e as instruções do Tribunal Superior; 
g) determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na 
respectiva circunscrição. 
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UNIDADE 4 – JUÍZES ELEITORAIS 
 
Os Juízes Eleitorais são Juízes de Direito estaduais que exercem, por 
delegação, a função eleitoral. São, portanto, oriundos da Justiça Estadual e 
designados pelo TRE. Somente Juiz de Direito, ainda que em vitaliciamento, pode 
ser Juiz Eleitoral, não havendo a possibilidade de nomeação de Pretor para o 
exercício da função especializada. 
O TSE já assentou que “Juiz substituto atual da Corte não pode assumir 
titularidade de zona eleitoral, ainda que seja apenas eventualmente convocado para 
tomar assento na Corte” (Processo Administrativo nº 19.393 - ReI. Cezar Peluso - j. 
01.08.2006) e, ainda, determinou a reintegração de juiz que fora, imotivadamente, 
afastado da função de Juiz Eleitoral, antes do término do biênio, assentando a 
garantia da inamovibilidade e afastando a caracterização da nomeação como função 
de confiança (Recurso em Mandado de Segurança nº 239 - ReI. Luiz Carlos Madeira 
- j. 02.09.2003). 
Cada Juiz Eleitoral tem jurisdição em uma determinada zona eleitoral. Em 
regra, a zona eleitoral corresponde a uma comarca, embora a assertiva nem sempre 
corresponda à realidade, dada a autonomia de cada um dos órgãos do Poder 
Judiciário (Justiça Comum e Justiça Eleitoral). Viável, nesse ponto, a distinção entre 
zona eleitoral e circunscrição eleitoral. Aquela é a delimitação do exercício da 
jurisdição, ou seja, é a divisão territorial da Justiça Eleitoral; esta corresponde ao 
âmbito de abrangência territorial em que é realizada a eleição e se encontra definida 
no art. 86 do CE. 
Os juízes eleitorais são órgãos de primeiro grau e exercido por juízes de 
direito da comarca da área da zona eleitoral. 
Nas comarcas onde houver número de varas superior ao de zonas, caberá 
ao Tribunal Regional Eleitoral designar o magistrado que atuará na zona eleitoral, 
tendo o Tribunal Superior Eleitoral aprovado a Resolução nº 20.505/99, que 
estabelece o sistema de rodízio. 
O artigo 32 do Código Eleitoral exigia que o juiz eleitoral substituto fosse 
vitalício, de acordo com o artigo 95 da Constituição, mas esse dispositivo foi 
revogado pelo artigo 22, § 2°, da Lei Complementar nº 35/79 (Lei Orgânica da 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Magistratura), que reza que “o juiz de direito substituto poderá exercer todas as 
funções do juiz vitalício”. 
Aos juízes eleitorais, na competência jurisdicional, cabem: 
• processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, 
ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos tribunais 
regionais; 
• decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde 
que essa competência não esteja atribuída privativamente à instância 
superior; 
• expedir salvo-conduto, com a cominação de prisão por desobediência de até 
cinco dias, em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na sua 
liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado, medida válida para o período 
compreendido entre 72 horas antes e 48 horas depois do pleito; 
• processar e julgar as reclamações ou representações relativas apresentadas 
pelos partidos políticos, coligações ou candidatos, relativas ao cumprimento 
dos preceitos contidos na Lei 9.504/97. 
No entanto, como atribuição administrativa, cabe ao Juiz eleitoral: 
• expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor; 
• dividir a zona em seções eleitorais; 
• mandar organizar, em ordem alfabética, uma relação dos eleitores de cada 
seção, para remessa à mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas 
individuais de votação; 
• ordenar o registro e a cassação do registro dos candidatos aos cargos 
eletivos; 
• fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por 
dispensa do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais. 
 
