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Castidade para jovens - Dr Filipe Duarte

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Prévia do material em texto

Está redondamente enganado quem pensa que 
os cristãos veem a falta de castidade como o vício 
supremo. Os pecados da carne são maus, mas são os 
menos graves de todos. Os piores prazeres são os de 
ordem puramente espiritual, como o prazer de provar 
que o outro está errado, de tiranizar os outros, de 
tratar os demais com desdém e superioridade, de ser 
um estraga-prazeres, de difamar.
São os prazeres do poder e do ódio. Isso porque 
existem dois seres dentro de mim que competem com 
o ser humano que devo tentar me tornar: o ser animal 
e o ser diabólico, sendo este último o pior dos dois. 
É por isso que um moralista frio e pretensamente 
virtuoso que vai regularmente à igreja pode estar bem 
mais perto do inferno que uma prostituta. 
Mas é claro que é Melhor não ser nenhuM dos dois.
“
“
- 2 -
coM essas palavras, querido leitor, 
decidi iniciar esse e-book, para mostrar algo 
bem claro – muitas vezes reduzimos nossa 
visão de pecado grave a não viver a castidade, 
principalmente quando somos jovens e, como 
dizem, os hormônios estão “à flor da pele”. Pelo 
contrário, muitas são as nossas fraquezas, e a 
dificuldade na prática da castidade (que vai muito 
além do pensamento de não ter relações antes do 
casamento, ao que chamamos de continência) 
pode ser um sintoma de uma vida espiritual tíbia, 
e uma vontade nada fortalecida por falta boas 
- 3 -
práticas, que nos levarão à ruína de maneira ainda 
mais proeminente. Neste material eu gostaria de 
te apresentar de maneira mais completa e mais 
profunda, a beleza da vivência da castidade, na 
visão dos Santos cujas vidas são uma lição e um 
estímulo para todos nós. 
a castidade é, seM dúvida, uMa 
das virtudes Mais difíceis de se 
cultivar, por tudo que ela exige, e 
por tudo que ela representa. 
É uma virtude derivada da teMperança, esta 
última definida pelo catecismo da Igreja Católica como 
“a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e 
procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura 
o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os 
desejos dentro dos limites da honestidade”. 
nesse sentido, a castidade se 
apresenta coMo “uMa virtude coM que 
uMa pessoa apta para a paixão reserva 
o seu desejo erótico para o aMor 
consciente e decididaMente, resistindo 
à tentação de se perder na satisfação 
voluptuosa dos eleMentos sexuais”
(Catecismo Jovem, 1a edição em português, dezembro de 2011)
- 4 -
Vemos claramente nessas palavras que a 
castidade não é, portanto, uma virtude castradora 
– não há, em nenhum momento, uma definição 
dessas virtudes como uma repressão, mas como 
prática de domínio de si para situar o desejo 
sexual em seu verdadeiro lugar – como uma 
expressão do amor autêntico, que potencializa a 
experiência sexual e a integra à pessoa, não sendo 
mera sensação periférica de um prazer passageiro 
e sem sentido. 
O cristianismo não é inimigo do prazer, dessas 
alegrias sensíveis. Não podemos, portanto, rejeitar 
o prazer como uma rejeição de nossa própria 
natureza, fugindo dos bens que Deus nos dispõe 
– isso é o que São Tomás de Aquino chama de 
“pecado da insensibilidade”. 
a castidade não é uMa virtude 
castradora e neM o cristianisMo 
é uM iniMigo do prazer
- 5 -
O que nos falta é, com uma vida ordenada 
pelas virtudes, usufruir de maneira consciente da 
nossa sexualidade, encontrando nessa condição 
sexual (homem e mulher assim dispostos em 
sua natureza, se complementando por esse amor 
único e indissolúvel, generoso e fiel) uma maneira 
extraordinária de cumprir a vocação primeira dos 
homens para o amor – a Deus e ao próximo. 
podeMos dizer, eM suMa, que a 
castidade é a Medida certa do aMor, 
que integra a sexualidade à pessoa 
huMana e a exerce de Maneira boa e 
fiel à sua natureza e dignidade.
Nas palavras de São Josemaria Escrivá, a castidade 
deve ser uma “afirmação jubilosa”. Se reduzimos a 
castidade à mera continência, ela certamente nos 
soará como privação injustificável, ou um sofrimento 
sem sentido, uma vez que pensamos “se nos amamos 
tanto, como podemos encarar nossos desejos como 
algo desordenado, se isso nos fará tão intimamente 
unidos?”.
Se entendemos que a castidade é, de maneira 
mais ampla, a condição do homem livre para o 
amor, e não escravo de seus impulsos e suas paixões, 
conseguimos redimensionar nossos interesses 
- 6 -
egoístas e colocá-los no seu devido lugar – todas 
as vontades torpes podem se dissipar onde o amor 
se instá-la como uma verdadeira força que une o 
casal.
Assim os namorados, noivos e casados saberão 
passar de maneira prazerosa e temperante por 
cada um desses estágios do relacionamento, 
encontrando na fase de enamoramento inicial 
o desejo de conhecer e proteger seu amado, e no 
matrimônio o lugar seguro onde ambos poderão 
se doar de maneira total, exclusiva e definitiva. 
siM,
não podeMos nos esquecer que a vida de castidade 
exigirá renúncias e doMínio de si o teMpo todo, e 
eM cada fase do relacionaMento as tentações serão 
diferentes, beM coMo as consequências
de uMa vida desordenada. 
Se na adolescência e juventude a pornografia, 
masturbação e toda uma visão sexual materialista 
são motivo de enfraquecimento e distanciamento 
de uma vida espiritual saudável, prejudicando 
estudos, relações familiares e demais relações 
- 7 -
interpessoais, na vida adulta e na vida conjugal 
essas práticas podem ser uma porta de entrada para 
traições, distanciamentos, desentendimentos e 
decepções sucessivas, sepultando a vida dos casais 
e transformando o ambiente familiar, que deveria 
ser sagrado, em um lar miseravelmente triste.
não pense, taMbéM, que a vida 
sexual desordenada provocará 
prejuízos soMente nesse caMpo. 
Essa falta de domínio de suas paixões levará, 
invariavelmente, a uma vida mais egoísta e 
destemperada em vários aspectos. 
A castidade, quando bem vivida, direciona 
nossa vontade para o bem em um sentido muito 
mais amplo, reforça nossos valores e nos dá mais 
consciência de nossa condição vulnerável – é um 
exercício de humildade, pois não é unicamente uma 
virtude conquistada, mas concedida por Deus aos 
que reconhecem sua necessidade.
