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Fisiologia Humana Prof. Dr. Francisco G. de Carvalho Neto Curso: Enfermagem/Fisioterapia 2P Fisiologia em Ambientes especiais Introdução • Os humanos são mamíferos tropicais, que respiram ar de baixa altitude; • Portanto, com apenas 15% do nosso planeta não sendo água, deserto, gelo ou montanha, a maior parte da Terra representa um lugar hostil para nós; • Diante disso, como os humanos conseguem visitar o espaço, subir as montanhas mais altas, mergulhar? Ambientes especiais • Ramo da Fisiologia que estuda a dependência das funções humanas e animais em condições de vida em diferentes ambientes. Fisiologia em altas altitudes • Os seres humanos ascenderam a altitudes cada vez mais altas, por meio da aviação, do alpinismo e da exploração espacial; • Tornou-se mais importante compreender os efeitos da altitude e das baixas pressões gasosas sobre o corpo humano; • Desafios para a homeostasia do corpo. Fisiologia em altas altitudes EFEITOS DA BAIXA PRESSÃO DE OXIGÊNIO SOBRE O CORPO • Ao nível do mar, a pressão barométrica é de 760 mmHg; • A diminuição da pressão barométrica constitui a causa básica de todos os problemas de hipóxia na fisiologia das altas altitudes; • À medida que a pressão barométrica reduz, a pressão parcial de oxigênio (Po2) na atmosfera diminui proporcionalmente; • A Po2 ao nível do mar é cerca de 159 mmHg, mas a 15.000 metros, é de apenas 18 mmHg. Fisiologia em altas altitudes DIÓXIDO DE CARBONO E VAPOR D’ÁGUA DIMINUEM O OXIGÊNIO ALVEOLAR • A pressão do vapor d’água, nos alvéolos permanece em 47 mmHg, enquanto a temperatura corporal for normal, independentemente da altitude; • Suponhamos, por exemplo, que a pressão barométrica caia do valor normal de 760 mmHg ao nível do mar para 253 mmHg, que é o valor usualmente medido no topo do monte Everest, a 8.848 metros; • Como 47 mmHg devem ser de vapor d’água, restam apenas 206 mmHg para todos os outros gases; • Na pessoa aclimatada, 7 mmHg dos 206 mmHg devem ser de CO2, restando apenas 199 mmHg; • Se não houvesse utilização do O2 pelo corpo, um quinto desses 199 mmHg seria O2 e quatro quintos nitrogênio; • Isto é, a Po2 nos alvéolos seria de 40 mmHg; • Entretanto, parte desse oxigênio alveolar restante está continuamente sendo absorvida pelo sangue, deixando cerca de 35 mmHg de pressão de O2 nos alvéolos; • A ventilação alveolar aumenta muito mais na pessoa aclimatada do que na pessoa não aclimatada. Fisiologia em altas altitudes SATURAÇÃO DA HEMOGLOBINA COM OXIGÊNIO EM DIFERENTES ALTITUDES • Até a altitude de cerca de 3.048 metros, mesmo quando é respirado ar, a saturação de O2 arterial permanece pelo menos em 90%; • Acima de 3.048 metros, a saturação de O2 arterial cai rapidamente conforme mostrado pela curva azul da figura, até ficar ligeiramente abaixo de 70% a 6.096 metros, e muito menos em altitudes ainda mais altas. NOTA: saturação de oxigênio é a fração de hemoglobina saturada de oxigênio em relação à hemoglobina total no sangue. Fisiologia em altas altitudes SATURAÇÃO DA HEMOGLOBINA COM OXIGÊNIO EM DIFERENTES ALTITUDES • Quando a pessoa respira O2 puro em vez de ar, a maior parte do espaço nos alvéolos, antes ocupado por nitrogênio, é ocupado por O2; • A 9.144 metros, um aviador poderia ter Po2 alveolar tão alta quanto 139 mmHg, ao invés de 18 mmHg quando respira ar. Fisiologia em altas altitudesQual o “teto” na aviação? • A saturação arterial a 14.325 metros, quando se está respirando oxigênio, é