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UNIDADE 5 – JUNTA ELEITORAL 
 
As juntas eleitorais são órgãos colegiados de atuação provisória, 
constituídos 60 dias antes das eleições e extintos logo após o fim dos seus 
trabalhos. As juntas atuam somente nas fases finais do processo eleitoral e têm 
como trabalho principal a apuração e a totalização dos votos. Nas eleições 
municipais, as juntas permanecem até a proclamação dos resultados das eleições e 
a diplomação dos eleitos. 
A Junta Eleitoral é órgão colegiado na Justiça Eleitoral com existência, 
apenas, junto à instância de primeiro grau. Por expressa disposição constitucional, 
os membros das juntas eleitorais, no exercício de suas funções e no que lhes for 
aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis (art. 121, § 2°, da CF). 
As juntas eleitorais serão compostas de um Juiz de Direito, que será o 
Presidente, e de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade (art. 40, caput, do 
CE), devendo os membros da junta ser nomeados até sessenta dias antes da 
eleição (art. 36, § 1º, do CE), sendo cabível impugnação da indicação (art. 36, § 2°, 
do CE). A opção pelo legislador, quanto à composição total da junta eleitoral, é de 
uma formação ímpar (três ou cinco membros), de modo a evitar situação de empate 
em suas decisões. O § 3° do art. 36 do CE estabelece vedação para a nomeação de 
membros das juntas, escrutinadores ou auxiliares, relação que, segundo a doutrina 
eleitoral, é meramente exemplificativa. 
A Junta Eleitoral é competente para apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as 
eleições realizadas nas zonas eleitorais, sob a sua jurisdição, além de resolver as 
impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e 
da apuração, expedir os boletins de apuração e o diploma aos eleitos para cargos 
municipais. Com a adoção do sistema de votação informatizado, resta bastante 
reduzida a atribuição da Junta Eleitoral, dado que a apuração e a totalização 
ocorrerão através dos programas de computador e geração de dados e os boletins 
de apuração serão expedidos eletronicamente. Em suma, a Junta Eleitoral tem 
competência restrita à fase da apuração e diplomação (ZÍLIO, 2012). 
Como as funções das juntas eleitorais estão diretamente relacionadas com a 
apuração de votos, elas só funcionam plenamente em casos de uso da urna 
tradicional, o que demonstra que, atualmente, com o advento da urna eletrônica e da 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
apuração informatizada, suas funções ficaram um pouco esvaziadas. Porém, 
independentemente disso, a competência para expedição dos diplomas dos 
Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores, ainda é da junta eleitoral, e o diploma é 
expedido pelo juiz eleitoral no papel de presidente da junta (ZÍLIO, 2012). 
 
Guarde... 
As juntas eleitorais são órgãos colegiados de primeiro grau competentes 
para apuração e diplomação nos cargos municipais, sendo formados por juiz 
eleitoral presidente e dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade, maiores de 18 
anos. 
Não confundir as juntas eleitorais com as antigas juntas do trabalho. As 
juntas do trabalho foram extintas pela Emenda Constitucional nº 45/2004, mas as 
juntas eleitorais permanecem no artigo 118, IV, da CF. 
Nos municípios com mais de uma zona eleitoral, todas as juntas possuem 
competência para a apuração, mas somente a mais antiga é responsável pela 
diplomação. 
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UNIDADE 6 – O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL 
 
