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Compreendendo os significados dos termos lei, diretrizes, bases e a estrutura de ensin A Constituição Federal de 1988 assegura, a todos os cidadãos, enquanto garantia fundamental, a educação como um direito social. Ao longo desta aula, discorreremos sobre os aspectos desse direito e sua importância, apresentando as estruturas e competências relativas à organização da educação em nosso país. A educação e a Constituição Federal Brasileira A Constituição Federal de 1988 foi elaborada com intensa participação democrática e popular. É resultado da interlocução de políticos, sociedade civil e movimentos sociais. Essa ampla participação promoveu a garantia de diversos direitos socias, entre eles a educação. No artigo 205 da Constituição Federal de 1988 encontramos: art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Grifamos.) A Constituição Federal de 1988, norma máxima de nosso país, aborda a educação como um direito de todos, que deve ser suprido pelo Estado e pela família, sendo que a sociedade também tem o papel de incentivar o cumprimento desse dever, colaborando para que os jovens estejam nas escolas, tenham acesso à cultura etc. Art. 6º: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Figura 1: Constituição Federal Atualmente, a educação realizada em casa, sob a supervisão dos pais e/ou responsáveis – atitude a que assistimos em outros países – é pauta de alguns debates no espaço público. Dê uma olhada no texto da LDB, disponível no site do Planalto: e reflita sobre a necessidade – ou não – de regulamentação desse formato. No início do seu texto, a Constituição aborda ser a educação um direito social (art. 6º) e, em diversos artigos (a palavra “educação” aparece 59 vezes no texto constitucional), aborda outros aspectos, como a gratuidade do ensino e a qualidade da educação. De acordo com a Constituição Federal de 1988, não adianta apenas oferecer vaga nas escolas, esse serviço deve(ria) ser garantido como um ensino gratuito e de qualidade. A Constituição Federal de 1988 também determina que o aluno deve ter condições de acesso e permanência na escola. Ou seja: há que se levar em consideração o meio em que o educando está inserido, promovendo práticas pedagógicas que estimulem esse aluno a permanecer na escola. Neste momento, alunos, cabe refletirmos: será que nossas escolas estão preparadas para se tornarem um ambiente no qual o aluno se sinta parte e tenha prazer em frequentar? Que mudanças/ações seriam necessárias para que a aluno se sinta pertencente ao ambiente escolar? “Abrir” a escola para que a comunidade escolar possa fazer parte da proposta pedagógica e das decisões da escola pode auxiliar a contornar essa situação? Quanto ao Estado, ele precisa desenhar e implementar políticas públicas para contribuir para a retenção desse aluno no ambiente escolar, considerando, entre outros, a oferta de transporte público, de ensino em turnos contrários e no regime integral, além de material e organização curricular adequados às condições do estudante. Em busca de enfrentar esses desafios, e visando diminuir a evasão escolar, as escolas controlam a permanência dos alunos. Quando o aluno começa a ter faltas excessivas, a escola comunica aos pais e, caso o problema persista, o Conselho Tutelar é acionado para tomar as medidas cabíveis por lei. Artigo “Das Políticas de Acesso e Permanência na Escola ao Direito à Educação Básica de Qualidade Social: Avanço Possível”. Disponível em:. Acessado em 29 de abril de 2019. No Brasil, a garantia constitucional de acesso universal à escola é uma grande conquista, visto que na nossa história o acesso ao ensino era privilégio de uma pequena parcela da população. Entretanto, tal garantia não é sinônimo de matrículas e frequências. Temos observado que não é 100% das crianças que frequentam a escola, e que a conclusão da Educação Básica e o acesso ao Ensino Superior ainda representam grandes desafios. A oferta do ensino é realizada em instituições públicas e privadas que, independentemente da sua estrutura, devem obedecer aos princípios previstos na lei (a serem analisados mais à frente, no ponto 2). Dessa forma, compreendemos que as instituições privadas devem seguir os mesmos preceitos da lei que as instituições públicas. A Constituição Federal de 1988 determina que criança, jovem e adolescente têm direito, entre outros, à vida, à alimentação, à educação e ao lazer, conforme observamos no artigo 227: art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá- los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu artigo 53, reforça as determinações constitucionais ao ratificar que a educação é um direito da criança e adolescente. art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento da sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes: I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – Direito de ser respeitado por seus educadores; III – Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV – Direito de organização e participação em entidades estudantis; V – Acesso à escola pública e gratuita próxima a sua residência. Figura 2: Crianças na escola. O ECA é importante pois assegura os direitos das crianças e dos adolescentes presentes na Constituição, dessa forma, busca-se garantir que os direitos sejam respeitados. O Estatuto pode ser lido na íntegra em. É importante que o educador o conheça minimamente. O ECA classifica um sujeito com até 12 anos incompletos como criança, e entre 12 e 18 anos incompletos como adolescentes. Essa classificação permite que se apliquem medidas cabíveis em caso de descumprimento da lei pela criança ou adolescente, conforme demonstramos abaixo: Advertência (art. 115 do ECA): É uma repreensão judicial, que visa sensibilizar e esclarecer ao adolescente as consequências de uma reincidência infracional. Obrigação de reparar o dano (art. 116 do ECA): O ressarcimento, por parte do jovem, do dano ou prejuízo econômico causado à vítima. Prestação de serviços à comunidade (art. 117 do ECA): Realização de tarefas gratuitas à comunidade no período de seis meses, durante oito horas semanais. Liberdade assistida (art. 118 do ECA): Acompanhamento, auxílio e orientação do jovem em conflito com a lei por equipes multidisciplinares no período mínimo de seis meses. Semiliberdade (art. 120 do ECA): Restrição de liberdade do jovem, que poderá permanecer com a família aos finais de semana. Internação (arts. 121 e 125 do ECA): A internação pode ser em caráter provisório ou definitivo Revista Eca. Disponível em. Acessado em 29 de abril de 2019. Analisando os artigos 60 e 227 da Constituição Federal de 1988, fica clara a inexistência – no texto constitucional –, de uma fórmula para que os direitos ali postos sejam efetivados. Faz-se, assim, necessária a criação de estatutos, diretrizes e bases para desenvolvimento de um plano nacional com a união de diversos setores da sociedade civil,a fim de promover um diagnóstico da realidade educacional e estratégias que ampliem o acesso, a permanência e a construção de um processo ensino-aprendizado significativo ao educando. E é desse contexto que emerge a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996. Analisando os princípios e fins da educação nacional – artigos 2º e 3º da Lei 9.394/1996 Nesta aula analisaremos e refletiremos sobre os artigos 2º e 3º da LDB (Lei 9.394/1996), identificado quem são os responsáveis pela educação e quais os princípios que norteiam a educação brasileira. Princípios e fins da educação brasileira A LDB foi promulgada em 20 de dezembro de 1996, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). É uma lei que regulamenta o sistema educacional