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Elaboração de Projetos aula 2

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Instituto Serzedello Corrêa
Aula 2
Elaboração de Projetos 
OBRAS PÚBLICAS DE 
EDIFICAÇÃO E DE 
SANEAMENTO
Módulo 1
Planejamento
RESPONSABILIDADE PELO CONTEÚDO
Tribunal de Contas da União
Secretaria Geral da Presidência
Instituto Serzedello Corrêa
Diretoria de Diagnóstico, Planejamento e Desenvolvimento de Ações Educacionais
Serviço de Planejamento e Projetos Educacionais
Secretaria de Métodos Aplicados e Suporte à Auditoria - SEAUD
CONTEUDISTAS
Bruno Martinello Lima 
Gustavo Ferreira Olkowski 
Marcelo Almeida de Carvalho 
Rafael Carneiro Di Bello 
Victor Hugo Moreira Ribeiro 
Rommel Dias Marques Ribas Brandao
REVISORES TÉCNICOS
Jose Ulisses Rodrigues Vasconcelos
Eduardo Nery Machado Filho
TRATAMENTO PEDAGÓGICO
Flávio Sposto Pompêo
RESPONSABILIDADE EDITORIAL 
Tribunal de Contas da União 
Secretaria Geral da Presidência 
Instituto Serzedello Corrêa 
Centro de Documentação 
Editora do TCU
PROJETO GRÁFICO
Ismael Soares Miguel
Paulo Prudêncio Soares Brandão Filho
Vivian Campelo Fernandes
DIAGRAMAÇÃO
Vanessa Vieira
© Copyright 2014, Tribunal de Contas de União 
<www.tcu.gov.br>
Permite-se a reprodução desta publicação, em parte ou no todo, sem alteração do conteúdo, desde que citada a 
fonte e sem fins comerciais.
Este material tem função didática. A última atualização ocorreu em setembro de 2014. As afirmações e 
opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e podem não expressar a posição oficial do Tribunal 
de Contas da União.
Atenção!
[ 3 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
Módulo 1 - Planejamento
Aula 2 - Elaboração de Projetos
Quando a Administração deve contratar projetos?
Qual a diferença entre anteprojeto, projeto básico e projeto 
executivo?
Quais são os principais elementos que compõem o projeto?
Quais os principais requisitos para projetos de obras públicas?
Na aula anterior tratamos das etapas iniciais de planejamento de 
uma obra pública, que envolvem a obtenção de recursos orçamentários, 
a caracterização das necessidades que serão atendidas pela obra, o estudo 
das alternativas possíveis para se atender a essas necessidades, entre outras 
questões.
Nesta aula veremos a etapa de elaboração de projetos, que corresponde 
ao passo seguinte para a concretização de uma obra pública. Veremos de que 
forma a alternativa escolhida a partir dos estudos iniciais será desenvolvida 
e detalhada, mostrando os principais pontos que devem ser observados 
para garantir uma boa execução dos projetos.
Para facilitar o estudo, esta aula está organizada da seguinte forma:
Módulo 1 - Planejamento ......................................................................................... 3
Aula 2 - Elaboração de Projetos ........................................................................... 3
1. Fase de projeto ......................................................................................................... 5
2. Elaboração direta pelo órgão gestor ............................................................ 5
3. Uso de projetos advindos de outros órgãos ................................................. 6
4. Contratação de empresa para elaboração de projetos ............................ 6
5. Responsabilidades da Administração Pública pela completude, con-
sistência e atualidade dos projetos ..................................................................... 8
6. Anteprojeto ............................................................................................................10
7. Projeto Básico ........................................................................................................14
7.1. Definição e importância ............................................................................ 15
7.2 Atualização/validade do projeto básico .................................................... 18
7.3 Componentes do Projeto Básico ............................................................... 19
7.3.1 Desenhos ................................................................................................... 20
7.3.2 Memorial Descritivo ................................................................................ 20
7.3.3 Especificações Técnicas ............................................................................ 21
7.3.4 Planilha orçamentária .............................................................................. 22
7.3.5 Cronograma Físico-Financeiro ............................................................... 22
[ 4 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
7.4 Elementos mínimos que deve conter um projeto básico .......................24
7.4.1 Elementos mínimos de um Projeto Básico de edificações ..................26
7.4.2 Elementos mínimos de um Projeto Básico de drenagem e 
saneamento .........................................................................................................27
8. Licenciamento Ambiental ..................................................................................28
8.1 Licença Prévia ..............................................................................................32
8.2 Licença de Instalação ..................................................................................35
8.3 Licença de Operação ...................................................................................36
9. Projeto executivo .................................................................................................38
10. Critérios importantes de concepção de projeto .....................................39
10.1 Acessibilidade.............................................................................................40
10.2 Sustentabilidade .........................................................................................46
10.3 Norma de desempenho – NBR 15575/2013 ..........................................50
Síntese ...........................................................................................................................53
Referências bibliográficas ...................................................................................54
Glossário ....................................................................................................................56
Ao final desta aula, esperamos que você tenha condições de:
yy descrever os papéis e responsabilidades do gestor público e de 
contratados quanto à adequação dos projetos da obra;
yy diferenciar anteprojetos, projetos básicos e projetos executivos, 
de acordo com a consistência das informações e o grau de 
precisão esperado para cada um deles;
yy elencar os principais componentes e avaliar a qualidade de 
anteprojetos, projetos básicos e projetos executivos; 
yy observar os principais itens relacionados a acessibilidade, 
sustentabilidade e desempenho, e optar por técnicas com vistas 
a ampliar a vida útil e reduzir o custos de operação e manutenção 
após o recebimento das obras.
Pronto para começar? Então, vamos!
[ 5 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
1. Fase de projeto
A fase de projeto de uma obra pública é etapa fundamental para o 
sucesso do empreendimento. Ela não abarca apenas o projeto básico ou 
executivo propriamente dito, mas deve ser fruto de todo um processo 
que começa na caracterização de demanda, passa pelo programa de 
necessidades e pelos estudos de viabilidade. O fluxograma apresentado na 
aula 1 ilustra bem as diversas etapas desse processo preparatório até que se 
inicie a elaboração efetiva dos projetos.
Veremos a seguir quais são as principais características dessa fase 
do empreendimento, quais são os componentes de um projeto completo e 
atualizado, como ele é elaborado e como é contratado.
2. Elaboração direta pelo órgão gestor
Uma dúvida comum entre os órgãos executores de obras públicas é 
como elaborar e contratar o projeto deuma obra de modo que, ao final, 
haja um produto que atenda às exigências da lei e possibilite realizar com 
segurança a licitação e a execução da obra.
Quando a Administração identifica, a partir de levantamentos e 
estudos prévios, a necessidade de se desenvolver projetos para a futura 
execução de uma obra, deve avaliar, primeiramente, se dispõe de uma 
equipe profissional qualificada e capaz de desempenhar essa tarefa.
Exemplificando, caso uma prefeitura tenha em seu quadro de pessoal 
apenas um arquiteto, não será possível a esse profissional sozinho desenvolver 
todos os projetos necessários à construção de uma escola, pois esse trabalho 
demandará a participação de outros profissionais especializados como, 
por exemplo, um engenheiro eletricista para desenvolver os projetos de 
instalações elétricas ou um engenheiro civil para os projetos de estrutura. 
Nesse caso, uma alternativa possível seria elaborar o projeto de arquitetura 
e contratar os demais projetos.
Ainda que o órgão possua em seu quadro de pessoal todos os 
técnicos especializados necessários, é importante avaliar ainda a 
disponibilidade desses profissionais para elaborarem o projeto sem que 
essa tarefa comprometa o desempenho de outras atividades prioritárias 
que, eventualmente, sejam desenvolvidas por eles. Caso a elaboração dos 
projetos diretamente pela equipe do órgão traga prejuízo ao desempenho 
dessas atividades prioritárias, a opção recomendada seria licitar os projetos.
[ 6 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
3. Uso de projetos advindos de outros órgãos
Há órgãos, por exemplo, que recebem doações de projetos prontos e já 
elaborados por terceiros, seja por outros órgãos da Administração Pública 
ou mesmo por empresas projetistas. Em geral são órgãos com deficiências 
no quadro de pessoal e que recorrem a fontes externas para viabilizar a 
elaboração de projetos.
Essa prática não é recomendável do ponto de vista técnico, pois o 
projeto doado muitas vezes não considera a demanda e a necessidade que 
o órgão levantou por meio dos estudos preliminares (caracterização da 
demanda e programa de necessidades). Em outras palavras, o projeto doado 
pode ter sido elaborado com pressupostos diferentes daqueles planejados 
pelo órgão que pretende realizar a obra. 
