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Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS Folha de pagamento Encerrado o mês, os cartões de ponto (ou sistema alternativo) deverão ser recolhidos e apurados, bem como os atestados médicos, de forma que tenha o empregador o controle das horas/dias trabalha- dos durante o período e também das faltas justificadas e injustificadas. Uma vez apurados todos os proventos (valores a receber) e descontos, procede-se à elaboração da folha de pagamento que, conforme determinações constantes do artigo 32 da Lei 8.212/91 (regula- mentada pelo artigo 225 do Decreto 3.048/99) deve observar o seguinte procedimento: A folha deve ser elaborada mensalmente, por estabelecimento, obra de construção civil ou :::: tomador de serviços e deve conter, de forma discriminada, o nome de cada trabalhador e a indicação do cargo, função ou serviço por ele prestado. Os trabalhadores devem ser agrupados por categoria, separando-se os empregados, os traba-:::: lhadores avulsos e os contribuintes individuais (autônomos e empresários). A folha deve discriminar os proventos (horas normais, horas extras, adicionais, salários :::: in na- tura etc.) e os descontos (contribuição previdenciária, adiantamentos, vales-transporte etc.), com indicação de cada subtotal. Do total das parcelas aditivas (que são pagas) deduz-se o total das subtrativas (que são deduzidas, subtraídas), obtendo-se como resultado o valor líquido a ser percebido pelo empregado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 110 | Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS As em:::: pregadas que estejam em gozo de salário-maternidade devem constar da folha de for- ma destacada. É necessário indicar o número de cotas de salário-família atribuídas a cada segurado emprega-:::: do ou a cada trabalhador avulso. Sendo o pagamento efetuado semanal ou quinzenalmente, as folhas de pagamento poderão obedecer a esses períodos, devendo, entretanto, ser elaborada também uma folha mensal para fins de apuração da contribuição previdenciária. O fechamento antecipado da folha de pagamento (dias 25, 26 ou outro) constitui procedimen- to comum em algumas empresas e pode perfeitamente ser adotado, desde que a empresa efetue o pagamento de todos os proventos até o 5.º dia útil do mês subsequente, ainda que em folha comple- mentar. Note-se que o prazo de pagamento dos salários, nos termos do artigo 59 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) refere-se ao 5.º dia útil do mês civil (janeiro, fevereiro, março etc.), e não de um período de 30 dias inventado pelo empregador. Assim, eventuais faltas injustificadas ocorridas após o fechamento da folha podem perfeitamente ser descontadas na folha do mês subsequente, mas caso o trabalhador tenha trabalhado extraordinariamente ou em horário noturno, as horas extras e o adicional noturno devidos deverão ser pagos até o 5.º dia útil do mês seguinte àquele trabalhado, sob pena de estar a empresa descumprindo a legislação existente sobre o tema. Contribuição previdenciária Contribuição devida pelos empregados A contribuição devida, de acordo com a Lei 8.212/91, artigo 20, pelo empregado é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota (8, 9 ou 11%), sobre o seu salário de contribuição1 mensal, de forma não cumulativa, observando-se a tabela vigente na referida competência e respei- tando-se o teto de contribuição, conforme segue: Tabela vigente para fatos geradores a contar de 01/01/2008 Salário de contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%) até 868,29 8,00 de 868,30 até 1.477,14 9,00 de 1.477,15 até 2.894,28 11,00 Po rt ar ia 1 42 , d e 11 d e ab ril d e 20 07 (D O U d e 12 /0 4/ 20 07 ). 1 O valor total da remuneração do trabalhador, limitado ao teto máximo fixado pelo Ministério da Previdência. É a base de cálculo das contri- buições previdenciárias. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 111|Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS Cabe à empresa efetuar o desconto correspondente na remuneração do empregado, devendo repassar esses valores à Previdência Social juntamente com suas contribuições previdenciárias. Contribuição devida pelos autônomos e empresários que prestam serviços à empresa Nos termos do artigo 21 da Lei 8.212/91, combinado com a Lei 10.666/2003, sobre o valor total pago ao trabalhador autônomo ou ao empresário, a empresa deverá fazer incidir a alíquota de 11%, a título de contribuição previdenciária, observando-se, contudo, o teto máximo do salário de contribui- ção fixado pelo Ministério da Previdência Social. Essa contribuição deverá ser descontada do trabalha- dor ou empresário e repassada aos cofres previdenciários pela empresa, juntamente com suas próprias contribuições e com aquelas que foram descontadas de seus empregados. Caso o autônomo que prestou os serviços seja um carreteiro ou um transportador (transporte de carga, mercadoria ou pessoa), a base de cálculo para a incidência da alíquota de 11% não será o valor total pago pela empresa, mas apenas 20% desse total e sempre com observância do teto máximo de salário de contribuição fixado pela Previdência Social. Importa observar, também, que além da contri- buição previdenciária, os carreteiros e transportadores autônomos se encontram obrigados a contribuir para o Serviço Social de Transporte (SEST) (1,5%) e para o Serviço Nacional de Aprendizagem do Trans- porte (SENAT) (1,0%), percentuais que também deverão ser retidos pela empresa (incidência sobre 20% da remuneração paga, assim como ocorre com a contribuição previdenciária) e entregues à Previdência Social juntamente com as contribuições a seu cargo. Efetuada a retenção, a empresa deverá fornecer ao trabalhador (autônomo ou empresário) um comprovante de pagamento pelo serviço prestado consignando, além dos valores da remuneração e do desconto feito a título de contribuição previdenciária, a sua identificação completa, inclusive com o número no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e o número de inscrição do contribuinte individual no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A empresa deverá, ainda, declarar essas in- formações na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP). Esses docu- mentos servirão como prova no momento da concessão de aposentadorias, pensões e auxílios aos contribuintes individuais. Contribuição devida pela empresa A contribuição previdenciária devida pela empresa se encontra disposta no artigo 22 da Lei 8.212/91 e, basicamente, constitui dois percentuais distintos: um destinado à Seguridade Social e outro destinado a custear os benefícios de incapacidade decorrentes dos acidentes de trabalho e também as aposentadorias especiais. Para o custeio da Seguridade Social as empresas devem contribuir com alíquota de 20%, inciden- te sobre o total das remunerações pagas a seus empregados, aos autônomos e aos empresários que lhe prestaram serviços, sem a observância de qualquer limite. Em se tratando de banco comercial, banco de investimento, banco de desenvolvimento, Caixa Econômica, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedade de crédito imobiliário, inclusive associação de poupança e empréstimo, so- ciedade corretora, distribuidora de títulos e valores mobiliários, inclusive bolsa de mercadorias e de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 112 | Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS valores, empresa de arrendamento mercantil, cooperativa de crédito, empresa de seguros privados e de capitalização, agente autônomo de seguros privados e de créditos e entidade de previdência privada, aberta e fechada, a contribuição terá um acréscimo de 2,5%, perfazendo um total, portanto, de 22,5%. Para custear os benefícios de incapacidade pagos em decorrênciados acidentes de trabalho, as empresas devem contribuir com alíquota de 1, 2 ou 3%, incidente sobre o total da remuneração paga aos empregados e sem a observância de qualquer limite máximo, da seguinte forma: 1% para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja :::: considerado leve; 2% para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja con-:::: siderado médio; ou 3% para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja :::: considerado grave. O enquadramento é de responsabilidade da própria empresa. Uma vez conhecida a atividade preponderante, deverá o empregador se utilizar da “Relação de Atividades Preponderantes e Corres- pondentes Graus de Risco” (conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE), ane- xa ao Decreto 3.048/99. A contar da competência janeiro de 2009, estas alíquotas de 1%, 2% ou 3% poderão ser reduzidas em até 50% ou poderão ser aumentadas em até 100%, em razão do desempenho da empresa em relação a sua respectiva atividade em termos de acidente relacionado com o ambiente de trabalho. Trata-se de medida instituída pela Medida Provisória 83/2002, posteriormente convertida na Lei 