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Doutrina da inteligência I - Aula 3 Tipos de inteligencia

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Doutrina da inteligência I
Aula 3: Tipos de inteligência
A atividade de inteligência, de um odo geral, tem amplo campo de atuação. Segundo o autor que se consulte, haverá esterificações varias para as categorias (tipos) de inteligência, valendo mencionar, por exemplo, que ela poderá agir nos campos político, econômico, militar, psicossocial e cientifico-tecnológico. Vale dizer que poderá ser aplicada, como já vimos, no campo público ou privado (empresarial).
Classificação de Joaniza Brito Gonçalves, que subdivide a Inteligência em sete tipos: 
Inteligência militar
É a atividade de produção do conhecimento e proteção do conhecimento produzido, com o objetivo de subsidiar o processo decisório, nos diversos escalões das forças armadas, seja em tempos de guerra ou de paz.
Busca obter informações sobre outras nações, tais como efetivo militar, capacidade de mobilidade das tropas, armamento utilizado, aliados, ambiente operacional (em caso de ser necessário o envio de tropas), ai incluída a geografia do terreno, condições meteorológicas etc.
Inteligência Policial
Inicialmente havemos de registrar que a Inteligência policial, embora possa nos remeter à ideia de investigação, não é sinônimo desta. Veremos, mais à frente, que estamos diante de conceitos e atividades distintas.
Para uma concepção simples, podemos entender a Inteligência policial como atividade voltada para reunir dados e informações visando à produção do conhecimento indispensável à gestão e ao desenvolvimento da atividade policial (e de segurança pública em sentido estrito).
O conhecimento produzido, através da atividade de Inteligência policial, permitirá inclusive, que se desenvolvam as atividades de investigação com mais eficiência e menos risco, mas essa não é sua única aplicação.
Exemplo: Por meio desta atividade é que se decidirá, por exemplo, qual área deverá receber mais concentração de policiais; que tipo de unidade especializada deverá receber reforço em seu aparelhamento; que tipo de operação deverá ser realizada visando ao cumprimento de determinada diligência etc.
No que se refere à investigação, temos a atividade voltada à obtenção de evidências que forneçam o suporte necessário à deflagração de uma futura ação penal visando à condenação de autores de delitos.
Esta atividade é regulamentada e limitada pela Constituição Federal e Leis Processuais Penais. Este é um dos aspectos que estabelecerá a diferença entre Inteligência policial e Investigação policial.
Enquanto as atividades de Investigação encontram seu delineamento nos ordenamentos já citados, devendo respeito, por exemplo, ao contraditório e à legalidade, e seu produto será o arcabouço de provas a ser juntado em inquérito policial, a atividade de Inteligência encontra igualmente limitação, como já vimos, devendo seguir “com irrestrita observância dos direitos e das garantias individuais, fidelidade às instituições e aos princípios éticos que regem os interesses e a segurança do Estado”.
Atenção: Como se vê, a atividade é muito mais flexível e permissiva e o seu produto será o conhecimento formalizado, por exemplo, através de um Relatório de Inteligência (RELINT).
Neste sentido é que se deve compreender que a Investigação policial não deve se valer diretamente do conhecimento produzido através da atividade de Inteligência policial para a produção de provas, já que pode gerar o risco de invalidação de um futuro processo criminal, por ausência de respeito aos ditames previstos, por exemplo, no Código de Processo Penal.
Questionamento acerca do tema já foi solucionado pelo STJ, ao decidir que não é direito/dever do Ministério Público ter acesso aos relatórios de Inteligência produzidos pela Polícia Federal, uma vez que não estão dentro do contexto de atividade jurídica, ou seja, não guardam relação com a investigação criminal e, portanto, colocam-se foram do âmbito de controle externo da atividade policial exercido pelo MP.
Inteligência financeira
Invariavelmente o crime está relacionado a dinheiro e, neste aspecto, torna-se fundamental o desenvolvimento de métodos capazes de monitorar e rastrear o numerário proveniente de atividades criminosas. Daí a necessidade de prever, no ordenamento jurídico, dispositivos acerca da lavagem de capitais.
Com o desenvolvimento de tecnologias capazes de permitir a circulação cada vez mais rápida e mais ampla de grande quantidade de dinheiro, os criminosos se aperfeiçoaram e passaram a movimentar e ocultar somas cada vez mais significativas.
Na comunidade internacional, foi criada, em 1989, a Força Tarefa de Combate à Lavagem de Dinheiro, no seio do G7, da qual o Brasil é um dos 35 membros. O objetivo do grupo é examinar e desenvolver medidas de combate à lavagem de dinheiro.
No Brasil, temos o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda (COAF/MF), criado em 1998, com a finalidade de monitorar transações financeiras visando à prevenção e ao combate da lavagem de capitais e o financiamento ao terrorismo.
Inteligência Fiscal 
De início, devemos notar que se elencamos aqui a Inteligência Fiscal e também a Financeira, por óbvio que não são a mesma coisa. Enquanto a Financeira busca prevenir e detectar a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo, a Fiscal visa evitar e detectar a sonegação fiscal, ou seja, a supressão do pagamento de tributos.
No Brasil, o órgão central desta atividade de inteligência é o COPEI — Coordenação Geral de Pesquisa e Investigação do Ministério da Fazenda, cuja atribuição é “prestar assessoramento estratégico e executar as atividades de pesquisa e investigação, na área de Inteligência, em especial no combate aos crimes contra a ordem tributária, inclusive os de natureza previdenciária, os de contrabando e descaminho e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, objetivando produzir conhecimentos para uso das unidades da RFB.”
(Portaria MF nº 203/2012, artigo 38)
Atenção: Note que a previsão produzir conhecimentos para uso das unidades da Receita Federal do Brasil, típico objetivo das atividades de Inteligência.
