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Slide - Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais

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Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
Fundamentos de Economia
Introdução
Neste Capítulo, você terá contato com os conceitos de escassez, produção, bens e serviços e fatores de produção. Você vai aprender sobre a evolução do pensamento econômico através dos tempos e estudar as principais teorias econômicas que marcaram as ações desse campo do conhecimento. Além disso, terá contato com os modelos econômicos e aprenderá sobre dois modelos elementares da economia: o Fluxo Circular de Renda e a Curva das Possibilidades de Produção. O principal objetivo deste Capítulo é propiciar-lhe conhecimentos suficientes para que você tome decisões quando estiver diante de conjecturas mercadológicas ou financeiras, nacionais ou internacionais.
1. Conceito de Economia
Você já deve ter ouvido falar a palavra “economia” milhares de vezes, não é mesmo? Desde que era criança, ouvia seus pais dizerem que é preciso fazer economia, e depois que passou a entender melhor o mundo, ouviu essa palavra ser pronunciada por uma porção de pessoas e com as mais diversas utilizações. Tem economia financeira, economia política, microeconomia, macroeconomia... Ufa!
Mas o que é economia, afinal? A origem da palavra é atribuída a Aristóteles, filósofo e matemático grego que viveu entre 384 e 322 a.C. É a junção da palavra grega oikos (casa) e nomos (norma, lei), e deve ser entendida como “administração da casa”, ou “administração da coisa pública”. Nos tempos modernos, a economia passou a ser a ciência social que estuda a forma pela qual os homens, as nações ou as instituições empregam seus recursos na produção de bens e serviços para atender às suas necessidades.
SAIBA MAIS - SAMUELSON, P. A. (1975): A Economia é a ciência que se preocupa com o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível elevado a produtividade, melhorado o padrão de vida das populações e empregados corretamente os recursos escassos.
BARRE, R. (1970): A Economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior em decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios limitados aos agentes da atividade econômica.
STONIER, A. W.; HAGUE, D. C. (1971): Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas econômicos, nem Economia. A Economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez dos problemas dela decorrentes.Fonte: ROSSETTI, J. P. (1994)
A humanidade somente sentiu a necessidade de estudar economia ou ciências econômicas em função da falta ou insuficiência de alguma coisa, ou seja: a escassez. Observe que existe um eterno conflito entre as nossas necessidades e os recursos disponíveis. As nossas necessidades são ilimitadas, enquanto os nossos recursos são escassos.
Vamos entender isso de outra forma. Um antigo professor de economia costumava perguntar aos seus alunos, logo na primeira aula: quem aqui ganha pouco? E solicitava que os alunos que julgavam ganhar pouco levantassem uma das mãos. Quando me vi diante desse questionamento, levantei as duas mãos, confesso.
Para minha surpresa, o professor disse para eu experimentar viver na época dos meus avós, em que certamente meus ganhos seriam mais que suficientes.
Isso me forçou a uma rápida reflexão: meus avós não tinham automóvel, televisão, telefone, micro-ondas, TV por assinatura, celular, computador, máquina de lavar roupas etc. Sem contar que não tinham qualquer conforto em sua residência, como chuveiro elétrico, banheiro interno, água tratada, esgoto, fogão a gás etc. Também tinham pouco acesso ao lazer, não viajavam, não iam ao cinema, ao teatro, ou a algum show musical, aliás, pouco sabiam da existência de artistas.
Dá para entender facilmente por que meus ganhos são insuficientes, não é mesmo? Eu tenho outras necessidades, e olha que elas são infinitas, ou melhor, não basta mais eu ter um automóvel, que deveria ser o sonho de consumo dos meus avós, um automóvel para a família inteira. As famílias modernas possuem a necessidade de um automóvel para cada membro da família. A vida nos impõe isso.
Agora, vamos sair do plano individual para o plano coletivo. Nesse plano, quando você ouvir falar de necessidade, esteja certo de que alguém está se referindo aos bens e serviços que garantem a nossa sobrevivência enquanto espécie.
