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Este livro tem a intenção de desmistificar a Atividade de 
Inteligência e desfazer o equivocado arquétipo do espião 
construído pelos filmes e pelas séries televisivas. Para 
tanto, procura demonstrar como a Inteligência se presta 
ao assessoramento do processo de tomada de decisão em 
diversos níveis e nas mais diferentes áreas. Nesta obra são 
discutidos, entre outros assuntos, os gêneros e as espécies 
da Atividade de Inteligência no Brasil, examinando mais 
especificamente a Inteligência de Segurança Pública, seus 
fundamentos doutrinários, sua origem, sua evolução, seus 
princípios, seus valores e suas características.
INTELIGÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA
LAYLA MARIA DE SOUSA SANTOS
Código Logístico
59490
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6657-5
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 5 7 5
Inteligência e 
Segurança Pública
Layla Maria de Sousa Santos
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: sarayut_sy/zef art/S.Gvozd/Ilina93/Pan Xunbin/YIUCHEUNG/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S236i
Santos, Layla Maria de Sousa
Inteligência e Segurança Pública / Layla Maria de Sousa Santos. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
110 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6657-5
1. Segurança Pública. 2. Serviço de Inteligência. 3. Gestão do conheci-
mento. I. Título.
20-64443 CDD: 352.379
CDU: 351.86
Layla Maria 
de Sousa Santos
Especialista em Gestão Pública e em Segurança Pública 
e Cidadania pela Universidade de Brasília (UnB) e em 
Gestão de Organizações de Inteligência pela Escola de 
Inteligência Militar do Exército (ESIMEx). MBA em Gestão 
de Pessoas pela Universidade Católica de Brasília (UCB). 
Graduada em Ciências Policiais pelo Instituto Superior 
de Ciências Policiais da Polícia Militar do Distrito Federal 
(ISCP/PMDF), em Direito pela Universidade Cidade 
de São Paulo (Unicid) e em Pedagogia pelo Instituto 
Superior Albert Einstein (Isalbe). Atua como docente no 
ISCP/PMDF, onde ministra as disciplinas de Inteligência 
de Segurança Pública e Gestão de Pessoas, e na Escola 
de Governo do Distrito Federal (EGOV), ministrando a 
disciplina de Ética e Sigilo das Informações. É instrutora 
nos cursos da área de Inteligência e de Análise de Risco 
do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da 
Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito 
Federal (SSPDF), do Centro Nacional de Gerenciamento 
de Risco de Desastres do Ministério do Desenvolvimento 
Regional (Cenad/MDR) e do Centro de Inteligência da 
Polícia Militar do Distrito Federal (CI/PMDF). Áreas de 
interesse: Inteligência, Segurança Pública, economia do 
crime, análise de risco e gestão de pessoas.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
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SUMÁRIO
1 Introdução à Atividade de Inteligência 9
1.1 Histórico 10
1.2 A Atividade de Inteligência no Brasil 18
1.3 Conceitos essenciais 22
1.4 Normas e fundamentos jurídicos 29
2 Atividade de Inteligência de Segurança Pública 36
2.1 Fundamentos doutrinários 37
2.2 Origem e evolução 43
2.3 Espécies de Inteligência de Segurança Pública 45
2.4 Inteligência e investigação policial 48
3 Organização da Atividade de Inteligência 55
3.1 Sistemas e subsistemas de Inteligência 55
3.2 Agências de Inteligência 66
3.3 Redes de cooperação internacionais 69
4 Gestão da informação 75
4.1 Inteligência e sigilo 76
4.2 Acesso à informação 80
4.3 Transparência x efetividade da Atividade de Inteligência 86
5 Produtos da Atividade de Inteligência 92
5.1 Produção do conhecimento 92
5.2 Técnica de avaliação de dados 101
5.3 Documentos de Inteligência 104
5.4 Desafios e tendências da Atividade de Inteligência 106
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Neste livro, temos a intenção de desmistificar a Atividade de Inteligência 
e desfazer o equivocado arquétipo do espião construído pelos filmes e pelas 
séries televisivas. Para tanto, demonstraremos como a Inteligência se presta 
ao assessoramento do processo de tomada de decisão em diversos níveis e 
nas mais diferentes áreas. 
No primeiro capítulo, apresentaremos as origens históricas da Atividade 
de Inteligência e seu papel determinante em importantes acontecimentos 
desde os tempos bíblicos até os dias atuais, bem como os principais conceitos 
doutrinários e legislações a respeito do tema.
O segundo capítulo apresenta os gêneros e as espécies da Atividade 
de Inteligência no Brasil e examina mais especificamente a Inteligência de 
Segurança Pública, seus fundamentos doutrinários, sua origem, sua evolução, 
seus princípios, seus valores e suas características.
A organização da Atividade de Inteligência em sistemas e subsistemas é 
estudada no terceiro capítulo, no qual analisaremos as origens, alterações 
sofridas e a atual composição dos sistemas e subsistemas de Inteligência 
brasileiros. Também é apresentada a estrutura das Agências de Inteligência 
que compõem os sistemas e subsistemas, com especial destaque para aquelas 
que integram o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP). 
As questões que envolvem o equilíbrio entre a necessidade de sigilo das 
ações de Inteligência e o direito fundamental de acesso à informação são 
discutidas no quarto capítulo. Na oportunidade, também será apresentada 
a Lei de Acesso à Informação (LAI), os mecanismos criados por ela para 
ampliar a transparência da administração pública e as hipóteses de sigilo que 
restringem o acesso a determinadas informações. 
No último capítulo, será apresentado o método formal que os 
profissionais de Inteligência empregam para elaborar os produtos utilizados 
no assessoramento do processo decisório, transformando dados brutos 
em conhecimento útil, significativo e oportuno. Por fim, trataremos dos 
documentos de Inteligência e dos desafios da produção de conhecimentos 
em meio a um contexto sociopolítico conturbado e complexo. 
APRESENTAÇÃO
Introdução à Atividade de Inteligência 9
1
Introdução à Atividade 
de Inteligência
A Atividade de Inteligência costuma atrair a atenção das pessoas. 
O ar de mistério explorado nos filmes, o sigilo que cerca os docu-
mentos e a exploração midiática de fatos envolvendo os chamados 
serviços secretos, por exemplo, alimentam a imaginação e geram 
muitas especulações acerca dessas organizações e da missão que 
executam. Neste livro, nos propomos a desmistificar o trabalho dos 
profissionais de Inteligência, evidenciando sua função de assessora-
mento e explicando o método empregado para alcançar os objetivos.
O Capítulo 1 apresenta as origens históricas da Atividade de 
Inteligência, bem como a sua importância em acontecimentos que 
determinaram os rumos da humanidade. Na primeira seção, tra-
zemos episódios nos quais a Inteligência foi empregada de modo 
determinante, desde os tempos bíblicos até as guerras modernas, 
com especial destaque à história da Inteligência no Brasil.
Na Seção 2, trataremosdos conceitos essenciais que envol-
vem a Atividade de Inteligência, incluindo as principais definições 
trazidas pela doutrina e literatura especializada. Além disso, você 
terá contato com as obras de dois autores clássicos e obrigatórios 
quando o assunto é Inteligência: Sherman Kent e Washington Platt.
Leis, decretos e demais normas que norteiam a Atividade de 
Inteligência são tratados na terceira seção. Nela, são apresentadas 
as diretrizes de organização e o funcionamento da Inteligência bra-
sileira, bem como seus parâmetros e as principais ameaças à inte-
gridade da sociedade, do Estado e da segurança nacional. Ainda, 
estudaremos os órgãos de supervisão, fiscalização e controle 
da atividade.
10 Inteligência e Segurança Pública
1.1 Histórico
Vídeo A atividade desempenhada por pessoas que buscam informações 
– atualmente, chamada de Inteligência – sempre esteve presente na his-
tória da humanidade. Referências bíblicas indicam a prática de ações 
de levantamento de informações, como as ordenadas por Moisés, 
após ter recebido de Deus a missão de espionar Canaã, como consta 
no Livro de Números:
O Senhor Deus disse a Moisés: mande alguns homens para es-
pionar a terra de Canaã, a terra que eu vou dar aos israelitas. Em 
cada tribo escolha um homem que seja líder. Do deserto de Parã 
Moisés enviou os espiões, de acordo com as ordens de Deus, o Se-
nhor. Todos eram chefes de tribos do povo de Israel. Ele mudou 
o nome de Oseias, filho de Num, para Josué. Quando Moisés os 
mandou espionar a terra de Canaã, disse a esses homens o se-
guinte: vão pela região sul e subam pelas montanhas. Vejam bem 
que terra é essa. Vejam também se o povo que mora nela é forte 
ou fraco, se são poucos ou muitos. Vejam se a terra onde esse 
povo mora é boa ou ruim, se as suas cidades têm muralhas ou 
não. Examinem também a qualidade da terra, se é boa para plan-
tar ou não. Vejam se há matas. Tenham coragem e tragam algu-
mas frutas da terra. (A BÍBLIA, Números 13, 2018)
Entre outros exemplos, a Bíblia também narra a história de Sansão 
e Dalila, ocorrida no contexto da guerra entre israelitas e filisteus. Dalila 
teria sido recrutada pelos filisteus, sob recompensa financeira, para 
descobrir o segredo da força de Sansão, um dos líderes de Israel.