Há alguns anos atrás, era comum a prática de doação de projetos 
às prefeituras e órgãos públicos. Em muitos casos, verificou-se que esses 
projetos continham erros que só ficaram evidentes quando da execução da 
obra, causando problemas para o bom andamento dos serviços e gerando 
prejuízos para a Administração. Além disso, o uso de um projeto recebido 
como doação pode prejudicar a competitividade da licitação, uma vez que 
a empresa que tenha conhecimento prévio dos detalhes do projeto terá 
vantagem em relação às demais participantes.
Outro problema relacionado a essas doações diz respeito à 
responsabilidade por eventuais falhas constatadas no projeto. Diversas 
fiscalizações promovidas pelo TCU identificaram projetos doados que não 
continham a identificação dos autores. Nesses casos o TCU tem apontado 
que o gestor que aprovou o uso do projeto deve ser responsabilizado1.
4. Contratação de empresa para elaboração de projetos
Já vimos que os projetos de obras públicas podem ser desenvolvidos 
pelo próprio órgão, caso disponha de setor técnico com número suficiente 
de profissionais para elaborar um projeto completo e adequado.
Contudo, em muitos casos, isso não é possível. Assim, o recurso 
disponível ao gestor para elaboração dos projetos de uma obra passa a 
ser a contratação de uma empresa projetista para realizar o serviço. Vale 
lembrar que mesmo nos casos de contratação dos projetos, o órgão público 
permanece com a responsabilidade de fiscalizar a execução do serviço e 
atestar a sua qualidade, sendo recomendável que tenha em seu quadro 
Atenção!
A prática de utilizar 
projetos doados tem 
sido fonte de inúmeras 
irregularidades, gerando 
problemas na execução 
das obras e prejuízos 
diversos à administração, 
devendo ser evitada.
1 - Acórdão 1.841/2008
[ 7 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
de pessoal pelo menos um profissional, com experiência na área, para 
acompanhar a elaboração dos projetos.
Deve haver um procedimento licitatório específico com vistas a 
contratar a empresa que será responsável pela elaboração dos projetos. A 
Lei 8.666/1993 caracteriza esse tipo de trabalho como um serviço técnico 
profissional especializado e indica que sua contratação deve ocorrer, 
preferencialmente, mediante a realização de concurso2. Em geral, a 
modalidade de concurso é utilizada apenas para a contratação da concepção 
arquitetônica/urbanística, ou ainda para estudos preliminares e etapas 
iniciais do desenvolvimento do projeto. Para a execução do projeto básico 
completo, as modalidades convencionais (concorrência, convite, tomada 
de preços) são mais comumente utilizadas. A escolha da modalidade e do 
tipo de licitação a ser realizado será tratada com mais detalhe na aula 4. 
O documento que descreve os requisitos e diretrizes do projeto a ser 
desenvolvido é usualmente denominado termo de referência. Ele deve ser 
elaborado com base no programa de necessidades e nas demais informações 
produzidas durante a etapa de EVTE-A, de modo que a empresa projetista 
possa compreender a expectativa do órgão contratante em relação à obra e 
formular uma proposta adequada para atender às demandas previstas.
Importante destacar que o art. 111 da Lei 8.666/1993 dispõe que o 
autor do projeto deve ceder à Administração os direitos patrimoniais 
relativos ao projeto.
Por fim, cabe esclarecer que embora o autor do projeto possua o 
direito de acompanhar a obra com vistas a garantir que seja executada de 
acordo com as especificações do projeto, isso não obriga a Administração 
a contratá-lo para a supervisão do empreendimento, conforme enunciado 
pela jurisprudência do TCU – Súmula TCU 185/1982.
2 - Lei 8.666/1993 art. 13, inciso I e §1º
SÚMULA TCU 185
A Lei nº 5.194, de 24/12/66, e, em especial, o seu art. 22, não atribuem ao autor 
do projeto o direito subjetivo de ser contratado para os serviços de supervisão da 
obra respectiva, nem dispensam a licitação para a adjudicação de tais serviços, sendo 
admissível, sempre que haja recursos suficientes, que se proceda aos trabalhos de 
supervisão, diretamente ou por delegação a outro órgão público, ou, ainda, fora 
dessa hipótese, que se inclua, a juízo da Administração e no seu interesse, no objeto 
das licitações a serem processadas para a elaboração de projetos de obras e serviços 
de engenharia, com expressa previsão no ato convocatório, a prestação de serviços 
de supervisão ou acompanhamento da execução, mediante remuneração adicional, 
aceita como compatível com o porte e a utilidade dos serviços.
[ 8 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
5. Responsabilidades da Administração Pública pela 
completude, consistência e atualidade dos projetos
O art. 6°, inciso IX, da Lei 8.666/1993 prescreve que o projeto básico 
deve conter todos os elementos necessários e suficientes para caracterizar 
o objeto da licitação. O artigo 12, por sua vez, estabelece algumas das 
diretrizes a serem seguidas na elaboração de um projeto básico: segurança; 
funcionalidade e adequação ao interesse público; economia na execução, 
conservação e operação; possibilidade de emprego de mão de obra, 
materiais, tecnologia e matérias-primas existentes no local da obra; 
observância às normas técnicas de saúde e de segurança do trabalho; e 
redução do impacto ambiental.
Infelizmente, ainda é muito comum encontrar projetos de obras 
públicas deficientes ou incompletos e desatualizados. Muitas vezes, essas 
deficiências conduzem à necessidade de mudanças de projeto no decorrer 
da execução da obra. A concepção e a soluçãotécnica da obra são itens que 
já deveriam ter sido avaliados, definidos e aprovados em etapa anterior, nos 
estudos de viabilidade técnico-econômica e ambiental.
Embora o tema dos estudos prévios tenha sido abordado em detalhe 
na aula 1, vale lembrar que a possibilidade de desenvolver projetos de 
boa qualidade dependerá, em grande parte, da qualidade desses estudos 
e das informações disponíveis para subsidiar os projetistas. Há normas 
que definem a amplitude mínima de determinados estudos de projeto, a 
exemplo da NBR 8036/83 que define um número mínimo de sondagens em 
razão da área a ser edificada.
O gestor público, ao elaborar o termo de referência, indicando todos 
os elementos e diretrizes para a elaboração do projeto, deverá também 
especificar a abrangência e amplitude dos estudos prévios realizados. Esse 
é um aspecto importante que impacta tanto no custo dos projetos quanto 
no custo da obra. Quanto maior a quantidade e qualidade das informações 
reunidas para subsidiar o projeto, maiores são as chances de escolher uma 
solução eficiente e econômica para a obra desejada.
Há casos em que os gestores optam por economizar na fase de projeto 
e exigem estudos prévios em menor número ou com abrangência inferior à 
recomendada. Porém, essa economia inicial pode resultar, durante a obra, 
em custos muito mais elevados para a execução dos serviços necessários.
Um exemplo comum é a realização de um número de furos de 
sondagem do terreno menor do que o previsto na norma. Essa suposta 
economia resulta, muitas vezes, em uma caracterização incorreta do terreno, 
[ 9 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
o que pode gerar transtornos e aumento dos custos durante a execução das 
obras ou mesmo depois de sua conclusão, com a necessidade de modificar 
projetos, de executar reforços na estrutura, de efetuar reparos na alvenaria, 
entre outros inconvenientes.
A completude e a consistência de um projeto básico é reflexo da 
quantidade e da qualidade dos elementos técnicos reunidos, bem como da 
coerência entre eles. Em outras palavras, todas as informações relevantes 
para a execução da obra devem estar registradas no projeto, além disso os 
elementos mostrados nos desenhos devem corresponder aos indicados nos 
memoriais, nas especificações técnicas, no orçamento. 
A atualidade do projeto também é muito importante, para qualquer 
tipo de obra. Quanto maior for o tempo decorrido entre a elaboração de um 
projeto e a sua efetiva execução, maior é a possibilidade serem modificadas 
as condições de implantação originalmente previstas. Isso exige que se faça 
uma revisão do projeto para adequá-lo às novas condições existentes, antes 
do início das obras, reduzindo assim o risco de prejuízos maiores durante 
a execução dos serviços.
Outro aspecto que deve ser observado quando da elaboração dos 
projetos de uma obra pública é o necessário registro da responsabilidade 
técnica por esse tipo de serviço especializado. Trata-se de uma obrigação 
legal derivada da Lei 6.496/1977, a qual define no seu art. 1º que todas as obras 
e serviços de engenharia devem ter uma Anotação de Responsabilidade 
Técnica.
O projeto de uma obra envolve diversas áreas de conhecimento 
diferentes, que costumamos chamar de disciplinas. Por exemplo, uma 
obra de edificação precisa de projetos de arquitetura; estrutura; instalações 
hidrossanitárias, elétricas, lógicas, de combate a incêndio, além de outras 
instalações especiais. Todos os profissionais envolvidos na elaboração dos 
projetos devem fazer o registro, junto ao conselho profissional competente, 
da responsabilidade técnica pelos trabalhos realizados. No caso dos 
engenheiros temos o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia 
(CREA), em que o documento de registro é chamado ART; no caso dos 
arquitetos temos o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), em que o 
documento de registro é chamado RRT.
