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Apostila Introdução ao AT

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO NORTE DO BRASIL 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO EM TEOLOGIA 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO 
 
MÓDULO - I 
 
(Apostila com matéria a ser trabalhada em sala de aula) 
 
 
 
 
Professor Marcos A M Bittencourt 
 
 
 
 
Recife, 2010 
 
 1
ÍNDICE PG. 
 
I – ANTIGO TESTAMENTO – ARTIGOS INTRODUTÓRIOS 02 
 
1.1 – Conceito de Antigo Testamento 02 
1.2 – Classificação dos livros do Antigo Testamento 02 
1.3 – Barreiras para o Estudo do Antigo Testamento 03 
1.4 – Instrumentos de Auxílio ao Estudo do Antigo Testamento 04 
 
II – CONCEITO DE HISTÓRIA DO ANTIGO TESTAMENTO - O AGIR DE DEUS NA HISTÓRIA 05 
 
2.1 – Retrospecto da história de Israel - Período Patriarcal (2000 a 1750 a.C.) 06 
2.2 – Os Hebreus no Egito (1750 a 1300 a.C.) 07 
2.3 – O Êxodo, a Peregrinação e a Conquista de Canaã (1300 a 1200 a.C.) 11 
2.4 – O período dos Juízes (1300 a 1020 a.C.) 13 
2.5 – O período da Monarquia (1020 a 586 a.C.) 15 
2.6 – O período do Exílio Babilônico (586 a 538 a.C.) 19 
2.7 – O Período da Restauração (Persa) – Retorno do Exílio (538 a 333 a.C.) 20 
 
III – INSTITUIÇÕES ISRAELITAS DO TEMPO DO ANTIGO TESTAMENTO 21 
 
3.1 – Instituições Familiares 21 
3.2 – Instituições Civis e Militares 23 
3.3 – Instituições Religiosas 23 
 
IV – LITERATURA VETEROTESTAMENTÁRIA 31 
 
4.1 – Formação das Leis de Israel 31 
4.2 – Introdução ao estudo do Profetismo 33 
4.3 – Breve Comentário sobre Poesia no Antigo Testamento 36 
4.4 – Sabedoria do Antigo Testamento – Seis Observações 37 
 
V – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO 38 
 
5.1 – O nome e os nomes 38 
5.2 – Autoria e data 38 
5.3 – Esboço do Pentatêuco 41 
5.4 – Principais ensinamentos – exposição da teologia do bloco 42 
 
BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS BIBLIOGRA’FICAS 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2
 
I – ANTIGO TESTAMENTO – ARTIGOS INTRODUTÓRIOS 
 
1.1 – CONCEITO DE ANTIGO TESTAMENTO 
Quando se fala em “Antigo Testamento” e “Novo Testamento”, pensa-se nas 
duas principais divisões da Bíblia sob o ponto de vista da classificação técnica e didática. 
Entretanto, o sentido original dessas expressões não visava livros, mas sim as duas “economias” 
de salvação divina, ou seja, a do povo eleito de Israel e a do povo eleito fundado por Cristo sob a 
denominação de Igreja. A palavra portuguesa “testamento” reproduz o termo latim 
“testamentum” e o grego “diathéke”. Neste sentido apresenta a última vontade de uma pessoa na 
ocasião de sua morte, conforme Hebreus 9:16-17. O sentido mais antigo da palavra encontra-se 
na palavra hebraica “berit”, que significa “pacto”, indicando o acordo salvífico entre Deus e o povo 
de Israel, ou a salvação decretada por Deus a favor da humanidade. Em II Reis 23:2,21 fala-se 
em “livro da aliança” com referência ao livro encontrado no templo pelo sacerdote Hilquias na 
época do Rei Josias, o qual serviu de base para uma importante reforma político-religiosa por 
volta de 622 a.C. Esse documento, segundo as evidências do conteúdo e natureza dessa reforma, 
continha o texto básico daquilo que se chama hoje de “Deuteronômio”. Também, o Apóstolo 
Paulo, se referiu a toda a literatura do povo pré-cristão como “Antigo Testamento” (II Coríntios 
3:14), pensando ainda na idéia de pacto e aliança comum aos antigos. É sempre bom lembrar 
que os judeus não intitulam a sua literatura como “Antigo Testamento”, uma vez que não 
consideram o pacto feito com Moisés como antigo e, portanto, precisando de uma novidade. Essa 
divisão é cristã e, provavelmente, só veio a cristalizar-se por volta do Século V d.C., quando os 
livros do “Novo Testamento” existiam num corpo organizado, num rol ou lista de livros sagrados 
que a Igreja chamou de “Cânon”. 
Como a mentalidade cristã chegou à interpretação da literatura sagrada como 
“Antigo” e “Novo” testamentos? A teologia parte do princípio que a religião de Israel baseava-se 
num pacto entre Yehweh e seu povo. Por sua promessa, Yehweh estabeleceu o pacto e coube ao 
povo cumprir os mandamentos divinos (Êxodo 34:10-11). O sinal desse ajuste foi a circuncisão. 
Na verdade, os textos sacerdotais sempre apresentam um Deus que se comunica com o homem 
através de pactos (Na criação, Gênesis 2; em Noé, Gênesis 9; em Abraão, Gênesis 12 e 17; em 
Moisés, Êxodo 19). Com o passar do tempo, a religião de Israel tornou-se incapaz de observar 
corretamente as condições do pacto, ou melhor, de cumpri-lo, na medida em que desviou-se do 
direito transmitido aos antigos (Lei – “Torah”), desobedecendo a Yehweh e tornando a religião 
num ritualismo cego manifestado por práticas exteriores (liturgias e sacrifícios). Os profetas 
perceberam esse desvio bem cedo (Isaías 1:10-17). Desde então, já anunciavam o “novo” (Isaías 
43:18-19; Jeremias 31:31-34). Essa concepção de “Novo Pacto” foi compreendida pelos cristãos 
como realizada plenamente na vida e morte de Jesus Cristo (Mateus 26:28; I Coríntios 11:25). A 
partir de Paulo, percebe-se Moisés e seus escritos como “Antiga Aliança” (II Coríntios 3:12-15) ou 
como “primeira aliança” (Hebreus 8:7-13; 9:15). A separação para fins didáticos só aparece a 
partir do momento em que a Igreja chega a uma reforma para a lista de livros do Novo 
Testamento tal qual possuímos hoje, ou seja, um Cânon de 27 livros, por volta do início do século 
V d.C. 
 
1.2 – CLASSIFICAÇÃO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO 
1.2.1 – BÍBLIA JUDAICA 
 
A) “TORAH” (Lei) – Gn, Ex, Lv, Nm, Dt 
B) “NEVI’ IM” (Profetas) – Profetas Anteriores (Js, Jz, Sm, 
Rs); Profetas Posteriores - Is, Jr, Ez, Doze Profetas (Os, Na, 
Jo, Hb, Am, Sf, Ob, Ag, Jn, Mq, Zc, Ml). 
C) “QETUVIM” (Escritos) – Sl, Pr, Jí, os 5 “rolos festivos” ou 
Megillot(Ct, Rt, Km, Ec, Et), mais Dn, Es-Ne, Cr. 
 
OBSERVAÇÕES: 
a) A distinção entre profetas “anteriores” e “posteriores” é, de acordo com Werner Schmidt 
(1994, p.13), explicada em termos de espaço, ou seja, pela disposição dos livros dentro do 
cânon na medida cronológica do aparecimento dos profetas. A base para a classificação 
 3
são os grandes profetas Isaías, Jeremias e Ezequiel, todos posteriores ao oitavo século 
a.C. Os profetas anteriores seriam os antigos profetas de Israel (Josué, Samuel, Débora, 
Gideão, Saul, entre outros) assim considerados por falarem em nome do Senhor. 
b) O historiador judeu Flávio Josefo descreve em sua obra Contra Ápion, que o Canon 
possuía 22 livros. Algumas escolas sugerem que ele considerou Rute como parte de Juízes, 
e Lamentações como parte de Jeremias. Jerônimo, o tradutor da Bíblia para o latim, 
conhecida como Vulgata, também fez essa mesma afirmação no Prologus Galeatus. 
c) Os judeus de fala grega, também chamados helenistas, acrescentaram à lista acima, 
oriunda dos judeus que moravam na Palestina, outros livros que, mais tarde católicos 
oficializaram (Concílio de Trento-Itália, abril de 1546) e que os protestantes rejeitaram, 
rotulando-os de “Apócrifos” (que significa “secretos, ocultos, ou não revelados”). São eles: 
Judite, Sabedoria, Tobias, Eclesiástico, Baruc, I Macabeus, II Macabeus. Existem ainda 
alguns acréscimos a Ester, Daniel e II Crônicas. 
 
1.2.2 – BÍBLIA “PROTESTANTE” 
 
A) Livros da Lei – Gn, Ex, Lv, Nm, Dt. 
B) Livros Históricos – Js, Jz, Rt, I/II Sm, I/II Rs, I/II Cr, 
Es, Ne, Et. 
C) Livros Poéticos – Jó, Sl, Pv, Ec, Ct. 
D) Livros Proféticos – Profetas Maiores (Is, Jr, Lm, Ez, 
Dn, 
Profetas Menores (Os, Jl, Am, Ob, Jn, Mq, Na, Hc, Sf, Ag, 
Zc, Ml. 
 
OBS: Em algumas listas, o livro de Lamentações aparece na subdivisão de “Livros Poéticos”, 
devido ao estilo de seu conteúdo. 
 
1.3 – BARREIRAS PARA O ESTUDO DO ANTIGO TESTAMENTO 
 
1.3.1 – PROBLEMA HERMENÊUTICO – Acontece quando se interpreta uma passagem do “Antigo 
Testamento” deslocando-a do seu contexto original e do seu sentido histórico. 
 
1.3.2 – PROBLEMA DOUTRINÁRIO – Em decorrência do problema hermenêutico,surge o 
problema doutrinário. Duas questões devem ser levantadas aqui: 
 
a–O fato de que determinadas palavras, conceitos, dogmas, costumes, práticas encontram-se 
escritos na Bíblia significa que eles são ordinariamente “bíblicos”? Ex.Pitonisa de En-dor, Eliseu e 
as ursas do campo. 
b– É salutar construir doutrinas alicerçadas em fatos isolados ou em costumes do Antigo 
Testamento? 
 
1.3.3 – PROBLEMAS DA REDUÇÃO – Alguns afirmam que, sendo o Novo Testamento o 
cumprimento do Antigo, o estudo das escrituras judaicas é de pouco valor. Nesse caso, o 
Antigo Testamento é reduzido ao Novo. 
 
1.3.4 – PROBLEMA DA DISSOCIAÇÃO – Alguns tem dificuldades em associar o Deus do Antigo 
Testamento (compreendido como um Deus guerreiro, vingativo, sádico) ao Deus do Novo 
Testamento (compreendido como um Deus gracioso, amoroso, conforme visto na pessoa e 
mensagem de Jesus Cristo). Marcião, um dos pais apostólicos do Séc. II D.C. foi um dos 
ardorosos defensores desta posição, criando uma lista de livros do Novo Testamento que 
excluía qualquer relação com o Antigo Testamento. 
 
