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Brasília-DF. 
Atendimento e ComportAmento 
de GAtos
Elaboração
Larissa Rüncos
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO ...................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
MELHOR ATENDIMENTO AOS GATOS ......................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
COMUNICAÇÃO DO GATO .................................................................................................... 16
CAPÍTULO 3
PARTICULARIDADES COMPORTAMENTAIS RELEVANTES NO ATENDIMENTO CLÍNICO .................. 22
CAPÍTULO 4
ATENDIMENTO E MANUSEIO AMISTOSO DOS GATOS ................................................................ 26
UNIDADE II
COMPORTAMENTO FELINO ................................................................................................................. 58
CAPÍTULO 1
SOCIALIZAÇÃO ...................................................................................................................... 58
CAPÍTULO 2
COMPORTAMENTO SOCIAL .................................................................................................... 65
CAPÍTULO 3
COMPORTAMENTO ALIMENTAR .............................................................................................. 74
CAPÍTULO 4
COMPORTAMENTO DE ELIMINAÇÃO ...................................................................................... 79
CAPÍTULO 5
PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS E ANAMNESE COMPORTAMENTAL ....................................... 90
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 115
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
O gato está se tornando cada vez mais comum como animal de estimação no Brasil. 
Os gatos são animais divertidos, afetuosos, inteligentes e fascinantes. A convivência 
com gatos tem efeitos na saúde humana, contribuindo para diminuição de: pressão 
arterial, problemas cardíacos e risco de depressão. Entretanto, os gatos ainda 
recebem cuidados veterinários periódicos e preventivos de maneira menos frequente 
que os cães. Isso é justificado, principalmente, pela recusa e medo dos tutores em 
levar seus gatos ao médico veterinário, pelo estresse que essas visitas representam. 
Cada vez mais queremos que os gatos vivam por mais tempo e com saúde, afinal 
são membros da família. Portanto, devemos trabalhar no sentido de melhorar nosso 
atendimento para que os gatos não sofram estresse durante as consultas e, por 
consequência, os tutores sintam-se mais estimulados a levar seus gatos frequentemente 
ao veterinário.
Como parte integrante dos conhecimentos para uma medicina veterinária de qualidade 
temos que compreender o comportamento normal de nossos pacientes. Os gatos possuem 
uma natureza bastante diferente da dos cães, afinal são outra espécie. Temos, ao longo da 
formação básica da graduação, inúmeros conteúdos abordados sobre o funcionamento 
normal do organismo, bem como sobre as doenças que podem acometer esses 
organismos vivos. Entretanto, ainda é raro que se ensine na graduação o funcionamento 
da mente, o funcionamento dos animais como indivíduos, com motivações, emoções 
individuais e espécie-específica. Compreender o comportamento normal dos gatos tem 
a mesma relevância que compreender sua fisiologia normal. Assim como compreender 
as variações do comportamento normal e as doenças comportamentais equivalem 
ao estudo das doenças orgânicas. A fisiologia nos mostra como um organismo vivo 
funciona por dentro, e a etologia (que é o estudo do comportamento) nos mostra como 
um animal funciona como um todo. 
Para atender os pacientes felinos de maneira adequada é essencial compreender 
seu o comportamento normal e como se comunicam. Se hoje sabemos que os gatos 
podem sofrer medo e estresse durante o atendimento clínico, devemos compreender 
quais estímulos são fatores estressores ou amedrontadores para eles. É preciso 
compreender a comunicação felina para que possamos, de fato, interpretar quando 
um gato está confortável e quando um gato está estressado ou assustado. À medida 
que melhoramos nosso atendimento, os gatos sofrem menos estresse no veterinário, 
os tutores se estimulam a levá-lo com maior frequência e realizamos uma medicina de 
maior qualidade. Dessa forma, garantimos que as doenças e a dor nos felinos sejam 
8
detectadas e tratadas adequadamente, corroborando para maior qualidade de vida e 
longevidade destes!
Considerando todas essas questões relevantes, esse material vem abordar os termos 
de comportamento natural dos gatos, para que o aluno tenha um conhecimentomais 
completo do seu paciente felino. Além disso, serão discutidas as particularidades de 
relevância comportamental dos gatos para o atendimento clínico. Serão apresentadas 
também as formas mais atuais de abordagem e atendimento amistoso do paciente 
felino. O objetivo é instruir os alunos para que estejam aptos a realizar um melhor 
atendimento aos gatos e uma medicina veterinária de alta qualidade.
Objetivos
 » Apresentar os principais desafios do atendimento ao paciente felino.
 » Instrumentalizar o aluno para identificar o medo e a ansiedade nos 
gatos, com o intuito de minimizar o estresse e prevenir agressividade nos 
pacientes felinos.
 » Apresentar os comportamentos naturais relevantes para a clínica médica, 
favorecendo uma melhor qualidade do atendimento clínico.
 » Ensinar as técnicas atuais de abordagem e atendimento amistoso do 
paciente felino.
 » Apresentar os comportamentos normais dos gatos, desde a socialização e 
desenvolvimento comportamental do filhote até o adulto.
 » Esclarecer a importância da socialização dos gatos durante o período 
crítico de socialização e sua sobreposição com o período vacinal.
 » Apresentar os principais problemas de comportamento e como realizar 
uma anamnese comportamental.
9
UNIDADE IATENDIMENTO DO 
PACIENTE FELINO
CAPÍTULO 1
Melhor atendimento aos gatos
O gato está se tornando cada vez mais comum como animal de estimação no Brasil. 
Os gatos são animais divertidos, afetuosos, inteligentes e fascinantes. Percebe-se 
um crescimento no número de gatos maior que o crescimento do número de cães 
nos domicílios. Além disso, é cada vez mais comum as pessoas considerarem seus 
gatos como membros da família (TAYLOR et al., 2006). Estudos demonstram que a 
convivência com gatos tem efeitos na saúde humana, contribuindo para diminuição de: 
pressão arterial, problemas cardíacos e risco de depressão. Entretanto, os gatos ainda 
recebem cuidados veterinários periódicos e preventivos de maneira menos frequente 
que os cães. Isso é justificado, principalmente, pela recusa e medo dos tutores em 
levarem seus gatos ao médico veterinário, pelo estresse que essas visitas representam 
(LUE et al., 2008). O estresse ocorre desde a saída com o gato de casa, o transporte até 
a clínica e durante o atendimento de maneira geral. Em trabalhos nos quais se estudou 
a opinião dos tutores de gatos, a maioria relatou que o simples “pensamento de ter 
que levar o gato no veterinário já é estressante” (BAYER 2012). Podemos imaginar 
o quanto, então, os tutores evitam levar os gatos, por consequência estes não estão 
recebendo os cuidados que poderiam. Sabemos que a medicina preventiva é a melhor 
estratégia, e que o diagnóstico precoce de doenças facilita o tratamento e melhora o 
prognóstico para os pacientes. Além disso, o diagnóstico precoce e cuidados veterinários 
preventivos levam a uma maior longevidade do paciente felino. Cada vez mais queremos 
que os gatos vivam por mais tempo e com saúde, afinal são membros da família. 
Portanto, devemos trabalhar no sentido de melhorar nosso atendimento para que os 
gatos não sofram estresse durante as consultas e, por consequência, os tutores sintam-
se mais estimulados a levar seus gatos frequentemente ao veterinário.
Os pets são mais de 130 milhões no mundo inteiro: cachorros, gatos, aves, peixes 
e alguns tipos mais exóticos. Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Associação Brasileira da 
10
UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), mostrou que o Brasil 
tem a segunda maior população de pets do mundo, com 22,1 milhões de felinos 
e 52,2 milhões de cachorros. O ponto mais interessante é sobre a população de 
gatos, que se multiplica em maior proporção e deve predominar em menos de 
dez anos. Segundo a Abinpet, a verticalização dos grandes centros e a mudança 
no estilo de vida das pessoas são fatores que fazem com que os brasileiros 
optem por um animal de estimação mais independente e de fácil adaptação aos 
ambientes menores. No Brasil, a população de cães cresce cerca de 4% ao ano. A 
de gatos cresce o dobro: mais de 8% ao ano (AQUARIUSLIFE, 2017).
Então, como podemos melhorar nosso atendimento ao paciente felino? A primeira coisa 
que devemos entender é: em quais momentos os gatos estão sofrendo estresse e o que 
está sendo um estresse para o tutor. Para isso, é essencial compreender o comportamento 
normal do gato e quais estímulos são fatores estressores para ele. É preciso compreender 
como os gatos se comunicam para que possamos, de fato, interpretar quando um gato 
está confortável e quando um gato está estressado. Compreender quais as necessidades 
básicas do paciente felino e qual abordagem o deixa tranquilo. Ser sensível ao tutor 
quanto a sua percepção do estresse em seu próprio gato, afinal, ele é a pessoa que 
melhor conhece nosso paciente. À medida que melhoramos nosso atendimento, os 
gatos sofrem menos estresse nos veterinários, e os tutores se estimulam a levá-los com 
maior frequência. Dessa forma, garantimos que as doenças e a dor nos felinos sejam 
detectadas, a relação com seus tutores se fortalece e os gatos podem viver com maior 
qualidade de vida e longevidade!
