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- -1 GESTÃO SOCIAL RELAÇÕES ENTRE GESTÃO SOCIAL E GESTÃO EMPRESARIAL - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Conhecer ao Plano de Ensino da disciplina, tendo uma visão geral do curso e a lógica que orienta sua estrutura; 2. aprender como o assunto da Gestão Social teve início no mundo corporativo, por meio da Responsabilidade Social Corporativa (RSC); 3. compreender que a RSC constitui uma prática que as empresas devem aderir por força das exigências de um consumidor mais consciente e um mercado marcado pela forte concorrência; 4. entender que as empresas precisam a ir além da maximização do lucro para os seus sócios e acionistas e passar a agregar valor superior para todos que giram em torno de suas atividades. Para iniciarmos o estudo sobre Gestão Social, precisamos entender como esse assunto teve início no mundo corporativo. O ponto de partida, sem dúvida, foi a preocupação das empresas com os assuntos que iam além das ações destinadas a se conseguir a maximização do lucro, de forma a dar o máximo retorno para os seus acionistas ou proprietários, mas envolviam ter políticas de ação claramente definidas em sua Gestão Empresarial, como a adoção da Responsabilidade Social Corporativa e a relação da empresa com outros atores ( ) questakeholders participam igualmente da geração de valor da empresa destinado ao mercado e à sociedade. 1 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) Segundo o Livro Verde da Comissão Europeia (2001), a responsabilidade social é um conceito, segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. Com base nesse pressuposto, a gestão das empresas não pode, e/ou não deve, ser norteada apenas para o cumprimento de interesses dos proprietários das mesmas, mas também pelos de outros detentores de interesses. Veja alguns exemplos. Os trabalhadores, as comunidades locais, os clientes, os fornecedores, as autoridades públicas, osEXEMPLO: concorrentes e a sociedade em geral (os stakeholders, objeto da aula 2). Na verdade, o conceito de responsabilidade social deve ser entendido em dois níveis. - -3 O nível interno relaciona-se com os colaboradores e, mais genericamente, a todas as partesNível interno: interessadas afetadas pela empresa e que, por seu turno, podem influenciar no alcance de seus resultados: clientes e fornecedores. Nível externo: O nível externo tem em conta as consequências das ações de uma organização sobre os demais atores externos, como o meio ambiente, a comunidade, os sindicatos e o governo. No contexto da globalização e de mutação industrial em larga escala, emergiram novas preocupações e expectativas dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores. Os indivíduos e as instituições, como consumidores e/ou como investidores, adotam progressivamente critérios sociais nas suas decisões. Atualmente, os consumidores recorrem aos rótulos sociais e ecológicos para tomarem decisões de compra de produtos. Os danos causados ao ambiente por parte das atividade econômicas têm gerado preocupações crescentes entre os cidadãos e diversas entidades coletivas, pressionando as empresas para a observância de requisitos ambientais e exigindo a entidades reguladoras, legislativas e governamentais a produção de quadros legais apropriados e a vigilância da sua aplicação. As marés negras e fugas radioativas são dois exemplos de danos causados ao meio ambiente que sãoEXEMPLO: proveniente de atividades econômicas. Os meios de comunicação social e as modernas tecnologias da informação e da comunicação têm sujeitado a atividade empresarial e econômica a uma maior transparência. Daqui tem resultado um conhecimento mais rápido e mais profundo das ações empresariais – tanto as socialmente irresponsáveis (nefastas) como as que representam bons exemplos (e que, por isso, são passíveis de imitação) - com consequências notáveis na reputação e na imagem das empresas. O entendimento da relação complexa que existe entre empresas e sociedades, incluindo comunidade, empregados, governo e outras empresas, concerne ao estudo da responsabilidade social das empresas. Cada vez mais se percebe empresas privadas procurando atuar como agentes de desenvolvimento. Além de vender bens e serviços, preocupam-se em mostrar responsabilidade pelo contexto social e ambiental em que realizam suas atividades, mantendo um bom relacionamento com os seus stakeholders. Contudo, a questão da Responsabilidade Social Empresarial como vemos hoje é tema recente, polêmico e dinâmico, envolvendo desde a geração de lucros pelos empresários, em visão bastante simplificada, até a implementação de ações sociais no plano de negócios das companhias, em contexto abrangente e complexo. - -4 A ideia de que as atividades empresariais afetam com suas práticas de negócios um número maior de interessados ficou evidenciada com a repercussão dos efeitos da Grande Depressão Americana dos anos 30, considerada a primeira crise econômica do sistema capitalista. A segunda crise ocorreu mais recentemente, em 2008, com o estouro da “bolha imobiliária” no mercado americano e que foi a responsável pela crise das economias de vários países da zona do Euro, entre eles: a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. Historicamente, a primeira abordagem referente à Responsabilidade Social das grandes empresas que se tem registro, foi em 1899, quando o empresário A. Camigie, fundador