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Inflamação Crônica
A inflamação crônica é a inflamação de duração prolongada (semanas ou meses) em que a inflamação, a
lesão tecidual e as tentativas de reparo coexistem em variadas combinações. Ela sucede a inflamação
aguda, conforme descrito anteriormente, ou pode se iniciar insidiosamente, como uma resposta de baixo grau e
latente, sem nenhuma manifestação prévia de uma reação aguda.
Causas da Inflamação Crônica
A inflamação crônica surge nas seguintes situações:
• Infecções persistentes por microrganismos que são difíceis de eliminar, tais como micobactérias e certos vírus,
fungos e parasitas. Esses organismos frequentemente estimulam uma reação imunológica chamada de
hipersensibilidade do tipo tardia (Cap. 6). Algumas vezes, a resposta inflamatória tem um padrão específico
chamado de reação granulomatosa (ver adiante). Em outros casos, uma inflamação aguda não resolvida pode
progredir para uma inflamação crônica, como ocorre na infecção bacteriana aguda pulmonar, que evolui para
um abscesso crônico.
• Doenças de hipersensibilidade. A inflamação crônica desempenha papel relevante no grupo de doenças que
são causadas pela ativação excessiva ou inapropriada do sistema imunológico. Sob certas circunstâncias, as
reações imunológicas se desenvolvem contra os tecidos do próprio indivíduo, levando às doenças autoimunes
(Cap. 6). Nessas doenças, os autoantígenos estimulam uma reação imunológica autoperpetuante que resulta
em dano tecidual crônico e inflamação; exemplos de tais doenças são artrite reumatoide e esclerose múltipla.
Em outros casos, a inflamação crônica é o resultado de respostas imunológicas não reguladas contra
microrganismos, como na doença intestinal inflamatória. As respostas imunológicas contra substâncias
ambientais comuns são a causa das doenças alérgicas, tais como asma brônquica (Cap. 6). Devido ao fato de as
reações autoimunes e alérgicas serem inapropriadamente deflagradas contra os antígenos que normalmente
são inofensivos, estas não atendem a propósitos úteis e causam somente doença. Tais doenças podem mostrar
padrões morfológicos de inflamação aguda e crônica misturados porque são caracterizadas por episódios
repetidos de inflamação. A fibrose pode dominar os estádios tardios.
• Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, tanto exógenos quanto endógenos. Um
exemplo de agente exógeno é a partícula de sílica, um material inanimado não degradável que, quando
inalado por períodos prolongados, resulta em uma doença inflamatória pulmonar chamada silicose (Cap. 15).
A aterosclerose (Cap. 11) é um processo inflamatório crônico da parede arterial induzido, pelo menos em parte,
pela excessiva produção e deposição tecidual de colesterol endógeno e outros lipídios.
• Algumas formas de inflamação crônica podem ser importantes na patogênese das doenças que não são
convencionalmente consideradas distúrbios inflamatórios. Incluem doenças neurodegenerativas como a doença
de Alzheimer, a síndrome metabólica e o diabetes do tipo 2, além de certas neoplasias em que as reações
inflamatórias promovem o desenvolvimento de tumores. O papel da inflamação nessas condições é discutido
nos capítulos relevantes.
Características Morfológicas
Ao contrário da inflamação aguda, que é marcada por alterações vasculares, edema e infiltração
predominantemente neutrofílica, a inflamação crônica é caracterizada por:
• Infiltração com células mononucleares, que incluem macrófagos, linfócitos e plasmócitos (Fig. 3-18).
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FIGURA 3-18 A, Inflamação crônica no pulmão, mostrando todas as três alterações
histológicas características: (1) coleção de células inflamatórias crônicas (*), (2) destruição do
parênquima (os alvéolos normais são substituídos por espaços revestidos pelos epitélios
cuboides, cabeças de seta), e (3) substituição por tecido conjuntivo (fibrose, setas). B, Em
contraste, na inflamação aguda do pulmão (broncopneumonia aguda), os neutrófilos
preenchem os espaços alveolares, e os vasos sanguíneos são congestos.