Nesse contexto, tendo em vista os repetidos casos detectados de 
ausência de registro da responsabilidade por projetos utilizados na execução 
de obras públicas, o TCU consolidou entendimento na Súmula TCU 260.
Recentemente, a 
partir da LDO 2009 
(Lei 11.768/2008 – art. 
109, § 5º), a legislação 
vem exigindo que 
seja realizada uma 
ART específica para o 
orçamento da obra. Essa 
exigência se repetiu nas 
LDO dos exercícios 2010, 
2011 e 2012. Em 2013, 
foi editado o Decreto 
7.983/2013, que previu 
em seu art. 10 essa 
mesma obrigação.
[ 10 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
A Comissão de Licitação pode ser responsabilizada no caso de 
dar andamento ao processo de licitação sem que haja o registro de 
responsabilidade técnica dos projetos e do orçamento3. Ou seja, embora a 
comissão de licitação não necessariamente possua conhecimentos técnicos 
para avaliar a qualidade do projeto com profundidade, ela deve verificar a 
existência de registro de responsabilidade técnica pela elaboração dessas 
peças, antes de iniciar a fase externa da licitação. As fases da licitação serão 
detalhadas na aula 4.
6. Anteprojeto
O anteprojeto de engenharia é elaborado depois de concluídos o 
programa de necessidades e os estudos de viabilidade. Nele, deve-se definir 
claramente a concepção do objeto e as diretrizes a serem seguidas no 
projeto, com a representação de seus elementos, instalações e componentes 
de modo a possibilitar a avaliação do custo global da obra, por meio de 
orçamento sintético ou metodologia expedita ou paramétrica.
Em regra, o anteprojeto é opcional e não é admitida sua utilização 
em licitação de obras. A modalidade de licitação denominada contratação 
integrada, prevista na lei que criou o Regime Diferenciado de Contratações 
Públicas (Lei 12.462/2011), é a única exceção em que se permite a utilização 
do anteprojeto em vez do projeto básico para fins de se licitar a implantação 
das obras.
Conforme consta na lei4, o anteprojeto de engenharia deve conter os 
documentos técnicos para caracterizar a obra ou serviço, incluindo:
a. a demonstração e a justificativa do programa de necessidades, 
a visão global dos investimentos e as definições quanto ao nível 
de serviço desejado;
SÚMULA TCU 260
É dever do gestor exigir apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica - 
ART referente a projeto, execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços de 
engenharia, com indicação do responsável pela elaboração de plantas, orçamento-
base, especificações técnicas, composições de custos unitários, cronograma físico-
financeiro e outras peças técnicas.
3 - Acórdãos 141/2014 – TCU – Plenário e 625/2010 – TCU – 2ª Câmara.
4 - Lei 12.462/2011, art. 9º, §2º, inciso I.
[ 11 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
b. as condições de solidez, segurança, durabilidade e prazo de 
entrega;
c. a estética do projeto arquitetônico; e 
d. os parâmetros de adequação ao interesse público, à economia na 
utilização, à facilidade na execução, aos impactos ambientais e à 
acessibilidade. 
É preciso que se defina 
qual é a “cara” que 
a obra vai ter. No 
anteprojeto de uma casa, 
por exemplo, já deveria 
estar definido se a 
cobertura seria em telha 
cerâmica (mais inclinado) 
ou uma simples laje 
impermeabilizada. 
Alguns desses parâmetros já foram tratados na aula 1, como adequação à demanda 
e impactos ambientais. Veremos mais adiante nesta aula tópicos relacionados à 
acessibilidade e, na aula 5, questões relacionadas ao funcionamento e à manutenção 
das obras após sua conclusão.
Os projetos complementares, como o próprio nome já diz, são aqueles que 
complementam as definições contidas no projeto de arquitetura. Esses projetos 
determinarão, por exemplo, como será a estrutura, as instalações elétricas e outros 
aspectos necessários para que a edificação funcione conforme definido no projeto de 
arquitetura.
1 - http://www.freebievectors.com/pt/pre-visualizacao-do-item/77671/vetor-arquitectura-serie-desenho-de-linha-projecto-de-linha/
2 - http://pro.casa.abril.com.br/photo/desenho-1?context=location#!/photo/desenho-
1?context=location
Atenção especial deve ser dada aos projetos de arquitetura e suas 
especificações, pois, especialmente no caso de obras de edificações, são eles 
que vão definir o que a administração pretende contratar. 
Além disso, os projetos complementares restantes são, todos, 
realizados em função dessa arquitetura; e de modo a viabilizá-la. 
Não se poderia licitar o empreendimento sem delimitar qual a 
especificação do piso a ser colocado, pois sem isso o contratante se arrisca 
a receber algo diferente daquilo que pretendia inicialmente. Do mesmo 
modo, é imprescindível a indicação das especificações técnicas dos materiais 
a serem empregados, tais como forros, vidros, metais, tintas etc.
[ 12 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
De acordo com a norma técnica NBR 13.532/1995 - “Elaboração de 
projetos de edificações - Arquitetura”, da ABNT, após a conclusão de um 
anteprojeto arquitetônico de edificações, as seguintes informações técnicas 
e projetos devem ser disponibilizados: 
a. levantamento topográfico e cadastral, que corresponde às 
informações relativas, por exemplo, à inclinação do terreno, 
à existência de árvores, construções, e outros elementos que 
possam interferir na obra;
b. sondagens de reconhecimento do solo, que indica características 
como o nível da água do subsolo, as camadas existentes de argila, 
areia e rocha e suas profundidades, bem como a resistência 
dessas camadas;
c. planta de implantação e de terraplenagem, que indicam a 
posição da obra em relação aos terrenos vizinhos bem como os 
níveis da edificação em relação à rua, por exemplo;
d. cortes de terraplenagem, que indicam a existência de desníveis, 
degraus, rampas entre a edificação e o terreno;
e. plantas dos pavimentos e coberturas, cortes longitudinais e 
transversais, elevações, fachadas, detalhes de elementos da 
edificação e de seus componentes construtivos, ou seja, os 
desenhos propriamente ditos dos projetos, contendo medidas, 
indicação de portas janelas etc;
f. memorial descritivo da edificação e de seus elementos e 
componentes construtivos, que corresponde a um texto 
descrevendo as principais características do projeto e do seu 
fucionamento; e
g. especificação técnica dos materiais de construção, que 
corresponde à definição mais precisa dos itens a serem utilizados 
na obra, como por exemplo o tipo de cerâmica, sua resistência, 
cor, medidas.
O anteprojeto utilizado nas licitações pelo RDC deve, 
preferencialmente, conter todos esses elementos indicados na NBR. Alguns 
itens como o memorial descritivo, por exemplo, são indispensáveis, pois 
é ele que vai descrever essencialmente o que se deseja contratar. Outros 
itens que envolvem um maior detalhamento de informações podem ser 
dispensados, conforme o caso, desde que os riscos associados à ausência 
dessas informações estejam adequadamente registrados em uma matriz de 
Saiba mais... 
Em um projeto de uma 
casa, por exemplo, o 
memorial descritivo 
conteria a indicação de 
quantos quartos existem, 
se a casa é feita de 
madeira ou de tijolos, a 
área dos ambientes, a 
forma de ligação entre 
esses ambientes, sua 
relação com as áreas 
externas, jardins, 
varandas, dentre outras 
informações consideradas 
importantes.
[ 13 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
riscos. É o caso, por exemplo, do projeto de terraplanagem, que pode ser 
desenvolvido pelo contratado posteriormente à licitação, mas nesses casos 
é importante que esteja previamente definido quem será o responsável por 
eventuais variações de custo ou distorções relacionadas a esse projeto. 
A elaboração dessa matriz envolve a avaliação da possibilidade de ocorrências que 
afetem negativamente a obra, bem como o grau de impacto dessas ocorrências. Por 
exemplo, numa região em que chove muito, é altamente provável que ocorram chuvas 
durante a execução da obra. Além disso, essas chuvas podem atrapalhar o ritmo de 
execução dos serviços e causar atrasos. A matriz de riscos permitirá enxergar com 
mais clareza quem será o responsável pela solução dos problemas causados por essas 
chuvas.
No caso de obra de edificação, em regra, faz-se necessário que o 
anteprojeto preveja a arquitetura do empreendimento, tendo em vista ser 
essa a informação definidora do produto a ser entregue à Administração 
e constituir-se em elemento fundamental para a avaliação de eventuais 
metodologias diferenciadas para sua execução, como também para a 
elaboração dos demais projetos de engenharia a serem desenvolvidos em 
etapa posterior.