Compreendendo o paciente felino
Gatos são definitivamente diferentes de cães. Ainda é comum na medicina veterinária 
incorrermos no erro de tentar tratar o gato como um cão pequeno. Desde a estrutura de 
nossas clínicas até a forma de abordagem. Além do comportamento e necessidades serem 
muito diferentes, os tutores também são diferentes dos tutores de cães. Percebemos 
que os tutores de gatos são mais exigentes e tendem a buscar mais informações, sendo 
mais questionadores. Por este aspecto, o atendimento se torna mais desafiador, e 
devemos estar bastante seguros dos nossos conhecimentos médicos, bem como de qual 
a melhor forma de abordagem e demonstrar que compreendemos o comportamento e 
necessidades felinas.
O gato é uma espécie social, que forma grupo familiar matriarcal fixo e de local fixo. 
Ou seja, para o gato não é natural mudar-se de local, nem de grupo social, sendo para ele, 
muitas vezes, assustadora a ideia de sair de casa e encontrar pessoas desconhecidas. 
11
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
Além disso, ele é uma espécie presa, sendo esse mais um fator que influencia o medo 
de pessoas e outros animais desconhecidos. Esses são apenas alguns breves exemplos 
de comportamentos naturais dos felinos que influenciam seu comportamento fora 
de casa e que, portanto, devemos levar em consideração a perspectiva dos gatos 
quando vão ao veterinário, pois esta é muito diferente da perspectiva do tutor e da 
do veterinário.
Tente se colocar no lugar do gato e imaginar como ele se sente quando é colocado 
forçosamente em uma caixa fechada, movido para fora de seu ambiente, transportado 
em um veículo que, talvez, ele não esteja habituado. Durante esse transporte, fica 
exposto a sons e odores desconhecidos, além dos movimentos não naturais. Chega então a 
um local desconhecido, no qual encontra animais desconhecidos, talvez cães maiores 
(potencialmente predadores), pessoas desconhecidas em local estranho. Na sequência ele 
é retirado forçosamente da caixa, manipulado, apertado, contido e furado. Apesar das 
inúmeras tentativas de se esconder e se esquivar ou sair da contenção, ele é mantido e 
manipulado contra sua vontade. Muitas vezes até chega a utilizar de agressão para tentar 
interromper tal interação, por sentir muito medo, mas normalmente sem sucesso. Seu 
tutor pode ficar ansioso e também demonstrar medo, o que pode exacerbar a reação 
negativa do gato. Caso o veterinário também sinta medo após alguns comportamentos 
do gato, irá demonstrar tal emoção e aumentar ainda mais a ansiedade do paciente 
felino. Todo esse cenário infelizmente ainda hoje é muito comum, e como podemos 
perceber, repleto de emoções negativas para o gato.
A perspectiva do tutortambém é relevante de compreendermos. Muitos têm bastante 
dificuldade em colocar seus gatos na caixa de transporte. Muitas vezes, antes mesmo 
de eles se aproximarem do gato com a caixa, eles já se escondem. Uma vez escondidos 
os tutores têm de retirá-los à força do esconderijo, e muitas vezes são arranhados e 
mordidos durante a tentativa de colocar o gato dentro da caixa. Essa interação negativa 
compromete o vínculo afetivo entre eles, mesmo que não leve a lesões mais severas. 
Muitas vezes, o tutor acaba desistindo de colocar o gato na caixa e o leva solto, ou desiste 
de levá-lo. Perceba que tal interação, por ser tão negativa pode, muitas vezes, ser um 
motivo importante pelo qual o tutor evita levar seu animal ao veterinário. Durante o 
transporte, alguns gatos salivam excessivamente, outros vomitam, defecam ou urinam 
por estresse e tudo isso também é fonte de desconforto para o tutor. Durante a consulta, 
caso o gato demonstre agressividade, muitos tutores sentem-se envergonhados, sendo 
mais uma emoção negativa experimentada por ele no veterinário. Também a postura 
e manobras do veterinário em relação ao gato podem ser percebidas pelos tutores 
como negativas, principalmente algumas formas de contenção física. Alguns tutores 
consideram que a experiência traumática da ida ao veterinário é mais prejudicial à 
saúde do gato que a falta de cuidados veterinários.
12
UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
Também é relevante considerar a perspectiva do veterinário do paciente felino. O medo 
de manipular um gato difícil é real, pois pode sofrer lesões como arranhaduras e 
mordidas. Muitas vezes, a expectativa de atender um gato potencialmente agressivo 
é muito negativa. Também a falta de conhecimento sobre o comportamento normal 
e leitura das expressões de medo dos gatos leva o veterinário, muitas vezes, a optar 
por uma contenção física mais intensa e desnecessária. A contenção intensa tende a 
levar ao aumento da reação agressiva do gato e o atendimento se torna cada vez mais 
dificultoso. Essas dificuldades no manuseio levam a uma diminuição da eficiência no 
exame físico, aumento do uso de recursos e tempo, bem como a incapacidade de orientar 
adequadamente os tutores, pois estes ficam preocupados com o comportamento do 
gato e com a forma que estão sendo manipulados. Em alguns casos, o exame físico e 
coleta de exames se torna impossível. Outras vezes, os resultados podem ser alterados 
pelo estresse do paciente, sendo inutilizados. Desde alteração em glicemia, leucograma, 
frequência cardíaca e respiratória, até eliminação de fezes com sangue por colite 
associadas à experiência estressante.
O manejo amistoso tem o objetivo de minimizar todo esse estresse, utilizando formas 
de interação que levem em conta o comportamento natural dos gatos e, portanto, 
diminuam sua sessão de estranhamento e medo. Ao compreender e respeitar o gato, 
nós veterinários podemos construir uma relação de confiança com os pacientes e os 
tutores, além de aumentar a frequência das consultas, pois os tutores passarão a não 
mais temer a ida ao veterinário. Quanto mais o gato se sentir confortável e confiante 
durante o atendimento, mais irá colaborar com os procedimentos, dessa forma os 
exames são realizados com mais agilidade e qualidade. 
Origem e evolução dos gatos
Há milhares de anos o homem convive com o gato (Felis silvestris catus). Além de 
muitos dados históricos sobre a existência e adoração dos gatos no antigo Egito 
(BEAVER, 2005a), dados arqueológicos sugerem que os gatos estão presentes em 
sociedades humanas há pelo menos 9.000 anos (VIGNE, et al., 2004; LIPINSKI, 
2007). Inicialmente, era uma relação de mútuo ganho, na qual o gato era atraído pelos 
roedores que iriam se alimentar dos grãos que produzíamos. Este mutualismo não 
requeria nenhuma mudança no comportamento natural do gato (OVERALL, 1997). Ao 
longo do tempo ele foi propagando-se pelo mundo todo, provavelmente seguindo rotas 
de troca de civilizações antigas (LIPINSKI, 2007). Apesar de sua rápida propagação 
em meios urbanos, o gato surpreendentemente manteve características de forma 
e comportamento de um de seus antecessores silvestres (Felis silvestris silvestris) 
(BRADSHAW, et al., 199; DOBNEY; LARSON, 2006). Eles são carnívoros estritos com 
sentidos aguçados para a caça, podem perceber e evitar perigos, e possuem acentuada 
13
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
resposta de luta-ou-fuga (GRIFFIN; HUME, 2006). Atualmente, aceita-se que o 
gato doméstico descenda do gato-selvagem-africano, Felis lybica e também do Felis 
silvestres, e estudos moleculares demonstram uma relação entre o gato doméstico e 
cinco diferentes espécies de gatos selvagens (BEAVER, 2004).
No antigo Egito, os gatos eram adorados, e acreditava-se que podiam ver a alma. 
A palavra egípcia para gato “mau” significa enxergar. Deuses na forma de gatos, como a 
deusa Bastet, filha do deus Sol, representavam a fertilidade das plantas e das mulheres 
e a boa saúde. Talvez devido ao controle de roedores que os gatos realizavam, propiciando 
uma maior produtividade dos alimentos. Os gatos eram privilegiados e fazia-se luto 
quando de sua morte. Eles eram mumificados e enterrados em locais privilegiados, e 
em vida muito bem tratados. 
A boa reputação do gato na Europa começou a cair no fim da Idade Média, quando os 
líderes católicos declararam que os gatos eram agentes do demônio e os associaram 
à bruxaria. De aproximadamente 1400 a 1800, uma enorme quantidade de gatos foi 
exterminada, e os indivíduos que os mantinham, acusados de serem bruxos, também 
eram assassinados. A descoberta de micróbios por Louis Pasteur, no século 19, ajudou 
a recolocar os gatos em sua alta cotação anterior; foram considerados os mais limpos dos 
animais. No fim dos anos 1800, a classe média em ascensão interessou-se por exposições 
de gatos e pelo desenvolvimento e estabelecimento de raças diferentes, especialmente 
raças de pelo longo. Durante o século 20, os gatos tornaram-se ainda mais apreciados, 
com frequência levando vida longa e confortável.
Domesticação
A domesticação é um processo que requer várias gerações de acasalamentos seletivos, de 
modo a permitir mudanças fisiológicas e comportamentais. Um animal doméstico é de 
uma espécie diferente do seu ancestral, pois ocorre uma mudança em seus cromossomos 
e a reprodução não ocorre mais entre essas espécies. Portanto, não existe um processo 
de “semi-domesticação”, como algumas pessoas sugerem que o gato “ainda não foi 
completamente domesticado”. Essa é uma interpretação equivocada, provavelmente 
baseada em características comportamentais dos felinos domésticos como a capacidade de 
sobreviver em ambientes urbanos de maneira feral (sem contato com humanos) e alguns 
comportamentos solitários que os gatos apreciam realizar. Entretanto, independente 
dessas características e capacidades, o gato é sim hoje uma espécie domesticada (Felis 
catus familiares), diferente dos seus ancestrais (Felis lybica e silvestres).
