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Série conStrução civil projeto arquitetônico Série CONSTrUÇÃO CiViL Projeto Arquitetônico CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações Série CONSTrUÇÃO CiViL Projeto Arquitetônico SENAI - DN Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2013. SENAI – Departamento Nacional © 2013. SENAI – Departamento Regional da Bahia A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me- cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI da- Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional da Bahia Núcleo de Educação a Distância - NEAD FICHA CATALOGRÁFICA S491p Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Projeto Arquitetônico / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia. Brasília: SENAI/DN, 2013. 174p. : il. (Série Logística). ISBN 1. Projeto Arquitetônico 2. Construção Civil. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional II. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia III. Título IV. Série CDU: 349.2 (81) Lista de ilustrações Figura 1 - O homem paleolítico e a descoberta do fogo ...................................................................................21 Figura 2 - Representação do homem do período paleolítico ..........................................................................21 Figura 3 - Moradia neolítica ..........................................................................................................................................22 Figura 4 - Surgimento da propriedade privada ....................................................................................................23 Figura 5 - Primeiras cidades .........................................................................................................................................24 Figura 6 - Babilon em dois períodos antes de cristo, a maior cidade do mundo ......................................25 Figura 7 - Partenon: templo grego dedicado à deusa Atena, situado na acrópole de Atenas ............26 Figura 8 - Colunas gregas em estilos dórico, jônico, coríntio ...........................................................................27 Figura 9 - Coliseu ..............................................................................................................................................................28 Figura 10 - Basilique Saint-Sernin – Toulouse, França .........................................................................................29 Figura 11 - Catedral de Notre Dame ..........................................................................................................................30 Figura 12 - Arquitetura colonial: casas térreas .......................................................................................................31 Figura 13 - Arquitetura colonial: sobrados..............................................................................................................31 Figura 14 - Casa de porão alto .....................................................................................................................................32 Figura 15 - Igreja de São Francisco, Salvador, BA ..................................................................................................33 Figura 16 - Palácio Rio Negro, Manaus, AM. exemplo da arquitetura neoclássica no brasil .................34 Figura 17 - Estrada de ferro da Grota Funda. Fotografia de Marc Ferrez C. (1880) ...................................35 Figura 18 - Av. Paulista em 1920 .................................................................................................................................36 Figura 19 - Processo de verticalização das cidades: Av Paulista em 2008 ...................................................36 Figura 20 - Arquitetura Moderna: representação da casa de vidro projetada por Lina Bo Bardi ........37 Figura 21 - Tate modern, Bankside em Londres, Inglaterra ..............................................................................38 Figura 22 - Evolução urbana ........................................................................................................................................39 Figura 23 - Exemplo de arquitetura sustentável: escritório de arquitetura tryptique ............................40 Figura 24 - Normas .........................................................................................................................................................43 Figura 25 - Plantas: representação gráfica ..............................................................................................................44 Figura 26 - Normas: ABNT .............................................................................................................................................45 Figura 27 - Estatuto da cidade .....................................................................................................................................46 Figura 28 - Plano diretor ................................................................................................................................................47 Figura 29 - PEU Campo Grande, RJ ............................................................................................................................48 Figura 30 - Edificação e a LOUOS ................................................................................................................................50 Figura 31 - Legislação .....................................................................................................................................................52 Figura 32 - Fluxograma quebra-cabeça ...................................................................................................................52 Figura 33 - Quebra-cabeça ...........................................................................................................................................58 Figura 34 - Fluxograma etapas ....................................................................................................................................60 Figura 35 - Croquis do Palácio do planalto – Oscar Niemeyer .........................................................................60 Figura 36 - Áreas de impacto da edificação ...........................................................................................................63 Figura 37 - Edificação no processo de desenvolvimento ..................................................................................64 Figura 38 - Análise do projeto .....................................................................................................................................66 Figura 39 - Engenheiro analisando o projeto executivo ....................................................................................67 Figura 40 - Configuração ...............................................................................................................................................69Figura 41 - Ergonomia ....................................................................................................................................................73 Figura 42 - Ergonomia ações .......................................................................................................................................74 Figura 43 - Mão na maçaneta ......................................................................................................................................75 Figura 44 - Mão no controle remoto .........................................................................................................................75 Figura 45 - Ergonomia figurativo................................................................................................................................76 Figura 46 - Ergonomia no trabalho............................................................................................................................77 Figura 47 - Arte de projetar em arquitetura ...........................................................................................................78 Figura 48 - Sensações calor e frio ...............................................................................................................................79 Figura 49 - Conforto térmico .......................................................................................................................................80 Figura 50 - Eficiência energética .................................................................................................................................81 Figura 51 - Aproveitamento dos recursos naturais ..............................................................................................82 Figura 52 - Radiação solar no edifício .......................................................................................................................84 Figura 53 - Arquitetura bioclimática .........................................................................................................................85 Figura 54 - Uso da vegetação como sombreamento ..........................................................................................86 Figura 55 - Propagação do som ..................................................................................................................................87 Figura 56 - Noções de conforto acústico .................................................................................................................88 Figura 57 - Som direto ....................................................................................................................................................88 