• Destruição tecidual, induzida pelo agente agressor persistente ou pelas células inflamatórias.
• Tentativas de reparo pela substituição do tecido danificado por tecido conjuntivo, realizadas pela proliferação
de pequenos vasos sanguíneos (angiogênese) e, em particular, fibrose.
Como a angiogênese e a fibrose também fazem parte da cura das feridas, serão discutidas mais adiante, no
contexto do reparo tecidual.
Células e Mediadores da Inflamação Crônica
A combinação de infiltração leucocitária, dano tecidual e fibrose, que caracteriza a inflamação crônica, resulta da
ativação local de vários tipos celulares e da produção de mediadores.
Função dos Macrófagos
As células dominantes na maioria das reações inflamatórias crônicas são os macrófagos, que
contribuem com a reação ao secretar citocinas e fatores de crescimento que agem em várias células,
destruindo invasores estranhos e tecidos, bem como ativando outras células, em especial os linfócitos
T. Os macrófagos são fagócitos profissionais que agem como filtros para partículas, microrganismos e células
senescentes. Eles também funcionam como células efetoras que eliminam microrganismos nas respostas
imunológicas e humorais celulares (Cap. 6). Mas também desempenham muitos outros papéis na inflamação e
no reparo. Aqui, revisamos a biologia básica dos macrófagos, incluindo seu desenvolvimento e respostas
funcionais.
Os macrófagos são células teciduais derivadas de células-tronco hematopoiéticas na medula óssea,
bem como de células progenitoras no saco vitelino embrionário e no fígado do feto durante o
desenvolvimento inicial (Fig. 3-19). As células circulantes dessa linhagem são conhecidas como monócitos. Os
macrófagos estão normalmente espalhados de maneira difusa na maioria dos tecidos conjuntivos. Além disso, são
encontrados em locais específicos, em órgãos como fígado (onde são chamados de células de Kupffer), baço e
linfonodos (chamados de histiócitos sinusais), sistema nervoso central (micróglias) e pulmões (macrófagos
alveolares). Juntas, essas células compõem o sistema fagocitário mononuclear, também conhecido pelo nome mais
antigo (e incorreto) de sistema reticuloendotelial.
FIGURA 3-19 Maturação de fagócitos mononucleares. A, No estado inativo, alguns
macrófagos teciduais, incluindo micróglias e macrófagos alveolares, podem derivar de
precursores embrionários e povoar os tecidos. O desenvolvimento de macrófagos a partir de
precursores hematopoiéticos e monócitos pode ser mais proeminente quando os macrófagos
teciduais precisam ser aumentados ou repostos, como, por exemplo, após a lesão e durante a
inflamação. B, Morfologia de um monócito e de um macrófago ativado.
Progenitores comprometidos na medula óssea dão origem aos monócitos, que entram no sangue, migram para
o interior de vários tecidos e se diferenciam em macrófagos. Isso é típico para os macrófagos nos locais de
inflamação e em alguns tecidos como pele e trato intestinal. A meia-vida dos monócitos sanguíneos é de cerca de
1 dia, enquanto a vida dos macrófagos teciduais é de vários meses ou anos. A maioria dos macrófagos residentes
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nos tecidos, como micróglias, células de Kupffer, macrófagos alveolares, macrófagos esplênicos e ainda os dos
tecidos conjuntivos, pode surgir do saco vitelino ou do fígado dos fetos, bem no início da embriogênese, ocupando
os tecidos e permanecendo inativos por longos períodos, sendo repostos principalmente pela proliferação das
células residentes. Conforme já discutido, nas reações inflamatórias, os monócitos começam a migrar para dentro
dos tecidos extravasculares de forma bem rápida e, no intervalo de 48 horas, podem constituir o tipo celular
predominante. O extravasamento dosmonócitos é regido pelos mesmos fatores envolvidos na emigração dos
neutrófilos; ou seja, as moléculas de adesão e os mediadores químicos com propriedades quimiotáticas e de
ativação.
