Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
• ••• •• • • ? Um velocista em geral • acelera gradualmente no decorrer de uma corrida e de- sacelera gradualmente após cruzar a linha de chegada. Em que parte do movimento é correto dizer que ele está acelerando? (i) Durante a cor- rida; (ií) depois que ele cruza a linha de chegada; (Ili) am- bas as opções anteriores; (iv) nem (i) nem (ii); (v) a resposta depende da rapidez com que o corredor ganha velocidade durante a corrida . •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao estudar este capítulo, você aprenderá: 2.1 Como as ideias de deslocamento e velo- cidade média nos ajudam a descrever o movimento retilíneo. 2.2 O significado de velocidade instantânea; a diferença entre vetor velocidade e velo- cidade escalar. 2.3 Como usar a aceleração média e a ace- leração Instantânea para descrever as mudanças no vetor velocidade. 2.4 Como usar equações e gráficos para resolver problemas que envolvem movimento retilíneo com aceleração constante. 2.5 Como resolver problemas nos quais um objeto está caindo livremente apenas sob a Influência da gravidade. 2.6 Como analisar o movimento retilíneo quando a aceleração não é constante. Revendo conceitos de: 1.7 Vetor deslocamento. 1.8 Componentes de um vetor. , RETILINE ue distância um avião deve percorrer em uma pista antes de atingir a velo- cidade de decolagem? Quando você lança uma bola diretamente para cima, que altura ela atinge? Quando um copo escorrega de sua mão, de quanto tempo você dispõe para segurá-lo antes que ele atinja o solo? São esses os tipos de perguntas que você aprenderá a responder neste capítulo. Estamos iniciando o estudo da física com a mecânica, o estudo das relações entre força, matéria e mo- vimento. O objetivo deste e do próximo capítulo é o estudo da cinemática, a parte da mecânica que trata do movimento. Mais tarde, estudaremos a dinâmica, que nos ajuda a compreender por que os objetos se movem de diferentes maneiras. Neste capítulo, estudaremos o tipo mais simples de movimento: uma partícula se deslocando ao longo de uma linha reta. Para descrever esse movimento, intro- duziremos as grandezas físicas de velocidade e aceleração. Essas grandezas pos- suem definições mais precisas e um pouco diferentes das usadas na linguagem cotidiana. Uma observação importante é que essas grandezas são vetores. Como você aprendeu no Capítulo 1, isso significa que elas possuem módulo, direção e sentido. Neste capítulo, estamos interessados apenas em descrever o movimento em uma linha reta, de modo que, por enquanto, não necessitamos do tratamento matemático completo dos vetores. Porém, no Capítulo 3, abordaremos o movi- mento em duas e em três dimensões, casos em que o uso dos vetores é essencial. Desenvolveremos equações simples para descrever o movimento no caso es- pecial em que a aceleração permanece constante. Um exemplo é a queda livre de um corpo. Também consideraremos casos nos quais a aceleração varia durante o movimento; para essa situação, necessitamos do uso da integração para descre- ver o movimento. (Caso você ainda não tenha estudado integração, a Seção 2.6 é opcional.) 38 Física 1 2.1 DESLOCAMENTO, TEMPO E VELOCIDADE MÉDIA Suponha que, em uma corrida de carros, uma competidora dirija seu carro em um trecho retilíneo (Figura 2.1). No estudo do movimento, precisamos de um sistema de coordenadas. Escolhemos o eixo Ox para nosso sistema de coordena- das ao longo do trecho retilíneo, com a origem O situada no início da linha reta. Descreveremos a posição do carro de acordo com a posição de seu ponto repre- sentativo, como sua extremidade dianteira. Ao fazer isso, o carro todo é represen- tado por esse ponto, razão pela qual o consideramos uma partícula. Um modo útil para a descrição do movimento do carro consiste em dizer como x varia em um intervalo de tempo. Suponha que, 1,0 s depois do início do movi- mento, a extremidade dianteira do carro esteja no ponto P1, a 19 m da origem, e que, 4,0 s depois do início do movimento, esse ponto se desloque para P2, a 277 m da origem. O deslocamento da partícula é um vetor que aponta de P1 para P2 (Seção 1.7). A Figura 2.1 mostra que esse vetor se posiciona ao longo do eixo Ox. O componente x do deslocamento é simplesmente a variação no valor de x, (277 m - 19 m) = 258 m, em um intervalo de tempo (4,0 s - 1,0 s) = 3,0 s. Definimos a velocidade média do carro nesse intervalo de tempo como um vetor cujo com- ponente x é a variação de x dividida por esse intervalo: (258 m)/(3,0 s) = 86 m/s. Em geral, a velocidade média depende do intervalo específico de tempo esco- lhido. Para um intervalo de 3,0 s antes do início da corrida, a velocidade média seria zero, porque o carro estaria em repouso na linha de partida e seu desloca- mento seria nulo. Vamos generalizar o conceito de velocidade média. Em um instante t1, o carro se encontra no ponto P1, cuja coordenada é x1 e, no instante t2, ele se encontra no ponto P2 , cuja coordenada é x2 . O deslocamento do carro no intervalo de tempo entre t1 e t2 é o vetor que liga P1 a P2• O componente x do deslocamento do carro, designado como Lix, é simplesmente a variação da coordenada x: (2.1) O carro se move somente pelo eixo Ox; logo, os componentes y e z do desloca- mento são iguais a zero. ATENÇÃO O significado de Âr Note que Âx não é o produto de â vezes x; esse símbolo significa simplesmente "variação da grandeza x". Sempre usamos a letra grega maiúscula â (delta) para representar a variação de uma grandeza, calculada como a diferença entre seu valor final e seu valor inicial - nunca o contrário. Analogamente, escrevemos o in- tervalo de tempo entre t1 e t2 como ât e a variação na grandeza t: ât = t2 - t1 (a diferença entre o valor final e o inicial). O componente x da velocidade média, ou velocidade x média, é o componente x do deslocamento, âx, dividido pelo intervalo de tempo ili durante o qual ocorre Figura 2.1 Posição de um carro de corrida em dois instantes de sua trajetória. Posição em t1 = 1,0 s Posição em t2 = 4,0 s lNÍCIO 1 1 FIM 1 1 :P1 :P2 ~ 1 Deslocamento de t1 para t2 1 ------'-- 1 ----------- Eixo Ox --------------'''---"""'/-- x O"\ ~x1 = 19 m Xi = 277 m ] { -------- Âx = (Xi - X1) = 258 m -------~ 1 • • A, : • • : ··coordenada x do \ • • • • f carro a 1,0 s. -... .. ' Coordenada x do carro a 4,0 s. x é positivo à direita do ponto de origem ( O), negativo à esquerda dele. Quando o carro se move no sentido +x, o deslocamento Âx é positivo, assim como a velocidade média x: Âx 258 m vmx = ât = 3,0 s = 86 m/s o deslocamento. Representaremos essa grandeza pelo símbolo Vmx (em que o "m" subscrito significa valor médio e o "x" subscrito indica que esse é o componente x): Componente x do deslocamento da partícula Velocidade x média de uma ... • ········~,,···· ··············· ... ~ ...... '):.' .... partícula em movimento ···!( .dx x2 - x1 Coordenada x final menos retilíneo durante o intervalo Vmx = ~ = coordenada x inicial (2.2) de tempo de t1 a t2 ~ t i2 - /1 •• • • Intervalo de tempo·· Tempo final menos tempo inicial Comoumexemplo,paraocarronaFigura2.1,x1 = 19m,x2 = 277rn,t1 = 1,0s e t2 = 4,0 s. Logo, a Equação 2.2 fornece: v = 277m - 19m = 258m = 86 m/s mx 4,0 S - 1,0 S 3,0 S A velocidade média do carro de corrida é positiva. Isso significa que, durante o intervalo de tempo, a coordenada x cresce e o carro se move no sentido positivo do eixo Ox (da esquerda para a direita na Figura 2.1). Quando a partícula se move no sentido negativo do eixo Ox durante o intervalo de tempo, sua velocidade média para esse intervalo é negativa. Por exemplo, su- ponha que uma caminhonete se mova da direita para a esquerda ao longo da pista (Figura 2.2). A caminhonete se encontra no ponto x1 = 277 m em um instante t1 = 16,0 s e em x2 = 19 m no instante t2 = 25,0 s. Logo, âx = (19 m - 277 m) = -258 me ât = (25,0 s- 16,0 s) = 9,0 s. O componente x da velocidade média será Vmx = âxlât = (-258 m)/(9,0 s) = -29 m/s. A Tabela 2.1 apresenta algumas regras simples para decidir se a velocidade x é positiva ou negativa. ATENÇÃO O sinal do componente x da velocidade média Em nosso exemplo, velocidade média positiva implica em um deslocamento para a direita, como na Figura 2.1, e velocidade média negativa implica em wn deslocamento para a esquerda, como na Figura 2.2. Porém, essas conclusões estão corretas somente quando o eixo Ox é orientado da esquerda para a direita. Poderíamos também ter orientado o eixo Ox da direita para a esquerda, com origem no ponto final. Neste caso, o carro de corrida teria uma velocidade média nega- tiva e a caminhonete teria uma velocidade média positiva. Você deve escolher o sentido do eixo ao resolver quase todos os problemas. Uma vez feita essa escolha, é necessário considerar esse sentido ao interpretar os sinais de Vmx e de outras grandezas que descre- vem o movimento! No caso do movimento retilíneo, em geral âx indica, simplesmente, o deslo- camento e Vmx, a velocidade média. Contudo, lembre-se de que essas grande- zas indicam simplesmente os componentes x de grandezas vetoriais que, nesse caso particular, possuem apenas componentes x. No Capítulo 3, o deslocamento, Figura 2.2 Posições de uma caminhonete em dois instantes durante seu movimento. Os pontos P 1 e P 1 indicam agora as posições da caminhonete, e não do carro de corrida, de modo que elas são o inverso da Figura 2.1. Posição em t2 = 25,0 s Posição em t1 = 16,0 s INÍCIO ' ' FIM P 2 : P 1 : f- : Deslocamento de t1 para t2 1 --~-------------------------~1-~x O ,1r .xz=l9m x1 =277m { ~------- t:..x = (x2 - x1) = - 258 m --------1 . ~ ; Esta posição agora é Xz· { Esta posição agora é x1. • •• Quando a caminhonete se move no sentido -x, t:..x é negativo, assim como a velocidade média é negativa: t:..x - 258 m Vmx = ô..t = 9,0 s = - 29 m/ s Capítulo 2 - Movimento retilíneo 39 TABELA 2.1 Regras para o sinal da velocidade x. Se a coordenada .. .a velocidade X é: X é: Positiva e Positiva: a crescente partícula se move (tomando-se mais no sentido do eixo positiva) +Ox Positiva e Negativa: a decrescente partícula se move (tornando-se no sentido do eixo menos positiva) -Ox Negativa e Positiva: a crescente partícula se move (tomando-se no sentido do eixo menos negativa) +Ox Negativa e Negativa: a decrescente partícula se move (tomando-se mais no sentido do eixo negativa) -Ox Nota: estas regras aplicam-se tanto à velocidade x média Vmx quanto à velocidade x instantânea Vx (que será discutida na Seção 2.2). 