1.3.5 – PROBLEMA DE LINGUAGEM – A linguagem oriental antiga, extremamente criativa e sem 
abstrações, carece de uma interpretação adequada em virtude da distância que nos 
separa desse mundo cheio de símbolos, números e hipérboles. Muitos traços peculiares 
conhecidos como hebraísmos e aramaísmos também merecem igual atenção. 
 4
 
1.3.6 – O CONFLITO ENTRE A BÍBLIA E AS CIÊNCIAS NATURAIS – A tentativa de uso da Bíblia 
como um livro de orientação científica tomando-se como base sua inspiração divina pode 
criar um clima de desprezo pela Escritura Sagrada, colocando-a numa posição 
constrangedora, na medida em que se lhe confere um papel para o qual não foi destinada. 
Exemplo: Js. 10:12-14 (limitação do autor humano com relação ao conhecimento dos 
movimentos da terra em torno do sol). 
 
1.3.7 – PROBLEMAS MORAIS – Quando se lê a Bíblia como quem lê um livro de história 
percebe-se uma série de incongruências entre os homens e Deus, e determinadas 
posturas éticas. Abraão parece mentir para preservar sua vida (Gn. 12:10-12); Jacó rouba 
o direito de primogenitura do seu irmão (Gn. 27); Jefté mata sua filha em conseqüência 
de um juramento (Jz. 11); Davi é cruel e mentiroso (I Sm. 27:7-11); ao contrário do que 
nos é apresentado, Jó é rebelde e blasfemo (Jó 9:23); a guerra santa é uma prática difícil 
de se aceitar nos dias atuais (Dt. 20:12-16). 
 
1.3.8 – PROBLEMAS TEOLÓGICOS – O principal deles é a crença na Eleição de Israel. Como 
entender a predileção de Deus por um povo em detrimento de outro. 
 
 
1.4 – INSTRUMENTOS DE AUXÍLIO AO ESTUDO DO ANTIGO TESTAMENTO 
 
1.4.1 – O CONTEXTO – Aqui se torna necessário dois níveis do aprendizado do domínio 
cognitivo: o conhecimento e a compreensão da posição histórica do autor, isto é, do seu 
contexto, ou seja, a sua situação histórica, política, social, etc. Deve-se considerar que a 
Bíblia foi produzida num ambiente bem diferente do nosso, refletindo maneiras e formas 
peculiares. Não se pode simplesmente “lançar” um versículo, tirando-o da realidade em 
que estava inserido para utilizá-lo hodiernamente a título de contextualização ou aplicação. 
 
1.4.2 – A LÍNGUA – Esse instrumento tem relações com o contexto, mas merece um estudo à 
parte. O linguajar oriental tinha características de ordem antropológica e gramatical bem 
diferente da nossa. O uso de hebraísmos era constante e o simbolismo dos números era 
significativo. 
 
1.4.3 – O ANTIGO TESTAMENTO TEM UM ASPECTO PROFUNDAMENTE HUMANO – Miguel de 
Cervantes disse: “A verdade é mais divina quanto mais esconde o humano”; esse 
pensamento não vale para o Antigo Testamento. Nele, Deus ama o ser humano como ele 
é, com seus defeitos e paixões. Poder-se-ia aqui relacionar muitos exemplos. 
 
1.4.4 – O ENCONTRO DA PALAVRA DE DEUS COM A PALAVRA DO HOMEM – No Antigo 
Testamento o homem treme diante da Palavra de Deus, ao mesmo tempo em que torna 
nítida a sua marca humana. Ambas cooperam no processo de revelação ou no “mostrar-
se” divino. 
 
1.4.5 – A MORAL DO ANTIGO TESTAMENTO NÃO É PERFEITA – A revelação definitiva nos 
chega através de Jesus Cristo. Ele mesmo se viu obrigado a distinguir claramente as 
normas ensinadas às gerações antigas e a nova moral, típica do cristão (Vide Sermão da 
Montanha). 
 
1.4.6 – O ANTIGO TESTAMENTO COMO FRUTO DO DESENVOLVIMENTO DE REFLEXÃO 
TEOLÓGICA – Não se identifica apenas uma forma do pensar teológico no Antigo 
Testamento, formando uma unidade, mas diversas tendências que se desenvolveram num 
período de 1200 anos de história, aproximadamente (Ex: o conceito de monoteísmo 
absoluto – reta final da reflexão em torno de Yehweh). 
 5
II – CONCEITO DE HISTÓRIA NO ANTIGO TESTAMENTO - O AGIR DE DEUS NA 
HISTÓRIA 
 
 
 A história é, para Israel, o lugar de encontro com Deus. A fé desse povo conforme exposta 
na Bíblia, não se fundamenta em mitos atemporais, alienados do espaço e do tempo que nos 
rodeiam. É uma fé que nasce e se desenvolve em contato direto com os acontecimentos desse 
mundo, no dizer de J.L. Sicre (Vide Sl. 136). Uma comparação feita por A. K. Grayson sobre 
outros ambientes culturais revelou o motivo do interesse que os assírios e caldeus tinham em 
contar o passado. Foram cinco, os motivos básicos: 
 
1) Propaganda política. 
2) Finalidade didática. 
3) Exaltação do herói. 
4) Consciência da importância de recordar certas coisas. 
5) Utilidade prática (calendário, adivinhação, astrologia, etc.). 
 
 
No caso particular de Israel, todos os elementos da pesquisa de Grayson foram notados, 
excluindo-se apenas o item 5, reprovado pelos textos bíblicos. Não se discute aqui as formas 
literárias que emolduraram as tradições israelitas, mas é fato que houve um interesse profundo 
na interpretação dos eventos do ponto de vista histórico. O problema é que nossa concepção de 
história não pode ser projetada sobre a forma dos escritos israelitas. Estes relatam o seu passado 
numa historiografia que possui três vertentes básicas: 
 
 
1) Historiografia Épico-Sagrada 
 
• Teve importância nos primeiros séculos de Israel. 
• Sagas de heróis (façanhas militares). 
• Aglomerado de episódios individuais sem unidade. 
• Tendência a “exagerar” dados. 
• Predileção especial por milagres. 
• Exemplo : Jz. 7:1; 8:1. 
 
 
2) Historiografia Profana 
 
• Ao contrário da anterior, aqui a história se desenvolve pela vontade de homens 
cativos de suas paixões e ambições, sem a intervenção extraordinária de Deus. 
• Exemplos: I Rs. 11 e 12 (Morte de Salomão e a divisão do reino); II Sm. 9-20 w 
I Rs.1-2 (história da sucessão do trono de Davi). 
 
 
3) Historiografia Religioso-Teológica 
 
• Predominante no Antigo Testamento. 
• O dados do passado são compilados com o objetivo de inculcar no ouvinte uma 
idéia, uma mensagem. 
• Exemplo: A maneira de narrar a história no livro de Juízes. 
 
 
 
 
 6
2.1– RETROSPECTO DA HISTÓRIA DE ISRAEL–PERÍODO PATRIARCAL (2000 A 1750 
a.C.) 
 De acordo com a Bíblia, a história de Israel começa com a migração dos patriarcas 
hebreus da Mesopotâmia para a Palestina. Essas narrativas são encontradas no livro de Gênesis 
caps. 12 a 50. De acordo com Bright, as narrativas do Gênesis são em preto e branco numa tela 
simples, sem nenhuma perspectiva de profundidade. Esse livro nos pinta certos indivíduos e suas 
famílias movimentando-se dentro de um mundo, como se vivessem sozinhos nele. Os grandes 
impérios, mesmo o pequeno povo de Canaã, se são mencionados, não passam de vozes que se 
ouvem de fora do palco. Se os faraós do Egito têm uma modesta parte nas narrativas, eles não 
são identificados pelos nomes; não sabemos quem eram eles; tampouco, nenhum antepassado 
hebreu mencionado no Gênesis foi revelado ainda em nenhuma inscrição contemporânea. Em 
conseqüência de tudo isso torna-se impossível dizer em termos exatos quando Abraão, Isac e 
Jacó realmente viveram; tampouco podemos subestimar a evidência arqueológica. O testemunhoda Arqueologia é indireto. Ele tem dado ao quadro das origens de Israel um sabor de 
probabilidade e tem fornecido o “background” para o entendimento desse quadro, mas não tem 
provado que as histórias são verdadeiras em seus pormenores. Ao mesmo tempo não apareceu 
ainda nenhuma evidência que contradiga a tradição bíblica. 
 Segundo Bright, as origens de Israel não eram tão simples fisicamente. Teologicamente 
eram todos descendentes de Abraão; fisicamente eles provinham de outros troncos diferentes, 
clãs que imigraram na Palestina no começo do segundo milênio antes de Cristo e aí se misturaram 
e proliferaram com o passar do tempo. Muitos desses clãs se estabeleceram onde puderam 
encontrar terra e se organizaram em cidades-estado segundo o padrão feudal. A maior parte 
desses clãs veio da Mesopotâmia, onde reinava um ambiente de confusão política gerando a 
desintegração da cidade de Ur com dinastias rivais lutando entre si. No Egito, sob os faraós do 
Médio Império (de Tebas a Menfis), instalava-se uma época de prosperidade. Os faraós da 12ª 
dinastia empreenderam projetos ambiciosos, sistema de canais e de fortificações, desenvolvendo-
se ainda a Medicina e a Matemática. Os patriarcas propriamente ditos seriam os chefes de clãs 
consideráveis. 
 
2.1.2 – COSTUMES E CARACTERÍSTICAS PATRIARCAIS – Muitos fatos mencionados no Gênesis 
são endossados pelo conhecimento da cultura de reinos na Mesopotâmia dessa época. Segue 
abaixo algumas das diversas características desses clãs. Outras características serão consideradas 
na unidade III quando estudaremos as instituições israelitas do tempo do Antigo Testamento. 
 
• O patriarca tinha influência decisiva na escolha de cônjuges para seus filhos. 
• Os casais sem filhos adotavam um filho que os servia durante toda a vida e 
seria o herdeiro. Mas se nascesse um filho natural, o filho adotivo tinha que 
ceder seu direito de herdeiro. 
• Os contratos nupciais obrigavam a mulher estéril a providenciar uma substituta 
para o seu marido. 
• Se nascesse um filho dessa união ficava proibido o desprezo à esposa escrava e 
ao seu filho. 
• A aparência desses patriarcas era semelhante à dos seminômades do segundo 
milênio na Palestina; vestidos com roupas multicoloridas, deslocando-se a pé 
com todos os seus pertences e filhos em lombo de burro (conf. gravura em um 
túmulo do séc. X a.C., encontrado em Beni-Asan, no Egito). 
• Habitavam em tendas. 
 
2.1.2 – A RELIGIÃO DOS PATRIARCAS – A Bíblia considera Moisés como fundador da religião de 
Israel (Ex. 3). Apesar disso, a narrativa bíblica liga a religião javista com a religião dos patriarcas 
(Ex. 3:6-13; 6:3). Estudaremos mais sobre a revelação especial do nome de Deus (Yehweh) no 
capítulo sobre o Êxodo. O quadro que se tem dos patriarcas é que eles adoravam a Deus sob 
vários nomes; esses nomes estavam ligados a um feito de Deus no passado e em local especial. 
Os descendentes dos patriarcas adorariam na memória do nome do patriarca, o Deus que esse 
patriarca legou, sob diversos nomes. A Bíblia menciona alguns deles, a saber: 
 7
• ‘El Shaddai (Gn. 17:1; 43:14) – “Deus Todo-Poderoso”. 
• ‘El Elyon (Gn. 14:18-24) – “Deus Altíssimo”. 
• ‘El Olam (Gn. 21:33) – “Deus Eterno”. 
• ‘El Roy (Gn. 16:13) – “Deus que me vê”. 
Na narrativa do Gênesis, cada patriarca é representado adorando ao seu Deus por livre e 
pessoal escolha e entregando-se, depois a este seu Deus “O Deus de Abraão”, em Gn. 28:13; 
31:42-53; “O Temido de Isac” em Gn. 31:42-53; “O Poderoso de Jacó” em Gn. 49:24. O quadro 
do Gênesis de uma relação pessoal entre o indivíduo e seu Deus fundamentada por uma 
promessa e selada por uma aliança é da maior autenticidade. A fé na promessa divina representa 
o elemento original da fé dos antepassados seminômades de Israel. 
 