Há duas vias principais de ativação dos macrófagos, chamadas de clássica e alternativa (Fig. 3-20). Os
estímulos que ativam os macrófagos por essas vias e as funções das células ativadas são bem diferentes.
FIGURA 3-20 Ativação clássica e alternativa de macrófagos. Diferentes estímulos induzem os
monócitos/macrófagos a se desenvolverem em populações funcionalmente distintas. Os
macrófagos classicamente ativados são induzidos por produtos microbianos e citocinas,
particularmente a IFN-γ. Eles fagocitam e destroem os microrganismos e tecidos mortos,
potencializando as reações inflamatórias. Os macrófagos ativados alternativamente são
induzidos por outras citocinas e são importantes no reparo tecidual e na resolução da
inflamação.
• A ativação clássica dos macrófagos pode ser induzida por produtos microbianos como a endotoxina, que se
liga aos TLRs e outros sensores; pelos sinais derivados de células T, com destaque para a importância da
citocina IFN-γ, nas respostas imunológicas; ou por substâncias estranhas incluindo cristais e partículas. Os
macrófagos classicamente ativados (também chamados de M1) produzem NO e ERO, além de suprarregular
as enzimas lisossômicas, resultando no aumento da habilidade de eliminar organismos ingeridos e secretar
citocinas que estimulam a inflamação. Esses macrófagos são importantes para a defesa do hospedeiro contra
microrganismos e em muitas reações inflamatórias. Conforme já discutido no contexto da inflamação aguda e
da ativação dos leucócitos, as mesmas células ativadas são capazes de lesar tecidos normais.
• A ativação alternativa dos macrófagos é induzida por outras citocinas além do IFN-γ, tais como a IL-4 e a
IL-13, produzidas pelos linfócitos T e por outras células. Esses macrófagos não são ativamente microbicidas, e
as citocinas podem inibir a via clássica de ativação; em vez disso, a principal função dos macrófagos (M2)
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ativados de maneira alternativa consiste em atuar no reparo tecidual. Eles secretam fatores de crescimento que
promovem a angiogênese, ativam os fibroblastos e estimulam a síntese de colágeno. Parece plausível que, em
resposta à maioria dos estímulos lesivos, a primeira via de ativação seja a clássica, projetada para destruir os
agentes agressores, seguindo-se, então, a ativação alternativa, que dá início ao reparo tecidual. No entanto, essa
sequência tão precisa não é bem documentada na maioria das reações inflamatórias.
Os produtos dos macrófagos ativados eliminam os agentes lesivos da mesma forma que fazem os
microrganismos e o início do processo de reparo, mas também são responsáveis por grande parte da
lesão tecidual na inflamação crônica. Várias funções dos macrófagos são vitais para o desenvolvimento e a
persistência da inflamação crônica e da lesão tecidual que a acompanha.
• Os macrófagos, como o outro tipo de fagócito, os neutrófilos, ingerem e eliminam os microrganismos e os
tecidos mortos.
• Os macrófagos iniciam o processo de reparo tecidual e estão envolvidos na formação de cicatrizes e fibrose.
Esses processos são discutidos adiante, neste capítulo.
• Os macrófagos secretam mediadores da inflamação, tais como as citocinas (TNF, IL-1, quimiocinas e outras,
e eicosanoides). Dessa forma, os macrófagos são essenciais para a iniciação e a propagação das reações
inflamatórias.
