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APOSTILA DIGITAL Dengue, Zika, chikungunya: o que eu preciso saber? 2 UNIDADE 1 O mosquito Professor Cornélio Schwamb Os mosquitos são insetos pertencentes ao filo dos artrópodes. Alguns zoólogos estimam que o número de artrópodes poderia chegar a um bilhão de espécies. Esse número parece um tanto exagerado, mas até hoje já foram descritos mais de um milhão de artrópodes. De cada três espécies descritas, duas são de artrópo- des. Os habitats são muito variados, pois eles são cosmopolitas. São considerados os animais mais bem-sucedidos. São características comuns a todos os artrópodes: • Patas articuladas. • Exoesqueleto quitinoso – necessidade de mudas ou ecdise. • Corpo segmentado com metameria evidente. • Tubo digestório completo. • Sistema circulatório aberto. • Sistema nervoso ganglionar e ventral – hiponeuros. Classe dos insetos ou insecta (hexapoda) Insetos (do latim insecta = seccionado) representam o maior grupo de animais de todos os filos, formado por moscas, louva- -a-deus, baratas e percevejos, entre outros, totalizando quase um milhão de espécies. Os insetos vivem em praticamente todos os habitats e apresentam a capacidade de voar, o que está associado à dispersão, à procura de alimento e à facilidade no acasalamento. Divisão do corpo: cabeça + tórax + abdome Cabeça A cabeça é constituída pela fusão de seis segmentos. Nela en- contram-se duas antenas (díceros), com várias formas, que apre- sentam função táctil e olfativa. Na cabeça também são encontradas várias peças peribucais que podem ter a função de triturar, lamber, picar e sugar. Fonte: Disponível em: <http://www.geocities.ws/ apotecionegro/insetos.html>. Acesso em: 12 maio 2017. Tórax É composto por protórax, mesotórax e metatórax. Cada seg- mento apresenta um par de patas, ou seja, 3 pares (hexápodas). Na maioria dos insetos, existe um par de asas do mesotórax e um no metatórax. Patas: unirramias formadas por 5 artículos. Fonte: Disponível em: <http://www.geocities.ws/ apotecionegro/insetos.html>. Acesso em: 12 maio 2017. Abdome É o centro de nutrição e reprodução dos insetos, parte mais volumosa do corpo. Podemos encontrar de 7 a 12 segmentos. Nas fêmeas, o último segmento se modifica em ovopositor. No abdome não existem apêndices. Pode apresentar rudimentos de apêndices como os cercos e estilos, nas baratas, e os ferrões, nas abelhas. A respiração é traqueal e a excreção é por túbulos de Malpighi. A) Cabeça B) Tórax C) Abdome 1. Antenas 2. Ocelo (inferior) 3. Ocelo (superior) 4. Olho composto 5. Cérebro (gânglios cerebrais) 6. Protórax 7. Artéria dorsal 8. Tubos traqueais e espiráculos 9. Mesotórax 10. Metatórax 11. Asa anterior 12. Asa posterior 13. Intestino médio (mesêntero) 14. Coração 15. Ovário 16. Intestino posterior (proctodeo) 17. Ânus 18. Vagina 19. Gânglios abdominais 20. Túbulos de Malpighi 21. Tarsômero 22. Garras tarsais 23. Tarso 24. Tíbia 25. Fêmur 26. Trocanter 27. Intestino anterior (estomodeo) 28. Gânglios torácicos 29. Coxa 30. Glândula salivar 31. Gânglio subesofágico 32. Peças bucais PI OT R JA W OR SK I, PI OM ,1 7 V 20 05 R. , P OL AN D/ PO ZN AŃ /W IK IM ED IA C OM M ON S Asas Expansões membranosas do meso e metatórax. As asas podem ser: membranosas (abelhas, vespas, formigas); élitros (mesotórax de besouro); pergamináceas ou tégminas (mesotórax de grilo, bara- tas); hemiélitros (percevejo e barbeiro); balancins (segundo par de asas dos dípteros atrofiado e modificado em halteres). Em relação à presença e ao número de asas, os insetos são divididos em: • Pterigógenos: com asas. Podem ser dípteros (duas asas: moscas) ou tetrápteros (quatro asas: besouro). • Apterigógeno: sem asas (traças). 