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Módulo 49 - África II - Tráfico negreiro História - 4º Bimestre - 1ª Série - Ensino Médio 1. Introdução Embora existam populações negroides nativas no Sudeste Asiático, na Nova Guiné e na Austrália, con si dera-se a África ao sul do Saara (especialmente a África Oriental) como o berço desse tronco étnico; por isso, o continente africano é também conhecido como Continente Negro*. No transcorrer da Idade Moderna, um grande contingente de negros africanos foi deslocado à força para as Américas e obrigado a trabalhar, na condição de escravos, em colônias de exploração implantadas pelas potências ma rítimas europeias. Calcula-se que, entre o século XVI e a primeira metade do XIX, cerca de 10 milhões de africanos foram transportados através do Atlântico, vindo a constituir uma parcela ponderável da população das Américas (na maioria das Antilhas, a proporção de negros chega a quase 100%). Note-se que sua presença foi menos marcante nas maioria das possessões hispanoamericanas, onde pre valeceu a mão de obra indígena. * Os povos da África do Norte não fazem parte da África Negra, pois estão relacionados, étnica e culturalmente, com os árabes e com os berberes (principal etnia saariana). Durante a Idade Média, a escravidão, tão relevante na Antiguidade, praticamente deixou de existir na Europa, embora os Estados cristãos do Mediterrâneo mantivessem a prática de usar cativos muçulmanos como remadores em suas galeras (barcos de guerra que, apesar de disporem de velas, tinham nos remos seu principal meio de propulsão). Já no mundo islâmico, que incluía a África do Norte, a escravidão era institucionalizada, abrangendo indistintamente brancos e negros. Estes últimos eram levados para a África Setentrional em caravanas que atravessavam o Saara, transportando também ouro, marfim e pimenta- vermelha. Pouco depois de iniciarem a Expansão Marítimo-Comercial, os lusitanos descobriram e ocuparam os arquipélagos atlânticos dos Açores, Madeira e Cabo Verde; ali desenvolveram a produção açucareira, que já praticavam no sul de Portugal. Para cultivar a cana e produzir o açúcar, recorreram a escravos trazidos da África Continental*. Esse foi o início do escravismo moderno, que se tornaria a mola propulsora da economia de muitas colônias, entre elas o Brasil**. * Escravos africanos foram também introduzidos no Algarve (sul de Portugal), a fim de trabalhar nas lavouras de cana e engenhos de açúcar. ** A escravidão negra foi justificada durante muito tempo pela interpretação tendenciosa, não endossada pela Igreja, de um episódio bíblico: os negros estavam destinados a ser escravos porque esta foi a maldição lançada por Noé sobre a descendência de seu filho Cam, da qual eles faziam parte. 2. O tráfico negreiro A colonização da América impulsionou extraordinariamente o comércio transatlântico de seres humanos. Praticada a princípio apenas pelos portugue ses, essa atividade passou depois a contar com intensa participação de franceses, holandeses e so bretudo ingleses, os quais chegaram a ser hegemônicos nesse setor da economia. Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados Príncipais rotas do tráfico Tráfico de escravos para as Américas Tráfico de escravos para o Oriente e Mediterrâneo Os negros trazidos para as Américas eram quase sempre capturados por outras comunidades em guerras tribais, sendo depois vendidos aos comerciantes brancos. As negociações eram realizadas em feitorias estabelecidas pelos europeus no litoral atlântico da África e em Moçambique. As transações eram feitas por meio do escambo, isto é, da troca de mercadorias com valores desiguais. Os escravos eram cambiados por produtos de custo baixo (aguardente, tabaco, tecidos de má qualidade e objetos de metal*), mas seriam vendidos nas colônias americanas por preços altamente compensadores – mesmo perdendo-se na travessia, em média, 40% dos cativos transportados. Na verdade, o comércio de escravos africanos tornou-se um dos negócios mais rentáveis do Sistema Colonial, em muito contribuindo para a acumulação primitiva de capitais que então se processava na Europa. Observe-se, a propósito, que numerosos comerciantes de escravos residiam nas próprias colônias. * Eventualmente, os escravos podiam ser trocados por armas de fogo e munições, pois convinha aos traficantes fortalecer os chefes africanos com quem comerciavam. O tráfico negreiro provocou algumas mudanças nas populações africanas que o praticaram: além de criar novas necessidades, relacionadas com os produtos