Com relação ao orçamento nesta etapa, sempre que o anteprojeto, por 
seus elementos mínimos, assim permitir, as estimativas de preço devem 
se basear em orçamento sintético tão detalhado quanto possível, balizado 
pelos sistemas referenciais de custos de obras públicas (Sinapi, Sicro e 
outros). As estimativas paramétricas e a avaliação baseada em outras obras 
similares somente devem ser utilizadas nas partes do empreendimento que 
não estiverem suficientemente detalhadas pelo anteprojeto5. Os sistemas 
de custos de obras públicas, métodos de estimativa de custos e outros 
tópicos relacionados ao orçamento da obra serão abordados com mais 
detalhe na aula 3.
Como o anteprojeto não apresenta nível de detalhamento suficiente à 
quantificação de todos os serviços e materiais a serem aplicados nas obras, 
uma vez que será complementado posteriormente por um projeto básico, 
seu orçamento torna-se mais impreciso e sujeito a erros.
A mesma lei que admite a contratação de obra pública apenas com 
base no anteprojeto, desde que observadas algumas condições específicas, 
proíbe a realização de alterações contratuais causadas por erros ou falhas 
5 - Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário.
[ 14 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
do projeto (básico/de engenharia) desenvolvido posteriormente pelo 
contratado a partir das informações do anteprojeto. Isso não significa que 
as obras realizadas no modelo de contratação integrada não possam ter 
seus contratos aditivados. No caso de mudança de escopo por interesse da 
Administração, por exemplo, o aditivo é admitido. O tema dos aditivos 
contratuais será melhor detalhado na aula 4.
A responsabilidade pelo desenvolvimento posterior do projeto básico 
e a proibição de aditivo contratual para correção de erros nesse projeto faz 
com que a contratada assuma riscos financeiros adicionais que surgirem 
durante a obra, o que pode gerar um aumento do preço oferecido para 
suportar esses riscos. Em suma, quanto melhor e mais detalhado for o 
projeto, os riscos tendem a ser menores e também o valor cobrado pelo 
executor da obra.
Com o objetivo de tratar adequadamente o maior grau de incertezas 
presente em uma contratação sem um projeto básico completo, é 
fundamental que o gestor elabore uma matriz de riscos, a ser integrada ao 
edital e ao contrato. É nela que se definirá, do modo mais claro possível, 
as responsabilidades pelos riscos associados à execução do projeto6. 
Embora sempre existam eventos imprevisíveis, a elaboração da matriz 
permite identificar, com antecedência, aqueles problemas mais prováveis 
de acontecerem e quem será o responsável pelas soluções.
7. Projeto Básico
O projeto básico é, sem dúvida alguma, um dos elementos mais 
importantes tanto para a licitação e a contratação como para a execução 
de obras públicas. Nele define-se detalhadamente o objeto a ser licitado/
executado e seu respectivo custo. O projeto básico é tão importante que, 
como regra geral, tanto a lei de licitações (Lei 8.666/93) como a lei que 
instituiu o RDC (Lei 12.462/2011) proíbem a contratação de obras públicas 
sem que ele tenha sido devidamente elaborado e aprovado. A única exceção,como dissemos no tópico anterior, é a contratação integrada, que admite o 
uso do anteprojeto para se contratar a obra.
As irregularidades causadas por projetos básicos incompletos, 
deficientes ou desatualizados são encontradas com frequência nas 
auditorias realizadas pelo TCU e podem causar uma série de problemas 
seja durante a execução da obra ou após a sua conclusão, gerando prejuízo 
ao funcionamento e à durabilidade da construção. 
6 - Acórdãos 1465/2013-TCU-Plenário, 1510/2013-TCU-Plenário e outros.
[ 15 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
7.1. Definição e importância
O termo “projeto básico” tem sido interpretado inadequadamente 
pelos gestores quanto ao seu conteúdo. A palavra “básico”, no dicionário, 
possui o seguinte significado: 1) que serve de base; 2) essencial, principal, 
fundamental7. Dessa forma, ao contrário do que seu nome possa sugerir, 
projeto básico não deve ser interpretado como um projeto simplório ou 
formado por poucos elementos, mas sim como um projeto essencial, que 
vai servir de base para a contratação e execução da obra.
Sua definição legal é a seguinte: projeto básico é o conjunto de 
elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para 
caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto 
da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos 
preliminares (programa de necessidades, EVTE e anteprojetos), que 
assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto 
ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da 
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução8.
A lei de licitações especifica ainda que os projetos básicos devem 
conter os seguintes elementos:
a. desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão 
global da obra e identificação clara de todos os seus elementos;
b. soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente 
detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de modificações 
durante as fases de elaboração do projeto executivo e de 
realização das obras e montagem;
c. identificação de todos os serviços a executar e especificação de 
todos os materiais e equipamentos a serem utilizados;
d. informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos 
construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais 
para a obra;
7 - Dicionário Michaelis, disponível em http://michaelis.uol.com.br/
8 - Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, e Lei 12.462/2011, art. 2º, inciso IV.
Atenção!
A norma técnica 
NBR 13.531/1995 - 
“Elaboração de projetos 
de edificações - Atividades 
técnicas”, da ABNT, 
apresenta um conceito 
divergente para projeto 
básico. Entretanto, 
o conceito da ABNT 
não pode, de maneira 
alguma, ser aplicado à 
administração pública, 
haja vista que ele 
considera o projeto básico 
como uma peça opcional.
[ 16 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
e. subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, 
compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, 
as normas de fiscalização (inclusive critérios de medição) e 
outros dados necessários em cada caso;
f. orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado 
em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente 
avaliados.
Conforme a definição acima, o projeto básico deve conter informações 
detalhadas para que se compreenda perfeitamente o objeto que está sendo 
licitado, como ele se desenvolverá, em que prazo, e ainda possibilite a 
identificação e quantificação de todos os serviços que serão executados, 
bem como a caracterização e quantificação de todos os insumos (mão-de-
obra, materiais e equipamentos) e seus respectivos custos.
Vale notar que, de acordo com a definição legal, a palavra “projeto” 
deve ser interpretada de forma ampla, não se resumindo apenas aos 
desenhos técnicos (plantas), mas a um conjunto de documentos que 
detalham o objeto da licitação (a obra), entre os quais se podem citar os 
memoriais descritivos, as especificações técnicas, a planilha orçamentária e 
o cronograma físico-financeiro.
É comum que projetos básicos deficientes, com informações 
incoerentes, desatualizadas ou faltantes precisem ser alterados ou 
complementados no decorrer da execução da obra. Esse tipo de alteração, 
além de impactar o preço e o prazo inicialmente previstos, abre espaço para 
a ocorrência de várias irregularidades, tais como o superfaturamento, a 
extrapolação dos limites legais de modificação contratual, o desvirtuamento 
das condições iniciais avençadas ou até mesmo a transfiguração do objeto. 
As falhas de projeto podem resultar ainda em atrasos significativos para a 
entrega da obra e, nos casos mais graves, inviabilizar a sua conclusão. 
INFORMAÇÕES DO PROJETO BÁSICO
É necessário que as informações do projeto básico permitam identificar, por exemplo, 
se a estrutura da edificação será de concreto armado, executado no local — o que 
demanda um determinado espaço, equipamentos e materiais disponíveis no canteiro 
de obras para a execução de formas, escoramentos, armaduras — ou ainda se seria 
uma estrutura pré-fabricada industrialmente e somente montada no canteiro de 
obras — o que demanda um conjunto diferente de materiais, além de equipamentos 
específicos de montagem.
Esse plano de licitação 
e gestão da obra está 
diretamente relacionado 
às etapas de contratação 
e fiscalização da obra, 
que serão tratadas nas 
aulas 4 e 5 deste curso.
[ 17 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
Devido à importância do tema e aos inúmeros casos de irregularidade 
em projetos básicos, o TCU pacificou entendimento na Súmula TCU 
261/2010, a seguir transcrita:
SÚMULA TCU 261
Em licitações de obras e serviços de engenharia, é necessária a elaboração de projeto 
básico adequado e atualizado, assim considerado aquele aprovado com todos os 
elementos descritos no art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, 
constituindo prática ilegal a revisão de projeto básico ou a elaboração de projeto 
executivo que transfigurem o objeto originalmente contratado em outro de natureza 
e propósito diversos.
Não é demais lembrar que o projeto básico de uma obra deve ser 
elaborado por profissional legalmente habilitado, com registro no conselho 
profissional, podendo ser contratada empresa específica de engenharia 
ou arquitetura para sua elaboração, nos casos em que o órgão não dispõe 
de uma quantidade suficiente de profissionais técnicos especializados. É 
importante lembrar ainda que, mesmo no caso de contratação de empresa 
especializada, o administrador público permanece com a responsabilidade 
de avaliar se os documentos e projetos fornecidos são adequados, devendo 
exigir do contratado a realização de todos os ajustes necessários. 