10.666/2006 (art. 10), regulamentada pelo Decreto 6.042, de 12 de fevereiro de 2007 (DOU de 13/02/2007) e é importante que a empresa acompanhe a legislação sobre o tema para que possa se beneficiar do desconto previsto nos institutos mencionados. O desempenho de cada empresa será dimensionado pelo Fator Acidentá- rio de Prevenção (FAP), que levará em consideração em seu cálculo três coordenadas distintas: a frequência dos acidentes; :::: a gravidade dos acidentes;:::: o custo dos acidentes para a Previdência Social. :::: A divulgação do número de acidentes para o primeiro cálculo do FAP ocorreu nos meses de maio, julho e dezembro de 2007 e tem sido bastante polêmica, suscitando inúmeras ações judiciais movidas pelas empresas em todo o país. As aposentadorias especiais, por sua vez, são custeadas pelas empresas por meio de um acrésci- mo nas alíquotas de 1, 2 ou 3%, caso exista no ambiente de trabalho algum agente nocivo que permita ao trabalhador a aquisição desse benefício, instituído pela Lei 9.732/98. A tabela de acréscimo é a se- guinte: acréscimo de 12%:::: – existência de agente nocivo que permita aposentadoria especial aos 15 anos de atividade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 113|Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS acréscimo de 9% :::: – existência de agente nocivo que permita aposentadoria especial aos 20 anos de atividade. acréscimo de 6%:::: – existência de agente nocivo que permita aposentadoria especial aos 25 anos de atividade. Os trabalhadores de uma mineração subterrânea, por exemplo, que trabalhem na frente de pro- dução, possuem direito à aposentadoria especial com apenas 15 anos de atividade profissional. Por tal razão, a empresa que os emprega pagará, além dos 20% destinados a custear a Seguridade Social e dos 3% destinados a custear os benefícios de incapacidade, também o adicional de 12% para custear o benefício de aposentadoria especial que esses trabalhadores terão direito no futuro. Sua contribuição total, portanto, sobre a remuneração paga ao minério subterrâneo, chega a 35%, sem a observância de qualquer limite máximo. Observação: o acréscimo incide exclusivamente sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos sujeitos a con- dições especiais. Com relação aos demais empregados da empresa, que não estiverem expostos a agente nocivo e, consequentemente, não fizerem jus à aposentadoria especial, não haverá qual- quer acréscimo na alíquota destinada ao Seguro de Acidente do Trabalho (SAT). As contribuições devidas pela empresa, bem como aquelas descontadas dos seus empregados e dos contribuintes individuais que lhe prestaram serviços devem ser repassadas à Previdência Social até o dia 10 do mês subsequente, por meio do formulário GPS (Guia da Previdência Social). A contribuição incidente sobre o valor bruto da gratificação natalina – 13.o salário – deverá ser calculada em separado e recolhida até o dia 20 do mês de dezembro, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediata- mente anterior, se não houver expediente bancário nessa data, sendo devida quando do pagamento ou crédito da última parcela. O empregador doméstico se encontra autorizado a recolher a competência de novembro juntamente com a contribuição incidente sobre o 13.º salário, até o dia 20 do mês de de- zembro, em única guia (Lei 8.212/91, art. 30, §6.º, acrescentado pela Lei 11.324/2006). Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) O empregador, ainda que entidade filantrópica, é obrigado a depositar, até o dia 7 de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8% da remuneração paga ou devida no mês anterior a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os artigos 457 e 458 da CLT e a gratificação de natal a que se refere a Lei 4.090/62, com as modificações da Lei 4.749/65. O depósito pelo empregador referente ao FGTS é devido ainda quando o empregado passar a exercer cargo de diretoria, gerência ou outro de confiança imediata do empregador. Os recolhimentos ao FGTS devem ser efetuados utilizando-se da Guia de Recolhimento do FGTS (GRF), gerada pelo aplicativo Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 114 | Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS (SEFIP). Para fins de recolhimento de empregado doméstico e para depósito recursal, deve ser utilizada a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) em meio papel. Para reco- lhimentos devidos na ocasião da rescisão contratual, a empresa deverá utilizar a Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS e da Contribuição Social (GRRF) e para regularização de débitos ou recolhimentos, a Guia de Regularização de Débitos do FGTS ou o Documento Específico de Recolhimento do FGTS (DERF). Os empregadores deverão comunicar mensalmente aos trabalhadores os valores recolhidos ao FGTS (nos recibos de pagamento, preferencialmente) e repassar-lhes todas as informações, recebidas da Caixa Econômica Federal (CEF) ou dos bancos depositários, sobre as respectivas contas vinculadas. Interrupção do contrato de trabalho – depósitos obrigatórios O depósito na conta vinculada do FGTS é obrigatório também nos casos de interrupção do con- trato de trabalho previstos em lei, tais como: serviço militar obrigatório;:::: primeiros 15 dias de licença para tratamento de saúde, exceto se concedido novo benefício :::: decorrente da mesma doença dentro de 60 dias (contados da cessação do benefício anterior), quando então a empresa se desobriga do pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afasta- mento, uma vez que será prorrogado o benefício anterior (Lei 8.213/91 art. 60); licença por acidente de trabalho;:::: licença-maternidade e licença-paternidade;:::: gozo de férias;:::: exercício, pelo empregado, de cargo de confiança imediata do empregador (Decreto 99.684/90, :::: art. 29); demais casos de ausências remuneradas.:::: Nessas hipóteses, a base de cálculo para os depósitos será o valor do salário que deveriam receber se estivessem trabalhando, inclusive sobre a parte variável, devendo ser revistas sempre que ocorrer aumento geral na empresa ou na categoria profissional a que pertencer o trabalhador. Parcelas integrantes da base de cálculo Assim como ocorre na contribuição previdenciária, o FGTS incidirá sobre o total da remuneração paga ao trabalhador, sem a observância de qualquer limite. Assim, se um determinado empregado re- cebe remuneração de R$10.000,00, o valor do depósito de FGTS (8%) será de R$800,00.Com a publicação da Medida Provisória 1.586-9/98 (atualmente Lei 9.711/98), alterando o artigo 15 da Lei 8.036/90, determinou-se que não se incluem na remuneração as parcelas elencadas no pará- grafo 9.º do artigo 28 da Lei 8.212/91, ou seja, as parcelas que não sofrerem incidência previdenciária também não sofrerão incidência de FGTS. Maior detalhamento dessas parcelas se encontra no artigo 214 do Decreto 3.048/99 (parágrafo 9.º). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 115|Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS Assim, a regra geral a ser utilizada é a incidência comum de Previdência Social e FGTS, sobre as mesmas parcelas remuneratórias, observando-se apenas as seguintes exceções, onde há incidência ex- clusiva de FGTS: aviso prévio indenizado;:::: 13.º salário correspondente ao aviso prévio indenizado;:::: remuneração que seria devida ao empregado afastado por motivo de acidente de trabalho;:::: remuneração que seria devida ao empregado afastado para prestar serviço militar obrigatório.:::: Rescisão contratual Ocorrendo despedida sem justa causa, ainda que indireta, com culpa recíproca, por força maior ou extinção normal do contrato de trabalho a termo, inclusive a do trabalhador temporário, deverá o empregador depositar, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior (8%), que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais cabíveis. Em se tratando de despedida sem justa causa, a empresa deverá depositar na conta vinculada do trabalhador também uma multa correspondente a 40% do montante de todos os depósitos realizados durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros, ainda que parte tenha sido sacada pelo trabalhador. Ocorrendo despedida por culpa recíproca ou força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, esse percentual de multa deverá ser de 20%. Observação: na determinação da base de cálculo para a aplicação dos percentuais acima mencionados, deverão ser computados os valores dos depósitos relativos aos meses da rescisão e o imediatamente anterior. Texto complementar Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) (DELGADO, 2007) O FGTS consiste em recolhimentos pecuniários mensais, em conta bancária vinculada em nome do trabalhador, conforme parâmetro de cálculo estipulado legalmente, podendo ser sacado pelo obreiro em situações tipificadas pela ordem jurídica, sem prejuízo de acréscimo percentual con- dicionado ao tipo de rescisão de seu contrato