Figura 58 - Material absorvente ..................................................................................................................................91 Figura 59 - Propagação do som em meios diferentes ........................................................................................92 Figura 60 - Iluminação natural x iluminação artificial .........................................................................................93 Figura 61 - Bem-estar proporcionado pela luz natural ......................................................................................94 Figura 62 - Aproveitamentos dos recursos nas edificações ..............................................................................95 Figura 63 - Fluxo luminoso estabilizado ..................................................................................................................96 Figura 64 - Fluxo luminoso estabilizado ..................................................................................................................96 Figura 65 - Eficiência luminosa ....................................................................................................................................97 Figura 66 - Tipos de lâmpadas: incandescente, fluorescente compacta e LED .........................................97 Figura 67 - Iluminância ...................................................................................................................................................98 Figura 68 - Diferença entre iluminância e luminância ........................................................................................99 Figura 69 - Projeto modelado no programa Sketchup .................................................................................... 104 Figura 70 - Imagem de abertura do programa Revit, projeto modelado pelo programa .................. 105 Figura 71 - Projeto desenvolvido utilizando o Revit e a tecnologia BIM ................................................... 106 Figura 72 - Emerson sonhando com a casa ......................................................................................................... 107 Figura 73 - Trabalhando ao computador .............................................................................................................. 109 Figura 74 - Layers .........................................................................................................................................................110 Figura 75 - Hachura diagramação de piso ........................................................................................................... 112 Figura 76 - Tela principal do AutoCAD .................................................................................................................. 113 Figura 77 - Comando fillet ........................................................................................................................................115 Figura 78 - Hachura ...................................................................................................................................................... 116 Figura 79 - Comando mirror ....................................................................................................................................116 Figura 80 - Comando offset......................................................................................................................................117 Figura 81 - Comando stretch ...................................................................................................................................118 Figura 82 - Comando spline .....................................................................................................................................118 Figura 83 - Polilinha ...................................................................................................................................................... 119 Figura 84 - Desenhando a planta baixa – térreo ................................................................................................ 120 Figura 85 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – desenhando as paredes......... 121 Figura 86 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – eliminando objetos ................. 122 Figura 87 - Desenhando a planta baixa- arranjo espacial interno – eliminando objetos ................... 123 Figura 88 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – unindo linhas ............................. 124 Figura 89 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – fazendo aberturas .................... 125 Figura 90 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – fazendo aberturas 2 ................ 126 Figura 91 - Criando blocos (block definition) ....................................................................................................... 127 Figura 92 - Porta – vão de abertura ........................................................................................................................ 127 Figura 93 - Bloco porta (sequência 1-3) ................................................................................................................ 128 Figura 94 - Bloco de janelas .......................................................................................................................................128 Figura 95 - Pilares .......................................................................................................................................................... 129 Figura 96 - Hatch (hachura) ........................................................................................................................................ 129 Figura 97 - Esquadrias (sequência de figuras 1-3) ............................................................................................. 130 Figura 98 - Inserindo blocos (sequência de figuras 1-3) ................................................................................. 131 Figura 99 - Planta baixa ............................................................................................................................................... 132 Figura 100 - Layers janela ............................................................................................................................................ 132 Figura 101 - Soleira ....................................................................................................................................................... 133 Figura 102 - Peitoril ...................................................................................................................................................... 133 Figura 103 - Soleiras e peitoris ................................................................................................................................. 134 Figura 104 - Esquadrias-planta baixa ..................................................................................................................... 134 Figura 105 - Comando Mtext ................................................................................................................................... 135 Figura 106 - Especificações esquadrias ................................................................................................................. 135 Figura 107 - Especificações esquadrias ................................................................................................................. 136 Figura 108 - Layer equipamento hidráulico ........................................................................................................ 136 Figura 109 - Blocos hidráulicos – planta baixa ................................................................................................... 137 Figura 110 - Blocos hidráulicos – planta baixa ................................................................................................... 138 Figura 111 - Blocos hidráulicos – planta baixa ................................................................................................... 138 Figura 112 - Blocos hidráulicos – planta baixa ................................................................................................... 139 Figura 113 - Especificações esquadrias ................................................................................................................. 139 Figura 114 - Nomes ambientes e área ................................................................................................................... 140 Figura 115 - Área e perímetro ................................................................................................................................... 140 Figura 116 - Nome dos ambientes e área ............................................................................................................. 141 Figura 117 - Escada ....................................................................................................................................................... 142 Figura 118 - Escada ....................................................................................................................................................... 143 Figura 119 - Cotas ......................................................................................................................................................... 144 Figura 120 - Cotas ......................................................................................................................................................... 144 Figura 121 - Cotas ......................................................................................................................................................... 