cerca de 50% e é equivalente à saturação de O2 arterial a 7.010 metros, quando se está respirando ar; • Pessoa não aclimatada geralmente pode permanecer consciente até que a saturação de O2 arterial caia a 50% durante curtos tempos de exposição, o teto para o aviador em aeroplano não pressurizado, quando respira ar, é de cerca de 7.010 metros, e quando respira O2 puro é em torno de 14.325 metros, contanto que o equipamento de fornecimento de O2 opere perfeitamente. Fisiologia em altas altitudes EFEITOS DA HIPÓXIA POR BAIXA ALTITUDE • Começando na altitude de cerca de 3.657 metros, são sonolência, fadiga mental e muscular, algumas vezes dor de cabeça, ocasionalmente, náuseas e, às vezes, euforia; • Esses efeitos progridem para o estágio de abalos musculares ou convulsões, acima de 5.486 metros, e terminam, acima de 7.010 metros, na pessoa não aclimatada, em coma, seguido logo depois pela morte; • Um dos efeitos mais importantes da hipoxia é a proficiência mental diminuída, que dificulta o julgamento, a memória e os movimentos motores individualizados. Fisiologia em altas altitudes ACLIMATAÇÃO • Os principais meios pelos quais a aclimatação ocorre são (1) grande aumento da ventilação pulmonar; (2) número aumentado de hemácias; (3) aumento da capacidade de difusão dos pulmões; (4) vascularidade aumentada dos tecidos periféricos; e (5) capacidade aumentada das células teciduais usarem O2, apesar da baixa Po2; • Moradores dos Andes peruanos, vivem em altitude de 5.334 metros e trabalham em minas na altitude de 5.791 metros. Fisiologia em altas altitudes EFEITOS DAS FORÇAS DE ACELERAÇÃO SOBRE O CORPO NA FISIOLOGIA DA AVIAÇÃO E DO ESPAÇO • Em virtude das alterações rápidas da velocidade e da direção do movimento, em aeroplanos ou naves espaciais, diversos tipos de forças de aceleração afetam o corpo durante o voo; • No começo do voo, ocorre aceleração linear simples; • Ao término do voo, desaceleração; • E a cada vez que o veículo faz uma curva, aceleração centrífuga. Fisiologia em altas altitudes MEDIDA DA FORÇA DE ACELERAÇÃO — “G”. • Quando o aviador está simplesmente sentado no seu assento, a força com a qual ele está fazendo pressão contra o assento resulta da tração da gravidade e é igual ao seu peso (+1 G); • Se a força com que ele pressiona contra o assento ficar cinco vezes o seu peso normal a força que atua sobre o assento é dita +5 G; • Se o aeroplano fizer loop externo, de modo que a pessoa seja mantida presa pelo seu cinto de segurança, G negativa é aplicada ao seu corpo; se a força com a qual ela é retida pelo seu cinto for igual ao peso do seu corpo, a força negativa é -1 G; • Quando o aviador é submetido a G positiva, o sangue é centrifugado em direção à parte mais inferior do corpo; • À medida que a pressão nos vasos da parte inferior do corpo aumenta, esses vasos se dilatam passivamente, de modo que parte importante do sangue, da região superior do corpo, é deslocada para os vasos inferiores; • Aceleração maior que 4 a 6 G causa “escurecimento” da visão, em alguns segundos, e inconsciência logo depois; • G negativa sobre o corpo são em condições agudas, menos drásticos. Roupa anti-G Fisiologia no espaço FORÇAS DE ACELERAÇÃO EM VIAGEM ESPACIAL • A aceleração no lançamento e a desaceleração na aterrissagem podem ser tremendas; ambas são tipos de acelerações lineares positiva e negativa; • Bancos inclinados. Fisiologia no espaço AMBIENTE ARTIFICIAL NA NAVE • A concentração de O2 deve permanecer suficientemente alta