Você já pensou em uma lista para as suas necessidades? Somente para ajudá-lo, elaborei uma lista das necessidades do homem atual, e é bem provável que sua lista seja muito parecida com esta:
Alimentos;
Vestuário;
Moradia;
Móveis para a casa;
Água tratada e saneamento básico;
Eletricidade;
Utensílios domésticos;
Eletrodomésticos;
Transporte;
Lazer e recreação;
Educação;
Saúde;
Segurança;
Cultura.
Observe que a lista é infindável, e existe apenas uma pequena parcela da humanidade que consegue usufruir da totalidade da lista de necessidades humanas. Uma parcela significativamente maior consegue acesso somente a uma parte da lista, a parte denominada necessidades básicas, ou seja, as necessidades ligadas às questões de sobrevivência.
Porém, milhões de pessoas em todo o mundo não conseguem alcançar a lista de necessidades básicas como um todo, e ainda assim em quantidades insuficientes. Você já imaginou quantas pessoas passam fome no mundo? Ou no Brasil? Quantas pessoas não têm acesso a água tratada ou saneamento básico? Quantas pessoas moram na rua? Pois é, o nome dessa situação é “exclusão social”. Os socialmente excluídos não possuem acesso aos bens e serviços mais elementares para a sua sobrevivência e, por conseguinte, não participam das decisões da sociedade.
Outro detalhe importante que precisa ser levado em consideração é que, dentre a parcela da população que tem acesso pelo menos à lista de necessidades básicas, a imensa maioria não tem segurança de que continuará mantendo esse acesso pela vida inteira.
Você deve estar se perguntando: onde a economia entra em tudo isso? Isso que você acabou de ler diz respeito à escassez. A maioria das pessoas que conseguem acesso aos itens da lista de necessidades básicas o faz à custa de muito trabalho e luta, por todo o tempo das suas vidas. Esteja certo disso.
Agora é chegado o momento de você entender o que é “escassez de recursos”. Mas você sabe o que são recursos?
Para responder a essa questão, pense na lista das necessidades humanas. O que é preciso para que cada um desses itens esteja disponível para o consumo? Em linhas gerais, uma necessidade humana é satisfeita através do acesso a um bem econômico, o qual foi resultado de um processo de transformação. Esse processo de transformação se caracteriza pelo “uso de recursos para mudar o estado ou condição de algo para produzir outputs” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2007, p. 36). O quadro a seguir descreve algumas operações por meio de processos de transformação:
Se observarmos mais atentamente, os recursos de inputs listados no quadro podem ser classificados em três grupos fundamentais:
Terra ou recursos naturais: representa todos os recursos originados diretamente na natureza;
Trabalho: além de mão de obra, esse recurso engloba as atividades técnicas, administrativas e intelectuais, representando, portanto, todo o esforço humano empregado no processo de produção;
Capital: todos os inputs capazes de elevar a eficiência do trabalho humano, por exemplo, equipamentos e instalações.
Você já deve ter percebido que todos os recursos da produção, qualquer que seja a classificação, são escassos. Isso ocorre porque a natureza é finita, não dispõe dos recursos de forma abundante e não os disponibiliza em todos os lugares. O petróleo, por exemplo, é encontrado em apenas algumas regiões do mundo. A mão de obra também é limitada, ora por problemas de qualificação e conhecimento, ora por questões de disponibilidade de pessoas. Ainda sobre a questão da mão de obra, existe também o problema da distribuição demográfica, ou seja, algumas regiões do
mundo são mais habitadas que outras, o que provoca um desequilíbrio no uso do recurso.
Finalmente, você há de convir que o homem faz mau uso dos recursos existentes, e alguns recursos que já foram encontrados em abundância passaram a ser escassos pelo seu uso indiscriminado e irresponsável. Você já deve ter ouvido falar sobre a crise hídrica, iniciada em 2014, certo?