145 Figura 122 - Painel de ferramentas dimensionar ............................................................................................... 145 Figura 123 - Planta baixa cotada ............................................................................................................................. 146 Figura 124 - Linhas de corte ...................................................................................................................................... 147 Figura 125 - Planta baixa marcação das linhas de corte ................................................................................. 147 Figura 126 - Planta baixa marcação das linhas de corte ................................................................................. 148 Figura 127 - Perspectiva casa .................................................................................................................................... 149 Figura 128 - Beiral ......................................................................................................................................................... 149 Figura 129 - Construção planta de cobertura ..................................................................................................... 150 Figura 130 - Construção planta de cobertura ..................................................................................................... 150 Figura 131 - Perspectiva casa – cobertura ........................................................................................................... 151 Figura 132 - Planta de cobertura ............................................................................................................................. 151 Figura 133 - Cortes – planta baixa térreo ............................................................................................................. 152 Figura 134 - Reservatório ........................................................................................................................................... 153 Figura 135 - Planta baixa pavimento superior .................................................................................................... 154 Figura 136 - Planta de cobertura ............................................................................................................................. 155 Figura 137 - Cálculo inclinação ................................................................................................................................ 156 Figura 138 - Cálculo inclinação ................................................................................................................................ 156 Figura 139 - Perspectiva da casa com plano secante ....................................................................................... 157 Figura 140 - Perspectiva da casa com plano secante ....................................................................................... 157 Figura 141 - Planta da cobertura ............................................................................................................................. 158 Figura 142 - Corte cobertura ..................................................................................................................................... 158 Figura 143 - Estrutura telhado .................................................................................................................................. 159 Figura 144 - Estrutura telhado ..................................................................................................................................160 Figura 145 - Perspectiva frontal ............................................................................................................................... 160 Figura 146 - Corte AA................................................................................................................................................... 161 Figura 147 - Perspectiva da casa com plano secante ....................................................................................... 162 Figura 148 - Corte BB ................................................................................................................................................... 162 Figura 149 - Fachada frontal...................................................................................................................................... 163 Figura 150 - Fachada lateral ...................................................................................................................................... 164 Quadro 1 - PDDU de Salvador, BA ...............................................................................................................................48 Quadro 2 - Documentos relativos ao estudo preliminar .....................................................................................61 Quadro 3 - Documentos relativos ao estudo preliminar de viabilidade .......................................................64 Quadro 4 - Documentos relativos ao estudo preliminar do anteprojeto .....................................................65 Quadro 5 - Documentos relativos ao estudo preliminar do projeto legal ....................................................66 Quadro 6 - Documentos relativos ao estudo preliminar do projeto executivo ..........................................68 Quadro 7 - Nível de ruído admitido pela NBR 10152 ...........................................................................................90 Quadro 8 - Tipos e espessuras das linhas de um projeto ................................................................................. 111 Tabela 1 - Iluminância de interiores ............................................................................................................................98 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................15 2 Histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades ...........................................................19 2.1 A pré-história ................................................................................................................................................20 2.2 A antiguidade ...............................................................................................................................................24 2.3 A antiguidade clássica ...............................................................................................................................25 2.4 A idade média ...............................................................................................................................................28 2.5 A idade moderna .........................................................................................................................................30 2.6 A arquitetura no brasil ...............................................................................................................................31 2.7 A arquitetura contemporânea – século xx .........................................................................................38 3 Normas e legislações aplicáveis ...............................................................................................................................43 3.1 Regulamentações ........................................................................................................................................44 3.1.1 Normas técnicas de representação para desenho técnico de edificações ..........44 3.1.2 Estatuto das cidades ................................................................................................................45 3.1.3 Plano diretor de desenvolvimento urbano (pddu) .......................................................47 3.1.4 Lei de ordenamento do uso e da ocupação do solo (louos) .....................................49 3.1.5 Código de obras ........................................................................................................................51 4 Etapas do projeto arquitetônico ..............................................................................................................................57 4.1 Elementos básicos de um projeto .........................................................................................................58 4.1.1 Peças gráficas .............................................................................................................................59 4.1.2 Peças escritas ..............................................................................................................................59 4.2 Etapas de um projeto de arquitetura ...................................................................................................59 4.2.1 Estudo preliminar......................................................................................................................60 4.2.2 Estudo de viabilidade do projeto com relação à legislação aplicável ...................61 4.2.3 Anteprojeto .................................................................................................................................64 4.2.4 Projeto legal ................................................................................................................................65 4.2.5 Projeto executivo ......................................................................................................................67 4.2.6 Projetos de as built ...................................................................................................................68 5 Noções de ergonomia e conforto ambiental ......................................................................................................73 5.1 Ergonomia......................................................................................................................................................73 5.1.1 A ergonomia no trabalho .......................................................................................................76 5.2 Conforto ambiental nas edificações .....................................................................................................79 5.2.1 Conforto térmico .......................................................................................................................79 5.2.2 Conforto acústico ......................................................................................................................87 5.2.3 Conforto luminoso ...................................................................................................................93 6 Desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador ................................................. 