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, com a incumbência precípua da defesa do regime 
democrático, revelando-se, neste ponto, sua irrefutável legitimidade para atuar em 
todos os feitos eleitorais. Assim, embora não haja referência expressa ao Ministério 
Público Eleitoral na Constituição Federal de 1988, a previsão que concede 
legitimidade plena ao órgão ministerial em matéria eleitoral resta consubstanciada 
no próprio caput do art. 127 da Carta Maior. A atividade do Ministério Público 
Eleitoral é, originariamente, função do Ministério Público da União, regrada pelos 
artigos 72 à 80 da LC nº 75/93, a qual dispõe sobre a organização, as atribuições e o 
estatuto do Ministério Público da União. Portanto, da mesma sorte que ocorre em 
relação aos Juízes Eleitorais, não existe categoria própria de Promotores Eleitorais. 
O Procurador-Geral Eleitoral, que possui atribuição para o exercício das 
funções eleitorais nas causas de competência do TSE, é o Procurador-Geral da 
República (arts. 73 e 74 da LC nº 75/93); por tal motivo, inexiste limite para 
recondução do Procurador-Geral Eleitoral (art. 128, § 1º, CF). É atribuição do 
Procurador-Geral Eleitoral, entre outras, designar o Procurador Regional Eleitoral de 
cada Estado e dirimir conflitos de atribuições (art. 75, incisos I e III, da LC nº 75/93). 
O substituto do Procurador-Geral Eleitoral é o Vice-Procurador Geral Eleitoral, que 
deve ser designado dentre os Subprocuradores-Gerais da República (art. 73, 
parágrafo único, da LC nº 75/93). 
O Procurador Regional Eleitoral, juntamente com seu substituto, será 
designado pelo Procurador-Geral Eleitoral dentre os Procuradores Regionais da 
República nos Estados e no Distrito Federal ou, onde não houver, dentre os 
Procuradores da República vitalícios, para um mandato de dois anos, podendo ser 
reconduzido uma vez (art. 76, § 1°, da LC nº 75/93). O Procurador Regional Eleitoral 
tem atuação perante o TRE e pode ser destituído, antes do final do mandato, por 
iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, anuindo a maioria absoluta do Conselho 
Superior do Ministério Público Federal (art. 76, § 2°, da LC nº 75/93). 
As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e 
Juntas Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral (art. 78 da LC nº 75/93), 
que será membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo incumbido do 
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serviço eleitoral de cada Zona (art. 79 da LC nº 75/93). O artigo 32 da Lei Orgânica 
Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93) determina que compete aos 
Promotores de Justiça, dentro da esfera de suas atribuições, 
 
oficiar perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, com as atribuições 
do Ministério Público Eleitoral previstas na Lei Orgânica do Ministério 
Público da União que forem pertinentes, além de outras estabelecidas na 
legislação eleitoral e partidária. 
 
Os promotores eleitorais são indicados pelo Procurador-Geral de Justiça e 
designados pelo Procurador-Regional Eleitoral, em face da interpretação conjugada 
do art. 10, inciso IX, alínea h, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 
8.625/93) com os artigos 77, parágrafo único, e 79 da LC nº 75/93. De regra, o 
Procurador-Regional Eleitoral acolherá a indicação do Procurador-Geral de Justiça 
somente cabendo cogitar de recusa à indicação nos atos em que houver expressa 
vedação legal, com a respectiva fundamentação. É vedada, por exemplo, a 
indicação de Promotor de Justiça para as funções eleitorais até dois anos após o 
cancelamento da sua filiação partidária, na forma prevista pelo art. 80 da LC nº 
75/93 (ZÍLIO, 2012). 
Embora ausente previsão legal, JOSÉ JAIRO GOMES (2018) observa que a 
destituição do Promotor de Justiça Eleitoral é atribuição do Procurador-Regional 
Eleitoral, que é quem possui a atribuição para a designação. Atualmente, a 
Resolução nº 30, de 19 de maio de 2008, do Conselho Nacional do Ministério 
Público estabelece parâmetros para a indicação e a designação dos membros do 
Ministério Público para exercer função eleitoral em primeiro grau. 
Em síntese, pela incumbência da proteção da ordem jurídica e do regime 
democrático, o Ministério Público Eleitoral sempre tem atuação em matéria eleitoral 
– seja de jurisdição voluntária ou contenciosa, seja como autor da ação ou, 
necessariamente (quando não for o autor), como custos legis. A amplitude da 
intervenção ministerial, em matéria eleitoral, é dada pelo art. 127, caput, da CF e, 
em nível infraconstitucional, pelo disposto no art. 72 da LC nº 75/93, que prevê a 
atuação: “em todas as fases [fase preparatória, votação/totalização e diplomação] e 
instâncias do processo eleitoral”. 
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Por conseguinte, não se concebe a existência de processo eleitoral – seja 
contencioso ou administrativo – sem a participação do Ministério Público, sob pena 
de nulidade, porquanto, é objetivo precípuo da instituição ministerial, a proteção da 
isonomia de igualdade entre os candidatos e da normalidade e legitimidade do 
pleito. 
Nesse sentido, ÉDSON DE RESENDE CASTRO (2004, p. 55) ressalta que: 
 