3 Díptera A ordem Díptera, que compreende moscas, mosquitos e afins, é um dos grupos de insetos mais diversos, tanto ecologicamente quanto em termos de riqueza de espécies. Dípteros estão distribuí- dos por todos os continentes, incluindo a Antártica, e têm coloniza- do com sucesso praticamente qualquer tipo de habitat, sobretudo em ambiente aquático, no qual ocorre o estágio larval. As larvas de dípteros podem ocupar zonas marinhas costeiras e estuários, lagos de toda profundidade, rios e riachos de todo tamanho e velocidade, águas estagnadas, águas termais, poços de petróleo e fitotelmos. Pode-se dizer que o único habitat inexplorado por dípteros é o Mar Aberto (COURTNEY e MERRITT, 2008). Uma pequena proporção das famílias da ordem é estritamen- te aquática (Culicidae, Chaoboridae, Blephariceridae, Dixidae, Canacidae, Simuliidae, entre outras), e cerca de metade das outras famílias tem uma representatividade variável de espécies ocupando este ambiente. Fonte: Disponível em: <http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/ Guia_online/Guia_Diptera.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2017. Você sabia? O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últi- mas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataquem também durante à noite. O indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça imediatamente. Fonte: Disponível em: <http://www.dengue.org.br/Site_da_ Dengue_www_dengue_org_br.pdf>. Acesso em: 12 maio 2017. Saiba mais Saliva do Aedes aegypti pode tratar doenças inflamatórias do intestino Muito além dos vírus da dengue, chikungunya e a temida Zika, cientistas encontram na saliva do mosquito Aedes aegypti subs- tâncias capazes de controlar a imunidade do hospedeiro (por en- quanto, animais de laboratório). Os últimos resultados de testes laboratoriais realizados durante pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da USP, mostram que o extrato salivar do mosquito tem ação benéfica sobre doenças inflamatórias do intestino (DII), como a colite ulcerativa e a doença de Crohn. A equipe coordenada pela professora Cristina Ribeiro de Barros Cardoso comprovou a eficácia desse extrato da glândula salivar do mosquito ao tratar camundongos com inflamação intestinal. A pesquisadora conta que usaram um dos modelos experimentais mais comuns, no qual camundongos desenvolvem colite ao ingerir uma droga chamada dextran sulfato de sódio, que foi adicionada à água. Com a inflamação instalada e os animais com os principais sintomas da doença (diarreia, perda de peso e sangramento intes- tinal), começaram o tratamento. Logo no início, após três ou quatro dias recebendo o extrato de saliva do mosquito, todos apresentaram melhora clínica geral, “com diminuição dos sinais clínicos relacionados à gravidade da doença, além de melhora em diferentes aspectos estruturais do próprio intestino”, diz a professora Cristina. O tratamento diminuiu ainda a “infiltração de células inflamató- rias no local da doença [intestino] e também a produção de substân- cias do sistema imune associadas à piora clínica, como as citocinas inflamatórias”. Essas citocinas (interferon gama, fator de necrose tumoral alfa, interleucina 1 beta e interleucina 5) são proteínas pro- duzidas por diferentes tipos de células durante a inflamação e estão diretamente associadas ao desenvolvimento da colite ulcerativa e da doença de Crohn. Apesar de se insistir que estudos mais aprofundados continuam e que ainda não é possível falar em terapêutica imediata para hu- manos, os pesquisadores estão otimistas. Além de todas essas respostas positivas, chamou a atenção o fato de o extrato de saliva não ter sido, a princípio, tóxico para as células da imunidade. Mes- mo assim, Cristina garante que são necessários testes pré-clínicos específicos para confirmar que “o extrato salivar do mosquito ou algumas de suas moléculas imunomoduladoras possam