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Caso clínico – aula 1 • Um homem de meia idade, 54 anos, trabalhador rural, queixava-se já há algum tempo de dores de cabeça. Certa manhã, ao levantar-se da cama, começou a vomitar e queixou-se de fortes dores no peito. Sua esposa e sua filha o levaram ao hospital, onde deu entrada no Pronto Atendimento inconsciente. • Durante o atendimento de emergência o paciente sofreu duas paradas cardiorrespiratórias, foi reanimado e encaminhado para o setor de Unidade de Terapia Intensiva devido ao seu estado grave. No exame físico foi sugerido infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico. Foram coletadas amostras de sangue para dosagem de creatina quinase e outras enzimas que são indicadoras de lesão celular. 1 Caso clínico – aula 1 • Posteriormente, o paciente foi avaliado pelo neurologista e cardiologista, que informaram à família que ele havia entrado em estado de coma, realizou exame de imagem Ressonância Magnética e foi diagnosticada lesão cerebral devido ao infarto agudo do miocárdio e às duas paradas cardiorrespiratórias. Depois de quatro semanas o paciente já havia saído do estado de coma e voltado ao seu estado de consciência, porém com sequelas significativas. 2 Caso clínico – aula 1 Recebeu alta hospitalar e iniciou acompanhamento médico e fisioterapêutico periodicamente. Na consulta com o neurologista, a esposa relatou que o paciente era fumante há 36 anos, que fazia ingestão de bebida alcoólica todos os dias e que era hipertenso, porém não tomava o medicamento todos os dias como recomendado pelo médico. Na avaliação fisioterapêutica foi observada sequela de hemiplegia direta associada à perda da sensibilidade, da fala (afasia) e da visão. Encontra-se acamado e em processo de reabilitação. (Hemi- metade, -plegia paralisia) Caso clínico – aula 1 • O paciente era alcoólatra, pois fazia ingestão de bebidas alcoólicas diariamente. • O abuso do álcool teve alguma relação com o quadro patológico (lesão celular) do paciente? Qual a relação? • Qual outro processo patológico poderia ser acrescentado no diagnóstico clínico deste paciente? 4 Caso clínico – aula 1 • Resolução: • Sim. A relação do álcool com a lesão celular é que o abuso na ingestão de bebidas alcoólicas está inserido em um dos fatores etiológicos da lesão celular, por agentes químicos, e o paciente era alcoólatra, pois fazia ingestão de bebidas alcoólicas diariamente. • Outro processo patológico que poderia estar associado aos diagnósticos é a esteatose hepática causada principalmente por uso abusivo de álcool. 5 Quais são e a diferença entre os dois mecanismos de lesão celular? Lesão por estresse oxidativo: em que ocorre acúmulo de radicais livres no interior da célula, levando à degradação das moléculas celulares importantes para a sua sobrevivência. Lesão por acúmulo de lipídios “degeneração gordurosa”: em que o acúmulo de gordura no interior da célula leva à perda de suas funções. 6 Ciências Morfofuncionais dos Sistemas Imune e Hematológico Aula 2 - Lesão celular: caminho para a doença Oxigênio: a molécula da vida 7 Objetivos • Compreender os fatores etiológicos das lesões celulares • Relacionar as causas e os mecanismos das lesões celulares • Compreeenser a patogenia das lesões por radicais livres • Compreender a patogenia das lesões por degeneração gordurosa. • Relacionar a presença do oxigênio com danos celulares 8 Causas das lesões celulares Causas mais comuns: • ausência de oxigênio (hipóxia); • agentes físicos (traumas, temperatura, radiação, choque); • agentes químicos e drogas; • agentes infecciosos; • reações imunológicas; • distúrbios genéticos • desequilíbrios nutricionais. A redução do fornecimento de oxigênio às células è chamada de hipóxia, enquanto sua interrupção é denominada anóxia. 