utilizados no escambo, tornaram as guerras intertribais mais intensas e frequentes, com o objetivo precípuo de fazer prisioneiros para serem negociados. Houve comunidades africanas que se organizaram como Estados semibárbaros cristianizados superficialmente, que mantinham relações quase oficiais com os governos europeus ligados à atividade escravista. Um exemplo foi o Reino do Congo, que compreendia territórios atualmente pertencentes a Angola e às duas Repúblicas do Congo. Desde 1509, os soberanos congoleses converteram-se formalmente ao catolicismo e adotaram nomes portugueses, fazendo do comércio de escravos sua principal fonte de renda. Em 1857, com a economia arrasada devido ao fim do tráfico e com seu território bastante diminuído, o Reino do Congo tornou-se um protetorado português, subsistindo oficialmente até 1914. Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados O tráfico transatlântico de escravos inseriu a África no circuito do comércio europeu como área periférica, atuando em dois campos: fornecimento de mão de obra para as colônias americanas e geração de lucros que contribuiriam diretamente para o enriquecimento dos Estados que o praticavam. No Atlântico Sul, as relações entre a África e o Brasil se processaram de forma direta, na maioria das vezes sem necessidade de se recorrer ao comércio triangular. Esse relacionamento produziu um notável intercâmbio nos costumes, na linguagem e até na alimentação das duas regiões. 3. Os negros no Brasil Quando os portugueses começaram a colonização do Brasil, lançaram mão da escravização dos índios para suprir suas necessidades de mão de obra. Os primeiros escravos africanos foram introduzidos na capitania de Pernambuco já em 1534, mas o trabalho indígena continuou a ter destaque na economia colonial até o começo do século XVII. Na época, alegava-se que o trabalhador africano era muito mais produtivo que o silvícola brasileiro. De acordo com esse ponto de vista, o ameríndio não se adequava ao trabalho agrícola, fosse por rebeldia, fosse por preguiça, debilidade física ou inaptidão natural; por oposição, os africanos seriam mais submissos, mais diligentes, mais robustos e mais adaptados à escravidão. Esse raciocínio foi desmentido pelas constantes demonstrações de resistência contra a condição de escravos: suicídios, abortos, prática da capoeira como forma de luta, assas sinatos de senhores e de feitores*, revoltas, fugas e formação de quilombos (refúgios de escravos em locais de difícil acesso, nos quais os fugitivos muitas vezes recriavam formas de organização existentes na África). Há ainda que lembrar o banzo, doença psicossomática causada pela saudade da terra natal e que fazia numerosas vítimas entre os escravos deslocados de sua região de origem. * Feitores: empregados do fazendeiro – muitos deles mestiços livres ou escravos alforriados (libertos) – incumbidos de controlar o trabalho dos cativos, a quem geral men te tratavam com extrema brutalidade. Legalmente, os escravos da Época Colonial não possuíam quaisquer direitos. Portanto, além do trabalho extenuante nas plantações e nos engenhos, estavam sujeitos a sofrer punições físicas e torturas que, em casos extremos, podiam levá-los à morte, sem que o senhor fosse responsabilizado. Dada a importância da escravidão no período, a Igreja nunca se opôs a ela, em bora houvesse membros do clero que criticassem o tratamento cruel dispensado aos cativos. O exemplo mais eloquente dessa compaixãofoi dado pelo padre jesuíta Antônio Vieira (1608-97), justamente admirado pela genialidade de suas cartas e sermões. Mesmo assim, existiam diferenças no tratamento dado aos escravos por seus senhores. Os trabalhadores braçais destinados à lavoura eram os mais sujeitos à crueldade dos feitores e dos proprietários. Outros, utilizados em trabalhos mais especializados, como serviços artesanais ou as atividades no engenho, tinham situação um pouco melhor. Todos, porém, eram alojados nas senzalas, em condições insalubres e de grande promiscuidade. Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados Padre Antônio Vieira (1608-97), um dos mais ilustres representantes da Companhia de Jesus no Brasil. Orador e escritor de raro talento, seus sermões e suas cartas figuram com destaque na literatura barroca portuguesa. Foi ardoroso defensor dos índios e grande crítico da crueldade com que eram tratados os escravos negros. O trabalho Conforme escreveu em 1711 o jesuíta Antonil, “os escravos são os pés e as mãos do senhor de engenho". Realmente, além dos cativos destinados às tarefas mais pe sadas, ha via outros que conviviam com seus senhores, a quem serviam como criados domésticos. Nessa categoria estavam incluídas as mucamas (servidoras da mulher do fazendeiro) e as mães pretas (amas de leite dos filhos do proprietário). Contudo, a intimi dade com a família do senhor não era garantia contra maus-tratos. O crescimento de cidades como Recife, Salvador e Rio de Janeiro, sobretudo no século XVIII, deu origem a uma nova categoria de trabalhadores escravos: os negros de ganho ou escravos de ganho. Tratava-se de prestadores de serviços urbanos (barbeiros, carregadores, vendedoras de quitutes), cuja remuneração pertencia ao senhor. Era comum esses trabalhadores serem autorizados a guardar parte do que ganhavam, para ser usada em sua alforria. Deve-se ainda mencionar a diferenciação entre os escravos crioulos (criados no Brasil) ou ladinos (espertos, vivos, sagazes) dos africanos adultos, que mostravam dificuldade para entender e cumprir ordens, sendo por isso chamados de boçais (broncos, estúpidos). Essa distinção tornava os primeiros mais valiosos, pois os segundos somente se prestavam ao trabalho braçal. Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados Etnias Apesar de pertencerem a muitas nações (etnias) com características culturais próprias, os escravos trazidos para o Brasil poderiam ser classificados em dois grandes grupos: os sudaneses*, originários do Golfo da Guiné; e os bantos, naturais do Congo, de Angola e de Moçambique. Os primeiros distinguiam-se dos segundos pela estatura elevada, pela cor mais escura e pela maior evolução técnica. No Brasil, os sudaneses concentraram-se na Bahia, enquanto os bantos foram distribuídos pelo restante do território. Os colonizadores aproveitaram-se da variedade entre as etnias para realizar uma Diáspora Negra, dispersando e misturando os indivíduos das diversas nações, para dificultar rebeliões. Até certo ponto, essa estratégia foi mal sucedida, pois a condição de escravo, comum a todos eles, serviu-lhes como fator de coesão para superar suas diferenças. * O termo sudaneses, neste caso, não significa naturais do Sudão (país africano ao sul do Egito), mas os habitantes da região ao sul do Saara, na África Ocidental. A porção litorânea desses territórios, abrangendo os atuais Gana, Togo, Benin e Nigéria, era conhecida dos portugueses pelo nome de Costa da Mina. 4. Afrodescendência A longa duração da escravidão no Brasil fez com que a influência negra em nossa formação social fosse bem maior que a do elemento indígena. É o que se depreende do grande número de festividades populares de origem africana, com especial destaque para as manifestações musicais. Assim também ocorreu com a culinária e a linguagem. Um aspecto relevante da presença africana no Brasil diz respeito à religião. Tão logo chegavam, os escravos recebiam o batismo, não só para merecerem a salvação de suas almas, mas também como instrumento de aculturação – a exemplo do que se fez com os índios –, para melhor sujeitá-los à dominação dos colonizadores. Uma vez batizados, os negros passavam a fazer parte da comunidade católica, participando das cerimônias e celebrações religiosas; mas permaneciam apartados dos demais fiéis. Para preservar as Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados diferenciações sociais, a hierarquia católica estimulou a construção de igrejas “para os homens pretos", incentivou a devoção a santos de raça negra e criou irmandades (associações religiosas formadas por leigos) exclusivas para africanos ou afrodescendentes, fossem eles livres ou escravos. Todavia, nem todos os negros brasileiros aderiram integralmente ao catolicismo. Muitos deles, em uma manifestação de resistência cultural, conservaram parte de seus cultos ancestrais, associando entidades africanas a figuras da religião católica. Esse sincretismo recebeu, já no século XX, o influxo do espiritismo kardecista, dando origem à umbanda. Esta, a princípio marginalizada e até perseguida sob a acusação de curandeirismo, ocupa hoje posição de destaque no panorama religioso do País. Ainda no século XX, brasileiros afrodescendentes resgataram cultos praticados no Golfo da Guiné (sobretudo na Nigéria) e os introduziram no Brasil, sob o nome genérico de candomblé. Ainda que representem uma grande parcela da população brasileira, os negros têm sido alvo de preconceito e discriminação; mesmo após a abolição da escravatura, sancionada em 1888, a maioria deles permaneceu marginalizada, muito embora as diversas Constituições sempre tenham afirmado a igualdade entre os cidadãos brasileiros. Em tempos recentes, movimentos da comunidade negra, demonstrando crescente cons cientização acerca da questão racial no Brasil, vêm registrando avanços e conseguindo a implementação de políticas voltadas para a proteção de afrodescendentes e de indígenas. Como exemplos, podemos citar, respectivamente, o reconhecimento das comunidades quilombolas e a demarcação das terras dos chamados “povos da floresta", além da adoção do sistema de quotas em algumas situações. A propósito, cumpre observar que a “Constituição Cidadã" de 1988, em seu artigo 5.