ser usadas com segurança em seres humanos”. Fonte: Disponível em: <http://www5.usp.br/105499/saliva-do-aedes- aegypti-pode-tratar-doenca-intestinal/>.Acesso em: 18 abr. 2017. Sites interessantes • Diptera.info: <http://www.diptera.info/news.php> • World Diptera Systematists Home Page: <http://hbs.bishop- museum.org/dipterists/> • Diretório de Dipterólogos da América do Sul: <http://zoo.bio. ufpr.br/diptera/south/sadiptera1.htm> • Tree of Life Web Project - Diptera: <http://tolweb.org/Diptera> • CSIRO Anatomical Atlas of Flies: <http://www.ento.csiro.au/ biology/fly/flyGlossary.html> • <http://www.mdsaude.com/2012/04/fotos-mosquito-dengue. html> • <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/links-de-inter- esse/301-dengue/14610-curiosidades-sobre-o-aedes-aegypti> • <http://www.dengue.org.br/Site_da_Dengue_www_den- gue_org_br.pdf> 4 UNIDADE 2 Doenças históricas Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é o bem-estar físico, psíquico e social. Logo, qualquer distúrbio num desses setores caracteriza doença. São muitos os tipos de doenças. Normalmente, uma moléstia é a resultante de várias causas que devem ser identificadas e combatidas para que possa ser curada. Conhecendo as causas, é possível programar medidas profiláticas eficientes. A parasitologia é uma ciência que se baseia no estudo dos parasitas e suas relações com o hospedeiro. A epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocorrência de doenças em populações humanas e os fatores determinantes desses padrões (LILIENFELD, 1980). Conceitos Doença Uma doença pode ser definida como uma alteração biológica do estado de saúde de um organismo. Geralmente, as doenças são enquadradas em dois grandes gru- pos: as infecciosas e as não infecciosas. Doenças infecciosas São aquelas causadas por micro-organismos como vírus, bac- térias, protozoários e outros que se instalam em nosso corpo. Con- siderando-se que os micro-organismos podem ser transferidos de um indivíduo para outro, essas doenças são contagiosas. Doenças não infecciosas • Carenciais: São aquelas resultantes da falta de nutrientes essenciais na alimentação. Como exemplo, podemos citar as doenças causadas por deficiência de vitaminas, como a cegueira noturna; ou por falta de elementos minerais, como as anemias e o bócio. • Mentais: São aquelas que atingem o sistema nervoso central e, de alguma forma, interferem no comportamento normal do indivíduo. Como exemplo, podemos citar a depressão, a angústia, a ansiedade, a síndrome do pânico etc. • Por agentes agressores: Podemos incluir nesse grupo as alergias, as intoxicações, o envenenamento, o alcoolismo, a asma, a tosse em virtude do fumo etc. • Hereditárias e congênitas: Os males hereditários resultam da natureza de nossos genes ou de alguma alteração cromos- sômica, como a hemofilia e a síndrome de Down. Congênitos são os males adquiridos durante o desenvolvimento embrio- nário, como várias deformidades físicas, por exemplo. • Degenerativas: São causadas pelo desgaste do corpo, ou seja, relacionadas à senilidade. Podemos citar como exemplo o reumatismo, vários males cardíacos, artrite, arteriosclerose, catarata, câncer, AVC. Agente etiológico É o causador da doença. Ex.: Trypanosoma cruzi é o causador da doença de Chagas. Vetor É o transmissor da doença, o veículo que transmite o parasito entre dois hospedeiros. Ex.: Anopheles darlingi é o transmissor do Plasmodium vivax da malária. Profilaxia ou medidas profiláticas São as ações que devem ser tomadas a fim de evitar a infec- ção. Ex.: no caso da malária, eliminar os focos de mosquitos transmissores. Epidemia ou surto É a ocorrência de casos em uma certa região que ultrapassam a incidência normalmente esperada da doença e derivada de uma fonte comum de propagação. Trata-se de um grande número de casos