- 8 -
você MesMo já deve ter percebido essa 
dinâMica eM sua vida cotidiana:
Quando mais contou com sua aparente valentia 
e sua capacidade própria de autocontrole, foi 
quando mais acabou se entregando aos vícios, 
por vezes cometendo atitudes indignas como 
nunca pôde imaginar que faria. 
de fato, “deus resiste aos soberbos, Mas dá sua 
graça aos huMildes” (tg 4:6).
Para que sigamos, portanto, em nossa jornada 
por esse guia, eu te convido primeiro a um 
profundo exame de consciência. Precisamos refletir 
interiormente, à luz da Verdade (o próprio Cristo, 
vivo em cada palavra do Evangelho) como temos 
vivido nesse aspecto. Daí poderemos constatar as 
consequências dessa vida imprudente, e atuar de 
maneira prática e objetiva em nosso fortalecimento.
- 9 -
Observe em você mesmo como a falta de 
temperança em seus apetites te leva a falhar em 
diversos aspectos, negando sua natureza nas 
seguintes condições: 
i.
Mal uso daquilo que foi
criado para o beM
quantas vezes não olhaMos para deterMinadas 
oportunidades e situações coM olhar Malicioso? 
Esse olhar “aproveitador” é um prato cheio para 
que comecemos a olhar também para as pessoas 
com esse pensamento possessivo e egoísta, nos 
utilizando daqueles que nos cercam para nos 
satisfazer. Nosso olhar contemplativo sobre essa 
criação divina tão exuberante passa a enxergar 
em tudo algo trivial e descartável – perdemos 
o entendimento de que todo que temos é uma 
concessão generosa de Deus, e que somos “meros 
administradores” desses bens, com o promisso de 
cuidá-los e protegê-los. 
- 10 -
Cada vez mais, desse modo, nos tornamos 
senhores da verdade e das coisas, desfigurando 
sua natureza e destruindo esse sagrado que existe 
por trás de tudo que foi criado e dado a nós por 
amor. Podemos enxergar esse descontrole em 
coisas mais simples e aparentemente inocentes, 
como bebida e comida,mas também nas pessoas, 
quando pensamos na vida sexual ou mesmo ao se 
cometer algum crime contra alguém.
ii.
tornar o que existe para servir ao 
hoMeM eM seu próprio senhor e tirano
“ “O viciado alega que é livre, mas engana-se. Quando pratica os vícios ligados ao prazer físico, diz que faz o que quer, porque é livre, mas só faz o que não consegue deixar de fazer: já 
não tem mais o poder de ´não querer´; 
tornou-se escravo. 
Aqui bem nos diz padre Faus:
- 11 -
iii.
transforMar os Meios eM fins
aqui veMos essa consequência Mais eMbleMática de 
uMa vida desordenada. 
Percebemos isso nitidamente na condição de 
pessoas que, por exemplo, “vivem para comer”, e 
não “comem para poder viver”. De modo análogo, 
podemos encontrar essa mesma condição 
miserável naqueles que encontram o prazer como 
um fim, se utilizando das pessoas como um meio, 
esmagando toda e qualquer alma que passa em 
seu caminho para se satisfazer em seus instintos 
mais egoístas.
se nós nos esforçásseMos por 
reconhecer à nossa volta essa 
dignidade que existe eM cada coisa 
criada, e que se utilizar das coisas e das 
pessoas, viola essa dignidade inerente 
a todo ser, talvez conseguísseMos ser 
Mais fortes eM nossas vontades. 
- 12 -
É uma tristeza perceber o quanto as pessoas se 
contentam com as migalhas de uma oportunidade 
ou outra de prazer fugaz, quando estão na verdade 
caminhando pela periferia de sua existência e 
deixando de entrar nesse terreno mais amplo e mais 
vívido de verdadeira realização sexual. 
Mais do que uma experiência biológica sensorial, 
o sexo é capaz, de maneira transcendente, de elevar o 
casal a uma proximidade com esse amor do próprio 
Deus, que livremente se dá, e generosamente cria, 
gera vida em nós.
---
ainda que deva ser assuMida de Maneira gozosa, 
a castidade é, cotidianaMente, uMa luta, que 
nos exigirá Muitas vezes uMa postura heroica, 
especialMente nos dias de hoje, onde tudo 
assuMe uM apelo tão erotizado. 
Em cada esquina, há um chamado escandaloso 
para uma sexualidade irrefreada, banalizando 
e vulgarizando o que deveria revelar de maneira 
tão pura a preciosidade da condição humana 
enquanto criação divina.
- 13 -
Diz São Tomás de Aquino, 
na Suma Teológica, que
a Maior parte dos pecados se coMeteM não porque 
o hoMeM seja levado a eles pelas suas inclinações 
naturais, Mas pelo escândalo, que provoca uMa 
super-excitação artificial das paixões.
Pense como isso nos parece atual, ainda que 
esse texto seja tão aparentemente “ultrapassado”. 
Daí a necessidade de unir, ao amor, aquilo 
que chamamos de luta ascética (essa busca 
disciplinada por aperfeiçoamento espiritual), 
evitando corajosamente situações que nos levarão 
a cair, cedo ou tarde. 
não podeMos pressupor, desse 
Modo, que a vivência de uM aMor 
casto será uMa vida de exclusão 
social e castrações, Mas uMa vida 
eM que, de Maneira consciente 
e prudente, o hoMeM enfrentar 
sua realidade seM se deixar 
contaMinar por ela.
- 14 -
Você pode estar pensando que, quanto mais esse 
texto progride, mas distante de você 
a vida casta parece.
Mas a boa notícia é que, por mais óbvio que 
pareça, talvez você não tenha percebido que não 
é o único, tão pouco o primeiro, a passar por 
essas provações que você julga invencíveis. 
nas páginas que se segueM, conhecereMos Mais da 
vida ou da obra de santos que souberaM decifrar 
de Maneira Muito sábia o coMportaMento huMano e 
as práticas que podeM nos levar a aproxiMar nossa 
condição sexual daquilo que deus espera de nós.
- 15 -
“ “
O homem casto e o anjo são diferentes não por sua 
virtude, mas por sua felicidade. 
E embora a castidade do anjo seja mais venturosa, 
sabemos que a castidade do hoMeM é Mais corajosa.
Somente a castidade significa o estado de glória imortal 
nesta época e lugar de mortalidade; só a castidade 
reivindica para si, em meio às solenidades nupciais, o 
modo de vida daquela morada abençoada em que nem 
os homens nem as mulheres se casarão, permitindo 
assim a experiência da vida celeste na terra.