O processo de domesticação dos gatos parece ter ocorrido com pouca influência 
humana, a qual, inicialmente, apenas permitia a permanência próxima propiciando 
14
UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
uma maior chance de sobrevivência e reprodução. Os gatos seguiam a urbanização 
de populações humanas e o acasalamento ocorria mais por questões de 
proximidade que por seleção humana. É provável que a influência tenha aumentado 
gradativamente, sendo a reprodução favorecida para animais de comportamento 
mais dócil e obediente.
Outras espécies domesticadas sofreram seleção genética. Por exemplo, existem raças 
de cães específicas para caça, pastoreio e guarda. Entretanto, a relação mutuamente 
benéfica entre os seres humanos e os gatos tornou desnecessária tal seleção genética. 
Como consequência, os gatos domésticos mantiveram muitos aspectos de seus 
antecessores selvagens. Os gatos são carnívoros autênticos e têm habilidades atléticas 
surpreendentes, além de sentidosaguçados, o que lhes possibilita caçar com sucesso. 
Eles podem sentir e evitar o perigo, apresentam resposta acentuada de luta ou fuga. 
Assim como seus antecessores selvagens, eles escondem a doença e a dor como 
mecanismo de proteção, o que colabora para a impressão errônea de que os gatos são 
independentes e requerem pouco ou nenhum cuidado.
Diferentemente do que se acreditou durante muitos anos, o gato doméstico (Felis 
silvestris catus) é uma espécie social, seja morando dentro de casa, seja vivendo nas 
ruas (CROWELL-DAVIS, et al., 2004; BARRY; CROWELL-DAVIS, 1999). Na verdade, os 
gatos são animais sociais, porém seu comportamento difere do de seres humanos e cães. 
A organização social da colônia baseia-se nas fêmeas nutrindo e criando seus filhotes 
de modo cooperativo. Porém, apesar de o gato feral ou de rua conseguir sobreviver 
sozinho quando o ambiente tem recursos escassos a ponto de não sustentar um grupo, 
grupos sociais com uma estrutura interna, na qual os membros se reconhecem e estão 
engajados em uma variedade de contatos sociais, são formados mesmo não havendo 
recursos alimentares suficientes para todos do grupo (NATOLI, et al., 2001). Dentro de 
uma colônia, os gatos escolherão suas companhias de preferência. Esses gatos podem 
mostrar afeição um pelo outro por meio dos cuidados de higiene mútuos: um lambe 
o outro, em geral na cabeça e no pescoço. Como a cabeça e o pescoço são as áreas 
preferidas para o toque físico, os gatos podem não gostar, e é possível até que se tornem 
agressivos, quando as pessoas tentam acariciá-los em outras áreas. Por conseguinte, a 
menos que se saibam as preferências individuais de um gato, deve-se evitar acariciar 
ou tocar em outras áreas em troca de esfregar ou acariciar o gato ao redor do pescoço e 
da cabeça.
O gato hoje mudou-se do quintal e ruas como “caçador de rato” para dentro das nossas 
casas e corações como animal de estimação. A maioria dos responsáveis por gatos os 
consideram como membros da família (TAYLOR, et al., 2006). Quando domesticamos 
animais e os tornamos dependentes de nós por necessidades básicas vitais, ficamos 
15
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
sujeitos à obrigação moral de satisfazer suas necessidades e garantir seu bem-estar 
(ROLLIN, 2002). Devemos, portanto, conhecer suas necessidades e preferências, a fim 
de entender cada vez melhor esses fiéis companheiros e prover-lhes uma vida saudável 
e feliz.
16
CAPÍTULO 2
Comunicação do gato
Os gatos se comunicam utilizando, principalmente, os odores, as expressões faciais e 
as expressões corporais. Nós humanos nos comunicamos utilizando principalmente a 
fala, mas também expressões faciais e corporais. Dessa forma, para nos comunicarmos 
com os felinos, devemos utilizar as formas que são comuns entre ambos, ou seja, as 
expressões faciais e corporais. Como estamos muito habituados a conversar utilizando 
a fala, muitas vezes esquecemos de observar as expressões felinas, que são silenciosas. 
Se prestarmos atenção, eles estão se comunicando conosco o tempo todo, mas nós não 
os interpretamos corretamente, ou nem prestamos atenção. Temos, então, que aprender 
a ler as expressões faciais e corporais dos gatos para entender o que estão querendo nos 
dizer durante o atendimento, bem como nas interações no dia a dia. 
Comunicação visual
A comunicação visual ocorre através de posturas corporais e expressões faciais 
que podem parecer muito sutis em um primeiro momento. À medida que nos 
familiarizamos com tais expressões, nossa percepção vai ficando mais aguçada e elas 
se tornam gradativamente mais óbvias. É uma questão de prática, após estudarmos os 
significados das posturas (figuras 1, 2 e 3), estaremos mais atentos olhando para nosso 
paciente felino e lendo o que está querendo dizer. Quanto mais praticamos observar e 
interpretar, mais fácil se torna essa leitura. Quando aprendemos a ler as expressões, 
principalmente de medo dos gatos, podemos então mudar nossa atitude ou postura 
para prevenir que o medo aumente, e com isso prevenir agressões e lesões da equipe.
Em relação às posturas corporais, percebemos que os gatos quando estão com medo tendem 
a reduzir seu tamanho, dessa forma assumem posturas contraídas. Em situações de baixo 
medo começam a abaixar os membros posteriores, abaixam a cauda e a região lombar. 
À medida que o medo aumenta, tendem a descer o corpo até o chão e reduzir abaixando 
também a cabeça e membros anteriores (Figuras 1 e 3). Assumem gradativamente uma 
postura menor, curvando a coluna, aproximando a cauda próxima ao corpo, escondendo 
membros posteriores e aproximando os membros anteriores abaixo da cabeça. A posição 
dos membros, principalmente os anteriores, apesar de contraída, é mantida de tal maneira 
que permite um pulo rapidamente caso necessário. Essa postura demonstra que o gato 
está preparado para fugir, mantendo seus membros “a postos” para correr. Eles tendem 
a abaixar a cabeça, mas à medida que a ameaça se aproxima ou se movimenta eles a 
seguem com a cabeça, bem como fixam o olhar nela. Todos esses são sinais de alto grau 
de medo, podendo haver o ataque caso a ameaça se aproxime ainda mais.
17
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
Figura 1. Posturas corporais de um gato em diferentes estados emocionais. Da esquerda para a direita são 
demonstradas posturas nas quais o gato está se tornando gradativamente mais agressivo e confiante. De cima 
para baixo as posturas mudam de um gato relaxado para um gato gradativamente com mais medo (este gato 
abaixado com postura amedrontada, caso se sinta ameaçado ou encurralado pode potencialmente agredir). 
Na diagonal, da esquerda superior para a direita inferior, observamos a evolução de um gato relaxado para um 
gato gradativamente mais medroso e agressivo.
Menos Agressividade 
M
ed
o 
Fonte: adaptada de Leyhausen P.Cat behavior: the predatory and social behavior of domestic and wild cats. Garland STPM Press: New York,1979.
Apesar de as posturas corporais sinalizarem, de maneira eficaz, o nível de medo e 
agressividade de um gato, principalmente a distância, as expressões faciais alteram-se 
com muito mais rapidez e sinalizam uma maneira muito mais imediata à mudança no 
nível de medo e agressividade do gato (Figuras 2 e 3).
Figura 2. Expressões faciais de um gato em diferentes estados emocionais. Da esquerda para a direita são 
demonstradas expressões nas quais o gato está se tornando gradativamente mais agressivo e confiante. De cima 
para baixo as expressões mudam de um gato relaxado para um gato gradativamente com mais medo (este 
gato com expressões faciais contraídas e vocalizando por medo, caso se sinta ameaçado ou encurralado pode 
potencialmente agredir). Na diagonal, da esquerda superior para a direita inferior, observamos a evolução de um 
gato relaxado para um gato gradativamente mais medroso e agressivo.
Menos Agressividade 
M
ed
o
Fonte: adaptada de Leyhausen P.Cat behavior: the predatory and social behavior of domestic and wild cats. Garland STPM Press: New York,1979
18
UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
É possível perceber a variação das expressões faciais de medo nos gatos, principalmente 
se observarmos algumas regiões da face. As orelhas são bastante expressivas, e os gatos 
tendem a movimentá-las para baixo quando estão com medo, contraindo-as contra a 
cabeça. Quando ficam nervosos, descontentes e agressivos tendem a girá-las para trás 
(LITTLE, 2015). Os olhos são também muito expressivos, sendo que no gato com medo 
eles tendem a aumentar o tamanho da pupila, e contrair as pálpebras deixando os olhos 
semicerrados (OVERALL, et al., 2004). Alguns gatos com bastante medo abrem bem 
as pálpebras, principalmente para encarar e seguir a figura ameaçadora (RODAN et al., 
2011). Outra parte da face a qual devemos estar atentos é a região sobre os olhos, o que 
seria o equivalente às sobrancelhas humanas. Os gatos com medo tendem a contrair 
a face, contraindo também essa região, o que pode ser percebidopela movimentação 
dos pelos da pele sobre os olhos (OVERALL, et al., 2004). Os lábios também são uma 
região bastante expressiva, e os gatos com medo tendem a contrair os lábios superiores, 
movimentando as vibrissas para frente.