2.2 – OS HEBREUS NO EGITO (1750-1300 a.C.) 
2.2.1 – CONTEXTO HISTÓRICO – Antes do conhecimento das circunstâncias que levaram os 
descendentes dos patriarcas a se instalarem no Egito, é necessária uma compreensão do contexto 
histórico dos impérios que cercavam a Palestina. Por exemplo, no Egito, durante o Séc. XVIII a.C., 
o poder do Médio Império estava sendo enfraquecido. Com as migrações dos povos asiáticos para 
as bandas do sul da Palestina, as portas do delta egípcio estavam sendo abertas para a 
dominação estrangeira. Nessa época, o Egito sofreu a invasão dos soberanos estrangeiros 
chamados de hicsos (chefes estrangeiros – 1720 a 1540 a.C.), os quais efetuaram sua conquista 
em duas fases: 
 
 a) entrincheiraram-se no Delta, consolidando posições (1720); 
 b) iniciaram o domínio político propriamente dito. Os hicsos foram expulsos do Egito em 1540 
a.C. pelo faraó nacionalista Amósis. A presença dos hicsos no Egito representa um período de 
franca abertura para a entrada de estrangeiros, inclusive hebreus. 
 
 Outro importante império foi o da Babilônia. Durante essa época encontrava-se ameaçado 
pela Assíria ao norte e Larsa ao sul. Porém, com a ascensão do rei Hamurabi ao trono essa 
situação de inferioridade se reverteu e a Babilônia resistiu a todas as ameaças, vencendo os seus 
inimigos. Através de Hamurabi a Babilônia gozou um grande florescimento cultural. Desse período 
temos uma riqueza de textos: cópias de épicos antigos (por exemplo, narrativas babilônicas da 
criação e do dilúvio), listas de palavras, dicionários, tratados de matemática e de astronomia, etc. 
Contudo a mais importante de todas as realizações de Hamurabi foi o seu famoso código de leis, 
publicado no final de seu reinado. 
 
2.2.2 – COMO OS HEBREUS FORAM PARA O EGITO – O período de 1750 a 1300 a.C. representa 
uma época na história de Israel onde a Bíblia é a nossa única fonte. Os registros egípcios nunca 
fizeram menção de uma presença de Israel. Uma explicação para isso é que, ocorrendo essa 
passagem dos hebreus pelo Egito durante o período dos soberanos hicsos, os egípcios teriam 
considerado essa época vergonhosa demais para ser descrita. O fato é que a narrativa bíblica tem 
o seu valor e, de acordo com o pensamento de Bright, exige uma fé a priori: “uma tradição dessa 
espécie nenhum povo poderia inventar. Não se trata de nenhum episódio épico e heróico da 
migração, mas da recordação de uma servidão vergonhosa da qual somente o poder de Deus 
poderia livrar”. Um argumento muito forte que reforça a historicidade da passagem de Israel pelo 
Egito são os nomes egípcios comumente encontrados entre os israelitas nessa época, por 
exemplo: Moisés, Ofiní, Finéias, Merarí, etc. 
 8
 Duas perguntas devem ser colocadas aqui: 
1) O que levou os israelitas a se instalarem no Egito? 
2) Sob que circunstâncias viveram? 
 
Primeiramente, todos os teólogos e estudiosos do Antigo Testamento concordam 
em afirmar que os israelitas chegaram ao Egito através das migrações dos seminômades que 
habitavam o sul da Palestina. Nos tempos de fome e carestia esses iam buscar uma vida melhor 
no Vale do Nilo, que era fértil e não dependia das chuvas. Esta situação é pressuposta em 
algumas passagens do Gênesis (Gn. 12:10; 20:1; 26:1; 42:1, 43:1, 46:1). Essa era uma situação 
repetida todos os anos e muitos desses grupos seminômades fixaram residência no Egito. Ora, na 
medida em que se compreende que o período de dominação hicsa foi favorável à entrada de 
grupos estrangeiros no Egito, compreende-se também que, a partir do momento em que os 
mesmo foram banidos e expulsos, deu-se início uma política nacionalista xenofobista (aversão ou 
medo aos estrangeiros) que inclui a perseguição às etnias estrangeiras (Ex. 1:9-10). A partir daí 
muitos desses grupos seminômades foram convocados pelos egípcios para determinados serviços, 
sendo inclusive recrutados contra a vontade como trabalhadores braçais, mão-de-obra barata pra 
atividades na área da construção e olarias. De acordo com a Bíblia (Ex. 12:40), o período de 
permanência dos hebreus no Egito foi de 430 anos. 
 
2.2.3 – O PROBLEMA DO CONFLITO DE DATAS DO ÊXODO - No caso específico dos faraós 
da opressão e do êxodo temos um problema históricovisto que dois grupos de historiadores e 
teólogos têm discordado quanto à datação da escravidão israelita, em virtude de interpretações 
diferentes para as evidências históricas e arqueológicas. As discussões concentram-se entre os 
faraós da 18ª e 19ª dinastias. Vejamos, primeiramente, um quadro histórico aproximado desses 
faraós: 
FARAÓS EGÍPCIOS – 18ª E 19ª DINASTIAS 
Dinastia / Faraós Período de reina do 
Hicsos dominam o Egito 1720 - 1570 
18ª dinastia Amósis 1570-1546 
Amenófis I 1546-1526 
Tutmósis I 1526-1512 
Tutmósis II 1512-1504 
Hatshepsut 1503-1483 
Tutmósis III 1504-1450 
Amenófis II 1450-1425 
Tutmósis IV 1425-1417 
Amenófis III 1417-1379 
Amenófis IV (Akenaton) 1379-1362 
Semenca 1364-1361 
Tutankamon 1361-1352 
Ai 1352-1348 
Horembeb 1348-1320 
19ª dinastia1 Ramsés I 1320-1318 
Set I 1318-1304 
Ramsés II 1304-1236 
Merneftá 1236-1223 
 O primeiro grupo de teólogos e historiadores considera que os faraós da opressão e do 
êxodo estão na 18ª dinastia. Partem do princípio da literalidade de I Reis 6:1 que informa que o 
êxodo aconteceu cerca de 480 anos antes da fundação do templo de Salomão, fato que ocorreu 
em aproximadamente 966 a.C, o que colocaria a datação da saída de Israel do Egito por volta de 
1446 a.C., época de Amenófis II (1450-1425). Essa articulação, estando correta, colocaria o 
nascimento de Moisés para o período de transição entre Amenófis I (1546-1526) e Tutmósis I 
(1526 a 1512), visto que, de acordo com Ex.7:7, Moisés estava com 80 anos pouco antes do 
êxodo. Moisés teria sido adotado pela filha de Tutmósis I, Hatshepsut (1503-1483), a qual, por 
sua vez, teria se casado com seu meio-irmão, Tutmósis II (1512-1504), bem mais jovem que sua 
 
 
 9
meia-irmã. Tendo morrido cedo em virtude de doença misteriosa, deixou Tutmósis III (1504-
1450) ainda menino como rei, estando o Egito nesse momento regido ainda que não oficialmente2 
por Hatshepsut. Tutmósis III teria sido o mais ilustre e poderoso dos faraós da 18ª dinastia, 
tendo realizado cerca de 16 campanhas militares na Palestina, consolidando o domínio egípcio 
nessa região. Hatshepsut, por sua vez, enquanto esteve no poder, caracterizou-se por grande 
autoridade e tato político. Merrill (2002, p.54) argumenta que o jovem Moisés teria sido uma 
ameaça para Tutmósis III3, visto que ele era “filho da filha de faraó” (Hb.11:24), o que teria 
justificado a fuga de Moisés depois deste ter matado um egípcio. O raciocínio aqui é que depois 
que os hicsos foram expulsos do Egito, Amósis (1570-1546), o faraó mencionado em Ex.1:8 como 
o rei “que não conhecera a José”, teria iniciado uma política de trabalhos forçados (Ex.1:11-14) 
em olarias e na construção civil aos estrangeiros que ficaram no país, aproveitados como mão de 
obra escrava, dentre eles, descendentes da Jacó. Como se não bastasse essa política 
escravizante, um dos faraós seguintes, Amenófis I (1546-1526) ou Tutmósis I (1526-1512), teria 
praticado um genocídio (Ex.1:15-16). Assim, pesquisadores como Merrill (ibid, p.55-56) colocam 
Amenófis II (1450-1425) como o faraó do êxodo, visto que duas de suas campanhas militares na 
Palestina (Em 1450 e 1446) combinariam com uma possível perseguição a um povo em fuga, 
tendo seu exército sido desmoralizado numa tentativa frustrada de passagem pelo Mar dos 
Juncos (tema que será abordado adiante). 
 O outro grupo de teólogos e historiadores defende que os faraós da opressão e do êxodo 
estão situados na 19ª dinastia. Partem dos princípios da interpretação simbólica de I Rs.6:1 e da 
contribuição da ciência histórica e arqueológica para elucidar essa discordância. 
Primeiro, porque segundo alguns (BRIGHT, 1978, p.158), a idéia de 480 anos seria 
simbólica, resultante da multiplicação de 40 vezes 12, harmonizando com I Cr. 6, texto que 
contaria cerca de 12 gerações no período em discussão. Uma geração ideal abrangeria 40 anos. 
Mas torna-se simbólica, porque uma geração durava de 20 a 25 anos, o que colocaria a datação 
do êxodo para os meados do XIII Século antes de Cristo, época dos faraós da 19ª dinastia. 
Segundo, porque segundo alguns estudos (ALLEN, 1987, p.376), no período da 19ª 
dinastia, a capital do Egito foi mudada de Tebas, no “Alto-Egito”, para Mênfis, no “Baixo-Egito”, 
na época de Set I (1318-1304), ocorrendo nesse período intensa atividade na área da construção 
civil. Tendo residido no Alto Egito, os faraós da 18ª dinastia teriam se preocupado pouco com a 
construção civil nessa região. Isso coaduna com a localização geográfica da escravidão na região 
de Gosén, bem próxima a Sucot, local de onde partiria o povo de Israel em fuga, e Ramsés, uma 
das cidades reconstruídas pelos escravos hebreus. Aliás, argumentam ainda que sendo o nome 
da cidade “Ramsés”, um nome de um faraó da 19ª dinastia, por si só isso já seria um argumento 
decisivo. A outra cidade, chamada “Pitom”, significa “Casa de Tom”, o deus-sol, uma lembrança 
de Akenaton (Amenófis IV, 1379-1362). 
Outros argumentos a favor dessa teoria (GLUECK apud ALLEN, 1987, p.387) defendem 
que os reinos famosos invadidos pelos israelitas na época da conquista só teriam sido fundados 
depois do 13º século visto que antes os moradores da Palestina viviam como nômades. Da 
mesma forma, os reinos de Edom e Moabe, citados em Nm.20 e 21. Afirmam também, à luz da 
arqueologia, que cidades cananéias como Láquis e Debir, mencionadas na conquista, teriam 
experimentado grande destruição no Século XIII a.C. Nesse sentido, Set I (1318-1304) teria sido 
o “faraó que não conhecera a José” (Ex.1:8)4, o faraó da opressão e Ramsés II (1304-1236), o 
faraó do êxodo. 
Ultimamente alguns pesquisadores têm discordado dessa opinião (MERRILL, 2002). 
Argumentam que os nomes “Pitom” e “Ramsés” aplicados às cidades construídas pelos hebreus 
 