- 16 -
coMeço nossas reflexões em torno da vida 
e obra dos santos com este que tanto contribuiu 
com belíssimos sermões e exortações que, mesmo 
produzidos em um tempo tão distante, são ainda 
tão atuais. Ele próprio ensinava em sua vida que a 
luta pela castidade exige determinação: certa vez, 
para se livrar de uma tentação dessa natureza, 
lançou-se em um lago gelado até que sua vontade 
passasse. E nós ainda resistimos a um simples 
banho frio... 
Como vemos nas palavras acima de São 
Bernardo, a vivência da castidade é uma 
experiência que pode nos assemelhar à realidade 
dos anjos, daqueles que vivem no paraíso – ainda 
que esses anjos experimentem a castidade de 
maneira mais exitosa, nós a experimentamos como 
via de santificação, como oportunidade única de, 
resistindo às tentações, demonstrar nosso amor 
- 17 -
pela sua criação (nós mesmos), pelo próximo, 
e consequentemente pelo próprio Deus. Essa 
“experiência da vida celeste na terra” a qual São 
Bernardo se refere deve nos despertar para o fato de 
que, embora difícil de ser alcançada. A castidade 
é uma virtude a ser incessantemente buscada, 
pois poderá nos aproximar de modo especial de 
uma vivência mais santa e, consequentemente, da 
salvação.
“ “
Porém, embora a castidade se destaque 
tão eminentemente, sem a caridade ela 
não tem valor nem mérito.
Castidade sem caridade é lâmpada 
sem óleo; e, no entanto, como diz o 
sábio, quão bela é a casta geração, com 
caridade, com aquela caridade que, 
como escreve o Apóstolo, nasce de um 
coração limpo, de uma boa consciência 
e de uma fé sincera.
- 18 -
No trecho que se segue àquelas considerações 
iniciais de São Bernardo sobre a castidade, o santo 
nos pontua algo fundamental. O cumprimento do 
preceito sem o seu devido sentido não tem valor 
algum. Podemos resumir tudo o que direi a seguir 
no seguinte pensamento: 
Vou explicar:
Uma virtude mal vivida por ser encarada como 
um mérito pessoal honroso, uma conquista de 
um sábio, pode levá-lo a nada além de orgulho, 
vaidade e soberba. O entendimento e a busca das 
virtudes humanas são anteriores ao cristianismo, 
mas a figura de Cristo, seu Evangelho, são um 
ponto crucial que ressignificou a prática dessas 
mesmas virtudes já conhecidas. Para o cristão, a 
prática da castidade (como de qualquer virtude) 
não é algo como um título de nobreza, mas uma 
a caridade é a alMa 
das virtudes
- 19 -
luta cotidiana humilde e consciente de que o 
sucesso nessa luta é concedido, e não puramente 
conquistado. Da mesma forma, aqueles que 
não são tão afortunados nas virtudes não são 
considerados desvalidos, ou menosprezados; são, 
ao contrário, motivo de especial dedicação para 
que consigam também chegar dignamente mais 
próximos desse estado de graça.
Ainda na conquista da castidade, é preciso ser 
honesto e consciente de seu estado – a virtude 
deve curar nossas feridas, e não “compensá-las” 
como uma relação matemática; algo do tipo “essa 
semana eu só caí na tentação duas vezes, estou 
melhor que semana passada, que só caí três”. 
Ora, isso pode até ser um progresso, ou motivo 
de alegria, mas não é o cerne do problema – você 
A VIRTUDE DEVE CURAR
NOSSAS FERIDAS,
E NÃO “COMPENSÁ-LAS” 
- 20 -
vaMos usar uM exeMplo que deixa claro coMo a 
caridade é que dá sentido à castidade:
Um homem vaidoso resiste a uma tentação e diz “sou forte”;
Um homem sábio, porém sem caridade simplesmente pode 
pensar “não Me deixarei enganar pelas ilusões desse desejo 
passageiro que pode Me prejudicar”;
Mas o cristão... Esse, ao resistir à tentação pensa “não 
praticarei o Mal se eM MiM habita o espírito de deus, que Me 
criou para o beM, e não poderei praticar Mal alguM contra essa 
pessoa tão igualMente aMada, que não Merece ser Manipulada ou 
Maltratada por MiM”. 
pode ter simplesmente errado menos por falta de 
oportunidade. É preciso saber se o domínio de 
sua vontade é motivado verdadeiramente por uma 
consciência firme sobre a dignidadedas pessoas 
que te cercam, até que você pare de usá-las em 
suas relações pessoais como pedaços de carne, 
ou em sua imaginação e desejos sórdidos como se 
fossem fantoches de suas fantasias cruéis.
Em outras palavras, errar menos não pode 
ser mero alívio de consciência, mas uma 
transformação verdadeira motivada por um amor 
genuíno que nasce de um coração apaixonado, 
antes de qualquer coisa, pelo próprio Deus. 
- 21 -
Ainda com São Bernardo podemos apreender 
que a virtude humana à luz da fé, e não de um mero 
heroísmo ou ativismo social, recebe do Espírito 
Santo a força de Deus para fortalecer a prática 
humana. Assim, o amor cujo exemplo de perfeição 
é Cristo, consegue enxergar no amado de maneira 
sobrenatural a maior motivação de suas ações, 
gerando, como consequência, um amor ainda maior.
Alimentado já pelo Cristo, e não por uma “força 
interior”, um homem virtuoso e prudente é capaz de 
colocar “tudo em seu devido lugar”. Lembremo-nos 
– “a castidade é a medida do amor”. Onde está o amor 
(pensemos aqui como o próprio Cristo presente), 
nossas ações são ordenadas para o bem - próprio e 
do próximo - e por isso até mesmo na dificuldade, 
nas provações, nas renúncias, na dor, na saudade, na 
distância, nossos desejos e instintos mais egoístas 
conseguirão ser contidos e transformados por uma 
motivação maior.
é o que nos resuMe, perfeitaMente, 
são bernardo de claraval
nas frases a seguir:
- 22 -
“
“
Onde o amor emerge, ele 
segura todos os impulsos e 
sublima-os em amor.
- - -
O amor não busca outro 
motivo e nenhum fruto 
fora de si; ele é seu próprio 
fruto, seu próprio deleite. 
Amo porque amo; amo 
para poder amar.
- 23 -
se coM nosso priMeiro exemplo de homem 
santo defensor da castidade vimos uma reflexão 
profunda sobre a virtude, São Josemaria Escrivá 
nos presenteia com conselhos práticos para que não 
caiamos em tentação. Esse Santo tão contemporâneo 
parece nos atravessar com cada uma de suas palavras, 
pois tinha um olhar atento na nossa realidade, e 
valorizava a ideia de que poderíamos, nessa própria 
realidade em que nos encontramos, achar também 
nosso caminho de santidade. 