1 1 1 1 ' 40 Física 1 TABELA 2.2 Ordens de grandeza de algumas velocidades. O rastejar de uma cobra Uma caminhada rápida Homem mais veloz Velocidade máxima em uma estrada Carro mais veloz Movimento aleatório de moléculas do ar Avião mais veloz Satélite de comunicação em órbita Elétron na órbita de um átomo de hidrogênio A luz deslocando-se no vácuo 10-3 m/s 2m/s 11 m/s 30m/s 341 m/s 500 m/s 1.000 m/s 3.000 m/s 2 X 106 m/s 3 x 108 m/s a velocidade e a aceleração serão considerados com dois ou três componentes di- ferentes de zero. A Figura 2.3 mostra um gráfico da posição do carro de corrida em função do tempo, ou seja, é um gráfico xt. A curva dessa figura não representa a trajetória do carro no espaço; como indicado na Figura 2.1, essa trajetória é uma linha reta. Em vez da trajetória, o gráfico mostra as variações da posição do carro com o tempo. Os pontos designados por p 1 e p2 correspondem aos pontos P1 e P2 da tra- jetória do carro. A linha reta p 1 p2 é a hipotenusa de um triângulo retângulo, cujo lado vertical é .õ.x = x2 - x1 e cujo lado horizontal é lit = t2 - t1. A velocidade média do carro Vmx = .õ.xllit é a inclinação da linha reta p 1 p2, ou seja, a razão entre o lado vertical .õ.x do triângulo retângulo e o lado horizontal ~t. (A inclina- ção tem unidades de metros divididos por segundos, ou m/s, as unidades corretas para a velocidade média.) A velocidade média depende apenas do deslocamento total .õ.x = x2 - x1, que ocorre durante o intervalo de tempo lit = t2 - t1, e não dos detalhes ocorridos durante esse intervalo. Suponha que uma motocicleta ultrapasse o carro de cor- rida no ponto P1 da Figura 2.1 no mesmo instante t1 e, a seguir, diminua a velo- cidade para passar pelo ponto P2 no mesmo instante t2 do carro. Os dois veículos possuem o mesmo deslocamento no mesmo intervalo e, portanto, apresentam a mesma velocidade média. Quando as distâncias são medidas em metros e os tempos em segundos, a ve- locidade média é dada em metros por segundo, ou m/s (Tabela 2.2). Outras uni- dades de velocidade comuns são quilômetros por hora (km/h), pés por segundo (pés/s), milhas por hora (mi/h) e nós (1 nó = 1 milha náutica/h = 6.080 pés/h). TESTE SUA COMPREENSÃO DA SEÇÃO 2.1 Cada uma das viagens de automóvel descri- tas a seguir leva uma hora. O sentido positivo de x é do oeste para leste. (i) O automóvel A segue a 50 km para leste. (ii) O automóvel B segue a 50 km para oeste. (iii) O automóvel C segue a 60 km para leste, dá meia-volta e segue a 10 km para oeste. (iv) O automóvel D segue a 70 km para leste. (v) O automóvel E segue a 20 km para oeste, dá meia-volta e segue a 20 km para leste. (a) Classifique as cinco viagens por ordem de velocidade média, da mais positiva para a mais negativa. (b) Há viagens com a mesma velocidade média? Se houver, quais? (c) Há alguma viagem com velocidade média igual a zero? Qual? 1 Figura 2.3 Gráfico da posição de um carro de corrida em função do tempo. Percurso do carro de corrida (não escalar) P2 Para um deslocamento ao longo do eixo Ox, a velocidade média de x(m) um objeto vmx é igual à inclinação de uma linha que liga os pontos correspondentes em um gráfico de posição (x) versus tempo (t). 400 300 -- Xi 200 100 - - - Xt . o • • • • • . • . • • • • • • • • • • ------- i --------------------~ . ~ \ ~~ : ..... J>~i- : ··.. çf~~ 1 ·~ 4~ li âx = X2 - X1 ~ :'b-º .......... .L t ~- .... . .. ..._ô#~ .... ···· : ···inclinação = segmento vertical P1 v ât-.:. = t2 - t1 : sobre segmento horizontal = tu --- --------------- t(s) ât 1 2 3 5 2.2 VELOCIDADE INSTANTÂNEA ' As vezes, a velocidade média é tudo o que precisamos para conhecer o movi- mento de uma partícula. Por exemplo, uma corrida em movimento retilíneo é real- mente uma competição para saber de quem é a velocidade média, Vmx, com o maior módulo. O prêmio vai para o competidor capaz de percorrer o deslocamento âx do início ao rrm no menor intervalo de tempo lit (Figura 2.4). Mas a velocidade média de uma partícula durante um intervalo de tempo não pode nos informar nem o módulo, nem o sentido do movimento em cada instante do intervalo. Para isso, é necessário saber a velocidade instantânea, ou a veloci- dade em um instante ou em um ponto específico ao longo da trajetória. ATENÇÃO Qual é a duração de um instante? No cotidiano, você pode usar a frase "só um instante" para indicar que um fato ocorrerá em um curto intervalo de tempo. Contudo, em física, um instante não possui nenhuma duração; ele se refere a um único valor defmido para o tempo. Para achar a velocidade instantânea do carro no ponto P1 indicado na Figura 2.1, imaginamos que o ponto P2 se aproxima continuamente do ponto P1 e cal- culamos a velocidade média Vmx = âxlílt nos deslocamentos e nos intervalos de tempo cada vez menores. Tanto âx quanto ât tornam-se muito pequenos, mas a razão entre eles não se toma necessariamente pequena. Em linguagem matemá- tica, o limite de âxlllt quando ílt tende a zero denomina-se derivada de x em relação a t, e é escrito como dx/dt. Usaremos o símbolo Vx, sem nenhum "m" subscrito, para designar a velocidade instantânea ao longo do eixo Ox: A velocidade x instantânea de uma partícula em ········~ _ lim âx _ dx (2.3) movimentoretilíneo... Vx - ~t~O Jlt - dt ... ~-. ~ ~ ... é igual ao limite da velocidade x ••• •• •• média da partícula à medida que o intervalo ... e é igual à taxa de variação instantânea de tempo aproxima-se de zero... da coordenada x da partícula. Sempre supomos que o intervalo de tempo llt é positivo, de modo que Vx pos- sui o mesmo sinal de âx. Quando o sentido positivo do eixo Ox é orientado da esquerda para a direita, um valor positivo de Vx indica que x é crescente e que o movimento ocorre da esquerda para a direita; um valor negativo de v x indica que x é decrescente e que o movimento ocorre da direita para a esquerda. Um corpo pode ter valores de Vx positivos e de x negativos, e vice-versa; x indica onde o corpo se encontra, enquanto Vx nos informa como ele se move (Figura 2.5). As regras que apresentamos na Tabela 2.1 (Seção 2.1) para o sinal da velocidade x média Vm.x também se aplicam ao sinal da velocidade x instantânea, Vx. A velocidade instantânea, assim como a velocidade média, é uma grandeza ve- torial. A Equação 2.3 define seu componente x. No movimento retilíneo, todos os demais componentes da velocidade instantânea são nulos e, neste caso, costuma- mos dizer que Vx é simplesmente a velocidade instantânea. (No Capítulo 3, abor- daremos o caso geral em que a velocidade instantânea pode ter componentes x, y e z não nulos.) Quando empregamos a palavra "velocidade", sempre queremos di- zer velocidade instantânea, e não velocidade média. Os termos "vetor velocidade", "velocidade" e "velocidade escalar" são usados quase como sinônimos na linguagem cotidiana, mas na física possuem definições completamente diferentes. Usamos a expressão velocidade escalar ou a expres- são módulo do vetor velocidade para designar uma distância percorrida dividida pelo tempo, tanto no caso instantâneo quanto considerando-se a média. Usamos o símbolo v sem nenhum subscrito para designar velocidade instantânea, que indica com que rapidez uma partícula está se movendo; a velocidade instantânea indica se o movimento é rápido ou lento e em qual direção e sentido ele ocorre. Como a ve- locidade escalar instantânea é o módulo do vetor velocidade instantânea, a veloci- dade escalar instantânea nunca pode ser negativa. Por exemplo, suponha que duas partículas se movam na mesma direção, mas em sentidos contrários, uma com ve- locidade instantânea Vx = 25 m/s e a outra com Vx = -25 m/s. A velocidade esca- lar instantânea dessas partículas é a mesma, ou seja, 25 m/s. Capítulo 2 - Movimento retilíneo 41 Figura 2.4 O vencedor de uma competição de natação de 50 m é aquele que possui uma velocidade média cujo módulo é o maior de todos, ou seja, o nadador que percorrer a distância Ax de 50 m no menor intervalo de tempo At. Figura 2.5 Em qualquer problema envolvendo movimento retilíneo, a escolha de qual sentido é positivo depende exclusivamente de você. .• Um ciclista movendo-se •• .J- 0 para a esquerda. .. --------------X o ..... • • •• • ... possui uma velocidade x negativa v x se escolhermos o sentido positivo de x para a direita ... X -----------------... • • ••• o ... mas possui uma velocidade x positiva vx se escolhermos o sentido positivo de x para a esquerda. 