103 6.1 Aplicativos computacionais ................................................................................................................. 104 6.2 Construindo um projeto com o AutoCAD ....................................................................................... 107 6.2.1 Principais comandos e suas funções ............................................................................... 114 Referências Minicurrículo da autora Índice 1 introdução Bem-vindo ao universo das edificações! Estamos iniciando uma caminhada pelo processo de formação técnica industrial na área da Construção Civil. Esta é a primeira unidade curricular do módulo específico I do curso Técnico em Edificações, denominadade Projeto Arquitetônico. Este módulo tem como objetivo geral desenvolver competências para análise e criação arquitetônica realizando projetos individuais de programa de habitação no nível de estudo preliminar e anteprojeto, relacionando função e forma, levando em consideração princípios de construções sustentáveis, dentro dos limites de sua responsabilidade técnica. No decorrer do módulo, estudaremos os fundamentos técnicos e científicos que nos pos- sibilitarão compreender o histórico da arquitetura e sua relação com a evolução urbana das cidades. Além disso, estudaremos as normas e legislações aplicáveis, as etapas constituintes do projeto arquitetônico e noções de Ergonomia e conforto ambiental. Os temas aqui abordados também ajudarão a desenvolver as capacidades a seguir. CAPACiDADeS SOCiAiS, OrGANiZATiVAS e MeTODOLÓGiCAS a) Planejar e organizar o próprio trabalho; b) Atuar de forma ética; c) Projetar e analisar resultados; d) Aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e ambientais; e) Avaliar o trabalho realizado, na perspectiva de melhoria contínua; f) Aplicar técnicas de comunicação oral e escrita. PROJETO ARQUITETÔNICO16 CAPACiDADeS TéCNiCAS a) Interpretar normas e legislações aplicáveis (técnicas, de patrimônio históri- co-cultural e etc.); b) Aplicar normas e legislações específicas (código de obras, concessionárias locais e etc.); c) Interpretar projetos e cartas; d) Levantar dados para estudos preliminares de impacto ambiental e execu- ção de projetos; e) Realizar levantamento cadastral; f) Analisar as variáveis técnicas e sociais para a implantação do empreendimento; g) Elaborar planilhas de dados coletados (custos, possibilidades de venda do empreendimento etc.); h) Aplicar os dados coletados, de acordo com as necessidades dos clientes; i) Analisar parâmetros de conforto ambiental; j) Aplicar princípios de construção sustentável; k) Elaborar projetos de arquitetura de edificações; l) Representar graficamente projetos de arquitetura; m) Redigir memoriais descritivos. Vamos em frente. Bons estudos! 1 iNTrODUÇÃO 17 Anotações: 2 Histórico da Arquitetura e sua relação com a evolução das cidades Vamos fazer um breve histórico para saber como surgiu a arquitetura e as cidades para ficar- mos por dentro do histórico da sua evolução até os dias atuais, analisando aspectos sobre sua relação com a evolução humana e sua influência em nossas vidas até hoje. A urbanização dos espaços ocorreu de forma gradativa, a partir das transformações ocorri- das nos mais variados campos, como a economia, a sociedade, a política e a religião. Vamos começar a pensar o seguinte: desde que “o mundo é mundo e o homem é homem,” independentemente da época, nós, na condição de seres humanos, para sobreviver, no mí- nimo, precisamos de quê? Pense nas suas principais necessidades fisiológicas1 para manter o corpo com saúde: quais são? A fome e a sede, correto? Não vamos entrar aqui nas demais necessidades fisiológicas, nas necessidades sociais, necessidade de segurança etc., nem nas suas possíveis associações para que o ser humano mantenha não apenas seu corpo são, mas também a sua mente sã. Vamos nos ater, agora, à necessidade de saciar a fome. Mas você deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com o nosso assunto? Você entenderá agora. CrONOLOGiA DA ArqUiTeTUrA Vamos nos limitar a contar mais detalhadamente o período da Pré-História para entender como, provavelmente, segundo relatos e vestígios históricos, surgiram a arquitetura e as ci- dades. Já nos demais períodos da história da humanidade, vamos citar, ligeiramente, os prin- cipais fatos que marcaram algumas épocas, para não desviar do nosso assunto: Histórico da Arquitetura e a Evolução urbana das cidades. PROJETO ARQUITETÔNICO20 2.1 A Pré-HiSTÓriA A pré-história é o período em que se dá a primeira etapa da evolução humana, como vamos entender a seguir. Ela é dividida em dois períodos: Paleolítico e Ne- olítico, cujo final é chamado Idade dos Metais. Vamos conhecer um pouco mais sobre a pré-história, enfatizando o nosso assunto. a) Período Paleolítico (2,7 milhões de anos até 10000 a.C.2) - Também é cha- mado de Período da Pedra Lascada devido ao fato de os homens paleolíti- cos usarem osso, madeira e pedra para confeccionar suas armas e utensílios. Isso os diferenciou dos outros animais, pois, com essa atitude, mostraram- -se capazes de, racionalmente, produzir suas próprias ferramentas. Desde os primórdios, o homem tem na alimentação sua principal fonte de energia, por isso, desde o início da sua história evolutiva, ele precisou literalmente correr atrás do seu alimento. Durante o período paleolítico, os alimentos ofertados pela natureza eram adquiridos através da colheita, por exemplo, de frutas. Porém, isso não era o suficiente, então, o homem precisou caçar e pescar animais terrestres e aquáticos para saciar sua fome. Obviamente, esses alimentos, aos poucos, iam ficando escassos e, por conta disso, esses homens, que viviam em bando, precisaram se deslocar para outros lugares, onde pudessem novamente encontrar alimentos. Devido a essa necessidade de deslocamento, ou seja, por essa característica de viver de um lado para o outro, sem residência fixa, foram chamados de Nômades. E por falar em residência, nossos antepassados, assim como nós, também neces- sitavam de um abrigo para se proteger das chuvas, dos ventos, de animais e de ou- tros perigos que pudessem colocar a sua saúde em risco. Além disso, nesse período, as baixas temperaturas eram predominantes na Terra, e a necessidade do abrigo fez com que as cavernas fossem a melhor escolha, pois ainda não existia habitação. Entretanto, embora as carvernas fossem mais aquecidas do que o meio exter- no, ainda não eram o ideal, pois o clima era muito, muito frio. Certa feita, o homem paleolitico observou que, quando caía um raio em uma árvore, era produzido fogo. Então, ele percebeu que perto do fogo ele se sentia aquecido, e isso causa- va certa sensação de conforto. Para não ficar dependente apenas dos fenômenos da natureza, ele necessitava descobrir outras alternativas e percebeu que, quando esfregava uma mão na outra, também se sentia aquecido, mesmo que por instan- tes. Observou, também, que quando manuseava as pedras para fabricar suas ferra- mentas e batia uma pedra na outra, saía uma luz muito parecida com a produzida pela queda do raio. Assim, depois de um bom tempo desenvolvendo essa lógica, ele percebeu que realmente poderia produzir fogo: ao experimentar friccionar ra- pidamente dois gravetos de madeira um no outro, conseguiu esse feito! 1 NECESSIDADES FISIOLóGICAS: São as necessidades vitais de sobrevivência: alimentação, descanso, proteção contra frio e calor e necessidades sexuais. 2 A.C.: Abreviatura que significa antes de Cristo. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 21 Figura 1 - O homem paleolítico e a descoberta do fogo Fonte: SENAI, 2013. Parece simples, mas isso significou um grande avanço, afinal, com o fogo, o homem do paleolítico conseguiu vencer o frio extremo, garantindo a sua sobre- vivência, assim como pôde espantar os animais selvagens que poderiam atacá-lo, iluminar as cavernas e cozinhar os alimentos que coletava e caçava. Figura 2 - Representação do homem do período Paleolítico Fonte: SENAI, 2013. Observando a Figura 2, é possível notar os três marcos principais desse perío- do: homem paleolítico abrigando-se na caverna, alimentando-se da caça e utili- zando o fogo para aquecer-se e para “cozinhar” seu alimento. PROJETO ARQUITETÔNICO22 b) Período Neolítico (5000 a.C a 3000 a.C) - Conhecido também como Idade da Pedra Polida, vem logo depois do período paleolítico. É quando surgem as primeiras habitações – será o surgimento da Arquitetura? Durante o perí- odo neolítico, o homem percebeu que poderia cultivar plantas e domesticar animais para lhes servirem de fonte “fixa” de alimentos. Assim, com o desen- volvimentoda atividade agrícola e a domesticação dos animais, o homem viu que não precisava mais viver de um lado para outro atrás do alimento de cada dia. Isso foi fator primordial para o surgimento das cidades, que significou “concentração populacional, social e econômica que centraliza atividades comerciais, industriais, culturais, etc.” (AULETE, 2008, p. 217). Com a fixação do homem em um espaço determinado, geralmente próximo a rios, onde as terras eram mais fertéis, caracterizou-se o sedentarismo. Percebeu-se, então, a importância de organizar o território em que se vive. Dessa forma, surgiram inovações tecnológicas que garantiram melhor domínio sobre a natureza e trouxe- ram benefício para a existência do homem, de modo geral, e para o seu cotidiano. Mas pode-se observar que, ao mesmo tempo em que o homem passou a domi- nar as técnicas agrícolas, ele também passou a modificar aquele território, que até então era virgem de qualquer interferência humana, atribuindo-lhe características próprias da intervenção humana e alterando-lhe a paisagem. Em vez de cavernas, agora eles construíam sua própria moradia, com palha e madeira. Assim, surgi- ram as primeiras habitações do ser humano: o espaço começou a ser edificado. Figura 3 - Moradia neolítica Fonte: SENAI, 2013. VOCÊ SABIA? As primeiras cidades surgiram possivelmente na Pales- tina, na margem do rio Jordão; logo após, nas margens dos rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia; e, no Egito, nos vales do rio Nilo. Com a revolução agrícola, os homens puderam produzir alimentos a mais do que sua sobrevivência necessitava, e é provavel que o comércio tenha sur- 3 SUBSISTêNCIA Suficiente à sobrevivência. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 23 gido por causa desse excesso de alimentos. Nesse momento, portanto, a econo- mia deixou de ser de subsistência3 e comecou a funcionar a partir de trocas. Por exemplo: se um agricultor tinha tomates de sobra, ele poderia trocá-los com um pescador por peixes e, dessa forma, diversas outras trocas foram realizadas. Além disso, com a domesticação dos animais, a técnica da tecelagem também foi de- senvolvida. Com isso, passou a ser possível fazer vestimentas de lã, tanto para a troca quanto para manter o corpo aquecido. iDADe DOS MeTAiS – FiNAL DO PeríODO NeOLíTiCO O período da Idade dos Metais corresponde ao final do Período Neolítico e tem duração mais curta em relação aos anteriores. Ficou mais conhecido como Idade dos Metais porque as ferramentas, que antes eram de pedra, foram aprimoradas e substituídas por ferramentas de metal, mais poderosas e eficientes. Esse fato trouxe ainda mais transformações para o período, como a melhoria nas técnicas agrícolas, na caça e na criação de animais, assim como na fabricação de armas mais resistentes. Além do provável surgimento do comércio a partir dos excedentes agrícolas, outro tipo de excedente passou a causar os primeiros conflitos entre os habitan- tes daquele território, afinal, o pedaço de terra passou a significar riqueza, então, cada um queria ser o “dono do pedaço”. Essa disputa foi desencadeando os primeiros conflitos entre os indivíduos: os que venciam se tornavam os senhores de determinada terra. Com o fim do coletivismo primitivo, surgiu então a propriedade privada e, por consequência, a desigualdade social. Com tantas transformações resultando em diversos con- flitos, houve a necessidade de um poder maior, que ditasse as ordens a serem obedecidas pelos indivíduos. Assim, surgiu o Estado, e as aldeias evoluíram para a formação das cidades. Figura 4 - Surgimento da propriedade privada Fonte: SENAI, 2013. PROJETO ARQUITETÔNICO24 Com o surgimento da escrita, aproximadamente 4000 a.C., encerra-se a Pré- -História e inicia a Antiguidade. 2.2 A ANTiGUiDADe A Antiguidade engloba o período que vai de 4000 a.C. a 476 d.C. Como vimos, com a grande evolução ocorrida na Pré-História, naturalmente, a população foi crescendo, e a luta pelo poder ficou cada vez mais acirrada, agora não só entre os homens da mesma terra, mas também entre civilizações de outros territórios, afinal, o homem começou a se aventurar pela conquista de outras terras. Pro- gressivas transformações eram necessárias para a melhoria da forma de viver, como a ligação entre as cidades, o saneamento básico, o abastecimento de água e a construção de novas moradias. A partir dessas necessidades, novas soluções foram surgindo, por exemplo, os novos materiais empregados nas construções, como o barro, que começou a ser utilizado nas edificações das primeiras cidades, localizadas no Oriente Médio e na Ásia Central, assim também como foram sendo desenvolvidas novas técnicas para a construção desses abrigos. Figura 5 - Primeiras cidades Fonte: SENAI, 2013. Com essa disputa por novas terras e, por consequência, a ameaça de invasões, a primeira modalidade da arquitetura a ser desenvolvida foi a militar. Justamente nesse período, surgiram as primeiras cidades sendo protegidas por muralhas. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 25 Figura 6 - Babilon em dois períodos antes de Cristo, a maior cidade do mundo Fonte: SENAI, 2013. Começaram, portanto, a ser construídas as cidades. “A cidade é uma constru- ção no espaço, mas uma construção em grande escala; uma coisa só percebida no decorrer de longos períodos de tempo” (LYNCH, 1980, p. 1). O nascimento de uma cidade, assim como o seu desenvolvimento, depende de fatores econômicos, políticos, sociais e de localizalização geográfica, que po- derá ser mais ou menos favorecida, e esses fatores precisam de tempo para serem definidos e solidificados. Por consequência, a cidade vai evoluindo progressiva- mente, aumentando seu poder econômico e aumentando o número de habitan- tes; o número de construções, por sua vez, também cresce. 2.3 A ANTiGUiDADe CLÁSSiCA A história da arquitetura está intimamente ligada com a história da evo- lução humana, como comprovamos nas páginas anteriores. Vimos que a arqui- tetura surgiu como solução para condições de sobrevivência do ser humano ao longo dos tempos, naturalmente impostas pelo meio ambiente. Dessa forma, a arquitetura esteve presente, primeiramente, como abrigo para proteção contra os animais e fenômenos naturais, também para garantir o conforto ambiental, térmico e acústico para as diversas atividades exercidas pelo ser humano. PROJETO ARQUITETÔNICO26 A arquitetura é expressa de diferentes formas, de acordo com a cultura de cada local, as crenças religiosas e políticas, e também pelas técnicas desenvol- vidas para a construção, aliadas a outros diversos fatores que norteiam o estilo arquitetônico de determinado período e local. ArqUiTeTUrA GreGA Figura 7 - Partenon: templo grego dedicado à deusa Atena, situado na acrópole4 de Atenas Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. A civilização grega nos influenciou tanto que é apontada como fundadora da cultura ocidental. Sua maior influência foi nos padrões estéticos de arte e beleza devido a seu forte senso de proporção, equilíbrio, harmonia e ordem. A arquitetura grega é fortemente representada pelos templos, geralmente construídos no terreno mais vísivel e alto da cidade. Os templos são caracteriza- dos pela composição entre frontão5, colunas e estereobata6. São santuários que abrigam a estátua do deus homenageado. O Partenon, por exemplo, situado na acrópole de Atenas7, tem em seu interior a estátua da deusa Atena, a quem o templo foi dedicado. As colunas definiam o estilo arquitetônico do templo. Como podemos obser- var na figura 8, os três principais eram: a) Estilo jônico: evidencia traços de beleza, elegância e leveza; b) Estilo dórico: representa o rigor, a funcionalidade e a simplicidade das formas; c) Estilo coríntio: é requintado e se caracteriza pela riqueza de detalhes e de ornamentos. Surgiu depois dos dois anteriores, no século V. 4 ACRóPOLE: Local mais alto das cidades, onde eram construídos templos e igrejas. 5 FRONTãO: Elementoarquitetônico triangular localizado no topo da fachada principal do edifício. 6 ESTEREOBATA: Base elevada, constituída geralmente por três degraus. 7 ATENAS: Cidade grega. 8 ADOBE: Segundo Aulete (2008, p. 23), tijolo de argila, cozido ou seco ao sol. 9 CúPULA: Cobertura exterior de edifícios, de forma esférica ou convexa. 10 ABóBODA: Segundo Aulete (2008, p. 5), teto abaulado de certos prédios (teatro, catedral etc.). 11 ETRUSCOS: Povos que viviam na região da Península Itálica, compreendendo hoje o que conhecemos como a região da Toscana. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 27 Em relação aos materiais construtivos, primeiramente, a arquitetura grega adotou como material o adobe8, usado para construir paredes, e a madeira, utili- zada para as colunas. Porém, aos poucos, esses materiais foram sendo substituí- dos por pedras, geralmente mármore branco, o que trouxe maior monumentali- dade às construções gregas. Figura 8 - Colunas gregas em estilos dórico, jônico, coríntio Fonte: SENAI, 2013. ArqUiTeTUrA rOMANA A partir do século II a.C., a arte romana foi sendo desenvolvida, ainda quando Roma dominava o Mediterrâneo e visava alcançar outras terras na Europa e na Ásia. Na arquitetura Romana, vemos o uso do arco, das cúpulas9, das abóbodas10 cilíndricas e de arestas, com ornamentos detalhados e rebuscasdos que retratam o grande valor dado à estética das construções e de suas fachadas. Afirma-se, no entanto, que o estilo Romano é, na verdade, a soma dos estilos gregos e etruscos11. Porém, a arquitetura e arte romana foram utilizadas como forma de demonstrar todo o poder do Império Romano. Isso aconteceu em pra- ticamente todas as cidades do império, que foram urbanizadas pomposamente e receberam construções como aquedutos12, teatros, termas13, templos, estátuas, arcos de triunfo, palácios e diversas outras edificações que trouxeram beleza e suntuosidade às cidades romanas. O Coliseu, por exemplo, maior símbolo do Império Romano, é um suntuoso anfiteatro construído entre 70 e 90 d.C. no centro de Roma. Ao longo do tempo, assumiu diversas funções, de habitação a oficina. Porém, atualmente, está sendo preservado como uma das maiores atrações turísticas de Roma e foi eleito uma das sete maravilhas do mundo. PROJETO ARQUITETÔNICO28 Figura 9 - Coliseu Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. VOCÊ SABIA? O termo Arquitetura Clássica remete-se à Arquitetu- ra Grega e a toda aquela que por ela foi influenciada, como a Arquitetura Romana. 