- 24 -
“
“
No momento em que permites 
deliberadamente que comece um 
diálogo com a tentação, a alma perde 
a paz, do mesmo modo que consentir 
com a impureza destrói a graça.
A tentação é necessária para nos fazer 
perceber que não somos nada por nós 
mesmos. 
não seja tão covarde assiM… 
seja corajoso o suficiente para fugir.
Aqui vão alguns conselhos do 
fundador da Opus Dei:
- 25 -
i.
a ‘valentia’ de ser covarde,
para fugir das ocasiões
Vejam bem, não estamos falando de nenhum 
grande mistério, mas o que nos falta muitas 
vezes é a devida coragem em reconhecer nossa 
condição vulnerável. Em outras palavras, não se 
superestime. Festas, viagens, roupas, músicas, 
conversas impróprias, filmes, novelas, grupos de 
conversas em aplicativos de celular, “amizades” 
impróprias, companhias devastadoras... 
Cada um de nós conhece ocasiões propícias em 
nosso dia a dia que nos levarão invariavelmente à 
ruína. Teimamos, como falamos mais acima, em 
nos achar fortes o suficiente para passar ileso 
por uma conversa maliciosa ou carícias com o 
namorado ou namorada, e o resultado é sempre 
o mesmo: a soberba “surpresa” e revoltada com o 
erro cometido. Ora, não há com o que se espantar 
se, de maneira premeditada, nos expusemos ao 
risco, e encaramos as consequências... 
- 26 -
ii.
a guarda atenta dos sentidos
Isso significa simplesmente tomar cuidado com 
o que interiorizamos de nosso mundo exterior. 
Nossos apetites são constantemente estimulados 
por esses estímulos externos – se nos expomos 
àquilo que é impuro, naturalmente produziremos 
em nós uma reação de igual natureza. 
sejaMos sensatos: 
Façamos uma opção por alimentar nossa 
visão com uma beleza inspiradora, e não com 
uma sensualidade vulgar; troquemos palavras 
de baixo calão por palavras mais doces, gentis 
e respeitosas, as “músicas” e demais produções 
audiovisuais apelativas por conteúdos de qualidade 
e consistência, e por aí vai.
- 27 -
iii.
trabalhar a iMaginação
Controlando os sentidos, controlamos o que 
produzimos internamente. Boa parte de nossas 
quedas quando falamos de castidade se dá por 
articulações inoportunas e malícias criadas 
dentro da nossa própria cabeça. 
Quem nunca ouviu que “mente vazia é oficina 
do diabo”? Pois bem, ocupe sua cabeça por 
produzir aquilo que é bom em tanta quantidade 
até que “sufoquemos” nossos pensamentos vãos 
cotidianos, que só nos fazem perder tempo.
- 28 -
“ “
iv.
vida espiritual consistente
Não podemos pensar diferente disso:
A frequência dos sacramentos, 
de modo particular a confissão 
sacraMental; a sinceridade plena na 
direção espiritual pessoal; a dor, a 
contrição, a reparação depois das 
faltas, e tudo ungido com uma terna 
devoção a nossa senhora, para que Ela 
nos obtenha de Deus o dom de uma 
vida santa e limpa. 
- 29 -
Por fim, deixo aqui mais uma mensagem 
desafiadora e animadora desse querido santo 
para a geração presente. Aos jovens, de maneira 
especial, cabe ir contra essa onda materialista que 
viola a dignidade dos seres e expõe à humanidade 
a uma condição cada dia mais degradante, que 
desvaloriza mais do que tudo a vida humana e 
tudo que a sustenta em sua natureza mais elevada.
“ “ É necessária uma cruzada de virilidade e pureza que enfrente e anule o trabalho selvagem daqueles que pensam que o homem é uma besta. – E essa 
cruzada é obra vossa.
- 30 -
coMo falar eM castidade seM falar desse Santo 
que tanto nos inspirou. Sua vida ainda tão próxima em 
nossa memória é uma lição, e cada palavra sua é uma 
preciosidade e nos ensina de maneira particular sobre 
a profundidade e a transcendência do amor humano. 
Poderíamos dedicar toda uma obra a estudar a castidade 
na sua perspectiva, mas vou me ater aqui a te apresentar 
aquilo que talvez você não possa conhecer com tanta 
facilidade, já que este é um Santo muito citado.
- 31 -
E começo pelo trecho:
“
“
A sexualidade, mediante a qual o homem 
e a mulher se doam um ao outro com os 
atos próprios e exclusivos dos esposos, 
não é em absoluto algo puramente 
biológico, mas diz respeito ao núcleo 
íntimo da pessoa humana como tal. 
Esta realiza-se de maneira 
verdadeiramente humana somente se é 
parte integral do amor com o qual homem 
e mulher se empenham totalmente um 
para com o outro até a morte.
a doação física total seria falsa se não 
fosse sinal e fruto da doação pessoal total.
- 32 -
esse pequeno fragMento da “Familiaris 
consortio” é de uma riqueza desconcertante! 
Percebam aqui que São João Paulo II nos revela 
uma visão particular de que a sexualidade 
humana é um componente da pessoa humana, 
e que só pode se manifestar, se partir do centro 
de sua existência, não como um mero “esbarrar 
de corpos”, mas como um encontro profundo 
e indissolúvel de duas existências totalmente 
dotadas de sua dignidade.
A SEXUALIDADE HUMANA É 
UM COMPONENTE
DA PESSOA
- 33 -
O que ele sugere é que o envolvimento sexual 
não pode ser uma ação fragmentada, mas um 
movimento consistente de uma pessoa, de corpo e 
alma, que revela ao outro aquilo que tem de mais 
profundo e mais sagrado – por isso reserva o amor 
sexual ao ambiente dos esposos, cuja fidelidade 
foi prometida como salvaguarda para que esse 
amor se manifeste com segurança e resplandeça 
com toda a sua beleza. 
coMo é bonito ver que o cristo eleva a condição 
do aMor sexual entre hoMeM e Mulher ao 
“AMOR POR EXCELÊNCIA”, 
pois ele MesMo se coloca, para sua igreja, na 
condição de esposo e esposa.
Com essas palavras que destaquei, São João 
Paulo II nos leva a refletir que o amor não pode 
ser banalizado.
- 34 -
 Pelo contrário, exige responsabilidade, e que o 
ato sexual em si só pode assumir total significado 
quando exercido por aqueles que livremente 
escolheram se tornar servos um do outro em toda 
e qualquer condição. Por sua preciosidade, a 
sexualidade como manifestaçãodo amor generoso 
de Deus que dá a vida precisa ser protegida e 
alimentada por essa aliança matrimonial. 
