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Centro Universitário Leonardo Da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social Carla Aparecida Rodrigues da Rosa Turma: SES- 2225 ESTUDO E ANÁLISE DA INSTITUIÇÃO: CADASTRO ÚNICO PARA PROGRAMAS SOCIAIS NOVO HAMBURGO 2020 NOVO HAMBURGO 1 CARLA APARECIDA RODRIGUES DA ROSA ESTUDO E ANÁLISE DA INSTITUIÇÃO: CADASTRO ÚNICO PARA PROGRAMAS SOCIAIS Estudo apresentado à disciplina de Estágio I – Iniciação ao Serviço Social – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como requisito parcial para avaliação. Nome do Tutor Externo – Orientador: Estelamaris de Barros Dihl Nome do Supervisor de Campo – Orientador: Alessandra da Silva Haubert NOVO HAMBURGO 2020 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................5 1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CONCEDENTE DE ESTÁGIO..................6 1.1 DADOS CADASTRAIS DA INSTITUIÇÃO .......................................................7 1.2 DESCRIÇÃO GERAL DA INSTITUIÇÃO..........................................................8 1. Histórico da instituição........................................................................................8 2. Área de atuação, objetivos e finalidades..........................................................12 3. Área de abrangência.........................................................................................14 4. Demandas atendidas pela instituição...............................................................15 5. Principais características da população atendidas pela instituição..................22 6. Proposta de atuação ao usuário.......................................................................23 7. Estrutura e funcionamento da organização......................................................24 1.3 O SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO.........................................................26 1.3.1 Identificação do Supervisor de Campo..........................................................27 1.3.2 Origem do Serviço Social na Instituição........................................................27 1.3.3 O Assistente Social........................................................................................28 1.3.4 O Instrumental Técnico-Operativo.................................................................28 2 CONCLUSÕES....................................................................................................30 ESTUDO DA INSTITUIÇÃO...................................................................................31 3 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.......................................................................35 3 LISTA DE SIGLAS BPC – Benefício de Prestação Continuada CEPIC – Centro Municipal de Tecnologia Educacional CENTRO POP – Centro de Referência Especializado em Assistência Social para a População em Situação de Rua CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Crianças e do Adolescente CMDCI – Conselho Municipal dos Direitos e Cidadania do Idoso CMPCD – Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência COMSEA – Conselho Municipal de Segurança Alimentar COMAS – Conselho Municipal da Assistência Social COMDIM – Conselho Municipal dos Direitos da Mulher CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social CRAS – Centro de Referência de Assistência Social FEAS – Fundo de Assistência Social IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ID JOVEM – Identidade Jovem LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social NAP – Núcleo de Apoio Pedagógico NIS – Número de Identificação Social ONG – Organização Não Governamental PAIF – Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PBF – Programa Bolsa Família SDS – Secretaria de Desenvolvimento Social SEMSAS – Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social STCAS – Secretaria de Trabalho e Cidadania de Assistência Social SCFV – Serviço e Fortalecimento de Vínculos SICON – Sistema de Condicionalidades SMEL – Secretaria de Esporte e Lazer UAB – Universidade Aberta do Brasil URAS – Unidade de Referência de Assistência Social 4 INTRODUÇÃO Neste presente trabalho iremos fazer uma análise institucional com a finalidade de conhecer a instituição, identificando qual a sua forma de organização e compreendendo quais são seus objetivos e propostas de atuação. A partir dessa análise, será identificada a função da instituição e a caracterização dos serviços que serão realizados por ela. Esta análise vem esclarecer os objetivos do setor Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, que se encontra vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo/RS. O Cadastro Único é um instrumento de identificação e caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda, que através dos cadastros feitos à essas famílias serão coletados todos os dados e informações que poderão ser utilizados pelo governo federal, estadual municipal para assim obter diagnóstico socioeconômico das famílias cadastradas, e desta forma, possibilitar a análise das principais necessidades da população. O Cadastro Único pode ser considerado uma importante ferramenta para a realização do mapeamento e inclusões de famílias que existem em nosso país nos diversos programas sociais que poderão ser a ele vinculados. O Serviço Social dentro da instituição tem um papel importante no atendimento das demandas que chegam até o setor Cadastro Único, através de atendimentos do SICON (Sistema de Condicionalidades), Visitas Domiciliares (para formulação de cadastros quando solicitado pelo usuário que não tem condições de vir até o setor), Entrevistas, Visitas Domiciliares (referente às denúncias), participação de Reuniões de Rede e encaminhamentos quando necessário, Oficinas 2 vezes ao mês para novos beneficiários ou famílias em situação de suspensão. Para tanto esta análise foi dividido em capítulos a fim de aprofundar a compreensão do leitor quanto a história da instituição. O município de Novo Hamburgo tem sua história marcada pela aceleração das indústrias coureiro calçadistas, por ter atraído muitas pessoas que vieram em busca de oportunidade de trabalho. A cidade ainda é conhecida nos dias de hoje como “Capital Nacional do Calçado”, com o crescimento trazido pelo calçado vieram inúmeros imigrantes o que fez com que aumentasse muito o número da população, originando grande parte dos problemas sociais, o que fez com que os governantes não conseguissem acomodar de maneira adequada toda a população. Concluímos que o Cadastro Único se torna uma importante ferramenta para que o usuário tenha mais facilidade de acesso aos Programas Sociais do Governo Federal. Segundo Montibeller (2015, p. 238), “O cadastramento das famílias no CADÚNICO permite identificar seu grau de vulnerabilidade. São consideradas questões como renda, condição de moradia, de acesso ao trabalho, à saúde e à educação”. Entendemos que as famílias buscam no Cadastro Único uma oportunidade de ter acesso aos seus direitos. Da mesma forma, é possível identificar que muitas famílias acabam conhecendo a Política de Assistência Socialatravés do Cadastro Único, uma vez que, em muitos casos, desconhecem o CRAS no território, por exemplo. O Cadastro Único, 5 localizado no centro da cidade, acaba sendo a porta de entrada das famílias aos serviços ofertados pela política. 1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CONCEDENTE DE ESTÁGIO A Secretaria de desenvolvimento Social (SDS), está localizada no centro da cidade de Novo Hamburgo, na Casa da Cidadania, situada na Rua David Canabarro, nº20. Neste mesmo prédio podemos encontrar localizado no segundo andar a Diretoria da Habitação, o Procon e o Passe Livre Municipal. No terceiro andar se localiza o setor Cadastro Único (CadÚnico), local onde são realizados os estágios obrigatórios de Serviço Social, o Telecentro que oferece acesso à internet gratuita à população, o Centro Municipal de Tecnologia Educacional (CEPIC). No quarto andar se encontra o Conselho Tutelar. No quinto andar, encontramos a corregedoria dos Conselheiros Tutelares, o Conselho Municipal da Assistência Social (COMAS), o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e o Conselho Municipal dos Direitos da Cidadania do Idoso (CMDCI), Conselho Municipal da Pessoas com Deficiência (CMPCD), Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIM) e o Conselho Municipal de Segurança Alimentar (COMSEA). No sexto andar se encontra a Gestão da SDS, onde se encontra o Setor de Projetos, o Setor de Nutrição e Saúde, o Setor de Recursos Humanos e também o Setor de Transportes. Além de ficarem localizadas neste andar as coordenadorias da Mulher, das Pessoas com Deficiência, a da Juventude, a do Idoso, a Vigilância Socioassistencial e o Programa Catavida. Também encontramos no sexto andar a Gerência de Proteção Básica e Gerência da Proteção Especial. No sétimo andar se encontra a Universidade Aberta do Brasil (UAB), ainda encontramos no oitavo andar a Secretaria de Esporte e Lazer (SMEL) e o Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP), a serviço da Secretaria de Educação. Secretaria de Desenvolvimento Social (Casa da Cidadania) 1º Andar: Recepção 2º Andar: Diretoria de Habitação – PASSE LIVRE - PROCON 3º Andar: CadÚnico –CEPIC - TELECENTRO 4º Andar: Conselho Tutelar 5º Andar: Corregedoria dos Conselheiros Tutelares – Casa dos Conselhos - COMAS – COMDIM – CMDCA - CMPCD – COMSEA – CMDCI 6º Andar: Gestão da SDS, Diretoria Administrativa, Nutrição e Saúde, Coordenadorias da Mulher, Vigilância Socioassistencial, Setor de Projetos, Gabinete do Secretário, 6 Transportes, Recursos Humanos, Pessoas com Deficiência e Juventude, Gerência de Proteção Social Básica e Especial e Programa Catavida. 