• Os macrófagos apresentam antígenos para os linfócitos T e respondem a sinais das células T,
configurando, dessa forma, uma cadeia de retroalimentação que é essencial para a defesa contra muitos
microrganismos por respostas imunológicas mediadas por células. Essas interações têm melhor descrição
quando da discussão acerca do papel dos linfócitos na inflamação crônica, a seguir, e com mais detalhes no
Capítulo 6, no qual é considerada a imunidade mediada por células.
Seu impressionante arsenal de mediadores faz dos macrófagos poderosos aliados na defesa do corpo contra os
invasores indesejados, mas o mesmo armamento também pode produzir destruição tecidual considerável quando
os macrófagos são ativados excessivamente ou de maneira imprópria. É por causa das atividades desses
macrófagos que a destruição tecidual é uma das características da inflamação crônica.
Algumas vezes, se o irritante é eliminado, os macrófagos, por fim, desaparecem (ou morrendo ou tomando o
caminho dos vasos linfáticos e linfonodos). Em outras, o acúmulo de macrófagos persiste como resultado do
recrutamento contínuo a partir da circulação e da proliferação local no sítio da inflamação.
Função dos Linfócitos
Os microrganismos e outros antígenos do ambiente ativam os linfócitos T e B, o que amplifica e
propaga a inflamação crônica. Embora a função principal desses linfócitos seja a de mediadores da imunidade
adaptativa, que fornece defesa contra patógenos infecciosos (Cap. 6), essas células estão frequentemente presentes
na inflamação crônica. Quando são ativadas, a inflamação tende a ser persistente e grave. Algumas das reações
inflamatórias crônicas mais intensas, como a inflamação granulomatosa, descrita posteriormente, dependem das
respostas linfocitárias. Os linfócitos podem ser a população dominante na inflamação crônica vista em doenças
autoimunes e em outras doenças de hipersensibilidade.
Os linfócitos T e B (efetor e memória) estimulados pelos antígenos usam vários pares de moléculas de adesão
(selectinas, integrinas e seus ligantes) e quimiocinas para migrar para os locais de inflamação. As citocinas dos
macrófagos ativados, principalmente TNF, IL-1 e quimiocinas, promovem o recrutamento de leucócitos,
preparando o campo para a persistência da resposta inflamatória.
Em virtude de sua habilidade de secretar citocinas, os linfócitos T CD4+ promovem inflamação e
influenciam a natureza da reação inflamatória. Essas células T aumentam de modo acentuado a reação
inflamatória inicial que é induzida pelo reconhecimento de microrganismos e células mortas como parte da
imunidade inata. Há três subtipos de células T CD4+ que secretam espécies diferentes de citocinas e produzem
tipos de inflamação distintos.
• As células TH1 produzem a citocina IFN-γ, que ativa os macrófagos através da via clássica.
• As células TH2 secretam a IL-4, a IL-5 e a IL-13, que recrutam e ativam os eosinófilos e são responsáveis pela
via alternativa da ativação dos macrófagos.
• As células TH17 secretam a IL-17 e outras citocinas, que induzem a secreção de quimiocinas responsáveis pelo
recrutamento de neutrófilos (e monócitos) para reação.
Tanto as células TH1 quanto as TH17 são envolvidas na defesa contra muitos tipos de bactérias e vírus, bem
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como nas doenças autoimunes. As células TH2 são importantes na defesa contra parasitas helmínticos e nas
reações alérgicas. Esses subtipos de células T e suas funções são descritos em maiores detalhes no Capítulo 6.
Os linfócitos e macrófagos interagem de forma bidirecional, e essas interações desempenham importante papel
na propagação da inflamação crônica (Fig. 3-21). Os macrófagos apresentam antígenos a células T, expressam
moléculas de membrana (chamadas coestimuladores) e produzem citocinas (IL-12 e outras) que estimulam as
respostas de células T. Os linfócitos T ativados, por sua vez, produzem citocinas, descritas anteriormente, as quais
recrutam e ativam macrófagos, promovendo mais apresentação antigênica e seleção de citocinas. O resultado é
um ciclo de reações celulares que abastecem e sustentam a inflamação crônica.