 
 
 
 10 
podem ser, na verdade, anacronismos. Ou seja, mais tarde, quando os relatos da escravidão 
foram escritos, as cidades foram identificadas com os nomes posteriormente conhecidos, e não 
com os seus nomes originais. Assim, “Ramsés” seria o nome posterior para a cidade de Tanes. 
Um exemplo simples para a compreensão dessa linha de raciocínio é que ao contar a história do 
Brasil, nenhum historiador afirma que os descobridores chegaram à “Ilha de Vera Cruz”, termo 
usado por Cabral na época da descoberta. Ou ainda “Terra de Santa Cruz”, termo usado mais 
tarde quando descobriram que a “ilha” era, na verdade, um continente. Mas os historiadores 
usam o termo “Brasil”, termo do Século XVI, posterior, portanto, aos termos anteriormente 
citados. 
Um outro grande problema para a datação do êxodo no Século XIII a.C., é que na 
tentativa de harmonização de Ex.2:15,23 e Ex.4:19 com a cronologia histórica, verifica-se que 
Moisés não teria retornado ao Egito antes que aquele faraó que tentou tirar-lhe a vida estivesse 
morto, o que colocaria uma dificuldade para situar os eventos no período de Set I (1318-1304) e 
Ramsés II (1304-1236), dado o curto período de governo de Set I e o longo período de Ramsés 
II, para que se justificasse uma fuga de Moisés do Egito aos 40 anos de idade e o seu retorno aos 
80. 
Merril (2002, p.65) cita mudanças de perspectiva no exame dos vestígios encontrados nos 
sítios arqueológicos palestinenses, após as escavações feitas por Glueck. Outros arqueólogos têm 
chegado à conclusão de que muitos dos achados remontam à Era do Bronze Recente (1600-
1200), ou era até mais antigos, o que comportaria as conquistas dos que saíram do Egito numa 
época em torno de 1400 anos antes de Cristo. O fato é que os dois lados têm argumentos 
plausíveis e isso explica a divisão no meio histórico-teológico. Contudo, julgamos mais razoáveis 
os argumentos a favor de uma datação para a opressão e o êxodo para meados do Século XV 
a.C. 
 
 
2.2.4 – O PROBLEMA DO NOME HEBREU - De acordo com Martin Metzger, é por essa 
circunstância que os israelitas foram chamados de “hebreus”. Isso quer dizer que o nome hebreunão traz boas recordações pois lembra o sofrimento, vergonha da escravidão (Ex. 1:11-14; 2:11-
13). Essa reflexão nos remete necessariamente para a origem do nome hebreu yrb[ (‘ivri), que 
tem relação direta com a raiz do verbo rb[ ‘avar (“atravessar”, “passar para o outro lado”), uma 
referência aos ancestrais que vieram do outro lado do Eufrates. O termo aparece 34 vezes no 
Antigo Testamento assim distribuídas: 
a) Narrações do êxodo no cenário egípcio: 
• Ex.1:15,16,19,22 – história das parteiras desobedientes. 
• Ex.2:6,7,11,13 – nascimento e atuação de Moisés. 
• Ex.3:18; 5:3; 7:16; 9:1,13; 10:3 – Deus dos hebreus. 
b) Leis – Ex.21:2; Dt.15:12; Jr.34:9,14. 
c) Histórias de José – Gn.39:14,17; 40:15; 41:12; 43:32; 
d) Narrações das lutas contra os filisteus – I Sm.4:6,9; 13:3,19; 14:11,21; 29:3; 
e) Outros (textos tardios) – Gn.14:13; Jn.1:9; 
 
A análise dos textos acima mostrará que o termo “hebreu” tem relação com uma situação social 
desfavorável e de submissão sem que isso indique necessariamente uma pertinência ao povo 
israelita, aparecendo geralmente na boca dos outros povos como forma de depreciação. Mas 
também aparece como sinônimo de “israelitas”. Essa ambigüidade deve-se à possibilidade de 
mistura das tradições no andamento da história da formação do povo de Israel. Por exemplo, nas 
narrações das lutas entre filisteus e israelitas (I Sm.13 e 14) os hebreus fazem parte das tropas 
militares como uma terceira força e estão presentes em ambos os lados. Hans Trein (?,Pg.21-22) 
assim comenta o texto: 
 
 11 
“Em I Sm.13:3-7 Jônatas destruiu a guarnição dos filisteus. Saul fez questão de que os 
hebreus soubessem disso. Os filisteus se reuniram para combater contra Israel ; o 
povo de Israel se escondeu em covas e cavernas, nos penhascos e poços, enquanto 
que alguns dos hebreus atravessaram o Jordão. Aqui os hebreus que atravessaram o 
Jordão estão distintos dos israelitas que se esconderam nas cavernas e nos penhascos. 
Em I Sm.13:19-20, importa para os filisteus impedir que os hebreus fabriquem 
espadas ou lanças; por isso todo o Israel tinha que ir aos filisteus, amolar seus 
instrumentos de trabalho agrícola. Aqui hebreus e israelitas são a mesma coisa. Em I 
Sm.14:11-12 os filisteus alertam para os hebreus que estão saindo das tocas e 
provocam Jônatas e seu escudeiro, para dar-lhes uma lição. Aqui mais uma vez 
hebreus é idêntico a israelitas, o que também confere com os israelitas que tinham se 
escondido nas cavernas em I Sm.13:3-7. Em I Sm.14:21-23 os hebreus que tinham 
estado junto com os filisteus se ajuntaram aos israelitas que estavam com Saul e 
Jônatas. Aqui hebreus está distinto de israelitas, e temporariamente até pelejaram 
contra Israel. Não seriam esses hebreus os mesmos que em I Sm.13:3-7 tinham 
atravessado o Jordão (para ajudar os filisteus?) e que agora voltam, pois a batalha 
tinha se definido vitoriosa para os israelitas? Não seriam esses também os mesmos 
hebreus que Saul quis informar subversivamente, de que Jônatas tinha derrotado a 
guarnição dos filisteus em Gibeá, com a segunda intenção de provocar neles, auxiliares 
dos filisteus, uma deserção?” 
 
Uma outra vertente no estudo da interpretação sobre a origem do nome está relacionada 
com a história dos movimentos migratórios já descritos no capítulo anterior. Segundo essa tese, o 
nome “hebreu” (‘ivri), tem uma íntima relação com o termo aramaico ap’ru, um termo nada 
elogiável, atribuído por nativos da Palestina aos pastores seminômades que estavam migrando 
para essa região cerca de 2000 a.C., tratados como “bandoleiros, ciganos ou ladrões ou algo 
parecido”. Um estudo feito por Hans Alfred Trein mostra que esses grupos cresceram favorecidos 
pelos conflitos entre os reinos cananeus que se dividiam a favor e contra o domínio egípcio na 
Palestina antiga, explorada por uma forte exigência tributária dos faraós. Cartas encontradas em 
Tell El Amarna (1887 d C) revelam o pedido de ajuda de príncipes cananeus ao faraó Amenófis IV 
(1360 a C) para que este enviasse tropas para expulsar os ap’ru , acusados de pilhagem na 
Palestina. Para Manfred Weippert (1967) os dois termos são aparentados lingüisticamente pois as 
línguas semitas só distinguem entre “b” e “p”. Assim a pesquisa iguala os dois grupos com um 
único grupo denominado em I Sm.13 e 14:21 de hebreus pelos filisteus. Parece que esse grupo 
que, antes servia aos filisteus, tinha desertado para o lado dos israelitas. Mais tarde, em I Sm.29, 
os filisteus desconfiarão de Davi e do seu exército de mercenários (que se oferecem para lutar 
pelos filisteus) temendo que eles também venham a desertar. 
 
 
2.3 – O ÊXODO, A PEREGRINAÇÃO E A CONQUISTA DE CANAÃ (1300 A 1200 a.C.) 
 
2.3.1 – CONTEXTO E ÊXODO – Baseados em descobertas arqueológicas e em relatos bíblicos do 
livro do Êxodo, podemos situar com aproximação o contexto histórico da opressão dos hebreus no 
Egito, cujas circunstâncias foram estudadas no capítulo anterior. Nessa época, os egípcios 
dominavam boa parte do mundo de então, incluindo a Palestina (Canaã), a qual era formada pela 
aglomeração de cidades-estados, cada uma delas com o seu rei, pagando ao Egito pesados 
tributos estipulados pelo faraó do momento. Embora a Palestina fosse dividida politicamente, 
formava uma unidade cultural, pois os povos que lá viviam possuíam língua, costumes e religião 
semelhantes. No Egito livre, sem a presença do hicsos os hebreus amarguravam uma situação de 
opressão, forçados ao trabalho nas olarias e na construção das cidades de Pitom e Ramsés 
(Ávaris, antiga capital dos hicsos), conforme relato de Ex. 1:1-14. Os dados concretos de Ex. 1:11 
aliados às escavações arqueológicas permitem-nos concluir que Ramsés II (1301-1234 a.C.) foi o 
faraó dessa época. O texto bíblico ressalta nesse período duas importantes passagens: 
 
Primeira, a de Moisés como libertador e posteriormente, como legislador. Só a Bíblia tem 
informado sobre sua história até agora, e tem-se conhecido sobre a sua fina educação na corte 
egípcia, tendo sido um hebreu salvo da mortandade infantil, nunca negando suas tradições raciais 
(Ex. 2:11-15). Com certeza, além da condução do povo na saída do Egito pelo Mar (Mar dos 
 12 
Juncos – Yam Suf), o ponto alto dessa história é a revelação de Deus a Moisés sob o nome de 
“Yehweh”, como fundamento para a religião de Israel. A adoração de Yehweh pelos antepassados 
israelitas pode ter sido assimilada por mediação dos midianitas (Jetro - Ex.18:12) ou dos quenitas 
(descendentes de Caim - Gn.4:15). Mas, Gn.4:25 faz uma afirmação importante sobre Enosh, 
descendente de Set, como o primeiro a invocar o nome do Senhor. Contudo, existem duas 
tradições que ligam Moisés tanto aos midianitas (Ex.2:16ss; 18) quanto aos quenitas (Jz.1:16 e 
4:11), ambas fazendo referencias ao sogro de Moisés, apesar de conservarem nomes diferentes 
para a mesma pessoa (Jetro/Hobabe). Mais certo é pensar na importância do evento da teofania 
do Sinai (Ex.3) para a revelação do nome especial de Deus a Moisés, cuja raiz no hebraico é a do 
verbo “ser”, “estar”, “haver” hyh (hayah). A resposta do Senhor à pergunta de Moisés “qual é o 
seu nome?”, pode significar tanto “Eu sou o que estarei com vocês”, quanto “eu sou o que sou e, 
por isso, o que eu sou não é da sua conta. Creia em mim e deixe o resto comigo!”. Esse sentido 
do nome do Senhor evidencia-se através das narrativas que acompanham o processo de saída, 
peregrinação e conquista de Canaã, as quais estão adornadas com molduras sob a forma de 
epopéia, visto que nessas condições, as tradições seriam mais fortemente assimiladas pelos que 
as ouviam na compreensão de um Deus que agiu no passado do seu povo e que continuará 
intervindo para salvar. 
 