Além de exigir que a elaboração do projeto seja feita por profissional 
habilitado e com o devido registro de responsabilidade técnica junto ao 
conselho profissional, a legislação determina que é obrigatória a aprovação 
formal (por escrito) de todo o projeto básico pela autoridade competente. 
Essa aprovação deve se dar previamente ao certame licitatório e serve para 
atestar que o dirigente do órgão tomou conhecimento e está de acordo 
com todas as informações constantes no projeto básico, bem como se 
responsabiliza pela sua completude e atualização. 
Por fim, merece registro que, exceto nos casos de licitação na 
modalidade contratação integrada, prevista pelo RDC, é vedada a 
participação na licitação e/ou na execução da obra de qualquer pessoa física 
ou jurídica que tenha participado da elaboração do projeto básico da obra, 
sendo permitido apenas na condição de consultor ou técnico, nas funções 
de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da 
Administração interessada9.
9 - Lei 8.666/93, art. 9º, e Lei 12.462/2011,art. 36.
[ 18 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
7.2 Atualização/validade do projeto básico
O projeto básico deve ser o mais atual possível, de modo a se evitar 
modificações após a contratação das obras. Entretanto, nas fiscalizações 
realizadas pelo TCU, é recorrente a verificação de utilização de projetos 
básicos desatualizados. Nesse contexto, os gestores costumam apresentar a 
seguinte dúvida: por quanto tempo um projeto básico permanece válido? 
A resposta não é tão simples e varia em função de inúmeros fatores, 
entre os quais se podem destacar o tipo de empreendimento, mudanças 
ocorridas no local das obras, evolução das tecnologias envolvidas, diretrizes 
políticas etc. O próprio programa de necessidades que originou o projeto 
pode ter perdido sua validade, por não atender adequadamente à demanda 
atual. Por esse motivo, antes da adoção de um projeto básico elaborado em 
anos anteriores, várias condicionantes devem ser verificadas. 
A primeira delas diz respeito à sua concepção. Em projetos básicos 
antigos, especialmente quando elaborados sob a gestão de outros 
governantes, nem sempre as diretrizes que orientaram a sua concepção se 
encontram alinhadas com as do atual governo. Assim, quando isso acontece, 
o primeiro ponto a ser observado é se as necessidades da população atendida 
permanecem plenamente atendidas com aquele projeto, sem a necessidade 
de se efetuar modificações nele.
Após essa verificação, faz-se necessário comprovar se as 
características do local em que será implantada a obra permanecem as 
mesmas, ou seja, se não foram realizadas obras de terra que possam ter 
promovido alterações nas condições do local nem foram executadas novas 
construções no terreno, o que poderia acarretar aumento na quantidade de 
demolições e desapropriações, impactando tanto o custo como o prazo do 
empreendimento.
Outro aspecto a ser observado diz respeito às metodologias construtivas 
previstas, bem como aos equipamentos originalmente especificados, que 
podem se tornar inadequados ou ultrapassados após algum tempo.
No caso de obras de saneamento, por exemplo, é comum que, ao se 
tentar executar um projeto de rede de esgoto 5 ou 10 anos após elaborado 
o projeto, as antigas condições do local de implantação já não sejam as 
mesmas. A modificação de loteamentos, das ruas, a presença de novas 
construções não registradas no projeto podem trazer problemas para 
a execução da obra, conduzindo à necessidade de alterações no traçado 
da rede, nas quantidades de serviços previstos e, eventualmente, até a 
paralização da obra para que os ajustes de projeto sejam realizados.
[ 19 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
Também é importante verificar se as premissas adotadas no projeto 
para a população atendida pelo empreendimento ainda permanecem 
válidas, pois, para fins de dimensionamento de todo o sistema, o projetista 
adota a população de início de plano, que é a população atual no momento 
da elaboração do projeto, e prevê uma população de fim de plano, prevendo 
o crescimento demográfico da cidade por período equivalente à do 
empreendimento (usualmente vinte anos). 
Assim sendo, é imprescindível verificar se ambas as populações, 
de início e de fim de plano, ainda se mantêm coerentes com as adotadas 
na concepção do projeto, pois crescimentos demográficos ocorridos no 
período entre a elaboração do projeto e a sua utilização na licitação podem 
demandar ajustes/revisão do projeto sob o risco de redução da vida útil do 
empreendimento.
7.3 Componentes do Projeto Básico
Como visto anteriormente, o projeto básico é composto por desenhos, 
memorial descritivo, especificações técnicas, planilha orçamentária e 
cronograma físico-financeiro, bem como os estudos prévios que o amparam, 
tais como estudos geotécnicos, topográficos, geológicos, hidrológicos, a 
depender das necessidades de cada projeto.
Todas essas peças deverão possuir identificação contendo, pelo 
menos, nome e local da obra, nome da entidade executora, tipo de peça/
projeto, data das revisões, nome dos responsáveis técnicos, número de 
registro no CREA e respectivas assinaturas. Encontram-se disponíveis, na 
biblioteca do curso, alguns exemplos de componentes de projeto para que 
o participante possa ter uma ideia mais clara sobre cada um dos itens que 
serão descritos a seguir.
[ 20 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
Saiba mais...
Na biblioteca do curso 
há um exemplo de 
memorial descritivo que 
pode ser acessado pelo 
participante.
7.3.1 Desenhos
Também denominados de plantas ou projetos propriamente ditos. É 
a representação gráfica do objeto a ser executado, elaborada de modo a 
permitir sua visualização em tamanho adequado, demonstrando formas, 
dimensões, funcionamento e especificações, perfeitamente definida em 
plantas, cortes, elevações, esquemas e detalhes, obedecendo às normas 
técnicas pertinentes.
3-planta baixa de habitação de interesse social. 
Fonte: http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/banco_projetos/projetos_his/casa_42m2.pdf 
7.3.2 Memorial Descritivo
O memorial descritivo é um documento em formato de texto que 
deve conter a descrição detalhada do objeto projetado, levando-se em 
conta as informações definidas no programa de necessidades e nos estudos 
de viabilidade, detalhando as soluções técnicas adotadas, bem como suas 
justificativas, de modo a complementar as informações contidas nos 
desenhos e demais peças do projeto.
[ 21 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
7.3.3 Especificações Técnicas
O caderno de especificações técnicas é um documento em formato 
de texto que reúne todas as regras e condições que devem ser seguidas para 
a execução da obra e dos respectivos serviços, de acordo com as normas 
e práticas aplicáveis, e são estabelecidas as características necessárias e 
suficientes para o desempenho técnico requerido pelo projeto, bem como 
para a contratação dos serviços e obras. 
Neste documento deve estar descrito, em linguagem tão clara quanto 
possível, o detalhamento executivo de cada serviço, ou seja, o modo como 
deverão ser executados, as normas técnicas aplicáveis, e, principalmente, os 
critérios para a sua medição, de modo a se evitar questionamentos futuros. 
Além disso, deve conter descrição técnica dos materiais, equipamentos 
e sistemas construtivos a serem aplicados, inclusive as condições para 
aceitação dos produtos e os testes aplicáveis. 
As especificações técnicas poderão conter informações de 
interesse, detalhes construtivos e outros elementos necessários à perfeita 
caracterização, inclusive catálogos e manuais que orientem a execução 
e inspeção dos serviços. No entanto, a fim de permitir alternativas de 
fornecimento, as especificações técnicas não poderão reproduzir catálogos 
de um determinado fornecedor ou fabricante. 
A indicação de marca é admitida como parâmetro de qualidade, para 
facilitar a caracterização do material ou equipamento, desde que seguida por 
expressões do tipo: “ou equivalente”, “ou similar”, “ou de melhor qualidade”, 
para evitar restrições de marca10.
Cabe à fiscalização acompanhar a execução dos serviços e a aplicação 
dos materiais e equipamentos conforme descrito nas especificações técnicas. 
10 - Acórdão 1292/2003 – TCU – Plenário e 644/2007 – TCU - Plenário 
[ 22 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
7.3.4 Planilha orçamentária
A planilha orçamentária é um documento em formato de planilha 
contendo a relação de todos os serviços necessários à execução do objeto, 
com suas respectivas unidades de medida, quantidades e preços unitários, 
calculados a partir dos projetos e demais especificações técnicas, de modo 
a possibilitar a previsão do preço total de um empreendimento.
Saiba mais...
Na biblioteca do curso 
há um exemplo de 
especificação técnicaque 
pode ser acessado pelo 
participante.
Relacionados à planilha orçamentária, o projeto básico também deve 
conter outras informações mais detalhadas que serão abordadas na aula 
3, como as composições de custo unitário (CPUs) de todos os serviços da 
planilha, bem como os detalhamentos do BDI e dos encargos sociais.