em um curto espaço de tempo ou quando o número de ca- sos ultrapassa nitidamente a incidência esperada de uma doença derivada de uma fonte comum de infecção ou propagação. Endemia É a prevalência usual de determinada doença em relação à área. Uma doença é considerada endêmica quando sua incidência per- manece constante por vários anos, indicando um equilíbrio com relação à população de afetados. É o número esperado de casos de um evento em determinada época, ou seja, é a prevalência usual de determinada doença em certa área. Ex.: malária na Amazônia; a doença de Chagas no Brasil Central. Pandemia Diz-se de doença contagiosa de caráter epidêmico que se propa- ga rapidamente, atingindo grande número de pessoas nas popula- ções de um continente ou de todo o mundo. Ex.: gripe espanhola, gripe asiática. Você sabia? O mosquito Aedes aegypti faz parte da história e vem se espalhando pelo mundo desde o período das colonizações O mosquito da dengue é oriundo da África, mais precisamente do Egito. A partir do século XVI, espalhou-se pelo mundo especial- mente com as Grandes Navegações. O mosquito se adaptou mais nos países tropicais, uma vez que neles as temperaturas médias são mais elevadas. No Brasil os primeiros relatos de dengue são do fim do século XIX. Hoje o mosquito se encontra em todo território nacional, representando um dos grandes problemas associados 5 à transmissão de várias viroses. O link a seguir trata da história da dengue no mundo: <http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/ longatraje.html>. Você sabe o que foi a Revolta da Vacina? A Revolta da Vacina mostra um pouco do medo em relação ao desconhecido, ela ocorreu no início do século XX. Leia: <http:// www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_da_vacina.htm>. Acesso em: 18 abr. 2017. Saiba mais Descrição Doença febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresenta: infecção inaparente, den- gue clássico (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) ou síndro- me do choque da dengue (SCD). Atualmente, é a mais importante arbovirose que afeta o ser humano e constitui sério problema de saúde pública no mundo. Ocorre e dissemina-se especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mos- quito vetor. Agente etiológico É um vírus RNA. Arbovírus do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae. São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. Reservatório A fonte da infecção e reservatório vertebrado é o ser humano. Foi descrito na Ásia e na África um ciclo selvagem envolvendo macacos. Vetores São mosquitos do gênero Aedes. A espécie Aedes aegypti é a mais importante na transmissão da doença e também pode ser transmissora da febre amarela urbana. O Aedes albopictus, já pre- sente nas Américas, com ampla dispersão nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, é o vetor de manutenção da dengue na Ásia, mas até o momento não foi associado à transmissão da dengue nas Américas. Modo de transmissão A transmissão se faz pela picada dos mosquitos Aedes aegypti, no ciclo ser humano-Aedes aegypti-ser humano. Após um repas- to de sangue infectado, o mosquito está apto a transmitir o vírus depois de 8 a 12 dias de incubação extrínseca. A transmissão me- cânica também é possível, quando o repasto é interrompido, e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro susceptível próximo. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com pessoa sadia, nem por intermédio de água ou alimento. Período de incubação Varia de 3 a 15 dias, e a média é de 5 a 6 dias. Período de transmissibilidade O período de transmissibilidade da doença compreende dois ciclos: um intrínseco, que ocorre no ser humano, e outro extrínseco, que ocorre no vetor. A transmissão do ser humano para o mosquito ocorre enquanto houver presença de vírus no sangue do ser humano (período de viremia). Este período começa um dia antes do aparecimento da febre e vai até o sexto dia da doença. No mosquito, após um repasto de sangue infectado, o vírus vai se localizar nas glândulas salivares da fêmea do mosquito, onde se multiplica depois de 8 a 12 dias de incubação. A partir deste momento, é capaz de transmitir a doença e assim permanece até o fim desua vida (6 a 8 semanas). Imunidade e susceptibilidade A susceptibilidade ao vírus da dengue é universal. A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga). Entretanto, a imunidade cruzada (heteróloga) existe temporariamente. A fisiopatogenia da resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode ser primária e secundária. A resposta primária ocorre em pessoas não expostas anteriormente ao flavivírus, e o título dos anticorpos se eleva lentamente. A resposta secundária ocorre em pessoas com infecção aguda por dengue, mas que tiveram infecção prévia por flavivírus, e o título de anticorpos se eleva rapidamente, atingindo níveis altos. A susceptibilidade em relação à FHD não está totalmente esclarecida. Três teorias mais conhecidas tentam explicar sua ocorrência: • Teoria de Rosen – relaciona o aparecimento de FHD à viru- lência da cepa infectante, de modo que as formas mais graves sejam resultantes de cepas extremamente virulentas; • Teoria de Halstead – relaciona a FHD com infecções sequen- ciais por diferentes sorotipos do vírus da dengue, após um período de 3 meses a 5 anos. Nessa teoria, a resposta imu- nológica, na segunda infecção, é exacerbada, o que resulta numa forma mais grave da doença; • Teoria integral de multicausalidade – tem sido proposta por autores cubanos, segundo a qual se aliam vários fatores de risco às teorias de infecções sequenciais e de virulência da cepa. A interação desses fatores de risco promoveria condi- ções para a ocorrência da FHD: • fatores individuais – menores de 15 anos e lactentes, adultos do sexo feminino, raça branca, bom estado nutri- cional, presença de enfermidades crônicas (diabetes, asma brônquica, anemia falciforme), preexistência de anticorpos, intensidade da resposta imune anterior; • fatores virais – sorotipos circulantes e virulência das cepas; 6 • fatores epidemiológicos – existência de população sus- ceptível, circulação simultânea de dois ou mais sorotipos, presença de vetor eficiente, alta densidade vetorial, inter- valo de tempo calculado entre 3 meses e 5 anos entre duas infecções por sorotipos diferentes, sequência das in- fecções (DEN-2 secundário aos outros sorotipos), ampla circulação do vírus. Fonte: Disponível em: <http://www.dengue.pr.gov.br/modules/ conteudo/conteudo.php?conteudo=11>. Acesso em: 18 abr. 2017. Disponível em: <http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/ textos/longatraje.html>. Acesso em: 12 maio 2017. UNIDADE 3 Doenças e patologias Zika vírus O Zika vírus (ZIKAV) é um arbovírus do gênero Flavivírus. Foi isolado em 1947 na floresta Zika, em Uganda, por este motivo a denominação do vírus. ZIKAV é um vírus RNA e há duas linhagens, africana e asiática. Características gerais • Ciclo silvestre: Primatas não humanos são considerados reservatórios silvestres, embora outros hospedeiros reser- vatórios não tenham sido excluídos. Os principais vetores são os mosquitos do gênero Aedes, incluindo A. aegypti. • Modo de transmissão: O principal modo de transmissão descrito do vírus é por vetores. No entanto, está descrito na literatura científica a ocorrência de transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, perinatal e sexual. • Casos sintomáticos: A febre pelo vírus Zika é uma doença pouco conhecida e sua descrição está embasada em um nú- mero limitado de relatos de casos e investigações de surtos. Segundo os estudos, somente 