público e privado no Brasil, da Educação Básica ao Ensino Superior. A LDB estabelece deveres dos Estados, do DF e dos municípios para a efetivação do direito à educação; os princípios da educação; e as responsabilidades entre os municípios, Estados e o Distrito Federal, reafirmando o direito à educação garantido pela Constituição Federal e abordado no ECA. “20 anos da LDB: como a lei mudou a Educação”. Disponível em: . A partir da LDB, a escolarização passou a ter um espaço importante no debate sobre a educação brasileira, tornando o Ensino Básico pauta na política nacional e desencadeando algumas políticas públicas, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Referenciais Curriculares Nacionais (RCN), Política de Financiamento da Educação Básica (Fundeb), Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), políticas essas que estudaremos no decorrer do curso. LDB atualizada. Disponível em A LDB estrutura a Educação Básica por etapas e modalidades de ensino: Tabela 1: Etapas de ensino da Educação Básica. Modalidades de Ensino da Educação Básica: Educação Regular Educação de Pessoas com Necessidades Especiais Educação de Jovens e Adultos; Educação Escolar Indígena Educação Profissional e Tecnológica; Educação a Distância; Educação do Campo Figura 3: Estudante indígena. A Lei 9.394/1994 representou uma evolução pelo fato de incluir as crianças de zero a cinco anos no processo educativo, algo que antes não acontecia, vez que se acreditava que essas crianças deveriam ser assistidas pela área de assistência social. A LDB reforça determinações da Constituição Federal de 1988 e do art. 2º do ECA: art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O artigo ressalta o dever da família e do Estado em relação à educação. Devemos compreender que a família em conjunto com o Estado são os principais responsáveis pelo processo educacional, sendo o papel da escola e dos professores complementar a ação da família, não o contrário. Percebemos, em nossas escolas, que muitos pais e responsáveis transferem para os educadores toda a responsabilidade em relação à educação das crianças. No entanto, conforme estudamos, a lei é clara ao determinar que essa responsabilidade deve ser compartilhada. De que forma podemos modificar esse cenário? Observamos também que a educação deve favorecer a liberdade do educando, desenvolvendo seu lado crítico, proporcionando uma formação adequada, para que, além de o aluno se inserir no mercado de trabalho, ele possa ser agente de transformação dentro da sua sociedade. Dessa forma, entendemos que uma educação de qualidade não deve ser focada apenas em conteúdo, mas em práticas que promovam o senso crítico e a reflexão desse aluno frente aos seus problemas sociais, para que ele possa contribuir e realizar mudanças visando à melhoria da sociedade. Nos incisos do artigo 3º da LDB, estão dispostos os princípios que devem ser garantidos na educação: art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. De acordo com o inciso 1º do art. 3 da LDB, todos devem ter condições de acesso e permanência na escola, ou seja, independentemente da classe social, todas as pessoas têm direito a uma educação de qualidade. Importante ressaltar que a lei trata de condições de acesso, e não de igualdade de direito de acesso. Desse modo, compreendemos que a escola deve oferecer equidade de condições de acesso, levando em consideração as particularidades e necessidades do educando. A escola só terá condições de garantir ensino de qualidade para todos, se levar em consideração as condições iniciais desses educandos, contribuindo para que as diferenças sejam supridas e todos alcancem os mesmos objetivos. “Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença”. Disponível em Figura 4: Direito da Educação educação tem o dever de desenvolver cidadãos críticos, livres e tolerantes, capazes de compreender a realidade que os cerca, e contribuir com a sociedade na qual está inserida. A escola deve promover práticas pedagógicas que valorizem as experiências extraescolares, promovendo o interesse e despertando um aprendizado significativo dos alunos. Paulo Freire dizia que não podemos considerar o aluno uma tábua rasa, vazia e sem conteúdo. Nós, enquanto educadores, precisamos criar práticas pedagógicas que levem em consideração as experiências trazidas pelos alunos para o contexto escolar, tornando a educação mais significativa e prazerosa ao educando, enquanto a gestão da escola deve ser realizada de forma democrática, com a participação de toda a comunidade escolar. A Lei 9.394/1996 ressalta a importância da valorização dos profissionais que atuam na educação, para que isso possa refletir em uma educação de qualidade. Nos nossos estudos, pudemos observar a importância da LDB para a educação brasileira, pois as práticas pedagógicas passaram a ser estruturadas buscando promover uma educação de qualidade. A igualdade de acesso à educação é importante e foi uma grande conquista, pois, tempos atrás, o ensino era apenas para uma pequena parcela da população, a classe minoritária não tinha acesso à escola. Atualmente, todos passaram a ter o direito ao acesso à escola, e a LDB veio para assegurar as condições de ensino promovendo um ensino de qualidade, buscando a formação integral do aluno. Entrevista Gestão Democrática na Escola. Disponível em: Identificando os aspectos do sistema escolar brasileiro e a administração do sistema nacional de ensino Nesta aula estudaremos o sistema escolar brasileiro, sua composição e seu funcionamento, conhecendo o debate que existe sobre o assunto no âmbito acadêmico. Convido você, aluno, a realizar esse estudo e refletir sobre os caminhos que a educação brasileira ainda necessita trilhar, na busca de oferecer um serviço de qualidade e significativo para o educando. Bons estudos! Sistema escolar brasileiro A história do sistema educacional brasileirofoi marcada por seu caráter excludente, que favorecia a minoria permitindo o acesso à educação apenas para a elite. A implantação da LDB garantiu mudanças e reorientação do sistema educativo, possibilitando o acesso de todos a uma educação de qualidade; esse amplo acesso à educação necessitou reestruturar um sistema escolar, que permitisse que a escola fosse de fato acessível a todos. O Brasil é constituído por desigualdades econômicas e sociais, e quando se pretende reestruturar a educação deve-se levar em consideração essa complexidade, para que se possa atingir uma educação universal e democrática. Conforme corrobora: A compreensão do sistema educacional brasileiro exige que não se perca de vista a totalidade social da qual o sistema educativo faz parte. (Saviani, 1987, p. 48) De acordo com Saviani, a educação deve estar voltada para além dos livros, tendo como foco a sociedade em que esse educando está inserido. O sistema educacional brasileiro apresenta falhas na qualidade do que está sendo ministrado, percebemos que muitas das propostas para a educação não ocorrem no interior da escola. As propostas para a educação devem ser planejadas para atender o interesse da sociedade, de forma que seja possível o seu cumprimento para que realmente atinja seus objetivos. Percebemos que o nosso sistema educacional apresentou mudanças, mas ainda precisa evoluir, proporcionando o desenvolvimento de estudantes críticos e que possam contribuir para a sociedade de que fazem parte, provendo o desenvolvimento emocional, cultural e social. “Desafios da Construção de um Sistema Nacional Articulado de Educação”. Disponível em Estrutura do sistema escolar brasileiro O sistema brasileiro de ensino é dividido de acordo com dois níveis, conforme o art. 21 da LDB: Educação Básica: composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio; Ensino Superior: composto pelos cursos de graduação, programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização e pós-graduação. Segundo a Constituição de 1988 e a LDB, a educação brasileira é composta por sistemas de ensino que serão organizados de modo colaborativo entre a União, os Estados e o Distrito Federal, no Brasil encontramos problemas na articulação entre esses órgãos em relação à organização do sistema, refletindo em problemas na educação. Sabemos que cada órgão é responsável por uma área do ensino, no entanto a responsabilidade deve ser pensada levando em conta o bem-estar do educando, e não apenas no que tange à responsabilidade do órgão, devendo esses órgãos estabelecer parcerias para que de fato esse aluno seja tenha sua necessidade atendido. O sistema federal é composto pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), algumas de suas atribuições são: 1. Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal; 2. Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados e municípios; 3. Assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no Ensino Fundamental, Médio e Superior, em colaboração com os sistemas de ensino, definindo prioridades e a melhoria da qualidade; 4. Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior. O sistema estadual é constituído pela Secretaria de Educação (SEE), Conselho Estadual de Educação (CEE), Delegacia Regional de Educação (DRE) ou Subsecretaria de Educação; algumas de suas responsabilidades são: 1. Organizar, manter e desenvolver os órgãos do seu sistema de ensino; 2. Assegurar o Ensino Fundamental e oferecer o Ensino Médio com prioridade; 3. Assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. O sistema municipal é formado pela Secretaria Municipal de Educação (SME) e o Conselho Municipal de Educação (CME), algumas de suas atribuições são: 1. Oferecer a Educação Infantil em creches e préescolas, e com prioridade, o Ensino Fundamental, atuar atendendo a outras áreas apenas quando tiver sanado suas necessidades na totalidade; 2. Assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. Segundo Saviani (2010), o Brasil não tem um sistema de educação, e sim uma estrutura educacional, pois, para ter um sistema, teria que desenvolver um profundo conhecimento da realidade e das dificuldades de cada região do país, porém, devido às diferenças de cada região brasileira e em termos econômicos e culturais, isso se torna difícil. Além disso, deve ter conhecimento da realidade das estruturas e dos recursos disponíveis, bem como do capital humano acessível para implementar políticas públicas que visem equalizar as diversas regiões diante das suas diferenças. A educação brasileira deve compartilhar todo o conhecimento teórico sobre a educação, não apenas diretrizes ou currículos, mas conhecimentos que possam ser compartilhados com diferentes regiões independentemente das distâncias física ou econômica. Saviani (2010) acredita que até hoje o Brasil construiu uma estrutura educacional marcada por leis e programas, como a Constituição Federal e a LDB, mas ainda não foi desenvolvida uma unidade educacional que buscasse a garantia de direito de oportunidades, e não apenas de igualdade. O direito de oportunidade será efetivado quando se desenvolver um sistema educacional que busque reconhecer as diferenças de cada educando e, diante dessa diferença, promova uma educação de qualidade para todos. Conselhos de Educação no Brasil Os Conselhos de Educação no Brasil exercem a função de organização e planejamento, e são divididos de acordo com a dependência político- administrativa: Conselho Nacional de Educação (CNE) Foi criado em 24 de dezembro de 1995 por meio da Lei 9.131, e é constituído pela Câmara de Educação Básica e a Câmara de Educação Superior; é composto por 24 membros, sendo 12 indicados por associações científicas e profissionais, e os outros nomeados pelo presidente da República. O CNE atua auxiliando o Ministério da Educação, sendo uma forma de participação da sociedade nos processos decisórios da educação brasileira. Conselho Estadual de Educação O Conselho Estadual de Educação atua no sistema de ensino estadual. Dentre as suas atribuições está manter o intercâmbio com o CNE e com os demais Conselhos Estaduais e Municipais de educação, tendo como objetivo atingir os resultados planejados. Conselho Municipal de Educação O Conselho Municipal de Educação é composto por representantes das instituições educacionais, sociedade e da Câmara de Vereadores dos municípios. Essa composição visa à participação de diversos segmentos da sociedade nos processos de políticas públicas relacionadas à educação. A principal finalidade do Conselho Municipal é a criação dos planos municipal de educação bem como a fiscalização, avaliação e o acompanhamento da execução desses planos. Diretrizes Curriculares Nacionais As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) são normas discutidas e fixadas pelo CNE que orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino da Educação Básica. Segundo a definição do CNE: Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas. (BRASIL, 1998) “A era das diretrizes: a disputa pelo projeto de educação dos mais pobres”. Disponível em A origem das DCNs está na Lei 9.384/1996, quando trata ser a finalidade da União estabelecer diretrizes que nortearão os currículos da Educação Básica. art.8º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. (BRASIL, 1996) A criação dessas diretrizes é importante por conta da necessidade de criação de políticas educacionais, que garantam o direito de todo brasileiro ter acesso a uma formação humana e cidadã dentro do ambiente escolar, conforme a Lei 9.394/1996. Observemos os objetivos das Diretrizes: I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, execução e avaliação do projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica; III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de profissionais – docentes, técnicos, funcionários – da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam. Com isso compreendemos que as DCNs são leis que regulamentam a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996). Nestas constam os objetivos e as metas para a educação, permitindo que cada instituição de ensino tenha sua autonomia incentivando a criação de currículos de acordo com as competências elencadas nas diretrizes. As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Educação Básica estabelecem bases para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, pelas quais os sistemas federais, estaduais e municipais se orientarão para promover um currículo integralizado. Segundo o CNE, as DCNs buscam ser uma referência curricular para que todo cidadão possa gozar de conhecimentos cientificamente elaborados e historicamente construídos. Para isso as DCNs estabelecem princípios norteadores para a escola desenvolver suas ações pedagógicas, são eles: 1. Princípios éticos: autonomia, responsabilidade e respeito; 2. Princípios políticos: direito e cidadania; 3. Estético: criatividade, sensibilidade e variadas formas artísticas. A educação brasileira é composta por modalidades e cada uma tem sua diretriz estabelecida. Após as DCNs, foram elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e os Referenciais Curriculares Nacionais (RCN); esses documentos abordam o currículo indicado pelas DCNs. As Diretrizes Curriculares para Educação Infantil constam da Resolução n. 5, de 17 de dezembro de 2009, que apresenta a orientação pedagógica para a educação infantil. A organização curricular brasileira visa garantir a Constituição Federal, promovendo educação de qualidade para todos. Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil Em 1998, visando atender as questões da Lei 9.394/1996, foram criados os Referenciais Curriculares Nacionais (RCNEI), com o objetivo de apontar metas de qualidade e ressaltar o desenvolvimento integral da criança, reconhecendo os direitos e deveres dos alunos dessa faixa etária. O RCNEI foi desenvolvido por meio da mobilização social num amplo debate nacional, e visa sedimentar os direitos da Constituição Federal de 1988 superando o caráter assistencialista para as crianças. O RCNEI tem o objetivo de ser um guia de orientações pedagógicas aos profissionais de Educação Infantil. Esse documento é constituído por três volumes. O volume 1, Introdução, apresenta uma reflexão sobre creches e pré-escolas, trazendo uma concepção sobre criança, educação, instituição e educador. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol. 1. Disponível em: O volume 2, Formação Pessoal e Social, trabalha-se a autonomia e a construção de identidade da criança. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol. 2. Disponível em: O volume 3, Conhecimento do Mundo, aborda a importância das experiências e o conhecimento que a criança tem do mundo, a construção de linguagens e suas relações. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol. 3. Disponível em: Parâmetros Curriculares Nacionais Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) referemse às séries iniciais do Ensino Fundamental e visam auxiliar o trabalho pedagógico de modo que as crianças desenvolvam os conhecimentos formais de que necessitam para se tornarem cidadãos plenos. Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em A aprovação dos PCN foi realizada pelo MEC com o objetivo de desenvolver metas de qualidade e objetivos que visem à formação de cidadãos participativos na sociedade que reconhecem seus direitos e deveres. Em 2017 surge a Base Nacional Comum Curriculares (BNCC), que visa, de modo geral, definir o que deve ser ensinado para cada estudante em cada ano de estudo da Educação Infantil até o Ensino Médio A partir da implementação da BNCC, o Brasil passa a ter uma referência curricular nacional obrigatória, na qual as escolas deverão se apoiar para desenvolver seus currículos. Segundo o documento, os currículos devem ser elaborados, respeitando a diversidade, particularidades e o contexto em que a escola está inserida. A criação da BNCC visa contribuir para diminuir a desigualdade de oportunidades entre os estudantes brasileiros, devendo cada instituição seguir uma base comum de ensino e incluir uma base diversificada de acordo com as especificidades de cada localidade onde a escola está inserida. Plano Nacional de Educação: objetivos e metas Como já pudemos estudar nos capítulos anteriores da nossa disciplina, o Brasil definiu leis e estatutos que garantam o direito das crianças em relação à educação. Porém ainda se observa que na prática não conseguiu estabelecer o que diz a lei. Dessa forma, foram desenvolvidas 20 metas para a educação que visam uma educação de qualidade para todos. Convido vocês a estudarem essas metas e seus objetivos para que, como educadores, possamos contribuir para a efetivação do direito à educação. O Plano Nacional Em 25 de junho de 2014, a então presidenta, Dilma Rousseff, sancionou a Lei 13.005/2014, que aprovou o novo Plano Nacional de Educação, com vigência até 25 de junho de 2024, visando cumprir o disposto no artigo 214 da Constituição Federal de 1988: art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do País; VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. O PNE surge respaldado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional como um instrumento para a evolução da educação brasileira. Ele apresenta, no seu artigo 2º, dez diretrizes que devem pautar a educação no Brasil: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoçãoda cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto – PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos(as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. Entrevista Plano Nacional de Educação. Disponível em: Notem que cinco desses objetivos já estavam sendo contemplados na Constituição Federal de 1988, no art. 214: erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento educacional; melhoria da qualidade da educação; promoção humanística e tecnológica do País, e estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. Metas O PNE possui 20 metas, cada uma delas seguida de estratégias, que abrangem todos os níveis de formação – desde a Educação Infantil até o Ensino Superior – , cuja fiscalização quanto ao cumprimento ficou a cargo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), juntamente com o Congresso Nacional e o Fórum Nacional de Educação. A situação das metas dos planos de educação pode ser conhecida aqui: Meta 1 Universalizar, até 2016, a educação infantil na préescola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até três anos até o final da vigência deste PNE. Meta 2 Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de seis a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. Meta 3 Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%. Meta 4 Universalizar, para a população de quatro a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino. Meta 5 Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até os oito anos de idade, durante os primeiros cinco anos de vigência do plano; no máximo, até os sete anos de idade, do sexto ao nono ano de vigência do plano; e até o final dos seis anos de idade, a partir do décimo ano de vigência do plano. Meta 6 Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica. Meta 7 Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb: Meta 8 Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar no mínimo 12 anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.) Meta 9 Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Meta 10 Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, na forma integrada à educação profissional, nos ensinos fundamental e médio. Meta 11 Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% de gratuidade na expansão de vagas. Meta 12 Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta Meta 13 Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% de doutores. Meta 14 Elevar gradualmente o número de matrículas na pósgraduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores Meta 15 Garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, no prazo de um ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do art. 61 da Lei nº 9.394/1996, assegurando- lhes a devida formação inicial, nos termos da legislação, e formação continuada em nível superior de graduação e pós-graduação, gratuita e na respectiva área de atuação. Meta 16 Formar, até o último ano de vigência deste PNE, 50% dos professores que atuam na educação básica em curso de pós-graduação stricto ou lato sensu em sua área de atuação, e garantir que os profissionais da educação básica tenham acesso à formação continuada, considerando as necessidades e contextos dos vários sistemas de ensino Meta 17 Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE. Meta 18 Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal Meta 19 Garantir, em leis específicas aprovadas no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a efetivação da gestão democrática na educação básica e superior pública, informada pela prevalência de decisões colegiadas nos órgãos dos sistemas de ensino e nas instituições de educação, e forma de acesso às funções de direção que conjuguem mérito e desempenho à participação das