Portanto, se a sexualidade invariavelmente expõe 
esse “núcleo íntimo” da pessoa, onde está presente 
toda a dignidade com que foi criada, a doação física 
motivada por um amor autêntico envolve e reforça 
essa dignidade com um movimento de caridade 
mais sublime – dois que se tornam uma só carne. 
Por outro lado, se essa doação física é “falsa”, 
como diz o papa, ela atinge esse mesmo núcleo 
íntimo, porém rouba do outro sua dignidade e a 
insere em uma condição profundamente miserável 
e triste, ainda que a própria pessoa não se dê conta 
do quanto tenha sido intimamente violada. 
- 35 -
“
“
A experiência também demonstra que 
as relações sexuais antes do matrimônio 
dificultam mais do que facilitam a 
escolha do parceiro certo para a vida. 
Pertence à preparação para um bom 
matrimônio que formeis e consolideis o 
vosso caráter. Deveis também cultivar as 
formas de amor e de afetos apropriadas 
à provisoriedade das vossas relações de 
amizade. 
a espera e a renúncia facilitar-vos-ão Mais 
tarde o respeito afetuoso pelo parceiro.
Observemos agora mais esse trecho de uma 
conversa do papa com os jovens:
- 36 -
Mais uMa riqueza seM fiM! 
São João Paulo nos afirma aqui algo tão óbvio, 
mas tão ignorado – nossos impulsos sexuais nos 
orientam a nos aproximarmos dos outros por 
um natural interesse de prazer sensível mais 
superficial, quando não nos cuidamos em, antes 
de tudo, conhecer e amar o outro. Perceba aqui 
que João Paulo II não despreza ou rejeita o prazer 
sexual, mas o ordena, o situa na ordem reta de 
construção das relações humanas. No caminho de 
conhecimento, o envolvimento sexual é o último 
estágio – o mais profundo, mais íntimo, esse 
último estágio de “conhecimento” do outro. 
Que beleza admirável nas sábias palavras 
da Virgem Maria quando, interpelada pelo anjo 
sobre o mistério da Encarnação, indaga como isso 
se dará se ela não “conhece” homem algum. 
pois beM, o priMeiro estágio na construção 
de uM aMor firMe, constante, que dura, é o 
conheciMento.
- 37 -
Quantos casamentos se desfazem tão 
rapidamente diante da esmagadora realidade 
trazida pelo convívio! 
E isso tem nome – egoísMo. 
Pois bem, se a sexualidade a forma mais 
excelente de demonstrar o amor humano, pode 
ser também a mais degradante. 
coMo pode uM casal de pouco ou Muito 
teMpo de casados dizer:
“nunca iMaginei que fulano
fosse assiM”?
a resposta é siMples. 
nunca se detiveraM a olhar para o outro, 
viveraM anos de relacionaMento olhando só 
para dentro.
- 38 -
Quando praticada de maneira desordenada, 
precoce e iMprudente, torna-se uma cortina 
de fumaça que confunde todo esse processo 
de conhecimento do outro e desvia o foco do 
que deveria estar realmente sendo abordado no 
processo de namoro e noivado – o CARÁTER. 
PRESTE ATENÇÃO:
tudo se esvai eM Meio às distrações de 
uM encontro sexual furtivo que 
“resolve” todas as desavenças,
ou faz coM que todas as 
incoMpatibilidades pessoais sejaM 
relevadas 
eM noMe de Migalhas de prazer 
encontradas eM relações sexuais 
ocasionais, 
por Mais repetidas que sejaM, seMpre tão 
vazias e seM propósito. 
- 39 -
as virtudes, e a castidade entre elas, 
não são, apesar de concedidas por 
deus, algo que “cai do céu”, Mas é 
conquistado coM boas práticas.
 Também nas últimas palavras desse trecho que 
destaquei sobre o Santo, vemos um conselho valioso – 
a espera e a renúncia como práticas de fortalecimento 
da vontade (em vista da provisoriedade do que podem 
ser as relações humanas antes do casamento). Não há 
nenhum mistério aqui – quem aprende a esperar e se 
guardar por amor, resistirá às situações inesperadas 
e às intempéries de uma vida conjugal.
Não espere que, ao colocar uma aliança no 
dedo, os noivos passem a ser misticamente 
imunes aos problemas cotidianos. 
- 40 -
“
“
Se queres ser feliz, sê casto.
santo agostinho de hipona é, sem dúvidas, 
um dos grandes contribuidores para a doutrina 
da igreja como conhecemos hoje, e as palavras 
do Santo destacadas acima talvez resumam de 
maneira perfeita seu pensamento sobre a virtude. 
- 41 -
Em suas várias obras ele discorre sobre nossa 
relação com Deus, sobre a criação e como nossa 
existência é uma concessão generosa de nosso 
criador. Ele nos diz que esse amor da alma é esse 
desejo natural que temos de nos unir a esse Deus, 
de cuja existência participamos dessa maneira tão 
íntima e tão profunda. 
 Apesar da riqueza de seus documentos em 
vários sentidos, vamos nos ater aqui às suas 
palavras no que se refere à castidade. E a primeira 
coisa que precisamos entender é que não só em 
suas palavras, mas em sua vida, Santo Agostinho 
é para nós uma lição. Filho de Santa Mônica com 
um homem originalmente pagão, não era o que 
podemos chamar de “católico de berço”. Sua 
conversão veio a partir dos estudos incansáveis em 
busca de uma verdade. Ao longo dessa caminhada 
intelectual, foi sendo progressivamente seduzido 
pela única Verdade – o próprio Cristo. Foi batizado 
já adulto por Santo Ambrósio, de quem ficou 
amigo.
poucos sabeM, Mas santo agostinho 
viveu parte de sua vida na coMpanhia de 
uMa concubina, coM queM teve uM filho, 
que faleceu eM uMa época próxiMa do 
faleciMento de santa Mônica.
- 42 -
Depois dessas perdas, e já convertido, Santo 
Agostinho tornou-se sacerdote, e daí em diante 
contribuiu imensamente para estruturar a doutrina 
da Igreja. 
Nesse processo viveu o que reconheceu como 
inúmeras recaídas. Seu amor pela Verdade era 
marcante, e nessa busca confrontava-a muitas 
vezes com sua própria existência. Numa declaração 
humilde e sincera, em seu livro “Confissões” (uma 
autobiografia) ele diz que incessantemente pedia:
“senhor,
fazei-Me casto.”