Segunda, a referente ao evento das pragas e o endurecimento do coração ( bl - Lev) do 
faraó (Ex. 8:32; 7:14). Alguns têm dado interpretações baseadas em fenômenos da natureza para 
explicar as pragas. O certo aqui é tentar compreender mais a atitude de faraó com relação a 
essas pragas, umavez que alguns textos dizem que “Yehweh endureceu o coração de Faraó” (Ex. 
4:21; 7:3; 9:12; 10:1; 10:20; 10:27; 11:10; 14:4,8,17) e outros que “Faraó endureceu seu 
coração” (Ex. 7:13,14,22; 8:15,19,28; 9:7,34,35). Em Ex. 14:4 aparece o sentido teológico da 
obstinação do “Lev” (coração) de acordo com a tradição sacerdotal. Faraó não pode entender o 
sentido das pragas e não pode atuar a ponto de correspondê-las. Yehweh é quem faz a história. A 
sua intervenção chega até a capacidade de pensar e entender dos inimigos. 
 
2.3.2 – PEREGRINAÇÃO NO DESERTO – O período no qual o povo hebreu viajou pelo deserto 
entre a região do Sinai e a região média da Palestina tem duas importâncias básicas: 
 
2.3.2.1 – É a época intermediária entre a história de Israel no Egito e a conquista de Canaã. 
 
2.3.2.2 – Representa o período quando Israel recebeu a sua religião característica, o Javismo, 
assumindo com ela a consciência de um povo. Isso não quer dizer que o Javismo não tenha 
evoluído com o passar dos séculos até ganhar a caracterização da religião pós-exílica conhecida 
posteriormente pelo nome de Judaísmo. Fato importante é que os profetas fizeram alusões a esse 
período como o momento e o local onde Israel aprendeu a amar ao Senhor nos moldes de uma 
relação esposo-esposa (Jr.2:2; Os.2:14). 
 De acordo com os pesquisadores do Antigo Testamento, a peregrinação dos hebreus pelo 
deserto ocorreu em três fases: A primeira fase corresponde à viagem para a cadeia de montes do 
Sinai (Horebe). Embora a localização do monte seja incerta é pensamento comum que foi lá que 
Israel recebeu parte da lei de Moisés; a segunda fase corresponde do período da saída do Sinai 
até a região sul da Palestina conhecida pelo nome de Cades-Barnéia ou Qadesh, onde os israelitas 
experimentaram uma derrota parcial para o rei de Arad, não podendo assim entrar em Canaã pelo 
sul; a terceira fase vai da saída de Qadesh à incursão feita pelo flanco oriental, incluindo a 
instalação na região da Transjordânia, região na qual morreu Moisés de acordo com a narrativa 
bíblica (Dt. 34). 
 
2.3.3 – A CONQUISTA DE CANAÃ – O pensamento básico que a Bíblia nos apresenta sobre a 
entrada dos israelitas na Palestina não é a conquista ou invasão feita por um povo estrangeiro, 
mas o retorno de tribos que num passado distante, lá viveram através dos seus antepassados 
patriarcas. Dt. 26:1 apresenta o pensamento que foi Yehweh quem deu a terra de Canaã a Israel. 
Martin Metzger descreve essa “reconquista” seguindo duas etapas: 
 13 
 
2.3.3.1 – Instalação das tribos israelitas nas regiões montanhosas, menos férteis, parcialmente 
habitadas e pouco guarnecidas (Jz. 1:19). 
 
2.3.3.2 – Com o crescimento do povo israelita no decorrer dos anos nos territórios cananeus, 
houve também a conquista de cidades fortificadas tais como Jericó, Hasor e Ai (Js. 17:13). 
 
 
2.4 – O PERÍODO DOS JUÍZES (1200 A 1020 a.C.) 
 
 O período compreendido entre 1200 e 1020 a.C. representa uma época em que as 
tribos israelitas estão crescendo na Palestina com seu assentamento na terra. Aos poucos, as 
condições materiais dos israelitas melhoravam. Tornaram-se um povo agricultor, aprenderam a 
construir cisternas. Em suas necessidades extremas de mais solo (terras), mostraram-se 
engenhosos no aproveitamento de terras desérticas e de florestas. Suas cidades, escassas e mal 
fortificadas tinham um caráter rural diferente das cananéias e filistéias. Entretanto, apesar dessas 
conquistas menores, outras maiores estavam esperando por realizações. A necessidade de 
defender o território já conquistado e de avançar em novas conquistas fez do período dos Juízes 
uma época de muitas batalhas e confrontos com os povos vizinhos. Os filisteus, por exemplo, 
eram um ameaça constante pois eram mais fortificados e mais desenvolvidos. Os filisteus eram 
um povo Egeu, haviam sido expulsos de seus lares em Creta e no litoral da Ásia Menor por 
invasores vindos do norte. Fracassando em sua tentativa de entrar no Egito, conseguiram uma 
cabeça de ponte na costa palestinense, ocupando boa parte das terras mais férteis da região. Nas 
épocas quando os conflitos entre as tribos e os filisteus ou entre as tribos e outros povos se 
agravavam, levantavam-se homens carismáticos que lideravam um ou mais tribos na campanha 
de defesa da terra ou de novas conquistas. Esses homens eram os Juizes, cujo sentido do original 
hebraico tem relação com a idéia de “salvadores”. Apesar do nome os Juízes tinham uma função 
muito mais militar que propriamente judiciária. 
 
O conhecimento desse momento na história de Israel levará o estudante ao fato que não 
havia uma união caracteristicamente política que envolvesse todas as tribos num projeto de 
conquista nacional. Entretanto as tribos estavam unidas por uma ordem sacra, formando um tipo 
de liga sacral, chamada de Anfictionia (união voluntária e apolítica de tribos numa comunhão 
cultural com um santuário central). Apesar do termo anfictionia na história antiga se referir mais 
ao período pré-estatal grego, o mesmo pode ser utilizado com bastante cuidado e sem 
comparações detalhistas para com a formação das tribos israelitas. Aliás, era costume nos povos 
antigos a constituição de 12 tribos a partir de 12 filhos de um ancestral importante, por exemplo, 
Naor (Arameus, Gn.22:20-24), Ismael (Gn.25:12-16), Esaú (Transjordânia, Gn.36:10-14). De 
acordo com a Bíblia, a constituição da liga sacral das 12 tribos ocorreu no Congresso de Siquém 
(Js. 24). Nesse evento, Josué (efraimita) firmou um pacto com as tribos, evidenciando-se as 
seguintes características: 
 
• Comprometem-se com a adoração a Yehweh como único Deus (Js.24:18,21,24) 
e o afastamento dos outros deuses, nos moldes do pacto do Sinai. 
• Celebram o culto em um mesmo santuário em torno da arca da aliança. 
• Têm um estatuto e um direito comum (Js.24:25-26). Nesse sentido a nuvem do 
sagrado paira sobre a comunidade que rejeita as transgressões contra esse 
direito, “abominações” que não devem existir no meio do povo de Deus 
(Jz.19:30; 20:6,10). 
 
ALGO SOBRE AS TRIBOS - As 12 tribos surgiram a partir de uma consciência dos laços que as 
uniam pois compartilhavam de um mesmo nome original. Os nomes dessas tribos eram 
originalmente nomes de pessoas (Gn. 29:31; 30:24; Dt.33:1-29) e designavam um antepassado, 
o qual dera a denominação a tribo, no caso de Israel, o patriarca Jacó. De acordo com Roland de 
Vaux (2003, p.24) pessoas que não eram originalmente descendentes de Jacó também foram 
 14 
agregadas às tribos. Temos Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu (Nm.32:12; Js.14:6,14), o qual 
foi integrado à tribo de Judá em Js.15:13. Não podemos esquecer que Moisés convidou Hobabe 
(midianita) a seguir com Israel pelo deserto em direção à terra prometida. Além disso, mulheres 
tais como Tamar e Raabe (cananitas) e Rute (moabita) também fizeram parte do povo de Deus. 
Eis uma relação dos nomes das tribos de Israel a partir do patriarca Jacó, tomando-se como 
referência os textos acima: 
a) Filhos de Lia: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom. 
b) Filhos de Raquel: José (Efraim e Manasses) e Benjamim. 
c) Filhos das escravas: Dã e Naftali (de Bila), Gad e Aser (de Zilpa). 
 
Uma pergunta comumente feita é por que a lista das tribos de Israel em Js.13 parece divergir das 
listas em Gn.46, Nm.26 e Ap.7.5ss. Para respondermos esta pergunta, convém observarmos as 
listas das tribos de Israel espalhadas nos dois testamentos: 
 
QUADRO DAS TRIBOS DE ISRAEL 
GENESIS 46 NÚMEROS 
26 
DEUT.33 JOSUÉ 13 APOC.7 
Os que 
entraram no 
Egito 
Os que foram 
convocados 
para a guerra 
Tribos 
abençoadas 
por Moisés na 
sua morte 
Distribuição 
de terras para 
as tribos 
A visão dos 
144.000 
Ruben Ruben Ruben Ruben Ruben 
Judá Judá Judá Judá Judá 
Simeão Simeão Simeão Simeão Simeão 
Levi Manasses Levi Manasses Levi 
Benjamim Benjamim Benjamim Benjamim Benjamim 
José Efraim José Efraim José 
Gad Gad Gad Gad Gad 
Dã Dã Dã Dã Manasses 
Issacar Issacar Issacar Issacar IssacarZebulom Zebulom Zebulom Zebulom Zebulom 
Naftali Naftali Naftali Naftali Naftali 
Aser Aser Aser Aser Aser 
 
 
Observamos que em Nm.26 numa lista, considerada por Schmidt (1994, p.25) como 
posterior, faltam os nomes de Levi e de José compensados por Efraim e Manasses (filhos de 
José). Os filhos de Levi teriam recebido não o epônimo para uma tribo territorial, mas a posse de 
48 cidades espalhadas nas 12 tribos para ministrarem o culto (Js.21:41). A razão está em 
Js.13:14,33, visto que o Senhor mesmo era considerado a herança dos levitas. Já, na lista de 
Apocalipse, José e seu filho Manassés são contados em separado. Provavelmente Efraim, o outro 
filho de José, foi contado juntamente com ele numa só tribo. Ao acrescentar José e Manasses 
nessa lista as pessoas de ambas as metades da tribo de José são seladas sem mencionar o nome 
de Efraim. Convém lembrar que I Rs.12:28-30 nos diz que um bezerro de ouro foi erigido em 
Betel, na terra de Efraim, em adição àquele de Dã. O Senhor odeia idolatria. Curiosamente, Dã 
não é mencionado na lista de Apocalipse. De acordo com Geisler (1999, p.64), isso ocorre porque 
“os danitas tomaram a sua porção pela força numa área do norte de Aser, separando-se de sua 
herança original, que era ao sul. Além disso, os danitas foram a primeira tribo a ir para a idolatria” 
depois que Salomão morreu. Em Apocalipse temos também resgatado o caráter tribal de Levi, 
porque depois do evento da cruz de Cristo, os levitas não mais exercem o seu ofício para todas as 
tribos, podendo assim, ter direito à posse de um território. 
 
 
 15 
2.5 – PERÍODO DA MONARQUIA (1020 A 586 a.C.) 
 