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SILVA, O. P. Sansão e Dalila. 1893, óleo sobre tela: 59 x 78, 1. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Introdução à Atividade de Inteligência 11
O primeiro milênio a.C. no Oriente Próximo é considerado a Idade 
dos Impérios, pois do século IX ao século I a.C. ascenderam grandes civi-
lizações, entre elas, o Império Neoassírio. Os assírios ficaram conheci-
dos pela cultura militar expansionista e por terem dominado os povos 
hebreus, egípcios e babilônicos (POZZER, 2016).
A máquina de guerra assíria contava com uma elaborada estrutura 
de obtenção de informações, conhecida como o olho do rei, considera-
do o primeiro serviço de Inteligência da história (VOLKMAN, 2013).
Um dos primeiros relatos históricos formais foi feito por Tucídides, 
na obra História da Guerra do Peloponeso, que trata do conflito entre 
Esparta e Atenas, ocorrido no século V a.C. Ele relatou um episódio no 
qual um espião persa teria sido preso pelo exército ateniense quando 
estava a caminho de Esparta (DOBRORUKA, 2009).
Há, também, registros sobre a Atividade de Inteligência na conheci-
da obra A Arte da Guerra, que teria sido escrita no século IV a.C. por Sun 
Tzu. Um dos 13 capítulos do livro é dedicado ao necessário emprego de 
espiões para se alcançar o êxito em uma campanha militar:
O que possibilita ao soberano inteligente e seu comandante con-
quistar o inimigo e realizar façanhas fora do comum é a previsão, 
conhecimento que só pode ser adquirido por meio de homens 
que estejam a par de toda movimentação do inimigo. Por isso, 
deve-se manter espiões por toda parte e in-
formar-se de tudo. Existem cinco tipos de es-
piões que podem ser usados: espiões locais, 
agentes internos, agentes duplos, espiões dis-
pensáveis e espiões indispensáveis. (SUN TZU, 
2007, p. 135)
Já no contexto imperial romano, o Imperador 
Caio Júlio César é considerado o pai da Inteligência 
militar. Suas façanhas militares não ocorreram so-
mente por seu reconhecido talento como estrate-
gista, mas, também, por sua elaborada organização 
desenvolvida com o objetivo de obter informações 
sobre seus inimigos.
O sistema desenvolvido por Júlio César pre-
via agentes responsáveis pelo reconhecimento do 
terreno e das forças inimigas, conhecidos como 
procursatores, e, além deles, os speculatores eram 
Oriente Próximo é a expressão 
empregada para identificar a 
região onde surgiram as civiliza-
ções pré-clássicas. Atualmente, a 
região é conhecida como Oriente 
Médio e abrange países do norte 
da África até a Ásia.
Saiba mais
Imperador Júlio César. Artista desconhecido.
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12 Inteligência e Segurança Pública
especialmente treinados para atuarem infiltrados no território inimigo 
usando disfarces. Havia, ainda, os indices, que eram inimigos deserto-
res ou recrutados para fornecer informações (VOLKMAN, 2013).
Entre os séculos XI e XIII, ocorreram conflitos, denominados de 
cruzadas, entre cristãos e árabes muçulmanos. Nesse período, os pa-
pas convocaram oito cruzadas com o objetivo de retomar a Terra Santa 
e libertar o Santo Sepulcro. Nas palavras de Fernandes (2006, p. 103), 
“a expansão da Cristandade latina conflita com o projeto dos vizinhos 
muçulmanos, também eles envolvidos num processo próprio de am-
pliação dos espaços de dominação e conversão islâmica”.
Os exércitos cruzados, conhecidos como soldados de Cristo, impu-
seram muitas derrotas aos árabes que, apesar de unidos pela mesma 
crença, tinham várias subdivisões étnicas e políticas.
Yusuf Ibn Ayyub, chamado pelos árabes de Salah-al-Din – “o retifica-
dor da fé” – e pelos cruzados de Saladino, destacou-se após uma série 
de vitórias táticas pouco expressivas. Mas, ao promover a unificação de 
reinos árabes, conquistou um grande êxito militar derrotando os fran-
cos e retomando Jerusalém, em 1187, no período da segunda Cruzada.
Volkman (2013) credita parte importante dessa vitória à ampliação 
das redes de Inteligência promovida por Saladino, que recrutou um ver-
dadeiro exército de espiões entre os árabes que viviam em territórios 
ocupados pelos cruzados. Esses espiões forneceram a Saladino informa-
ções sobre os suprimentos e mantimentos de que os cruzados dispunham.
Calculando o tempo de duração dos estoques e o posicionamento 
dos exércitos cruzados, Saladino planejou uma emboscada e venceu 
a batalha, mesmo tendo inferioridade numérica e forças militares me-
nos equipadas.
O problema central era que os cruzados não tinham conheci-
mento dos seus inimigos árabes, enquanto Saladino enredou os 
cruzados em uma enorme teia de espionagem, “de modo que 
nada do que se passa permanecerá desconhecido”, como se ex-
pressou ele próprio. Sua rede de inteligência incluía uma grande 
variedade de ativos que viviam em cidades ocupadas pelos cruza-
dos. Quase todos eles eram cidadãos comuns que tinham acesso 
a áreas de interesse de inteligência – como o vendedor de ver-
duras para soldados cruzados, uma tarefa que permitia contar 
exatamente quantos homens os cruzados tinham. (VOLKMAN, 
2013, p. 51)
O livro As grandes agências 
secretas, de José-Manuel 
Diogo, faz uma apanhado 
sobre as origens e a 
atuação dos principais 
Serviços de Inteligência 
do mundo.
DIOGO. J. M. A São Paulo: Via 
Leitura, 2015.
Livro
Introdução à Atividade de Inteligência 13
No século XIII, Gengis Khan teve papel de grande destaque quando 
conseguiu conquistar tribos tártaras e unificar tribos mongóis nôma-
des e sedentárias, iniciando o que foi um grande Império.
Durante esses anos ele organiza um eficiente serviço de espiões 
e batedores infiltrados nas tribos rivais, explorando sempre as 
dissensões internas entre os inimigos e procurando as melhores 
condições físicas para atacar (áreas de vertentesonde assumisse 
posição vantajosa; gargantas entre montanhas; oferta de pasto 
para os animais). (BARBOSA, 2006, p. 145)
Sob o comando de Gengis Khan, os mongóis conquistaram parte 
do Império Chinês e da Pérsia, além de expandir seus domínios para 
a Europa Oriental, o que seria hoje a região da Polônia e da Hungria. 
A extensão desse domínio fez com que esse período histórico ficasse 
conhecido como a Era Mongol.
Durante a Guerra dos 100 anos, entre a França e a Inglaterra, um es-
pião recrutado pelos ingleses desempenhou importante papel em uma 
das derrotas francesas. O Bispo francês Pierre de Cauchon atuou como 
espião inglês e foi determinante para a prisão de Joana D’Arc.
Joana D’Arc era uma jovem francesa bastante religiosa que procu-
rou o Príncipe Carlos e narrou ter visões e ouvir vozes divinas que lhe 
transmitiam algumas missões; entre elas, acabar com o cerco à cidade 
francesa de Orleans, coroar Carlos como rei da França e expulsar os 
ingleses de Paris.
Após passar por vários “testes”, Joana D’Arc recebeu uma espada 
e um estandarte e passou a liderar forças militares francesas durante 
as batalhas. A jovem se mostrou bastante carismática e sua presença 
motivava os soldados, que acreditavam estar sendo liderados por uma 
enviada de Deus.
Depois de vencer importantes batalhas e cumprir as duas primeiras 
missões, Joana D’Arc foi capturada. Os ingleses promoveram, então, 
uma campanha para destruir a imagem de heroína de Joana D’Arc e 
impactar ainda mais as tropas francesas.
Uma campanha de desinformação conduzida pelo Bispo Pierre de 
Cauchon resultou no julgamento e, consequentemente, na condena-
ção de Joana D’Arc pelo cometimento de vários crimes, incluindo bruxa-
ria. Em 30 de maio de 1430, Joana D’Arc foi queimada em uma fogueira.
Entre os anos de 1337 e 1453, 
França e Inglaterra travaram a 
Guerra dos 100 anos. O conflito 
teve início em razão da disputa 
pelo domínio da proeminente 
região de Flandres, onde hoje 
está a Bélgica.
Saiba mais
14 Inteligência e Segurança Pública
Os relatos bíblicos e os fatos históricos apresen-
tados indicam o emprego de técnicas de Inteligên-
cia desde os primórdios da humanidade. Contudo, 
os sistemas de Inteligência foram institucionaliza-
dos e tornados permanentes na estrutura dos Esta-
dos com o processo de especialização das funções 
organizacionais das missões de fazer a guerra, 
manter a ordem interna e desenvolver relações di-
plomáticas (HERMAN, 1996).