Se todos os recursos fossem encontrados em abundância, ou seja, se não houvesse escassez de recursos, você não precisaria estar estudando economia neste instante. Temas como desemprego, inflação, balança de pagamentos etc. decididamente estariam fora da mídia e das nossas preocupações diárias, não é mesmo?
Questão 1 – Define-se Economia como a ciência social que estuda:
a – Amaneira com a sociedade decide/escolhe empregar os recursos produtivos escassos.
b – Como a sociedade equilibra os desejos, anseios e expectativas versus escassos.
c – A satisfação das necessidades humanas.
d – Como a sociedade administra recursos produtivos (fatores de produção)
1.1 Problemas econômicos fundamentais
O maior problema enfrentado pela humanidade ao longo de toda a sua história é fazer escolhas diante da escassez de recursos. As pessoas, empresas, governos, sindicatos e qualquer forma de organização social humana precisam decidir o que, quanto, como e para quem produzir.
Há quase meio século, o homem convive com o “conflito de gerações”, provocado pelas mudanças nas tecnologias de produção e no ritmo de consumo que afetam os valores e o comportamento da sociedade. O trabalho é o vetor-chave desse processo de transformação, de postura empreendedora e de geração de novas necessidades, e a escassez é o obstáculo a ser transposto.
Você já deve ter deparado com uma fila em uma agência bancária, correto? A fila se forma porque o caixa não consegue atender todos os clientes na mesma velocidade de chegada destes, ou seja, no intervalo de tempo em que o caixa está atendendo o primeiro da fila, chegam mais dois ou três clientes. Se você estiver na fila, normalmente reclama com a gerência do banco, que deveria abrir mais pontos de atendimento, mais caixas.
Esse é um problema de escassez de recursos. O gerente do banco não pode abrir novos pontos de atendimento indefinidamente, tanto pelo custo operacional do banco quanto pela falta de funcionários capacitados a executar essa função.
Observe que o simples pensar em aumentar os pontos de atendimento lhe direciona para o trabalho, ou melhor, aumentando o volume de trabalho, o problema estaria resolvido. Como essa solução não é possível, o jeito é administrar a escassez.
Para administrar a escassez ou tentar superá-la, usamos a produção e, por conseguinte, o trabalho. Assim, voltamos ao questionamento inicial: o que produzir? Quanto produzir? Como produzir? E para quem produzir?
Uma coisa é certa: a humanidade produz apenas bens e serviços. Produzir bens e serviços é a resposta humana para os problemas de escassez.
Você não tem uma ideia clara do que sejam bens e serviços? Não se preocupe, isso é confuso mesmo. Afinal existem bens de consumo, bens de capital, bens duráveis etc. Mas aqui vão algumas dicas para esclarecer suas dúvidas:
SAIBA MAIS - Bens e serviços são resultado do trabalho humano realizado para suprir as necessidades humanas. Os bens são tangíveis, físicos, e são resultado da transformação da matéria-prima em produtos. Os serviços são intangíveis, abstratos, e são resultados de ações específicas realizadas por técnicas específicas, dominadas pelos homens. Um avião é físico, pois é possível tocá- lo, senti-lo, e vê-lo, mas o transporte de passageiros que ele realiza não pode ser tocado, sentido e nem visto, sendo portanto um serviço.
Espero que, após as dicas, você tenha entendido as diferenças entre bens e serviços. Para sedimentar mais ainda essa compreensão, veja a Figura 1. Ela apresenta as características que diferenciam os bens e os serviços. Observe que no centro do gráfico existem “bolas divididas”, ou melhor, tipos de produção que atuam tanto como bens quanto serviços, ou seja, atividades que englobam características tangíveis e intangíveis. É o caso dos restaurantes, que servem um bem (o alimento físico) e o serviço (atendimento do garçom).
Predominantemente intangíveis – lojas de fast food, agencias de propaganda, linhas aéreas, gerencia de investimentos, consultorias e ensino.
Predominantemente tangíveis – sal, refrigerantes, detergentes, automóveis, cosméticos, lojas de fast-food.