18% das infecções humanas resultam em manifestações clínicas. Aspectos clínicos • Quando aparecem os sinais, os sintomas mais comuns são exantema maculopapular, febre baixa, artralgia, mialgia, dor de cabeça e hiperemia conjuntival não purulenta e sem pruri- do, enquanto edema, dor de garganta, tosse, vômitos e hae- matospermia foram relatados com menor frequência. • Os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3-7 dias. • Recentemente, foi proposta uma possível correlação entre a infecção ZIKV e a síndrome de Guillain-Barré em locais com circulação simultânea do vírus da dengue (SGB). • Durante o surto de ZIKAV na Micronésia foram diagnosticados 40 casos de SGB, e na Polinésia Francesa, 53 casos, suge- rindo a relação do ZIKAV no aumento de ocorrência de SGB, nessas complicações neurológicas. Fonte: Disponível em: <http://www.saude.ba.gov.br/novoportal/ images/stories/PDF/Zika-virus-Atualizacao-sobre-a-doenca- 11mai2015_0.pdf.> (adaptado). Acesso em: 21 jan. 2016. Saiba mais Transmissão por via sexual A transmissão do vírus Zika por via sexual está documentada em vários países. Para reduzir o risco de transmissão sexual e poten- ciais complicações na gravidez relacionadas com a infecção pelo vírus Zika, os parceiros sexuais de mulheres grávidas, vivendo ou regressando de zonas onde ocorra transmissão local do vírus Zika, devem praticar sexo seguro (incluindo o uso de preservativos) ou abster-se de atividade sexual durante a gravidez. As pessoas que vivem em zonas onde ocorra transmissão local do vírus Zika devem também praticar sexo seguro ou abster-se de atividade sexual. Por outro lado, aqueles que regressam de zonas onde ocorra transmissão local do vírus Zika devem adotar práticas sexuais mais seguras ou abster-se de relações sexuais durante, pelo menos, 8 semanas após o seu regresso, mesmo que não tenham sintomas. Se os homens tiverem sintomas de vírus Zika, devem adotar práticas sexuais mais seguras ou considerar a abstinência durante, pelo menos, 6 meses. As mulheres que estejam a pla- nejar uma gravidez devem esperar, pelo menos, 8 semanas antes de tentarem conceber, se não surgir nenhum sintoma de infecção pelo vírus Zika, ou 6 meses, se um ou ambos os membros do casal tiverem sintomas. Fonte: Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/ factsheets/zika/pt/>. Acesso em: 18 abr. 2017. 7 ZIKAV Í r u S O zika é um vírus transmitido pelo mosquito Aedes, o mesmo que transmite dengue e chikungunya. 2 7 Em um número muito pequeno de pessoas se podem encontrar complicações depois de adoecerem com o vírus i Podem começar entre 2 e 7 dias após a picada do mosquito 1 em cada 4 pessoas com zika apresenta sIntomas O que é o zika? Febre leve Vermelhidão e coceira Conjuntivite Dores de cabeça e nas articulações O Zika pode causar: www.paho.org/zikavirus #zika #FightAedes #ZikaVirus OR GA NI ZA çã O M UN DI AL D A SA úD E Fonte: Disponível em: <http://www2.paho.org/hq/index.php?option=com_docman&task=doc_ view&gid=32811&Itemid=270&lang=es>. Acesso em: 11 maio 2017. 8 SINAIS / SINTOMAS DENGUE ZIKA CHIKUNGUNYA Febre (duração) Acima de 38°C (4 a 7 dias) Sem febre ou subfebril 38°C (1–2 dias subfebril) Febre alta > 38°C (2–3 dias) Manchas na pele (frequência) A partir do 4.º dia (30–50% dos casos) Surge no 1.º ou 2.