comunidades escolar e acadêmica, observada a autonomia federativa e das universidades. Meta 20 Ampliar o investimento público em educação de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no quinto ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB no final do decênio. Observatório das Metas do Plano Nacional de Educação. Disponível em: Após análise das metas e objetivos, percebemos que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em relação à educação. As metas são audaciosas, mas imprescindíveis para que a educação, no Brasil, seja capaz de promover as mudanças sociais, individuais e econômicas que a nossa sociedade necessita. Apresentando os objetivos, duração e organização da Educação Infantil A Lei de diretrizes e bases 9394/96 favoreceu para que a escolarização ocupasse um espaço importante nos debates da sociedade, repensando os objetivos, estrutura e a organização do ensino. Ao longo desta aula iremos discorrer sobre a educação infantil, seus objetivos, duração e organização. A Lei de Diretrizes e Bases e a Educação Infantil Figura 1: Educação Infantil Na época da colonização as crianças eram vistas como “mini adultos”,não considerava-se os pensamentos, desejos ou necessidades particulares da infância. Após a revolução industrial, com a necessidade crescente de urbanização e mão de obra, as mulheres foram inseridas no mercado de trabalho. De forma que passou a existir a necessidade de um lugar para deixar os filhos, então surgiram as creches. Kishimoto (2001) relata que com a urbanização e a industrialização, a criança foi esquecida, tornando-a um precoce aprendiz. Com essa crença as instituições foram criadas com o caráter assistencialista, tendo como objetivo apenas o cuidar, enquanto pais e responsáveis estavam trabalhando. A Constituição Federal de 1988 foi importante por tornar as creches um lugar de direito das famílias e de dever do estado. A educação como um direito para as crianças de 0 a 6 anos já estava assegurado pela Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Criança e Adolescente de 1990. Contudo, a transformação desse direito em diretrizes e bases promoveu um movimento de transformação para a educação brasileira. A educação infantil passou a integrar a primeira etapa da educação básica, finalizando dessa forma a visão retórica do assistencialismo, a partir desse momento a criança começa a ser vista como um “ser de direito”, que precisa de uma educação de qualidade desde seus primeiros anos de vida, para que se desenvolva um ser humano capaz de exercer sua cidadania. Reconhecer a criança como um “ser de direito”, significa ser considerada como um ser humano que faz parte do processo educativo e que deve ser respeitado seu falar, brincar, construir, aprender, observar, questionar e experimentar. Conforme visto no artigo 22 da LDB 9394/96. Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. (BRASIL, 1996) Com a Lei de Diretrizes e bases, a criança passou a ser vista como um ser humano com cultura própria, capaz de criar e se desenvolver, necessitando de muito mais que apenas o cuidado. Em 1998 o ministério da Educação publicou o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Em 1999 o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNs). Esses documentos orientam os trabalhos na educação infantil e ressaltam que o educar e o brincar devem ser simultâneos, favorecendo o desenvolvimento infantil. Figura 2: Estudar e brincar Ao considerar a criança como um ser cultural não há como não considerar o ato de brincar, pois por meio da brincadeira a criança aprende, se desenvolve e se relaciona. Segundo Kishimoto (2001), a escola deve se preocupar com ambientes que valorizem o brincar pois a sociedade busca ascensão social e diminuição da desigualdade por meio da educação, busca introduzir a criança em um ambiente que acelere o aprendizado e desconsidere o desenvolvimento e interesses próprios de uma determinada faixa etária, o brincar é um desses interesses que acabam sendo desprezados. Para saber mais sobre a importância do brincar na educação infantil. Leia A LDB e as Instituições de Educação Infantil: Desafios e Perspectivas. Disponível em: Quando a criança brinca ela desenvolve a imaginação, Vygotsky afirma que a imaginação contribui para o desenvolvimento do pensamento lógico da criança. Os primeiros anos de vida da criança contribuem para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação, os quais caminham juntos: a imaginação a é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista, na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. (VYGOTSKY, 1989, p.75) Percebemos que o entendimento sobre as crianças têm se modificado com o passar dos anos. Até o século XVII não havia a preocupação com as crianças como atualmente. Um fator a ser analisado são os números de mortalidade infantil na época, que eram visto com naturalidade pois não havia saúde pública preocupada em reduzir esses números. Atualmente existe o conceito de que as crianças são símbolos do futuro e investir nelas é, consequentemente, investir no futuro. Essa visão é nova e ainda hoje temos que desenvolver pensamentos sobre isso. A preocupação com as crianças e a ideia de que elas são o futuro da nossa sociedade são conceitos novos que foram progredindo conforme o desenvolvimento da sociedade. A criança passa a ser vista como um sujeito de direitos e deveres a serem preservados, detentores de culturas próprias que devem ser consideradas. Com essa nova concepção, a escola e o trabalho do docente precisaram ser repensados. Os Referenciais Curriculares Nacionais visam a organização de instituições educacionais e da prática docente, para que se promova um desenvolvimento efetivo das crianças. Para conhecer os Referenciais Curriculares Nacionais. Leia o RCN disponível em Objetivos da Educação Infantil A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, ao determinar que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica e por meio de um documento Referencial Curriculares Nacional da Educação Básica, visa auxiliar o trabalho educativo das crianças, o qual compreende essa etapa da educação. O Referencial Curricular busca determinar metas de qualidade que contribuam para o desenvolvimento integral da criança. O referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos das crianças à infância são reconhecidos (BRASIL, 1996). A prática da educação Infantil deve ser organizada de modo que promova o desenvolvimento das crianças através de alguns aspectos: Desenvolver uma imagem positiva de si; atuar de forma independente, com confiança; e perceber suas limitações. Descobrir e conhecer seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem estar. Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social. Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social. Observar e explorar o ambiente com atitudes de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente, valorizando atitudes que contribuam para sua conservação. Brincar e expressar emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades Utilizar diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita), ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação. De forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar em seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas, valorizando a diversidade. O professor deve desenvolver atividades que promovam a independência do aluno, estimulem a confiança e promovam a percepção de suas limitações, visando que o educando supere seus limites. O trabalho na educação infantil deve ter atividades voltadas para que a criança conheça seu próprio corpo, bem como hábitos saudáveis que contribuam com cuidados para a própria saúde. Figura 3: Conhecendo o próprio corpo Além disso, são necessárias atividades que valorizem a interação entre crianças e adultos, pois por meio da interação social as crianças aprendem e se desenvolvem.A criança por meio da exploração e observação, deve ser estimulada a descobrir o novo e atitudes de conservação do meio ambiente. Figura 4: A escola estimulando a descobrir o novo O brincar é o meio que a criança tem para se comunicar e interagir com os outros e com o meio onde está inserido, o educador deve promover momentos de brincadeiras e faz de conta, para que a criança desenvolva emoções, sentimentos e pensamentos. Também é fundamental apresentar aos alunos as diferentes formas de se comunicar e as diferentes formas de arte, estimulando situações para que eles possam expressar suas ideias, sentimentos e desejos para que enriqueçam sua capacidade de se expressar. Figura 5: Comunicação pela arte Conhecendo esses objetivos, concluímos a importância que a educação infantil tem frente ao desenvolvimento do aluno. Por meio da educação infantil a criança tem acesso ao desenvolvimento da sua autonomia e independência, pode conhecer o próprio corpo, desenvolver vínculos afetivos, relações sociais, explorar ambientes, diferentes linguagens, manifestações culturais e o brincar. O educador deve conhecer o mundo da criança, utilizando o lúdico e a brincadeira para desenvolver as habilidades típicas dessa faixa etária, não acelerando o processo de aprendizado e sim respeitando o desenvolvimento de cada fase infantil. Duração da Educação Infantil A Lei de diretrizes e bases determina que a educação infantil seja a primeira etapa da educação básica e contempla as crianças de 0 anos até 5 anos de idade. A educação infantil, segundo a LDB, tem a finalidade do desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social dos alunos, suas ações devem complementar as ações da família e da comunidade. Esse assunto é muito questionado dentro das instituições de ensino, pois alguns pais transferem para a escola a responsabilidade pela formação, educação e cuidado com as crianças. No entanto, ao analisar as diretrizes, verificamos que a família continua com sua responsabilidade em relação aos seus filhos e que a função da escola é apenas completar o trabalho iniciado pelos pais. Para saber mais sobre a Lei de diretrizes e Bases da Educação Infantil. Leia a LDB. Disponível em Organização da Educação Infantil A educação infantil deverá ser oferecida da seguinte forma: Creches: O atendimento será para crianças de até 3 anos de idade; Pré-Escola: O atendimento será para crianças de 4 a 5 anos de idade. A matrícula na Educação Infantil é obrigatória a partir dos 4 anos de idade, o estado deve oferecer vaga de acesso à todas as crianças a partir dessa idade, caso o responsável não efetue a matrícula da criança, poderá ser enquadrado pelo código penal por abandono intelectual Conforme o artigo 246 do código penal, o responsável que deixar sem justa causa de prover o acesso da criança a escola, poderá ser multado ou sofrer detenção de 15 (quinze) dias a 1 mês. Para saber mais sobre o artigo 246 do código penal. Leia o código penal disponível em Em alguns sistemas jurídicos, como o americano por exemplo, permite-se o ensino em casa. O direito brasileiro não permite, ainda, essa modalidade de ensino. Segundo a LDB 9394/96, a educação infantil será organizada seguindo as seguintes regras: A avaliação deve ser realizada mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, essa avaliação não tem caráter classificatório para acesso ao ensino fundamental. A carga horária mínima anual deve ser de 800 horas, distribuídas por um mínimo de 200 dias de trabalho educacional. Atendimento às crianças de, no mínimo, 4 horas diárias para o turno parcial e 7 horas para a jornada integral. Frequência mínima de 60% do total de horas, sendo controlada pela instituição de ensino. Expedir documentação que comprove os processos de desenvolvimento das crianças. Uma avaliação é um fator importante para se ressaltar na educação infantil, deve ser um instrumento norteador da aprendizagem, além de promoção reflexiva do educador sobre sua prática. Ao avaliar, o professor deve considerar as mudanças e transformações do educando frente ao processo educativo. Contudo, a avaliação na educação infantil não pode ter o caráter classificatório, nem de promoção para continuação dos estudos, deve ser um instrumento de identificação de conhecimentos para nortear o trabalho do professor. Para saber mais sobre a avaliação na educação infantil. Leia Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Recurso para prática pedagógica. Disponível em: A fim de garantir a qualidade da educação na educação infantil foram instituídos documentos, entre eles o Referencial Curricular Nacional Educação Infantil (RCNEI) que é um guia que auxilia a compreensão e qualidade da educação infantil, oferecendo objetivos e orientações para o trabalho com as crianças. O RCNEI está organizado por volumes: Volume 1 Introdução: Apresenta uma reflexão sobre as creches e pré-escolas, apresentando a concepção sobre criança, educação, trabalho docente. Volume 2 Formação Pessoal e Social: Aborda a importância do trabalho de construção da identidade e autonomia das crianças. Volume 3 Conhecimento do Mundo: Trata da importância sobre experiência e conhecimento de mundo por meio da música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e matemática. Outro documento importante são as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI), o qual visa garantir o proposto na LDB 9394/96 que prioriza a criança como o centro do processo de aprendizado. 1.1 Esta norma tem por objetivo estabelecer Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil a serem observadas na organização de propostas pedagógicas na educação infantil (BRASIL, 2010, p. 13). A Base Nacional Comum Curricular na Educação Infantil (BNCC) apresenta um conjunto de orientações sobre a elaboração do currículo pela escola, reforçando que a criança seja a protagonista do processo ensino aprendizado. A BNCC é composta por 5 campos de experiências e 6 direitos de aprendizagem. Os direitos de aprendizagem na Educação Infantil visam assegurar que as crianças aprendam em situações diversas, sendo agente ativo no processo de aprendizagem em ambientes que estimulem a vivenciar e superar desafios. Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica propostas pelo BNCC, seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as condições para que as crianças aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural (BRASIL, 1996). Para conhecer a Base Nacional de Educação. Leia BNCC. Disponível em: Segundo a BNCC, na Educação Infantil são direitos de aprendizagem: CONVIVER: Convívio com outras crianças e adultos utilizando diferentes linguagens, ampliando conhecimentos sobre si e do outro, em relação a cultura e diferença entre as pessoas. BRINCAR: Promoção do brincar diariamente em diversas formas e espaços, entre crianças e adultos, ampliando o acesso às produções culturais, imaginação, criatividade e experiências emocionais, corporais, sensoriais e cognitivas PARTICIPAR: A participação ativa com adultos e crianças no planejamento da gestão da escola em atividades propostas, na escolha das brincadeiras, materiais e ambientes e elaboração de conhecimentos. EXPLORAR: A exploração de movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções e transformações, bem como de relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza na escola ou fora dela. Assim, ampliando saberes sobre cultura. EXPRESSAR: Como sujeitocriativo, dialógico