7.3.5 Cronograma Físico-Financeiro
O cronograma físico, também denominado cronograma de 
barras ou gráfico de Gantt, é a representação gráfica da execução de um 
empreendimento apresentando a relação de todos os serviços a serem 
executados e a indicação do tempo de duração de cada um por meio de 
barras. Quanto maior o comprimento da barra, maior será a duração do 
serviço representado.
[ 23 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
Já o cronograma físico-financeiro é a representação gráfica que 
contém, além das informações do cronograma físico, os valores previstos 
para cada um dos serviços em cada um dos períodos de execução da obra. 
dia setembro outubro novembro dezembro
R$
serviço 15 30 15 30 15 30 15 30
fundações 5.000
alvenarias 10.000
forros 16.000
cobertura 20.000
piso e revestimento 15.000
limpeza da obra 2.000
desembolso
mensal 10.000 19.000 24.000 15.000 68.000
O cronograma físico-financeiro é uma importante ferramenta para o 
planejamento, pois permite ao órgão público o conhecimento do montante 
de recursos que serão necessários em cada mês para as despesas da obra. 
Além disso, já que nele são visualizados os serviços que deverão ser 
executados em cada período, possibilita à contratante efetuar o controle 
do andamento da obra e à contratada o adequado dimensionamento da 
mão-de-obra e equipamentos a serem utilizados para o cumprimento dos 
prazos.
O cronograma físico-financeiro deve ser atualizado toda vez que 
houver alterações no prazo da obra e/ou de cada etapa de execução, para 
que reflita as condições reais do empreendimento.
[ 24 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
7.4 Elementos mínimos que deve conter um projeto básico
Uma dúvida recorrente entre os gestores é: quais os desenhos, projetos 
e detalhamentos que devem constar no projeto básico?
A dica para sanar essa dúvida é fazer a seguinte pergunta: se 
determinado desenho for deixado para ser elaborado apenas no projeto 
executivo, pode haver necessidade de modificação das quantidades e/ou 
serviços da planilha orçamentária? 
Se a resposta for positiva, o tal desenho deve, em regra, fazer parte do 
projeto básico. Se a reposta for negativa, esse desenho pode ser elaborado 
apenas no projeto executivo da obra.
A título de exemplificação, analisam-se dois casos práticos comumente 
encontrados. 
CASO PRÁTICO 1
Em uma obra de edificação, o projeto de formas e armação pode ser elaborado apenas após a contratação da obra?
Primeiro vale destacar que os itens de forma, armação e concreto são alguns dos itens mais significativos financeiramente 
em obras de edificações. 
É no projeto de formas que estão definidas as dimensões das peças da estrutura (lajes, vigas e pilares). Portanto, sem 
esse projeto não é possível calcular com grau adequado de precisão a quantidade de formas nem a quantidade de 
concreto necessária à execução da obra.
Da mesma forma, é no projeto de armação que estão os detalhamentos das armaduras de lajes, vigas e pilares, bem 
como a tabela resumo contendo a quantidade e medidas das armaduras utilizadas em cada um daqueles elementos. 
Essas informações são essenciais para calcular adequadamente a quantidade de aço que deve constar na planilha 
orçamentária da obra. 
Existem índices para a quantificação de concreto, formas e aço, usualmente adotados quando não se dispõe dos 
projetos detalhados. Porém esses índices não devem ser utilizados nas licitações regidas pela Lei 8.666/1993 pois 
aumentam a imprecisão do orçamento e o risco de modificações posteriores.
Outro dado importante definido nos projetos de forma e armação é a resistência do concreto. O custo do concreto 
varia bastante em função da sua resistência. A adoção, na planilha, de uma determinada resistência para o concreto 
sem a definição anterior em projeto, aumenta, da mesma forma, a imprecisão e o risco de alterações futuras no 
orçamento.
Pela explicação acima, fica claro que tanto o projeto de formas como o de armação devem fazer parte do projeto 
básico e, portanto, ser desenvolvido antes de licitar a obra.
[ 25 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
CASO PRÁTICO 2
Em uma obra de saneamento, é necessária a realização de sondagens para 
reconhecimento do subsolo ainda na fase de projeto básico?
As sondagens são métodos de investigação do subsolo que tem por objetivo fornecer 
informações sobre o tipo de solo do local: a composição, espessura e resistência das 
diversas camadas, a profundidade do nível d’água, entre outras.
Os itens referentes à escavação e ao escoramento estão entre os mais significativos 
financeiramente em uma típica obra de saneamento. As características do solo que 
será escavado impacta bastante a forma de execução desses serviços (escavação 
manual ou com escavadeira, escoramento aberto, semi-aberto ou fechado etc) e, 
consequentemente, nas composições dos seus preços. 
Por exemplo: a escavação de solo em local com nível do lençol freático elevado pode 
exigir a consideração de custos para bombeamento da água; solos moles ou pouco 
compactos são mais fáceis de escavar (maior produtividade da equipe e, portanto, 
menores custos de escavação), em contraponto requerem maior atenção com o 
escoramento (maiores custos de escoramento); solos compactos ou duros reduzem a 
produtividade da equipe de escavação e a necessidade de escoramento.
Como se pode observar, para viabilizar a previsão adequada dos custos da obra é 
fundamental a realização das sondagens ainda no projeto básico. Portanto, as 
sondagens devem ser realizadas antes da licitação da obra e suas informações serão 
importantes para definir as próprias características do projeto.
[ 26 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
7.4.1 Elementos mínimos de um Projeto Básico de edificações
O TCU, por meio do Acórdão 632/2012-TCU-Plenário, aponta, com 
base na Orientação Técnica 1/2006 do Instituto Brasileiro de Auditoria de 
Obras Públicas (OT - IBR 001/2006), os seguintes elementos mínimos do 
projeto básico de obras de edificações:
ELEMENTOS MÍNIMOS DO PROJETO BÁSICO DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES
Levantamento topográfico
Sondagens
Projeto arquitetônico
Projeto de terraplanagem
Projeto de fundações
Projeto estrutural
Projeto de instalações hidrossanitárias (água fria, água quente, esgotos sanitários, 
águas pluviais, irrigação e drenagem)
Projeto de instalações elétricas
Projeto de instalações telefônicas
Projeto de instalações de detecção e alarme e de combate à incêndio
Projeto de Instalações Especiais 
Obs: a depender da destinação da edificação, pode haver projetos para outras 
instalações especiais, tais como circuito interno de televisão, sonorização, antenas 
de TV, controle de acesso, automação predial, escadas rolantes, compactadores de 
resíduos sólidos, gás combustível, vácuo, ar comprimido, oxigênio etc.
Projeto de instalações de ar condicionado e calefação
Projeto de instalação de transporte vertical (elevadores)
Projeto de paisagismo
Orçamento detalhado
Cronograma físico-financeiro
[ 27 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
A OT - IBR 001/2006 detalha ainda qual seria o conteúdo mínimo 
de cada um desses projetos. Além da tabela para edificações (item 6.1), há 
tabelas específicas para obras rodoviárias e obras de pavimentação urbana.
Vale destacar que o detalhamento apresentado é apenas um referencial 
mínimo, ou seja, o projeto básico poderá conter elementos adicionais aos 
elencados, cabendo aoprojetista, de acordo com as particularidades de 
cada empreendimento, produzir o conteúdo adicional necessário.
7.4.2 Elementos mínimos de um Projeto Básico de drenagem 
e saneamento
Na tabela a seguir, são apresentados os elementos mínimos 
recomendados em projetos básicos de obras de drenagem, abastecimento de 
água e esgotamento sanitário. Essa tabela não consta da OT - IBR 001/2006, 
mas foi elaborada considerando-se as características específicas desse tipo 
de obra e tendo como referência as tabelas existentes para edificações, 
rodovias e pavimentação urbana.
ELEMENTOS MÍNIMOS EM PROJETOS BÁSICOS DE OBRS DE DRENAGEM, 
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO SANITÁRIO
Desapropriações
Levantamento topográfico
Sondagens
Projeto geral de concepção do sistema
Projeto da estação de tratamento, estações elevatórias e reservatórios, inclusive os 
de acumulação de cheias (bacias de detenção)
Projeto de rede drenagem urbana
Projeto da rede de abastecimento de água
Projeto da rede coletora de esgotamento sanitário
Projeto de adutoras, linhas de recalque, coletores tronco, interceptores e emissários
Projeto de repavimentação urbana
Projeto de interferências
Projeto de remanejamento viário
Orçamento detalhado
Cronograma físico-financeiro
Saiba mais...
O conteúdo completo da 
OT – IBR 001/2006 pode 
ser acessado na biblioteca 
do curso ou no endereço 
http://www.ibraop.org.br/
media/orientacao_tecnica.
pdf
Para cada um dos itens acima listados, também há um detalhamento 
do conteúdo mínimo, que está disponível na biblioteca do curso. 