No entanto, após longo tempo de reflexão 
meditando sobre sua própria vida, pôde reconhecer 
que, no fundo, seu coração sempre dizia, após pedir 
pela castidade “Mas, por favor, que não seja agora.” 
- 43 -
Podemos, aqui, nos aproveitar dessa 
constatação franca do Santo para trazer luz sobre 
nossa própria vida.
- quantas vezes não agiMos taMbéM assiM, 
“desperdiçando” nossas palavras bonitas 
eM orações extreMaMente Meticulosas, 
suplicando por uMa vida casta, seM que 
tenhaMos de fato aberto nosso coração a 
deixar que deus ali habite de fato e Molde o 
nosso ser conforMe sua vontade?
- tantas vezes, no fundo, nos iludiMos e 
cuMpriMos nossa obrigação de rezar, Mas 
jogaMos palavras ao vento seM que elas saiaM 
de onde parteM taMbéM nossos reais desejos, 
Medos e anseios – nosso coração? 
Essa fala de Santo Agostinho também nos revela 
um pensamento comum em cada um de nós:
A PROCRASTINAÇÃO. 
Esse eterno “deixar para amanhã” é um prato 
cheio para que nossos instintos egoístas nos 
corroam aos poucos e nos envolvam de tal modo 
que, diante de uma eventual constatação de nossa 
condição humilhante, tenhamos que percorrer 
um caminho muito mais longo de volta. 
- 44 -
Lembremo-nos que a ideia de eternidade não 
pode ser para nós um “consolo” para que repitamos 
insistentemente os mesmos erros. Essa visão 
interesseira e acomodada com a misericórdia de Deus 
(ainda dá para pecar mais um pouco, até que um dia 
eu realmente conte com o perdão de Deus...) muitas 
vezes sustenta nosso marasmo espiritual e nos torna 
pessoas cada vez mais fracas e vulneráveis às nossas 
paixões mais degradantes. 
Vejam que belíssimo trecho com o qual Santo 
Agostinho nos presenteia em seu livro “Confissões”:
“ “
Eu fui encarcerado não com o ferro de 
uma cadeia, mas com o ferro de 
minha própria vontade.
O inimigo tomou conta da minha vontade, 
e disso ele fez uma cadeia e me prendeu.
Como minha vontade era perversa, ela 
se transformou em luxúria, e a luxúria 
rendeu-se em hábito, e 
o hábito não deMorou a tornar-se 
uMa necessidade.
- 45 -
Aqui o Santo nos adverte sobre essas “paixões 
do corpo”, que buscam se guiar por esse prazer 
sensível o tempo todo – uma vida totalmentepredisposta à luxúria e a gula. 
a consequência dessa postura 
concupiscente é uMa vida 
totalMente desordenada, 
extreMaMente egoísta, e frágil. 
O homem que, aos poucos, se deixa dominar 
por essas paixões cotidianas fúteis e vazias, 
acreditando que está livremente caminhando por 
uma vida de prazeres, acaba por se tornar escravo 
deles, perdendo totalmente a sensibilidade para 
reconhecer o valor das coisas, e buscar aquilo 
que realmente importa – como diz São Paulo, as 
“coisas do alto”. 
Aqui podemos traçar um paralelo entre o que 
diz Santo Agostinho e o que diz São Paulo:
“vocês estão Mortos, e vossa vida está 
escondida eM cristo”. 
Ambos os Santos, cada um a sua maneira, nos 
dizem que o processo de verdadeira realização 
pessoal está em descobrir a cada dia essa vocação 
- 46 -
maior que nós temos para a graça, que é, em 
última e mais perfeita instância, a comunhão com 
o próprio Cristo, nossa vida. 
Quando esse “apetite da alma” por salvação se 
apaga, crescem os “apetites do corpo” e, muitas 
vezes sem perceber, os jovens vão assuMindo 
uMa postura cada vez Mais aniMal – instintiva, 
insensível, e por vezes cruel e indigna. 
Santo Agostinho mesmo nos fala que temos 
uma condição existencial superior às outras 
criaturas pois, à imagem e semelhança de Deus, 
somos dotados de consciência, e que por isso 
somos capazes de reconhecer e renegar o mal, e 
buscar a graça. 
Diante desse mundo de apelo constante e 
atrativos torpes que nos levarão cedo ou tarde à 
ruína (a gula nas suas mais diferentes formas, 
inclusive na vida sexual), a castidade surge como 
virtude moral fundamental para que o homem se 
mantenha consciente e forte o suficiente para dar 
uma “resposta de valor” nas suas circunstâncias:
aMar aquilo que é boM e cuidar 
da criação, e rejeitar aquilo 
que é Mal e leva à Morte. 
- 47 -
Diz assim o Santo, de maneira brilhante:
“ “A castidade, com efeito, nos recolhe, reconduzindo-nos à unidade que perdemos quando 
nos dispensaMos na Multiplicidade.
Em posição uníssona com todos os santos, 
Agostinho de Hipona nos adverte – ainda que 
tenhamos uma vida desregrada, muitas vezes 
como ele mesmo teve, 
seMpre haverá uMa
oportunidade de recoMeço.
E a porta de entrada para esse caminho a ser 
retomado é a huMildade. Como o filho pródigo, 
em nossa vida experimentamos, vez ou outra, 
- 48 -
essa vontade de rejeitar nossa condição filial e 
experimentar desordenadamente os sabores desse 
mundo.
Até que, quando estamos totalmente entregues 
e não nos resta mais nada, nem nossa dignidade, 
reconhecemos a condição humilhante de disputar 
farelo coM os porcos. 
Daí nasce a constatação que podemos encontrar 
perfeitamente nas falas de Santo Agostinho:
“o que é iMpossível à natureza, 
é possível à graça”
só há uM Meio, portanto, de recoMeçarMos 
seMpre – o retorno para o pai. 
Muitas vezes, em nossos delírios mais vaidosos 
e orgulhosos, queremos fugir da confissão e provar 
com nossas atitudes que podemos nos controlar, 
numa tentativa de demonstrar arrependimento 
por uma mudança espontânea. 
ISSO É UMA GRANDE ILUSÃO.
- 49 -
a confissão, enquanto sacraMento 
de reconciliação, é essa 
oportunidade única e inevitável 
de retoMar uMa possibilidade de 
salvação. 
Se pela natureza estamos sujos, pela graça podemos 
ser limpos e recomeçar, agora já sem culpas. Com 
Santo Agostinho, podemos reconhecer uma fórmula 
eficaz de santificação e de fortalecimento de nossas 
vantagens, já também constatada por São João Batista 
há tanto tempo – é preciso que eu diminua para que 
Ele cresça em mim. 