FIGURA 3-21 Interações macrófago-linfócito na inflamação crônica. As células T ativadas
produzem citocinas que recrutam macrófagos(TNF, IL-17, quimiocinas) e outras que ativam
os macrófagos (IFN-γ). Os macrófagos ativados, por sua vez, estimulam as células T ao
apresentar antígenos, por via de citocinas como a IL-12.
Os linfócitos B ativados e os plasmócitos produtores de anticorpos estão presentes com frequência
nos locais de inflamação crônica. Os anticorpos podem ser específicos para antígenos persistentes estranhos, ou
do próprio organismo no local da inflamação ou contra os componentes de tecido alterado. No entanto, a
especificidade e até mesmo a importância dos anticorpos na maioria dos distúrbios inflamatórios crônicos são
incertas.
Em algumas reações inflamatórias crônicas, os linfócitos acumulados, as células apresentadoras de antígenos e
os plasmócitos se agrupam para formar tecidos linfoides que lembram linfonodos. Eles são chamados de órgãos
linfoides terciários; esse tipo de organogênese linfoide é frequentemente visto na sinóvia de pacientes com artrite
reumatoide de longa duração e na tireoide no caso de tireoidite de Hashimoto. Pressupôs-se que a formação local
de órgãos linfoides pode perpetuar a reação imunológica, porém a importância dessas estruturas ainda não está
estabelecida.
Outras Células na Inflamação Crônica
Outros tipos celulares podem ser proeminentes na inflamação crônica induzida por estímulos específicos.
• Os eosinófilos são abundantes nas reações imunológicas mediadas por IgE e em infecções parasitárias (Fig. 3-
22). Seu recrutamento é acionado pelas moléculas de adesão, de modo similar àquele usado pelos neutrófilos e
por quimiocinas específicas (p. ex., eotaxina) leucocitárias e células epiteliais. Os eosinófilos têm grânulos
contendo a proteína básica principal, uma proteína altamente catiônica que é tóxica para parasitas, mas
também causa lise das células epiteliais dos mamíferos. Por isso os eosinófilos são benéficos ao controle das
infecções parasitárias, mas também contribuem para o dano tecidual nas reações imunológicas, como, por
exemplo, alergias (Cap. 6).
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FIGURA 3-22 Foco de inflamação contendo numerosos eosinófilos.
• Os mastócitos são amplamente distribuídos nos tecidos conjuntivos e participam de ambas as reações
inflamatórias, aguda e crônica. Os mastócitos expressam em sua superfície o receptor (Fc RI) que liga a porção
Fc do anticorpo IgE. Nas reações de hipersensibilidade imediata, os anticorpos IgE ligados aos receptores Fc
das células reconhecem especificamente o antígeno, desencadeando, assim, a desgranulação e a liberação de
mediadores como histamina e prostaglandinas (Cap. 6). Esse tipo de resposta ocorre durante as reações
alérgicas aos alimentos, veneno de insetos ou fármacos, algumas vezes com resultados catastróficos (p. ex.,
choque anafilático). Os mastócitos também estão presentes nas reações inflamatórias crônicas e, pelo fato de
secretarem um grande número de citocinas, podem promover reações inflamatórias em diferentes situações.
• Embora os neutrófilos sejam característicos da inflamação aguda, muitas formas de inflamação crônica que
duram por meses continuam a mostrar grandes números de neutrófilos, induzidos tanto por microrganismos
persistentes quanto por mediadores produzidos pelos macrófagos ativados e linfócitos T. Na infecção bacteriana
crônica do osso (osteomielite), um exsudato neutrofílico pode persistir por muitos meses. Os neutrófilos
também são importantes no caso da lesão crônica induzida nos pulmões por tabagismo e outros estímulos
irritantes (Cap. 15). Esse padrão de inflamação é chamado de agudo e crônico.