9 Fatores etiologicos das lesões celulares - ausência de oxigênio (hipóxia) • 1) Lesões por ausência de oxigênio ou hipóxia : ocorre a redução do processo de respiração oxidativa aeróbica da célula. • É uma das causas mais comuns e importantes das lesões celulares e pode ocorrer por redução do fluxo sanguíneo (hipoxemia), por baixa captação e concentração de oxigênio na corrente sanguínea, por consequência de uma insuficiência cardiorrespiratória, anemias ou hemorragias. Se a ausência de oxigênio não for cessada, pode levar à morte celular, 11 Lesão por hipóxia / anóxia Fatores etiologicos das lesões celulares - ausência de oxigênio (hipóxia) • Ex: infarto do miocárdio em que os cardiomiócitos (fibra muscular cardíaca) são privados de oxigenação e morrem, causando uma área infartada, sem função e força para ejeção do sangue 13 • HIPERTROFIA: aumento do tamanho da célula e do órgão, sempre em resposta ao aumento da carga de trabalho; induzida por fatores de crescimento produzidos em resposta ao estresse mecânico ou outros estímulos; ocorre em tecidos incapazes de divisão celular. • HIPERPLASIA: aumento do número de células em resposta a hormônios e outros fatores de crescimento; ocorre em tecidos cujas células são capazes de se dividir ou que contenham abundantes células-tronco. • ATROFIA: diminuição da célula e do órgão, como resultado da diminuição do suprimento de nutrientes ou por desuso; associada à diminuição de síntese celular e aumento da quebra proteolítica das organelas celulares. • METAPLASIA: alteração do fenótipo em células diferenciadas, sempre em resposta a irritação crônica que torna as células mais capazes de suportar o estresse; geralmente induzida por via de diferenciação alterada das células-tronco nos tecidos; pode resultar em redução das funções ou tendência aumentada para transformação maligna. Fatores etiologicos das lesões celulares - fatores físicos As lesões podem ocorrer por fatores físicos, como: traumas mecânicos, extremo de temperaturas como queimaduras por frio e calor, choque elétrico, radiação e lesões por armas brancas em que ocorre a destruição do tecido. 16 Fatores etiologicos das lesões celulares - agentes químicos e drogas • São diversos os agentes químicos: • excesso de sal e glicose que causam alteração no equilíbrio eletrolítico celular; • uso de venenos; • inseticidas; • ar poluente; • Drogas lícitas e ilícitas ex: cigarro, álcool, medicamentos, entre outros • Todos estes agentes afetam o metabolismo e equilíbrio celular. 17 Fatores etiologicos das lesões celulares - agentes infecciosos 1 9 São diversos os agentes infecciosos: • os micro-organismos; • vírus; • bactérias; • fungos Também reações imunológicas: - as doenças autoimunes infectam as células e as destroem O próprio sistema de defesa passa a atacar e destruir as células sadias do indivíduo. Fatores etiologicos das lesões celulares - anomalias genéticas As anomalias genéticas também causam lesões celulares devido aos defeitos gerados nas proteínas funcionais e no DNA. Estes defeitos geram graves lesões celulares, com consequentes perdas funcionais. Exemplo: Síndrome de Down. 20 Anomalia genética: defeito no gene durante o processo de mitose celular (divisão celular). Fatores etiologicos das lesões celulares - desequilíbrio nutricional Ocasiona graves lesões celulares, por afetar a energia da célula, causando disfunção em seu metabolismo. Exemplos de desequilíbrio nutricional: ➢ Desnutrição; ➢ Deficiências de nutrientes e vitaminas específicas; ➢ Excesso de alimentos hipercalóricos (causa acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos e órgãos importantes) 22 Fatores etiologicos das lesões celulares - desequilíbrio nutricional Mecanismo de lesão celular pelo estresse oxidativo O que significa estresse oxidativo? É o acúmulo de radicais livres no interior das células. Radicais livres são atomos ou moléculas que apresentam um ou mais elétrons não pareados ocupando orbitais atômicos ou moleculares. 25 Radicais livres: espécies químicas com um elétron não pareado em órbita externa. Mecanismo de lesão celular pelo estresseoxidativo Os radicais livres são produzidos no interior da célula e resultam de reações moleculares do ambiente celular, desencadeiam reações autocatalíticas, processo em que ocorre a degradação de moléculas e conversão em radicais livres. 26 Mecanismo de lesão celular pelo estresse oxidativo As espécies reativas de oxigênio (EROs) são radicais livres derivados do oxigênio e são produzidas durante o processo de respiração celular nas mitocôndrias, e são degradadas e removidas pelo sistema de defesa da célula. 27 Mecanismo de lesão celular pelo estresse oxidativo • Forte tendência de retirar elétrons de compostos celulares para obtenção de uma estrutura quimicamente mais estável→ lesões oxidativas em várias moléculas celulares→ perda total da função celular. 