Não haverá outro caminho para a vivência da 
castidade que não se deixar ser seduzido por essa 
força, que é a mais irresistível de todas aos olhares 
mais atentos – o amor de Cristo que nos envolve e nos 
preenche da maneira mais completa, nos devolvendo 
à nossa natureza, nos permitindo viver da maneira 
para a qual fomos criados. 
Se ele é o princípio de tudo, só teremos verdadeira 
felicidade quando encontrar em nossas atitudes 
também o Cristo como único fim.
e a castidade é, eM últiMa instância, a 
construção dessa hierarquia de valores que 
nos leva a querer, Mais do que tudo, a salvação 
nossa e de queM aMaMos.
- 50 -
santo afonso Maria de ligório é também 
um doutor de nossa Igreja, e discorreu propriamente 
sobre esse tema em seu “Tratado da castidade”. São 
um compilado de preciosidades para aqueles que 
querem melhor viver essa virtude.
 Este Santo nos revela, citando inclusive o que 
disseram muitos outros santos sobre o tema, que 
a castidade é a virtude que no faz mais puros, e nos 
aproxima, como diz Santo Efrém de uma realidade 
“semelhante a dos anjos”.
- 51 -
 A castidade é, sem dúvidas, condição muito 
apreciada por Deus – escolheu a uma virgem para 
gerar o Cristo, e escolheu a um homem virgem 
para desposá-la. Entre os apóstolos, escolheu São 
João Evangelista (também virgem) para receber 
em casa sua mãe.
Da mesma forma, confia aos sacerdotes, em 
sua condição especial de castidade, a missão de 
sua igreja. Em sua obra, Santo Afonso esclarece 
alguns pontos importantes para a prática da 
caridade autêntica.
aqui nos diz santo afonso que há
uM duplo engano sobre eles:
Primeiro, viver de maneira escrupulosa – essa 
maneira meticulosa de viver pensando que tudo é pecado, 
acaba por tornar o homem refém de seus pensamentos, 
sem entender que, sem o consentimento, o surgimento 
inevitável de maus pensamentos inicialmente não 
caracteriza pecado em si. 
a vigilância dos pensaMentos
- 52 -
 Não podemos também achar, no entanto, 
que nossos maus pensamentos possam ser 
encarados cotidianamente como naturais, e que 
nunca serão um pecado. Quando damos espaço 
a esses pensamentos de maneira deliberada, já 
guardamos neles a malícia do ato, e isso nos fará 
mal, igualmente. Será também um prato cheio 
para cometer algum erro de fato.
esse priMeiro MoMento que nos incita
a praticar o Mal, ao que o santo chaMa
de sugestão, é crucial.
Quantas vezes não achamos que, nesse 
momento, já há uma condição indigna que nos 
afasta instantaneamente de Deus? Pois bem, 
tomemos o exemplo de São Paulo. Quando 
muito tentado, implorou a Deus que lhe tirasse a 
tentação. E qual foi a resposta de Deus?
“PARA TI, BASTA A MINHA GRAÇA”.
EM OUTRAS PALAVRAS, NOS DIZ 
SANTO ANTÃO QUE “PARA CADA 
TENTAÇÃO A QUE SE OPUSERES 
RESISTÊNCIA, SE TE DEVERÁ 
UMA COROA” 
- 53 -
Talvez isso tenha motivado São Bento a se tacar em 
uma moita de espinhos para controle de tentações da 
carne, ou motivado São Bernardo a se atirar em um 
lago gelado, ou ainda, feito São Tomás de Aquino ir 
contra uma prostituta arrumada por sua família com 
uma tocha na mão...
Da mesma forma,
São Francisco de Sales diz que:
“ “Quando um ladrão procura arrombar uma porta, é porque ainda não entrou na casa; assim também, quando o demônio tenta 
uma alma,é porque se acha ela 
ainda na graça de Deus.
Se, após essa tentação inicial, cedemos e 
nos deleitamos conscientemente com a ideia de 
cometer esse pecado, ou o cometemos de fato, 
estamos aí consentindo com ele, e aí sim, pecando.
- 54 -
Para aqueles que forem molestados por essas 
tentações, Santo Afonso nos revela dicas práticas 
que nos permitirão fugir do mal (não para nossa 
surpresa, veja coMo são Muito seMelhantes ao que já 
falaMos anteriorMente): 
1. huMilhar-se continuaMente
Não confiar nas próprias forças
2. recorrer iMediataMente a deus
diz o Santo que devemos recorrer 
prontamente e invocar o nome de Jesus, 
Maria e José, poderosos para resistir a 
qualquer tentação do demônio;
3. recepção assídua dos sacraMentos
na confissão, “uma tentação revelada 
já está meio vencida” (São Felipe Neri). 
Na comunhão, somos totalmente 
alimentados pela presença de Cristo.
4. fuga da ociosidade
quanto menos ocioso, menos tempo para 
se perder em pensamentos indignos.
- 55 -
5. devoção à iMaculada Mãe de deus
natural entendermos que, para nos 
mantermos castos, temos a força 
intercessora da Virgem das Virgens!
6. eMpregode todas as precauções 
exigidas pela prudência
aqui Santo Afonso enumera algumas 
práticas valiosas: a modéstia dos olhos, e 
a guarda do coração.
Diz São Francisco de Sales que “queM não quiser 
que o iniMigo penetre sua fortaleza, deve conservar a 
porta fechada”.
Diz também Santo Agostinho que “do olhar nasce o 
pensaMento, e do pensaMento a concupiscência”. 
Aqui vemos como nossos sentidos podem nos trair, 
e como devemos nos manter alertas para não deixarmos 
que o mal entre em nossos corações por nossos olhos. 
sobre a Modéstia dos olhos:
- 56 -
São Gregório nos diz, inclusive, que os olhos 
podem se tornar “ganchos para o inferno”, e que “se 
conteMplaMos uM objeto perigoso, coMeçaMos a 
querer o que antes não queríaMos”.
SANTO AFONSO NÃO NOS 
CONVIDA, NO ENTANTO, 
A UMA VIDA “DE OLHAR 
PARA BAIXO”.
Pelo contrário, ele nos convida a uma vida com 
olhar fixo naquilo que é belo e inspirador para o 
homem, causando efeito oposto aos maus olhares 
que lançamos cheios de cobiça muitas vezes às 
pessoas que nos cercam. 
sobre a guarda do coração
Nesse ponto Santo Afonso chama a atenção 
para guardarmos boas relações com as pessoas, 
renunciando a amizades temerárias e proximidades 
com pessoas que dirigem maus pensamentos a nós, 
ou que nos inspiram pensamentos inapropriados. 