e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses e descobertas por meio de diferentes linguagens. CONHECER-SE: Construir sua identidade pessoal, social e cultural sobre si e de seus grupos de pertencimentos, nas diversas experiências de cuidado, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. O documento aborda que as atividades na Educação Infantil devem ser planejadas de acordo com a intencionalidade educativa, para que desenvolva na criança a observação, o questionamento, o levantamento de hipóteses, o julgamento e a construção dos conhecimentos. A educação infantil, segundo a BNCC, deve ter como eixo a brincadeira e a interação, os campos de experiências são estruturas curriculares que interligam as experiências concretas da vida da criança com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural. Os campos de experiência baseiam-se nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. São organizados da seguinte forma: O eu, o outro e o nós: É na interação com adultos e crianças que as crianças vão construindo seu modo de agir, sentir e pensar. Nessas experiências elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizando sua identidade, respeitando os outros e reconhecendo as diferenças. Corpos, gestos e movimentos: Na educação infantil o corpo ganha o centro do processo, dessa forma, devem ser estimuladas experiências que as crianças possam por meio da ludicidade e interação com o outro, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares e sons.Traços, sons, cores e formas: A educação infantil deve promover a participação da criança em tempo de espaço para produção, manifestação e apreciação artísticas, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade e expressão pessoal da criança. Figura 6: Desenvolvimento da criatividade Escuta, fala, pensamento e imaginação: A escola deve promover experiências que possibilitem a criança falar e ouvir, pois por meio da comunicação a criança se desenvolve como sujeito ativo e pertencente a um grupo social. Figura 7: Escuta, fala, pensamento e imaginação Espaço, tempos, quantidades, relações e transformações: A educação infantil deve promover experiências que possibilitem que as crianças observem, manipulem, investiguem e explorem o meio que estão inseridas, levantando hipóteses e resolvendo problemas, ampliando seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural. Figura 8: Conhecendo espaços A Base Nacional Comum Curricular orienta que a escola deve estar atenta para a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, para que haja continuidade do processo educativo que respeite as mediações e conhecimentos de cada fase. Analisando o Ensino Fundamental de 9 anos e seus objetivos, duração, organização e obrigatoriedade Nessa aula iremos analisar e refletir sobre o Ensino Fundamental de 9 anos e seus objetivos, duração, obrigatoriedade e como deve ser a sua organização. A LDB 9394/96 considera o ensino fundamental um nível da educação básica que atende as crianças a partir dos 6 anos de idade, um dos principais objetivos do ensino fundamental é a formação básica do cidadão. Além da LDB, existem documentos como Diretrizes Curriculares Nacionais, Plano Nacional de Educação e Base Nacional Comum Curriculares que norteiam o trabalho desse nível da educação básica. Ao longo deste capítulo, vamos conhecer esses documentos e sua relação com o ensino fundamental. Objetivos, Duração, Organização e Obrigatoriedade do Ensino Fundamental A Lei de Diretrizes e Bases da Educação divide a educação brasileira em níveis: educação básica e o ensino superior. A educação básica é subdividida em: Educação Infantil: Creches e pré-escolas; Ensino Fundamental: Anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano); Ensino médio: Do 1º ao 3º ano. Como podemos observar, o Ensino fundamental é a continuação da Educação infantil, para essa transição é importante além do equilíbrio entre as mudanças, o acolhimento afetivo do aluno ao ser introduzido nesse novo nível. Assim, evitando a fragmentação do processo ensino aprendizagem e favorecendo a continuidade da aprendizagem. Visando minimizar esses problemas, a Base Nacional Comum Curricular orienta que o Ensino Fundamental - Anos Iniciais, valorize as situações lúdicas de aprendizagem e a articulação com as experiências vividas na Educação Infantil. O trabalho da escola deve prever uma progressiva sistematização dessa experiência e o desenvolvimento de novas formas de relação com o mundo pelos educandos. Os primeiros anos do Ensino Fundamental devem estar focados na alfabetização, garantido oportunidade de conhecimento da escrita e práticas de letramento. Figura 9: Alfabetização Infantil A BNCC apresenta competências e habilidades envolvidas no processo de alfabetização que a criança necessita desenvolver, são elas: Compreender diferenças entre escrita e outras formas gráficas (outros sistemas de representação); Dominar as convenções gráficas (letras maiúsculas e minúsculas, cursiva e script); Conhecer o alfabeto; Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita; Dominar as relações entre grafemas e fonemas; Saber decodificar palavras e textos escritos; Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras; Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras, desenvolvendo fluência e rapidez de leitura (fatiamento Para aprimorar seus conhecimento sobre a Base Nacional Comum Curricular, leia a BNCC. Disponível em Segundo orientação da Base Nacional Comum Curricular (2017), os anos finais do ensino fundamental devem propor atividades que promovam a progressão do conhecimento por meio da consolidação das aprendizagens anteriores e a ampliação das práticas de linguagens e experiências, com desafios mais complexos que permitem ressignificar o conteúdo aprendido. O conteúdo que será desenvolvido no ensino fundamental será dividido em 5 áreas do conhecimento com os componentes curriculares próprios a serem trabalhados, são eles: ÁREA DE LINGUAGENS Componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa (ensino fundamental anos finais). Competências: 1. Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendoas e valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais. 2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. 3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visualmotora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação. 4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo. 5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artísticocultural,com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. 6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos (BRASIL, 2017). ÁREA DE MATEMÁTICA Componente curricular: Matemática. Competências: 1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, fruto das necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e para alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos no mundo do trabalho. 2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacidade de produzir argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no mundo. 3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos dos diferentes campos da Matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e de outras áreas do conhecimento, sentindo segurança quanto à própria capacidade de construir e aplicar conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca de soluções. 4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo a investigar, organizar, representar e comunicar informações relevantes, para interpretá-las e avaliá- las crítica e eticamente, produzindo argumentos convincentes. 5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de conhecimento, validando estratégias e resultados. 