7º Andar: UAB 8º Andar: SMEL - NAP Dados da Instituição: Nome da Organização: Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo – RS Razão Social: Centro Administrativo Leopoldo Petry Secretaria de Desenvolvimento Social / Cadastro Único para Programas Sociais Endereço: Prefeitura: Rua Guia Lopes, nº 4201 – Rondônia, Novo Hamburgo – RS Telefone: (51) 3594-9999 Site: http://www.novohamburgo.rs.gov.br/ Secretaria de Desenvolvimento Social/ Cadastro Único: Rua Davi Canabarro, nº 20 – 3º andar, Centro, Novo Hamburgo – RS Telefone: (51) 3527-1823 E-mail: cadunico@novohamburgo.rs.gov.br 1.1 DADOS CADASTRAIS DA INSTITUIÇÃO Razão Social:Centro Administrativo Leopoldo Petry CNPJ:88.254.875/0001-60 Nome Fantasia: Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo Tipo de Instituição: ( X ) Pública ( ) Privada ( ) Terceiro setor ( ) Outra (mais opções) Ramo de Atividade: (X ) Serviços ( ) Indústria ( ) Outra (mais opções) End: Rua Guia Lopes, n° 2401 Bairro: Rondônia Cidade:Novo Hamburgo UF: RS Fone: ( 51 )35271823 CEP.:93415260 E-mail: cadunico@novohamburgo.rs.gov.br Representada por:Fátima Daudt Cargo: Prefeita http://www.novohamburgo.rs.gov.br/ mailto:cadunico@novohamburgo.rs.gov.br 7 1.2 DESCRIÇÃO GERAL DA INSTITUIÇÃO A Secretaria de Desenvolvimento Social é uma entre as várias secretarias que se encontram no município de Novo Hamburgo, está localizada na rua Davi de Canabarro, número 20 – 6º andar, em um prédio alugado pela prefeitura, no centro da cidade. Nesse mesmo prédio encontra-se o setor Cadastro Único, no 3º andar, onde são realizados os cadastros para a identificação socioeconômica das famílias de baixa renda. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social tem o compromisso de exercer um conjunto de políticas, projetos, programas, serviços e benefícios da assistência social do município de Novo Hamburgo, também tem o compromisso de administrar os ambientes de acolhimento das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social e econômica. 1.2.1 Histórico da instituição: As primeiras povoações permanentes de Novo Hamburgo foram os portugueses, sendo a maioria imigrantes açorianos instalados no bairro que hoje é conhecido como Rincão. Em 25 de julho de 1824 os imigrantes alemães começam a chegar à colônia de São Leopoldo e após desenvolveram a sociedade rural no Vale dos Sinos. Logo apareceram alguns núcleos urbanos nas colônias, um deles ficava na área de Hamburgerberg onde hoje é chamado Hamburgo Velho, onde se originou a cidade de Novo Hamburgo. Em 05 de abril de 1927, houve a emancipação do município sendo Leopoldo Petry o primeiro intendente (prefeito) de Novo Hamburgo. A industrialização se acelerou, e se tornou um polo econômico do Vale dos Sinos. A indústria foi formada praticamente pelo setor coureiro calçadista com várias empresas que se destacaram. A cidade é conhecida como “ Capital Nacional do Calçado”, com o crescimento trazido pelo calçado vieram inúmeros imigrantes aumentando muito o número da população a partir da década de 1960, o que originou grande parte dos problemas sociais, fazendo com que os governantes não tivessem capacidade de acomodar toda a população de maneira adequada. Tendo como predomínio o coureiro calçadista um forte exportador, na economia permaneceu até o início dos anos de 1990, quando ocorre uma forte crise econômica na região. A situação se agrava com a concorrência chinesa nos mercados internacionais e, a partir de 1998, com a valorização do real que levou ao fechamento de diversos curtumes e fábricas de calçados e a demissão de milhares de pessoas. Hoje Novo Hamburgo tem uma diversificação industrial, com incentivos fiscais com a instalação de novas indústrias e facilitando a implantação e abrindo portas para novas atividades 8 do comércio. Novo Hamburgo é considerado o maior polo comercial do Vale dos Sinos e tem, no setor de serviços, uma de suas principais atividades econômicas. Possui uma atividade comercial de 5.600 estabelecimentos. Os símbolos do município de Novo Hamburgo são a bandeira, o brasão e o hino. Fonte: <https://www.mbi.com.br/mbi/biblioteca/simbolo/municipio-novo-hamburgo-rs-br/. > Bandeira: A bandeira de Novo Hamburgo é um símbolo do município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul. De acordo com a Lei MUNICIPAL n° 064, de 23 de novembro de 1970, é aprovada a bandeira municipal. A bandeira do município de Novo Hamburgo se apresenta nas cores verde e vermelha, tem em destaque o brasão do município, com a data de emancipação e o Monumento ao Imigrante, para homenagear os imigrantes que contribuíram na construção e no desenvolvimento da cidade. Brasão: O Brasão de Novo Hamburgo é um símbolo do município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul. Escudo português vem com o nome da cidade e a data de emancipação. Fonte: pt.wikipedia.org>wiki>Bandeira_de_Novo_Hamburgo A cidade de Novo Hamburgo por um longo período atraiu muitos trabalhadores que vieram de outros lugares com a esperança de empregos nas fábricas de calçados e curtumes. No entanto, com o passar dos anos, muitas empresas fecharam ou acabaramsaindo da cidade, dessa forma, muitos trabalhadores ficaram desempregados. Em consequência disso, começaram a surgir as mais variadas expressões da questão social: desemprego, pobreza, violência, aumento da exploração, baixos salários, fome, falta de moradia, o que intensificou o aumento da população em situação de rua, além disso a falta de saneamento básico. Nos dias de hoje a cidade de Novo Hamburgo ainda possui muitos reflexos desses problemas que precisam de intervenções e políticas públicas. 9 Podemos dizer que o Serviço Social, na cidade de Novo Hamburgo, teve início nos anos de 1970 ainda de forma assistencialista, quando as igrejas eram as instituições que faziam os atendimentos e políticas públicas. O Serviço Social, em Novo Hamburgo, iniciou na década de 70 de forma assistencialista, na qual as igrejas eram as instituições que proviam o serviço. Na década de 80 foi implantado o Albergue Bom Pastor, e posteriormente, ocorreu o reordenamento da Secretaria de Saúde e Ação Social. A partir de 1990 foi criado o conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente CMDCA, Conselho Tutelar, Conselho Municipal da Assistência Social-COMAS e o Conselho Municipal do Direito da Pessoa Idosa-CMDCI. A Secretaria Municipal de Assistência Social teve algumas alterações nas nomenclaturas, pois sempre esteve vinculada a outras secretarias, Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social-SEMSAS, Secretaria da Educação e Secretaria de Habitação. No ano de 2005 houve a criação da Secretaria de Trabalho e Cidadania de Assistência Social-STCAS, na qual a mesma repassa recursos do Fundo de Assistência Social-FEAS, para a rede de proteção à criança e ao adolescente, além de coordenar no Estado as ações do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil-PETI. De acordo com o Decreto nº 2787, de 09 de janeiro de 2007: Art.:1º Fica delegada atribuição à Secretária de Trabalho, Cidadania e Assistência Social - STCAS - ROSA MARIA DA SILVEIRA GOMES, de firmar, na qualidade de representante do município de Novo Hamburgo, Convênio com Petróleo Brasileiro SA - Petrobrás e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA, destinado a implantar e implementar ações de prevenção de proteção da criança e do adolescente, objetivando atender os princípios emanados do Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo beneficiárias as entidades eventualmente contempladas cujos projetos e correspondentes planos de ação tenham sido previamente aprovados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA, em conformidade com a Lei Municipal nº 1.371/2006, de 24 de fevereiro de 2006. (NOVO HAMBURGO, 2007.). A Secretaria de Trabalho, Cidadania e Assistência Social-STCAS, foi a que antecedeu a Secretaria de Desenvolvimento Social-SDS, a qual foi criada a partir de algumas alterações na estrutura política da Assistência Social. No ano de 2004 foi aprovada a Política Nacional de Assistência Social-PNAS, pela Resolução n. 145 de outubro de 2004, do Conselho Nacional de Assistência Social-CNAS, e tornou claras as diretrizes para a efetivação da Assistência Social. Seguiu-se um processo de construção e normatização até a aprovação do Sistema Único de Assistência Social-SUAS, que foi aprovado em julho de 2005 pelo Conselho Nacional de Assistência Social-CNAS, por meio da NOB n. 130, de 15 de julho de 2005, que tipificou os serviços socioassistenciais, reordenando a Política Municipal da Assistência. Em 2009 houve então o surgimento da Secretaria de Desenvolvimento Social-SDS, em Novo Hamburgo. https://www.leismunicipais.com.br/a/rs/n/novo-hamburgo/lei-ordinaria/2006/137/1371/lei-ordinaria-n-1371-2006-autoriza-a-concessao-de-subvencoes-de-natureza-assistencial-e-da-outras-providencias.html 10 Lei Municipal nº 2.400/2011, de 30 de dezembro de 2011, que altera a Estrutura Administrativa Organizacional da Prefeitura de Novo Hamburgo, instituída pela Lei Municipal nº 180/1991, refere que à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social: Art. 16 – Compete coordenar a política de cidadania e assistência social no âmbito do Município, considerando