Diz São Tomas de Aquino de maneira brilhante:
- 57 -
“podeMos resistir aos vícios ficando na ocasião, 
fazendo violência contra nós MesMos; Mas o 
vício contrário à pureza, poréM, só podereMos 
vencer fugindo da ocasião e renunciando às 
afeições perigosas.”
“quanto Mais santas são as pessoas pelas 
quais sentiMos afeição particular, tanto Mais 
deveMos nos acautelar, porque o alto apreço 
que fazeMos de sua virtude Mais nos estiMula 
ainda a aMá-las.”
 Ainda sobre essas relações, São Tomás de 
Aquino nos diz sobre as amizades, ainda que 
santas, mas que podem ser armadilhas para nossos 
sentimentos: 
- 58 -
Colocando essas palavras em outros termos, 
podemos entender que nossos sentimentos 
muitas vezes nos enganam, e mesmo com pessoas 
admiráveis e pelas quais sustentamos inicialmente 
boas intenções, podemos por alguma fraqueza 
desfigura-las e cair em tentação de, em algum 
momento, usá-las tão somente para nosso prazer. 
Dessa forma, a pessoa prudente deve estar apta 
a fazer um exame de consciência na maneira como 
se relaciona com as pessoas. 
toda vez que surgir uM MíniMo 
MoviMento guiado por interesse 
fútil, deveMos recorrer ao 
afastaMento prudente e às 
práticas de fortaleciMento 
espiritual que já enuMerei, 
sugeridas pelo santo.
- 59 -
1. Se entretêm em conversas inúteis
2. Ocorrências de olhares e louvores 
múltiplos
3. Se desculpa faltas reciprocamente sem 
buscar correções para não desagradar
4. Aparecimento de pequenos ciúmes
5. Sentimento de prazer pela gentileza 
natural da pessoa amada, desejo de 
correspondência da afeição, e não gostar 
de que outros observem, ouçam ou falem 
do seu relacionamento.
Ainda em seu Tratado, Santo Afonso enumera 
algumas situações que sugerem que nossas 
relações podem estar se tornando nocivas e 
interesseiras:
- 60 -
Muitas coisas ainda são faladas nesse incrível 
tratado sobre castidade criado por Santo Afonso. 
É uma leitura fundamental para qualquer jovem. 
Mas sua mensagem geral é que, sem dúvida, 
a castidade é algo a ser experimentado com uma 
prática humilde e verdadeira diante de Deus, 
com uma postura cristã ativamente protetora da 
pureza, seja ao evitar situações de pecado, seja em 
não hesitar ao cair vez ou outra. 
tenhaMos a disposição de enfrentar o Mal,
 e esperança para recoMeçar quando
forMos derrotados!
- 61 -
por fiM, Mas não Menos iMportante, 
você deve ter estranhado tantos lírios espalhados 
por esse livro sem que eu falasse naquele que 
primeiramente vem à sua mente quando os vê – 
São José.
Não podemos jamais nos esquecer desse 
homem, esposo castíssimo da Virgem Maria, 
também modelo perfeito de castidade. Ambos 
são para nós um modelo a ser seguido e uma força 
intercessora sem igual.
- 62 -
Podemos aprender dessa relação castíssima na 
Sagrada Família aquilo que queremos para nossa 
família, e a postura de São José deve ser inspiração 
para todo homem, especialmente aqueles que 
desejam ser esposos e pais.
para refletir sobre são josé, vou 
Me utilizar das palavras do papa 
francisco por ocasião da abertura 
do ano de 2021 dedicado a este 
santo hoMeM. 
 PRIMEIRO, José é um pai protetor e obediente 
à vontade de Deus. Sabendo da condição de Maria 
grávida, quis deixá-la sem segredo para não a 
escandalizá-la.
Antes disso, é avisado pelo anjo que teria um 
lugar especial no plano de salvação da humanidade, 
e assim decide ficar. 
Assim percebemos que a todo momento 
José renuncia às suas próprias expectativas, sua 
preconcepções, mas está sempre inclinado à escuta 
constante da necessidade dos seus, de sua família. 
- 63 -
SEGUNDO, José é pai acolhedor – recebe 
Maria sem ressalvas. 
Ainda que sua visão de casamento com Maria 
tenha sido totalmente modificada pela chegada de 
Jesus, ele não se desanima nem se amargura, mas 
acolhe e protege aqueles que lhe foram confiados. 
Mais ainda, José é pleno serviço. Ainda que 
sob ameaça de morte, por parte daqueles que 
procuravam achar e matar o menino Jesus, José se 
aventura e incessantemente se dispõe a guardar 
sua família, seja indo até Belém, seja fugindo para 
o Egito. 
nesse Modelo de hoMeM 
deveriaM se inspirar todos os 
hoMens, e esse Modelo de esposo 
deveriaM desejar todas as 
Mulheres.
- 64 -
Assim encerro esse guia, fazendo votos que 
você encontre nesse conteúdo a oportunidade 
de reencontrar a alma dessa virtude, cuja 
forma é o amor. 
Que essas palavras possam atingir seu 
coração de forma que, mais do que uma 
ideia, a castidade lhe pareça uma realidade 
próxima, não pela força de sua vontade, 
mas pela grandeza do coração de Deus, que 
generosamente concede a todos as graças 
necessárias para que vivam cada dia mais em 
sua presença!
não desaniMeMos, jovens!
“Bem-aventurados os puros de coração, 
porque verão a Deus”
(Mt 5,8)
- 65 -
que nossa senhora te guie e 
providencie as graças necessárias
para o seu propósito de
viver uMa vida 
verdadeiraMente
Mais casta. 
Dr. Filipe Duarte
sou Médico forMado pela Universidade Federal do 
Estado do Rio de Janeiro – UniRio, minha residência 
foi na área que sempre amei na medicina: a área de 
ginecologia e obstetrícia. Foram anos de muito estudo 
e aprendizado no Instituto Fernandes Figueira. Hoje, 
já acumulo anos de experiência nessa especialidade 
e finalizei, recentemente, uma pós-graduação em 
medicina fetal. 
Além de todos esses anos de estudo, carrego 
também muito aprendizado prático adquirido 
dentro dos principais hospitais da cidade. Toda 
essa experiência me permitiu perceber quais são as 
principais carências que a maioria das mulheres 
possui: ser olhada com atenção e obter informação de 
qualidade.
Por isso decidi me colocar a sua disposição, para 
te ajudar em seus anseios e mostrar um novo caminho 
para cuidar da sua saúde. 
essa é a Minha Missão e 
eu levo isso extreMaMente a sério.
 conte coMigo!
- dr filipe duarte -

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