a partir do art. 127 da CF/88, tornou-se evidente que sua atuação é 
indispensável em toda e qualquer fase do processo eleitoral, desde as 
atividades meramente administrativas (alistamento eleitoral, nomeação de 
mesários, designação de local de votação, diplomação, etc.) até as 
jurisdicionais propriamente (ação de impugnação ao registro de candidatura, 
representação, investigaçãojudicial, ação de impugnação de mandato 
eletivo, etc.). É que o ordenamento constitucional exige que seja garantida a 
lisura do processo eleitoral como pressuposto da observância da ordem 
jurídica e da manutenção do regime democrático de direito. E o Ministério 
Público aparece neste contexto como defensor natural do interesse público, 
consistente em garantir que cada cidadão possa votar livremente, e o 
resultado das urnas coincida com a vontade popular. 
 
A jurisprudência tem assentado a ampla legitimidade do Ministério Público 
para atuar em todas as fases do processo eleitoral, em vista de sua condição de 
fiscal da lei e da Constituição Federal. Como exceção, contudo, não é reconhecida 
legitimidade ao Ministério Público Eleitoral para execução das multas eleitorais; 
nesse caso, porque se trata de dívida ativa, a legitimidade é da Fazenda Pública 
(TSE - Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 5.764 - ReI. Caputo Bastos 
- j. 25.08.2005), embora o STJ tenha assentado que a competência para a execução 
das multas eleitorais é da Justiça Eleitoral (ZÍLIO, 2012). 
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UNIDADE 7 – A POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL 
 
Se a Justiça Eleitoral tem caráter Federal e o Ministério Público é o Federal 
(ou estadual, agindo sob delegação), cabe verificar qual a polícia judiciária que 
deverá instaurar e presidir os inquéritos policiais eleitorais. 
Essa tarefa, não haja dúvida, é da Polícia Federal, pois os crimes eleitorais 
afetam bens jurídicos de interesse da União Federal (independentemente da 
localidade da disputa eleitoral). A essa polícia é que incumbe, nos termos do art. 144 
da Constituição: 
“§ 1º [...] IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da 
União”. 
Entretanto, na prática, não tem acontecido assim. A maioria dos inquéritos 
policiais relativos a crimes eleitorais é instaurada e conduzida pela Polícia Civil 
Estadual. 
As razões para isso são várias. Em primeiro lugar, a Polícia Federal não tem 
a estrutura, pessoal e “capilaridade” para estar representada em todos os municípios 
brasileiros (e, em todos eles, há eleições!). Em segundo lugar, os Promotores 
Eleitorais estão mais familiarizados com a Polícia Civil Estadual, por serem, afinal, 
membros do Ministério Público dos Estados e lidar com essa polícia cotidianamente. 
Em terceiro e, talvez, mais importante lugar, está o fato de que os eleitores, em 
geral, diante de notícias de infrações eleitorais, vão, antes de tudo, nas Delegacias 
da Polícia Estadual, que existem em todas ou quase todas as cidades do país. 
Se os inquéritos forem bem feitos não há objeção para essa colaboração 
entre a Polícia dos estados e a Polícia Federal, portanto, não há que se falar em 
“nulidade” ou “irregularidade” somente em razão da atividade administrativa de 
descoberta de autoria ou materialidade delitivas. 
O ideal, porém, é que a Polícia Federal cresça e se prepare também para 
essa relevante função. 
A Resolução nº 23.363/2010 do TSE, sobre a apuração de crimes eleitorais, 
diz que a Polícia Federal “exercerá, com prioridade sobre as suas atribuições 
regulares, a função de polícia judiciária em matéria eleitoral” e que, “quando no local 
da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia do respectivo Estado 
terá atuação supletiva” art. 2º e parágrafo único. 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A mesma Resolução dispõe, com esteio no art. 10 do Código de Processo 
Penal, que, em caso de flagrante delito ou prisão preventiva, o inquérito policial 
deverá ser concluído em dez dias, contados da execução da ordem de prisão. Se o 
indiciado estiver solto, em 30 dias. 
A Lei da Prisão Temporária, nº 7.960/89, não incluiu crimes eleitorais entre 
aqueles que podem ser objeto dessa medida constritiva. Mas é possível que uma 
quadrilha ou bando seja um crime eleitoral inespecífico, autorizando, então, essa 
prisão. 
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UNIDADE 8 – SISTEMAS ELEITORAIS 
 