 Do conhecimento da época dos juízes extrai-se uma lição que permeia a literatura 
que narra a história desde Josué a II Reis, exposta através de uma fórmula marcada por altos e 
baixos, por feitos positivos e negativos, denunciando assim uma teologia que recebeu o nome de 
“teologia deuteronomista”. Essa teologia caracterizou-se por pregar uma fé que obedecia não pelo 
medo ou pressão, mas pela vontade e pelo amor a Yehweh (Dt. 6:1-7). A conclusão dessa obra é 
que a história de Israel se resume numa história da fidelidade de Deus e da infidelidade do 
próprio Israel. Esse tipo de mensagem ficou bem claro na leitura do livro dos Juízes. 
 
 Como já foi estudado, o modelo de governo que caracterizou o período dos Juízes 
foi a Anfictionia. Ora, o conhecimento da história de Israel no momento de estabelecimento das 
tribos na Palestina pressupõe uma reprovação do sistema monárquico como forma política, o que 
era comum entre os povos filisteus e cananeus lá presentes. Isto é o que se expressa em 
formulação concisa na resposta de Gideão aos que queriam entregar-lhe a chefia hereditária 
sobre Israel, conforme Jz.8:22-23. A razão principal é que a instituição de um reinado nos moldes 
pagãos opõe-se a reivindicação da soberania de Yehweh sobre Israel. Segundo Martin Metzger, o 
fator que motivou o requerimento de um sistema monárquico em Israel foi o aumento das 
incursões dos filisteus, os quais queriam dominar toda a Palestina (I Sm. 13:3-5,16-23; II Sm. 
23:14). Porém, a gota d’água para esta mudança em Israel foi a conquista da “Arca da Aliança”, a 
qual ficava no santuário central de Silo (Jr. 7:12,14; 26:6,9). A arca significava que Deus estaria 
sempre com o seu povo; era o principal símbolo da Anfictionia. Um outro fator que sugere a 
necessidade de um reinado em Israel é a crise interna na Anfictionia com a decadência do 
sacerdócio que se dedicava ao ministério da Arca (I Sm. 2:12-17). O desejo de mudança está 
expresso em I Sm. 8:4-5, 19-20. O processo de transição foi difícil e lento pois a Anfictionia não 
aprovou a monarquia. 
 
 O estudo do período da monarquia deve ser feito dividindo-o em dois outros períodos: 
 a) Monarquia Unida (Israel Unido) – 1020 a 932 a.C. 
 b) Monarquia Dividida (Dois Reinos) – 932 a 586 a.C. 
 b.1- Reino do Norte, Israel, capital: Samaria (932 a 722 a.C) 
 b.2- Reino do Sul, Judá, capital: Jerusalém (932 a 586 a.C.) 
 
2.5.1 – A MONARQUIA UNIDA (1020 A 932 a.C.) – Compreende a atuação dos três primeiros reis 
de Israel: Saul, Davi e Salomão. Para uma melhor compreensão deste período, será feito um 
estudo da contribuição de cada rei citado. 
 
2.5.1.1 – SAUL, O PRIMEIRO REI – Com as conquistas dos filisteus em partes do território 
palestinense e a conquista da Arca da Aliança, os israelitas começaram a desejar um rei que 
unisse as tribos num estado militar. Nesse período, a pessoa de Samuel foi de grande 
importância. Atuando como líder de grande carisma (último juiz), conseguiu unir as tribos na 
esperança de vitória sobre os filisteus ainda que fosse contra o sistema monárquico. Porém, com 
o crescimento das pressões populares, Samuel escolheu Saul, da tribo de Benjamin (I Sm. 9:1 a 
10:16). A maneira de sua primeira atuação pública aconteceu exatamente nos moldes de um líder 
carismático. Reprimiu vitoriosamente a tentativa dos amonitas de conquistarem Israel entrando 
pela Transjordânia. Assim, foi logo visto como homem de Deus (I Sm. 11:6). O reinado de Saul 
caracterizou-se por ser um governo militar (I Sm. 14:52), com bases nacionais, semelhante ao 
dos povos vizinhos. O principal empreendimento de Saul foi a quebra do domínio dos filisteus em 
Israel. Porém, isto não significa dizer que a monarquia sob Saul elevou Israel à condição de 
Estado pois faltam nele as características básicas de um Estado. Vê-se aí um Israel ainda 
desorganizado politicamente e também em menor escala, do ponto de vista militar. Após algumas 
vitórias sobre os filisteus, o reinado de Saul passou a enfrentar uma grande crise por conta das 
divergências entre as exigências tradicionais da Guerra Santa (Anfictionia) e aquilo que Saul 
considerava necessário sob o ponto de vista estratégico e político (I Sm. 13:08-13; 15:1-3; 7:11, 
20). Isso causou a sua separação de Samuel, o qual passou a anunciar que Yehweh rejeitara a 
 16 
Saul (I Sm. 15 e 16:14). O reinado de Saul não durou muito. Com a crise interna, os filisteus 
cresceram novamente, fazendo incursões na região média da Palestina. Na batalha do Monte 
Gilboa, Saul foi derrotado e morto pelos filisteus, os quais voltaram a dominar uma parte do 
território palestinense. 
 
2.5.1.2 – O GRANDE REINO DE DAVI – Foi durante o reinado de Davi que Israel experimentou 
uma importância política jamais conhecida, nem antes nem depois. Davi era escudeiro de Saul (I 
Sm. 16:21). Obteve grande sucesso como guerreiro profissional e conseguiu com isso o ódio e a 
inveja de Saul (I Sm. 18:5-9); dessa forma foi perseguido por Saul, retirando-se para a parte 
meridional da tribo de Judá, onde reuniu um bando de mercenários de procedência dúbia (I Sm. 
22:2), passando a levar uma vida de salteador. Chegou mesmo a colocar o seu exército a serviço 
do rei filisteu Aquis (I Sm. 27) em troca da localidade de Ziglaque. Após a morte de Saul, Davi 
voltou para Hebron, na tribo de Judá, onde foi proclamado “rei sobre a casa de Judá” (II Sm. 
2:4). No início, o seu domínio estendeu-se apenas às tribos do sul. O filho de Saul, Is-Bosete fora 
constituído rei sobre Israel em meio a uma série de crises políticas. Após a morte de Is-Bosete, 
sem nenhuma alternativa de sucessão dentro da família de Saul, Davi foi ungido rei sobre todo o 
Israel (II Sm. 5:1-3). O reinado de Davi caracterizou-se por alguns fatores: 
 
 a) Derrotou de vez os filisteus, banindo-os da vida dos israelitas (II Sm. 5:17-25). 
 b) Uniu, a partir de sua pessoa, as tribos do sul às tribos do norte, através de atos 
políticos e diplomáticos (por exemplo, a transferência da residência real para Jerusalém, cidade 
cananéia, que não pertencia nem às tribos do norte nem às tribos do sul – II Sm.5). 
 c) A ampliação dos domínios israelitas às terras da Transjordânia (Amom e Moabe, dos 
quais recolhia pesados impostos), e às terras dos arameus no norte (II Sm.8; 12:30), exercendo a 
soberania sobre toda a Palestina e Síria. Numa época em que as potências Egitoe Assíria 
enfrentavam uma queda em seus desenvolvimentos, o grande reino de Davi era a potência 
política mais forte de seu tempo. 
 
2.5.1.3 – SALOMÃO E A CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO ISRAELITA – Após a morte de Davi, em 
meio a intrigas na corte e por decisão do próprio Davi, assume o trono o seu filho Salomão. O 
período de seu governo caracterizou-se pela pompa, no estilo dos grandes reis orientais, por 
grande atividade em construções e no comércio, por um grande intercâmbio diplomático e pelos 
primeiros frutos de uma vida intelectual em Israel. Tudo isso leva uma boa parte dos estudiosos 
do Antigo Testamento a defender a idéia que em Salomão temos a consolidação de um estado 
em Israel. Apesar de todo o luxo do reinado de Salomão, havia a insatisfação popular por causa 
dos pesados impostos e das grandes diferenças sociais, em virtude da criação do sistema de 
intendências (I Rs. 4:7-19), uma forma de manutenção da corte a partir da arrecadação interna 
de impostos. A partir do período de Salomão, conquistas militares feitas por Davi foram perdidas 
em virtude das prioridades de governo do seu filho. Tem-se a partir daí um momento novo que 
irá desembocar na divisão do reino de Israel, tema que será estudado no próximo capítulo. 
 
 
2.5.2 – A MONARQUIA DIVIDIDA (932 A 586 a.C.) – Após a morte de Salomão, assumiu o trono o 
seu filho Roboão, o qual foi aclamado rei em Jerusalém, no Sul. Ao chegar em Siquém, no Norte, 
para ser aclamado rei de acordo com o costume, encontrou inclinação favorável desde que 
aceitasse uma política e afrouxamento nas imposições feitas por Salomão tais como: pagamento 
de pesados impostos (através da implantação do sistema de Intendências) e trabalhos forçados, 
os quais tornaram-se insuportáveis para a população. Como Roboão se recusou a atender ao 
clamor popular (II Cr. 10:10), houve um movimento civil nas dez tribos do Norte, o qual iniciou-se 
com o apedrejamento de Adorão, o enviado de Roboão para sujeitar os israelitas a submissão, 
indo até a escolha de Jeroboão como rei do Norte (I Rs. 11:26-32), aquele que tinha sido antes 
superintendente de Salomão nas tribos de Efraim e Manasses, nos trabalhos forçados. Jeroboão 
foi perseguido por Salomão por ter iniciado um movimento contra o rei, tendo fugido para o Egito, 
permanecendo lá até a morte de Salomão. A partir de então, passaram a existir dois reinos 
 17 
independentes: Norte (Israel) e Sul (Judá). A cisão do reino unido precisa de um estudo separado 
para melhor compreensão das escrituras. 
 
2.5.2.1 – REINO DO NORTE (ISRAEL) – 932 A 722 a.C. – Durante dois séculos, o reino do Norte 
foi governado por 19 reis, cujas características marcantes foram as seguintes: 
 
2.5.2.1.1 – Reintrodução do culto a Baal, deus dos cananeus, e de outras formas de idolatria em 
Israel. Jeroboão I (932 a 907 a.C.) coloca dois bezerros de ouro, símbolos de Baal, em Dã e Betel, 
elevando essas cidades a santuários (I Rs.12:26ss). 
 
2.5.2.1.2 – Estabelecimento de uma inimizade política com o reino do Sul (I Rs.14:30; 15:16), até 
em função dos limites territoriais dos dois reinos tendo na região de Benjamin pontos de conflitos. 
A exceção está no rei Omri (876 a.C.), o qual firmou relacionamento amistoso com Judá. 
Contudo, Omri e seu filho Acabe, são responsáveis pelo sincretismo entre a religião baalista e a 
religião javista, duramente condenado por Elias. 
 
2.5.2.1.3 – Período de agravamento das crises sociais com a concentração do poder econômico 
em uma classe superior (Jeroboão II - 787 a 747 a.C.). 
 
2.5.2.1.4 – Período de atividade dos profetas Elias (875 a 842 a.C.), Eliseu (842 a 795 a.C.), 
Jonas (785 a.C.?), Amós (760 a.C.), Oséias (750 a 722 a.C.). 
 