Figura 3. Sequência de imagens demonstrando as posturas e expressões de um gato gradativamente com mais 
medo e, após uma distração, reduzindo suas expressões amedrontadas. Observe na imagem superior esquerda 
o posicionamento dos membros, curvatura da coluna e posição abaixada da cabeça. Além disso, é possível 
identificar as expressões faciais contraídas de medo. Na imagem logo abaixo, mais à esquerda, a pessoa que 
estava à frente do gato aproximou-se um pouco mais dele, e percebam como sua postura corporal e expressão 
faciais se intensificaram. Na imagem abaixo um pouco à direita, vemos a reação dele quando a pessoa 
aproximou-se um pouco mais. Neste momento o gato está encurralado em um canto do consultório, e já está 
encarando e seguindo a pessoa com olhar. Em situação como esta é muito provável que se a pessoa continuar 
se aproximando ou tentar manipular esse gato, será agredida. Percebam como ele avisou constantemente e 
gradativamente para que a pessoa se afastasse. Na imagem logo abaixo, do lado esquerdo, vemos o gato agora 
com uma postura e expressão calmas, pois a pessoa afastou-se e foi utilizando um brinquedo para desviar a 
atenção do gato, redirecionando seu comportamento. Nas duas imagens na lateral direita, são demonstradas as 
expressões faciais de um gato com medo mediano (acima) e a intensificação da expressão de medo (abaixo).
Fonte: Feline Friendly-handling Guidelines, 2011. Fonte: Rodan et al., 2011.
19
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
Outras expressões de comunicações visuais são importantes, e ao conhecê-las podemos 
reduzir a ansiedade do gato. Piscar pode ser um sinal de que o gato está inseguro, 
procurando um reforço no ambiente. Quando outro gato olha na direção desse gato e 
também responde piscando lentamente isso pode confortá-lo. Dessa forma, podemos 
utilizar essa expressão facial sutil também respondendo a um gato inseguro, piscando 
lentamente de volta para ele. É muito importante não encarar o gato, pois essa expressão 
é interpretada com ameaça por ele, aumentando sua insegurança/medo. A cauda 
também é bastante expressiva. Quando a cauda está posicionada verticalmente ou 
dobrada de maneira relaxada, sinaliza emoções calmas e amistosas. Quando a cauda 
é mantida para baixo contraída ou perpendicular ao chão sinaliza emoção negativa, 
postura agressiva. O balançar da cauda vigorosamente de um lado para o outro sinaliza 
incômodo, excitação e agressividade. Em alguns gatos, o balançar de um lado para o 
outro apenas da pontinha da cauda já é um indicativo de descontentamento e irritação.
Respostas comportamentais ao medo
Como o medo é uma das emoções mais comuns de gerar agressividade do gato durante 
o atendimento veterinário, é importante compreendermos em detalhes quais as 
possíveis reações, além das expressões estudadas anteriormente. Qualquer gato tentará 
defender-se ao se sentir ameaçado. Os animais amedrontados entram na resposta de 
fuga ou luta. Se encurralados, os gatos, em sua maioria, optarão por fugir, ou por “fuga” 
em vez de “luta”. Contudo, se não lhe for possível fugir, o gato lutará, o que poderá 
envolver mordidas e arranhões. Esses são comportamentos felinos normais derivados 
de comportamentos para que se evitem ser predados.
As respostas dos gatos a uma ameaça envolvem:
1. Congelamento – o gato “congela”, agachando-se e ficando imóvel. 
Em geral, essa imobilidade ocorre no começo do estímulo desencadeador 
ou quando esse estímulo desencadeador é relativamente baixo. Tal 
comportamento é muito comum em gatos no hospital veterinário, tanto no 
consultório quanto no internamento. Muitas vezes, esse comportamento 
é interpretado erroneamente como um comportamento calmo ou neutro.
2. Fuga – o gato evita ativamente o estímulo desencadeador. Por exemplo, 
o gato pode correr para um canto ou para debaixo de uma cadeira para 
evitar ser alcançado.
3. Luta – o gato manifesta agressividade defensiva para evitar um estímulo 
amedrontador ou fugir dele. Por exemplo, quando o veterinário estende o 
braço para pegar um gato amedrontado no fundo da caixa de transporte ou 
20
UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
na gaiola do internamento, este poderá tornar-se agressivo para se proteger. 
Esta agressão muito comumente acontece durante procedimentos de exame 
físico, quando o gato expressou de várias formas o medo e tentativas de 
fugir da interação, porém estar não foram respeitadas pelo veterinário, que 
continua manipulação e então leva um arranhão, e erroneamente interpreta 
que foi um ataque traiçoeiro (ou “do nada”).
4. Disfarce ou inquietação – o gato adota uma atividade de deslocamento, 
como os cuidados e a higiene com os pelos, quando confrontados com 
estímulo desencadeador de medo. Embora o gato deseje evitar o estímulo, 
como não consegue fazer isso, acaba redirecionando seu comportamento. 
Esses comportamentos disfarçados também são comumente interpretados 
erroneamente como demonstrações de que o gato está calmo.
Comunicação olfativa e outros sentidos
A percepção dos gatos do mundo é diferente da nossa, pois seus sentidos são aguçados 
em diferentes proporções. Compreender essas diferenças de percepção também nos 
permite interagir mais adequadamente com os gatos.
A comunicação olfativa é de extrema importância no mundo felino. Os gatos utilizam 
os odores para se orientar no ambiente, para identificar indivíduos, identificar 
estados emocionais de outros gatos, identificar o ambiente e características do 
ambiente, bem como seu odor corporal é sua identidade individual. É difícil para nós 
que temos a visão como principal sentido, realmente compreendermos como é para 
um gato essa percepção olfativa do mundo. Nunca iremos sentir como eles, mas se 
conseguirmos compreender racionalmente que para eles é assim, podemos tentar nos 
colocar no lugar dos gatos ou no mínimo agir de acordo com essa percepção aguçada 
para eles.
Dentro da comunicação olfativa é importante compreender o papel dos feromônios. 
Feromônios são hormônios secretados para fora do organismo, com a função de 
sinalizar informações relevantes para outro indivíduo da mesma espécie a distância. 
Dessa forma, os feromônios são secretados no ambiente, e mantêm-se por determinados 
períodos, e quando outro animal encontra tal substância, identifica esse odor e obtém 
informações sobre o indivíduo que a depositou. Essas informações permitem aos gatos 
demarcar seu território, facilitam interações sociais, evitação de confrontos, encontros 
para acasalamento, dentre outros. Os gatos podem identificar o estado emocional do 
indivíduo que liberou o feromônios, portanto identificando que o gato estava com 
medo, assustado ou agressivo. Ao perceber o odor de um gato que estava com medo em 
21
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
determinado local, o gato pode também entrar em um estado temeroso, pois imagina 
que o outro gato se sentiu ameaçado naquele local.
Nos hospitais veterinários, o odor de gatos, cães e seres humanos desconhecidos pode 
assustar e agitar os pacientes felinos. Como o sentido do olfato do gato é mais apurado do 
que o dos seres humanos, os integrantes da equipe veterinária geralmente não observam 
os sinais olfatórios deixados por outro gato ou mesmo o odor de uma solução de limpeza 
que pode ser agressiva para ele. Com frequência, em uma sala de exame que parece estar 
completamente limpa, os gatos podem ir diretamente a uma área específica, cheirá-la 
e, a seguir, exibir o reflexo de flehmen. Este é um comportamento que demonstra que o 
odor de outros gatos está presente no ambiente, e o gato pode se incomodar com isso. 
Nem sempre os pacientes irão realizar o reflexo de flehmen quando sentem o odor de 
outro gato. Entretanto quando um gato sente odor de outro que estavaestressado, o 
seu estado emocional se altera para um estado negativo, provavelmente angustiado. 
Essa comunicação olfativa está acontecendo constantemente nos consultórios, na 
recepção das clínicas, nas gaiolas e nas caixas de transporte. Precisamos estar atentos 
para minimizar tal comunicação, diminuindo assim o estresse e medo dos gatos.
A sua audição é aproximadamente quatro vezes melhor que a humana, portanto sons 
na clínica veterinária, como telefones e vozes, podem ser incômodos mesmo quando 
achamos estar falando em tom normal (PATRONEK; SPERRY, 2001 apud RODAN, 
2012). Sons como de aparelhos, aferidores de pressão e centrífugas podem assustá-los, 
assim como sons de outros animais podem ser causadores de estresse, ainda de acordo 
com Patronek e Sperry (2001).
Rodan (2012) afirma que gatos por enxergarem bem também em pouca luz, são mais 
propensos a se assustar quando ocorrem movimentos rápidos e inesperados, portanto 
a equipe veterinária deve estar ciente de que “devagar é rápido, rápido é devagar”, ou 
seja, quando fazemos algo com pressa muitas vezes não fazemos de forma correta e 
talvez precise refazer, e quando feito calmamente acaba sendo mais eficiente.