Nesse escopo, Cepik (2003) acrescenta que as 
primeiras organizações especializadas em Inteligên-
cia foram criadas na Europa, no século XVI. Ainda, 
corrobora com a tese de Herman (1996), elencando 
e explicando as três matrizes históricas da Atividade 
de Inteligência: a guerra, a segurança interna e a di-
plomacia, conforme veremos na subseção a seguir.
1.1.1 Primeira matriz histórica: a guerra
Em seu livro Da Guerra, Clausewitz (1996) afirma que a guerra é um 
ato de violência destinado a obrigar o inimigo a fazer a nossa vonta-
de, e elabora um dos conceitos mais conhecidos de guerra ao defini-la 
como a continuação da política por outros meios. Keegan (2006) critica 
Clausewitz por não considerar a cultura em sua definição de guerra e 
argumenta que a natureza da guerra é servir a si mesma.
Huntington (1997) apresenta uma tipologia diferente e argumenta 
que existem mais fatores do que a disputa de poder político. O autor 
trata de conflitos, especialmente no Oriente Médio, como uma catego-
ria que ele define como guerra de civilizações. Sob esse ponto de vista, 
Huntington elabora um novo conceito de guerra de linhas de fratura, 
ou seja, conflitos que ocorrem nos pontos de atrito entre as diferentes 
civilizações que colidem umas com as outras.
A guerra é a maneira mais comum de resolução de conflitos na 
história da humanidade, mas não possui uma definição única, e não é 
um conceito estático. Algumas características, no entanto, são comuns 
às diferentes definições, como a natureza violenta e a participação de 
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DELAROCHE, P. Interrogatório de Joana D’arc. 1824, óleo sobre tela: 277 cm x 217.5 
cm. Museu de Belas Artes, Ruão.
Introdução à Atividade de Inteligência 15
grupos armados com alguma organização – não necessariamente uma 
força armada estatal, se considerarmos o conceito de novas guerras de 
Kaldor (2001). Segundo a autora, as novas guerras representam um 
tipo de violência organizada que pode ser descrita como uma fusão 
de guerra, crime organizado e violação maciça dos direitos humanos. 
Ataques contra civis são uma tônica desses conflitos, em que a lógica 
é invertida, diferentemente do que acontece nas guerras tradicionais, 
nas quais morrem mais militares do que civis. O que antes era con-
siderado uma consequência indesejada, passou a ser uma estratégia 
de combate.
A motivação para as novas guerras também é diferente. Enquanto 
no século XX as guerras tiveram motivações essencialmente políticas 
e ideológicas, esses novos conflitos também têm causas sociais e são 
circunscritos em um cenário de disputa étnica e religiosa. Um exem-
plo dessa nova tipologia é a guerra na Síria, uma vez que se trata de 
um conflito com múltiplos atores envolvidos: exército sírio, rebeldes 
separatistas, grupos paramilitares, organizações terroristas e países 
estrangeiros. Independentemente de qual conceito se use e das ca-
racterísticas que apresente, a guerra é o berço da Atividade de Inteli-
gência. Foi em busca de sobrevivência e conquistas territoriais que os 
comandantes e líderes políticos buscaram informações sobre o inimi-
go, o terreno, as condições climáticas e outros aspectos que envolvem 
as campanhas militares.
Durante as Guerras Napoleônicas, a Inteligência militar sofreu 
uma revolução em matéria de especialização e organização. Após ser 
derrotada na primeira batalha contra os franceses, a Prússia moder-
nizou seu exército, criando estruturas que melhoraram o comando 
(gestão) e a comunicação com as tropas. Em 1815, com a ajuda da 
Inglaterra, os prussianos finalmente derrotaram o poderoso exér-
cito francês, dando um fim ao império napoleônico. A estrutura do 
Estado-Maior do exército prussiano é até hoje modelo para a maioria 
das Forças Armadas Nacionais e prevê a existência de um setor espe-
cializado na Atividade de Inteligência.
Além disso, nesse período, foi inaugurada a primeira unidade mili-
tar aérea, que utilizava balões de hidrogênio para que os comandantes 
pudessem acompanhar suas tropas no terreno e observar as movi-
mentações inimigas.
O filme Elizabeth, a idade 
de ouro mostra como a 
rede de espiões coor-
denada por Sir Francis 
Walsingham descobre 
planos conspiratórios 
contra a rainha
Direção: Shekhar Kapur. Inglaterra: 
Universal, 2007.
Filme
O Estado-Maior de uma 
organização ou força militar é o 
conjunto de assessores do alto 
comando. É composto de setores 
com atribuições bem definidas. 
No Brasil, as Forças Armadas, 
as Polícias Militares e os Corpos 
de Bombeiros Militares adotam 
esse modelo. Segundo o modelo 
brasileiro, o Estado-Maior, ou 
EM, é divido em seções, sendo a 
primeira seção responsável pela 
gestão de pessoal; a segunda é a 
Inteligência; a terceira destina-se 
ao planejamento; a quarta tem 
a função de apoio logístico; 
e a quinta é responsável pela 
comunicação social.
Saiba mais
16 Inteligência e Segurança Pública
1.1.2 Segunda matriz histórica: a segurança interna
A segunda matriz histórica da Atividade de Inteligência é a seguran-
ça interna (security Intelligence) ou a atividade de policiamento. Segundo 
Richelson (1986), a primeira agência especializada em coletar informa-
ções sobre inimigos domésticos foi a terceira seção do Departamento 
de Segurança de Estado da Rússia, em 1826, que se dedicava a reprimir 
os crimes contra o governo.
Com a evolução das dinâmicas sociopolíticas que incluíram a ex-
pansão do regime democrático pelo mundo, essas agências, que eram 
inicialmente voltadas para identificar e combater a dissidência política, 
passarama atuar mais voltadas para o combate à criminalidade orga-
nizada e ao terrorismo.
Essas mudanças aproximaram a Atividade de Inteligência das ações 
de investigação policial. Atualmente, diversas agências policiais do 
mundo todo possuem setores especializados em Inteligência.
De acordo com Reiner (2004), as atribuições de policiar as cidades 
passaram a ser mais evidentes com a chamada divisão social do traba-
lho. No entanto, instituições policiais estruturadas especificamente para 
a execução do policiamento só passaram a existir com a centralização 
político-administrativa, ou seja, com o surgimento do Estado-Nação.
A fórmula institucional experimentada no século XIX se consagra a 
ponto de, ao fim dos anos 1800, quase todos os países já contarem com 
ao menos uma instituição policial. A partir do século XX, a discussão se 
voltou para o tema da modernização das polícias.
Bayley (2006, p. 20) conceitua polícia como “pessoas autorizadas por 
um grupo para regular as relações interpessoais dentro deste grupo 
através da aplicação da força física”. Assim, o uso da força, ou a autori-
zação para usá-la, é característica central da instituição policial, muito 
embora outros agentes sociais também tenham tal autorização. Bayley 
(2006) afirma, ainda, que ser pública, profissional e especializada são as 
três características essenciais das instituições policiais modernas.
O fato de ser pública não se refere somente à autorização coletiva 
do uso da força, mas fundamentalmente à natureza da agência. Em 
outros termos, diz respeito a quem financia e gere essa instituição. 
Para saber mais sobre 
a divisão social do 
trabalho, leia a obra Da 
divisão do trabalho social, 
de Émile Durkheim, de 
2010. Nessa obra, o 
autor examina as funções 
existentes no seio da so-
ciedade e as define como 
mecanismo de coesão 
social.
DURKHEIM, É. São Paulo: Martins 
Fontes, 2010.
Livro
Introdução à Atividade de Inteligência 17
A profissionalização refere-se à preparação para o desempenho das 
funções como seleção, treinamento e carreira estruturada. Já a espe-
cialização é uma característica relacionada ao controle do comporta-
mento social por meio do uso (mesmo potencial) da força física. Uma 
polícia não especializada faz muitas outras coisas além de aplicação 
da lei (law enforcement).
1.1.3 Terceira matriz histórica: a diplomacia
As relações diplomáticas tornaram-se permanentes na Europa a 
partir do século XVI. Contudo, somente no século XVII, as potências eu-
ropeias passaram a manter arquivos diplomáticos para armazenar e 
consultar informações. Nesse período, as chancelarias também tinham 
a função de obter dados de maneira ostensiva ou sigilosa. Era legítimo 
aos governos que seus embaixadores e demais membros da carreira 
diplomática juntassem informações por todos os meios disponíveis, in-
cluindo o recrutamento de informantes e interceptações clandestinas.
Não foi uma coincidência o fato de o primeiro serviço de Inteligência 
governamental organizado ter sido desenvolvido na Inglaterra pelo Mi-
nistro do Exterior Sir Francis Walsingham, em 1573, durante o reinado 
de Elizabeth I.
Walsingham montou uma articulada rede de espiões que atuava por 
todo o continente europeu, e foi capaz de detectar tramas conspirató-
rias para substituir Elizabeth I por Maria da Escócia, em 1584 e 1587, e 
os planos de Felipe II de invadir a Inglaterra e destronar a rainha, o que 
resultou na emboscada da marinha inglesa à armada espanhola.
O desenvolvimento do fluxo de comunicações diplomáticas, asso-
ciado ao surgimento dos serviços postais na Europa, provocou a ne-
cessidade do uso de cifração e códigos para proteger o conteúdo das 
mensagens. Assim, nasceram as primeiras agências especializadas em 
intercepção e decodificação, as black chambers.