É importante que se note a relevância desta atividade, cujo sucesso resultará em menos sonegação e com isso, viabilizará o custeio da máquina pública, com o desenvolvimento de todos os serviços dos quais a sociedade necessita.
Inteligência Competitiva 
Vimos, no início de nossos estudos, que as atividades de Inteligência se encontram em expansão no setor privado. A competição natural existente, em sistemas capitalistas, fomenta o desenvolvimento de ferramentas capazes de aumentar os rendimentos das empresas. Neste aspecto, não há como imaginar que as grandes empresas pudessem continuar a desenvolver suas atividades, sem fazerem-se valer do uso da Inteligência.
No passado, como sabemos, o termo aplicável ao uso da Inteligência, nesta seara, era “espionagem industrial”. Modernamente, no entanto, essas atividades são chamadas de Inteligência competitiva.
Atenção: Não é difícil imaginar as possibilidades para o desenvolvimento dessas atividades: obtenção de segredo industrial, proteção de tecnologia própria, background check de talentos a serem contratados (análise da vida pregressa), análise de risco mercadológico etc.
É interessante observar que, embora haja, em nosso país, legislação dispondo acerca das atividades de Inteligência de segurança pública, não há regulamentação sobre a atividade de Inteligência privada. Apesar disso, cresce o número de agências particulares de Inteligência ou consultorias em inteligências cujo fito é prestar serviços de Inteligência competitiva às empresas.
Observando este panorama, o Deputado José Genoíno apresentou, em dezembro de 2007, o Projeto de Lei nº 2.542, que dispõe sobre o assunto. O projeto, entretanto, encontra-se arquivado e, nele, previa-se o controle das atividades de Inteligência privada pela ABIN e conceituava-se a atividade como:
Art. 2º - ...aquela que, podendo ser exercida por pessoas, individual e autonomamente consideradas, e por empresas, tenha natureza, iniciativa e atuação eminentemente privadas
e implique, dentro do território nacional, investigação, pesquisa, coleta e disseminação de informações, restritas ao âmbito de conhecimento sobre fatos e situações de interesse e para uso de seus demandantes, podendo abranger a realização de serviços de controle e de avaliação de riscos, no campo da Inteligência competitiva, com possível utilização de equipamentos, técnicas, materiais e pessoal especializado, observadas as seguintes finalidades, características e formas de execução da atividade prevista neste artigo:
I – proceder à vigilância, individual ou institucional privada;
II – realizar varreduras físicas, em pessoas e espaços internos e externos, bem como eletroeletrônicas ambientais, de interesse de contratante privado;
III – realizar gravações e monitoramentos ambientais e de campo, ou de — e através de — qualquer meio de comunicação, desde que a realização do respectivo serviço seja expressamente autorizada por um dos interlocutores envolvidos;
IV – elaborar projetos de controle de riscos, utilizando-se de técnicas operacionais de Inteligência, espionagem eletrônica, infiltração, cobertura, observação e investigação, sempre mediante a prestação de serviços controlados e fiscalizados na forma desta lei e para atender a interesses privados legitimamente contratados.
Inteligência Estratégica
É a atividade que envolve a produção de conhecimentos úteis ao tomador de decisão, no sentido de adotar a melhor estratégia a ser implementada visando ao atingimento das metas estabelecidas.
Sua aplicação favorece a atuação segura dos países, no contexto internacional, principalmente naquilo que se refere às suas vulnerabilidades, às possibilidades e ao seu poder, tudo levando em conta uma projeção futura. Fundamenta-se na antecipação de ameaças, de crises internacionais e de cenários futuros.
Daí ouvir-se falar em Inteligência Estratégica Antecipativa.
Tradicionalmente de aplicação pública, na atualidade já encontramos diversos cursos destinados a empresas e seus funcionários.
A Escola Superior de Guerra — ESG — ministra o CSIE (Curso Superior de Inteligência Estratégica) cujo objetivo é preparar civis e militares ao exercício de funções de Inteligência estratégica na administração pública e nos órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência.
A estrutura curricular do CSIE é desenvolvida em duas grandes fases, básica e específica (Inteligência Estratégica), ao longo de, aproximadamente, 20 semanas, com uma carga horária total em torno de 630 horas. Tal estrutura ampara-se em estudos teóricos e em aplicações práticas do conteúdo programático, estabelecida por meio de estudos e disciplinas, ministrados de modo a integrar os conhecimentos das seguintes áreas: Administração, Política, Economia, Geopolítica, Psicossocial, Científico-Tecnológica e Militar.
Inteligência de Estado
Inteligência de Estado está intimamente ligada à concepção clássica da atividade de Inteligência, que nos remete ao passado, antes da diversificação das atividades em diversos e variados segmentos.
Entendemos por Inteligência de estado a produção de conhecimento, visando subsidiar o processo decisório da mais alta esfera de administração pública. Assim, toda atividade de Inteligência servirá de substrato à Inteligência de Estado, seja para subsidiar o preparo de políticas militares, internacionais, sociais, econômicas etc.
Atenção: Neste ponto, que incidirá a divisão da Inteligência de Estado em externa ou interna, a diferenciação é por demais simples: as atividades cujo impacto limitar-se-á ao plano doméstico (interno) serão classificadas como Inteligência Interna. Já aquelas atividades cujo impacto repercutir na atuação internacional do país, serão classificadas como Inteligência Externa.
A Inteligência Externa mantém estreito vínculo com a Defesa Nacional e Política Externa, de maneira que deverá ser capaz de proteger informações, identificar ameaças externas (individuais, coletivas e públicas), proteger e desenvolver a economia, monitorar e garantir o cumprimento de tratados internacionais etc.

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