42 Física 1 ATENÇÃO Velocidade escalar e velocidade média A velocidade escalar média não é igual ao módulo da velocidade média. Em 2009, César Cielo estabeleceu um recorde de velocidade na natação ao nadar 100,0 m em 46,91 s. A velocidade escalar média desse nadador foi (100,0 m)/(46,91 s) = 2,132 m/s. Porém, como ele nadou dois trechos de ida e volta em uma piscina de 50 m, seu vetor deslocamento total e o vetor velocidade média foram iguais a zero! Tanto a velocidade escalar média quanto a velocidade escalar ins- tantânea são grandezas escalares, não vetoriais, visto que não informam nem a direção nem o sentido do movimento. EXEMPLO 2.1 VELOCIDADE MÉDIA E VELOCIDADE INSTANTÃNEA •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Um leopardo africano está de tocaia a 20 m a leste de um jipe de observação blindado (Figura 2.6a). No instante t = O, o leo- pardo começa a perseguir um ann1ope que está a 50 ma leste do veículo. Durante os 2,0 s iniciais do ataque, a coordenada x do leopardo varia com o tempo de acordo com a equação x = 20 m + (5,0 m/s2)t2. (a) Determine o deslocamento do leopardo durante o intervalo entre ti = 1,0 se t2 = 2,0 s. (b) Ache a velo- cidade instantânea durante o mesmo intervalo. (c) Ache a veloci- dade instantânea no tempo t1 = 1,0 s, considerando llt = 0,1 s, depois 0,01 s e, a seguir, 0,001 s. (d) Deduza uma expressão geral para a velocidade instantânea em função do tempo e, a par- tir dela, calcule a velocidade Vx para t = 1,0 se t = 2,0 s. SOLUÇÃO IDENTIFICAR E PREPARAR: a Figura 2.6b mostra nosso dese- nho do movimento do leopardo. Para analisar esse problema, usamos a Equação 2.1 para deslocamento, a Equação 2.2 para velocidade média e a Equação 2.3 para velocidade instantânea. EXECUTAR: (a) Nos instantes ti= 1,0 se t2 = 2,0 s, as posições xi e x2 do leopardo são xi = 20 m + (5,0 m/ s2)( 1,0 s) 2 = 25 m x2 = 20 m + (5,0 m/s2) (2,0 s) 2 = 40 m O deslocamento durante esse intervalo de 1,0 s é llx = xi - xi = 40 m - 25 m = 15 m (b) A velocidade média x durante esse intervalo é xi - xi 40 m - 25 m 15 m V = mx ti - ti 2,0 S - 1,0 S 1,0 S = 15 m/ s (c) Para llt = 0,1 s, o intervalo é de ti= 1,0 s a um novo t2 = 1,1 s. No instante t2, a posição é x2 = 20 m + (5,0 m/s2)( 1,1 s) 2 = 26,05 m A velocidade x média durante esse intervalo de 0,1 s é _ 26,05 m - 25 m _ 0 5 m/ Vmx - 1,1 S - 1,0 S - l ' S Seguindo esse padrão, você pode calcular as velocidades x médias para os intervalos t = O,Ol s e t = 0,001 s. Os resul-, tados são 10,05 m/s e 10,005 m/s, respectivamente. A me- dida que Ât se toma menor, a velocidade x média fica cada vez mais próxima do valor 10,0 m/s. Logo, concluímos que a velocidade instantânea para t = l,O s é igual a 10,0 m/s. (Suspendemos as regras para a contagem de algarismos sig- nificativos nesses cálculos.) (d) Pela Equação 2.3, a velocidade x instantânea é Vx = dxldt. A derivada de uma constante é zero, de modo que a derivada de i2 é 2t. Logo, Figura 2.6 Leopardo atacando um antílope a partir de uma tocaia. Os animais não estão desenhados na mesma escala do eixo. (a) A situação Veículo ~- Leopardo lllleta V = ? lx • .. Antílope (b) Nosso esboço -----,!:o,-----------...... ---x-l ....... ? _______ x2----4t-?---------r---- X (m) x0 = 20,0 m 50,0 m (e) Decisões G) Trace um eixo apontado na direção e no sentido em que o leopardo corre, de modo que todos os valores sejam positivos. t = o tl = 1,0 s .õ..x = ? t2 = 2,0 s V =? --->I 0 Eleja o veículo como ponto de origem. mx ® Marque as posições iniciais do leopardo e do antílope. © Marque as posições para o leopardo em 1 se 2 s. ®Acrescente as grandezas conhecidas e desconhecidas. (Continua) Capítulo 2 - Movimento retilíneo 43 ( Continuação) dx d / 2 .2 Vx = dt = dt [ 20 m + ( 5 ,O m s ) r] = O + (5,0 m/ s2)( 2t) = (10 m/ s2) t No instante t = 1,0 s, Vx = 10 m/s, de acordo com o resultado obtido no item (e). No instante t = 2,0 s, Vx = 20 m/s. AVALIAR: nossos resultados demonstram que o leopardo ganhou velocidade a partir de t = O ( quando em repouso) até t = 1,0 s (vx = 10 m/s) e até t = 2,0 s (vx = 20 m/s). Isto faz sentido; o leopardo percorreu apenas 5 m no intervalo de t = O até t = 1,0 s, mas percorreu 15 m no intervalo de t = 1,0 s até t = 2,0 s. ········································································································································ ························ ································································~ Cálculo da velocidade usando um gráfico xt A velocidade x deuma partícula também pode ser encontrada a partir de um gráfico da posição da partícula em função do tempo. Suponha que você deseja calcular a velocidade x do carro de corrida no ponto P1 indicado na Figura 2.1. Quando o ponto P2 dessa figura se aproxima do ponto P1, o ponto P2 nos gráfi- cos xt indicados nas figuras 2.7a e 2.7b se aproxima do ponto Pl e a velocidade média é calculada em intervalos Jit cada vez menores. No limite /lt ~ O, indicado na Figura 2.7c, a inclinação da linha reta Pl P2 torna-se igual à inclinação da tan- gente da curva no ponto Pl. Assim, em um gráfico da posição da partícula em função do tempo no movimento retilíneo, a velocidade x instantânea em qual- quer ponto é igual à inclinação da tangente da curva nesse ponto. Quando a tangente é inclinada para cima e para a direita, como no gráfico xt da Figura 2.7c, sua inclinação e velocidade são positivas e o movimento ocorre no sentido positivo do eixo Ox. Quando a tangente é inclinada para baixo e para adi- reita, sua inclinação e velocidade são negativas e o movimento ocorre no sentido negativo do eixo Ox. Quando a tangente é horizontal, a inclinação é igual a zero e a velocidade é nula. A Figura 2.8 ilustra essas três possibilidades. Figura 2.7 Usamos um gráfico xt para ir de (a) e (b), velocidade média, para (c), velocidade instantânea Vx. Em (c), achamos a inclinação da tangente para a curva xt, dividindo qualquer intervalo vertical (em unidades de distância) ao longo da tangente pelo intervalo horizontal correspondente (em unidades de tempo). (a) (b) (e) x(m) x(m) x(m) 400 400 Ât = 2,0 s Ât = 1,0 s 300 Âx = 150m 300 Âx = 55m Vmx = 15 m/s Vmx = 55 m/ s 200 200 • • • • . . . 100 100 1 4 5 t (s) 3 4 5 400 V = 160m 300 X 4,0 s • • • = 40m/ s • • 200 . . • • • • • • . . • 100 • • !( t (s) 1 2 3 1 1 1160m 1 1 Enquanto a velocidade média v mx é calculada ... seu valor v nu = Âxl Ât tende para o valor A velocidade instantânea v .i em qualquer dado ponto é igual à inclinação da tangente da curva xt nesse ponto. em intervalos de tempo cada vez menores... da velocidade instantânea. Figura 2.8 (a) Gráfico xt do movimento de uma certa partícula. (b) Diagrama do movimento mostrando a posição e a velocidade da partícula em cada um dos cinco instantes indicados no gráfico xt. (a) Gráfico xt (b) Movimento da partícula x lnclin~ção zero: Vx = O \liC ······································ ••••• ••••• v ~· 1 •• A partícula está a x < O e tA = 0 • :.a - X o movendo-se no sentido +x . ...... Inclinação negativa: D ~·:····· Vx < 0 ••••••••••••••••••••• •••• • ••• . . • ~E ol-~B~---~ ~ ~ ~ t ~ • • • • • • • • • • . . • : ""·· .. ~ : \ ~ .......... Inclinação positiva: \ ! Vx > O V -• • • ~· lJ •• • • x ·oo intervalo tA para tB ela acelera. .. o 1 v = O•·"'·· ... e de tB para te ela reduz a velocidade te--------'-o------•-x e para momentaneamente em te . ••••••••••• 11( v . JL'····· ; · De te para tn acelera no sentido de - x ... o ••••••••••••••• V •••• • ••• «• •··· ;· ... e de tn para tE reduz a velocidade O no sentido de -x. • Em um gráfico xt, a inclinação da tangente em qualquer ponto é igual à velocidade da partícula nesse ponto. • Quanto maior a inclinação (positiva ou negativa) do gráfico xt de um objeto, maior a velocidade desse objeto no sentido Positivo ou ne~ativo de x. 44 Física 1 Figura 2.9 Gráfico xt para uma partícula. Q Note que a Figura 2.8 ilustra o movimento de uma partícula de dois modos: (a) mostra um gráfico xt e (b) mostra um exemplo de diagrama do movimento. Um diagrama do movimento indica a posição da partícula em diversos instantes de seu movimento (como se fosse um filme ou vídeo do movimento da partícula), bem como apresenta flechas para indicar as velocidades da partícula em cada ins- tante. Tanto o gráfico xt quanto o diagrama do movimento são valiosas ferramen- tas para a compreensão do movimento. Você verificará que é conveniente usar ambos os recursos na solução de problemas que envolvem movimentos. TESTE SUA COMPREENSÃO DA SEÇÃO 2.2 A Figura 2.9 é um gráfico xt do movi- mento de uma partícula. (a) Classifique os valores da velocidade Vx da partícula nos pontos P, Q, R e S, do mais positivo para o mais negativo. (b) Em quais pontos Vx é positiva? (c) Em quais pontos Vx é negativa? (d) Em quais pontos Vx é nula? (e) Classifique os valores da velocidade escalar da partícula nos pontos P, Q, R e S, do mais rápido para o mais lento. 1 2.3 ACELERAÇÃO INSTANTÂNEA E ACELERAÇÃO MÉDIA Assim como a velocidade indica uma taxa de variação da posição com o tempo, a aceleração descreve uma taxa de variação da velocidade com o tempo. Como a velocidade, a aceleração também é uma grandeza vetorial. No movimento reti- líneo, seu único componente diferente de zero está sobre o eixo ao longo do qual ocorre o movimento. Como veremos, a aceleração em um movimento retilíneo pode referir-se tanto ao aumento quanto à redução da velocidade. Aceleração média Vamos considerar novamente o movimento de uma partícula ao longo do eixo Ox. Suponha que em dado instante t 1 a partícula esteja em um ponto P 1 e pos- sua um componente x da velocidade (instantânea) u1x, e que em outro instante t2 a partícula esteja em um ponto P2 e possua um componente x da velocidade v2x. Logo, a variação do componente x da velocidade é âvx = V2x - v1x em um inter- valo ât = t2 - t1. Definimos a aceleração média tlmx da partícula que se move de P 1 a P 2 como uma grandeza vetorial cujo componente x é dado pela razão entre âvx, a variação do componente x da velocidade e o intervalo ât: Aceleração média x de Mudança no componente x da velocidade da partícula ••• mticul ···•••················ um" p a em ••• • ····· • ···•• ........ _ ....... !! •• ~ •••• •• •• •. A ~·· ~ movimentoretilíneo ·~ L.lVx V2x - V1x Velocidadexfinal durante o intervalo lZui.x = = menos velocidade ât t2 - t l X inicial de t1 a t2 •• ~ "-:. .t- •••• Intervalo de tempo Tempo final menos tempo inicial (2.4) Para o movimento retilíneo ao longo do eixo Ox, chamamos tlmx simplesmente de aceleração média. (No Capítulo 3, encontraremos outros componentes do ve- tor aceleração média.) Quando a velocidade é expressa em metros por segundo e o tempo em se- gundos, a aceleração média é expressa em metros por segundo por segundo, ou (m/s)/s. Normalmente, escrevemos isso como m/s2 e lemos "metro por segundo ao quadrado". ATENÇÃO Aceleração versus velocidade A velocidade indica como a posição de um corpo varia com o tempo; é um vetor cujo módulo indica a velocidade do deslocamento do corpo, e sua direção e sentido mostram a direção e o sentido do movimento. A ace- leração indica como a velocidade e a direção do movimento variam com o tempo. Pode ser útil lembrar-se da frase "a aceleração está para a velocidade assim como a velocidade está para a posição". Também pode ser útil se imaginar movendo-se com o corpo em movimento. Quando o corpo acelera para a frente e ganha velocidade, você se sente Capítulo 2 - Movimento retilíneo 45 empurrado para trás; quando ele acelera para trás e perde velocidade, você se sente em- purrado para a frente. Quando a velocidade é constante e não há aceleração, você não tem nenhuma dessas sensações. (Explicaremos essas sensações no Capítulo 4.) EXEMPLO 2.2 .. ~~~.~~~~~~~.~~.~~·~····················································································································································· Uma astronauta saiu de um ônibus espacial em órbita no espaço para testar uma nova unidade de manobra tripulada. À medida que ela se move em linha reta, seu companheiro a bordo da espaçonave mede sua velocidade a cada intervalo de 2,0 s, co- meçando em t = l,O s, do seguinte modo: t V.r t V.r 1,0 s 0,8 rn/s 9,0 s -0,4 m/s 3,0 s 1,2 m/s 11,0 s -1,0 m/s 5,0 s 1,6 m/s 13,0 s -1,6 m/s 7,0 s l ,2m/s 15,0 s - 0,8 m/s Calcule a aceleração média e verifique se a velocidadeda as- tronauta aumenta ou diminui para cada um dos seguintes inter- valos de 2,0 s: (a) t1 = 1,0 s até t2 = 3,0 s; (b) t1 = 5,0 s até t2 = 7,0 s; (c) t1 = 9,0 s até t2 = 11,0 s; (d) t1 = 13,0 s até t2 = 15,0 s. SOLUÇÃO IDENTIFICAR E PREPARAR: usamos a Equação 2.4 para en- contrar o valor de amx a partir da variação em velocidade para cada intervalo. Para determinar as variações em velocidade, usaremos o conceito de que a velocidade u é o módulo da velo- cidade instantânea Vx · A parte superior da Figura 2.10 mostra um gráfico da velocidade em função do tempo. No gráfico Vxt, a inclinação da linha que une os pontos do início e do final de cada intervalo fornece a ace- leração média lZmx = livxllit para cada intervalo. As quatro in- clinações ( e, portanto, os sinais das acelerações médias) são, da esquerda para a direita, positiva, negativa, negativa e positiva. A terceira e a quarta inclinações ( e, portanto, as próprias acelerações médias) possuem maiores módulos que a primeira e a segunda. EXECUTAR: usando a Equação 2.4, encontramos: (a) ªmx = (1,2 m/s - 0,8 m/s)/(3,0 s - 1,0 s) = 0,2 m/s2. A velocidade escalar (o módulo da velocidade instantânea) au- menta de 0,8 m/s para 1,2 m/s. (b) ~ = (1,2 m/s - 1,6 m/s)/(7,0 s - 5,0 s) = -0,2 m/s2. A velocidade diminui de 1,6 m/s para 1,2 m/s. (c) amx = [-1,0 m/s - (-0,4 m/s)]/(11,0 s - 9,0 s) = -0,3 m/s2• A velocidade aumenta de 0,4 m/s para 1,0 m/s. (d) ªmx = [-0,8 m/s - (-1,6 m/s)]/(15,0 s - 13,0 s) = 0,4 m/s2. A velocidade diminui de 1,6 m/s para 0,8 m/s. Na parte inferior da Figura 2.10, representamos graficamente os valores de ªmx· AVALIAR: os sinais e os módulos relativos das acelerações mé- dias correspondem às nossas previsões qualitativas. Observe que, quando a aceleração média x possui o mesmo sentido (mesmo sinal algébrico) da velocidade inicial, como nos intervalos (a) e ( c ), a astronauta acelera. Quando llmx possui sinal algébrico con- trário, como nos intervalos (b) e ( d), ela diminui a aceleração. Logo, a aceleração positiva x implica velocidade crescente, quando a velocidade x é positiva [intervalo (a)], mas redução da velocidade, quando ela é negativa [intervalo (d)]. Da mesma forma, a aceleração negativa x implica velocidade crescente, quando a velocidade x é negativa [intervalo ( c)], mas decres- cente, quando a velocidade é positiva [intervalo (b)]. Figura 2.10 Nossos gráficos de velocidade versus tempo (parte superior) e aceleração média versus tempo (parte inferior) para a astronauta. vx(mls) (b) 1,5 1,0 0,5 (a) K ·~âvx 1 1 ~ :--l 1 1 1 ât 1 1 1 1 1 1 1 Oi----..... , ~----'-~--------'5~~~' ~~----'-~~~~~l-'-5~ t(s) 1 10 (e) -0,5 - 1,0 - 15 ' 1 ~ ltt.' 1 1 1 1 1 A inclinação da linha que liga dois : pontos em um gráfico de v xt. .. amx(mls2) é igual à aceleração média entre 1 esses pontos. \ 0,5 1 , \ • 1 1 1 ---, 1 1 1 1 1 1 : 0 ------5:.,-_-_-_ ..... --....,-i ...... 1"-o _____ l..._5_ t(s) -0,5 ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Aceleração instantânea Podemos agora definir a aceleração instantânea seguindo o mesmo procedi- mento adotado quando defmimos velocidade instantânea. Considere a situação em que um piloto de carro de corrida acaba de entrar na reta final do Grand Prix, como ilustra a Figura 2.11. Para definir a aceleração instantânea no ponto P1, imagi- namos que o ponto P2 da Figura 2.11 se aproxima continuamente do ponto P1, de modo que a aceleração média seja calculada em intervalos cada vez menores. A aceleração instantânea x de uma partícula em ............ ,.. . âu x dv x movimento retilíneo.. . a = lim = - X ât-+0 ât dt ~ ... ... :e ••• •• (2.5) ... é igual ao limite da aceleração média x quando o intervalo de tempo tende a zero ... . .. e é igual à taxa instantânea de variação da velocidade x com o tempo. 46 Física 1 Figura 2.11 Um carro de corrida do Grand Prix na reta final. Módulo da velocidade v 1 Ve'locidade v1x Módulo da velocidade v2 Velocidade v2x ,. o Note que ªx na Equação 2.5 é, de fato, o componente x do vetor aceleração instantânea x; no movimento retilíneo, todos os demais componentes desse vetor são iguais a zero. A partir de agora, quando usarmos o termo "aceleração", desig- naremos a aceleração instantânea, não a aceleração média . EXEMPLO 2.3 .. ~~~~~~~ç·~º·~~·º·1.~ .. ~.~~.~~.~~~çAº.~~.~!~~!~~~~ ....................................................................................... . Suponha que a velocidade Vx do carro na Figura 2.11 em qual- quer instante t seja dada pela equação Vx = 60 m/s + (0,50 m/s3)t2 (a) Ache a variação da velocidade média do carro no intervalo entre t1 = 1,0 se t2 = 3,0 s. (b) Ache a aceleração média do carro nesse intervalo. ( c) Ache a aceleração instantânea do carro para t1 = 1,0 s, considerando ll.t = 0,1 s, 0,01 se 0,001 s. ( d) Deduza uma expressão geral para a aceleração instantânea em função do tempo e, a partir dela, calcule ªx para t = 1,0 s e t = 3,0 s. SOLUÇÃO IDENTIFICAR E PREPARAR: este exemplo é análogo ao Exem- plo 2.1 da Seção 2.2. Naquele caso, encontramos a velocidade média x ao longo de intervalos cada vez mais curtos a partir da variação da posição e determinamos a velocidade instantânea x pela diferenciação da posição como uma função do tempo. Neste caso, temos um paralelo exato. Usando a Equação 2.4, encontramos a aceleração média x da variação na velocidade em um intervalo. Da mesma forma, usando a Equação 2.5, obteremos uma expressão para a aceleração instantânea deri- vando a velocidade em função do tempo. EXECUTAR: (a) Antes de aplicar a Equação 2.4, temos de achar a velocidade x em cada instante da equação fornecida. Para t 1 = 1,0 se t2 = 3,0 s, as velocidades são v1x = 60 m/s + (0,50 m/ s3)(1,0 s) 2 = 60,5 m/ s v2x = 60 m/s + (0,50 m/s3)(3,0 s) 2 = 64,5 m/ s A variação da velocidade ll.vx entre t1 = 1,0 s e t2 = 3,0 s é dada por ll.vx = V2x - Vtx = 64,5 m/ s - 60,5 m/ s = 4,0 m/ s (b) A aceleração média durante esse intervalo de duração t2 - t1 = 2,0 sé V2x - V1x 4,0 m/ s / 2 llmx= = =20ms t2 - t1 2,0 s ' Durante esse intervalo, a velocidade e a aceleração média pos- suem o mesmo sinal (nesse caso, positivo) e o carro acelera. (c) Quando /l.t = 0,1 s, t2 = 1,1 s. Prosseguindo como antes, encontramos v2x = 60 m/ s + (0,50 m/s3)(1,1 s) 2 = 60,605 m/ s ll.vx = 0,105 m/ s _ ll.vx _ 0,105 m/s _ / 2 llmx - àt - O,l s - 1,05 m s Convidamos você a seguir o mesmo raciocínio e refazer os cál- culos de llmx para os intervalos àt = 0,01 se ll.t = 0,001 s; os resultados são lZnu; = 1,005 m/s2 e ªmx = 1,0005 m/s2, respec-, tivamente. A medida que flt se toma cada vez menor, a acele- ração média x fica cada vez mais próxima do valor 1,0 m/s2• Logo, concluímos que a aceleração instantânea para t = 1,0 sé igual a 1,0 m/s2• ( d) Pela Equação 2.5, a aceleração instantânea x é ªx = dv x / dt. A derivada de uma constante é igual a zero e a derivada de fl é 2t, portanto dvx d 3 ,2 ax = dt = dt[60m/s + (0,50m/ s )r] = (0,50 m/ s 1(2t) = (1,0 m/s3)t Para t = 1,0 s, ªx = (1,0 m/ s3Xl,O s) = 1,0 m/s2 Para t = 3,0 s, ªx = (1,0 m/ s3X3,0 s) = 3,0 m/s2 AVALIAR: note que nenhum desses valores encontrados no item (d) é igual à aceleração média obtida no item (b). Isso porque a aceleração instantânea desse carro varia com o tempo. A taxa de variação da aceleração com o tempo produz uma variação brusca da velocidade . ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Cálculo da aceleração usando um gráfico vxt ou um gráficoxt Na Seção 2.2, interpretamos a velocidade média e a velocidadeinstantânea de uma partícula em termos da inclinação em um gráfico de posição em fun- ção do tempo. De modo semelhante, podemos ter melhor noção dos conceitos de aceleração média e instantânea x usando um gráfico com a velocidade instantâ- nea Vx no eixo vertical e o tempo t no eixo horizontal- ou seja, um gráfico vxt (Figura 2.12). Os pontos nesse gráfico, designados por p 1 e p2, correspondem aos pontos P1 e P2 indicados na Figura 2.11. A aceleração média amx = .âvx !.ât du- rante esse intervalo é a inclinação da linha Pt P2· ' A medida que o ponto P2 da Figura 2.11 se aproxima do ponto P1, o ponto p 2 no gráfico vxt indicado na Figura 2.12 se aproxima do ponto p 1 e a inclinação da linha reta p 1 p2 se aproxima da inclinação da tangente da curva no ponto p 1. Portanto, em um gráfico da velocidade em função do tempo, a aceleração instantdnea x em qualquer ponto é igual à inclinação da tangente da curva nesse ponto. Na Figura 2.12, tangentes traçadas em diferentes pontos ao longo da curva possuem diferen- tes inclinações, de modo que a aceleração instantânea varia com o tempo. ATENÇÃO Sinais de aceleração e velocidade Note que o sinal algébrico da aceleração não é suficiente para informar se um corpo está em movimento acelerado ou retardado. Você deve comparar o sinal da velocidade com o da aceleração. Quando Vx e ªx possuem o mesmo sinal, o movimento do corpo está sendo acelerado. Quando ambos forem positi- vos, o corpo está se movendo no sentido positivo com uma velocidade crescente. Quando ambos forem negativos, o corpo está se movendo no sentido negativo com uma veloci- dade que se torna cada vez mais negativa, e novamente a velocidade é crescente. Quando Vx e ªx possuem sinais opostos, o movimento do corpo é retardado. Quando Vx é posi- tivo e ªx é negativo, o corpo se desloca no sentido positivo com velocidade decrescente; quando Vx é negativo e ªx é positivo, ele se desloca no sentido negativo com uma velo- cidade que se torna menos negativa, e novamente o movimento do corpo é retardado. A Tabela 2.3 resume essas regras, e a Figura 2.13 ilustra algumas dessas possibilidades. O termo "desaceleração" algumas vezes é usado para designar diminuição de velocidade. Como isso pode corresponder a um valor de ªx positivo ou negativo, dependendo do sinal de Vx, evitamos esse termo. Também podemos estudar a aceleração de uma partícula a partir do gráfico de sua posição versus tempo. Como ªx = dvx /dt e Vx = dxJdt, podemos escrever: (2.6) Ou seja, ªx é a derivada de segunda ordem de x em relação a t. A derivada de segunda ordem de qualquer função é relacionada com a concavidade ou curva- tura do gráfico dessa função (Figura 2.14). Em um ponto no qual o gráfico xt tenha concavidade voltada para cima (encurvado para cima), como o ponto A ou E na Figura 2.14a, a aceleração x é positiva e Vx é crescente. Em um ponto no qual o gráfico xt tenha concavidade voltada para baixo (encurvado para baixo), como o ponto C na Figura 2.14a, a aceleração x é negativa e Vx é decrescente. Em Figura 2.12 Gráfico Vx t do movimento indicado na Figura 2.11. Para um deslocamento no eixo Ox, a aceleração média de um objeto x é igual à inclinação da linha que liga os pontos Vx correspondentes em um gráfico de velocidade (u.J versus tempo (t) . • • • • • • • • . • --- - ----------------• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 1 1 1 1 1 :âvx = V2x - Vix 1 ~ .... 1 ······t· .... Inclinação da tangente para a curva v; em um : dado ponto = aceleração instantânea nesse ponto. ----'-------------------t o Capítulo 2 - Movimento retilíneo 47 TABELA 2.3 Regras para o sinal da aceleração. - Se a velocidade ... a aceleração é: X é: Positiva: a Positiva e partícula se move crescente no sentido do eixo (tomando-se mais +Oxem positiva) velocidade crescente Negativa: a Positiva e partícula se move decrescente no sentido do eixo (tomando-se +Oxem menos positiva) velocidade decrescente Positiva: a Negativa e partícula se move crescente no sentido do eixo (tomando-se -Oxem menos negativa) velocidade decrescente Negativa: a Negativa e partícula se move decrescente no sentido do eixo (tomando-se mais -Oxem negativa) velocidade crescente Nota: estas regras aplicam-se tanto à aceleração média amx quanto à aceleração instantânea ªx· 1 48 Física 1 Figura 2.13 (a) Gráfico vxt do movimento de uma partícula diferente da mostrada na Figura 2.8. (b) Diagrama do movimento mostrando a posição, a velocidade e a aceleração da partícula em cada um dos instantes indicados no gráfico v x t. (a) Gráfico vx1 (b) Movimento da partícula A partícula está a x < O, movendo-se no sentido Inclinação zero: ªx = O •• •• ""). e • V• ~ tB e •••••••••••••••• I ~······ ··••·••••• -x (vx < O), e reduzindo a velocidade 0 x (vx e ªx possuem sinais opostos) . ·•··•···•·························••···· A partícula está a x < O, instantaneamente em ~·· 1 ~ ··· repouso (vx = O), e prestes a se mover no sentido O +x (aA'. > O). v = O Ül---9'--------~~~~t ~ Inclinação positiva: A •• ~····· ªx > O • • • • • • • • • • • • • : ••• ··>- : ····· :.··· Inclinação negativa: ªx < O Y. ··. ..~ ~ .. · • • • • •• • • •• •• •• M • • • • • • a = o ....................... A partícula está a x > O, movendo-se no sentido 1 • v :,. x +x (vx > O); sua velocidade está instantaneamente O invariável (ax = O) . a ...... A partícula está a x > O, instantaneamente em .... tD _____ __._I -----;•~ x repouso (vx = 0), e prestes a se mover no sentido O v = O -x (a < O). :X a ••••••••• 1 • u 11:.···· •• A partícula está a x > O, movendo-se no sentido 1E ------0.L..-,....,_,.. __ x -x (vx < O), acelerando (vx e a:x têm o mesmo sinal) . • Em um gráfico V:.l• a inclinação da tangente em qualquer ponto é igual à aceleração da partícula nesse ponto. • Quanto maior a inclinação (positiva ou negativa), maior a aceleração da partícula no sentido positivo ou negativo de x. Figura 2.14 (a) O mesmo gráfico xt indicado na Figura 2.8a. (b) Diagrama do movimento mostrando a posição, a velocidade e a aceleração da partícula em cada um dos instantes indicados no gráfico xt. (a) Gráfico xt (b) Movimento da partícula X Inclinação zero: vx = O Concavidade para baixo: ªx < O • • • • • • •• ··~ e • Inclinação negativa: • j Vx < 0 f Concavidade para cima: D \ ax> O • • • • A partícula está a x < O, movendo-se •••••••••••••••••••••••••• -~ .............. ·•·•···•·• no sentido +x (vx > O), e acelerando tA= O • v :,. 1 x (vx e a:x possuem o mesmo sinal) . O A partícula está a x = O, movendo-se no a a = O .._ .............................. sentido +x (vx > O); sua velocidade está • v :,. x instantaneamente invariável (a:x = O) . O a A partícula está a x > O, instantaneamente .- 0 •········· em repouso (vx = O), e prestes a se mover B ~~·~E 01---+-----.~-- ~~-- t r.. . ••• ••••••• •·•• Inclinação negativa: vx < O 1 V -te ------'-Ó-----41•1--- x no sentido -x (aA'. < O). ........ A partícula está a x > O, movendo-se no a = O ..... ··••• sentido -x (vx < O); sua velocidade está • \ Concavidade zero: ªx = O Inclinação positiva: vx > O Concavidade zero: ªx = O Inclinação positiva: vx > O Concavidade para cima: ªx > O 4'... ··"' ,... ..· •• • • • •• •• • • • 1 < V • tv _____ ....... o .. ""'~-.1---- x instantaneamente invariável (aA'. = O). a .................. A partícula está a x > O, movendo-se no ... . ... v • • )Ili sentido -x (vx < O), retardando (vx e aA'. 1E ----- •o,._. _____ x possuem sinais opostos). • Em um gráfico xt, a concavidade em qualquer ponto indica a aceleração da partícula nesse ponto. • Quanto maior a concavidade (positiva ou negativa), maior a aceleração da partícula no sentido positivo ou negativo de x. um ponto no qual o gráfico xt não possui nenhuma concavidade, como nos pon- tos de inflexão B e D, a aceleração é igual a zero e a velocidade não varia. Examinando a concavidade de um gráficoxt, torna-se fácil determinar o sinal da aceleração. Essa técnica é menos útil para a determinação do módulo da aceleração, visto que a concavidade de um gráfico é difícil de ser determinada com exatidão. TESTE SUA COMPREENSÃO DA SEÇÃO 2.3 Analise novamente o gráfico xt na Figura 2.9, ao final da Seção 2.2. (a) Em quais dos pontos P, Q, R e S a aceleração ªx é positiva? (b) Em quais dos pontos a aceleração é negativa? (c) Em quais pontos a ace- leração parece ser zero? (d) Em cada ponto, indique se a velocidade está aumentando, diminuindo ou é constante. 