Com o passar dos anos, houve uma gradual separação entre as fun-
ções diplomáticas oficiais e aquelas ações encobertas, consideradas es-
pionagem. Atualmente, essa distinção entre diplomacia e Inteligência 
está bem definida na maioria dos países. E como começou a atividade 
de Inteligência no Brasil?
Na sua opinião, a Atividade de 
Inteligência deve ser desem-
penhada exclusivamente por 
estruturas estatais?
Atividade 1
18 Inteligência e Segurança Pública
1.2 A Atividade de Inteligência no Brasil
Vídeo Existem relatos do emprego da Atividade de Inteligência no Brasil 
desde o século XVIII. Um episódio que retrata isso é o posicionamento 
de Luís Antônio Furtado de Mendonça, o Visconde de Barbacena, Go-
vernador da Capitania de Minas Gerais, durante os dias que antecede-
ram a eclosão da revolta conhecida como Inconfidência Mineira.
Conforme consta no Autos de Devassa da Inconfidência Mineira 
(2016), no dia 14 de março de 1789, apenas oito meses após assumir 
o cargo e se comprometer com a cobrança da dívida do quinto real 
repassado à Coroa Portuguesa, o Visconde de Barbacena suspendeu 
a derrama alegando ter tomado ciência das circunstâncias existentes 
na Capitania, afastando, assim, a principal bandeira dos inconfidentes. 
Tratou-se de um trabalho de Inteligência coordenado pelo Visconde 
de Barbacena que, além de enfraquecer o movimento revoltoso, ainda 
cooptou delatores.
Também, durante a revolta conhecida como Balaiada (1831–1832), 
o Coronel Luís Alves de Lima e Silva, que depois viria a ser conheci-
do como Duque de Caxias, foi nomeado Presidente da Província do 
Maranhão e Comandante das Forças Militares, com o objetivo de pacifi-
car a região. Para tanto, Caxias utilizou agentes para obter dados sobre 
as forças oponentes e, assim, melhor empregar suas tropas, o que foi 
essencial para a vitória e pode ser considerado a origem da Inteligência 
militar no Exército brasileiro (ARAÚJO, 2004).
Outros fatos históricos relevantes acerca do emprego da Ativi-
dade de Inteligência ocorreram durante a Guerra da Tríplice Aliança 
(1864–1870), quando Caxias utilizou balões para observação das forças 
adversas, além de criar uma rede de ligações entre as unidades por 
meio de telégrafo elétrico (FRAGOSO, 1959).
O início da Atividade de Inteligência no Brasil, como algo institucio-
nalizado, ocorreu após a eleição de Washington Luís para a Presidência 
da República, no ano de 1926, em meio a grandes altercações sociopo-
líticas decorrentes, principalmente, dos atos do movimento tenentista 
e do movimento operário.
Por meio do Decreto n. 17.999/1927, o Presidente Washington Luís 
criou o Conselho de Defesa Nacional (CDN), órgão de caráter consulti-
vo, cujo objetivo era analisar e coordenar informações sobre todas as 
Introdução à Atividade de Inteligência 19
questões de ordem financeira, econômica, bélica e moral, relativas à 
defesa da pátria (BRASIL, 1927).
Figueiredo (2005, p. 37) define o CDN como “a primeira repartição 
pública federal dedicada exclusivamente a levantar e processar infor-
mações em proveito do Presidente da República”. Em razão da finalida-
de para a qual foi instituído, o CDN é apontado como marco inicial da 
Atividade de Inteligência no Brasil, porém não contava com estrutura 
suficiente para atingir os objetivos para os quais foi criado. O CDN care-
cia de algo que era essencial a um serviço de informações ou Inteligên-
cia: um braço operacional, ou seja, aqueles profissionais popularmente 
conhecidos como agentes secretos.
Muito do que chegava ao CDN era de conhecimento público ou de 
confiabilidade duvidosa. Como resultado dessas limitações, o Presi-
dente Washington Luís foi pego de surpresa em momentos cruciais do 
cenário político, inclusive quando a Revolução de 1930 resultou na sua 
deposição e consequente assunção de Getúlio Vargas ao poder.
Consciente dessas limitações do CDN, Vargas promoveu uma rees-
truturação. As mudanças tinham como objetivo aumentar a efetividade 
e a abrangência do órgão. A principal modificação feita por Vargas foi 
a criação de uma Seção de Defesa Nacional em cada Ministério, com a 
função de estudar os assuntos, afetos àquela pasta, que impactassem 
na defesa nacional. Com isso, as açõesde assessoramento passaram 
a ser mais especializadas e adquiriram capilaridade. Contudo, o CDN 
continuava sem um segmento operacional voltado à obtenção de da-
dos em campo.
Em resposta à Revolução Militar de 1930, que depôs o presidente 
eleito Washington Luís, ocorreu a chamada Revolução Constitucional de 
1932, que reforçou em Getúlio Vargas a ideia de submeter militarmente 
os Estados. Isso porque, nessa ocasião, a Força Pública de São Paulo, 
contrária ao governo provisório varguista, enfrentou o Exército que era 
apoiado pela Força Militar gaúcha e pela Polícia Militar de Minas Gerais.
Durante o Estado Novo, todo o aparato repressivo, principalmente 
no tocante à dissidência política, foi centralizado no Distrito Federal (DF), 
que era o Rio de Janeiro, sob a égide da Polícia Civil que, a partir de 1933, 
subordinou-se diretamente ao Presidente Getúlio Vargas (COSTA, 2004).
A Constituição Federal de 1934 trouxe as Polícias Militares como for-
ças auxiliares e reservas do Exército e, como resultado dessas mudan-
20 Inteligência e Segurança Pública
ças, as Polícias Militares passaram progressivamente ao controle do 
Exército, mais especificamente do Ministro da Guerra, Eurico Gaspar 
Dutra. A Polícia Civil do DF, sob a direção de Filinto Müller, e as Polícias 
Militares, a Comando do General Gaspar Dutra, desempenhavam o pa-
pel de serviço secreto não oficial (FIGUEIREDO, 2005).
Em agosto de 1934, o CDN foi renomeado e tornou-se Conselho Superior 
de Segurança Nacional (CSSN) e, com a Constituição de 1937, passou a ser 
denominado Conselho de Segurança Nacional (CSN). A estrutura da Secreta-
ria-Geral do Conselho de Segurança Nacional foi dividida em três seções. 
Coube à segunda seção a responsabilidade de organizar e dirigir o Serviço 
Federal de Informações e Contrainformações – SFICI – (BRASIL, 1946).
O SFICI, subordinado ao CSN, passou a coordenar a atividade de 
Inteligência no Brasil em setembro de 1946, no Governo Gaspar Dutra, 
que sucedeu a Getúlio Vargas. A função do SFICI era levantar informa-
ções sobre os inimigos e preparar o Brasil para a guerra.
Apesar de existir “no papel”, o SFICI só foi realmente implantado 
em 1956, já no Governo Juscelino Kubitschek, com quatro subseções: 
exterior, interior, segurança interna e operações. A subseção de opera-
ções (SSOP) era responsável por obter os dados em campo, superando, 
finalmente, essa limitação.
Já em 1957, foi criado o Centro de Informações da Marinha 
(CENIMAR), cuja finalidade era obter informações de interesse da 
Marinha do Brasil. Para isso, o CENIMAR contava com três divisões: 
busca, registro e seleção e serviços gerais (BRASIL, 1957). Em 1991, o 
CENIMAR passou a ser denominado Centro de Inteligência da Marinha 
– CIM – (BRASIL, 1991).
Durante o Governo João Goulart (1961–1964), o SFICI identificou 
conspirações de governadores de estados, inclusive, interceptan-
do e decodificando mensagens cifradas trocadas por Carlos Lacerda, 
Adhemar de Barros e Magalhães Pinto, nas quais foi possível identificar 
a participação de Vernon Walters, adido militar americano, nos planos 
de derrubar o Presidente João Goulart (FIGUEIREDO, 2005).
Em 1964, durante o Governo Militar (1964–1985), o Presidente 
Castello Branco determinou a criação do Serviço Nacional de Informa-
ções (SNI), com a missão de coordenar as atividades de informações 
e contrainformações, em particular as que interessarem à segurança 
nacional (BRASIL, 1964).
Introdução à Atividade de Inteligência 21
Em 1967, o Presidente Costa e Silva criou o Centro de Informações 
do Exército (CIE) que, desde 1993, denomina-se Centro de Inteligência 
do Exército (BRASIL, 1992). Além disso, transformou as antigas Seções 
de Defesa Nacional, existentes nos ministérios, em Divisões de Segu-
rança e Informações (DSI). Também, nos demais órgãos e autarquias 
federais, foram instituídas as Assessorias de Segurança e Informações 
(ASI). Tanto as DSI quanto as ASI eram vinculadas ao SNI (BRASIL, 1967).