22
CAPÍTULO 3
Particularidades comportamentais 
relevantes no atendimento clínico
Grupo familiar fixo e interações físicas
O gato é uma espécie social, realizando várias atividades diárias em companhia e 
também algumas atividades em solidão. As principais atividades que os gatos apreciam 
realizar em companhia são os comportamentos afetivos como carinho, esfregação 
mútua, lambedura mútua, descansar e dormir juntos e brincar. As atividades que eles 
apreciam realizar em solidão são principalmente caçar, urinar e defecar, comer e a auto 
higiene. O grupo social dos gatos é fixo, portanto sendo mantido ao longo da vida com 
indivíduos conhecidos e, normalmente, pequenos grupos. A manutenção do vínculo 
afetivo e coesão do grupo se dá pela execução diária de comportamentos afiliativos: 
esfregação mútua, lambedura mútua e descanso encostados. Esses comportamentos 
afiliativos, também chamados comportamentos amigáveis, são realizados apenas entre 
membros amigos, e não realizados entre indivíduos desconhecidos ou que não têm um 
bom relacionamento. Dessa forma, não seria natural para os gatos serem manipulados 
e interagirem fisicamente com indivíduos desconhecidos. Essa é uma particularidade 
importante de lembrarmos quando do atendimento clínico, pois essencialmente um 
exame físico envolve a manipulação do corpo do gato. Entretanto, se sabemos dessas 
particularidades, podemos lembrar de evitar manipular e acariciar os gatos antes e 
depois dos procedimentos. Pois, para a maioria dos indivíduos, isso não irá deixá-lo 
mais calmo, e sim mais ansioso.
Além do vínculo afetivo, outro objetivo com tais comportamentos é a troca de odores 
corporais. Gatos de um mesmo grupo, que são amigos, devem manter o mesmo 
odor. Para isso se esfregam, lambem e se encostam, trocando nessas interações 
seus feromônios e saliva, mantendo assim um odor familiar. Por isso, é muito 
importante respeitarmos essa manutenção de odor corporal quando atendemos o gato. 
Evitar manipulá-lo excessivamente, principalmente com as mãos sujas ou com odor de 
outros gatos. Evitar o contato com o jaleco que tenha sido utilizado com outros pacientes 
em contato próximo. Lembrar de manter o ambiente e os locais aonde o gato irá deitar 
ou encostar livre de odores de outros gatos ou animais. E é importante lembrar que 
o olfato dos gatos é muito mais acurado do que o nosso, ou seja, odores perceptíveis 
por eles muitas vezes não são perceptíveis ao olfato humano. Então, o cuidado com a 
limpeza deve ir além da limpeza de odores que nós percebemos.
23
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
Em relação à manipulação, a maioria dos gatos prefere ser manipulada nas regiões da 
cabeça e pescoço, e podem ficar irritados ou até agressivos se manipulados em outras 
áreas do corpo. A cabeça e o pescoço são algumas das regiões ricas em glândulas de 
feromônios, e são regiões as quais os gatos esfregam em seus familiares, sendo, portanto, 
um local naturalmente confortável para eles receberem manipulação (Figura 1). 
Algumas partes do corpo são particularmente incômodas de serem manipuladas, 
principalmente as partes mais vulneráveis como o abdome, regiões anal e inguinal, cauda 
e membros. Essas são regiões do corpo que eles tendem a proteger quando encostadas. 
Mesmo quando um gato se vira de barriga para cima durante uma interação positiva, 
isso não significa que ele quer carinho na barriga. Esse é um erro muito comum de 
interpretação das pessoas, e então quando manipulam a barriga levam uma mordida. 
Esse rolamento é uma demonstração de carinho e conforto, porém não é um convite à 
manipulação na barriga. Esse é um comportamento canino que, mais uma vez, tentamos 
transpor para os gatos. 
Figura 4. regiões preferidas pelos gatos para receberem carinho e manipulação são a cabeça, pescoço e 
região das costas. A maioria dos gatos não aprecia ser manipulado nos membros, abdome, e cauda.
Fonte: a autora.
O comportamento de grupo familiar fixo também significa que os gatos não têm uma 
habilidade inata para tolerar indivíduos desconhecidos, e essa é uma das razões pelas 
quais os gatos tendem a ser muito mais medrosos quando chegam à clínica veterinária 
do que os cães. Outro comportamento natural relevante de compreendermos é 
que são de local fixo, ou seja, o uso do espaço também é fixo, sendo natural para os 
gatos permanecer sempre no mesmo local, e não migrar ou mudar de seu ambiente. 
Dessa forma, os gatos não têm uma habilidade inata para tolerar mudanças de ambiente 
e locais desconhecidos. Essa tolerância vai depender da socialização do gatinho, da sua 
predisposição genética e também do ambiente. Muitas vezes, quando o paciente felino 
chega para nós já é adulto, e não podemos ter influência sobre sua genética e nem seu 
grau de socialização, mas o que podemos controlar é o ambiente, para que ele se sinta 
mais seguro e reduza seu medo.
24
UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
Gatos são presas
Gatos são predadores de pequenos animais e são também presa para vários outros 
animais. Basicamente, qualquer animal maior do que o gato pode ser seu predador. 
Tal comportamento de presa é relevante quando consideramos a percepção do gato 
em interações com humanos e cães. A sua expectativa instintiva, quando na presença 
de um animal maior do que ele desconhecido, é de que esse indivíduo pode ser uma 
ameaça. Mais uma vez, essa percepção é influenciada por questões genéticas e de 
socialização, bem como pelo comportamento do indivíduo desconhecido. Devemos, 
então, trabalhar para que nossos pacientes felinos sejam cada vez mais socializados 
com muitos indivíduos durante o período crítico de socialização, bem como adequar 
nosso comportamento durante os atendimentos para minimizar nossa impressão 
potencialmente ameaçadora.
Ainda devido ao fato de os gatos serem presas, eles tendem a expressar o medo de 
uma maneira muito diferente dos cães. Os gatos normalmente disfarçam o medo, assim 
como disfarçam que estão com dor ou doentes. Esse é um mecanismo de proteção 
para que os predadores não percebam que estão frágeis e mais suscetíveis. Nos cães 
a demonstração de medo é explícita (overt) e nos gatos é normalmente disfarçada 
(covert). Essa expressão mais disfarçada do medo pode levar a uma interpretação 
errônea por parte do veterinário, de que o gato está bem quando na verdade está com 
medo. Por isso, devemos estar sempre bem atentos e fazer uma leitura das expressões 
faciais e corporais do paciente a todo momento. 
Gatos são predadores solitários
Outra particularidade do comportamento predatório é que os gatos caçam sozinhos. 
Devido a esse comportamento de caça solitária, e ao fato de serem animais presa, os 
gatos evitam confrontos físicos sempre que possível. O ataque de um gato amedrontado 
é sempre a última escolha, ele irá agredircaso se sinta encurralado ou acuado, sem 
opção de fuga. Utiliza muito o distanciamento e o comportamento de se esconder como 
formas de evitar conflitos. Por isso, oferecer, nos consultórios e internamento, locais 
para que o gato se sinta escondido é muito importante. A própria caixa de transporte 
pode servir como local de esconderijo para gatos medrosos. E o exame físico pode 
ser realizado em tais locais. Locais elevados são uma boa alternativa para que o gato 
sinta-se evitando ou protegendo-se de uma ameaça.
Por serem caçadores solitários e presas, os gatos não procuram ajuda dos outros do 
grupo quando estão em uma situação ameaçadora. O comportamento natural dos 
gatos é de fugir da ameaça e se proteger, cada um por si. Bem como, logo após um 
25
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
confronto entre gatos, a reação é sair um de perto do outro e se distanciar. Dessa forma, 
não devemos esperar que os gatos apresentem os comportamentos de apaziguamento 
após uma interação negativa, assim como os cães apresentam. Os comportamentos 
de apaziguamento são muito fortes nos cães, que tendem a voltar para próximo do 
indivíduo após um conflito e apresentar comportamentos afiliativos para aproximação. 
Além disso, os cães buscam o contato físico e proteção dos outros membros do grupo 
quando em situação de medo. É comum cometermos o erro de esperar esses mesmos 
comportamentos dos gatos, ou de realizarmos esses comportamentos em direção a 
eles imaginando que estamos acalmando. Para a maioria dos gatos, quando estão com 
medo, a proximidade física com o tutor não irá acalmá-lo, bem como fazer carinho 
após uma interação negativa também não irá acalmá-lo. Claro que, mais uma vez, essas 
reações comportamentais irão variar dependendo do grau de socialização do gatinho.
Como conclusões, podemos perceber que são alguns os comportamentos naturais dos 
gatos domésticos que são relevantes para a clínica. Compreender essas particularidades 
comportamentais nos permite compreender melhor a reação dos gatos em algumas 
situações. Compreendendo a percepção dos gatos podemos, de maneira mais adequada, 
ajustar o nosso comportamento e postura frente a eles durante o atendimento e 
interações para que possamos minimizar o medo. Além disso, podemos melhorar o 
ambiente da clínica considerando essas particularidades, para minimizar a sensação 
de estranhamento e ameaças percebidas pelos gatos. Com esses ajustes, podemos 
melhorar em muito nosso atendimento ao paciente felino.
26
CAPÍTULO 4
Atendimento e manuseio amistoso 
dos gatos
O início de tudo - o transporte
O manuseio amistoso dos gatos se inicia já na hora do transporte até a clínica. É essencial 
que o gato seja manipulado adequadamente em casa e que chegue à clínica em estado 
emocional tranquilo para tolerar calmamente a manipulação e procedimentos durante 
o atendimento. Os tutores, muitas vezes, não têm conhecimento sobre qual a melhor 
forma de transportar os gatos, encontrando enormes dificuldades em meramente 
colocar o gato dentro da caixa. Para realizarmos um melhor atendimento ao paciente 
felino, devemos então orientar nossos clientes sobre o transporte. Ideal é que essas 
orientações sejam passadas logo nas primeiras consultas de vacina dos gatinhos ainda 
filhotes. Quando sociabilizamos um gatinho filhote com a caixa e o transporte, na idade 
ainda dentro do período crítico de socialização, esse aprendizado ocorre de maneira 
muito mais rápida, a associação positiva torna-se permanente.