a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS - Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e Sistema Único da Assistência Social, que estabelecem como diretriz a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, na transversalidade das suas especificidades das pessoas com deficiências, visando à promoção de sua integração à vida comunitária, bem como à convivência familiar; dar ampla divulgação aos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, e dos critérios para sua concessão; integrar a assistência social às políticas sociais, mediante um conjunto integrado de ações de prevenção, proteção, promoção e inserção, por meio de uma rede de ações de iniciativa governamental e da sociedade civil organizada; garantir e promover os direitos políticos, civis, econômicos, sociais e culturais da sociedade; articular o conjunto das políticas públicas que de alguma forma atinjam a juventude; executar, acompanhar, encaminhar, articular no âmbito de sua competência a demanda dos conselhos municipais, atuando em conformidade com as Legislações Municipal, Estadual e Federal aplicáveis às determinações e diretrizes estabelecidas pelo Prefeito, e tudo o mais inerente aos encargos legais e atribuições pelos mesmos delegados. (NOVO HAMBURGO, 2011). Dados gerais do munícipio de Novo Hamburgo: População estimada (2020) 247.032 pessoas População no último censo (2010) 238.940 pessoas Densidade demográfica (2010) 1.067,55 PIB per capita (2016) 35.013,51 R$ Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) (2010) 0,747 Salário médio mensal dos trabalhadores formais (2016) 2,6 salários mínimos Pessoal ocupado (2016) 88.464 pessoas Percentual da população com rendimento nominal mensal per capita de até ½ salário mínimo (2010) 26,5% Fonte: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/novo-hamburgo/panorama https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/novo-hamburgo/panorama 11 1.2.2 Área de atuação, objetivos e finalidades A Atuação da Instituição se dá através da Política de Assistência Social, atendendo toda a população do município de Novo Hamburgo com ênfase nas famílias de baixa renda. A Instituição tem como objetivo, o cadastramento de famílias, que tem por finalidade incluir as mesmas nos programas sociais, conforme os critérios estabelecidos por cada um. O cadastramento é feito através do Cadastro Único, que é realizado por um entrevistador que fará a coleta de dados dos usuários, levando em conta as informações como: as condições de moradia, a composição familiar, a renda familiar, as despesas mensais, a escolaridade e também o trabalho que é desenvolvido por todas as pessoas daquele grupo familiar. A instituição também tem o compromisso de estar identificando, através dos atendimentos, a necessidade de realizar encaminhamentos para a rede socioassistencial e intersetorial do município. O Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) foi tipificado no ano de 2007, através do decreto nº 6.135, que dispõe sobre ações que devem ser desenvolvidas e como é o seu funcionamento. O Cadastro Único é instrumento de identificação caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda, entendidas como aquelas com renda igual ou inferior a meio salário mínimo por pessoa (per capta) ou renda familiar mensal de até três salários mínimos. Essas informações podem ser utilizadas pelos governos federal, estaduais e municipais para conseguir diagnósticos socioeconômico das famílias que estiverem cadastradas, para desta maneira, possibilitar a análise das suas principais necessidades. O cadastro único identifica as famílias de menor renda,entende-se por família a entidade composta por pessoas que residem no mesmo domicílio, que dividem renda e as despesas, independentemente da existência de relacionamento de grau de parentesco, cadastrada por um município para fins de identificação de benefícios nos Programas Sociais do Governo Federal. As famílias com renda superior a três salários mínimos poderão ser incluídas no Cadastro Único, desde que sua inclusão esteja vinculada à seleção ou acompanhamento de programas sociais implementados por quaisquer dos três entes da Federação. Entretanto, as famílias com renda mensal total superior a três salários mínimos só devem ser cadastradas para programas específicos, como por exemplo os programas de habitação e saneamento que utilizem os registros do Cadastro Único para selecionar as famílias. Para o cálculo da renda familiar, são considerados os rendimentos do trabalho, de aposentadoria, pensão, seguro- desemprego e do BPC. Não serão considerados os benefícios de programas de transferência de renda federal, estadual e municipal. Segundo Montibeller (2015, p.238) “O cadastramento das famílias no CADÚNICO permite identificar seu grau de vulnerabilidade. São consideradas questões como renda, condições de moradia, de acesso ao trabalho, à saúde e à educação”. Através do cadastro único, é possível mapear as diversidades encontradas no país, levantando o perfil socioeconômico da população de cada localidade pesquisada. E, desta forma, é preciso destacar a 12 importância do aproveitamento da base de dados, não somente pelo governo federal, estadual e municipal, mas também por todos os envolvidos na gestão das políticas públicas. Objetivos do Cadastro Único: O Cadastro Único é formado por sua base de dados, instrumentos, procedimentos, e sistemas eletrônicos, e sua base de informações pode ser usada pelos governos municipais, estaduais e federal para conseguir diagnosticar as famílias cadastradas socioeconomicamente. Desta maneira o Cadastro Único é considerado uma importante ferramenta que pode ser utilizada em estudos sobre a realidade das famílias cadastradas e também pode servir para auxiliar o poder público na formulação e gestão de políticas direcionadas para essa população. A coleta de dados das famílias é realizada através do preenchimento do formulário do Cadastro Único, sendo que cada formulário serve para identificar uma família. Os cadastros são preenchidos pelo Agente Operador do Cadastro Único, que é responsável por atribuir a cada pessoa da família cadastrada um número de identificação social (NIS), que possui caráter único intransferível. É através do número do NIS que os operadores do Cadastro Único conseguem localizar os usuários cadastrados, atualizam os dados cadastrais e verificam a situação dos beneficiários existentes. 13 Podemos destacar que o cadastramento não significa a inclusão imediata nos programas sociais existentes. O recebimento de benefícios está relacionado a critérios de acesso e permanência estabelecida para cada programa. É a partir das informações contidas no banco de dados do Cadastro Único que as famílias que entram nos critérios são direcionadas para os programas de transferência de renda do governo federal, de acordo com seu perfil social e econômico. Conforme CENSO 2010, há uma estimativa de 14.754 famílias com renda de até ½ salário mínimo por pessoa que vive em Novo Hamburgo e todas deveriam estar cadastradas. Levando em conta que somente os cadastros atualizados podem ser utilizados para concessão de benefícios e participação em programas sociais, ainda faltam 983 cadastros a serem incluídos para que a estimativa de famílias pobres esteja devidamente coberta pelo Cadastro Único da cidade. A Taxa de Atualização Cadastral (TAC) município é de 80,12%, enquanto a média nacional se encontra em 73,16%. O que demostra que o cadastro do município está bem focalizado e atualizado, o que quer dizer que a maioria das famílias cadastradas pertence ao público alvo. 1.2.3 Área de abrangência O Cadastro Único é um programa do governo federal e possui uma abrangência em todo território nacional, ou seja, os cadastramentos possuem alcance em todos os municípios brasileiros, e é destinado para as famílias de baixa renda. No município de Novo Hamburgo, são atendidas e cadastradas famílias que possuam residência na cidade. Cada usuário ou família, quando pretender realizar o cadastramento, deve procurar o Cadastro único da cidade onde está residindo, sabendo que, em caso de mudança de município, deverá procurar o Cadastro Único da cidade onde estiver morando. Os dados que são coletados ficam armazenados em um sistema único, onde estão as informações sobre os cadastros realizados em todo o território brasileiro, por isso, as informações coletadas possuem abrangência a nível federal. Famílias cadastradas em todo o território brasileiro: 14 1.2.4 Demandas atendidas pela instituição Os usuários que chegam até o setor Cadastro Único, buscam realizar sua inserção nos programas sociais que poderão a eles serem vinculados, a maior demanda de atendimentos são os beneficiários do Programa Bolsa Família. O Programa Bolsa Família é uma das mais importantes iniciativas que estão instituídas no momento, junto ao Sistema único de Assistência Social (SUAS), destinado para a proteção das famílias que se encontram em situação de pobreza, vulnerabilidade ou risco social. Este programa foi instituído no ano de 2004, por meio da lei nº 10.836 e funciona através de transferência direta de renda com condicionalidades, que tem como objetivo melhorar as condições de vidas das famílias que se encontram em situação de pobreza ou de extrema pobreza no Brasil. Art. 1º Fica criado, no âmbito da Presidência da República, o Programa Bolsa Família, destinado às ações de transferência de renda com condicionalidades. Conforme a Lei nº 10.836, o decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004 regulamenta a lei que cria o Programa Bolsa Família, considerando os objetivos: Art. 4º Os Objetivos básicos do Programa Bolsa Família, em relação aos seus beneficiários, sem prejuízo de outros que venham a ser fixados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, são: I – promover o acesso à rede de serviços públicos, em especial, de saúde, educação e assistência social; II – combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional; III – estimular a emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de pobreza; IV – combater a pobreza; e 15 V – combater a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia das ações sociais do Poder Público. Podemos dizer que a maior parte das demandas que chegam até o setor Cadastro Único, se tratam de famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social, diante da conjuntura política que vivemos atualmente. Além disso, é reflexo da própria formação da cidade de Novo Hamburgo. Estes usuários que chegam até o setor todos os dias são exemplos da desigualdade social existente em nossa sociedade. A maior demanda que chega até o setor são pessoas desempregadas que vem em busca do Programa Bolsa Família, que tem seus critérios de renda per capta de 178,00 para famílias que tem crianças e de 89,00 para as famílias que tem somente adultos, muitas dessas famílias não se enquadram nesses critérios. Muitas famílias veem em busca da Tarifa Social da Energia Elétrica que também possui critérios de renda de ½ salário mínimo por pessoa e a conta deve estar no nome do RF responsável Familiar. Podemos considerar também a grande procura de idosos aosetor, recebemos relatos de negligência com os idosos, muitos sem renda alguma, nem mesmo onde morar dependem de favor, onde as vezes ocorre a omissão de familiares. Muitos ainda não chegaram a idade de 65 anos para o encaminhamento do BPC (Benefício de Prestação Continuada). Outra demanda que tem aumentado muito, é do BPC das pessoas com deficiência física ou mental, muitas famílias têm enfrentado várias barreiras para ter acesso ao benefício. Algumas são resultado da precariedade de mecanismos de coordenação e cooperação entre os serviços de saúde, assistência social e previdência. Conforme estabelece o artigo 1º da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS lei nº 8.742, de dezembro de 1993): [...] a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. A partir da Loas, a assistência social tornou-se uma política pública, desenvolvendo ações com visibilidade de direitos, universalização do acesso a serviços, programas, projetos e ainda responsabilizando o Estado como órgão fiscalizador e financiador. Os atendimentos dentro da instituição, são feitos para o cadastramento de novas famílias, atualizações de cadastros de famílias que já se encontram inseridas em programas sociais, são feitos encaminhamento de rede socioassistencial e também visitas domiciliares, são realizados atendimentos referentes aquelas famílias que se encontram em situação de suspensão do benefício do Bolsa Família. As famílias são atendidas pela assistente social, que através de uma entrevista recebe o responsável familiar e realiza o atendimento para passar as informações 16 sobre o fato de ter ocorrido a suspensão, também deverá ouvir o motivo do não cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família. Nesses atendimentos as famílias são atendidas pelo assistente social que fará um relatório a respeito das situações que levaram aquela família a ter o benefício suspenso. Depois disso o profissional lançará os dados coletados no Sistema de Condicionalidades (SICON) para efetuar o acompanhamento familiar e a possibilidade de interrupção temporária dos efeitos dos descumprimentos, que será avaliada conforme a situação de cada família. As suspensões dos benefícios do PBF estão diretamente relacionadas ao descumprimento das condicionalidades do programa. A maioria das suspenções dos benefícios das famílias que não cumprem as condicionalidades estão relacionadas a educação, o que significa que quando alguma criança ou adolescente que esteja na composição familiar não frequenta à escola mais do que o permitido pelo programa. Para as crianças, é necessário que a frequência escolar não seja inferior a 85%, já para os adolescentes de 16 e 17 anos, a frequência não deve ser inferior a 75%. Diante dos atendimentos de descumprimento em relação a frequência escolar é feita uma escuta da família, para que o assistente social possa entender as vulnerabilidades que causam a falta da escola. Para que seja possível entender as necessidades das famílias que vão além do âmbito escolar. A Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que regulamenta o Programa Bolsa Família, traz em seu artigo 3º, se refere as condicionalidades para o recebimento do benefício: Art. 3º A concessão dos beneficiários dependerá do cumprimento, no que couber, de condicionalidades relativas ao exame pré-natal, ao acompanhamento nutricional, ao acompanhamento de saúde, à frequência escolar de 85% (oitenta e cinco por cento) em estabelecimento de ensino regular, sem prejuízo de outras previstas em regulamento. COLETÂNEA da Legislação. Aquelas famílias que não cumprirem os compromissos do Programa Bolsa Família, serão aplicados os efeitos que podem causar repercussão nos benefícios. Esses efeitos são gradativos e podem variar conforme o histórico de descumprimento da família, registrado no Sicon. Desta maneira o gestor municipal tem acesso a todos os descumprimentos e repercussão sobre o benefício de determinada família. Os efeitos dos descumprimentos são: Advertência: a família é comunicada de que algum integrante deixou de cumprir condicionalidades, mas não deixa de receber o benefício; Bloqueio: o benefício fica bloqueado por um mês, mas pode ser sacado no mês seguinte junto com a nova parcela; Suspensão: o benefício fica suspenso por dois meses, e a família não poderá receber os valores referente a esse período; 17 Cancelamento: a família deixa de participar do PBF. No caso de a progressão de um efeito para o seguinte, considera-se o intervalo de seis meses. Como por exemplo, caso uma família tenha sido advertida, em março de 2020, e venha a incorrer em um novo descumprimento, em um período inferior ou igual a seis meses (ou seja, até setembro de 2020), o efeito progride para bloqueio. Mas, se o novo descumprimento ocorrer em prazo superior a seis meses, o efeito será a advertência, isto é, reinicia-se a aplicação gradativa dos efeitos. O período de seis meses, entretanto não vale para a progressão da suspensão para o cancelamento, que obedece a regras específicas. As famílias em descumprimento são notificadas pelo Ministério da Cidadania, através de cartas e mensagens no extrato de pagamento, orientando que procurem a gestão do PBF (Programa Bolsa Família) no município, no caso de dúvidas. Através destas cartas a família saberá quem foi o integrante da família que descumpriu algum dos compromissos (se estiver relacionado à área da educação ou da saúde) e o efeito a ser aplicado. Nesta correspondência também é informado ao Responsável Familiar sobre as condicionalidades do Programa Bolsa Família. Uma família terá seu benefício cancelado, caso tiver as seguintes ocorrências: A família estar em fase de suspensão; O registro de Acompanhamento Familiar (AF) estar ativo no Sicon; Se, após 12 meses, contatos do dia em que tenham começado a vigorar simultaneamente os itens a e b (suspensão e registro no Sicon de AF), a família apresentar novo descumprimento com efeito Se descumprimento tiver ocorrido por motivos que possam der justificados, o beneficiário pode entrar com recurso junto à gestão do Programa Bolsa Família, para reverter o efeito. O recurso tem prazo para ser apresentado; até o último dia útil do mês seguinte ao da repercussão. Deverá ser registrado e avaliado pela gestão municipal no Sicon. Caso o recurso seja aceito, o último efeito é anulado e a família poderá, se for o caso, receber o benefício no qual se refere a esse período. A gestão municipal do Programa Bolsa Família poderá reconhecer, mesmo se a família não tiver apresentado recurso, erros comprovados no registro das condicionalidades, anulando, 18 no Sicon, os efeitos no que se refere ao histórico familiar e sobre o benefício, através da funcionalidade de recurso. O PBF é um dos programas sociais mais procurado pelas famílias que vem até o setor, principalmente por se encontrarem em situação de vulnerabilidade social, buscando dessa forma, uma fonte de renda, mas para isso, caso venham a ser beneficiadas deverão ficar atentas as condicionalidades para manter o benefício. São três eixos principais que estruturam o Programa Bolsa Família, sendo eles: A transferência de renda que visa sanear de imediato a questão da pobreza; As condicionalidades reforçam o acesso aos direitos sociais e básicos que são garantidos em lei, com educação, saúde e assistência social; As ações e programas complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os usuários possam superar a situação de vulnerabilidade social. (WEGRYNOVSKI, 2015, p.243).Os atendimentos dentro da gestão municipal são feitos pelo assistente social, que ao realizar a entrevista com Responsável Familiar, precisa dominar as técnicas profissionais para desenvolver a sua atuação com melhor qualidade. Desta maneira é possível compreender melhor a realidade de cada família e entender os motivos que levaram