[ 28 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
8. Licenciamento Ambiental
A lei determina que o projeto básico deve contemplar o adequado 
tratamento dos impactos ambientais do empreendimento11, concretizado 
pelo licenciamento ambiental12, que tem a seguinte definição: procedimento 
administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a 
localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e 
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou 
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam 
causar degradação ambiental13.
De um modo geral, a “licença” é um instrumento de controle da 
administração pública pelo qual ela autoriza o exercício de alguma 
atividade, desde que atendidas condicionantes e requisitos legais.
O licenciamento ambiental é composto por três tipos de licenças que 
devem ser obtidas na seguinte sequência:
a. Licença Prévia - antes da conclusão do projeto básico;
b. Licença de Instalação - antes do início da execução das obras; e
c. Licença de Operação - antes do início do funcionamento do 
empreendimento.
As referidas licenças devem ser obtidas no órgão ambiental 
competente. A definição desse órgão licenciador segue o critério da 
abrangência do impacto: se local, cabe aos municípios; se extrapola 
mais de um município dentro de um mesmo estado, cabe a este estado 
o licenciamento; se ultrapassa as fronteiras do estado ou do país, cabe ao 
órgão federal. A Resolução Conama 237/1997 detalha a regra, que pode ser 
resumida no quadro a seguir14: 
11 - Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX.
12 - Lei 6.938/1981, art. 10.
13 - Resolução Conama 237/1997, art. 1º, inciso I.
14 - Idem, arts. 4º, 5º e 6º.
[ 29 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
Ente licenciador Competência para licenciar
Órgãos ambientais municipais
Empreendimentos e atividades de impacto ambiental local 
e daqueles sobre os quais houve delegação pelo estado por 
instrumento legal ou convênio.
Órgãos ambientais estaduais
Empreendimentos e atividades:
- localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em 
unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito 
Federal;
- localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de 
vegetação natural de preservação permanente relacionadas no 
artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as 
que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou 
municipais;
- cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites 
territoriais de um ou mais Municípios;
- delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por 
instrumento legal ou convênio.
Ibama
Empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental 
de âmbito nacional ou regional, a saber:
- localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país 
limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona 
econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de 
conservação do domínio da União.
- localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
- cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites 
territoriais do País ou de um ou mais Estados;
- destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, 
armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que 
utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, 
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - 
CNEN;
- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a 
legislação específica.
Empreendimentos e atividades sujeitos a licenciamento pelo órgão 
ambiental estadual, nos casos de ausência ou omissão deste (atuação 
supletiva).
[ 30 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
O licenciamento ambiental não é obrigatório para todo e qualquer 
empreendimento. O Anexo 1 da Resolução 237/1997 do Conselho Nacional 
do Meio Ambiente (Conama) lista as atividades e empreendimentos 
sujeitos ao licenciamento ambiental, entre os quais se destacam os seguintes 
comumente encontrados em municípios:
Empreendimentos relacionados a obras de urbanização e 
saneamento:
a. estações de tratamento de água;
b. interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de 
esgoto sanitário;
c. tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive 
aqueles provenientes de fossas;
d. tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e 
sólidos);
e. tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de 
agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde, 
entre outros;
f. recuperação de áreas contaminadas ou degradadas;
g. parcelamento do solo;
h. distrito e pólo industrial; 
i. complexos turísticos e de lazer.
Empreendimentos relacionados a obras hídricas:
a. dragagem e derrocamentos em corpos d’água;
b. canais para drenagem;
c. retificação de curso de água;
d. abertura de barras, embocaduras e canais;
e. transposição de bacias hidrográficas.
[ 31 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
Atividades acessórias de obras:
a. extração e tratamento de minerais;
b. usinas de produção de concreto;
c. usinas de asfalto.
Vale observar que o Anexo 1 da Resolução 237/1997 do Conama 
relaciona apenas alguns exemplos, de modo que outros tipos de 
empreendimentos podem necessitar de licenciamento ambiental, desde que 
utilizem recursos ambientais e sejam considerados efetiva ou potencialmente 
poluidores, ou desde que sejam capazes de causar degradação ambiental.
Além disso, mesmo que não seja necessário obter esse licenciamento 
para o empreendimento em si, o órgão público deve se certificar de que 
jazidas e bota-fora utilizados pela executora da obra estão devidamente 
regularizados e possuem as licenças ambientais. 
A falha ou ausência de licenciamento ambiental é crime e pode 
ocasionar também o embargo de obra ou sua demolição, nos termos do art. 
60 da Lei 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais). 
O não cumprimento das medidas necessárias à preservação ambiental 
ou à correção dos inconvenientes e danos causados ao meio ambiente 
pode acarretar também a aplicação de multa, conforme o art. 14 da Lei 
6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente). Também responde pela 
condutairregular a autoridade competente que deixar de promover as 
medidas tendentes a impedir essas práticas.
Caberá ao poluidor, independente da existência de culpa, indenizar 
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros. 
[ 32 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
CASO PRÁTICO
A construção de uma escola necessita de licenciamento ambiental?
Em regra, a construção de empreendimentos escolares não necessita de licenciamento 
ambiental, pois não é considerado empreendimento potencialmente poluidor ou 
causador de dano ambiental. Apesar disso, esse tipo de obra pode necessitar de 
licenciamento ambiental, por exemplo, se sua implantação estiver prevista em terreno 
com alguma das seguintes particularidades: área de proteção ambiental; várzea de 
córregos ou rios; terreno com vegetação nativa etc. 
Nestes casos, é importante consultar o órgão ambiental para verificar sobre a 
necessidade de licenciamento ambiental, já que pode ser necessária a adoção de 
medidas ambientais compensatórias.
Na mesma linha, existem outras situações em que o órgão ambiental pode até mesmo 
se negar a conceder a licença ambiental, por exemplo, se sua implantação estiver 
prevista em local que tenha sido aterrado com material orgânico, pois sujeitaria a 
construção a riscos de explosões.
Como se pode observar, mesmo empreendimentos que, a princípio, não causem 
nenhuma forma de degradação do meio ambiente, podem estar sujeitos a 
licenciamento ambiental.
8.1 Licença Prévia
A Licença Prévia (LP) atesta a viabilidade ambiental do 
empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção e 
estabelecendo condicionantes e medidas a serem tomadas para reduzir os 
danos ambientais causados. 
Sua finalidade é definir as condições com as quais o projeto torna-se 
compatível com a preservação do meio ambiente que afetará. É também 
um compromisso assumido pelo empreendedor de que seguirá o projeto de 
acordo com os requisitos determinados pelo órgão ambiental.
A Licença Prévia deve ser obtida antes da conclusão do projeto básico, 
pois todas as medidas exigidas na licença devem estar devidamente previstas 
no projeto básico. Além disso, há a possibilidade de o órgão ambiental 
manifestar-se pela inviabilidade ambiental da obra, o que ensejaria a 
necessidade de alteração da localização da obra e/ou de modificação de 
toda a concepção do projeto.
O prazo de validade da LP deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo 
cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao 
[ 33 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
empreendimento, podendo ser prorrogado, desde que não ultrapasse o 
prazo máximo de cinco anos15. 
A obtenção da Licença Prévia pode depender da elaboração de Estudo 
de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental 
(RIMA). O art. 2º da Resolução 001/1986 do Conama lista as atividades que 
precisam do EIA/RIMA. São elas:
a. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
b. Ferrovias;
c. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
d. Aeroportos, [...];
e. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e 
emissários de esgotos sanitários;
f. Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
g. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais 
como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de 
saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, 
drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de 
barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
h. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
i. Extração de minério, [...];
j. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos 
tóxicos ou perigosos;
k. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de 
energia primária, acima de 10MW;
l. Complexo e unidades industriais e agro-industriais 
(petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de 
álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);
m. Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
15 - Resolução Conama 237/1997, art. 18, inciso I e § 1º.
[ 34 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
n. Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima 
de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas 
em termos percentuais ou de importância do ponto de vista 
ambiental;
o. Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas 
de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos 
municipais e estaduais competentes; e
p. Qualquer atividade que utilize carvão vegetal em quantidade 
superior a dez toneladas por dia.
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deve: i) ser elaborado por equipe 
multidisciplinar habilitada; ii) contemplar todas as alternativas tecnológicas 
e de localização de projeto, comparando-as com a hipótese de não execução 
do projeto; iii) identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas 
fases de implantação (que é a obra propriamente dita) e operação (que 
corresponde ao uso posterior à conclusão das obras); iv) definir os limites 
da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, 
denominada área de influência do projeto; considerando, em todos os 
casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; e, por fim, v) considerar os 
planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de 
influência, e sua compatibilidade com o projeto.