Por sistema eleitoral, devemos entender o conjunto de regras necessárias à 
computação dos votos e sua consequente transformação em mandatos (ROCHA, 
2010). 
Na esteira das lições do professor JAIRO MARCONI NICOLAU (2004), 
temos que os sistemas eleitorais são os mecanismos responsáveis pela 
transformação do voto dado pelos eleitores no dia das eleições e mandatos. 
O sistema eleitoral é uma realidade institucional que se propõe a viabilizar a 
representação política através de uma estratégia de composição das escolhas e 
opções políticas da sociedade. 
Algumas variáveis se destacam como presentes nos diversos estilos de 
sistemas eleitorais: 
a) fórmula eleitoral (pluralidade ou maioria; proporcional; misto ou outro); 
b) estrutura da cédula de votação (se é facultada ao cidadão a opção de votar em 
candidato ou em partido, se é uma escolha única ou uma ordenação de 
preferências); e, 
c) o tamanho do distrito eleitoral (a quantidade de representantes que este 
determinado distrito, que pode coincidir ou não com a divisão administrativa, pode 
eleger) (ROCHA, 2010). 
Na lição de JOSÉ AFONSO DA SILVA (1997, p. 326), sistema eleitoral é “o 
conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na realização das eleições, 
destinados a organizar a representação do povo no território nacional”. 
A opção pelo sistema eleitoral a ser adotado revela a relação entre o número 
de votos do candidato, partido ou coligação com o mandato a ser obtido. Portanto, 
com inteira procedência a assertiva de CANOTILHO (1997 apud AUGUSTO ARAS, 
2006 p. 94) quando assevera que “o sistema eleitoral traz em si, subjacente, a opção 
por diferentes concepções de democracia”. 
Segundo AFONSO DE PAULA PINHEIRO ROCHA (2010), há uma 
imensidade de variações nos sistemas eleitorais de acordo com a evolução histórica 
de cada país. É possível, porém, dividi-los em doze sistemas principais, em três 
amplas famílias: 
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a) sistemas de pluralidade ou maioria – maioria simples, segunda votação, voto em 
branco, voto em bloco partidário, voto único não transferível, voto alternativo; 
b) sistemas proporcionais – voto único transferível, representação proporcional de 
lista; e, 
c) sistemas mistos. 
O mesmo autor faz algumas observações interessantes: 
� o sistema eleitoral influencia a tomada de decisões dos diversos agentes 
políticos envolvidos; 
� o sistema eleitoral funciona quase como a regra do jogo político, porque em 
última análise, cada partido ou político individualizado deseja obter o maior 
número de votos ou a melhor forma de um conjunto de votos para se eleger;� o sistema eleitoral acaba por ter efeito sobre a própria sociedade, podendo 
agravar ou moderar tensões e conflitos. Se o sistema eleitoral não for 
considerado justo e capaz de permitir uma verdadeira identificação da 
sociedade com os representantes, ou o sistema político inviabilizar que a 
oposição sinta a possibilidade de vencer as próximas eleições, os derrotados, 
ou outros grupos sociais podem se sentir compelidos a trabalhar fora do 
sistema, usando tácticas não democráticas, até mesmo violentas. 
De todo modo, no atual arcabouço constitucional-eleitoral pátrio são 
reconhecidos o sistema majoritário e o sistema proporcional, sobre os quais faremos 
algumas considerações (ZÍLIO, 2012). 
 