a criança ou adolescente aquelas faltas, que podem ter motivos diversos. Alguns relatam motivos de doença, onde a família não consegue acessar os serviços públicos de saúde, seja por ser longe da residência ou até por não ter condições financeiras para ter acesso ao transporte público para o deslocamento. Existem os efeitos gradativos sobre os benefícios do Programa Bolsa Família, que tem o objetivo de sinalizar que as famílias não estão exercendo seus direitos básicos de cidadania na área da saúde e educação. Os efeitos são os seguintes: 19 Fonte: http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/gestao-do-programa/condicionalidades Em nosso município existem 5 CRAS, entre eles temos o CRAS do Centro, do bairro Canudos, Santo Afonso, Kephas e também do bairro Primavera, onde são realizados os atendimentos das famílias que o benefício sofre efeito de advertência e bloqueio. Através dos atendimentos as famílias relatam referente a dificuldade de conseguir atendimento médico até quando chegam as unidades de saúde, muitas vezes há falta de médicos ou a espera para conseguir o atendimento, tendo que agendar consultas que podem demorar dias. Por este motivo, muitos dos usuários acabam por desistir de procurar o atendimento nas unidades de saúde, e dessa maneira acabam não conseguindo atestado médico e assim não conseguindo justificar a falta à escola da criança ou adolescente, os mesmos acabam por receber faltas e, consequentemente, esse motivo acaba acarretando nos efeitos de advertência, bloqueio ou até suspensão do benefício. Existem também outras situações que são relatadas pelos usuários durante as entrevistas, como por exemplo: ter que ficar com irmãos mais novos, quando estão doentes para a mãe ir trabalhar porque não tem com quem deixar, as enchentes, bullying dentro da escola, problemas de relacionamento com colegas ou professores, dificuldade de locomoção (se a escola ficar longe da residência e a família não possui condições financeiras de pagar o transporte), também ocorrem situações de evasão escolar quando os adolescentes precisam trabalhar. A maioria dos adolescentes acabam desistindo de estudar por motivos financeiros, por terem o desejo de contribuir nas despesas da casa e, também, para conseguirem adquirir calçados, roupas, objetos pessoais e produtos que a família não possui condições financeiras para comprar. Percebemos que todos esses acontecimentos são reflexos da precariedade das políticas públicas, ou seja, saúde, educação, questões de moradia, segurança pública, desemprego, exclusão social entre outras. De acordo com (Faleiros, 2011, p. 90) “ O encontro dos sujeitos fragilizados com o Serviço Social se dá, em geral, numa instituição. É preciso ver essa fragilização no seu movimento complexo, não só porque a pessoa é explorada (pode até não ser), porque a realidade é múltipla”. É quando os sujeitos se sentem sem expectativas e acabam perdendo emprego, também seus patrimônios ficando sem poder aquisitivo que recorrem ao Serviço Social. Assim o profissional através de suas técnicas interventivas conseguirá atuar diretamente na questão social, trabalhando nas mais diversas formas de sua expressão, realizando assim, a intervenção da realidade vivida por aquele sujeito, na busca por garantias de direitos. Também são realizados os atendimentos aos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC). A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) é garantida sendo de um salário 20 mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com mais de 65 anos ou mais que possam comprovar que não possuem meios de se manter, nem de ter alguém da sua família que possa fazê-la. Para conseguir esse direito, é necessário que a renda per capta do grupo familiar seja menor que ¼ do salário mínimo vigente. Para esse público os atendimentos poderão ser realizados através de visitas domiciliares. Caso sejam feitas essas visitas, os beneficiários recebem orientações relacionadas a manutenção do benefício e, também, têm suas inclusões feitas no Cadastro Único e se necessário são atualizados os cadastros já existentes. A verificação de denúncias em relação a possíveis irregularidades no recebimento de benefício é feita pelo assistente social dentro da instituição. Estas denúncias são solicitadas pela população, que poderá procurar o setor Cadastro Único e, até mesmo, através do telefone. Em algumas situações, podem ser relatadas as denúncias através dos atendimentos, que podem verificar, no momento da entrevista para efetuação do cadastro, por ocorrerem inconsistência de alguns dados. Nestes casos, terá que ser redigido um formulário de denúncia, informando a situação ocorrida. Após o encaminhamento para a técnica, que irá realizar as visitas domiciliares para fins de averiguar e verificar possíveis anormalidades. Estes atendimentos não se restringem somente ao Benefício de Prestação Continuada, Programa Bolsa Família, existem outros usuários que buscam o Cadastro Único com a finalidade de solicitar a carteirinha do idoso para o uso no âmbito municipal e intermunicipal, entretanto essa demanda não é atendida pelo setor, então, os usuários são encaminhados para o setor Passe Livre, para adquirirem a carteirinha municipal, e no Sindicato dos Aposentados, para os usuários que pretendem solicitar a carteirinha para viagem intermunicipal. No setor Cadastro Único são efetuadas apenas as carteirinhas para viagem interestadual, por isso, muitos destes usuários acabam cometendo este equívoco buscando o setor para adquirir as carteirinhas que são realizadas em outros departamentos. Através dos atendimentos podemos perceber o alto índice de analfabetismo, muitos dos usuários frequentaram a escola pouco tempo porque tiveram que começar a trabalhar para auxiliar a família com as despesas de casa. Também nos deparamos com alto índice de emprego informal onde os usuários por não ter outra opção acabam se submetendo ao trabalho sem direito, esses altos índices de trabalho informal estão diretamente ligados aos processos de industrialização e precarização do trabalho. Conforme Montibeller (2015, p.78) [...] “classe trabalhadora se sujeita a qualquer coisa para poder sobreviver, seja o trabalho informal, sem contrato, quaisquer funções, inúmeras tarefas, horários alternados, entre outras situações e condições”. Entendemos que diante da desigualdade vivenciada dentro de nossa sociedade, assim como as expressões da questão social vem aumentando e refletindo no aumento da demanda. 21 São atendidos, dentro do setor também as pessoas em situação de rua. Os motivos que levam estas pessoas a viverem desta maneira são bem diversos podemos citar alguns como por exemplo: alcoolismo, desemprego, dependência química, rompimento com vínculos familiares e até mesmo endividamento. Estes usuários se dirigem até o setor em busca do Programa Bolsa Família e alguns casos do Benefício de Prestação Continuada. Também ocorre de alguns usuários buscarem o setor a fim de solicitar cestas básicas, no entanto, esta demanda é atendida pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) porém estes usuários são encaminhados para o CRAS mais próximo de sua residência. Essa demanda tem aumentado ainda mais nesse período de pandemia em que estamos vivendo, onde a desigualdade social tem aumentado ainda mais, considerando o grande número de pessoas desempregadas dentro de nossa sociedade, o que tem levado muitas pessoas a situação de fome,motivo que faz com que as famílias recorrem aos serviços com o propósito de solicitar alimentos. Conforme Montibeller (2015, p.74) “ [...] o acirramento da questão social com o aumento da pobreza em diferentes versões e aumento da exclusão social de várias pessoas não somente em situação de pobreza e nas relações no mundo do trabalho”. Entendemos que, o aumento da população em situação de pobreza está diretamente ligado aos conflitos de classes, fazendo com que a desigualdade social aumente cada vez mais e as expressões da questão social se tornem cada vez mais evidente. Considerando o grande número de usuários que estão desempregados ou com emprego informal, percebemos o quanto essa situação está diretamente ligada ao capitalismo, onde uns tem muito e outros muito pouco, a acumulação vem refletindo diretamente na vida das pessoas que estão vindo ao Cadastro Único em busca dos Programas Sociais. 1.2.5 Principais características da população atendida pela instituição A população que é atendida pelo Cadastro Único é bem variada, pois o setor abrange várias possibilidades para serem inseridos em algum dos Programas Sociais. As pessoas que são atendidas são bem diversificadas, são pessoas maiores de 16 anos, uma vez que com essa idade já pode ser responsável familiar no Cadastro Único, a maior parte são mulheres, buscando participar em especial do Programa Bolsa Família. Também são atendidos jovens que vem com a intensão de encaminhar o ID Jovem. Os idosos, procuram o setor Cadastro Único para realizar a Carteirinha do Idoso ou também para encaminhamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Tem também as pessoas em situação de rua, que buscam o setor para realizar o cadastro para participar do Programa Bolsa Família. Ainda tem as pessoas com deficiência que recebem ou necessitam fazer o encaminhamento do (BPC). 22 Podemos identificar a população atendida, como aquelas famílias que possuem renda que está abaixo de custear suas necessidades básicas ou aquelas em que o rendimento é ainda menor, são de extrema pobreza. A maioria dessas famílias encontram-se desempregadas, portanto, em situação de vulnerabilidade social. 