A caixa deve se tornar um local conhecido e preferido pelo gato em casa. Ela deve 
tornar-se uma toca super confortável na qual o gato, frequentemente, procura para 
descansar, se esconder, banhar-se dentre outras atividades favoritas. Ela deve ser uma 
das tocas para o gato na casa. Quando a caixa aparece para o gato apenas no momento 
de colocá-lo dentro para levar ao veterinário, ele rapidamente associa a caixa apenas 
a coisas ruins, e sabe que lá dentro ele será colocado contra a vontade e que não vai se 
sentir confortável, pois é um local desconhecido. Além disso, associa que todas as vezes 
que essa caixa aparece e ele é colocado lá dentro, ele é levado para um local estranho 
aonde muitas ciosas ruins acontecem. Por isso, eles relutam insistentemente para não 
entrar na caixa, e o simples ato de colocar o gato para levar ao veterinário pode se 
tornar impossível, ou uma luta.
O ideal é que a caixa seja de tamanho uma vez e meia ao tamanho do gato, para que ele 
tenha espaço para se mover, levantar e girar dentro da caixa confortavelmente. A caixa 
deve também ser de material lavável e idealmente ter sua porção superior removível. 
Quando os gatos gostam de suas caixas, e são medrosos, muito dos procedimentos 
veterinários podem ser realizados com ele dentro de sua caixa, para isso é importante 
que a caixa abra por cima de maneira a permitir o acesso confortável ao gato no 
fundo da caixa. Essa grande caixa deve então ser posicionada no domicílio do gato, 
27
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
em um local em que ele aprecie deitar, e ser mantida sempre lá. Colocar um cobertor 
macio ou almofada dentro da caixa para que fique mais confortável, e então estimular 
que entre voluntariamente dentro da caixa. Isso pode ser favorecido colocando um 
alimento favorito dentro da caixa, ou jogando brinquedos favoritos. A maioria dos 
gatos irá entrar voluntariamente para descansar lá dentro apenas por ela estar em um 
local agradável.
Quando percebemos que o gatinho está entrando na caixa voluntariamente, iniciamos 
treinos de habituação ao fechamento e movimento da caixa. Isso é feito chamando 
o gato para entrar na caixa com um alimento úmido favorito servido lá dentro. 
Enquanto o gato está dentro da caixa comento, fechamos a porta desta. No primeiro 
dia de treino, mantemos fechada enquanto ele come, e logo que termine abrimos a 
porta. Esse treino pode ser realizado diariamente, aumentando de maneira gradativa o 
tempo em que o gato fica fechado lá dentro. Após alguns dias de treino, quando o gato 
já fica por alguns minutos fechado sem demonstrar medo ou ansiedade, começamos 
a habituá-lo ao movimento da caixa. Repetimos então o mesmo procedimento: 
atraímos o gato para dentro da caixa com o alimento favorito, enquanto come 
fechamos a porta e então movemos a caixa enquanto ele come. Podemos caminhar 
dentro de casa nos primeiros treinos, e a cada dia aumentamos o tempo e a distância 
percorridos. Avançamos nos treinos sempre à medida que o gato continue tranquilo 
a cada nova etapa. Nos próximos dias evoluímos para levar o gato até o carro e 
iniciamos pequenos trajetos de carro para que se habitue com os movimentos e os 
sons do carro, de maneira tranquila, sem associar a nada negativo. Inclusive, podemos 
oferecer durante o passeio petiscos favoritos para o gatinho. Uma vez que ele está 
treinado para entrar na caixa e passear de carro, esse aprendizado é permanente se 
mantivermos repetições de treino esporádicas. Portanto, é recomendado que se leve 
o gato, ao logo do ano, várias vezes para passeios de carro que não sejam relacionados 
a visitas ao veterinário. Se dentre os 365 dias do ano, 20 ou 30 vezes ele saiu de casa 
na sua caixa favorita, fez um pequeno passeio ganhando petiscos e voltou para casa 
sem experiências negativas, quando 1 vez no ano ele for ao veterinário seguindo esse 
mesmo processo, sua expectativa dessa viagem será positiva. Chegará, portanto, na 
clínica em um estado emocional calmo e não aguardando coisas negativas, pois essa 
não é sua memória predominante. Se além disso, no veterinário temos o atendimento 
amistoso e o medo e estresse são mínimos, essa viagem não gerará traumas nem 
memórias extremamente negativas para o gato, e ele continuará a gostar muito de 
sua caixa toca.
Essas informações devem ser repassadas para todos os clientes, seja de gatos adultos, 
filhotes, medrosos ou não. Pode-se elaborar folhetos explicativos para entregar aos 
tutores para que realizem o treinamentopara a caixa de transporte. Pode-se fazer aulas 
28
UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
em grupo para explicar esse treino e outros assuntos relevantes de comportamento. 
Ou pode-se explicar, durante uma consulta inicial, quando um novo paciente chega 
à clínica em uma caixa inadequada, ou demonstrando comportamento de medo 
dentro da caixa. Mesmo para os gatos que chegam aparentemente tranquilos, é 
importante explicar o uso da caixa em casa como toca, bem como o treinamento, pois 
assim o gato ficará o mais confortável possível nas vindas dentro da caixa, por toda 
a vida.
Preparando a clínica e a equipe
Ao chegar até a clínica em estado emocional tranquilo dentro de sua caixinha, o gato deve 
ser recebido também em ambiente calmo, que favoreça essa tranquilidade. O primeiro 
local em que o gato entrará é a recepção, portanto devemos estruturar nossa recepção 
para que seja feline friendly (amigável ao gato). Outro ponto muito importante é 
minimizar o tempo de espera do gato. Quanto mais tempo ele ficar fechado em sua 
caixa, em local estranho, aguardando, mais seu medo irá escalando. Portanto, além 
da estrutura da recepção é importante organizar a agenda e treinar a equipe para que 
receba e inicie o atendimento do gato no menor tempo possível. Andar com o paciente 
em intervalos suficientes para que se realize uma boa anamnese e com tempo extra para 
exame e coleta de exames caso necessário, assim prevendo o tempo gasto com cada 
paciente, para que o próximo chegue idealmente quando o paciente em atendimento já 
tenha terminado.
Em clínicas mistas, organizar a agenda para ter dias exclusivos para o atendimento 
de gatos é recomendável. Dessa forma, os gatos não encontram cães na recepção, 
além de os odores de cães serem minimizados, tanto na sala de espera quanto nos 
consultórios. Além disso, os horários podem ser ajustados para o tempo necessário 
para a consulta dos felinos, e a equipe estará mais preparada para os atendimentos 
nesse dia. Os tutores de gatos tendem a gostar dessa estratégia também, pois se sentem 
bem atendidos pelo cuidado com a exclusividade do dia, além de perceberem seus gatos 
mais calmos. Tutores de gatos tendem a ser bastante maleáveis e se adaptam a esse tipo 
de procedimento quando percebem que é para o bem deles e do gato.
A recepção
A recepção deve ser preparada com espaços separados para cães e gatos. Esse ponto 
é essencial. Um espaço na recepção exclusivo para gatos permite que em tal local não 
se acumule odores de cães, o que pode ser percebido como uma ameaça pelo paciente 
felino. Além disso, esse local exclusivo deve ser preparado de tal forma que permita 
29
ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
certo isolamento para que os tutores e os gatos tenham privacidade. Essa privacidade 
permite que os gatos se sintam menos ameaçados por não terem o estímulo visual 
de outros gatos e pessoas circulando em frente a sua caixa. Dessa forma, o local fica 
mais tranquilo, quieto e limpo. Idealmente, o espaço deve oferecer um local para o 
tutor se sentar e alocar a caixa de transporte elevada do chão, próxima a ele. O chão 
deve ser o último local a se colocar a caixa de transporte. No chão é o lugar em que 
o gato se sente mais vulnerável, é aonde está mais próximo dos odores dos animais 
que por ali circularam, é aonde está mais facilmente acessível aos cães e outros 
gatos, bem como tem uma visão da movimentação das pessoas de baixo. O ideal é 
que o gato fique em uma mesa ou prateleira ao lado do tutor, ou até em local acima 
dos tutores. 
Criar nichos para a colocação das caixas transportadoras na mobília da recepção é uma 
ótima opção. Um pequeno móvel com quatro espaços para colocar as caixas permite 
que, com pouco espaço ocupado da recepção, os quatro paciente fiquem posicionados 
de maneira protegida, sem contato visual lateral uns com os outros, além de não ficarem 
próximos ao chão, e nem acessíveis aos cães e outras pessoas circulando. Esse móvel 
pode ser utilizado como a divisória entre os locais de recepção, e pode ficar voltado para 
as cadeiras de espera onde estão os tutores, ficando assim, o contato visual dos gatos 
com seus tutores. Ter toalhas limpas sempre disponíveis na recepção é necessário. 
Para gatos mais medrosos ou agressivos, cobrir a caixa com uma toalha limpa ajuda 
a minimizar o estresse da espera, pois o gato se sente mais protegido e com estímulo 
visual reduzido. Outra ótima opção é sempre orientar os tutores a trazer uma toalha ou 
manta de casa para encobrir a caixa, assim além de diminuir o estímulo visual, o gato 
fica submerso em odor familiar de casa.
Figura 5. Área de recepção exclusiva para gatos, com divisória sólida que impossibilita visão, plataforma ao lado 
da cadeira que permite colocação da caixa de transporte com o gato acima do chão. É importante manter 
bem sinalizado o local exclusivo para gatos, para que os clientes já se direcionem para este local e para que os 
tutores de cães não entrem nesse espaço com os cães.