2.5.2.1.5 – Período de crises militares internas, com golpes feitos a partir de componentes 
insatisfeitos do exército. Por exemplo, Jéu (842), assumiu o trono através de uma revolução 
apoiada por grupos fiéis a Yehweh, e tentou fazer uma reforma religiosa no reino do Norte (II 
Rs.9), combatendo o sincretismo. 
 
2.5.2.1.6 – Período de enfraquecimento político e de alianças com povos estrangeiros, as quais 
incluíam não só o lado político, mas o lado religioso. 
 
2.5.2.1.7 – Período do surgimento e crescimento de potências do norte da Palestina. 
Primeiramente a Assíria, que tomou posse da Síria em 854 a.C., através da Batalha de Carcar. A 
partir de 740 houve a submissão do reino do Norte aos assírios em três fases: 
a) Cobrança de pesados impostos aos israelitas no período do rei Menaém (738 a.C.), 
conforme temos em II Rs.15:19ss. 
b) Desmembramento do estado de Israel-norte em 732, através da implantação de 3 
províncias dos assírios: Dor, Megido e Gileade (II Rs.15:29). Nessa época, o rei Oséias era uma 
espécie de “boneco” subserviente aos interesses assírios. 
c) Destruição de Samaria, capital de Israel, em 722 a.C, depois de um cerco de 3 anos. Os 
assírios imprimiram uma forte política de miscigenação racial, deportando israelitas da classe alta 
para Nínive e trazendo estrangeiros para habitarem no norte de Israel. Dessa mistura surgiriam, 
mais tarde, os samaritanos. Posteriormente, surgiria a Babilônia, a qual submeteria os próprios 
assírios e o reino do Sul, Judá. Ao contrário dos exilados de Judá na Babilônia, os deportados do 
norte foram espalhados e dispersos com o passar do tempo (II Rs.17:6), o que não permitiu o 
retorno dos mesmos para uma possível repatriação. 
 
 
2.5.2.2 – REINO DO SUL (JUDÁ) – 932 A 586 a.C. – Reino mais importante da narrativa bíblica, 
principalmente em virtude de sua ligação com Davi. As características mais evidentes desse reino 
são as seguintes: 
 
2.5.2.2.1 – Uma das características mais fortes deste reino é que ele manteve-se fiel à dinastia de 
Davi, ou seja, os seus reis foram sempre descendentes de Davi. 
 
 18 
2.5.2.2.2 – Digno de nota é o período do rei Ezequias, visto que o mesmo liderou uma 
conspiração contra Senaqueribe entre 701 e 700 a.C. Nesse período estavam ocorrendo diversas 
rebeliões contra o jugo assírio na Palestina e é provável que o levante acontecido em Asdode 
(filistia) entre 713 e 711 a.C. tenha influenciado Ezequias (Is.20). Conhecemos o livramento dado 
a Judá (II Rs.19:35-37), o que foi suficiente para evitar a destruição de Jerusalém, mas não para 
evitar a continuidade do domínio assírio com sua política de cobrança de pesados tributos, de 
acordo com Werner Schmidt (1994, p.31). 
 
2.5.2.2.3 – Outro momento importante foi o do rei Josias (639 a 609 a.C.), bisneto de Ezequias. 
Depois do triste legado de seu avô Manasses, Josias conseguiu reconquistar a autonomia política, 
resgatando parte do território do antigo reino do Norte (Israel), visto que nessa época o império 
assírio estava em franca queda (Em 612 a.C. Nínive foi destruída pelos babilônios). Além disso, 
empreendeu um movimento de reforma político-religiosa que culminou com a destruição de 
altares pagãos e a centralização do culto em Jerusalém baseadas no texto do Deuteronômio, 
encontrado no templo entre 622 e 621 a.C. (Hilquias, em II Rs.22). Josias morreu em 609 a.C. 
em combate contra o Faraó Neco, em Megido. Neco se dirigia para Nínive para tentar libertar os 
assírios do jugo caldeu. 
 
2.5.2.2.4 – Após a morte de Josias, Judá tornou-se vassala do neo-império caldeu, sob 
Nabucodonozor. O problema começou quando seu filho, rei Jeoiaquim (608 a 598 a.C. – 
Jeoiaquim substituiu a Jeoacaz, seu irmão, levado pelo faraó Neco para o Egito) tentou sustar o 
pagamento de impostos à Babilônia, gerando com isso o sítio de Jerusalém pelos caldeus e, em 
597 a.C., quando seu sucessor Joaquim, já era rei, a primeira deportação de judeus para a 
babilônia, sendo levada a classe alta de Jerusalém, incluindo a família real, artesãos e até alguns 
profetas, como Ezequiel. 
 
2.5.2.2.5 – Se nesse primeiro momento Jerusalém não foi destruída, ao assumir o trono, colocado 
por Nabucodonozor, Zedequias (597 a 587 a.C. - cujo nome era Matanias e foi mudado pelo rei 
caldeu), um tio de Joaquim, desconsiderou amensagem de não-resistência do profeta Jeremias, 
empreendeu um levante contra Babilônia, causando dessa vez, o segundo cerco e a destruição de 
Jerusalém em 586 a.C. Ocorre aí mais outra deportação de judeus para a Babilônia e um 
governador títere, Gedalias, é colocado no lugar do rei para dirigir os judaítas que ficaram. Mas 
sete meses depois foi assassinado por um grupo liderado por um tal Ismael (II Rs.25:22-30), que 
liderou fuga em massa para o Egito. Jeremias foi nesse grupo contra a sua vontade (Jr.43:1-7). 
Termina assim a monarquia davídica e a perda da autonomia política de Judá, que seguirá na 
história como província, primeiro dos babilônios (608 a 539 a.C.), depois dos persas (539 a 333 
a.C.), gregos (333 a 323 a.C.), ptolomeus-egípcios (301 a 198 a.C.) e selêucidas-sírios (198 a 163 
a.C), até o tempo dos macabeus, quando recuperará sua independência política por um período 
de aproximadamente 100 anos (163 a 63 a.C.), entrando depois na história do povo de Israel o 
domínio romano. 
 
2.5.2.2.6 – Período de atividade dos seguintes profetas: Joel (587 a.C.? 400 a.C.?), Isaías (740 a 
698 a.C.), Miquéias (730 a 700 a.C.), Naum (663 a.C? 612 a.C?), Sofonias (640 a 630 a.C.), 
Jeremias (627 a 586 a.C.), Habacuque (entre 608 e 598 a.C.), Obadias (entre 586 e 585 a.C.). 
 
2.5.2.2.7 – Período de fusão de duas importantes tradições que deram origem à boa parte do 
Pentatêuco (Gn.-Ex.): A Eloísta (oriunda do Norte), assim chamada porque nestas narrativas Deus 
sempre era conhecido pelo nome de “Elohim”; a Javista (oriunda do Sul), assim chamada porque 
em suas narrativas Deus era conhecido por “Yehweh”. Também, no reino do Sul, organiza-se o 
Deuteronômio e o conjunto das tradições sobre Josué, Juízes, Samuel e Reis. Sobre os 
documentos que deram origem ao Pentatêuco veremos na última unidade deste módulo. 
 
2.5.2.2.8 – Temos ainda a produção de grande parte dos Salmos e das pregações de Sofonias, 
Naum, Habacuque e Jeremias (produção escriturística conforme Jr.36). 
 
 19 
 
2.6 – O PERÍODO DO EXÍLIO BABILÔNICO (586-538 a.C.) 
 
 A catástrofe de 586 a.C. trouxe consigo uma conseqüência forte para a fé dos 
judeus. A destruição de Jerusalém e do seu santuário mergulhou os exilados na maior crise de fé 
que iria culminar, posteriormente, em mudanças consideráveis. É importante lembrar que, com a 
destruição de Jerusalém e a deportação dos judeus, o povo perdeu tudo o que constituía a base 
de sua cidadania e seu sentimento religioso: 
 a) A TERRA, sinal concreto da benção de Deus sobre o povo (A terra não era uma dádiva 
de Yehweh? - Dt. 4:1). 
b) O REI, mediador desta benção, garantia da unidade do povo e seu representante junto 
a Deus (Yehweh não havia assegurado duração eterna ao reino davídico na profecia de 
Natã? - II Sm. 7:16). 
c) O TEMPLO, lugar onde habitava o nome do Senhor (O templo de Jerusalém não era a 
residência de Deus? – I Rs. 8:13). 
d) A FÉ, herança das antigas promessas de Deus aos patriarcas (Marduque, o deus da 
Babilônia, era mais poderoso que Yehweh? – Sl.137:3; Is.14:12-14; Is.46:6-9) 
 
A partir da destruição de Jerusalém formam-se 3 comunidades judaicas distintas: a que ficou na 
cidade destruída, formada basicamente pela parte mais pobre da população; a que fugiu para o 
Egito depois do assassinato de Gedalias; a que foi deportada para a Babilônia pelo menos em 
duas levas (597 e 586 a.C.). As duas últimas comunidades constituem o judaísmo da dispersão ou 
diáspora. As características principais da comunidade judaica na Babilônia foram as seguintes: 
 
2.6.1 – Viviam, não na condição de escravos, mas como semi-livres. Moravam em colônias 
cercadas, situadas às margens do Rio Quebar (Ez. 1:1-3), em Tel-Abib (Ez. 3:15) e outros locais. 
Podiam se movimentar livremente, mas eram obrigados a executar determinados serviços por 
ordem dos babilônios. Tinham a possibilidade de construir casas, plantar pomares e constituir 
famílias (Jr. 29:5). 
 
2.6.2 – Tinham a liberdade para realizar reuniões (Ez. 33:30-33) e para instituir líderes religiosos 
(Ez. 8:1; 14:1; 20:1). É nesse período que se encontram as bases lógicas da sinagoga do Novo 
Testamento. Podemos dizer que tanto a característica do gueto citada no item anterior quanto a 
capacidade da comunidade judaica ser um grupo religioso dirigido por líderes, fez com que a sua 
identidade pudesse ser preservada para a posteridade e a consecução do plano divino na história. 
 
2.6.3 – Nesse momento surge o apelido “judeus”, atribuído pelos babilônios àqueles que vinham 
de Judá. É também o período em que os judeus começam a assimilação de uma nova língua, o 
aramaico, que será a língua falada pelo povo judeu inclusive no tempo de Jesus. 
 
2.6.4 – É o período de atuação de dois profetas: o sacerdote Ezequiel (593 a 571 a.C.) e um 
discípulo de Isaías de Jerusalém, cujo nome não sabemos, responsável pelas pregações 
constantes a partir do capítulo 40 do livro de Isaías, apelidado de “Deutero-Isaías” (550 a 540 
a.C.). 
 
2.6.5 – Época do surgimento de dois importantes documentos do Antigo Testamento: 
2.6.5.1 – Obra historiográfica deuteronomística, a qual abrange os livros de Josué, Juízes, I e II 
Samuel e I e II Reis. Trata-se de uma exposição dos caminhos de Israel desde a época de Moisés 
até o Exílio, numa postura nitidamente teológica. A tese central que conduz essa obra é a 
seguinte: “Toda a história de Israel resume-se numa história da fidelidade do Senhor e da 
infidelidade de Israel”. 
2.6.5.2 – Escrito Sacerdotal, o qual apresenta um diagrama da história salvífica desde a criação 
até o acontecimento do Sinai, através de material antigo (listas, rituais, genealogias, liturgias), 
numa linha histórica que segue CRIAÇÃO – NOÉ – ABRAÃO – MOISÉS. 
 
 20 
 
2.7 – O PERÍODO DA RESTAURAÇÃO (PERSA)– RETORNO DO EXÍLIO (538 A 333 a.C.) 
 