º, considera a prática do racismo um crime inafiançável e imprescritível*. * Inafiançável: que não permite a soltura do preso mediante pagamento de fiança. Imprescritível: que não tem prazo para deixar de ser julgado. Atualmente, os descendentes de africanos compreendem, além dos negros puros, uma grande proporção de mulatos (mestiços de branco e negro). Em alguns estados da Federação, notadamente na Bahia, eles chegam a constituir a maioria da população. Os cafuzos (mestiços de negro e índio) são relativamente raros, pois a convivência de indígenas e negros foi pouco frequente em nossa História. Exportações de escravos da África na rota Trans-Atlantico Período Números total de escravos % 1450-1500 [81.000] – 1500-1600 328.000 2.9 1601-1700 1.348.000 12.0 1701-1800 6.090.000 54.2 1801-1900 3.466.000 30.9 Total 11.232.000 100.0 1. Principalmente comercializados como um produto ao longo da costa do Atlântico para a mineração de ouro, sendo um pequeno número de escravos exportados para a Europa e Ilhas do Oceano 1 2 3 Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados exportados para a Europa e Ilhas do Oceano Atlântico. 2. Não inclui até 50.000 escravos exportados para a Europa e Ilhas do Oceâno Atlântico. 3. Inclui os escravos exportados como trabalhadores contratados ou libertados pelo franceses e portugueses. Fonte: Paul E. Lovejoy. Transformations in Slavery. Cambridge University Press, 2000. Saiba mais O tráfico de escarvos “Fosse qual fosse o caminho percorrido, as condi ções a bordo refletiam o status de excluídas que marcava as pessoas aprisionadas no porão. Nenhum europeu — fosse condenado, servo temporário ou imigrantelivre miserável — jamais foi submetido ao ambiente que recebia o escravo africano típico no momento de embar que. Eram separados por sexo, mantidos nus, amontoados, sendo os homens acorrentados por longos períodos. Nada menos do que 26 por cento das pessoas a bordo eram classificadas como crianças, um índice do qual nenhuma outra migração anterior ao século XX sequer se aproximou. Fora o período de ilegalidade do tráfico, quando as condições por vezes tornavam-se ainda piores, os traficantes de escravos normalmente transportavam dois escravos por tonelada. Embora algumas naus que partiam da Alta Guiné chegassem às Américas em três semanas, a duração média das viagens iniciadas em todas as regiões da África era de pouco mais de dois meses. A maior parte do espaço em um navio negreiro era ocupada por barris de água. As embarcações lotadas que navegavam para o Caribe a partir da África Ocidental tinham primeiro que seguir para o sul antes de virar para noroeste e passar pela zona das calmarias. No século XIX, as melhorias na tecnologia de navegação reduziram a duração da viagem à metade, mas a taxa de mortali dade manteve-se Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados elevada nesse período devido à natureza ilegal do tráfico. Durante toda a era do tráfico negreiro, a imundície gerava doenças gastrointestinais endêmicas e a proliferação de agentes patogênicos epidêmicos que, juntamente com as erupções periódicas de resistência violenta, faziam com que entre 12 e 13 por cento das pessoas embarcadas não sobrevivessem à viagem. A taxa modal de mortalidade era bem menor que a taxa média, porque algumas catástrofes ocorridas num número relativamente pequeno de viagens elevavam a média de mortes a bordo. A mortalidade da tripulação, em termos de porcentagem dos tripulantes que embarcavam, acompanhava a mortalidade de escravos ao longo da viagem, mas como os cativos passavam menos tempo no navio do que a tripulação, as taxas de mortalidade dos escravos eram mais elevadas. O mundo do século XVIII era violento, e a expectativa de vida era curta em todos os lugares, uma vez que a revolução da taxa de mortalidade global ainda não havia ocorrido, mas o quociente de sofrimento humano gerado pelo deslocamento forçado de milhões de pessoas em navios negreiros não pode ser comparado ao de nenhuma outra atividade humana." (David Eltis. A travessia do Atlântico. Disponível em: http://www.slavevoyages.org/.) Exercícios Propostos 1. (UERJ) – O tráfico internacional de escravos africanos movimentou milhares de indivíduos entre os séculos XV e XIX. Indique a principal contribuição do tráfico negreiro para os interesses mercantis europeus na América durante a colonização. 