laborativo, formando, porém, o conjunto global e indiferenciado de depósitos em fundo social a destinação legalmente especificada. Criada pela Lei 5.107, de 1996, inicialmente como sistema alternativo ou indenizatório e esta- bilitário da CLT, o FGTS submetia-se a uma opção escrita por parte do trabalhador, no início do con- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 116 | Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS trato laborativo. A nova lei facultava também a realização de opção retroativa ao longo do contrato, ainda não inserido no sistema do Fundo de Garantia. Dispunha o novo diploma legal que, mesmo nos contratos não favorecidos por opção escrita ou retroativa, era obrigatório o recolhimento bancário, pelo empregador, do montante, equivalente ao respectivo Fundo de Garantia, embora tal montante não fosse, ainda, de propriedade do empre- gado (e talvez jamais viesse a ser, se este não exercitasse a opção retroativa). Essa ladina sistemática legal de incentivo e instigação à adesão ao FGTS, tornou tal instituto a regra geral do mercado de trabalho do país, pouco tempo após sua implantação efetiva em janeiro de 1967. A Constituição de 1988 eliminou a necessidade da opção formal pelo FGTS, generalizando o sistema para o mercado empregatício do país, quer urbano, quer rural (CF, art. 7.º, III). Manteve ape- nas o empregado afastado do referido sistema (a inserção voluntária do doméstico no Fundo de Garantia somente se viabilizou mais de 12 anos depois, através da MP 1986, de 13/12/1999, e Lei de Conversão10.208, de 23/03/2001). Logo após as alterações constitucionais, elaboram-se novos diplomas legais regentes do Fun- do de Garantia: em primeiro lugar, a Lei 7.839, de 1989, que revogou a 5.107/66; contudo, foi logo substituída por novo diploma, a hoje vigorante Lei 8.036, de 1990. Características do FGTS O Fundo de Garantia é um instituto jurídico complexo, de caráter multidimencional. Uma de suas mais importantes dimensões – senão a principal – é, sem dúvida, a trabalhista, que é, inclusive, expressamente reconhecida pela Constituição (CF, art. 7.º III). Grande parte de suas mais significativas características são de natureza trabalhista, sem dúvida. Contudo, nem todas elas têm essa estrita natureza. No segmento abaixo, algumas dessas relevantes características e regras, juslaborativas ou não, serão apresentadas. Recolhimento do FGTS:::: : o instituto é formado por recolhimentos pecuniários mensais, efetivados pelo empregador em conta bancária vinculada em nome do trabalhador, em conformidade com parâmetro de cálculo estipulado legalmente. Tais recolhimentos são, regra geral, imperativos. Há porém, exceções a essa imperatividade: uma, recente, de natureza trabalhista, diz respeito aos contratos domésticos; outra, antiga, de natu- reza não trabalhista, relaciona-se aos direitos não empregados. Excluídas tais exceções, a compulso- riedade dos depósitos sempre preponderou, mesmo quando o respectivo empregado não tivesse feito sua opção formal pelo sistema do Fundo (situação verificada, no período pré-CF/88, regulado pela Lei 5.107/66). Esses recolhimentos pecuniários constitutivos do FGTS são feitos em conta bancária vinculada em nome do trabalhador. Inicialmente, tal conta podia ser aberta em distintos bancos do país, “den- tre os para tanto autorizados pelo Banco Central do país”, conforme regulação feita pela antiga Lei 5.107, de 1966 (art. 2.º, parágrafo único). Hoje, verifica-se plena concentração das contas vinculadas na Caixa Econômica Federal, que se tornou agente centralizador e operador do FGTS (arts. 4.º, 7.º, 11 e 12, ilustrativamente, da Lei 8.036, de 1990). Os depósitos no Fundo são corrigidos monetariamente, além de capitalizarem “juros de 3% a.a” (art. 13, caput, Lei 8.036/90). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 117|Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS Os parâmetros de cômputo do FGTS correspondem a 8% do complexo salarial mensal do obrei- ro, a par da média de gorjetas habitualmente recebidas, se houver. A parcela incide também sobre o período contratual resultante da projeção do aviso prévio, respeitada a base de cálculo referida (Súmula 305, TST). Incide, ademais, a verbas sobre o 13.º salário. Tal parâmetro de cálculo do Fundo de Garantia resulta do disposto no artigo 15, caput, da Lei 8.036/90, que se refere às “parcelas de que tratam os artigos 457 e 458 da CLT”, além do 13.