1 2.4 MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO CONSTANTE O mais simples dos movimentos acelerados é o movimento retilíneo com ace- leração constante. Neste caso, a velocidade varia com a mesma taxa durante o movimento. Como exemplo, um corpo em queda livre possui uma aceleração constante quando os efeitos da resistência do ar são desprezados. O mesmo ocorre quando um corpo escorrega ao longo de um plano inclinado ou de uma superfície horizontal com atrito, ou no caso do movimento de um caça a jato sendo lançado pela catapulta de um porta-aviões. A Figura 2.15 é um diagrama do movimento que mostra a posição, a veloci- dade e a aceleração para uma partícula que se move com aceleração constante. Nas figuras 2.16 e 2.17, mostramos esse mesmo diagrama por meio de gráfi- cos. Como a aceleração a é constante, o gráfico axt (gráfico da aceleração versus tempo) indicado na Figura 2.16 é uma linha horizontal. O gráfico da velocidade versus tempo (gráfico Vxt) possui uma inclinação constante, pois a aceleração é constante e, portanto, o gráfico é uma linha reta (Figura 2.17). Quando a aceleração ªx é constante, a aceleração média amx para qualquer in- tervalo de tempo é a mesma que ªx· Assim, é fácil deduzir equações para a posi- ção x e para a velocidade Vx em função do tempo. Para achar uma expressão para Vx, primeiro substituímos ªmx na Equação 2.4 por ax: (2.7) a= ----x t2 - ti Agora, faça t1 = O e suponha que t2 seja um instante posterior arbitrário t. Usa- mos o símbolo Vox para a velocidade no instante t = O; a velocidade para qualquer instante t é Vx. Então, a Equação 2.7 torna-se: a=---- x t - o ou Velocidade x no instante Velocidade x da partícula •••••••• t de uma partícula com •••••· ••• no instante O ~ . aceleração constante x vx = VÔx + axt •·· •••• •• ••• • Aceleração constante x da partícula Tempo (2.8) Na Equação 2.8, o termo axt é o produto da variação da velocidade por uni- dade de tempo, ax, multiplicada pelo tempo t. Portanto, indica a variação total da velocidade desde o instante inicial t = O até um instante posterior t. A velocidade Vx em qualquer instante t é igual à velocidade inicial Vox (para t = O) mais a varia- ção da velocidade axt (Figura 2.17). Outra interpretação da Equação 2.8 é que a variação da velocidade Vx - Vox da partícula desde t = O até um instante posterior t é igual à área sob o gráfico entre esses limites em um gráfico axt. Na Figura 2.16, a área sob a linha do gráfico de aceleração versus o tempo é indicada pelo retângulo com altura ªx e comprimento t. A área desse retângulo é igual a axt, que pela Equação 2.8 é igual à variação da velocidade Vx - Vox· Na Seção 2.6, verificamos que, mesmo no caso em que a ace- leração não seja constante, a variação da velocidade continua sendo dada pela área sob a linha em um gráfico axf, embora nesse caso a Equação 2.8 não se aplique. A seguir, queremos deduzir uma expressão para a posição x da partícula que se move com aceleração constante. Para isso, usaremos duas diferentes expressões para a velocidade média Vmx da partícula desde t = O até um instante posterior t. A primeira expressão resulta da definição de Vmx, Equação 2.2, que permanece válida em caso de aceleração constante ou não. Denominamos a posição no ins- tante t = O de posição inicial e a representamos por x0• Designamos simples- mente por x a posição em um instante posterior t. Para o intervalo /lt = t - O e para o deslocamento correspondente âx = x - x0, a Equação 2.2 fornece V = mx X -.xo t (2.9) Capítulo 2 - Movimento retilíneo 49 Figura 2.15 Diagrama do movimento para uma partícula que se move em linha reta no sentido positivo de x com aceleração constante positiva ªx· . ...... Se uma partícula tem i . movimento retilíneo com a l -_ ace eraçao constante a ... -V /t t=O J,,: X <r ... a velocidade varia em : quantidades iguais para : a intervalos de tempo iguais. 1 +-;V •• . •••• t=l1t 0 1, • • ••• ! -....·· .. .: ·•. 1 a : \ .. X 1 V ..:./ : \ ••• t = 2/1t I , 1 )l i ·\ ~ X °' : a ; • • 1' 1 V .j. \ t = 3f1t 1 ' )l \ X °' a : 1 .... V \ t = 4/1t l 1 ... ... ... 1 )1 .,.. X ri'; • • : •• t-vi i i 1 • Entretanto, a posição varia em quantidades diferentes para intervalos de tempo iguais porque a velocidade está variando. Figura 2. 16 Gráfico da aceleração versus tempo (axt) para uma partícula que se move em linha reta com aceleração constante positiva ªx· Aceleração constante: o gráfico a t é uma linha horizontal X (inclinação = O). .... • • •• •• • •• • ,..:L 1 1 1 1 ----1,------· ------ t • o • • • .. t • Área sob o gráfico axt = vx - vlh: = variação na velocidade do tempo O ao tempo t. Figura 2.17 Gráfico da velocidade versus tempo (vxt) para uma partícula que se move em linha reta com aceleração constante positiva ªx· A velocidade inicial Vox também é positiva neste caso. No intervalo Aceleração constante x: de tempo t, a o gráfico v x! é uma velocidade x linha reta. • . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • .. ...... •• ••• i ltv, V0x • • : .. -----1~-------. -.-----'--.......__-L-- t O •• . . t ••• .... ~· , ... Area total sob o gráfico Vx! = x - Xo = variação na coordenada do tempo O para o tempo t. 50 Física 1 BIO Aplicação Testando humanos em altas acelerações Em experimentos realizados pela Força Aérea dos Estados Unidos nas décadas de 1940 e 1950, os humanos pilotando um trenó a jato puderam suportar acelerações de até 440 m/s2. As três primeiras fotos nesta sequência mostram o médico da Força Aérea John Stapp acelerando do repouso até 188 m/s (678 km/h = 421 mi/h) em apenas 5 s. As fotos 4 a 6 mostram um módulo de aceleração ainda maior, quando o equipamento freou até parar. Para deduzir uma segunda expressão para Vmx, observe que a velocidade varia com uma taxa constante se a aceleração for constante. Nesse caso, a velocidade média durante o intervalo de tempo de O até t é simplesmente a média aritmética das velocidades desde o início até o instante final do intervalo: Vmx = ~ (Vox + Vx) (somente para aceleração constante) (2.10) (Essa equação não vale quando a aceleração varia durante o intervalo de tempo.) Sabemos também que, no caso de aceleração constante, a velocidade Vx em qualquer instante t é dada pela Equação 2.8. Substituindo essa expressão por Vx na Equação 2.10, encontramos: Vmx = } (Vox + V0x + axt) = V0x + ~axt ( somente para aceleração constante) (2.11) Finalmente, igualando a Equação 2.9 com a Equação 2.11 e simplificando o resultado, obtemos: ou . _ . Posição da partícula no instante O Pos1çao no mstante t Tempo de uma partícula com _ 1 2 aceleração constante x X - Xo + Voxt + 2ªxt (2.12) Velocidade da partícula no instante O Aceleração constante da partícula A Equação 2.12 mostra que, se para um instante inicial t = O, a partícula está em uma posição xo e possui velocidade Vox, sua nova posição em qualquer ins- tante t é dada pela soma de três termos - a posição inicial x0, mais a distância Voxt que ela percorreria caso a velocidade permanecesse constante, mais uma dis- tância adicional } axi2 produzida pela variação da velocidade x. Um gráfico da Equação 2.12, que é um gráfico xt para movimento com acele- ração constante (Figura 2.18a), é sempre uma parábola. A Figura 2.18b mostra esse gráfico. A curva intercepta o eixo vertical (eixo Ox) em x0, na posição t= O. A inclinação da tangente em t = O é igual a vox, a velocidade inicial, e a inclina- ção da tangente para qualquer tempo t é igual à velocidade Vx em qualquer tempo. A inclinação e a velocidade são continuamente crescentes, de modo que a ace- leração ª x é positiva; também se pode verificar isso porque o gráfico na Figura Figura 2.18 (a) Movimento em linha reta com aceleração constante. (b) Gráfico de posição versus tempo (xt) para esse movimento (o mesmo que aparece nas figuras 2.15, 2.16 e 2.17). Para esse movimento, a posição inicial x0, a velocidade inicial Vox e a aceleração ªx são todas positivas. (a) Um carro de corrida se desloca na direção do eixo Ox com uma aceleração constante (b) Gráfico xt X X x ------------------ x ------ ~ ~, . ~ ·•••.•... No intervalo de tempo t, .....•. ····· 1 :::,,. a velocidade varia em ... u::·· ····• Inclinação = v x Aceleração constante: •• •• •• • •••• • V.x - Vfu = a.xt. o gráfico xt é uma parábola. ... 1 ••• '"······1····· • ,;. Vfu Xo .xo ----------------- ~ --1l,- Inclinação = v fu ______ _J 1 1 -....---------- t o o t 2.18b é côncavo para cima (encurvado para cima). Se ªx é negativo, o gráfico xt é uma parábola côncava para baixo (encurvada para baixo). Quando a aceleração é zero, o gráfico xt é uma linha reta; quando a acelera- ção é constante, o termo adicional }axt2 na Equação 2.12 para x em função de t encurva o gráfico para formar uma parábola (Figura 2.19a). Podemos analisar o gráfico Vxt da mesma forma. Quando a aceleração é zero, esse gráfico é uma linha horizontal (a velocidade é constante). Acrescentando-se uma aceleração constante na Equação 2.8, temos uma inclinação para esse gráfico (Figura 2.19b). Aqui está outra forma de derivar a Equação 2.12. Do mesmo modo que ave- locidade é dada pela área sob um gráfico axt, o deslocamento (a variação da po- sição) é igual à área sob um gráfico Vxt. Ou seja, o deslocamento x - x0 de uma partícula desde t = O até um instante posterior t é igual à área sob o gráfico Vxt entre esses dois limites de tempo. Na Figura 2.17, a área sob o gráfico é com- posta pela soma da área do retângulo de lado vertical Vox e lado horizontal t mais a área do triângulo dada por }(axt)(t) = J axt2. Já a área total sob o gráfico Vxt é x - Xo = Voxt + à axt2, de acordo com a Equação 2.12. O deslocamento durante um dado intervalo de tempo sempre pode ser calcu- lado pela área sob a curva v xt. Isso é verdade mesmo quando a aceleração não é constante, embora para esses casos a Equação 2.12 não possa ser aplicada. (Isso será demonstrado na Seção 2.6.) Em muitos problemas, é conveniente usar uma equação que envolva a posição, a velocidade e a aceleração (constante), que não leve em conta o tempo. Para obtê- -la, inicialmente explicitamos t na Equação 2.8; a seguir, a expressão obtida deve ser substituída na Equação 2.12 e simplificada: Vx - Vox t=--- ªx Transferindo o termo x0 para o membro esquerdo, multiplicando por 2ax e simplificando: 2ax(x - Xo) = 2VoxVx - 2Vox2 + Vx2 - 2VoxVx + Vox2 Finalmente, ao simplificar, obtemos Velocidade no instante t Velocidade da partícula no instante O de uma partícula com ..... ..•• aceleração constante ··~vx2 = vi x2 + 2aJ... x - x0) (2.13) •••••••• ~ ~ >:- ••••• •• •• ~ . ~ Aceleração constante Posição· da ••····· Posição da da partícula partícula no instante t partícula no instante O Figura 2.19 Como uma aceleração constante afeta (a) o gráfico xt e (b) o gráfico vxt de um corpo. (a) Um gráfico xt para uma partícula que se move a uma aceleração constante positiva Gráfico com aceleração constante: X X= Xo + V0xt + ! axt2 • • • • . • • • ..