 Como já foi abordado em capítulos anteriores, a partir do nono século antes de 
Cristo, as chamadas “potências do Norte” estavam em ascensão. Primeiramente, A Assíria, 
chagando a conquistar Síria e Israel, reino no Norte, com a destruição de Samaria em 722 a.C.; 
depois, a Babilônia, chegando a conquistar Nínive e Judá, com a destruição de Jerusalém em 586 
a.C. Agora, um novo reino domina: o dos medo-persas, vizinhos dos babilônicos. Ciro (559 a 530 
a.C.), chamado de “ungido” em Is. 45:1 é o homem responsável e instrumento nas mãos de Deus 
para dar cumprimento à profecia de Jeremias (Jr. 29). Ciro subjugou a Ásia Menor através da 
vitória sobre Creso, rei da Lídia e, em 539 a.C., invadiu a Babilônia. Ao conquistar a Babilônia, ele 
estava também liberando os judeus para retornarem à sua pátria e reconstruírem os símbolos do 
seu passado: a cidade e o templo. Abaixo, algumas das principais características desse período: 
 
2.7.1 – O retorno do exílio foi gradual e em turmas. Temos o conhecimento de 3 turmas: 
 
a) A primeira, liderada por Zorobabel (538 a.C. – Esd.1-6). Parece que nesse momento foram 
lançados os alicerces do templo, mas os samaritanos do norte fizeram forte oposição, impedindo 
o intento. Nessa primeira turma voltaram 42.360 pessoas e 7.337 servos e servas (Mesquita, 
1974, p.252), conforme Esd.2:64-65. 
 
b) A segunda, liderada por Esdras (458 a.C. – Esd.7-10), encontrando Jerusalém num estado 
moral e espiritual dignos de censura. Esdras tem grande valor nesse momento. A ele são 
atribuídas a implantação do cumprimento rigoroso da Lei com a valorização da leitura pública da 
Torah, o que viria também a influenciar na formação do cânon. Nessa segunda turma retornaram 
cerca de 1.296 pessoas (Ibidem) 
 
c) A terceira, liderada por Neemias (445 a.C. – Ne.2:11), com o objetivo de reconstrução dos 
muros de Jerusalém, visto que as pessoas eram constantemente molestadas por invasores 
oportunistas. Além disso as condições morais e espirituais continuam péssimas e idênticas àquelas 
que levaram o povo ao exílio. 
 
2.7.2 – Atuou um profeta anônimo, discípulo de Isaías de Jerusalém, responsável pelo conteúdo 
dos capítulos 56 a 66, apelidadode Trito-Isaías (entre 538 e 520 a.C.). Atuaram também os 
profetas Ageu (520 a.C.), Zacarias (520 a 518 a.C.) e Malaquias (433 a 428 a.C.). 18 anos após o 
edito de Ciro, os dois primeiros exortaram os judeus à retomada da reconstrução do templo, cuja 
obra só foi concluída em 515 A.C. 
 
2.7.3 – Nesse período, ocorre a fixação da primeira coleção de livros do Antigo Testamento, ou 
seja, o Pentateuco, conhecido por “Torah” – LEI (Gn-Ex-Lv-Nm-Dt). 
 
2.7.4 – A característica mais marcante desta época é, sem dúvida, o grande impacto causado na 
religião judaica por conta de uma série de mudanças do pensar teológico, com a assimilação de 
doutrinas não exploradas no Antigo Testamento: Teologia do Bem e do Mal, anjos e demônios, 
céu e inferno, ressurreição; além disto, a influência sacerdotal leva a religião à ênfase na prática 
de rituais antigos: o “Shabat”, os jejuns, a circuncisão, as festas. Essa ênfase é apresentada 
através da obra historiográfica cronista, constituídas pelos livros de I e II Crônicas, Esdras e 
Neemias. Assim, pode-se falar na religião pós-exílica com o nome de “Judaísmo”. Esse é o período 
de transição para o Novo Testamento. 
 
2.7.5 – O período de dominação persa foi um período de tranqüilidade política para os judeus. O 
culto pode ser prestado sem impedimentos e Jerusalém ficou governada por sacerdotes, os quais 
passam a ter uma influência sem precedentes, do ponto de vista político-religioso. 
 
 
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III – INSTITUIÇÕES ISRAELITAS DO TEMPO DO ANTIGO TESTAMENTO 
 
 O estudo das estruturas do Antigo Testamento é de vital importância para o estudo 
da disciplina. Determinados textos podem ser resolvidos sem o intermédio da exegese, utilizando-
se apenas o conhecimento da cultura e das instituições desse tempo, quer sejam elas sociais, 
familiares, religiosas ou políticas. Do conhecimento dessas estruturas resulta um princípio 
hermenêutico: não se pode adotar determinadas práticas antigas sob o pretexto de serem bíblicas 
pelo simples fato de pertencerem ao texto bíblico, mas compreendê-las a partir de um contexto 
local de caráter transitório. A seguir, as principais instituições do tempo do Antigo Testamento. 
 
3.1 – INSTITUIÇÕES FAMILIARES 
 
3.1.1 – Família – A tribo formava a maior unidade sociológica em Israel, seguida pelo clã e, 
posteriormente, pela família, a menor unidade sociológica. A família israelita é do tipo patriarcal. 
Em torno do patriarca giram todas as decisões da família, inclusive a escolha da esposa para um 
filho. Em torno dele existe a submissão de irmãos mais novos, inclusive. Depois de sua morte, 
assume a liderança o filho mais velho, o qual, sob a égide do pai, dirigirá os destinos de toda a 
família, que preservará a memória do patriarca (Gn. 27:29). A expectativa em torno da família é 
uma prole, se possível, bem numerosa (Gn. 24:60; Sl. 127:3-5). A autoridade da mãe cresce de 
acordo com o número de filhos que ela tem; entretanto, se um homem morrer sem deixar filhos, 
o seu nome poderá ser redimido pelo seu irmão, o qual deverá casar-se com a viúva para 
suscitar-lhe descendência, ou seja, os filhos que nascerem dessa união serão considerados filhos 
do falecido. Quem se negasse a perpetuar o nome do irmão estaria sendo infiel não apenas com 
as relações de família mas sobretudo com o espírito de preservação da comunidade (Gn. 38). Esta 
é a lei do Levirato, conforme Dt. 25:5-10. 
 
3.1.2 – Matrimônio – No Oriente antigo, o matrimônio não era um assunto do direito civil ou do 
direito religioso, mas era um assunto puramente particular entre duas famílias, ou seja, entre o 
pai do noivo e o pai da noiva (Gn. 24:2-11; Jz. 14:2-4; Dt. 7:3). O amor ocorria “post factum” 
(Gn. 24:67). O pai do noivo pagava ao pai da noiva um dote por ela, a qual passava a partir de 
então para a situação de propriedade da família do noivo. Porém, existiam também os casos de 
amor espontâneo (Gn. 28:11, 20; I Sm. 18:20-22), sobretudo entre camponeses e pastores, onde 
os jovens se conheciam pelo trabalho diário (Rt. 2:7-9; Gn. 24:11-20; I Sm. 9:11). A idade para o 
casamento era para as moças, a partir de 13 anos (a partir da menarca), e para os rapazes, a 
partir dos 15 anos. A poligamia era aceita e geralmente ocorria em casos de homens mais ricos 
ou melhor situados financeiramente, uma vez que ter mais de uma mulher significava poder 
pagar mais dotes e, com isso, aumentar o patrimônio. Com relação ao divórcio, previsto na lei de 
Moisés, o direito de repudiar o cônjuge pertencia ao homem (Dt. 24:1). 
 
3.1.3 – A mulher israelita e os filhos – Como já foi colocado a situação da mulher com relação ao 
marido era de posse, mas isso não significava “escravidão”, uma vez que as famílias tinham 
servos para tais serviços. À mulher cabia a tarefa de lavar o rosto, as mãos e os pés do marido, 
além do respeito devido, por conta da própria estrutura patriarcal vigente em todo o Oriente 
antigo. Do ponto de vista bíblico, a situação da mulher perante o homem no Antigo Testamento 
tem duas vertentes: a primeira, chamada de “ideal”, está em Gênesis 2:18 (criação – mulher 
adjutora – ao lado do homem); a segunda, chamada “de fato”, está em Gênesis 3:16 (queda – 
mulher dominada – submissa ao homem). Da segunda, advém uma postura teológica vista desde 
os tempos antigos e difundida no rabinismo de que a mulher foi culpada por dar ouvidos à 
serpente e por seduzir o homem à queda. Assim, é comum localizar no livro de Provérbios textos 
que exaltam a mulher virtuosa, difícil de ser encontrada. Outro fato importante é que o ensino 
religioso não podia ser administrado às mulheres. Com relação à criança, no Antigo Testamento, a 
mesma é vista como um dom de Deus (Gn. 4:1; 16:3; 33:5), uma recompensa pela fidelidade a 
Deus (Sl. 127:3-5; 128:1-3). A educação dos filhos era feita no lar. Meninos e meninas eram 
educados pela mãe até uma idade próxima dos doze anos, quando os meninos viveriam sob a 
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orientação paterna. Sabe-se entretanto que as famílias ricas podiam confiar seus filhos a um 
educador especial, conforme II Rs. 10:1-5; I Cr. 27:32; Is. 49:23. 
 
3.1.4 – Herança – No Antigo Testamento, o direito de herança consistia nos bens móveis e 
imóveis do patriarca. Os herdeiros diretos eram os filhos masculinos, sendo o mais velho o 
ganhador da maior parte dos bens, conforme Dt. 21:15-17. O pai não poderia transferir o direito 
do primogênito para um outro filho (às vezes ocorria – Gn. 49:3 e I Rs. 1:13). Caso não houvesse 
descendentes masculinos, a herança iria pra as filhas (Nm. 27:1-11) e, na ausência de uns e de 
outros, passaria para os irmãos do falecido. Um deles se casaria com a viúva para suscitar 
descendência ao irmão falecido. Essas leis faziam com que a propriedade privada permanecesse 
sempre no clã. 
 
3.1.5 – Escravos - Na Torah era proibida a escravidão no meio do povo hebreu (Lv 25:42). Os 
únicos casos de servidão – radicalmente distinto de qualquer modelo das culturas pagãs – eram 
de punições de criminosos que deveriam restituir o roubo com serviço (Ex 22:3), e de pobreza, 
quando as pessoas buscavam sustento trabalhando para outras, (Lv.25:39; Ex 21:7). Deve-se 
salientar também que os hebreus escravos, por motivo de crime ou pobreza, só podiam servir aos 
seus senhores por seis anos, sendo compulsoriamente libertados. Mesmo no caso dos pobres, a 
opção de se tornarem servos era deles, a fim de que não morressem de fome. Na verdade, o 
princípio da escravidão entre hebreus, nada mais era do que ser tratado exatamente como um 
trabalhador livre, um empregado pago (Lv 25:39-40). A Bíblia distingue entre escravo hebreu e 
escravo estrangeiro. O último podia ser escravo durante toda a vida, mas o escravo hebreu devia, 
por exemplo, ser libertado no ano sabático, ou seja, a cada 7 anos (Lv.25:40). No que concerne 
aos escravos vindo do mundo pagão, a lei permitia aos hebreus que comprassem tais escravos 
(Lv 25:44), não para a servidão e opressão, mas como um meio de livrá-los do terrível sofrimento 
imposto pelas culturas pagãs de

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