Inflamação Granulomatosa
A inflamação granulomatosa é uma forma de inflamação crônica caracterizada por coleções de
macrófagos ativos, frequentemente com linfócitos T, e, algumas vezes, associada à necrose central. A
formação de granulomas é uma tentativa celular de conter um agente agressor difícil de eliminar. Nessa tentativa,
comumente existe intensa ativação dos linfócitos T levando à ativação dos macrófagos, que pode causar lesão aos
tecidos normais. Os macrófagos ativos podem desenvolver um citoplasma abundante e começar a se parecer com
células epiteliais, sendo chamados de células epitelioides. Alguns macrófagos ativos podem fundir-se, formando
células gigantes multinucleares.
Existem dois tipos de granuloma, que diferem em suas patogêneses.
• Os granulomas de corpos estranhos são formados por corpos estranhos relativamente inertes, na ausência de
respostas imunológicas mediadas por células T. Tipicamente, os granulomas de corpos estranhos se formam em
torno de materiais como talco (associado ao abuso de droga intravenosa) (Cap. 9), suturas ou outras fibras que
sejam grandes o suficiente para impedir a fagocitose por um único macrófago e não estimular nenhuma
resposta inflamatória ou imunológica. As células epitelioides e as células gigantes são depositadas na superfície
do corpo estranho. Usualmente, o material estranho pode ser identificado no centro do granuloma, em especial
quando visto com luz polarizada, onde ele aparece refratário.
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• Os granulomas imunes são causados por uma variedade de agentes capazes de induzir a resposta
imunológica mediada por célula T (Cap. 6). Em geral, esse tipo de resposta imunológica produz granulomas
quando é difícil eliminar o agente iniciador, como é o caso de um microrganismo persistente ou autoantígeno.
Em tais respostas, os macrófagos ativam as células T para produzir citocinas, como a IL-2, a qual ativa outras
células T, perpetuando a resposta, e a IFN-γ, que ativa os macrófagos. Ainda não se estabeleceu quais citocinas
ativadoras de macrófagos (IL-4 ou IFN-γ) transformam as células em células epitelioides e células
multinucleares gigantes.
 
 Mor fologia
Nas preparações usuais de hematoxilina e eosina (Fig. 3-23), os macrófagos ativos nos granulomas têm um
citoplasma granular rosa com limites celulares indistintos, e são chamados células epitelioides, devido à sua
semelhança com os epitélios. Os agregados de macrófagos epitelioides são circundados por um colar de
linfócitos. Granulomas mais antigos podem apresentar uma orla de fibroblastos e tecido conjuntivo. Com
frequência, mas não invariavelmente, as células multinucleares gigantes de 40 a 50 µm de diâmetro são
encontradas nos granulomas, sendo chamadas de células gigantes de Langhans. Elas consistem em uma grande
massa de citoplasma e muitos núcleos, e derivam da fusão de múltiplos macrófagos ativos. Nos granulomas
associados a certos organismos infecciosos (a maioria classificada como Mycobacterium tuberculosis), uma
combinação de hipóxia e lesão mediada por radicais livres conduz a uma zona central de necrose.
Macroscopicamente, essa zona tem aparência granular e é semelhante a queijo, e é, portanto, chamada necrose
caseosa. Microscopicamente, esse material necrótico aparece como resíduos amorfos, sem estrutura, eosinófilos e
granulares, com perda completa de detalhes celulares. Os granulomas na doença de Crohn, sarcoidose e em
reações a corpos estranhos tendem a não ter centros necróticos, sendo denominados de não caseosos. A resolução
dos granulomas é acompanhada por fibrose, que, por vezes, pode ser extensa.
FIGURA 3-23 Granuloma tuberculoso típico exibindo uma área de necrose central cercada por
várias células gigantes multinucleadas tipo Langhans, células epitelioides e linfócitos.