2. (ESTÁCIO-FMJ) – A História da África foi recentemente tornada obrigatória no Brasil, e durante muitos anos inteiramente negligenciada, tanto que no imaginário popular a África era composta por tribos perdidas do nada em que os europeus se valiam do seu atraso para comprar e escravizar a população. Sobre a escravidão na África podemos afirmar: a) não existia escravidão no continente africano, foram os portugueses que inventaram esse sistema incentivando as guerras entre os grupos diversos. Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados b) a escravidão foi introduzida pelos muçulmanos, que preferiam escravos negros homens para a lavoura do delta do Nilo, para plantação de arroz no mar Vermelho, mostrando que os africanos não deveriam resistir. c) em diversas partes do que é chamado de África, a escravidão era instituída, mas não mercantilizada – quer dizer, os escravos não eram propriedade que poderiam ser vendidos ou trocados, mas vencidos, e a partir disso deveriam trabalhar compulsoriamente para recuperar sua liberdade. d) os africanos vendiam seus irmãos em troca de pequenos bens não conhecidos, como contas, espelhos, joias baratas, e os europeus se beneficiaram por terem essas prendas em profusão. e) os africanos eram dóceis e identificavam os brancos como seus deuses, cantados em sua lenda, por isso aceitavam a escravidão. Leia o texto para responder às questões de números 3 e 4. “Os africanos não escravizavam africanos, nem se reconheciam então como africanos. Eles se viam como membros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um reino e de um grupo que falava a mesma língua, tinha os mesmos costumes e adorava os mesmos deuses. (...) Quando um chefe (...) entregava a um navio europeu um grupo de cativos, não estava vendendo africanos nem negros, mas (...) uma gente que, por ser considerada por ele inimiga e bárbara, podia ser escravizada. (...) O comércio transatlântico (...) fazia parte de um processo de integração econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a comercialização, em grande escala, de açúcar, algodão, tabaco, café e outros bens tropicais, um processo no qual a Europa entrava com o capital, as Américas com a terra e a África com o trabalho, isto é, com a mão de obra cativa." (Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos, 2008. Adaptado.) 3. (UNESP) – Ao caracterizar a escravidão na África e a venda de escravos por africanos para europeus nos séculos XVI a XIX, o texto a) reconhece que a escravidão era uma instituição presente em todo o planeta e que a diferenciação entre homens livres e homens escravos era definida pelas características raciais dos indivíduos. b) critica a interferência europeia nas disputas internas do continente africano e demonstra a rejeição do comércio escravagista pelos líderes dos reinos e aldeias então existentes na África. c) diferencia a escravidão que havia na África da que existia na Europa ou nas colônias americanas, a partir da constatação da heterogeneidade do continente africano e dos povos que lá viviam. d) afirma que a presença europeia na África e na América provocou profundas mudanças nas relações entre os povos nativos desses continentes e permitiu maior integração e colaboração interna. e) considera que os únicos responsáveis pela escravização de africanos foram os próprios africanos, que aproveitaram as disputas tribais para obter ganhos financeiros. 4. (UNESP) – Ao caracterizar a “integração econômica do Atlântico", o texto a) destaca os diferentes papéis representados por africanos, europeus e americanos na constituição de um novo espaço de produção e circulação de mercadorias. b) reconhece que europeus, africanos e americanos se beneficiaram igualmente das relações comerciais estabelecidas através do Oceano Atlântico. c) afirma que a globalização econômica se iniciou com a colonização da América e não contou, na sua Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados origem, com o predomínio claro de qualquer das partes envolvidas. d) sustenta que a escravidão africana nas colônias europeias da América não exerceu papel fundamental na integração do continente americano com a economia que se desenvolveu no Oceano Atlântico. e) ressalta o fato de a América ter se tornado a principal fornecedora de matérias-primas para a Europa e de que alguns desses produtos eram usados na troca por escravos africanos. 