O CENIMAR, o SNI e o CIE, com as DSI e ASI, formavam o Sistema 
Nacional de Informações (SISNI), cuja principal função era reunir dados 
para produzir conhecimentos a serem difundidos para o Presidente da 
República. A partir de 1968, com o início da luta armada e consequente 
recrudescimento do Governo Militar, o SNI passou a se ocupar da re-
pressão aos opositores do governo e ganhou muita relevância política.
Ainda em 1968, foi criado o Serviço de Informações da Aeronáutica 
(SIAer), que também passou a integrar o SISNI. A partir de 1970, esse 
órgão passou a ser chamado de Centro de Informações de Segurança da 
Aeronáutica (CISA) e, em 1988, recebeu a denominação de Secretaria 
de Inteligência da Aeronáutica (SECINT). Atualmente, existe o Centro de 
Inteligência da Aeronáutica – CIAer – (BRASIL, 2004).
Com o fim do Governo Militar e a eleição de Fernando Collor 
(1990–1992) como Presidente da República, novas mudanças substan-
ciais ocorreram. O SNI foi extinto e substituído pelo Departamento de 
Inteligência da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da 
República (DI/SAE), que era chefiado por um civil. A intenção era pro-
mover um rompimento com as estruturas militares, contra as quais re-
caíam denúncias de torturas e outras violações de direitos humanos.
Em 1992, com o impeachment do Presidente Collor, Itamar Franco 
(1992–1994) assumiu a presidência e o serviço de Inteligência nacional 
voltou a ser chefiado por um militar, o Almirante Mário César Flores, 
que permaneceu na função até o fim do governo. Com a Lei n. 8.490, 
a área de Inteligência da SAE deixou de ser departamento e passou à 
condição de subsecretaria (BRASIL,1992).
O Presidente Fernando Henrique Cardoso (1995–2002) manteve a 
SAE em funcionamento, porém, com a edição da Medida Provisória 
n. 813/1995, autorizou a implantação do Sistema Brasileiro de Inteli-
gência (SISBIN) e a criação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), 
que passaram a funcionar em 1999, com a edição da Lei n. 9.883.
22 Inteligência e Segurança Pública
A ABIN estava subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional 
(GSI) da Presidência da República, que passou a ter essa denominação 
e status de Ministério com a edição da Medida Provisória n. 1.911/1999 
– antes era denominada Casa Militar.
Em outubro de 2015, a Presidente Dilma Rousseff (2011–2016) ex-
tinguiu o GSI e recriou a Casa Militar. Com a mudança, a ABIN passou 
a se subordinar à Secretaria de Governo da Presidência da República, 
cujo ministro era Ricardo Berzoini e, pela segunda vez desde a criação 
do SFICI, a Atividade de Inteligência esteve sob a chefia de um civil.
Em maio de 2016, por força de um processo de impeachment, Dilma 
Rousseff foi afastada do exercício das funções e, com isso, Michel 
Temer assumiu a Presidência da República (2016–2018). O Presidente 
Michel Temer, então, recriou o GSI e nomeou novamente um General 
do Exército para a função de Ministro-chefe. Nesse contexto, a ABIN 
voltou à subordinação desse gabinete e assim permanece atualmente.
1.3 Conceitos essenciais
Vídeo O termo Inteligência é empregado como sinônimo de muitas coisas: 
espionagem, informações, investigação, serviço secreto etc. Além dos vá-
rios conceitos, essa tal Inteligência é usada em diversos setores, desde as 
agências estatais, passando por organizações comerciais e instituições 
financeiras, até mesmo por equipes esportivas (RICHARDS, 2010).
Em linhas gerais, Inteligência seria informação. Porém, essencial-
mente, é muito mais do que isso. Alguns idiomas não têm palavras ca-
pazes de diferenciar esses dois conceitos, contudo, no Brasil, é possível 
fazermos não só distinções etimológicas, mas, também, sociopolíticas. 
O que hoje, no contexto brasileiro, chamamos de Inteligência, já foi de-
nominado informações e deixou de sê-lo como uma forma de ruptura, 
mesmo que simbólica, com o Governo Militar.
O termo inteligência, entendido neste sentido, passou a fazer 
parte do debate político brasileiro principalmente a partir da dé-cada de 1990, após a extinção do Serviço Nacional de Informa-
ções (SNI), não obstante haja referências a este tipo de atividade 
desde 1927. Emergiu de uma tentativa de acobertar e superar 
uma identidade deteriorada que havia se formado em torno 
da atividade de Informações no regime militar, equivalente a re-
pressão e violação dos direitos civis. (ANTUNES, 2001, p. 19)
No Brasil, a Atividade de 
Inteligência submete-se ao 
controle de órgãos específicos. 
Quais são eles?
Atividade 2
Introdução à Atividade de Inteligência 23
Para além da conjuntura política, é importante enfatizar que existem, 
sim, diferenças conceituais entre informação e inteligência. Gonçalves 
(2009), examinando o conceito de Lowenthal (2003), define informação 
como gênero do qual a Inteligência é espécie, uma vez que toda Inteli-
gência é informação, mas nem toda informação é Inteligência.
A informação é a matéria-prima da Inteligência ou, como Cepik (2003) 
definiu, Inteligência é sinônimo de informação analisada ou processada, 
o que também pode ser tecnicamente chamado de conhecimento.
Inteligência é a informação coletada, organizada e analisada para au-
xiliar tomadores de decisão (ANTUNES, 2001). Assim, os conceitos não 
restringem a atividade à esfera governamental, o que explica a infinida-
de de “tipos” de Inteligência comumente referidos: Inteligência estratégi-
ca, Inteligência militar, Inteligência de mercado, Inteligência policial etc.
Para delimitar o conceito de Inteligência como atividade essencial-
mente de Estado, alguns autores a atrelam ao sigilo, tanto por utilizar 
métodos sigilosos quanto por se ocupar em proteger os segredos esta-
tais. O que distingue a Atividade de Inteligência de outros serviços de assesso-
ramento governamental é o objetivo que, no caso da Inteligência, seria 
“aumentar o grau de conhecimento sobre os adversários e os problemas 
que afetam a segurança estatal e nacional” (CEPIK, 2003, p. 29).
Ocorre que a preocupação em manter suas atividades em sigilo e 
conhecer os adversários não é exclusividade da Atividade de Inteligên-
cia estatal. Muitas empresas têm departamentos especializados em 
alcançar vantagens mercadológicas por meio do uso de informações. 
A essa atividade sistemática, voltada para conhecer o cenário e os con-
correntes, chama-se Inteligência competitiva, também conhecida como 
Inteligência de negócios (Business Intelligence), Inteligência empresarial ou 
Inteligência organizacional.
Dukta (1999) definiu Inteligência competitiva como o processo que 
envolve a coleta, a análise e a utilização de informações sobre con-
correntes e o cenário competitivo. Para Crane (2005), essa atividade 
é absolutamente legal e ética. No entanto, algumas empresas tendem 
a incentivar ou endossar, mesmo que tacitamente, comportamentos 
contestáveis de seus funcionários e colaboradores, o que caracterizaria 
“espionagem industrial”, que ele define como sendo práticas de Inteli-
gência eticamente questionáveis.
24 Inteligência e Segurança Pública
Mas, afinal, o que é Inteligência?
Inteligência é assessoramento. É isso mesmo: fazer Inteligência é assessorar o processo 
de tomada de decisão.
Mas não é qualquer assessoramento. O profissional de Inteligência 
aplica uma metodologia específica com o objetivo de diminuir as incer-
tezas em relação ao assunto sobre o qual está se debruçando e, assim, 
produzir um conhecimento útil e oportuno. Ou seja, o assessoramento 
de Inteligência não é uma opinião de especialista ou recomendação, é 
produto que resulta de um método.
Sherman Kent (1967) desenvolveu um conceito de Inteligência cons-
truído sobre três perspectivas: Inteligência como processo, Inteligência 
como produto e Inteligência como organização. Segundo Kent (1967), 
essa definição trina consiste em explicar as três acepções usuais da 
palavra Inteligência empregadas pelos profissionais da área.
Inteligência como processo é o 
que chamamos de Atividade de 
Inteligência. Trata-se do método 
aplicado, considerando todas 
as suas fases. Aqui, estamos 
falando da Metodologia de 
Produção do Conhecimento de 
Inteligência.
Exemplo: ações de Inteligência 
realizadas nas penitenciárias 
federais resultaram na prisão 
de dois advogados.
Exemplo: Inteligência produzida 
pela Polícia Federal auxiliou 
na prisão e deportação de 
traficante mexicano que atuava 
no norte do país.
Exemplo: a Inteligência 
americana identificou plano 
de ataque terrorista contra o 
Pentágono.
A teoria kentiana considera que 
o resultado dessa Atividade 
também é um conceito – 
Inteligência como produto. É o 
conhecimento produzido após 
a aplicação da metodologia, 
ou seja, o documento de 
Inteligência.
Por fim, a forma como essa 
atividade é organizada 
também é definida de maneira 
sinonímica. Assim, as agências, 
os órgãos e os sistemas que 
compõem as estruturas 
organizacionais também são 
Inteligência.
Figura 1
Definição trina de Kent
Inteligência Produto
Processo
Organização
Documento
Método de 
produção
Estrutura 
organizacional
Fonte: Elaborado pela autora com base em Kent, 1967.