1.2.6 Proposta de atuação ao usuário Os atendimentos ao usuário na instituição ocorrem através de agendamento, devido ao momento atual em que estamos em isolamento social devido a pandemia, no período anterior a pandemia os setor atendia de portas aberta, no momento, o usuário somente irá se dirigir até o setor mediante horário previamente marcado, o usuário deve agendar o atendimento ou os atendentes do setor entram em contato telefônico para fim das famílias que estão com os cadastros desatualizados se dirigirem até o setor para atualizar seus dados para que dessa forma não corram o risco de perder seus benefícios. Também ocorrem encaminhamentos do usuário através dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Centro Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), abrigos, postos de saúde, escolas e outras instituições, sempre quer houver necessidade de atendimento. Com o horário agendado o usuário chega até o setor e é atendido por um entrevistador social, que irá realizar a entrevista para colocar as informações em um caderno de cadastro, se for uma inclusão após será digitado e passado para o sistema do Cadastro Único, caso seja uma alteração poderá ser feita no sistema, em alguns casos a atualização também deverá ser feita no caderno para fim de ter a assinatura do usuário. O entrevistador é a pessoa responsável por receber o usuário, observar a documentação, efetuar a entrevista e também de informar sobre os programas sociais que existentes através do Cadastro Único e dar os devidos encaminhamentos necessários, também é necessário que o entrevistador explique para o usuário os pré requisitos de cada programa social, como também as condicionalidades, e também a necessidade de manater o cadastro atualizado em casos de mudanças em campos significativos como a renda, a composição familiar, mudança de endereço e mudança de escola. As famílias que estiverem devidamente cadastradas, de acordo com os critérios de cada programa podem participar ou receber o encaminhamento para diversos programas como por exemplo: Programa Bolsa Família (PBF); Benefício de Prestação Continuada (BPC); Tarifa Social de Energia Elétrica; 23 Tarifa Social da Água; Carteirinha do Idoso para Viagens Interestaduais; Identidade Jovem (ID Jovem); Minha Casa Minha Vida; Contribuição ao INSS com valor reduzido para dona de casa; Isenção de IPTU; Isenção de Taxa para Concurso Público. Os atendimentos realizados dentro do setor, além de ser através de entrevista, o usuário também é convidado para participar de grupos de oficina, esses grupos são destinados para famílias que são recentes beneficiários do PBF, para que sejam esclarecidas as condicionalidades, esses normalmente aconteciam mensalmente, nesse momento em função da pandemia do Covid-19 não estão sendo realizadas. Esses grupos e oficinas são realizados com o objetivo de apresentar o funcionamento do Cadastro Único para a população usuária. A finalidade desta proposta é que os beneficiários possam conhecer melhor a respeito dos programas sociais ligados ao Cadastro Único. Esses grupos possibilitam ao usuário tirar suas dúvidas e obter um melhor conhecimento dos programas sociais que tem direito e também estar sendo informado sobre as condicionalidades dos mesmos. Da mesma forma ocorrem atendimentos através de visitas domiciliares, onde são atendidas famílias que, por determinado motivo, não tem condições para se deslocarem até o setor. As visitas atendem, em grande parte, as pessoas que possuem limitações físicas, como por exemplo as pessoas com deficiência, idosos ou até mesmo pessoas com doenças graves. Também são feitas visitas quando ocorrer alguma situação de divergência nos cadastros das famílias, por exemplo, quando for observado algum erro na base de dados ou até informações que estiverem diferentes que seja necessário serem corrigidas. São realizados atendimentos itinerantes, quando uma pessoa ou parte da equipe se desloca, em dias previamente estabelecidos, em Unidades de Referência de Assistência Social (URAS) ou os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) dentro do município. O objetivo da realização dos atendimentos destes cadastros ocorre devido aos atendimentos dos usuários que residem dentro daquele bairro. São feitos atendimentos no Centro de Referência Especializado em Assistência Social para a População de Rua, (Centro Pop), onde são atendidas as pessoas que se encontram em situação de rua. Ocorrem os encaminhamentos para os programas sociais e o CRAS, como por exemplo o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e o Serviço de Convivência E Fortalecimento de Vínculos (SCFV). 24 1.2.7 Estrutura e funcionamento da organização O setor Cadastro Único se encontra no terceiro andar do prédio da Secretaria de Desenvolvimento Social, onde tem na sua totalidade oito andares. Dentro do espaço do Cadastro Único é organizado da seguinte maneira: 1 sala de atendimento para os usuários que aguardam o cadastramento; recepção, 5 guichês para atendimento; 1 sala para digitação; dos cadastros e também das outras demandas – suporte os entrevistadores; 1 sala de coordenação; 1 sala para assistente social e o administrativo; 1 sala de reuniões e capacitações; 1 sala para o atendimento com o assistente social; 1 sala para o armazenamento de arquivos e cadastros; 1 cozinha; 1 banheiro para o uso dos funcionários; 1 banheiro para o uso dos usuários. EstruturaHierárquica Identificação do Profissional Cargo Amanda Coordenadora Alessandra Assistente Social Marcela Assistente Administrativo Amanda Estagiária Administração Ana Laura Estagiária de Serviço Social Ana Paula Estagiária de Serviço Social Carla Estagiária de Serviço Social Carol Estagiária de Serviço Social Ivone Estagiária de Administração Franciele Estagiária de Administração Kelly Estagiária de Administração Stéfanie Estagiária de Administração Priscila Estagiária de Serviço Social Regina Profissional da limpeza 25 A instituição exerce suas atividades de segunda à sexta-feira, no horário das 8 horas da manhã até às 17 horas da tarde. O atendimento ao público ocorre no horário das 9 horas da manhã às 15 horas da tarde, por meio de agendamento, no qual o usuário pode ligar para o setor e agendar caso seja necessário, como nesse momento estamos em isolamento social pelo motivo do Covid-19 o atendente fará um filtro para saber se há necessidade do usuário se dirigir até o setor, também são feitos contato telefônico para os usuários que estão com o cadastro desatualizado. Os usuários que estiverem com o horário agendado, devem ir até a portaria do edifício e informar seu nome e horário, para o atendente que irá confirmar e assim orientá-lo para que se direcione até o terceiro andar, no setor Cadastro Único para assim ser atendido pelo entrevistador. A instituição possui outras demandas dentro do setor, além dos atendimentos ao usuário, são feitas as digitações dos cadastros, conferência dos dados digitados, são lançados dados das informações cadastrais para a COMUSA (Serviços de água e Esgoto de Novo Hamburgo), que fará as verificações para que o usuário que estiver dentro dos critérios possa participar da Tarifa Social da Água, também são feitos atendimentos aos usuários que estiverem com descumprimento de condicionalidades de benefício, nesse momento não estão sendo feitos atendimentos em função do isolamento social. Também ocorrem as capacitações de estagiários, reuniões de equipe e organização do arquivo, onde se encontram armazenados os cadastros físicos dos usuários (cadernos de cadastramento). 1.3 O SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO Com a Constituição Federal de 1988, tivemos uma nova concepção para a Assistência Social no Brasil, sendo incluída através da Seguridade Social sem contribuição e também regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Sabendo que a assistência social é um direito de todo cidadão e um dever do Estado, e tem um caráter de universalidade, a organização da assistência social no Brasil, está direcionada a todos os cidadãos através de benefícios, programas, serviços e projetos socioassistenciais. O Cadastro Único tem como objetivo promover a utilização de dados para realizar o planejamento e a gestão de políticas públicas e programas sociais que são voltadas para a população de baixa renda realizadas pelo governo de cada localidade. O Serviço Social dentro da instituição exerce diversas funções, entre as demandas atendidas estão os atendimentos do Sistema de Condicionalidades (SICON) respeito dos descumprimentos das condicionalidades do PBF, oficinas duas vezes ao mês para novos beneficiários ou famílias em situação de descumprimento (no momento não acontecem pelo motivo do isolamento social Covid-19), ocorrem também as Visitas Domiciliares (VD), quando usuário não tem condições de vir até o 26 setor ou até mesmo por motivo de denúncias, quando necessárias são feitos encaminhamentos para redes, também ocorrem as participações de reuniões. Além disso acontecem as participações de Reuniões de Rede e as reuniões Plenárias do Conselho Municipal de Assistência Social (COMAS), são realizadas também pelo Assistente Social as supervisões de estágio do Serviço Social a cada 15 dias ou até mesmo se necessária reunião individual. O profissional de Serviço Social identifica as necessidades das demandas da população e faz os devidos encaminhamentos para, através das redes socioassistenciais e intersetorial (CRAS/ CRES), com o objetivo de solucionar problemas relacionados a saúde e educação. 