º dia (90–100% dos casos) Surge 2–5 dias (50% dos casos) Dor nos músculos (frequência) +++ / +++ ++ / +++ + / +++ Dor na articulação (frequência) + / +++ ++ / +++ +++ / +++ Intensidade da dor articular Leve Leve / Moderada Moderada / Intensa Edema da articulação Raro Frequente e leve intensidade Frequente e de moderada a intensa Conjuntivite Raro 50-90% dos casos 30% Dor de cabeça (frequência e intensidade) +++ ++ ++ Coceira Leve Moderada / Intensa Leve Hipertrofia ganglionar (frequência) Leve Intensa Moderada Discrasia hemorrágica (frequência) Moderada Ausente Leve Acometimento neurológico Raro Mais frequente que dengue e chikungunya Raro (predominante em Neonatos) Fonte: Carlos Brito – Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Saiba mais Principais diferenças entre Zika, chikungunya e dengue Essas três viroses podem ser transmitidas pelo mesmo mos- quito e apresentar alguns sintomas parecidos, mas são diferen- tes. A identificação da virose é essencial para que ocorra uma intervenção adequada em cada caso. Acompanhe as principias diferenças. Fonte: Disponível em: <https://agencia.fiocruz.br/zika-chikungunya- e-dengue-entenda-diferen%C3%A7as>. Acesso em: 17 abr. 2017. Febre amarela A febre amarela parece atormentaros brasileiros nos últimos meses, mas o que é a doença? A febre amarela é uma virose trans- mitida por mosquito, entre eles o Haemagogus no meio silvestre e, no meio urbano, o mosquito Aedes aegypti. Acompanhe um pouco mais sobre os perigos da febre amarela: <https://www.bio.fiocruz.br/index.php/febre-amarela-sintomas- -transmissao-e-prevencao>. Acesso 18 de abril 2017. UNIDADE 4 Prevenção – Educação Indicadores de saúde Podemos citar como indicadores de saúde os vitais (mortalidade infantil, expectativa de vida e distribuição da população por classes etárias), os econômicos (nível salarial, distribuição de renda e pro- priedade da terra) e, finalmente, os sociais (habitação, serviços de educação e saúde, saneamento básico). 9 Imunidade As doenças infecciosas resultam da interação de um agente pa- togênico (causador da doença) e um hospedeiro. A transmissão e a manutenção de uma doença na população humana são resultantes do processo interativo entre o agente, o meio ambiente e o hospedeiro humano. (NEVES, 2005). Hospedeiro Vetor Agente Meio ambiente Prevenção As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças ou ma- nutenção da saúde. Exemplo: a interrupção do fumo na gravidez se- ria uma importante medida de ação primária, já que mães fumantes, no estudo de coorte de Pelotas de 1993, tiveram duas vezes maior risco para terem filhos com retardo de crescimento intrauterino e baixo peso ao nascer, sendo esse um dos determinantes mais importantes de mortalidade infantil (HORTA, 1997). Após a instalação do período clínico ou patológico das doenças, as ações secundárias visam fazê-lo regredir (cura), impedir a pro- gressão para o óbito ou evitar o surgimento de sequelas. Exemplo: o tratamento com RHZ para a tuberculose proporciona cerca de 100% de cura da doença e impede sequelas importantes como fibrose pulmonar ou cronicidade da doença sem resposta ao tra- tamento de primeira linha e a transmissão da doença para o resto da população. A prevenção por meio das ações terciárias procura minimizar os danos já ocorridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica, que usualmente é um resíduo da tuberculose e pode pro- vocar hemoptises severas, tem na cirurgia seu tratamento definitivo (HETZEL, 2001). Tipo de imunidade quanto ao gasto de energia Ativa Resulta da exposição a um patógeno (pós-doença). As vacinas são um bom exemplo de imunização ativa. Elas po- dem apresentar os micro-organismos (vírus ou bactérias) mortos ou vivos e “atenuados” (processos que impedem a manifestação da doença, reduzindo a virulência do agente causador). As pessoas as recebem por meio de injeção ou por via oral. O organismo acaba desenvolvendo a imunidade ativa, ou seja, produz seus próprios anticorpos específicos. A vacinação ocorre em doses, que podem ser aplicadas em períodos de várias semanas ou meses. Concentração no plasma de anticorpos específicos para o antígeno introduzido no corpo de um indivíduo Resposta primária 100 0 10 30 5020 40 60 10 1 1.ª inoculação do antígeno 2.