Introdução à Atividade de Inteligência 25
Em uma das principais obras sobre o tema – A Produção de Informa-
ções Estratégicas – Washington Platt (1974) elenca e explica os princípios 
básicos para a produção de informações, acrescentando que devem 
ser levados em consideração em qualquer fase do processo, indepen-
dentemente de ser no planejamento de um projeto, na elaboração de 
um documento ou na discussão dos resultados.
Os mais importantes princípios para a produção de informações, 
conforme Platt (1974, p. 65–69), são:
 • Finalidade – o princípio da finalidade permeia cada aspec-
to de cada projeto de informações. A forma de atacar um 
projeto de informações sobre influência do uso a fazer dele. 
Esse uso comanda o calendário, a extensão da cobertura, a 
linguagem e a forma do tratamento do assunto.
 • Definições – o princípio das definições claras é essencial 
na produção de informações. A experiência mostra a gran-
de importância de tornar claro, pela definição ou de outra 
forma, a exata significação de cada palavra ou ideia. Defini-
ções claras ajudam a pensar claramente.
 • Explorações das fontes – o princípio da exploração das 
fontes requer o perfeito acionamento de todas as fontes 
que possam jogar alguma luz sobre a informação. Quanto 
mais variadas as fontes, maior a possibilidade de efetivas 
verificações cruzadas. Fontes variadas ampliam as bases 
do documento, aprofundam a perspectiva e diminuem a 
possibilidade de erros sérios.
 • Significado – o princípio do significado recomenda que se 
dê significação aos simples fatos. A busca da significação 
deve promover-se com vigor. Evidenciar sempre o signifi-
cado dos fatos e das afirmações. Apontar-lhe o significado 
aumenta muito a utilidade de um fato. Os fatos raramente 
falam por si mesmos.
 • Causa e efeito – este princípio leva o analista a procurar 
a relação de causa e efeito em qualquer problema de in-
formações. Seguir o rastro da causa e efeito é um meio 
excelente para entender-se o funcionamento de qualquer 
situação, evitando mal entendidos. Esse exame, muitas 
vezes, ajuda a descobrir o fato-chave.
(Continua)
26 Inteligência e Segurança Pública
 • Espírito do povo – uma apreciação deve levar em conta 
a influência fundamental do espírito do povo. O pano de 
fundo é a cultura do grupo, incluindo religião, folclore na-
cional e todas aquelas ideias que seus membros apren-
dem quando crianças.
 • Tendências – o princípio das tendências baseia-se na mu-
tação dos padrões dos assuntos humanos. Este princípio 
requer uma estimativa provável na direção da mudança. 
As tendências estão intimamente ligadas à previsão, parte 
importante da produção de informações.
 • Grau de certeza – o princípio do grau de certeza conside-
ra a idoneidade das afirmações sobre um fato; a precisão 
dos dados quantitativos; e a probabilidade das estimativas 
e conclusões. De acordo com esse princípio, uma das res-
ponsabilidadesessenciais do produtor de informações é 
determinar, através de um estudo crítico, o grau de con-
fiança, precisão e probabilidade, conforme o caso, de cada 
elemento importante de seu documento e fazer, então, 
com que fiquem claros para o leitor.
 • Conclusões – as conclusões são essenciais para a completa 
utilidade de um grande número de informações. O prin-
cípio das conclusões é um corolário do princípio da fina-
lidade. As conclusões exigem uma resposta à questão: E 
daí? Em muitos documentos, somente as conclusões são 
lidas e lembradas. É necessário o maior cuidado para que 
as conclusões tragam os pontos principais clara e concisa-
mente, mas não causem enganos devido à brevidade. As 
conclusões exigem o máximo de um oficial de informações.
Os princípios são as proposições norteadoras da atividade, ou seja, 
são as bases ou os fundamentos que orientam os caminhos que os pro-
fissionais de Inteligência devem trilhar. A maioria dos princípios básicos 
construídos por Platt é contemplada, em sua essência, nas doutrinas de 
Inteligência adotadas no Brasil – de Estado, Defesa ou Segurança Pública.
Por sua vez, a doutrina brasileira define a Atividade de Inteligência 
como:
Exercício permanente de ações especializadas, voltadas para 
a produção e difusão de conhecimentos, com vistas ao asses-
soramento das autoridades governamentais nos respectivos 
níveis e áreas de atribuição, para o planejamento, a execução, 
o acompanhamento e a avaliação das políticas de Estado. A 
Introdução à Atividade de Inteligência 27
atividade de Inteligência divide-se, fundamentalmente, em 
dois grandes ramos:
I – Inteligência: atividade que objetiva produzir e difundir co-
nhecimentos às autoridades competentes, relativos a fatos e 
situações que ocorram dentro e fora do território nacional, de 
imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a 
ação governamental e a salvaguarda da sociedade e do Estado.
II – Contrainteligência: atividade que objetiva prevenir, detec-
tar, obstruir e neutralizar a Inteligência adversa e as ações que 
constituam ameaça à salvaguarda de dados, conhecimentos, 
pessoas, áreas e instalações de interesse da sociedade e do 
Estado. (BRASIL, 2016, p. 1)
A divisão da Atividade de Inteligência em dois ramos (Inteligência 
e Contrainteligência) é essencialmente doutrinária, uma vez que não 
possuem limites bem definidos, pois são inter-relacionados e interde-
pendentes. Os dois ramos produzem conhecimento com a finalidade 
de assessorar o processo decisório. Contudo, a Inteligência tem caráter 
mais ofensivo e voltado para a busca de conhecimentos; em contrapar-
tida, a Contrainteligência é defensiva e tem o objetivo de impedir a ação 
de agentes adversos que buscam o conhecimento.
Além dos ramos doutrinários da Atividade de Inteligência, existe a 
função de operações, que se presta a obter dados que não estão dis-
poníveis em fontes abertas. Operações é o trabalho de campo da Inteli-
gência e auxilia na realização das ações dos dois ramos.
O elemento ou o setor de operações utiliza métodos e técnicas sigi-
losos para obter dados que estão protegidos por medidas de seguran-
ça. Os dados que não estão disponíveis – protegidos ou negados – são 
considerados mais importantes para a Atividade de Inteligência, pois 
possibilitam a produção de conhecimentos úteis e privilegiados.
O ramo da Contrainteligência é subdivido em dois segmentos: segu-
rança orgânica e segurança ativa. A segurança orgânica tem o objetivo 
de proteger os ativos institucionais; a segurança ativa foca em neutrali-
zar as ameaças externas.
Segundo o Manual de Contrainteligência do Exército Brasileiro 
(MINISTÉRIO DA DEFESA, 2019), a segurança orgânica é o segmento 
da Contrainteligência que visa à implementação de um conjunto de 
medidas destinadas à prevenção e obstrução de danos a pessoas, da-
dos, informações, áreas e instalações. Essas medidas são divididas 
em quatro grupos:
Fontes abertas são aquelas sem 
qualquer restrição de segurança, 
nas quais podem ser obtidos 
dados, como páginas de inter-
net, redes sociais, documentos 
públicos, jornais etc.
Saiba mais
28 Inteligência e Segurança Pública
Segurança dos recursos 
humanos
Segurança do material
Segurança das áreas e 
instalações
Segurança da informação
 Grupo de medidas cujo 
objetivo é resguardar 
a integridade física e 
moral dos integrantes da 
instituição.
Grupo de medidas 
destinadas a proteger o 
material produzido pela 
instituição, ou que seja 
de seu interesse, contra 
danos ou apropriações 
indevidas.
Grupo de medidas que 
objetivam proteger 
os locais onde 
são desenvolvidas 
atividades institucionais 
ou armazenados os 
ativos de interesse da 
instituição, ou materiais 
relacionados a eles.
Grupo de medidas 
destinadas a preservar 
a integridade e o 
sigilo de informações 
institucionais, em 
qualquer meio físico ou 
digital.
A segurança ativa, por sua vez, é o segmento da Contrainteligência 
que adota medidas, de caráter preditivo, com o objetivo de detectar, 
identificar e neutralizar ameaças. As medidas de segurança ativa tam-
bém são divididas em grupos (MINISTÉRIO DA DEFESA, 2019):
Contraespionagem Contraterrorismo Contrassabotagem
Grupo de medidas 
cujos objetivos são 
detectar, identificar 
e neutralizar ações 
de espionagem.
 Grupo de medidas 
destinadas a 
detectar, identificar 
e neutralizar atos 
terroristas.
Grupo de medidas 
que objetivam 
detectar, identificar 
e neutralizar ações 
de sabotagem 
contra os ativos 
institucionais.
Contra-ações 
psicológicas
Grupo de medidas 
destinadas a 
detectar, identificar 
e neutralizar 
ações psicológicas 
empregadas 
com o objetivo 
de prejudicar a 
instituição.
Contrainteligência 
interna
Grupo de medidas 
cujos objetivos 
são monitorar 
as atividades de 
membros ou 
colaboradores 
da instituição e 
detectar, identificar 
e neutralizar 
eventuais ações 
que possam 
comprometer 
os ativos 
institucionais.