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Os granulomas são encontrados em certas situações específicas; o reconhecimento do padrão granulomatoso é
importante devido ao número limitado de condições(algumas com risco à vida) que o causam (Tabela 3-8). Na
presença de respostas de células T persistentes a certos microrganismos (p. ex., M. tuberculosis, Treponema
pallidum, ou fungos), as citocinas derivadas de células T são responsáveis pela ativação crônica de macrófagos e
pela formação de granulomas. Os granulomas também podem desenvolver-se em algumas doenças
inflamatórias imunomediadas, com destaque para a doença de Crohn – um tipo de doença intestinal inflamatória
e uma causa importante de inflamação granulomatosa nos Estados Unidos –, e na doença de etiologia
desconhecida chamada sarcoidose. A tuberculose é o protótipo da doença granulomatosa causada pela
infecção, e sempre deve ser excluída como a causa quando os granulomas são identificados. Nessa
doença, o granuloma é referido como tubérculo. Os padrões morfológicos em várias doenças granulomatosas
podem ser suficientemente diferentes para permitir um diagnóstico razoavelmente preciso por um patologista
experiente (Tabela 3-8); entretanto, existem tantas apresentações atípicas que sempre é necessário identificar o
agente etiológico específico por colorações especiais para microrganismos (p. ex., coloração para bacilos ácido-
resistentes para bacilos da tuberculose), por métodos de cultura (p. ex., na tuberculose e nas doenças fúngicas),
por técnicas moleculares (p. ex., a reação em cadeia da polimerase na tuberculose) e por sorologia (p. ex., na
sífilis).
Tabela 3-8
Exemplos de Doenças com Inflamação Granulomatosa
Doença Causa Reação dos Tecidos
Tuberculose Mycobacterium tuberculosis Granuloma caseoso (tubérculo): foco de macrófagos ativos (células epitelioides), envoltos por
fibroblastos, linfócitos, histiócitos, células gigantes de Langhan; necrose central com resíduos
granulares amorfos; bacilos álcool ácido resistentes
Hanseníase Mycobacterium leprae Bacilos álcool ácido resistentes em macrófagos; granulomas não caseosos
Sífilis Treponema pallidum Goma sifilítica: lesão microscópica a macroscopicamente parcialmente visível, parede circundante de
histiócitos; infiltrado plasmocitário; as células centrais são necróticas, sem perda do contorno celular
Doença da
arranhadura do gato
Bacilo gram-negativo Granuloma redondo ou estrelado contendo resíduos granulares centrais e neutrófilos reconhecíveis;
células gigantes infrequentes
Sarcoidose Etiologia desconhecida Granulomas não caseosos com macrófagos ativos abundantes
Doença de Crohn
(doença inflamatória
do intestino)
Reação imune contra
bactérias intestinais,
possivelmente
autoantígenos
Granulomas não caseosos ocasionais na parede do intestino, com infiltrado inflamatório crônico
denso
 
 Con ceit os-ch ave
Inflamação Crônica
 A inflamação crônica é uma resposta prolongada do hospedeiro a estímulos persistentes.
 É causada por microrganismos que resistem à eliminação, às respostas imunológicas contra os antígenos
próprios e ambientais e a algumas substâncias tóxicas (p. ex., sílica); é a base de muitas doenças clinicamente
importantes.
 É caracterizada pela coexistência de inflamação, lesão tecidual, tentativa de reparo através de cicatrização e
resposta imunológica.
 O infiltrado celular consiste em macrófagos, linfócitos, plasmócitos e outros leucócitos.
 É mediada por citocinas produzidas por macrófagos e linfócitos (com destaque para os linfócitos T); as
interações bidirecionais entre essas células tendem a amplificar e prolongar a reação inflamatória.
 A inflamação granulomatosa consiste em um padrão para a inflamação crônica induzido pela ativação de
células T e macrófagos em resposta a um agente resistente à eliminação.
Efeitos Sistêmicos da Inflamação
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