5. (ENEM) – “A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos". (K. Munanga. “Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil". In Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37.) Com relação ao assunto tratado no fragmento de texto, é correto afirmar que a) a colonização da África pelos europeusfoi simultânea ao descobrimento desse continente. b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolverem esse continente. c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no Brasil. d) a exploração da África decorreu do movimento de expansão europeia do início da Idade Moderna. e) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre esse continente e a Europa. 6. (VUNESP) – Leia o texto. “Os africanos foram trazidos do chamado “continente negro" para o Brasil em um fluxo de intensidade variável. Os cálculos sobre o número de pessoas transportadas como escravos variam muito. Estima-se que entre 1550 e 1855 entraram pelos portos brasileiros 4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino. A região de proveniência dependeu da organização do tráfico, das condições locais na África e, em menor grau, das preferências dos senhores brasileiros." (Boris Fausto, História do Brasil, p. 51.) Acerca do tráfico negreiro, é correto afirmar que a) nos séculos XVI e XVII, a preferência dos senhores de terra do Brasil recaía sobre a exploração da mão de obra compulsória dos índios, mas com a definitiva proibição de escravizar os indígenas, no princípio do século XVIII, com o início do tráfico de escravos, optou-se pela exploração exclusiva do escravo africano. b) desde o século XVI, a preferência dos senhores de engenho recaía sobre os escravos vindos dos portos de Benguela e Cabinda, especialmente os huaças e os jejes, reconhecidos como os homens mais fortes, que conheciam a metalurgia e ofícios mecânicos, além de se apresentarem mais leais aos seus senhores. c) no século XVI, os portos ao longo do litoral de Daomé forneceram o maior número de escravos, e nos séculos XVII e seguintes, as regiões do Congo e de Angola tornaram-se os centros mais importantes de exportação de escravos; além disso, Salvador e Rio de Janeiro foram os grandes centros importadores de escravos. Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados d) a efetiva entrada de escravos africanos no Brasil ocorreu a partir da segunda metade do século XVIII, momento no qual já existiam justificativas religiosas e morais para a escravização do homem africano, e, em toda ordem escravista, Moçambique foi a mais importante região fornecedora de escravos. e) entre os séculos XVI e XVIII, o norte da África foi, quase exclusivamente, a região fornecedora de mão de obra compulsória para o Brasil e o resto da América colonial, mas essa situação foi radicalmente transformada com a ação do governo da França que proibiu, após a Revolução Francesa, a retirada de escravos de qualquer parte da África. Gabarito 1. RESOLUÇÃO: O uso de escravos africanos na grande lavoura colonial tornou o comércio de cativos uma atividade muito rentável, contribuindo para a acumulação de capitais e a expansão das atividades mercantis europeias. 2. RESOLUÇÃO: Resposta: C 3. RESOLUÇÃO: Embora não o faça de forma explícita, o texto permite depreender que os europeus e colonos americanos viam os negros africanos como um conjunto relativamente homogêneo, destinado a fornecer mão de obra escrava. Já do ponto de vista das sociedades africanas, o autor é bastante enfático ao observar que as populações locais sentiam-se diferenciadas das demais comunidades, sem qualquer percepção de uma possível identidade comum, resultante da “negritude" ou da “africanidade". Resposta: C 4. RESOLUÇÃO: A questão é respondida a partir da mera interpretação do texto, da análise dos desdobramentos da expansão marítima europeia, da colonização da América e da Revolução Comercial dos séculos XVIXVII. Em outras palavras, trata da integração entre a Europa (investimento de capitais), a América (a terra) e a África (mão de obra escrava), para a produção e comercialização de gêneros tropicais. Resposta: A 5. RESOLUÇÃO: Resposta: D 6. RESOLUÇÃO: Resposta: C Sistema Integrado Copyright 1999-2020 - UNIP/Objet ivo - Todos os direitos reservados
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