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-waiting-room/>.
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UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
Figura 6. Espaço na recepção exclusiva para gatos, com mesa para colocação da caixa de transporte com 
o gato de maneira elevada do chão. A caixa está coberta com um pano próprio de casa, o que favorece o 
conforto e tranquilidade do gato pelo odor familiar. 
 
 
Mesa para colocação da 
caixa de transporte com o 
gato levantado do chão. 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-waiting-room/>.
Figura 7. Mesa para colocação da caixa de transporte de maneira elevada do chão, em espaço na recepção 
exclusiva para gatos em clínica cat friendly.
 
 
 
Mesa para colocação da 
caixa de transporte com o 
gato levantado do chão. 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-waiting-room/>.
Figura 8. Espaço na recepção exclusiva para gatos, com cadeiras de tamanho apropriado para a colocação da 
caixa de transporte de maneira elevada do chão. A caixa está coberta com uma toalha limpa, livre de odores 
de outros gatos, o que favorece o conforto e tranquilidade do gato por diminuir os estímulos visuais externos. 
 
 
Caixa colocada sobre a 
cadeira, Acima do chão. 
Área de espera 
exclusiva para gatos 
Toalha limpa para os tutores 
colocarem sobre a caixa 
promovendo barreira visual e 
olfativa para os gatos. Além de 
minimizar risco de contágio por 
doenças contagiosas por espirro. 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-waiting-room/>.
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ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
Figura 9. Área de recepção exclusiva para gatos, com divisória sólida que impossibilita visão, e espaços dentro 
da mobília criados para a colocação da caixa de transporte com o gato de maneira elevada do chão e sem 
contato visual lateral. 
 
 
Móvel para colocação das 
caixas com os gatos e 
bloqueio visual entre as 
caixas. 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-waiting-room/>.
Figura 10. Área de recepção exclusiva para gatos, com divisória sólida que impossibilita visão, e espaços dentro 
da mobília criados para a colocação da caixa de transporte com o gato de maneira elevada do chão e sem 
contato visual lateral. A sinalização de área própria para gatos deve ser bem grande e visível. 
 
 
Repartição para área 
exclusiva para gatos na sala 
de espera com prateleiras e 
bloqueio visual entre as 
caixas. 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-waiting-room/>.
Figura 11. Outro exemplo de mobília com espaços para a colocação da caixa de transporte com o gato, de 
maneira elevada do chão. A sinalização de espaço próprio para a colocação da caixinha com o gato bem 
grande e visível. 
 
 
Móvel para colocação das 
caixas de transporte com os 
gatos, permitindo que fiquem 
elevados do solo e com 
barreiras entre cada caixa para 
evitar contato visual entre os 
gatos. 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-waiting-room/>.
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UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTEFELINO
O consultório
Agora, com o gato que chegou à clínica tranquilo, esperou em local adequado que não 
aumentou seu estresse, e aguardou o mínimo de tempo possível, teremos um paciente 
felino que chega ao consultório tranquilo e tolerante para a consulta. Devemos, então, 
recebê-lo em um consultório também preparado para que não sinta medo, bem como 
nosso comportamento e posturas durante a consulta não deve estressá-lo.
O consultório deve ser um ambiente calmo, muito limpo, seguro, com locais elevados 
para o tutor sentar-se confortavelmente e colocar a caixa de transporte acima do chão 
e exclusivo para gatos (Figura 12). Deve ser um local de tamanho pequeno, apenas 
o suficiente para permitir a movimentação confortável do veterinário e dos tutores, 
mas sem maiores espaços excedentes (Figura 16). Idealmente, não deve conter janelas 
grandes, e janelas pequenas são indicadas quando a visão externa seja de um local 
calmo, preferencialmente de uma área verde, sem movimentação de outros animais, 
pessoas ou carros. Caso exista uma janela com visão para local movimentado, deve-se 
bloquear visualmente os vidros com um adesivo, pintura ou persiana. A visão de carros, 
pessoas, cães ou outros gatos do lado de fora não serve como uma distração positiva, 
mas sim como uma fonte percebida de ameaça e aumenta o estresse do gato. Uma área 
grande demora mais tempo para o gato se ambientar e uma área mais restrita permite 
uma ambientação mais rápida e uma maior sensação de segurança.
A limpeza do consultório deve ser minuciosa. Por isso é importante que as superfícies 
das mesas e cadeiras sejam de material de fácil limpeza, bem como o chão. Deve-se 
lembrar da sensibilidade dos gatos a odores fortes, e evitar produtos de limpeza com 
odores assim. Devem ser limpas todas as superfícies em que os gatos entraram em 
contato, principalmente quando atendidos gatos medrosos, assustados ou agressivos. 
Um ambiente calmo é um ambiente que não apresenta sons ou barulhos desconhecidos 
ou excessivos. Portas que não sejam barulhentas, evitar entrar e sair do consultório, 
evitar barulhos externos, bem como aparelhos barulhentos dentro do consultório. Até 
mesmo a conversa deve ser em tom suave. O consultório não deve ser compartilhado 
com cães, pois além de as necessidades de estrutura e mobília para os cães serem 
diferentes, os odres dos cães presentes no consultório são uma fonte de estresse para 
o gato.
A presença de locais elevados para colocar a caixa e permitir que os tutores sentem-se 
confortavelmente favorecem o conforto do gato e da família. Os gatos levam, em média, 
de 10 a 15 minutos para se ambientarem em um novo local. O ideal é que, ao entrar no 
consultório, o tutor possa se sentar e manter a caixa com o gato ao seu lado, num banco. 
Abrir a caixa para que o gato possa sair voluntariamente enquanto iniciamos a anamnese. 
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ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
Logo que o gato sai da caixa, ele irá explorar o consultório, e se tiver à disposição locais 
elevados para subir, irá se sentir mais seguro. Portanto, deve fazer parte do mobiliário 
do consultório, pequenas prateleiras elevadas para os gatos escalarem (Figuras 18, 19 
e 20). Além disso, disponibilizar arranhadores e locais confortáveis para o gato deitar, 
em local elevado, são indicados.
A mesa não deve ser de material frio, como o inox por exemplo, pois os gatos são 
bastante friorentos e não ficam confortáveis com suas patas em local gelado (figuras 13 
e 16). Além disso, as mesas de inox tendem a ser barulhentas, contribuindo para uma 
menor tranquilidade do consultório. As balanças devem ser pequenas e estarem em 
local elevado dentro do consultório, para que o gato possa subir confortavelmente e não 
tenham que ser levados para fora para ser pesados (Figuras 13, 14 e 15). Adicionar uma 
superfície de material quente e macio é uma ótima opção para os gatos ficarem mais 
confortável em cima da mesa, e não escorregarem. Materiais como colchonetes, eva, 
tapetes ou mantas macias podem ser utilizados (Figuras 13 e 16). Lembre-se sempre de 
mantê-los muito limpos. Além disso, é importante manter disponíveis no consultório 
toalhas limpas para o manuseio amistoso do gato, como veremos adiante. Lembrando 
que toalhas limpas devem ser livres de odores perceptíveis pelos gatos, e não apenas 
limpas para nossa percepção.
Figura 12. Consultório exclusivo para gatos, com bancada para o exame físico de material não gelado, presença 
de banco confortável para o tutor sentar e alocar a caixa de transporte ao seu lado.
Fonte: <http://www.skaervet.com/hospital-tour/exam-rooms>.
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UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
Figura 13. Consultório exclusivo para gatos, com bancada para o exame físico de material não gelado e não 
escorregadio, presença de balança pequena dentro do consultório e sobre a bancada.
 
 
 
Superfície não 
escorregadia 
sobre a mesa 
Balança dentro 
do consultório 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-consulting-room/>.
Figura 14. Consultório exclusivo para gatos, com balança pequena dentro do consultório e sobre a bancada 
permitindo ao gato subir confortavelmente. Percebam a caixa de transporte aberta ao lado para permitir o 
acesso do gato fácil a ela, bem como facilitar o nauseio. 
 
 
Caixa de transporte 
foi aberta para 
permitir o fácil 
manuseio dos gatos. 
Manuseio gentil, respeitoso 
e empático do gato durante 
a consulta. 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-consulting-room/>.
Figura 15. Consultório exclusivo para gatos, com balança pequena dentro do consultório e sobre a bancada 
permitindo o gato subir confortavelmente. Percebam a caixa de transporte aberta ao lado para permitir o acesso 
do gato fácil a ela, bem como facilitar o manuseio. A presença do gato amigo/irmão pode ajudar a acalmar, 
principalmente os gatos mais medrosos.
 
 
 
Caixa de transporte 
foi aberta para 
permitir o fácil 
manuseio dos gatos. 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-consulting-room/>.
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ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
Figura 16. Consultório exclusivo para gatos, percebam o tamanho pequeno do espaço total do consultório, 
ausência de janelas; com bancada para o exame físico de material não gelado e não escorregadio, presença 
de balança pequena dentro do consultório e sobre a bancada. 
 
 
Superfície não 
escorregadia na 
mesa de exame 
Balança dentro do 
consultório 
Fonte: <https://catfriendlyclinic.org/vets-nurses/the-consulting-room/>.
Figura 17. Consultório exclusivo para gatos. Percebam o tamanho pequeno do espaço total do consultório e na 
janela a presença de persiana. A pintura na parede pode funcionar como distração para os gatos. No banco, 
almofadas para o conforto dos tutores e também os gatos, e abaixo do banco percebam um brinquedo 
interativo para os gatos.