1.3.1 Identificação do Supervisor de Campo Nome da Supervisora: Alessandra da Silva Haubert CPF: 013418970-10 RG: REGISTRO CRESS: 11021 Cargo: Assistênte Social Função: Assistênte Social Carga horária semanal: 40horas Tempo de atuação: 6 anos e 6 meses E-mail: alessandrahaubert@yahoo.com.br Fone: ( 51 )996349630 1.3.2 Origem do Serviço Social na Instituição Primeiramente, a Instituição não podia contar com o trabalho de um assistente social, apesar das demandas, os trabalhos eram exercidos por trabalhadores de outras áreas de atuação. Mesmo que o serviço social sempre estivesse presente dentro da instituição, entretanto uma vez que os serviços realizados pelo setor são diretamente ligados à política de assistência social, o primeiro profissional técnico iniciou somente no ano de 2011, antes desse período não existia assistentes sociais no setor. As atividades que estavam relacionadas ao serviço social (como encaminhamentos e atendimentos aos usuários) eram executadas por outros profissionais. No começo a técnica que iniciou a atuação foi por meio de contrato e trabalhava com a sua carga horária reduzida, sua atuação era apenas para a realização de visitas para fins de verificação de denúncias, essa demanda foi instituída pela instituição. No ano de 2012 houve a entrada de uma nova técnica, que foi a pessoa responsável por efetuar as mudanças na instituição, a partir desse momento que o serviço social inicia a conquista do seu espaço e começa a ter um plano de atuação. 27 Com esta mudança, o setor tendo uma técnica de serviço social, adquiriu uma sala para os atendimentos individualizados e também passou a ser organizado com os prontuários de atendimentos sociais, este sistema não existia anteriormente. Então, começaram a ser realizados os atendimentos sociais e os acolhimentos na instituição. A técnica além de realizar os atendimentos, também fazia os encaminhamentos dos usuários que residiam no território, para que esses mesmos fossem acompanhados pelo CRAS. O assistente social era responsável também por realizar as capacitações dos atendentes do setor, auxiliando com os mesmos orientando a respeito da política pública de assistência social e como ocorre o funcionamento. Em 2013, o setor teve a entrada de sua primeira estagiária de serviço social. Através do trabalho da técnica e a estagiária, foi feito um levantamento de averiguações cadastrais dos usuários que eram beneficiários do Programa Bolsa Família. Nessa época, conforme a técnica, foram executadas em média 400 visitas domiciliares, que ocasionaram um bloqueio de 30% dos benefícios do PBF, pois foram constatadas que os mesmos estavam sendo pagos para famílias que não estavam dentro dos critérios do programa. Também nesse período foi iniciado o projeto de divulgação do trabalho executado pelo Cadastro Único em Organizações Não Governamentais (ONGS), CRAS e no Centro Pop. Tinha como finalidade essa ação apresentar o setor e o seu objetivo para os trabalhadores desses locais. Ainda atualmente ocorrem muitas dessas demandas dentro do setor, porém com certas modificações. 1.3.3 O Assistente Social O assistente social que atua no setor Cadastro Único é um profissional concursado, funcionário público vinculado à prefeitura municipal de Novo Hamburgo. Para que esse profissional entre no setor, terá que ser mediante concurso público. O Cadastro Único conta com uma técnica atualmente,a qual é a pessoas responsável por realizar diversas atividades no setor. Algumas das atribuições que cabem a técnica são as seguintes: Prestar atendimento às famílias em situação de suspensão de Bolsa Família; Capacitação de equipe; Entrevistas; Atendimentos; Encaminhamentos; Realização de relatórios sobre as famílias em atendimento social; Realização de grupos e oficinas com os usuários; Participação nas reuniões do Conselho Municipal de Assistência Social (COMAS); Participação de reuniões de rede; Realização de visitas domiciliares. 28 1.3.4 O instrumental técnico-operativo A aplicabilidade dos instrumentos e técnicas da ação profissional do assistente social dentro do setor Cadastro Único, são variadas conforme as necessidades das demandas, levando em consideração os diferentes contextos e realidades sociais apresentadas. Conforme Faleiros (2011, p.41): [...] O foco da intervenção social se constrói nesse processo de articulação do poder dos usuários e sujeitos da ação profissional no enfrentamento das questões relacionais complexas do dia, pois envolvem a construção de estratégias para dispor de recursos, poder, agilidade, acesso, organização, informação, comunicação. É nessas contradições que se vai construir sua identidade profissional e o objeto de sua intervenção profissional, nas condições históricas dadas, com os sujeitos da ação profissional. É importante relatar que o processo de intervenção profissional, será construído a partir das finalidades estabelecidas no planejamento das ações realizadas pelo assistente social, a partir de um processo de reflexão teórica, ética e política e um método de investigação que irão definir os instrumentos e técnicas de intervenção. A Visita Domiciliar é um dos instrumentos técnico- operativo utilizados pelo profissional, é a ida do assistente social até a residência do usuário, com um objetivo predeterminado, a fim de alcançar um objetivo traçado, que normalmente é para conhecer melhor a realidade daquela família. Conforme Amaro (2018, p. 12), “ A visita como técnica se organiza mediante o diálogo entre o visitador e o visitado. No geral organizado em torno de relatos do indivíduo ou grupo visitado. ” Desta maneira podemos entender o quanto a Visita Domiciliar se torna importante para que o profissional consiga buscar a realidade em que aquele usuário vive, sendo fundamental em muitos casos, possibilitando uma melhor compreensão e que sejam feitos possíveis encaminhamentos dos usuários para programas sociais ou acompanhamento familiar através do CRAS. A técnica de Serviço Social, presta atendimentos às famílias dentro do setor de forma individual quando necessária. Em meio aos atendimentos o profissional utiliza a técnica de observação, onde a técnica vai ouvir os relatos com muita atenção, sem julgamentos ou discriminação. Conforme Ruaro (2013, p. 61): [...] a observação não pode ser precedida de forma empírica ou parcial. Deve ser objetiva e isenta de prejulgamentos ou opiniões já formadas. O que parece em primeiro plano simples torna-se complexo à medida que queremos dar um contexto científico à observação. Exige-se para tanto um bom conhecimento da técnica, bem como controle emocional e discernimento para não interferir nem se deixar levar por aparências (o que parece ser, mas nem sempre é). Concluindo, a técnica deve ter clareza e segurança para aplicação do instrumento técnico da observação, sabendo que ouvir significa direcionar atenção para a pessoas que está 29 falando, tendo a mente aberta e interessada ao que está ouvindo, para que possa compreender o que está sendo dito. Também poderá ser realizado pelo assistente social, relatório, dinâmicas de grupos e vivências, oficinas, encaminhamentos, reuniões e assembleias. Entretanto entendemos que o profissional trabalha com situações bem variadas, onde se faz necessário que o assistente social tenha um conhecimento teórico sobre as relações sociais fundamentais de uma determinada sociedade. Segundo Zanluca (2013, p. 163) “ A aplicabilidade dos instrumentos e técnicas da ação profissional na prática cotidiana do assistente social responde às necessidades deste profissional levando em consideração os diferentes contextos e realidade social”. A partir dessa reflexão será possível entender que o profissional deverá discutir a instrumentalidade, que poderá utilizar no determinado momento para aquela família ou indivíduo. As demandas no qual o Serviço Social atende são diversas, portanto elas são emergidas pelo sistema capitalista, onde ocorre a divisão de classes que se fortalece e diferencia cada vez mais. Desta maneira o profissional tem inúmeras dimensões para atender as necessidades da população, para o acesso e defesa dos direitos sociais, civis e políticos, para a melhoria de vida da comunidade. 