·Efeito da • .. .: aceleração: la t2 2 X ---Gráfico que obteríamos • ·•·· com aceleração zero: X = Xo + V0xt -----------t o (b) O gráfico v xf para a mesma partícula Gráfico com aceleração constante: Vx + Vx = V0x a xt • • • • • • • • • • Velocidade acrescentada • ··'pela aceleração: axt Vax --~ -- -- - -- · ..... Gráfico com aceleração zero: Vx = Vox -----------t o Capítulo 2 - Movimento retilíneo 51 52 Física 1 Podemos obter outra equação útil igualando as duas expressões de Umx, dadas pelas equações 2.9 e 2.10, e multiplicando os dois membros por t: Posição no instante t de Posição da partícula no instante O Tempo 11m.a partícula com · ·· ......... f ... ·· aceleração constante ·-.. x - x~ = i ( Vox + v.J t ~···· (2.14) . ~ .. ,. . •• • •••• • Velocidade da partícula no instante O ··•·•• Velocidade da partícula no instante t Note que a Equação 2.14 não contém a aceleração ªx· Essa equação pode ser útil quando ªx possuir um valor constante, porém desconhecido. As equações 2.8, 2.12, 2.13 e 2.14 são as equações do movimento com acelera- ção constante (Tabela 2.4). Usando essas equações, podemos resolver qualquer problema que envolva o movimento retilíneo com aceleração constante. TABELA 2A Equações de movimento com aceleração constante. Equação 1 Inclui grandezas Vx = V0x + axt (2.8) t Vx ª x X = XQ + V0xt + !axt2 (2.12) t X ªx v; = vo} + 2ax(x - xo) (2.13) X Vx ª x x - xo = !(v0x + Vx) t (2.14) t X Vx IDENTIFICAR os conceitos relevantes: na maioria dos proble- mas de movimento retilíneo, você pode usar as equações de aceleração constante 2.8, 2.12, 2.13 e 2.14. Mas, eventual- mente, você encontrará uma situação em que a aceleração não é constante. Nesse caso, necessitará de uma abordagem diferente (ver Seção 2.6). PREPARAR o problema seguindo estes passos: 1. Leia o problema cuidadosamente. Crie um diagrama de mo- vimento mostrando o local da partícula nos instantes em que houver interesse. Decida onde colocar a origem das coordenadas e a direção do eixo, assinalando qual é seu sentido positivo. É sempre útil colocar a partícula na origem t = O; então .xo = O. Sua escolha do sentido positivo do eixo automaticamente determina o sentido positivo da veloci- dade e da aceleração. Se o eixo Ox for orientado para adi- reita da origem, então v x e ªx também serão positivos quando tiverem esse sentido. 2. Identifique as grandezas físicas (tempos, posições, veloci- dades e acelerações) que aparecem nas equações 2.8, 2.12, 2.13 e 2.14, atribuindo-lhes símbolos apropriados: x, x0, Vx e ax, ou símbolos relacionados. Reformule o problema em palavras: "Quando uma partícula atinge seu ponto mais alto?" significa "Qual é o valor de t quando x tem seu valor máximo?". Já o Exemplo 2.4 "Onde está o motociclista quando sua velocidade é de 25 m/s?" quer dizer "Qual é o valor de x quando Vx = 25 m/s?". Esteja atento a informa- ções implícitas. Por exemplo, "Um carro para em um semá- foro" normalmente significa Vox = O. 3. Faça uma lista de grandezas como x, xo, V» vnx, ª x e t. Em geral, algumas delas serão conhecidas e outras, desconhecidas. Escreva os valores das conhecidas e decida quais das desco- nhecidas são variáveis-alvo. Anote a ausência de qualquer uma das grandezas que aparecem nas quatro equações de ace- leração constante. 4. Use a Tabela 2.4 para identificar as equações que se apli- cam. (Normalmente são aquelas que não incluem qualquer uma das grandezas ausentes, identificadas na etapa 3.) Normalmente, você encontrará uma única equação que ' contém apenas uma das variáveis-alvo. As vezes, você de- verá achar duas equações, cada uma contendo as mesmas duas incógnitas. 5. Faça um esboço dos gráficos correspondentes às equações que se aplicam. O gráfico v xi da Equação 2.8 é uma linha reta com inclinação ªx· O gráfico xt da Equação 2.12 é uma parábola voltada para cima, se ax for positiva, ou para baixo, se a aceleração for negativa. 6. Com base em sua experiência com esse tipo de problema, e levando em consideração o que seus gráficos lhe infor- mam, faça as previsões qualitativas e quantitativas que puder a respeito da solução. EXECUTAR a solução: se uma única equação se aplicar, resolva- -a para a variável-alvo, usando somente sfmbolos. A seguir, substituaos valores conhecidos e calcule o valor da variável- -alvo. Algumas vezes, você terá de resolver um sistema de duas equações com duas incógnitas; resolva-as simultaneamente para as variáveis-alvo. AVALIAR sua resposta: faça uma análise rigorosa dos resul- tados para verificar se eles fazem sentido. Eles estão dentro dos limites de valores que você esperava? Capítulo 2 - Movimento retilíneo 53 EXEMPLO 2.4 ... ~~~~~·~º~ .. ~.~Y.º~Y.~~ºº··~~-~~~.~~ç~º··ç·º·~~!~~!.~ ...................................................................................... . Um motociclista se dirige para o leste da cidade de Osasco (SP) e acelera a moto a uma aceleração constante de 4,0 m/s2 depois de passar pela placa que indica os limites da cidade (Figura 2.20). No instante t = O, ele está a 5,0 m a leste do sinal, mo- vendo-se para leste a 15 m/s. (a) Determine sua posição e velo- cidade para t = 2,0 s. (b) Onde está o motociclista quando sua velocidade é de 25 m/s? Figura 2.20 Motociclista deslocando-se com aceleração constante. ª x = 4,0 m/s2 .. Vax = 15 m/ s )1 V =? X • .. __._ __ .....::....~~ .z....._---------......L:::....lllllll:;,...._ ___ x (leste) O x0 = 5,0 m x = ? t = O t = 2,0 s SOLUÇÃO IDENTIFICAR E PREPARAR: o enunciado do problema revela que a aceleração é constante. Portanto, podemos usar as equa- ções de aceleração constante. Escolhemos o sinal demarcador do limite da cidade como origem das coordenadas (x = O) e orien- tamos o eixo +Ox de oeste para leste (veja a Figura 2.20, que também funciona como um diagrama de movimento). As variá- veis conhecidas são posição e velocidade iniciais, .xo = 5,0 me v0x = 15 m/s. A aceleração constante é ªx = 4,0 m/s2• As variá- veis-alvo na parte (a) são os valores da posição x e da velocidade Vx em um instante posterior t = 2,0 s; a variável-alvo na parte (b) é o valor de x quando Vx = 25 m/s. EXECUTAR: (a) Visto que conhecemos os valores de xo, Vox e ax, a Tabela 2.4 nos diz que podemos determinar a posição x em t = 2,0 s usando a Equação 2.12 e a velocidade Vx nesse instante usando a Equação 2.8: X= Xo + V0xt + }axt2 = 5,0 m + (15 m/s)(2,0 s) +} (4,0 m/s2)(2,0 s) 2 =43m Vx = Vox + axt = 15 m/ s + (4,0 m/ s2)(2,0 s) = 23 m/ s (b) Queremos encontrar o valor de x para Vx = 25 m/s, mas não sabemos quando a motocicleta possui essa velocidade. A Tabela 2.4 nos diz que devemos usar a Equação 2.13, que en- volve x, Vx e ax, mas não envolve t: Explicitando x e substituindo os valores numéricos conhecidos, obtemos Vi - V0x2 x=.xo+---- 2ax (25 m/ s) 2 - (15 m/ s) 2 = 5,0 m + / 2 = 55 m 2(4,0 m s) AVALIAR: você pode conferir o resultado no item (b) usando primeiro a Equação 2.8, Vx = Vox + axt, para descobrir o instante em que Vx = 25 m/s, que é t = 2,5 s. Então, você pode usar a Equação 2.12, x = Xo + v0xt + iªxi2, para explicitar x. Você deverá encontrar x = 55 m, a mesma resposta dada na solução. Mas esse é o caminho mais longo para resolver o problema. O método usado no item (b) é muito mais eficiente. EXEMPLO 2.5 ' .. ·º º ~·ª ··~º ~·~º~. ~º·~· ~~ ~.~~.~~ç·º·~~. º~ ~.~~~~!.~~ ............................................................................................. .. Um motorista dirige a uma velocidade constante de 15 m/s quando passa em frente a uma escola, onde a placa de limite de velocidade indica 10 m/s. Um policial que estava parado no local da placa acelera sua motocicleta e persegue o motorista com uma aceleração constante de 3,0 m/s2 (Figura 2.21a). (a) Qual o intervalo desde o início da perseguição até o mo- mento em que o policial alcança o motorista? (b) Qual é a velo- cidade do policial nesse instante? (c) Que distância cada veículo percorreu até esse momento? Figura 2.21 (a) Movimento com aceleração constante concomitante a um movimento com velocidade constante. (b) Gráfico dex em função de t para cada veículo. (a) o Policial: inicialmente em repouso, aceleração constante ªPx = 3,0 m/ s2 Xp Motorista: velocidade constante "1'-- vMOx = 15 m/ s • ;,..._-----~X (b) x(m) 160 120 80 40 O policial e o motorista se encontram no intervalo t, onde seus gráficos xt se cruzam. -~oeec::=---'---1-_i__-1-_L t (s) O 2 4 6 8 10 12 (Continua) 54 Física 1 (Continuação) SOLUÇÃO IDENTIFICAR E PREPARAR: o policial e o motorista se movem com aceleração constante (que é igual a zero para o motorista), de modo que podemos usar as equações deduzidas anterior- mente. Escolhemos o sentido positivo para a direita e a origem coincidindo com o sinal da escola, de modo que .xo = O para ambos os veículos. Sejam Xp a posição do policial e xM a posi- ção do motorista em qualquer instante. As velocidades iniciais são Vrox = O e VM0x = 15 m/s; as acelerações constantes são ªPx = 3,0 m/s2 e ªMx = O. Nossa variável-alvo na parte (a) cor- responde ao instante em que o policial e o motorista estão na mesma posição x; a Tabela 2.4 nos diz que a Equação 2.12 é útil nessa parte. Na parte (b), usaremos a Equação 2.8 para achar a velocidade v do policial ( o módulo de sua velocidade) no ins- tante encontrado na parte (a). Na parte (e), usaremos a Equa- ção 2.12 novamente para achar a posição do seu veículo nesse mesmo instante. A Figura 2.21b mostra um gráfico xt para ambos os veículos. A linha reta representa o movimento do motorista, xM = xMo + VMoxt = VMoxt. O gráfico do movimento do policial é a metade direita de uma parábola com concavidade voltada para cima: Um bom desenho mostra que o policial e o motorista estão na mesma posição (xp = xM) em cerca de t = 10 s, quando ambos se afastaram cerca de 150 m da placa. EXECUTAR: (a) Para calcular o tempo t no momento em que o mo- torista e o policial estão na mesma posição, defmimos xp = xM, igualando as expressões acima e explicitando t nessa equação: t=O ou 2VMox t=-- 2(15 m/s) ---= 10s 3,0 m/s2 Existem dois instantes nos quais os dois veículos possuem o mesmo valor de x, como indica a Figura 2.21 b. O primeiro, t = O, corresponde ao ponto em que o motorista passa pela placa onde o policial estava. O segundo, t = 10 s, corresponde ao momento em que o policial alcança o motorista. (b) Queremos o módulo da velocidade do policial Vpx no instante t, encontrado na parte (a). Substituindo os valores de Vrox e ªPx na Equação 2.8, com t = 10 s da parte (a), encontramos Vpx = Vrox + apxt = O + (3,0 m/s2)(10 s) = 30 m/s A velocidade do policial é o valor absoluto disso, que também é 30 m/s. (c) Em 10 s, a distância percorrida pelo motorista é XM = VMoxt = (15 m/s)(lO s) = 150 m e a distância percorrida pelo policial é xp = iªPxt2 = !