8.1 Sistema majoritário 
Pelo sistema majoritário consideram-se eleitos aqueles candidatos que 
obtiverem, dentro da circunscrição em disputa, o maior número de votos para o 
cargo. Elegem-se por este sistema: o Presidente5 e o Vice-Presidente da República 
(art. 2° da LE; art. 77, § 2°, da CF), o Governador e Vice-Governador (art. 2° da LE; 
art. 32, § 2°, da CF), o Prefeito e Vice-Prefeito (art. 3° da LE; art. 29, inciso II, da CF) 
e os Senadores (art. 46 da CF). 
O Direito Constitucional vigente consagra o sistema majoritário de maioria 
absoluta e o sistema majoritário de maioria simples ou relativa. 
 
5 A eleição do Prefeito, Governador e do Presidente importa, por corolário, a eleição do Vice, por 
força do princípio da unicidade de chapa (art. 91 do CE). 
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Pelo sistema majoritário de maioria simples, considera-se eleito o candidato 
que obtiver o maior número de votos em relação aos demais concorrentes. Esta 
hipótese, não se exige que o candidato obtenha um percentual mínimo de votos 
para se considerar eleito, bastando, tão-só, que tenha recebido mais votos que os 
demais adversários. Assim, ainda que a diferença entre os concorrentes seja mínima 
(de um voto, por exemplo), restará eleito o candidato que obtiver o maior número de 
votos. Em caso de candidato único ao Poder Executivo, basta a obtenção de um 
único voto válido para ser considerado eleito. O sistema majoritário simples, que é 
efetuado em um único turno, é adotado nas eleições de Prefeito nos Municípios com 
menos de duzentos mil eleitores, na forma do art. 3°, § 2°, da LE, a contrario sensu, 
e na eleição para Senador da República. 
Pelo sistema majoritário de maioria absoluta, é considerado eleito o 
candidato que obtém a metade mais um dos votos válidos, ou seja, mais do que a 
soma dos votos de seus adversários. Neste sistema majoritário, caso nenhum dos 
candidatos atinja a maioria absoluta dos votos na primeira votação, deverá ocorrer 
uma nova votação – que é o denominado segundo turno, no qual concorrerão os 
dois candidatos mais votados. No segundo turno, será considerado eleito o 
candidato que obtiver a maioria – ainda que simples – dos votos válidos. Dispõe o 
art. 2°, caput, da LE que “será considerado eleito o candidato a Presidente ou 
Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco 
e os nulos”, ao passo que o §1° do mesmo art. 2° prevê que 
 
se nenhum candidato alcançar a maioria absoluta na primeira votação, far-
se-á nova eleição no último domingo de outubro, concorrendo os dois 
candidatos mais votados, considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos 
votos válidos. 
 
O art. 77, §§ 2° e 3°, da CF estabelece a mesma regra para a eleição do 
Presidente da República. Na eleição para Prefeito Municipal, nos municípios que 
tiverem mais de duzentos mil eleitores, será aplicada a mesma regra da eleição para 
Governador de Estado e Presidente da República, por força do disposto no art. 3°, § 
2°, da LE. Portanto, quando nenhum dos candidatos alcançar, na primeira votação, a 
maioria absoluta, excluídos os votos brancos e nulos, ocorrerá segundo turno, 
oportunidade em que será eleito o candidato mais votado, o sistema majoritário de 
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maioria absoluta tem inegáveis vantagens em relação ao sistema da maioria simples 
ou relativa, fundamentalmente porque confere maior representatividade ao candidato 
eleito, o qual poderá, assim, investir-se dos poderes que lhe foram conferidos pela 
maioria do corpo da circunscrição eleitoral respectiva, o que, em tese, reflete em 
uma base governamental mais sólida e convergente. 
AUGUSTO ARAS (2006, p. 98) observa que 
 
se, por um lado, o sistema majoritário proporciona uma maior estabilidade 
governamental, por outro, enfraquece a dialética democrática, pois, ao 
desconsiderar a opinião das minorias, reduz o canal de discussão entre as 
diferentes ideologias que concorrem para a formação da vontade política do 
Estado. 
 