2.4 A iDADe MéDiA Data do final da Antiguidade: de 476 d.C a 1453d.C. Seu marco inicial é dado pela queda do Império Romano do Ocidente, e seu término, pela tomada de Constantinopla pelos turcos. Dividide-se em Alta Idade Média (séculos V a X) e Baixa Idade Média (séculos VIII e XIII): situa-se temporalmente entre a Antigui- dade Clássica e a Renascença14. Um dado importante a ser lembrado é o enorme poder da Igreja Católica durante a Idade Média. A consequência disso é a maior manisfestação artística da arquitetura religiosa, que se refletiu em diversas cons- truções de igrejas, mosteiros e templos. Dentro desse contexto, surgem dois esti- los arquitetônicos: o estilo Românico e o estilo Gótico. a) Estilo Românico: Surgiu na Itália e na Europa ocidental e teve força do século IX ao XII. Podemos facilmente reconhecê-lo por apresentar, em edi- ficações religiosas, uma arquitetura rígida, pesada, e por utilizar paredes maciças, pilares espessos, poucas e pequenas aberturas como vestígios da insegurança causada pelas guerras e invasões. 12 AQUEDUTOS: Segundo Aulete (2008, p. 78), canal artificial utilizado para a condução de água. 13 TERMAS: Estabelecimento destinado a banhos públicos. 14 RENASCENçA: Movimento artístico, científico e filosófico que, entre os séculos XIV e XVI, pregava o retorno aos ideais da Antiguidade greco- romana, especialmente a valorização do ser humano e de suas capacidades. 15 ARCOS OGIVAIS: Segundo Aulete (2008, p. 717), arco típico do gótico, em duas curvas que se cruzam em ângulo agudo. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 29 Figura 10 - Basilique Saint-Sernin – Toulouse, França Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. b) Estilo Gótico: Surgiu em sequência ao Estilo Românico, no século XII, pro- longando-se até o século XVI, através da construção de grandes catedrais e também de edifícios públicos, como os palácios. A arquitetura começa a ad- quirir estruturas mais leves, de maior altura, com a presença de ornamentos, vitrais e arcos ogivais15 – principal característica do estilo gótico. Apresenta fachadas ricamente esculpidas e minimamente detalhadas. Esse estilo pre- dominou na França, Alemanha e Inglaterra. PROJETO ARQUITETÔNICO30 Figura 11 - Catedral de Notre Dame Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. 2.5 A iDADe MODerNA A Idade Moderna contempla do século XV ao XVII: inicia-se em 1453 e se esten- dende até 1789, ano da Revolução Francesa. Nesse período, marcado por impor- tantes passagens históricas, instala-se uma nova ordem política e social: acaba o feudalismo16 e surge o capitalismo, sistema econômico e social que nos acompa- nha até hoje. Assim, consolida-se a Revolução Comercial, que avança sobre diver- sas terras, de americanas a africanas. É um período de grandes mudanças e avanços, de progressos e desenvolvi- mento, o que se reflete na mudança do pensamento da sociedade, que antes era regido pelo universo católico-feudal e passou a ser reforçado pelo pensamento racionalista burguês. Todas essas transformações históricas originaram o movi- mento conhecido como Renascimento Cultural: “primeiro grande movimento cultural burguês dos tempos modernos, o Renascimento foi a eclosão de mani- festações artísticas, filosóficas e científicas do novo mundo urbano e burguês” (VICENTINO, 1997, p. 185). 16 FEUDALISMO: Segundo Aulete (2008, p. 479), sistema político, econômico e social que vigorou na Europa durante a Idade Média e que se baseava na propriedade da terra, cedida pelo senhor feudal ao vassalo em regime de servidão. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 31 2.6 A ArqUiTeTUrA NO BrASiL Arquitetura no período colonial (1530 a 1830). A partir de 1530, quando o Brasil é descoberto pelos europeus, houve o confrontamento entre a cultura índigena e a cultura europeia, afinal, os índios até então eram os donos da terra e tinham seu próprio modo de viver. Ao que tudo indica, viviam em harmonia, sem que ninguém lhes julgasse se estavam certos ou errados em seu modo de comer, rezar e morar. Porém, com a chegada dos portugueses, que vieram com o intuito de dominar e colonizar outras terras, em busca de riquezas, seu modo de viver foi imposto e, por consequência, a sua arquitetura, alterando a identidade local. As- sim, começam a surgir as primeiras vilas no Brasil, em detrimento à arquitetura indígena aqui instalada, afinal, os colonizadores trouxeram consigo as correntes estílisticas arquitetônicas da Europa. Os europeus chegavam ao Brasil pelo litoral, por isso, as primeiras aglomerações, que podemos chamar de cidades, situavam- se próximas ao litoral. Figura 12 - Arquitetura colonial: casas térreas Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. Figura 13 - Arquitetura Colonial: sobrados Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. PROJETO ARQUITETÔNICO32 Nesse período colonial, as casas podiam ser divididas em sobrados (casa de dois pavimentos, símbolo de riqueza, em que o terréo era usado comercialmente, e o pavimento superior, como moradia) e casas térreas (tipicamente residenciais, mais simples que os sobrados). Diferenciavam-se também pelo chão de assoalho e pelo chão de terra batida, respectivamente. As casas mais simples eram feitas de pau a pique, também conhecido como taipa17, e em sua cobertura se utilizavam telhas de barro. Eram construídas no alinhamento das vias públicas, sem recuos laterais: as casas eram estreitas, compri- das e coladas umas nas outras, sempre aobedecer a topografia da região onde es- tavam implantadas. As ruas também eram estreitas, afinal, não era pensada para a circulação de carros. Assim era determinado o traçado urbano no período colonial. Já entre 1800 e 1850, surgiu uma nova tipologia de casas, as casas de porão alto. Eram edificações elevadas do solo a mais ou menos meio pé-direito. O objeti- vo desse porão é o de proteger a casa da umidade, que trazia graves problemas às habitações, além de proteger a intimidade de seus habitantes no pavimento térreo. Quanto às fachadas das edificações, eram determinadas pelas cartas régias18; já a organização interna era de livre vontade de seus donos. Figura 14 - Casa de porão alto Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. 17 TAIPA: Barro armado com madeira ou bambu. 18 CARTAS RÉGIAS: Carta da autoria de um rei, contendo determinações dirigidas às autoridades responsáveis por aplicáa-las. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 33 A partir de 1830, com a vinda de imigrantes de vários países europeus para o Brasil e a decadência do trabalho escravo, o trabalho começou a ser remunera- do. Por consequência disso, as técnicas construtivas foram aprimoradas, o que levou à mudança no arranjo espacial interno das casas, melhorando questões de ventilação e iluminação dos cômodos. Outras mudanças também puderam ser verificadas na implantação, no uso e dimensão dos lotes: surgiram pequenos jar- dins na frente das casas, modificando as fachadas das casas e interferindo positi- vamente no cenário das cidades. O BArrOCO NO BrASiL: FiM DO SéCULO XVi e MeADOS DO SéCULO XViii Trazido pelos colonizadores portugueses, podemos dizer que o Barroco rejei- ta alguns valores do Renascimento, como a simetria e a rigidez artística, e marca com beleza, livre de qualquer regra, através de jogos de luz e sombra a arquite- tura religiosa no Brasil. O Barroco é desenvolvido exclusivamente nas Igrejas es- palhadas pelo país. Seus ornamentos são ricos, esculpidos em pedra-sabão, barro cozido e cedro; as curvas no interior das Igrejas são exuberantes, assim como em suas fachadas e em seus frontões. Dessa forma, o Barroco expressa emocional- mente a religiosidade católica e lhe confere caráter monumental. A principal e mais rica vertente do Barroco, originária da França, chama-se Ro- cocó e aparece em Minas Gerais. Trata-se do barroco em seu estilo ainda mais rebuscado, elaborado de modo a reproduzir formas como conchas e folhagens. Nessa época, a igreja foi responsável pelo maior apoio ao desenvolvimento da arte colonial, revelando artistas de destaque como o mineiro Aleijadinho. Figura 15 - Igreja de São Francisco, Salvador, BA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. PROJETO ARQUITETÔNICO34 ArqUiTeTUrA NeOCLÁSSiCA: SéCULO XiX A arquitetura neoclássica, em suas características estéticas, contrapõe-se ao Barroco, afinal, agora, a maior influência é a arquitetura clássica (arquitetura gre- ga e romana, que vimos no ínicio deste capítulo). As características que prevale- cem na arquitetura neoclássica são a busca pela harmonia, simetria, simplicidade, proporção entre as partes da edificação e o rigor formal dos poucos ornamentos, obedecendo sempre a uma composição geométrica. A arquitetura neoclássica também é marcada pela forte presença de colunas, cornijas19 e platibandas20. Figura 16 - Palácio Rio Negro, Manaus, AM. Exemplo da Arquitetura Neoclássica no Brasil Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. ArqUiTeTUrA MODerNiSTA: O MOViMeNTO MODerNO (1930 A 1960) A revolução industrial trouxe diversas mudanças nos mais variados campos da nossa vida e modificou a cultura em todos os âmbitos. O modo de produção passou de artesanal a industrial e impulsionou os estudos técnicos para que fossem desen- volvidos métodos que tornassem o universo da industrialização ainda mais eficien- te, qualificando a mão de obra e levando a avanços tecnológicos. Essas transfor- mações impulsionaram também a imigração rural, do campo para a cidade. Então, para atender a essa nova demanda populacional e garantir moradia a esses novos habitantes, a cidade precisou também aumentar o seu número de edificações, e isso obviamente mudou a cara da paisagem urbana nas principais cidades do Brasil. Levando-se em conta ainda as interferências na paisagem urbana, vamos cha- mar atenção para as ferrovias, que, a partir da segunda metade do século XIX, pro- porcionaram diversas mudanças ao longo de seu caminho. As estradas de ferro 19 CORNIJA: Moldura sobreposta que arremata o alto de paredes, portas etc. (AULETE, 2008, p. 273). 