28 Tipos de ERO produzidos A) Reações de oxidação e redução O superóxido (O2 * ) -→ peróxido de hidrogênio (H2O2) espontaneamente ou pela ação da superóxido dismutase. O H2O2 é mais estável que o O2 * e pode atravessar membranas biológicas. Na presença de metais, como Fe2+, o H2O2 é convertido ao radical hidroxila altamente reativo ( *OH) Tipos de ERO produzidos B) Processos imunológicos são produzidas pelos leucócitos, principalmente neutrófilos e macrófagos, como uma arma para destruição de micróbios e outras substâncias durante a inflamação e defesa do hospedeiro. O óxido nítrico (NO) é outro radical livre reativo produzido pelos leucócitos e outras células Mecanismos de neutralização de radicais livres • A taxa de decomposição espontânea do superóxido é aumentada significativamente pela ação das superóxido dismutases (SODs) encontradas em muitos tipos celulares. • As glutationa peroxidases (GSH) catalisa a degradação do H2O2 pela reação 2 GSH (glutationa) + H2O2 → GS-SG + 2H2O. • Catalase catalisa a reação: 2H2O2 → O2 + 2H2O). • Os antioxidantes endógenos ou exógenos (p. ex., as vitaminas E, A, C e o b-caroteno) Tabaco Poluição Respiração Alimentação inadequada Algumas fontes de radicais livres Raio X Doenças infecciosas Álcool Radiação solar Exercício físico intenso Estresse Mecanismo de lesão celular pelo estresse oxidativo 33 Mecanismo de lesão celular pelo estresse oxidativo Ocorre o estresse oxidativo: a) Quando o “desafio” por radicais livres resulta em dano tecidual ou na produção de compostos tóxicos ou danosos aos tecidos. b) Desequilíbrio entre os sistemas pró-oxidantes e antioxidantes, de maneira que os primeiros sejam predominantes. Mecanismos de lesão: oxidação da camada lipídica da membrana celular danos a proteínas e ao DNA, provocando diversas alterações na função celular e tecidual. 34 Mecanismo de lesão celular pelo estresse oxidativo 35 Mecanismo de lesão celular pelo estresse oxidativo 36 Proteases: são enzimas que quebram ligações peptídicas entre os aminoácidos das proteínas. Lesão celular por EROs 1) Peroxidação lipídica das membranas. Ligações duplas de lipídios polinsaturados na membrana são vulneráveis ao ataque por radicais livres derivados do oxigênio. 2) Ligação cruzada e outras alterações das proteínas. Os radicais livres promovem ligação cruzada das proteínas mediadas por sulfidrila, resultando no aumento da degradação ou perda da atividade enzimática. 3) Lesões do DNA. As reações radicais livres com a timina no DNA mitocondrial e nuclear produzem quebra do filamento único no DNA. Essa lesão no DNA foi implicada na morte celular, envelhecimento celular e transformação maligna das células. Mecanismo de lesão celular - Esteatose ESTEATOSE ou degeneração gordurosa é o acúmulo de lipídios no interior das células. Ocorre acúmulo de triglicerídeos e é mais observada no fígado, devido a sua relação com o metabolismo de lipídios. Também pode ocorrer no coração, rim e músculos. CAUSAS DA ESTEATOSE: Diabetes, obesidade, desnutrição proteica, toxinas e anóxia. Além destas causas, uma das mais comuns é o abuso de bebidas alcoólicas, que provoca a degeneração gordurosa hepática. 38 Mecanismo de lesão celular - Esteatose 39 Mecanismo de lesão celular - Esteatose • O acúmulo de triglicérides em qualquer um destes órgãos causa graves lesões celulares, com perda significativa de suas funções, e quando se torna acentuado pode levar à morte celular e falência do órgão comprometido, podendo até levar o indivíduo a óbito. https://www.youtube.com/watch?v=HmiDzsE6sdY 40 https://www.youtube.com/watch?v=HmiDzsE6sdY Mecanismo de lesão celular - Esteatose Exemplo de relação entre o acúmulo de triglicerídeos e um caso de lesão celular No caso do infarto agudo do miocárdio, pode haver alguma relação com o mecanismo de lesão por acúmulo de gordura? • Se um indivíduo tem acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos, pode acontecer a obstrução da luz de uma das coronárias, artérias responsáveis pela irrigação do tecido cardíaco, impedindo assim seu suprimento sanguíneo e consequente lesão e morte celular. 41 Isquemia: diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea, numa parte do organismo, ocasionada por obstrução arterial ou por vasoconstrição. 42 Lesões por alterações de oxigênio 43 Lesões por alterações de oxigênio Os neurônios são muito sensíveis, mas fibroblastos são extremamente resistentes. São exemplos de viabilidade celular frente a hipóxia: -Neurônio - 3-5 min. -Miocárdio, hepatócitos - 10 min - 2horas -Fibroblastos, músculo esquelético, epiderme - muitas horas. 44 Lesões por alterações de oxigênio 45
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