Para que haja efetividade nas medidas de segurança orgânica 
ou ativa, é necessário haver treinamento constante, conscientização 
sobre a importância de cumprir as regras e qualidade nas soluções 
propostas. É importante destacar, também, que, quando estamos tra-
tando de Contrainteligência, a regra é: tudo é proibido, a não ser que 
haja autorização expressa.
Introdução à Atividade de Inteligência 29
1.4 Normas e fundamentos jurídicos
Vídeo Como vimos na Seção 1.1, a Lei n. 9.883/1999 instituiu o Sistema 
Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e criou a Agência Brasileira de Inte-
ligência (ABIN). O Decreto n. 4.376/2002 regulamenta a referida Lei e 
dispõe sobre a organização e o funcionamento do SISBIN.
O artigo 5º da Lei n. 9.883/1999 prevê que a ABIN executará a Polí-
tica Nacional de Inteligência (PNI), fixada pelo Presidente da República, 
sob a supervisão da Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional 
do Conselho de Governo (CREDEN).
O CREDEN, criado com base no Decreto n. 4.801/2003 (revogado e 
atualizado pelo Decreto n. 9.819/2019), tem como atribuição “aprovar, 
promover a articulação e acompanhar a implementação dos progra-
mas e ações cujas competências ultrapassem o escopo de apenas um 
Ministério, incluídos aqueles pertinentes à Atividade de Inteligência” 
(BRASIL, 2019). Além de ser responsável pela já mencionada supervisão 
da PNI.
Já que estamos falando de controle, é importante destacar que não 
existe um órgão dentro do Sistema de Justiça Criminal que exerça a 
fiscalização direta sobre a Atividade de Inteligência. O controle exercido 
pelo Ministério Público e Poder Judiciário ocorre no caso concreto, por 
exemplo, quando o magistrado é solicitado a se manifestar em sede de 
interceptação telefônica ou quando há denúncia de cometimento de 
crime por algum profissional de Inteligência.
Ressalta-se que o Ministério Público, por meio dos núcleos de con-
trole externo da atividade policial, não alcança a Atividade de Inteligên-
cia. Até porque, nem toda agência de Inteligência é uma agência policialou faz parte de uma.
Na Lei n. 9.883/1999, existe previsão expressa de que o controle e 
a fiscalização externos da Atividade de Inteligência é de competência 
do Poder Legislativo. Assim, em 21 de novembro de 2000, foi instalada 
a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) no 
Congresso Nacional, inicialmente designada como Órgão de Controle 
e Fiscalização Externos da Política Nacional de Inteligência – OCFEPNI – 
(GONÇALVES, 2010).
30 Inteligência e Segurança Pública
Estabelecida por meio do Decreto n. 8.793/2016, a Política Nacional 
de Inteligência (PNI) é o documento de mais alto nível de orientação da 
Atividade de Inteligência brasileira. A PNI tem como base a Constituição 
Federal e as obrigações decorrentes dos tratados, acordos e demais 
instrumentos internacionais aos quais o Brasil se submete. “O seu 
objetivo é definir os parâmetros e limites de atuação da Atividade de 
Inteligência e de seus executores e estabelecer seus pressupostos, ob-
jetivos, instrumentos e diretrizes, no âmbito do SISBIN” (BRASIL, 2016).
A PNI (BRASIL, 2016), como forma de balizar as atividades dos di-
versos órgãos de Inteligência, também elenca as principais ameaças 
à integridade da sociedade e do Estado e à segurança nacional, como:
 • espionagem: ações cujo objetivo é obter dados ou conhecimen-
tos sensíveis sobre o Brasil para beneficiar outros países, orga-
nizações, facções criminosas, grupos de interesse, empresas ou 
indivíduos;
 • sabotagem: ato deliberado que objetiva comprometer ou des-
truir dados ou conhecimentos sensíveis, bem como prejudicar ou 
inutilizar qualquer componente de cadeia produtiva nacional ou 
de infraestruturas críticas do país;
 • interferência externa: atuação deliberada de governos, orga-
nizações, grupos de interesse ou indivíduos com o objetivo de 
influenciar o cenário político brasileiro para favorecer interesses 
estrangeiros em detrimento dos nacionais;
 • ações contrárias à soberania nacional: ações que atentam con-
tra o respeito incondicional à Constituição Federal e às leis, a au-
todeterminação e não ingerência em assuntos de caráter interno;
 • ataques cibernéticos: emprego de recursos de tecnologia da 
informação e comunicações com o objetivo de adulterar ou 
inutilizar redes usadas para a gestão e manutenção de serviços 
considerados essenciais à sociedade e ao Estado, sejam eles pú-
blicos, sejam privados;
 • terrorismo: considerado uma ameaça à paz e à segurança dos 
países, esse fenômeno requer atenção e acompanhamento espe-
cial da Inteligência, com o objetivo de prevenir e combater ações 
terroristas e seu financiamento;
 • atividades ilegais envolvendo bens de uso dual e tecnologias 
sensíveis: a Inteligência deve identificar empresas, grupos, ins-
tituições ou redes que intentem ter acesso a essas tecnologias 
Introdução à Atividade de Inteligência 31
com objetivos ilegais ou para fins não pacíficos, especialmente 
nas áreas química, biológica e nuclear;
 • armas de destruição em massa: armas químicas, biológicas, ra-
dioativas e/ou nucleares que representam ameaça à paz mundial 
e aos países que abdicaram dessa forma de defesa;
 • criminalidade organizada: organizações criminosas que atuam 
cometendo delitos graves que impactam a segurança do Estado e 
da sociedade. Além disso, muitas têm características transnacio-
nais, o que enseja cooperação entre países e a atuação integrada 
dos órgãos de Inteligência;
 • corrupção: fenômeno capaz de corroer as instituições e descredi-
bilizar o Estado e seus agentes, além de flagelar a sociedade com o 
uso dos recursos financeiros dissociado do interesse público;
 • ações contrárias ao Estado Democrático de 
Direito: atos contrários aos direitos e às garan-
tias fundamentais, à dignidade da pessoa hu-
mana, ao bem-estar e à saúde da população, ao 
pluralismo político, ao pacto federativo, ao meio 
ambiente a às infraestruturas críticas nacionais.
Em 2017, passou a vigorar, também, a Estra-
tégia Nacional de Inteligência (ENINT), elaborada 
com o objetivo de orientar a execução da PNI, de-
finindo os elementos norteadores da Atividade no 
horizonte temporal de 2017 a 2021 (BRASIL, 2017). 
Segundo a ENINT, os principais pilares da Ativi-
dade de Inteligência são constituídos por quatro 
grandes eixos estruturantes: atuação em rede; tec-
nologia e capacitação; projeção internacional; e se-
gurança do Estado e da sociedade (BRASIL, 2017).
Além disso, a ENINT define as diretrizes a serem seguidas e con-
solida os objetivos estratégicos a serem alcançados. No entanto, é o 
Plano Nacional de Inteligência (PLANINT) que estabelece as ações a 
serem executadas.
Publicado por meio da Portaria n. 40/2018, do Gabinete de Seguran-
ça Institucional, o PLANINT é o documento que define ações estratégi-
cas para a Inteligência brasileira e detalha os desafios, os objetivos e as 
ações que os órgãos integrantes do SINBIN devem desenvolver.
Figura 2
Eixos estruturantes da Atividade de Inteligência
Atuação em 
rede
Projeção 
internacional
Tecnologia e 
capacitação
Segurança do 
Estado e da 
sociedade
Fonte: Elaborada pela autora com base na BRASIL, 2017.
“Informação é poder”, mas 
Inteligência é muito mais do que 
informação. Explique essa frase.
Atividade 3
32 Inteligência e Segurança Pública
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Atividade de Inteligência é milenar. Inicialmente, mesmo sendo rudi-
mentar e até mesmo intuitiva, foi essencial para a tomada de decisões que 
interferiram no curso da história da humanidade. O conhecimento sobre 
as origens históricas dessa atividade evidencia a sua relevância, especial-
mente quando esteve associada aos grandes conflitos armados.
Saber definir e conceituar Inteligência, que é o assessoramento ao 
processo decisório, é igualmente importante. Esse conceito é tão simples 
quanto abrangente, o que faz com que a Atividade de Inteligência seja útil 
às mais variadas áreas.
Existe uma áurea de clandestinidade construída por imaginário cole-
tivo, filmes, séries e matérias jornalísticas. Por isso, não podemos perder 
de vista que, como atividade governamental, a Inteligência é regida por 
leis, decretos e outras normas. Não obstante, é passível de fiscalização e 
controle pelos Poderes Executivo e Legislativo.
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GABARITO
1. Inteligência é assessoramento qualificado ao processo decisório. Com base nisso, po-
demos dizer que é uma atividade transversal e que interessa a todos aqueles que 
precisam tomar decisões, como governantes e formuladores de políticas públicas, 
executivos, empresários, dirigentes de clubes esportivos etc.
2. No Brasil, a Atividade de Inteligência submete-se ao controle do Poder Executivo, 
por meio da Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Conselho de 
Governo (CREDEN), responsável por supervisionar se a atividade está sendo exe-
Introdução à Atividade de Inteligência 35
cutada em consonância com a Política Nacional de Inteligência (PNI), fixada pelo 
Presidente da República.