20 PLATIBANDA: Segundo Aulete (2008, p. 780), mureta de alvenaria construída no alto das paredes externas de uma edificação. 21 ECLETISMO: Segundo Aulete (2008, p. 378), reunião de diferentes correntes de pensamento, arte etc. 22 EQUIPAMENTOS URBANOS: Segundo a NBR 9284, todos os bens públicos e privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados. São exemplos de equipamento urbano: ginásio de esportes, clubes, escolas, praças, parques, auditórios, estacionamentos. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 35 surgiram a partir do investimento do Governo Federal e através do investimento Inglês em nossas terras, afinal, a Inglaterra, nesse período, era abundante em fer- ro. Isso facilitou a construção das nossas ferrovias, pensadas para o transporte da produção agrícola e de minério das zonas rurais para os crescentes centros urbanos. Além disso, o trem foi o principal meio de transporte até 1939, início da Segunda Guerra Mundial. Figura 17 - Estrada de ferro da Grota Funda. Fotografia de Marc Ferrez C. (1880) Fonte: SENAI, 2013. A partir desse panorama de desenvolvimento técnico do processo construtivo das edificações nessa então recente sociedade industrial, a variedade de mate- riais construtivos (da estrutura aos materiais de acabamento) trouxe mudanças à paisagem urbana das cidades. Com o desenrolar técnico, os projetistas dessa época deslumbraram-se e começaram a reproduzir os estilos arquitetônicos que mais chamaram a atenção em outras épocas nos países europeus. Esse fato expli- ca o grande ecletismo21 que vemos em nossas cidades brasileiras até hoje. Ao longo dos anos, para atender a demanda do crescimento populacional, hou- ve a necessidade de um número maior de moradias e equipamentos urbanos22. As cidades, que antes se desenvolviam horizontalmente, entraram em processo de verticalização, ou seja, onde antes predominavam as residências térreas ou de até dois andares, passou a haver edifícios de vários andares. Dentro desse contexto, é válido chamar a atenção para o triste fato que vemos acontecer hoje em grandes cidades: casarões antigos, símbolos históricos que retratam tempos passados de grande valor arquitetônico estão sendo demolidos para dar lugar a prédios de múl- tiplos andares, e isso acarreta perda da identidade da cidade. PROJETO ARQUITETÔNICO36 Figura 18 - Av. Paulista em 1920 Fonte: ULTRADOWNLOADS, 2013. Figura 19 - Processo de verticalização das cidades: Av Paulista em 2008 Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. A partir do crescimento das cidades, surgiram também os sistemas de abas- tecimento de água, a rede elétrica e a rede de esgoto, proporcionando melhor qualidade de vida às pessoas. Isso determinou a evolução das habitações como conhecemos nos dias atuais. 23 PILOTIS: Elemento estrutural (pilar) utilizado principalmente na arquitetura moderna. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 37 Segundo o Estatuto da Cidade, em 50 anos, nos transformamos de um país rural em um país eminentemente urbano, onde 82% da população moram em cidades. SAIBA MAIS O Estatuto da Cidade é uma lei federal que estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da pro- priedade urbana em prol do bem coletivo, da segurançae do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. Dentro desse contexto de evolução urbana, aparece a arquitetura moderna, que reflete o período de desenvolvimento e inovação tecnológica iniciado no fim do século XIX. Nesse período, houve mudanças também nas técnicas e materiais construtivos. Por exemplo, a utilização do aço e do concreto armado nas constru- ções logicamente interferiu na expressão arquitetônica, que agora adotou a uti- lização de formas geométricas e puras, em que a função ganha mais importância do que a forma ou qualquer ornamentação – o que se preza é o racionalismo. Figura 20 - Arquitetura Moderna: representação da casa de vidro projetada por Lina Bo Bardi Fonte: SENAI, 2013. Os arranha-céus surgiram nessa época em função desses novos materiais cons- trutivos. Algumas características da arquitetura moderna que podemos apontar são: a) Uso de Pilotis23 para estruturar as edificações, supendendo-as e deixando o pavimento térreo livre, integrado ao entorno; b) Panos de vidro nas fachadas; c) Falta de ornamento; PROJETO ARQUITETÔNICO38 d) Paredes internas e externas na cor branca; e) Terraço-jardim: aproveitamento da última laje da edificação como um espa- ço de convivência e lazer. SAIBA MAIS Grandes arquitetos destacaram-se nesta época, por exemplo: Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Mies van der Rohe, Frank Lloyd Wright e o mentor da arquitetura modernista, Le Corbusier. Vale a pena pesquisar sobre eles! Vocês notaram alguma semelhança com a arquitetura que vemos hoje em dia? Sim? Pois é, a arquitetura moderna perdura até hoje, mesclada à arquitetura contemporânea! 2.7 A ArqUiTeTUrA CONTeMPOrÂNeA - SéCULO XX Ao falarmos da arquitetura contemporânea, estamos falando da arquitetura desenvolvida nos dias atuais, fruto de novos parâmetros arquitetônicos, sociais, políticos e econômicos. Seguindo a linha do pós-modernismo, a arquitetura con- temporânea rompe com algumas das características determinadas pela arqui- tetura moderna (sem negar, obviamente, sua importância). O que caracteriza a arquitetura contemporânea é a utilização de formas assimétricas, o uso da tecno- logia para promover a automação dos edifícios, a utilização de novos materiais (como o aço, o concreto e o vidro) para feitos estruturais e estéticos e os novos processos construtivos. Figura 21 - Tate Modern, Bankside em Londres, Inglaterra Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 39 A cidade é, em sua essência, a composição da paisagem urbana, cuja superfí- cie é ocupada pelos mais diversos elementos: edificações, árvores, resíduos, pe- dras, água etc. A cidade é um organismo dinâmico, que tem em seu traçado o desenho necessário para atender ao fluxo das mais variadas “peças” que a com- põem (pessoas, veículos, mercadorias), e cuja infraestrutura pretende estabelecer o pleno desenvolvimento desses componentes, que estão, a todo o momento, relacionando-se. A evolução urbana é uma tendência natural das cidades, que estão a todo o momento sofrendo mudanças para atender a um número maior de pessoas e, consequentemente, a um maior número de veículos, habitações, equipamentos urbanos etc. Isso resulta também no aumento de problemas como violência, po- breza, redução da qualidade ambiental, degradação dos recursos naturais, con- flitos urbanos, enfim, questões de ordem social, ambiental, econômica e cultural. Figura 22 - Evolução urbana Fonte: SENAI, 2013. Como podemos concluir, as cidades são sistemas complexos, onde variados componentes devem “funcionar” perfeitamente, reduzindo ao máximo o núme- ro de conflitos urbanos e socioambientais. Isso significa que devem fazer parte do planejamento da cidade ações que contemplem o saudável desenvolvimento econômico, social e político, que tragam qualidade de vida aos seus habitantes e obedeçam as normas e regulamentações urbanas e ambientais. FIQUE ALERTA A qualidade de vida nas cidades é responsabilidade não só do governo, mas também dos seus habitantes, que têm direitos a serem respeitados e deveres a serem cumpridos. Pequenos atos, como a separação do lixo, jogar o lixo no lixo, evitar o despedício de água, entre outros, ajudam a preservar o meio ambiente para a geração presente e as futuras! PROJETO ARQUITETÔNICO40 reSPONSABiLiDADeS Seria inaceitável pensar em novas formas de construir e em novos materiais construtivos sem pensar nos recursos do planeta Terra que consumimos como matéria-prima. Sabe-se que no século XX o homem explorou demasiadamente os recursos naturais do planeta, devastando suas riquezas de maneira irresponsável, sem a preoucupação de deixar para as futuras gerações condições possíveis para se viver saudavelmente. Agora, tenta-se reduzir esses malefícios através de políti- cas ambientais. A partir desse próposito, dentro do nosso universo da construção civil, começaram a surgir vertentes como a arquitetura sustentável, sobre a qual conheceremos um pouco mais no capítulo 5. Figura 23 - Exemplo de arquitetura sustentável: escritório de arquitetura Tryptique Fonte: FAMINTO, 2013. CASOS e reLATOS Benjamim Benjamim, técnico em edificações, sempre se interessou pelo universo da construção civil e, durante uma das disciplinas de seu curso, projeto Arquitetônico, sua professora Marta introduziu a matéria falando sobre a história da arquitetura e os estilos arquitetônicos, o que lhe despertou bastante curiosidade e interesse! Benjamim começou então a pesquisar esse assunto em livros especializados, na internet e onde pudesse encon- trar informações. Alguns de seus colegas o criticavam: 2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades 41 – Para que eu vou querer saber sobre a história da arquitetura? Você está perdendo tempo, rapaz! Benjamim, já conhecedor do assunto e sabendo da importância do co- nhecimento para sua carreira, respondeu: – Você sabia que muito do que a gente aprende aqui no curso para se executar uma obra, sobre as técnicas construtivas, sobre os materiais construtivos e diversos outros assuntos relativos tiveram seu início há muitos e muitos anos? E que todo esse desenvolvimento que temos hoje é a evolução das técnicas desenvolvidas em construções passadas? Você sabe o valor do legado que as gerações passadas nos deixaram? Por exemplo, você sabe quem inventou o arco? Qual é a técnica utilizada para construí-lo? E sobre a arquitetura colonial, quais foram os materiais utili- zados naquela época? Benjamim não precisou falar mais nada, pois sua resposta foi tão boa que causou interesse de outros alunos em pesquisar mais sobre o assunto! reCAPiTULANDO Neste capítulo, falamos sobre a História da arquitetura e sobre fatos que marcaram a história mundial e seu reflexo na arquitetura, em seus estilos arquitetônicos, forma, função, materiais construtivos e técnicas constru- tivas e como as cidades chegaram à sua configuração atual diante da ex- cedente demanda populacional. Pudemos observar também que fatores políticos, econômicos e sociais estão intimamente ligados ao desenvolvi- mento urbano de uma cidade e de sua sociedade. E nós, na condição de habitantes dessas cidades, como nos encontramos nesse contexo? Que qualidade de vida a cidade em que moramos nos ofe- rece? Para assegurar o uso condizente à plena dignidade humana, para priorizar o interesse coletivo sobre o individual, assegurar condições sau- davéis de moradia e outros tantos princípios, existem leis, códigos e nor- mas dedicados a essa causa. É o que estudaremos no próximo capítulo! 3 Normas e legislações aplicáveis Vamos analisar como acontece o processo construtivo dentro das normas e legislações? Primeiro, têm-se a ideia do projeto, depois, vem a concepção propriamente dita, quando acontece a representação do projeto. Para que ele seja realmente construído, é necessário uma série de aprovações, que vão do âmbito municipal ao federal. Figura 24 - Normas Fonte: SHUTTERSTOCK,2013. Desde o início, já na representação gráfica do projeto, há normas que regem essa ativida- de, as chamadas Normas Brasileiras, aprovadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Existem centenas de normas que contemplam o universo da construção civil, e para que o projeto possa ser aprovado para ser executado, devemos obedecer diversas outras di- retrizes ditadas pelas regulamentações estabelecidas para esse propósito. Você deve estar se perguntando que regulamentações são essas. É o que veremos agora! PROJETO ARQUITETÔNICO44 3.1 reGULAMeNTAÇÕeS 3.1.1 Normas técNicas de represeNtação para deseNho técNico de edificações Essas normas abrangem o momento de representação do projeto arquitetôni- co, incluindo-o dentro da linguagem padrão do Desenho Técnico de Edificações. Pois bem, você pode estar se perguntando: Mas para que mesmo servem to- das essas regulamentações? Vejamos isso na prática. Supomos que você, técnico de edificações, esteja representando uma casa de dois pavimentos. Como você representará graficamente os seus elementos cons- trutivos? Com base em quê? E como o próximo profissional que trabalhará tendo como base aquele desenho fará para adivinhar o que cada simbologia quer dizer? Para resolver esses problemas, existem as normas técnicas, que padronizam a re- presentação gráfica dos elementos para que seja constituída uma linguagem de comum entendimento. Figura 25 - Plantas: representação gráfica Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013. A Associação Brasileira de Normas Técnicas, fundada em 1940, é o órgão res- ponsável pela normalização técnica do Brasil. Insere-se também na linguagem uni- versal, já que a ABNT segue normas de importantes entidades internacionais, como International Organization for Standardization (ISO), International Eletrotechnical Co- mission (IEC) e de entidades de normalização regional: Comissão Panamericana de Normas Técnicas (COPANT) e Associação Mercosul de Normalização (AMN). 3 normas e legislações aplicáveis 45 Figura 26 - Normas: ABNT Fonte: SENAI, 2013. Vamos lembrar que essas Normas ditam não só como se deve representar grafi- camente um projeto, mas também como será apresentado esse projeto. Por exem- plo: NBR 10068/1987 – Folha de desenho – Leiaute e dimensões – tem objetivo de padronizar “as características dimensionais das folhas em branco e pré-impressas a serem aplicadas em todos os desenhos técnicos”; NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico – tem objetivo de fixar “as condições exigíveis para a localização e disposição do espaço para desenho, espaço para texto e espaço para legenda, e respectivos conteúdos, nas folhas de desenhos técnicos.” VOCÊ SABIA? Normalização e normatização têm significados diferen- tes. Normalizar é regularizar, e normatizar é criar normas! 3.1.2 estatuto das cidades “Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade PROJETO ARQUITETÔNICO46 urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.” (CARTILHA DO ESTATUTO DA CIDADE). PAVIMENTAÇÃO SAÚDE HABITAÇÃO SEGURANÇA CULTURA Figura 27 - Estatuto da cidade Fonte: SENAI, 2013. O Estatuto da Cidade é a Lei Federal 10.257/2001, que estabelece parâme- tros e diretrizes de política e gestão urbana no Brasil. Seu principal objetivo é garantir o pleno desenvolvimento da cidade, prezando pela qualidade de vida dos seus habitantes. A aplicação dessa lei é de responsabilidade do Município, que deve garantir que os habitantes da cidade, como um todo, tenham seus direitos respeitados quanto a condições dignas de moradia e possam usufruir de todos os bens que a estrutura urbana pode oferecer. Outro ponto bastante importante é que, a partir da implantação do Estatuto, foi possível regularizar extensas áreas ocupadas por favelas e invasões, transformando-as em áreas formais, com direitos e deveres como qualquer outra área da cidade. Com o constante e desordenado crescimento das cidades, tornou-se impres- cindível a formulação de um instrumento que regulamenta, ordena e controla o uso do solo das cidades, favorecendo a aplicação da política urbana, fato que explica o surgimento do Estatuto da Cidade. Mas o que é a política urbana? “A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público muni- cipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.” (CARTILHA DO ESTATUTO DA CIDADE, p. 45) O Município formulará a Política Urbana, e essas diretrizes serão cumpridas atra- vés do Plano Diretor. Dessa forma, o estatuto e o Plano Diretor visam a estabelecer diretrizes que tornem possível uma cidade democrática, justa, agradável, organiza- 3 normas e legislações aplicáveis 47 da, limpa, onde todos os seus habitantes sintam-se bem ao transitar por ela. Além disso, o Plano Diretor e o estatuo visam a fazer cumprir diretrizes para que haja se- gurança, acesso a saúde, a moradia e a educação de qualidade, acesso a transporte público, a lazer e que a cidade possa desenvolver-se dentro da linha da sustentabi- lidade em todos os âmbitos, seja econômico, social, ambiental, político, garantindo as devidas condições de qualidade de vida também para as próximas gerações. Mas, afinal, o que é o Plano Diretor? “A Constituição Federal determina que o instrumento básico da política de de- senvolvimento e expansão urbana é o Plano Diretor.” (ESTATUTO DA CIDADE, p. 18) 3.1.3 plaNo diretor de deseNvolvimeNto urbaNo (pddu) O Plano Diretor é uma lei municipal e deverá ser o principal instrumento da política urbana, atuando através de diretrizes que ordenam o desenvolvi- mento urbano. A palavra-chave do Plano Diretor é planejamento. E planejamento significa elaborar um plano de ação para alcançar o que se quer obter. E em relação ao nosso Plano Diretor, que está aliado ao Estatuto da Cidade, esse ato de planejar é direcionado para qual objetivo? Pois é, esse plano de ação tem como meta o desenvolvimento de ações inte- gradas que garantam o principal objetivo ditado pelo Estatuto da Cidade, o bem- -estar social. Durante a concepção do Plano Diretor, são feitas audiências públicas para que a população possa participar expondo as suas reivindicações. SAÚDE CULTURA EDUCAÇÃO HABITAÇÃO TRANSPORTE LAZER Figura 28 - Plano Diretor Fonte: SENAI, 2013. PROJETO ARQUITETÔNICO48 Mas como é elaborado o Plano Diretor? Esse planejamento geralmente é feito da seguinte forma: a área da cidade é dividida em zonas, ou seja, faz-se o zoneamento, onde serão implantadas ações de intervenção de acordo com o seu perfil. Zona de Uso Especial (ZUE) – zonas destinadas a complexos urbanos voltados a funções administra- tivas, educacionais, de transportes e de serviços de alta tecnologia. Zona de Exploração Mineral (ZEM) – zona destinada ao desenvolvimento de atividades de extração mineral e beneficiamento de minérios. Zonas Especiais (ZE) – zonas que requerem a definição de critérios e restrições específicos para o ordenamento e controle do uso e ocupação do solo em razão de sua configuração socioespacial e urbanística. Compreendem duas subcategorias: Zonas Especiais Interesse Social (ZEIS) e Zonas Sob Regime Urbanístico Especial (ZRE). Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) – zonas destinadas à implementação de programas de regularização urbanística, fundiária e a produção, manutenção ou qualificação de Habitação de Interesse Social (HIS). Zonas Industriais (ZIN) – zonas destinadas ao uso predominantemente industrial, sendo admitidos usos comerciais e de serviços compatíveis com a finalidade da zona. Zonas Predominantemente Residenciais (ZPR) – zonas destinadas preferencialmente aos usos uniresidenciais e multiresidenciais, admitindo-se outros usos, desde que compatíveis com os usos predominantes, atendidos os critérios e restrições
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