Essa assertiva, embora verdadeira, perde consistência no caso do sistema 
majoritário de maioria absoluta em dois turnos, no qual existe, quando da segunda 
votação, um reagrupamento de forças políticas, havendo, neste interregno, espaço 
para os partidos de representatividade minoritária buscar alianças que lhes confiram 
maior espaço dentro do cenário político-eleitoral. 
No ponto, insuperável o ensinamento de MÔNICA HERMANN SALEM 
CAGGIANO (2004, p. 119/120), acerca do modelo majoritário de dois turnos, quando 
aduz que 
 
num primeiro momento, permite-se ao eleitor clara manifestação quanto a 
sua preferência política; no segundo, porém, é autorizado o reagrupamento 
das forças políticas, restringindo-se as possibilidades de opção do corpo 
eleitoral. O segundo turno, a rigor, se consubstancia numa manifestação 
negativa, de eliminação. 
 
Aduzindo, após, que 
 
a legitimação do poder e, até mais que isso, a consistência do suporte 
político, elemento intrínseco à expectativa de governabilidade, resultam de 
forma muito mais robusta a partir de um sistema majoritário por dois turnos 
do que respaldado tão-só no majoritário simples, que conduz ao poder, não 
raras vezes, candidatos contemplados com o voto de uma minoria 
(CAGGIANO, 2004, p. 123). 
 
Ao contrário do sistema proporcional, que possui a regra do art. 110 do CE, 
inexiste norma que discipline, de modo específico, o desempate na eleição 
majoritária. Segundo o previsto no § 5 ° do art. 77 da CF – que é aplicável, apenas, 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
ao ingresso do candidato para disputar o segundo turno –, “se, na hipótese dos 
parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a 
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso”. Embora a lacuna legal e em face das 
normas previstas no art. 110 do CE – que é aplicável à eleição proporcional – e do § 
5° do art. 77 da CF – que visa a qualificação ao segundo turno –, o TSE, com 
recurso à analogia, tem utilizado como critério de desempate, também na eleição 
majoritária, a idade do candidato, sendo considerado eleito o mais idoso (Recurso 
Especial Eleitoral n° 19.274 - ReI.Costa Porto - j. 29.03.2001). 
Por fim, o STF já decidiu que não há incompatibilidade entre o art. 77, § 2°, 
da CF e o art. 224 do CE, que foi recepcionado pela Constituição Federal. O art. 77, 
§ 2°, da CF – ao definir maioria absoluta – trata de estabelecer critério para a 
proclamação dos eleitos (ou seja, o segundo turno é critério para proclamação dos 
eleitos), ao passo que o art. 224 do CE – ao definir a hipótese de nova eleição – 
estabelece critério de validade da eleição. Por conseguinte, deve-se distinguir: a 
norma do art. 224 do CE – que trata de validade – precede àquela prevista no § 2° 
do art. 77 da CF – que trata de proclamação dos resultados. Dito de outro modo, 
somente pode-se cogitar de segundo turno, havendo, antes, uma eleição válida. 
 
8.2 Sistema proporcional 
O sistema proporcional não leva em consideração apenas o voto obtido pelo 
candidato, sendo o mandato distribuído em função da votação recebida pelo partido 
ou coligação. Em verdade, o sistema proporcional visa distribuir a representação em 
conformidade com a densidade eleitoral de cada partido ou coligação. 
Segundo AUGUSTO ARAS (2006, p. 99), 
 
a construção do sistema proporcional resultou da premente necessidade de 
se proteger, politicamente, os interesses das minorias, no intuito de 
fortalecer o regime democrático e assegurar aos partidos políticos uma 
representação correspondente à força partidária. 
 
O sistema proporcional é aplicável para os cargos de Vereador6 (art. 29, inciso 
IV, da CF), Deputado Estadual (art. 27, caput, e § 1º, da CF), Deputado Distrital (art. 
 