As seguintes atividades técnicas, no mínimo, devem ser desenvolvidas 
em um EIA16:
a. diagnóstico ambiental da área de influência do 
empreendimento contendo a descrição e análise dos recursos 
ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a 
caracterizar a situação ambiental da área de influência do 
empreendimento, antes da implantação do projeto, considerando 
os meios físico (o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando 
os recursos minerais, o relevo, os tipos e aptidões do solo, os 
corpos d’água, o regime de chuvas etc.), biológico (animais e 
plantas) e socioeconômico (o uso e ocupação do solo, os usos 
da água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos 
arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações 
de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais 
e a potencial utilização futura desses recursos);
b. análise dos impactos ambientais do projeto e de suas 
alternativas, por meio da identificação, previsão da extensão e 
16 - Resolução Conama 001/1986, art. 6º.
[ 35 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, 
discriminando: os impactos positivos e negativos, diretos e 
indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e 
permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades 
cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos custos e benefícios 
sociais; 
c. definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, 
entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento 
de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas; e
d. elaboração do programa de acompanhamento e 
monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando 
os fatores e parâmetros a serem considerados.
O órgão responsável pelo licenciamento avaliará e indicará, conforme 
o caso, a necessidade de realização de audiências públicas para que a 
população afetada possa participar efetivamente do processo17.
Nos casos em que o impacto ambiental de determinada atividade for 
considerado não significativo, o órgão ambiental competente pode solicitar 
outros estudos ambientais mais simplificados18 que o EIA, tais como: (i) 
relatório ambiental; (ii) plano e projeto de controle ambiental; (iii) relatório 
ambiental preliminar; (iv) diagnóstico ambiental; (v) plano de manejo; (vi) 
plano de recuperaçãode área degradada; e (vii) análise preliminar de risco.
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), por sua vez, consiste em 
uma espécie de resumo do EIA, escrito em linguagem mais acessível, com 
o objetivo de atender à demanda da sociedade por informações a respeito 
do empreendimento e de seus impactos, devendo ser ilustrado por mapas, 
quadros, gráficos e outras técnicas de comunicação visual, de modo que 
se possam entender claramente as possíveis consequências ambientais do 
projeto e suas alternativas, comparando vantagens e desvantagens de cada 
uma delas19.
8.2 Licença de Instalação
A Licença de Instalação atesta a inclusão das medidas mitigadoras 
no projeto e, assim, permite que seja iniciada a obra propriamente dita. 
Nenhuma obra sujeita a licenciamento ambiental pode ser iniciada sem a 
respectiva Licença de Instalação (LI).
17 - Idem, art. 11, § 2º.
18 - Resolução Conama 237, art. 12, § 1º.
19 - Milaré, Édis; Benjamin, Antonio Herman V. Estudo prévio de impacto ambiental: teoria, prática e legislação. São 
Paulo: RT, 1993, p. 47.
A licença de instalação deve 
ser obtida antes do início 
efetivo das obras.
Atenção!
[ 36 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
Ao conceder a LI, o órgão gestor de meio ambiente terá:
a. autorizado o empreendedor a iniciar as obras; 
b. concordado com as especificações constantes dos planos, 
programas e projetos ambientais, seus detalhamentos e 
respectivos cronogramas de implementação; 
c. verificado o atendimento das condicionantes determinadas na 
licença prévia; 
d. estabelecido medidas de controle ambiental, com vistas 
a garantir que a fase de implantação do empreendimento 
obedecerá aos padrões de qualidade ambiental estabelecidos em 
lei ou regulamentos; e 
e. fixado as condicionantes da licença de instalação (medidas 
mitigadoras e/ou compensatórias).
Vale lembrar que o licenciamento é um compromisso, assumido 
pelo empreendedor junto ao órgão ambiental, de atuar conforme o projeto 
aprovado. Portanto, alterações promovidas no projeto após a emissão da 
LP e/ou da LI, que possam ampliar sua área de influência ou modificar 
qualquer das formas de prejuízo ambiental originalmente previstas, devem 
ser levadas novamente ao conhecimento do órgão ambiental. 
O prazo de validade da Licença de Instalação deverá ser, no mínimo, o 
estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento, podendo 
ser prorrogado, desde que não ultrapasse o prazo máximo de seis anos20.
8.3 Licença de Operação
A Licença de Operação (LO) possibilita o funcionamento do 
empreendimento, após a verificação do cumprimento de todas as condições 
previstas pelas licenças anteriores.
Sendo assim, a licença de operação possui três características básicas: 
a. é concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, do efetivo 
cumprimento das condicionantes estabelecidas nas licenças 
anteriores (prévia e de instalação); 
20 - Resolução Conama 237/1997, art. 18, inciso II e § 1º.
[ 37 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
b. contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais), 
que servirão de limite para o funcionamento do empreendimento 
ou atividade; e 
c. especifica as condicionantes obrigatórias determinadas para a 
operação do empreendimento. Condicionantes que, caso não 
cumpridas, podem causar a suspensão ou cancelamento da 
operação. 
O prazo de validade da Licença de Operação deverá considerar os 
planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 anos e, no máximo, 
10 anos, podendo o órgão ambiental competente estabelecer prazos de 
validade específicos para empreendimentos ou atividades que, por sua 
natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação 
em prazos inferiores21.
A renovação da Licença de Operação de uma atividade ou 
empreendimento deverá ser requerida no mínimo 120 dias antes do 
término de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando esse 
prazo automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão 
ambiental22.
Nessa ocasião, o órgão ambiental poderá, mediante decisão 
motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação 
do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no período 
de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos (de 4 a 10 anos)23.
Por fim, merece registro que o órgão ambiental monitora, ao longo do 
tempo, o trato das questões ambientais e das condicionantes determinadas 
ao empreendimento.
21 - Idem, art. 18, inciso III e § 2º.
22 - Idem, art. 18, § 4º.
23 - Idem, art. 18, § 3º.
[ 38 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
9. Projeto executivo
De acordo com sua definição legal, projeto executivo é o conjunto dos 
elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo 
com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - 
ABNT24.
A NBR 13.531/1995, por sua vez, define projeto executivo como 
uma etapa destinada à concepção e à representação final das informações 
técnicas da edificação e de seus elementos, instalações e componentes, 
completas e definitivas, necessárias e suficientes à licitação (contratação) e 
à execução dos serviços de obra correspondentes.
Diante dessas definições e considerando que o projeto básico também 
deve conter todos os elementos necessários e suficientes à caracterização da 
obra, elaboração de seu orçamento e sua licitação, pode surgir a dúvida de 
quais seriam efetivamente os elementos que diferenciam o projeto básico 
do executivo.
Em síntese, pode-se dizer que o projeto executivo seria o projeto 
básico complementado por informações que não acarretem impacto no 
orçamento ou que este impacto seja mínimo e insignificante25.
Cita-se, como exemplo, o projeto estrutural de uma edificação em 
concreto armado, que, como visto anteriormente, deve, obrigatoriamente, 
fazer parte do projeto básico. As plantas de formas são peças constantes de 
um projeto de estruturas. Nelas serão discriminadas as dimensões de todos 
os elementos estruturais da obra. A partir dessas plantas, o orçamentista 
pode calcular os quantitativos de forma para incluir o serviço na planilha 
orçamentária, considerando as dimensões de cada viga, pilar, laje, bem 
como o tipo de forma a ser utilizada para a confecção desses elementos.
Existe, entretanto, a possibilidade de melhor particularizar esses 
projetos. Pode-se elaborar o “projeto executivo de formas”, no qual será 
definido com mais detalhes o procedimento executivo de cada peça 
estrutural, indicando-se a dimensão das chapas de madeirite e a posição 
dos cortes nessas chapas de modo a otimizar o seu reaproveitamento, o 
posicionamento das peças para escoramento das lajes e o travamento das 
vigas e pilares etc.
24 - Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso X.
25 - Acórdão 1874/2007 – TCU – Plenário
[ 39 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 2 - Elaboração de Projetos
São detalhes importantes à execução da obra, que visam à eficiência 
no uso dos recursos e reduzem o risco de erros construtivos, mas que não 
têm impacto no custo da obra, já que não se modificam as quantidades ou 
as dimensões dos elementos estruturais; nem a quantidade de aço ou as 
especificações do concreto.
Outro exemplo possível é um projeto hidrossanitário. Em ramais de 
esgoto pode ser necessário furar algum elemento estrutural para passar 
os tubos com o caimento especificado. O projeto executivo detalhará o 
exato posicionamento, dimensão e altura do furo, bem como a posição das 
emendas e das conexões, de acordo com a inclinação indicada no projeto 
básico. Sem modificar, todavia, o comprimento ou a bitola da tubulação26.
10. Critérios importantes de concepção de projeto
Nos tópicos anteriores desta aula vimos as características gerais dos 
projetos e as informações que deles devem fazer parte, de tal modo que 
seja possível

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