Fonte: <https://leesburgvetblog.com/2017/09/11/a-feline-frenzy-leesburg-veterinary-hospital-certified-as-a-cat-friendly-practice/>.
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UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
Figura 18. No mesmo consultório da figura anterior, percebam a presença de prateleiras como enriquecimento 
vertical para os gatos.
Fonte: <https://leesburgvetblog.com/2017/09/11/a-feline-frenzy-leesburg-veterinary-hospital-certified-as-a-cat-friendly-practice/>.
Figura 19. Consultório exclusivo para gatos com placa de identificação para tal. Presença de superfície macia e 
quente sobre a mesa na forma de colchonete, e uma coberta limpa para maior conforto e manuseio. Presença 
de prateleiras para enriquecimento dos gatos.
Fonte: <http://www.sherbrookeheightsanimalhospital.ca/about-us/cat-friendly-practice/>.
Figura 20. Consultório exclusivo para gatos com presença de prateleiras para enriquecimento dos gatos.
Fonte: <http://www.sherbrookeheightsanimalhospital.ca/about-us/cat-friendly-practice/>.
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ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
Figura 21. Consultório exclusivo para gatos. Presença de superfície macia e quente sobre a mesa na formade 
tapete. Presença de balança pequena sobre a mesa. Espaço pequeno e tranquilo.
Fonte: <http://www.locustgrovevet.net/id-7152>.
Manuseio amistoso durante a consulta
A estrutura adequada do consultório, como vimos até aqui, além do transporte e recepção 
adequados irão permitir que o gato esteja tranquilo e tolerante quando iniciarmos o 
atendimento. Ao atender o paciente felino, devemos lembrar de suas particularidades 
comportamentais para abordá-lo de maneira amistosa do ponto de vista do gato. 
Observar as expressões faciais e corporais a todo o instante durante a manipulação é 
essencial, desde a primeira abordagem. O ideal é iniciar o atendimento pela anamnese 
e deixar o gato livre/solto no consultório enquanto isso, para que ele possa explorar o 
ambiente e se ambientar. Após o gato se ambientar, ele estará mais calmo e irá escolher 
um local do consultório aonde se sinta mais confortável. Iniciamos o manuseio do 
paciente felino neste local em que ele escolheu para ficar. Pode ser que este local seja 
o colo do tutor, ou uma prateleira, ou a mesa de procedimentos ou talvez sua caixa de 
transporte. É muito importante que o gato saia voluntariamente da caixa de transporte. 
Nunca se deve retirar o gato de sua caixa, nunca! Infelizmente é muito comum ainda 
observarmos nas clínicas, de maneira geral, os gatos não saindo voluntariamente de 
suas caixas. Isso ocorre, principalmente, pois o manejo de transporte é inadequado, bem 
como a recepção e estrutura do consultório não favorecem que o gato fique tranquilo e 
confiante para sair sozinho.
Caso o gato não saia voluntariamente, deve-se abrir a parte superior da caixa e observar 
seu comportamento. Se o gato estiver com bastante medo, pode-se utilizar a coberta 
ou toalha que encobria a caixa para encobrir o gato e pode-se iniciar o exame físico 
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UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
expondo apenas a parte que será examinada de cada vez, e mantendo o gato encoberto 
pelo pano. Percebam como é essencial que a caixa de transporte dos gatos seja sempre 
de estrutura que permita a abertura da tampa superior. Principalmente nesses casos 
de gatos medrosos, caso eles não saiam voluntariamente, como não é recomendado 
retirar o gato da caixa, a única opção é abrir a caixa para então examiná-lo. 
Devemos educar os tutores nesse sentido para que adquiram esses tipos de caixas. 
Outra opção é estimular que o gato saia da caixa oferecendo petiscos saborosos ou ração 
úmida bastante atrativa. Para alguns gatos, o estímulo com brinquedos favoritos pode 
ser uma forma de estimulá-lo a sair da caixa.
Após o gato sair da caixa, iniciamos então o exame físico. Deve-se evitar aproximar-se 
pela frente do gato, encarando-o e falando com ele. O recomendado é aproximar-se pela 
lateral ou por trás, evitar encarar e falar com o gato, bem como evitar a aproximação 
fazendo carinho. Lembrem que os gatos reservam o contato físico para os amigos e 
familiares, portanto podem sentir-se muito desconfortáveis ao serem tocados por 
desconhecidos. Como para realizar o exame físico devemos manipular o corpo do gato, 
qualquer manipulação adicional desnecessária não é indicada. Exceção se faz quando 
percebe-se que o gato claramente procura carinho e aprecia o carinho de pessoas 
desconhecidas. Nesses casos, fazemos carinho principalmente na região da cabeça, 
pescoço e costas, que são os locais favoritos para eles, e evitamos carinho nos membros, 
abdome e cauda.
Em relação à ordem do exame físico, devemos ser bastante flexíveis e examinar o gato na 
ordem em que ele se sente mais confortável. Principalmente, deve-se deixar as partes do 
corpo que podem estar lesadas ou doendo para o final, e iniciar o exame nas partes que não 
doem. Normalmente, inicia-se o exame pela cabeça, e enquanto examinamos a cabeça, 
fazemos carinho simultaneamente, assim muitos pacientes aceitam bem a manipulação, 
pois associam tal exame com carinho. Além disso, é recomendado intercalar sempre 
uma porção do exame desagradável (como a palpação por exemplo), com interações 
positivas (como uma escovação ou petisco). Ou seja, realizamos uma parte do exame, 
palpando e segurando o gato, e na sequência oferecemos um petisco ou brinquedinho. 
Na sequência, realizamos mais uma parte do exame e assim sucessivamente. 
Pode parecer que dessa forma iremos demorar mais tempo que o necessário para 
realizar a consulta, porém essa percepção não é verdadeira, pois quando temos um 
gato que está calmo e tolerante durante toda a consulta, devido a essa abordagem, ele 
irá colaborar com o exame e procedimentos e, então, finalizaremos mais rápido e de 
maneira mais fácil e confortável para todos. Na semiologia, aprendemos que o exame 
físico deve ser realizado “da ponta do nariz até a ponta da cauda”, sempre na mesma 
ordem para não esquecermos nenhuma parte. Entretanto, quando atendemos pacientes 
felinos essa recomendação não é a mais indicada. Iniciamos o exame no local que o gato 
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ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO │ UNIDADE I
está mais permissivo, e seguimos até finalmente examinarmos a porção que ele menos 
tolera. Assim, logo que ele fica bem incomodado com o exame já estamos terminando. 
Devemos ter uma boa ficha clínica e anotar os achados do exame, dessa forma não 
esquecemos de examinar nenhuma parte.
Além da flexibilidade em relação à ordem do exame físico, devemos ser flexíveis em 
relação ao local em que realizamos o exame. Caso iniciemos o exame com o gato na 
mesa, e durante o exame ele queira pular para o banco ou para o colo do tutor, devemos 
permitir que ele se movimente, e continuamos o exame, então, com o gato naquele 
local. Quanto mais o gato sentir-se livre, mais ele se sente em controle sobre a situação 
e sua vida e mais permite a manipulação sem medo. De maneira geral, quanto mais 
seguramos e contemos o gato, mais ele tende a ficar com medo, reagindo ao exame 
com menos permissão à manipulação. Quanto mais ele fica com medo e desconfortável, 
mais aumenta sua probabilidade de agredir. Portanto, em relação à contenção durante 
o exame, para gato, “menos é mais”. Sempre durante o exame físico dos gatos, devemos 
conter o mínimo possível! Quanto menos segurarmos e contivermos o paciente felino, 
mais tranquilo e calmo ele irá se sentir e menos estressante será seu exame. O objetivo 
do manejo cat friendly é realizar o exame com o paciente permitindo e aceitando bem 
as interações. Isso é totalmente possível durante toda a consulta, quando temos uma 
abordagem amistosa desde o início.
Um gato que veio durante o transporte tranquilo em sua caixa favorita, sem expectativas 
negativas, pois não foi traumatizado no veterinário, que chegou em uma recepção 
tranquila e esperou pouco tempo. Um gato que entrou em um consultório tranquilo e 
sem odores ameaçadores, que saiu de sua caixa para uma mesa quente e confortável, 
que está se sentindo seguro, vendo seu tutor tranquilo. Um gato que é abordado por 
um veterinário calmo, sem odores de outros gatos estressados, com voz calma e o manipula 
da maneira adequada. Esse gato irá ficar sentado na mesa de procedimentos tranquilo 
e permitirá ser examinado durante um período muito mais longo do que um gato que 
teve motivo para ficar com medo ou estressado. Conseguem visualizar?
Então vamos relembrar os pontos chave:
1. Iniciar o exame pela anamnese, deixando o gato livre para se ambientar.
2. O gato deve sair voluntariamente da caixa.
3. Iniciar a abordagem quando o gato estiver calmo.
4. Garantir que suas mãos e jalecos estejam limpos e sem odores.
5. Iniciar a abordagem pela lateral ou por trás do gato.
40
UNIDADE I │ ATENDIMENTO DO PACIENTE FELINO
6. Não realizar manipulações excessivas antes do exame.
7. Falar baixo.
8. Iniciar o exame físico pelas partes do corpo que não estão doloridas ou 
machucadas.
9. Não segurar o gato contra sua vontade em determinado local para 
examiná-lo.
10. Ser flexível em relação à ordem do exame.
11. Ser flexível em relação aos locais e examinar o gato no local em que ele

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