O Poder Legislativo também exerce o controle externo da Atividade de Inteligência, 
por meio da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Con-
gresso Nacional.
3. Inteligência é a informação trabalhada, após a aplicação de um método. É, portanto, 
uma informação qualificada. Toda Inteligência é informação, mas nem toda informa-
ção é Inteligência.
36 Inteligência e Segurança Pública
2
Atividade de Inteligência 
de Segurança Pública
As agências de Inteligência de Segurança Pública (ISP) têm pa-
pel extremamente relevante na manutenção da ordem pública, 
atuando na preservação da integridade das pessoas e do patrimô-
nio por meio da produção de conhecimentos que assessorem a 
elaboração de políticas públicas na área de segurança, que orien-
tem o adequado emprego das forças policiais e que auxiliem na 
investigação de crimes.
Neste capítulo, analisaremos a Atividade de ISP, seus funda-
mentos doutrinários,origem e evolução, bem como as suas espé-
cies e os aspectos que a distinguem da investigação policial.
Porém, antes de mergulhar no universo da ISP, você en-
tenderá como ela está inserida no contexto geral da Atividade 
de Inteligência no Brasil e conhecerá os gêneros e espécies de 
Inteligência existentes.
Para proporcionar o completo entendimento sobre o que é ISP, 
são apresentados os princípios, valores e características que cons-
tituem a essência dessa atividade. Além disso, o arcabouço nor-
mativo e legal que envolve as ações de ISP é elencado e explicado.
O conhecimento sobre as origens históricas da Atividade de 
Inteligência agora é complementado pelos fatos e normas que ori-
ginaram a Atividade de ISP no Brasil.
Por fim, apresentaremos as semelhanças e diferenças exis-
tentes entre a Atividade de Inteligência e a investigação policial, 
superando confusões conceituais comumente evidenciadas em 
matérias jornalísticas e opiniões baseadas no senso comum.
Atividade de Inteligência de Segurança Pública 37
2.1 Fundamentos doutrinários
Vídeo A Atividade de Inteligência tem como principal função assessorar o 
processo decisório por meio da produção de conhecimento útil, signifi-
cativo e oportuno. Além disso, trata-se de uma atividade transversal, 
podendo ser empregada nas mais diversas áreas.
Essa transversalidade é consequência do alcan-
ce e da flexibilidade da Atividade de Inteligência, o 
que constitui um dos seus principais atributos. Kent 
(1967) afirma que a Inteligência tem inúmeras for-
mas separadas e distintas, e é realizada por uma am-
pla gama de departamentos e agências.
Nas palavras de Platt (1974, p. 25), “o campo das 
informações é vasto e complexo. Quase todo ramo 
do conhecimento lhe é pertinente em certo grau, di-
reta ou indiretamente. Interessam-lhe todas as re-
giões do globo e todos os períodos da história”.
Muitos autores se ocuparam de categorizar a Atividade de Inteligência 
de acordo com o assunto sobre o qual ela se debruça. Uma das principais 
classificações foi desenvolvida por Hannah, O’Brien e Rathmell, e é apre-
sentada por Gonçalves (2011). Constituem essa classificação:
 • Inteligência Nacional: abrange todos os aspectos de interesse 
nacional e extrapola o campo de atuação de um único ministé-
rio ou agência. É costumeiramente denominada Inteligência de 
Estado, uma vez que seus produtos são destinados ao Chefe de 
Estado, enquanto decisor máximo de um país.
 • Inteligência Estratégica: voltada para a obtenção de dados e 
produção de conhecimentos acerca de outros países ou organi-
zações estrangeiras, com foco na elaboração das políticas públi-
cas na área de segurança nacional.
 • Inteligência Tática: assessora os tomadores de decisão em nível 
de comando, chefia e direção de órgãos, agências ou departa-
mentos da estrutura governamental.
 • Inteligência Externa: as agências que desempenham esse tipo 
de atividade se ocupam de produzir conhecimento com foco nas 
ameaças e oportunidades externas.
Indicamos a Revista 
Brasileira de Inteligência, 
uma publicação anual da 
Agência Brasileira de Inte-
ligência (ABIN) que reúne 
artigos sobre a Atividade 
de Inteligência.
Disponível em: http://
www.abin.gov.br/
revista-brasileira-de-inteligencia/
Acesso em: 04 ago. 2020.
Leitura
http://www.abin.gov.br/revista-brasileira-de-inteligencia/
http://www.abin.gov.br/revista-brasileira-de-inteligencia/
http://www.abin.gov.br/revista-brasileira-de-inteligencia/
38 Inteligência e Segurança Pública
 • Inteligência Interna ou Doméstica (Security Intelligence): tem 
como principal atribuição a obtenção de dados e produção de co-
nhecimentos para assessorar as agências policiais na prevenção 
e repressão a crimes.
 • Contrainteligência: destinada à detecção, identificação e neu-
tralização de ações de inteligência adversa, em especial de países 
hostis aos interesses nacionais.
 • Contraespionagem: voltada para evitar ações de espionagem.
 • Avaliação (assessment): conhecimentos que analisam conjuntu-
ras e cenários, incluindo atingimento de metas, fornecendo aos 
decisores subsídios para aprimoramento das políticas adotadas.
Outras categorizações mais adequadas à realidade brasileira fo-
ram feitas e podem auxiliar na compreensão do tema. Ferreira (2014) 
construiu uma das abordagens mais didáticas, dividindo a Atividade de 
Inteligência em gêneros e espécies. Contudo, antes de apresentar as 
categorias, faz-se necessário explicar dois conceitos: os níveis de deci-
são e os campos de atuação estatal.
Em qualquer atividade humana, seja pública, seja privada, há a 
necessidade de ser realizado um planejamento básico e funda-
mental, que se caracteriza em eleger os objetivos a serem alcan-
çados e determinar os caminhos que deverão ser percorridos 
a fim de atingi-los. Nesse contexto, há quatro níveis de decisão 
para os dirigentes e planejadores: Político, Estratégico, Tático e 
Operacional. (FERREIRA, 2014, p. 2)
No nível político, a Inteligência tem como objetivo proporcionar a cons-
ciência situacional ao decisor de mais alto nível, por exemplo, o chefe do 
Poder Executivo nacional ou local. Conhecimentos produzidos para assesso-
ramento nesse nível versam sobre ações com objetivos políticos, como a 
própria nomenclatura sugere, ou a elaboração de políticas públicas.
Os conhecimentos de Inteligência em nível estratégico têm como 
cerne o assessoramento das decisões que desdobram as diretrizes po-
líticas em planos estratégicos. Os produtos entregues aos decisores de 
nível estratégico usualmente contemplam avaliações de conjunturas, 
prospecção ou análise de cenários.
Já a produção de conhecimentos de Inteligência para assessora-
mento de decisões em nível tático implica na decomposição dos planos 
estratégicos em ações para alcançar os objetivos definidos pelos deci-
sores nos níveis anteriores.
Níveis de decisão: político, 
estratégico, tático e operacional.
Importante
Atividade de Inteligência de Segurança Pública 39
Por fim, no nível operacional, a Inteligência assessora a execução 
das ações de caráter mais pontual ou com alcance limitado, como pro-
duzindo conhecimentos que auxiliem o decisor a definir qual a moda-
lidade de policiamento (a pé, motorizado, a cavalo, aéreo etc.) é mais 
adequada para atuar em determinada região ou para reprimir uma or-
ganização criminosa específica.
Figura 1
Níveis de decisão
Ab
er
t/S
hu
tte
rst
oc
k
Político
Estratégico
Tático
Operacional
Fonte: Elaborada pela autora.
Por sua vez, os campos de atuação do Estado, mencionados 
por Ferreira (2014), são: político, econômico, militar, psicossocial e 
científico-tecnológico. Também podem ser denominados como Ex-
pressões do Poder Nacional, segundo a doutrina militar.
Poder Nacional é a capacidade que tem o conjunto dos homens 
e dos meios que constituem a Nação, atuando em conformida-
de com a vontade nacional, para alcançar e manter os objetivos 
nacionais. Manifesta-se em cinco expressões: a política, a econô-
mica, a psicossocial, a militar e a científica e tecnológica. (BRASIL, 
2015, p. 200)
Com base nos níveis de decisão e nos campos de atuação estatal 
(Expressões do Poder Nacional), Ferreira (2014) divide a Inteligência 
entre Inteligência de Estado ou Clássica e Inteligência Empresarial, con-
siderando o caráter público ou privado da atividade. A Inteligência de 
Estado pode ser empregada em todos os níveis de decisão e campos 
de atuação, enquanto a Inteligência Empresarial é utilizada no setor 
corporativo, especialmente por empresas de grande porte.
Campos de atuação estatal: 
político, econômico, psicossocial, 
militar e científico-tecnológico.
Importante
40 Inteligência e Segurança Pública
Basicamente, a Inteligência Empresarial possui dois componen-
tes: um passivo, eminentemente de defesa e segurança orgânica 
(patrimonial), e outro ativo, eminentemente agressivo, onde sur-
gem algumas novas denominações, como Inteligência Competiti-
va (Competitive Intelligence) e Inteligência de Negócios (Business 
Intelligence).

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