6 Estabelecido pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009. 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
32, § 3°, da CF) e Deputado Federal (art. 45, caput, da CF). O art. 84 do CE aponta 
no mesmo norte. 
A eleição de um candidato, pelo sistema proporcional, deve observar 
determinados cálculos aritméticos, realizados em sequência, que se desdobram no 
quociente eleitoral, quociente partidário e das sobras. 
O quociente eleitoral é o número mínimo de votos que um partido ou 
coligação deve obter para ter direito à eleição de seus candidatos. A fórmula de 
cálculo do quociente eleitoral é dada pelo art. 106 do CE, devendo ser procedida a 
divisão do total de votos válidos da circunscrição pelo número de vagas a preencher 
(número de cadeiras). Com a revogação do parágrafo único do art. 106 do CE e a 
redação dada ao art. 5° da LE, os votos nulos e os brancos não são computados 
para o cálculo do quociente eleitoral. Por conseguinte, somente são computados 
como votos válidos, para fins de quociente eleitoral, os votos nominais e os votos de 
legenda. É possível, portanto, a seguinte conclusão em relação ao tratamento 
jurídico-normativo dispensado aos votos em branco e nulo: o voto em branco tem 
tratamento igual ao voto nulo no cálculo do quociente eleitoral (art. 5° da LE) e da 
maioria absoluta (art. 77, § 2°, da CF); o voto branco tem tratamento diverso do nulo 
na aplicação do art. 224 do CE, que trata da nulidade da eleição. 
Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas 
eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município 
nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal 
marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias. 
O partido político, ou coligação partidária, que obtiver o quociente eleitoral 
tem, portanto, direito ao preenchimento de vagas. A quantidade exata do número de 
vagas a preencher é obtida através do quociente partidário. O quociente partidário é 
a quantidade de cadeiras obtidas pelos partidos em determinada circunscrição, 
conforme cálculo determinado na forma do art. 107 do CE. Obtém-se o quociente 
partidário dividindo-se o número de votos obtidos pelo partido político, ou coligação, 
pelo quociente eleitoral. A seguir, estatui o art. 1087 do CE que 
 
Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou coligação 
que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por 
 
7 Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015. 
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cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente 
partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha 
recebido. 
 
Não sendo preenchidas todas as vagas pela aplicação do cálculo do 
quociente partidário, deve-se, então, proceder à distribuição das sobras eleitorais, na 
forma preconizada pelo art. 109 do CE, que estabelece o critério da “maior média”, 
através das seguintes regras: 
I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou 
coligação pelo número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente 
partidário do art. 107, mais um, cabendo ao partido ou coligação que apresentar a 
maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à 
exigência de votação nominal mínima; 
II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; 
III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que 
atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão distribuídas aos partidos 
que apresentem as maiores médias. 
As vagas obtidas pelo partido serão distribuídas segundo a ordem de 
votação recebida por seus candidatos, conforme estabelece o art. 109, § 1°, do CE. 
Portanto, a distribuição das vagas obtidas pelo partido será na estrita observância da 
votação nominal descrente de seus candidatos. 
Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos e coligações 
que participaram do pleito (art. 1098, § 2°, do CE). Caso nenhum partido consiga 
obter o quociente eleitoral, aplica-se, por força do art. 111 do CE, a fórmula do 
Sistema majoritário e, desta feita, os mais votados são eleitos. O TSE já assentou a 
aplicabilidade plena do art. 109, § 2°, do CE e sua compatibilidade com o art. 45, 
caput, da CF, esclarecendo que “ainda que haja outros modelos de sistema 
proporcional, com maiores vantagens ou desvantagens, o Código Eleitoral não foge 
à razoabilidade, atendendo ao princípio da proporcionalidade”. Em havendo empate 
da “média” entre as legendas e no número de votos obtidos pelas coligações, o 
critério de desempate a ser observado é o de número de votos nominais recebidos 
pela coligação, e não o do candidato mais idoso, conforme já decidiu o TSE. 
AUGUSTO ARAS (2006, p. 104) observa que 
 
8 Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017. 
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se, por um lado, o sistema proporcional possui a vantagem de abrir espaço 
para a representação das minorias, por outro revela a desvantagem de 
originar uma tendência à proliferação de partidos. 
 
Além de enfraquecer a pessoa

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