{3,0 m/s2)(10 s) 2 = 150 m Isso confirma que eles percorreram distâncias iguais após 10 s. AVALIAR: nossos resultados nas partes (a) e (c) combinam com nossas estimativas do desenho. Note que, quando o policial passa pelo motorista, eles não têm a mesma velocidade. O mo- torista está se movendo a 15 m/s e o policial, a 30 m/s. Você também pode ver isso pela Figura 2.21b. Onde as duas curvas xt se cruzam, suas inclinações (iguais aos valores de Vx para os dois veículos) são diferentes. , E apenas uma coincidência que, quando os dois veículos estão na mesma posição, o policial está com o dobro da velocidade do motorista? A Equação 2.14, x - Xo = }(v0x + vx) t, ofe- rece a resposta. Como o motorista tem velocidade constante, VM0x = vMx, e o deslocamento do motorista x - .xo no instante t é vMoxl, Como vrox = O, no mesmo instante to deslocamento do policial é i Vpxt • Os dois veículos têm o mesmo desenvolvi- mento no mesmo período de tempo, de modo que vMoxt = i Vpxl e Vpx= 2vMox - ou seja, o policial tem exatamente o dobro da velocidade do motorista. Isso é verdadeiro, não importando o valor da aceleração do policial . ............................................................................................... ..................................................................................................................................Para o caso específico do movimento com aceleração constante esquematizado na Figura 2.15 e cujos gráficos são apresentados nas figuras 2.16, 2.17 e 2.18, os valores x0, Vox e ªx são todos positivos. Convidamos você a refazer essas figuras considerando um, dois ou três desses valores negativos. TESTE SUA COMPREENSÃO DA SEÇÃO 2.4 O Exemplo 2.5 mostra quatro gráficos Vxt para dois veículos. Qual gráfico está correto? 1 (a) (b) (e) (d) Motorista Motorista 1 Policial 1 t (s) 1 1 t (s) Polici 1 1 t (s) 1 1 t (s) o 10 O 10 O 10 O 10 2.5 QUEDA LIVRE DE CORPOS O exemplo mais familiar de um movimento com aceleração (aproximada- mente) constante é a queda livre de um corpo atraído pela força gravitacional da Terra. Tal movimento despertou a atenção de filósofos e cientistas desde tempos remotos. No século IV a.e., Aristóteles pensou (erroneamente) que objetos mais pesados caíam mais rapidamente que objetos leves, com velocidades proporcio- nais aos respectivos pesos. Dezenove séculos mais tarde, Galileu (ver Seção 1.1) afirmou que um corpo deveria cair com aceleração constante independentemente de seu peso. Experiências demonstram que, quando os efeitos do ar podem ser desprezados, Galileu está correto; todos os corpos em um dado local caem com a mesma ace- leração, independentemente de seus tamanhos e pesos. Além disso, quando a dis- tância da queda livre é pequena em comparação com o raio da Terra e ignoramos os pequenos efeitos exercidos por sua rotação, a aceleração é constante. O movi- mento ideal resultante de todos esses pressupostos denomina-se queda livre, em- bora ele inclua também a ascensão de um corpo. (No Capítulo 3, estenderemos a discussão da queda livre para incluir o movimento de projéteis, que possuem componentes do movimento na horizontal e na vertical.) A Figura 2.22 é uma fotografia de múltipla exposição da queda livre de uma bola feita com auxílio de um estroboscópio luminoso que produz uma série de flashes com intervalos de tempo iguais. Para cada flash disparado, a imagem da bola fica gravada no filme nesse instante. A distância crescente entre duas ima- gens consecutivas na Figura 2.22 mostra que a velocidade está aumentando e que a bola acelera para baixo. Medidas cuidadosas mostram que a variação da velo- cidade é sempre a mesma entre os intervalos, de modo que a aceleração de uma bola em queda livre é constante. A aceleração constante de um corpo em queda livre denomina-se aceleração da gravidade, e seu módulo é designado por g. Sempre usaremos o valor aproxi- mado de g na superfície terrestre ou próximo a ela: g = 9,80 m/s2 = 980 cm/ s2 = 32,2 pés/ s2 (valor aproximado próximo à superfície terrestre) O valor exato varia de um local para outro, de modo que normalmente forne- cemos o valor de g na superfície terrestre com somente dois algarismos signifi- cativos (9,8 m/s2). Na superfície da Lua, como a atração gravitacional é da Lua e não da Terra, g = 1,6 m/s2. Próximo à superfície do Sol, g = 270 m/s2. ATENÇÃO g é sempre um número positivo Como g é o módulo de uma grandeza ve- torial, ele é sempre um número positivo. Se você considerar que o sentido positivo está para cima, como fazemos na maioria das situações envolvendo queda livre, a aceleração é negativa (para baixo) e igual a -g. Tenha cuidado com o sinal de g, ou então terá difi- culdade com os problemas de queda livre. Nos exemplos seguintes, usaremos as equações de movimento com aceleração constante da Seção 2.4. Sugerimos que, antes de resolver esses exemplos, você leia novamente a Estratégia para a solução de problemas 2.1 dessa seção. DADOS MOSTRAM Queda livre Capítulo 2 - Movimento retilíneo 55 Figura 2.22 Fotografia de múltipla exposição de uma bola em queda livre. -• • A velocidade média em cada intervalo é proporcional à distância entre as imagens. • Essa distância aumenta continuamente, de modo que a velocidade da bola está variando constantemente; a bola acelera para baixo. Quando os alunos recebiam um problema sobre queda livre, mais de 20% davam uma resposta incorreta. Erros comuns: • Confusão entre velocidade escalar, vetor velocidade e aceleração. A velocidade escalar nunca pode ser negativa; o vetor velocidade pode ser positivo ou negativo, dependendo do sentido do movimento. Em queda livre, velocidade escalar e vetor velocidade variam continuamente, mas a aceleração (taxa de variação da velocidade) é constante e para baixo. • Não observar que um corpo em queda livre que se move para cima com uma certa velocidade além de um ponto passará pelo mesmo ponto na mesma velocidade quando se mover para baixo (ver Exemplo 2.7). 56 Física 1 EXEMPLO 2.6 UMA MOEDA EM QUEDA LIVRE •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Uma moeda de 1 euro é derrubada da Torre de Pisa. Ela parte do repouso e se move em queda livre. Calcule sua posição e sua velocidade nos instantes 1,0 s, 2,0 s e 3,0 s. SOLUÇÃO IDENTIFICAR E PREPARAR: "queda livre" significa ''possuir uma aceleração constante pela gravidade". Portanto, podemos usar as equações de aceleração constante. O lado direito da Fi- gura 2.23 demonstra nosso diagrama de movimento para a Figura 2.23 Uma moeda em queda livre a partir do repouso. y o • t0 = O s,y0 = O v0 =0 • t1 = 1,0 S,Y1 = ? + + tly = --9,8 mJs2 • i v2y =? moeda. Como o eixo é vertical, vamos chamá-lo de y em vez de x. Todos os valores de x d.as equações serão substituídos por y. Consideramos a origem O como o ponto inicial e escolhemos um eixo vertical orientado com sentido positivo de baixo para cima. A coordenada inicial y0 e a velocidade inicial Voy são iguais a zero. A aceleração está orientada para baixo (no sentido negativo do eixo Oy), de modo que ay = -g = -9,8 rn/s2• (Lembre-se de que, por definição, g é sempre positivo.) As variáveis-alvo são y e vy nos três instantes especificados. Para determiná-las, usamos as equações 2.8 e 2.12, substituindo-se x por y. Nossa escolha do sentido para cima como positivo significa que todas as posições e velocidades que calcularmos serão negativas. EXECUTAR: em um instante t após a moeda ser derrubada, sua posição e velocidade são: Y = Yo + v0yt + 1 ayt2 = O + O + à (-g) t2 = (-4,9 m/s2) t2 vy = v0y + ayt = O + (-g)t = (-9,8 m/s2)t Quando t = 1,0 s, y = (-4,9 m/s2)(1,0 s)2 = -4,9 me vy = (-9,8 m/s2) (1,0 s) = -9,8 m/s; depois de 1 s, a moeda está a 4,9 m abaixo da origem (y é negativo) e possui uma velocidade orientada para baixo (vy é negativa) com módulo igual a 9,8 m/s. A posição e a velocidade nos instantes 2,0 s e 3,0 s são encontradas da mesma forma. Os resultados são y = -20 m e Vy = -20 m/s em t = 2,0 s, e y = -44 me vy = -29 m/s em t = 3,0 s. AVALIAR: todas as respostas são negativas, como esperávamos. Mas também poderíamos ter escolhido o sentido para baixo. Nesse caso, a aceleração teria sido ay = +g e todas as respostas teriam sido positivas . ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• EXEMPLO 2.7 MOVIMENTO PARA CIMA E PARA BAIXO EM QUEDA LIVRE •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Você arremessa uma bola de baixo para cima do topo de um edifício alto. A bola deixa sua mão à velocidade de 15 m/s em um ponto que coincide com a extremidade superior do para- peito do edifício; a seguir, ela passa a se mover em queda livre. Quando a bola volta, ela passa raspando pelo parapeito e conti- nua a queda. Calcule (a) a posição e a velocidade da bola 1,0 s e 4,0 s depois que ela deixa sua mão; (b) a velocidade quando a bola
Compartilhar