ª inoculação do antígeno Resposta secundária Tempo em dias • Resposta imunitária primária: quando o indivíduo recebe o antígeno pela primeira vez, o tempo para a produção de anticorpos é maior e a quantidade de anticorpos produzi- dos é menor, comparando-se com o que ocorre na resposta secundária. • Resposta imunitária secundária: quando o indivíduo recebe o mesmo antígeno pela segunda vez, o tempo para a produção de anticorpos produzidos é menor, comparando-se com o que ocorre na resposta primária. Passiva Imunidade conferida de forma temporária pelo soro ou mes- mo pela transferência de linfócitos produzidos em outro animal; ocorre também quando da transferência de anticorpos da mãe para a criança. Soro é um exemplo de imunização passiva. É desenvolvido aplicando-se pequenas doses de antígenos num animal, como um cavalo, por exemplo. Este lentamente fica imunizado, apresentando certa concentração dos anticorpos respectivos na sua corrente sanguínea. Separa-se, então, do sangue desse animal o soro de onde são extraídos os anticorpos. Em casos como de envenenamento por picada de cobras ou aranhas, não há tempo para desenvolver imunização ativa. Assim, é necessária a utilização de anticorpos que foram produzidos em outros organismos. Os soros aplicados apresentam os anticorpos prontos. 10 Saiba mais Calendário Nacional de Vacinação da Criança / Programa Nacional de Imunização (PNI) – 2016 IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS Ao nascer BCG – ID Dose única Formas graves de tuberculose Vacina hepatite B Dose Hepatite B 2 meses Vacina pentavalente (DTP + HB + Hib) 1.ª dose Difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B VIP (vacina inativada poliomielite) 1.ª dose Poliomielite (paralisia infantil) VORH (vacina oral de rotavírus humano) 1.ª dose Diarreia por rotavírus Vacina pneumocócica 10 (valente) 1.ª dose Doenças invasivas e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F 3 meses Vacina meningocócica C (conjugada) 1.ª dose Doenças invasivas causadas por Neisseria meningitidis do sorogrupo C 4 meses Vacina pentavalente (DTP + HB + Hib) 2.ª dose Difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B VIP (vacina inativada poliomielite) 2.ª dose Poliomielite (paralisia infantil) VORH (vacina oral de rotavírus humano) 2.ª dose Diarreia por rotavírus Vacina pneumocócica 10 valente 2.ª dose Doenças invasivas e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F 5 meses Vacina meningocócica C (conjugada) 2.ª dose Doenças invasivas causadas por Neisseria meningitidis do sorogrupo C 6 meses Vacina pentavalente (DTP + HB + Hib) 3.ª dose Difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B VIP (vacina inativada poliomielite) 3.ª dose Poliomielite (paralisia infantil) 9 meses Vacina febre amarela Dose inicial Febre amarela 12 meses SRC (tríplice viral) 1.ª dose Sarampo, caxumba e rubéola Vacina pneumocócica 10 valente Reforço Contra doenças invasivas e otite média aguda causadas por Streptococcuspneumoniae sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F Vacina meningocócica C (conjugada) Reforço Doenças invasivas causadas por Neisseria meningitidis do sorogrupo C 15 meses VOP (vacina oral poliomielite) 1.º reforço Poliomielite (paralisia infantil) Vacina hepatite A Dose única Hepatite A DTP (tríplice bacteriana) 1.º reforço Difteria, tétano e coqueluche SCRV (tetra viral) Dose única Sarampo, caxumba, rubéola e varicela 4 anos DTP (tríplice bacteriana) 2.º reforço Difteria, tétano e coqueluche VOP (vacina oral poliomielite) 2.º reforço Poliomielite (paralisia infantil) Vacina febre amarela reforço Febre amarela 9 anos HPV quadrivalente 2 doses Infecções pelo papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 Influenza 2 doses oudose única Infecções pelos vírus influenza Fonte: Ministério da Saúde. 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