6. Enfrentar situações-problema em múltiplos contextos, incluindo-se situações imaginadas, não diretamente relacionadas com o aspecto prático-utilitário, expressar suas respostas e sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens (gráficos, tabelas, esquemas, além de texto escrito na língua materna e outras linguagens para descrever algoritmos, como fluxogramas, e dados). 7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. 8. Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente no planejamento e desenvolvimento de pesquisas para responder a questionamentos e na busca de soluções para problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles (BRASIL, 2017). ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA Componente Curricular: Ciências. Competências: 1. Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. 2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da Natureza. 4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. 5. Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. 6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. 7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendose respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias. 8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científicotecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2017). ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS Componente Curricular: Geografia e História. Competências: 1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes, de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural e promover os direitos humanos. 2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-científico- informacional com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas variações de significado no tempo e no espaço, para intervir em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo contemporâneo. 3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade e propondo ideias e ações que contribuam para a transformação espacial, social e cultural, de modo a participar efetivamente das dinâmicas da vida social. 4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, com base nos instrumentos de investigação das Ciências Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados. 6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal relacionado a localização, distância, direção, duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão (BRASIL, 2017). ÁREA DO ENSINO RELIGIOSO: Componente Curricular: Ensino Religioso. Competências: 1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos. 2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios. 3. Reconhecer e cuidar de si,do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida. 4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver. 5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente. 6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância, discriminação e violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz (BRASIL, 2017). De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (9394/96), em seu artigo 32º, o objetivo do Ensino Fundamental é a formação básica do cidadão. Segundo a LDB, a formação básica se dará através dos seguintes meios: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (BRASIL, 1996). Buscando reafirmar e promover os objetivos propostos na LDB em relação ao ensino fundamental, o conselho nacional de educação estabeleceu as Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental (DCN). Para saber mais sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, leia as DCNs. Disponível em Segundo as DCNs, para o ensino fundamental: As escolas deverão estabelecer princípios para nortear seus trabalhos: a. Princípios Éticos da autonomia, responsabilidade, solidariedade e do respeito ao bem comum. b. Princípios Políticos dos direitos e deveres de cidadania, do exercício à criticidade e do respeito à ordem democrática. c. Princípios Estéticos da sustentabilidade, criatividade, diversidade de manifestações artísticas e culturais. As escolas devem promover o reconhecimento pessoal de alunos, professores e a identidade da unidade escolar As escolas devem reconhecer que o processo de aprendizagem é constituído pela interação com o conhecimento, linguagem e interação afetiva. O diálogo deve favorecer o protagonismo do aluno na educação e também a construção de valores indispensáveis à vida cidadã. Todas as escolas devem garantir a igualdade de acesso aos alunos à uma Base Nacional Comum, de forma que seja legitimada uma educação de qualidade As escolas deverão desenvolver propostas curriculares que tenham relação com a comunidade local, de modo que desenvolvam cidadãos capazes de serem protagonistas e responsáveis por si, família e comunidade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram desenvolvidos para que as instituições de ensino tivessem parâmetros para desenvolver uma educação de qualidade. Segundo o documento, o objetivo do ensino fundamental é que os alunos sejam capazes de: compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperaçãoe repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê- los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação (BRASIL, 1997). Ao analisar os objetivos do ensino fundamental, observamos que os diversos documentos sobre o assunto visam garantir a formação de indivíduos críticos e aptos a conviver em sociedade. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 estabelece, em seu artigo 32, que o ensino fundamental deveria ter a duração de 08 anos. Esse artigo teve alteração por meio da Lei 11.274 de 2006, onde o ensino fundamental obrigatório passou a ter a duração de 9 anos. O objetivo do governo com essa proposta é oportunizar um maior tempo do educando no convívio escolar, oferecendo maior oportunidade de aprender e de ter uma educação de maior qualidade. Nesse sentido, podemos ver o ensino fundamental de nove anos como mais uma estratégia de democratização e acesso à escola. A Lei nº. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, assegura o direito das crianças de seis anos à educação formal, obrigando as famílias a matriculá-las e o Estado a oferecer o atendimento (BRASIL, 2007, p. 27). Ao analisarmos a citação acima verificamos que o discurso do governo na defesa do ensino fundamental de 9 anos busca reafirmar um direito garantido desde a constituição, o acesso à uma educação de qualidade para todos e a garantia de vaga e estrutura adequada. Por lei o ensino fundamental tem como característica ser obrigatório e gratuito e com duração de 9 anos, devendo ser iniciado com 6 anos de idade completos até 31 de março do ano da matrícula. A Resolução nº 7 de 14 de Dezembro de 2010 do Conselho Nacional de Educação (CNE) aborda as regras do corte etário para as matrículas. Art. 8º O Ensino Fundamental, com duração de 9 anos, abrange a população na faixa etária dos 6 aos 14 (quatorze) anos de idade e se estende, também, a todos os que na idade própria, não tiveram condições de frequentá-lo. § 1º É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental de crianças com 6 anos completos ou a completar até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da Lei e das normas nacionais vigentes. § 2º As crianças que completarem 6 anos após essa data deverão ser matriculadas na Educação Infantil (Pré-Escola) (BRASIL, 2010). Como vimos, desde 2010 a regra está prevista, no entanto diversos estabelecimentos de ensino pelo Brasil, principalmente particulares, não consideravam esse corte para efetuar a matrícula dos alunos nas escolas. Devido esse cenário, o MEC
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