do conglomerado U.S. Stell Corporation, um gigante mundial do aço, resolver aderir às práticas de Responsabilidade Social através do princípio da caridade e da custódia. Na verdade, para os valores protestantes que orientava a formação religiosa dos EUA, o princípio da caridade instituía uma obrigação aos mais abastados, no sentido de contribuir financeiramente com os menos favorecidos da sociedade, como idosos, desempregados e inválidos, enquanto o princípio da custódia, instituía a ideia de as empresas e ricos multiplicarem a riqueza da sociedade. Em 1919, a questão da ética, da responsabilidade e da discricionariedade dos dirigentes de empresas abertas veio a público com o julgamento do caso Dodge versus Ford, nos EUA, que tratava da competência de Henry Ford, presidente a acionista majoritário da empresa para tomar decisões que contrariavam interesses dos acionistas John e Horace Dodge. Conforme Ashley (2002), “[...] a Suprema Corte de Michigan foi favorável aos Dodges, justificando que a corporação existe para o benefício de seus acionistas e que diretores corporativos têm livre-arbítrio apenas quanto aos meios para alcançar tal fim, não podendo usar os lucros para outros objetivos”. Foi somente nos anos 50 e 60 que começou a se repensar a ideia da Responsabilidade Social vigente e expandir seus horizontes nos Estados Unidos, a partir da guerra do Vietnã. Nesta época, a sociedade repudiou a utilização de armamentos bélicos produzidos por empresas norte- americanas, prejudiciais ao meio ambiente e ao homem. Saiba mais Na verdade, tanto o princípio da caridade, como o da custódia, eram considerados iniciativas assistencialistas e paternalistas, pois a obrigação restringia-se apenas a proprietários e administradores e não propriamente as empresas. - -5 Como efeito, uma nova concepção de Responsabilidade Social emergiu e pautou-se pelo reflexo dos objetivos e valores sociais. Houve o entendimento de que as companhias estão inseridas em ambiente complexo, onde suas atividades influenciam ou têm impacto sobre diversos agentes sociais, comunidade e sociedade. A nova moral das empresas passou por uma mudança, havendo um limite para o que produziam e vendiam, criando um novo paradigma da Responsabilidade Social pós-guerra do Vietnã. Porém, nesta época, a Responsabilidade Social encontrou muitas barreiras, através da figura dos fundamentalistas, que apoiavam a ideia de que as empresas devem somente realizar atividades que visam ao lucro dos acionistas. Elesdiziam que qualquer desvirtuamento desta finalidade acabaria gerando impacto sobre os consumidores e, consequentemente, sobre a sociedade. Na sociedade pós-capitalista, o conceito de Responsabilidade Social se amplia, instituindo uma nova visão que vai além da obrigação com os acionistas e passa também incluir outros grupos constituídos na sociedade. Assim como afirma Peter Druker, considerado um dos pilares do estudo da administração: “a empresa deve assumir responsabilidade por eventuais impactos causados para tudo e todos”. Porém, preocupar-se com a maximização do retorno aos acionistas, a razão de ser da empresa deve ser a maximização do bem-estar social. A continuidade da empresa, no longo prazo, passa a depender da capacidade da administração no atendimento aos anseios da sociedade, incluindo as expectativas de outros agentes, além de empregados, acionistas e governo, em seu plano de negócios. Nesse sentido, vários autores concordam ao afirmar que todas as tendências provenientes de movimentos da sociedade civil, governos e empresas, conduziram a um aumento da responsabilidade social para outras dimensões, passando a incorporar as questões abaixo: - -6 Direcionando-o para aquilo que todos já conhecem como uma visão mais total e ampla, como propõe a Sustentabilidade. Portanto, as visões de responsabilidade social corporativa são inúmeras. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • A tomada de decisão sobre alocação de recursos organizacionais. Devem ser considerados os efeitos que essa alocação causará sobre os grupos de interesse; • sobre a relação entre a teoria dos stakeholders e a Responsabilidade Social Corporativa (RSC), pois o conhecimento da primeira é fundamental para entender a abrangência que a segunda vem tomando nas últimas décadas; • as duas correntes de pensamento que tratam da inter-relação da teoria dos stakeholders com a RSC, além de uma abordagem alternativa que vê o tema sob três óticas; • das duas visões da atividade empresarial. A visão clássica que vê a empresa de maneira tradicional, como simples produtora de bens e serviços. E a visão contemporânea que concebe a empresa como uma geradora de bem-estar social. • • • • - -7 CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Entender como o tema da Gestão Social teve início no mundo corporativo, por meio da Responsabilidade Social Corporativa (RSC); • compreender que a RSC constitui uma prática que as empresas devem aderir por força das exigências de um consumidor mais consciente e um mercado marcado pela forte concorrência (as duas correntes de interpretação da Economia do Meio Ambiente); • ampliar o seu entendimento de que as empresas precisam a ir além da maximização do lucro para os seus sócios e acionistas e passar contribuir para a maximização do bem-estar social. • • • Olá! 1 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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