2 CONCLUSÕES A história do Serviço Social no Brasil, teve seu início marcado pela forma assistencialista, alinhado a Igreja Católica, sendo subordinada às obrigações do Estado. A partir das décadas de 70 e 80, começa a refletir sobre as práticas do Serviço Social sendo efetuado a ruptura do conservadorismo. Com a atuação Ético-Político, Teórico-Metodológico e Técnico-Operativo, tendo desta forma uma visão crítica na atuação do Assistente Social. Com a precarização do trabalho e a mercantilização do Ensino Superior no Brasil, tem sido colocado inúmeros desafios para uma formação de qualidade. Podemos perceber que devemos estar sempre buscando mais conhecimentos, pois, trabalhamos em prol da defesa dos direitos humanos e como trabalhamos em uma sociedade capitalista e um mundo globalizado onde as coisas mudam todos os dias se faz necessário estramos sempre atualizados as mudanças. O profissional de serviço social, deve objetivar as necessidades que são geradas em decorrência da desigualdade social, utilizando instrumentos e técnicas de intervenção, para que assim, consiga atender a demanda dentro da instituição no qual se encontra inserido. Segundo Iamamoto (2015, p.160): É na tensão entre re-produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência que atuam os assistentes sociais, situados em um terreno movido por interesses sociais distintos e antagônicos, os quais não são possíveis de eliminar, 30 ou deles fugir, porque tecem a vida em sociedade. Os assistentes sociais trabalham com as múltiplas dimensões da questão social tal como se expressam na vida dos indivíduos sociais, a partir das políticas sociais e das formas de organização da sociedade civil na luta por direitos. Entendemos que é necessário, pela via do conhecimento, que os assistentes sociais possam estar desenvolvendo estratégias capazes de fazer do imediato o seu instrumento de construção do projeto ético-político profissional, se comprometendo com a transformação da sociedade. Em qualquer área institucional, se torna importante o profissional ter uma prática consciente e refletida, não se deixando levar somente pelas situações apresentadas pelo cotidiano, que, muitas vezes, representa uma porta aberta para a alienação e que só será superada através de uma prática compromissada e também crítico-reflexiva. 2.1 DO ESTUDO DA INSTITUIÇÃO O Cadastro Único para Programas Sociais é um instrumento que identifica e caracteriza economicamente as famílias brasileiras de baixa renda, através das informações identificadas os governos federais, estaduais e municipais podem obter diagnóstico socioeconômico das famílias que estão cadastradas, desta maneira, possibilitam a análise das suas principais necessidades. Através do cadastramento das famílias, o Cadastro Único permite que sejam identificados o grau de vulnerabilidade. Serão consideradas questões comoa renda, as condições de moradia, condições de trabalho, a saúde e a educação. A maior parte dos usuários que procuram o setor são beneficiários do Programa Bolsa Família, que é um programa social de grande importância para a transferência de renda, seu objetivo é beneficiar as famílias de baixa renda e que estejam em situação mais vulnerável. Também podemos falar da quantidade expressiva de pessoas que recebem o Benefício de Prestação Continuada BPC, ou até mesmo vem até o setor para fazer a inclusão do usuário para o encaminhamento do benefício. Entendemos que o Cadastro Único vai além de uma base de dados da população de baixa renda, podemos dizer que, acima disso, ele possibilita uma visualização da população mais vulnerável, dentro de cada território, fazendo um levantamento das principais necessidades daquela população, possibilitando a integração de ações de diferentes áreas, em todos os estados e municípios dentro do nosso país, para que possa ser efetuado uma maior inclusão. Sabendo que a partir da Constituição Federal de 1988, a Assistência social foi requerida à condição de política pública, através deste entendimento, as diferentes ações da população deixam o espaço do voluntarismo e passam a agir segundo a estrutura política pública. Segundo Schreiner (2017, p.78) Por intermédio dos artigos 203 e 204 da Constituição foi regulamentada a Lei n° 8.742, de 7 de dezembro de 1993 – Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Esta lei estabelece princípios, diretrizes da política de Assistência Social, também 31 institui a organização e gestão da política, bem como, seus benefícios, serviços, programas e projetos e seus respectivos financiamentos. Sabendo que a Assistência Social como política de proteção social disponibiliza uma nova situação política em nosso país. O que significa que a garantia é para todos que dela precisarem, sem a necessidade de ter contribuído para a proteção. A LOAS traz um novo método para a política de assistência social, sendo incluída no sistema de bem-estar social brasileiro inserido como campo de Seguridade Social, formando o tripé da Seguridade Social, priorizando a prevenção e também a redução de muitas situações de risco ou de vulnerabilidade sociais da população brasileira, alcançando uma tríplice aliança entre a saúde, previdência e assistência social atuando junto a efetivação dos direitos sociais. Analisando a atuação do setor Cadastro Único, ligada diretamente a Política de Assistência Social, algo que considero muito importante são os contatos telefônicos, para que o usuário atualize seu cadastro evitando o descumprimento de condicionalidade do benefício. Outro ponto bem importante são as Buscas Ativas, sendo que estas são feitas pelo assistente social quando não há possibilidade de contato com o usuário via telefone. Também considero importante ressaltar sobre os atendimentos feitos com agendamentos, por conta do momento atual de pandemia pelo Covi-19, o usuário chega no horário combinado e é atendido por um entrevistador, todos com os devidos cuidados, com uso de máscara, álcool gel, desinfecção do ambiente usado, distanciamento e ainda o local é bem arejado, não ocorre aglomeração de pessoas dentro do setor de atendimento. Neste período de observação, conhecendo o espaço da instituição é possível perceber o papel do instituinte que precisa estar em constante transformação, visando uma maior realização entre os membros. Segundo Baremblitt (2002, p. 24); Então, é importante saber que a vida social – entendida como o processo em permanente transformação que deve tender ao aperfeiçoamento e visar a maior felicidade, maior realização, maior saúde e maior criatividade de todos os membros – só é possível quando ela é regulada por instituições e quando nessas instituições e organizações a relação e a dialética existentes entre o instituinte e o instituído, entre o organizante e o organizado (processo de institucionalização) se mantêm permanentemente permeáveis, fluidas, elásticas. Desta forma conseguimos entender, que nos dias atuais se faz necessário ter um olhar dentro da atualidade, tendo um perfil moderno e criativo. O instituinte é o personagem mais importante dentro da instituição, porque é através dele que serão feitas as mudanças, buscando executar as atividades, para que se tenha melhor aproveitamento e também consequentemente melhores resultados. Sabendo que a atuação do coordenador dentro do setor deverá ser de transformação, para que, dessa forma o líder da equipe possa alcançar seus objetivos com êxito, 32 o coordenador da equipe deverá ter sabedoria para enfrentar as dificuldades e problemas encontrados diariamente, tendo que possuir uma personalidade forte e dinâmica, fazendo com que as atividades que devem ser realizadas diariamente, sejam executadas com o máximo de qualidade. No ambiente da instituição, percebe-se um aumento na contratação de estagiários de Serviço Social, o que gera um melhor entendimento das demandas dentro do setor Cadastro Único. Observa-se principalmente na hora da entrevista que o entrevistador tem uma melhor compreensão da situação de cada família, conseguindo passar todas as informações necessárias para o usuário. No momento a demanda tem sido muito grande, pois, estamos com o quadro reduzido de funcionários, dessa forma os profissionais acabam tendo que dar conta de toda a demanda, o que acaba sobrecarregando os mesmos, resultando alguns erros cometidos, o que pode acabar refletindo nos usuários, que podem ser afetados pela demora na avaliação ou até mesmo a suspensão do benefício. Nesta primeira etapa de estágio, onde o objetivo é a observação da instituição, considero uma grande experiência adquirida, pois, foi possível entender melhor o funcionamento das políticas públicas, e sua grande importância dentro do nosso país. Também foi possível ter um melhor entendimento no que se refere aos Programas Sociais do Governo Federal. É possível entender, através dos usuários que procuram o setor Cadastro Único, as mais variadas expressões da questão social, a grande maioria está diretamente relacionada a falta de trabalho, o que nos mostra o quanto o trabalho está precário. Nesse sentido, Montibeller (2015, p. 78) enfatiza: O mundo do trabalho se alterou de tal forma que não compactua com o número de pessoas que deveriam estar no mercado de trabalho, a população mundial aumentou, porém, o emprego diminuiu em todas as áreas. O trabalho polissêmico e multifacetado caracteriza a nova conformação da classe trabalhadora que se sujeita a qualquer coisa para poder sobreviver, seja o trabalho informal, sem contrato, quaisquer funções, inúmeras tarefas, horários alternados, entre outras situações e condições. Nesse contexto, podemos refletir que a vulnerabilidade social aumentou substancialmente, nessa perspectiva identificamos o acirramento da questão social com o aumento da pobreza em diferentes situações e aumentando a exclusão social de muitas pessoas não apenas em situação de pobreza, mas também nas relações no mundo do trabalho. Todo esse cenário nos faz refletir que ainda vivemos em um período neoliberal, onde os princípios são a desregulamentação do trabalho, onde o trabalhador fica desprotegido, em relação aos direitos sociais e as condições de trabalho, pois, as empresas optam por reduzir os custos, na busca pelo lucro empresarial. 33 O trabalhador vendeu sua força de trabalho pelo equivalente dos meios de vida, consumidos na sua conservação, e forneceu o trabalho, esta atividade conservadora e criadora de valor, que se incorpora ao capital como atividade que lhe pertence. O produtor direto sai do processo como entrou, como mera força de trabalho, tendo que reiniciá-lo para manter viva sua capacidade
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