º salário. No rol dessas parcelas, além de figuras estritamente salariais, existem também as gorjetas. A Lei Complementar 110, de 29/06/2001, criou uma contribuição social no importe de “0,5% sobre a remuneração devida” (art. 2.º, LC 110/2001), a qual se acresce aos 8% mensais já recolhidos em favor do obreiro. Noutras palavras, o recolhimento mensal feito pelo empregador passa a 8,5%, embora esse 1/2 por cento adicional seja recolhido a título de estrita contribuição social, e não di- reito trabalhista. Em síntese, trata-se de contribuição social mensal, cujo credor não é obviamente obreiro, mas o Estado (União), por meio da Caixa Econômica Federal.1 Abrangência do FGTS:::: : o Fundo de Garantia é direito trabalhista, que o empregador deve,imperativamente, desde a Constituição, a todo empregado, urbano ou rural (observe-se a exceção quanto ao doméstico). Antes da Carta Magna, porém, o ingresso do empregado urbano no Fundo dependia de sua opção formal, por escrito; não havendo tal manifesta- ção escrita, mantinha-se enquadrado o obreiro no tradicional sistema celetista de indeni- zação por tempo de serviço e estabilidade no emprego. A inserção do rurícula no sistema, por sua vez, iniciou-se apenas com a Contituição de 1988 (art. 7.º, caput e inciso III), cujo dispositivos, nesse aspecto, foram regulados pela Lei 7.839, de 1989, e, finalmente, Lei 8.036 de 1990. O Fundo tem natureza de parcela voluntária com relação a um único tipo de empregado, o doméstico. Este, que se manteve afastado do sistema mesmo com o advento da Carta Magna (art. 7.º, parágrafo único, CF), passou a poder ingressar no FGTS, por ato gracioso do empregador, a partir das alterações trazidas pela Medida Provisória 1.986, de 13/12/1999, e Lei 10.208, de 23/03/2001. Por isso é que o doméstico manteve-se como exceção, no que diz respeito à imperatividade do Fundo para o conjunto de empregados. O Fundo de Garantia é parcela voluntária também com respeito a um tipo de profissional que não é, tecnicamente, empregado: os diretores de sociedade, sem vínculo empregatício (se se tratar de diretor dotado dos elementos fático-jurídicos da relação de emprego – portanto, empregado – , já se encontra, automaticamente, inserido no sistema do FGTS, é claro). Esse ingresso no sistema por ato gracioso do tomador de serviços já era autorizado desde a antiga Lei 6.919 de 1981, preceito que foi mantido pela ordem jurídica subsequente (hoje, arts. 16 e 15, §4.o, Lei 8.036/90). O Fundo de Garantia, finalmente, é parcela imperativa com relação a outro tipo de profissional que labora para seu tomador de serviços, mas sem vínculo empregatício: trata-se do trabalhador avulso (art. 7.º, XXXIV, CF). 1 A contribuição social da Lei Complementar 110, de 29 de junho de 2001, não se esgota no acréscimo mensal já citado; existe também a contribuição social de 10% sobre o total do FGTS, “devida pelos empregadores em caso de despedida de emprego sem justa causa” (art.1.º). Do mesmo modo, o credor dessa verba não é o empregado, mas o Estado (União), por meio de Caixa Econômica Federal (CEF). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 118 | Folha de pagamento, contribuição previdenciária e depósito de FGTS Atividades 1. Qual é a periodicidade da folha de pagamento? 2. Como é feita a contribuição previdenciária dos empregados de uma empresa? 3. Uma vez apurados todos os proventos (valores a receber) e descontos, procede-se à elaboração da folha de pagamento, que deverá observar os seguintes procedimentos, exceto: a) a folha deve ser elaborada mensalmente, por estabelecimento, obra de construção civil ou tomador de serviços e deve conter, de forma discriminada, o nome de cada trabalhador e a indicação do cargo, função ou serviço por ele prestado. b) os trabalhadores devem ser agrupados por categoria, separando-se os empregados, os traba- lhadores avulsos e os contribuintes individuais (autônomos e empresários). c) a folha deve discriminar os proventos (horas normais, horas extras, adicionais, salários in na- tura etc.) e os descontos (contribuição previdenciária, adiantamentos, vales-transporte etc.), com indicação de cada subtotal. Do total das parcelas aditivas, deduz-se o total das subtrati- vas, obtendo-se como resultado o valor líquido a ser percebido pelo empregado. d) as empregadas que estejam em gozo de salário-maternidade não devem constar da folha, posto que estarão sendo remuneradas pelo INSS. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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