e a concentração de CO2 suficientemente baixa para prevenir sufocação; • Modernos veículo espacial são usados gases aproximadamente iguais aos do ar normal, com quatro vezes mais nitrogênio que O2 e pressão total de 760 mmHg; • A presença de nitrogênio na mistura diminui bastante a probabilidade de incêndio e explosão; • Reciclagem de O2. Fisiologia no espaço IMPONDERABILIDADE NO ESPAÇO • A pessoa em satélite em órbita ou em espaçonave sem propulsor experimenta estado de força G próximo de zero; • A pessoa não é puxada para o fundo, lados ou topo da espaçonave, mas simplesmente flutua dentro das suas câmaras; • A gravidade atua sobre a espaçonave e a pessoa ao mesmo tempo, de modo que ambas são tracionadas exatamente pelas mesmas forças de aceleração e na mesma direção. Por essa razão, a pessoa simplesmente não é atraída para qualquer parede específica de espaçonave. • A maioria dos problemas que ocorrem estárelacionada aos três efeitos da imponderabilidade: (1) tonturas e ânsia de vômito, durante os primeiros dias de viagem; (2) translocação de líquidos dentro do corpo, em virtude da falta de gravidade; e (3) atividade física diminuída, porque nenhuma força de contração muscular é requerida para contrabalançar a força de gravidade. Fisiologia do mergulho • Quando seres humanos descem às profundezas do mar, a pressão em torno deles aumenta tremendamente; • Para impedir que os pulmões se colapsem, o ar tem que ser fornecido em pressão muito alta para mantê-los inflados; • Essa manobra expõe o sangue, nos pulmões, à pressão extremamente alta dos gases alveolares, condição chamada hiperbarismo. Fisiologia do mergulho • A cada 10 metros de profundidade a pressão aumenta 1 atm; • Lei de Boyle: variação da pressão em função do volume. Existe uma proporção inversa entre essas duas grandezas. Fisiologia do mergulho EFEITOS DAS ALTAS PRESSÕES PARCIAIS DE GASES INDIVIDUAIS SOBRE O ORGANISMO • Os gases individuais aos quais o mergulhador é exposto quando está respirando ar são nitrogênio, O2 e CO2; • Cada um deles pode, às vezes, causar importantes efeitos fisiológicos sob altas pressões; • A narcose por nitrogênio tem características semelhantes às da intoxicação alcoólica e, por essa razão, frequentemente foi chamada “êxtase das profundidades”. Fisiologia do mergulho ENVENENAMENTO AGUDO PELO OXIGÊNIO • À medida que a pressão de O2 se eleva, grande parte do O2 total está dissolvida na água do sangue, além do ligado à hemoglobina; • A Po2 tecidual extremamente alta que ocorre quando o O2 é respirado sob pressão de O2 alveolar muito alta pode ser deletéria para muitos tecidos do organismo; • As convulsões muitas vezes ocorrem sem aviso e, por razões óbvias, tendem a ser letais para os mergulhadores submersos no mar. Fisiologia do mergulho DESCOMPRESSÃO DO MERGULHADOR APÓS EXPOSIÇÃO EXCESSIVA A ALTAS PRESSÕES • Uma vez que o nitrogênio não é metabolizado pelo corpo, ele permanece dissolvido em todos os tecidos corporais até que a pressão do nitrogênio nos pulmões seja diminuída; • Momento no qual o nitrogênio pode ser removido pelo processo respiratório inverso essa remoção, às vezes, leva horas para ocorrer e constitui a origem de múltiplos problemas chamados, coletivamente doença da descompressão; • Forma-se bolhas, constituídas quase inteiramente por nitrogênio, tanto nos tecidos quanto no sangue, onde elas obstruem muitos vasos sanguíneos pequenos. carvalhonetofg@gmail.com
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