Mas esteja atento porque isso não para por aí. Os bens são subdivididos em quatro grupos:
Bens de consumo não duráveis: são os produtos físicos que se esgotam em curto período de tempo, e assim devem ser repostos com frequência. Neste subgrupo incluem-se peças de vestuário e calçados, alimentos, produtos de higiene e limpeza, medicamentos etc.;
Bens de consumo duráveis: são os produtos físicos que não precisam ser substituídos com tanta frequência, pois o tempo de desgaste é consideravelmente maior. Automóveis, eletrodomésticos, computadores e aparelhos eletrônicos, mobília e utensílios domésticos são produtos que se encaixam neste subgrupo;
Bens intermediários: são produtos resultantes das ações de extrativismo ou da fase inicial do processo industrial, porém não são consumidos, necessitando de reprocessamento para se transformarem em bens de consumo. Neste subgrupo estão classificados o aço, o petróleo, os produtos químicos, a celulose e as matérias-primas em geral;
Bens de capital: são os produtos que não se destinam ao consumo das pessoas, e sim das empresas. Em geral, esses bens atuam no processo produtivo transformando matérias-primas em bens de consumo. Máquinas e equipamentos são os produtos mais característicos deste subgrupo.
Agora, preste muita atenção: você acredita que existem produtos que podem tanto ser classificados como bens de capital quanto como bens de consumo duráveis? Pois é, o automóvel é um desses casos. Imagine um motorista de táxi. Se ele adquirir um automóvel para seu trabalho diário, é um bem de capital, mas se adquirir um automóvel para o lazer de sua família, é um bem de consumo durável.
Agora que você é quase um expert em bens e serviços, vamos retornar às nossas questões fundamentais: o que produzir? Quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?
A escassez aliada a essas quatro questões centraliza os problemas econômicos fundamentais. A economia busca incessantemente as respostas para essas questões.
O que produzir? Esta é uma decisão que vai além dos limites da economia. A resposta para essa questão está no centro da sociedade. É ela quem deve decidir se produz maiores quantidades de bens de capital ou de bens de consumo.
Em países onde imperam as economias de mercado, como os países europeus, o Japão, o Brasil e os Estados Unidos, somente para citar alguns, são os consumidores que indicam o que produzir. A isso dá-se o nome de “soberania do consumidor”.
Mas em países com economias planificadas ou centralizadas, como China, Cuba e outros, a decisão é tomada por um Órgão Central de Planejamento, vinculado ao Estado.
Quanto produzir? Aqui também é uma decisão da sociedade. É ela quem deve dizer quais quantidades de cada bem devem ser produzidas. Mais uma vez existe uma diferença entre a tomada de decisão nas economias de mercado, em que as quantidades a serem produzidas são definidas pela oferta e demanda. Porém, nas economias planificadas, ou centralizadas, essa decisão cabe ao Órgão Central de Planejamento.
Como produzir? Esta decisão cabe ao contexto empresarial nas economias de mercado, pois é dependente dos recursos disponíveis e da capacidade de investimento. Geralmente, passa pela eficiência desejável e pelos métodos de produção utilizados: capital intensivo ou mão de obra intensiva? Sociedades com necessidade de geração de emprego optam pelo uso da mão de obra intensiva. Já as sociedades com grande disponibilidade de recursos financeiros optam pelo uso do capital intensivo.
Para quem produzir? Aqui o problema é de distribuição da renda gerada, ou seja, a sociedade
deve decidir quem serão os beneficiados na comercialização dos produtos. Nas economias de mercado, os beneficiários são as pessoas de maior poder aquisitivo, porém nas economias planificadas ou centralizadas, a decisão sobre os beneficiários cabe ao governo.
Assim, para entender a economia como ciência, você precisará colocar o conjunto de processos (produção, distribuição e consumo) no centro da dinâmica. Você pode imaginar quantas decisões a combinação desses processos pode gerar?
Os produtores precisam decidir como combinar os recursos de produção e quanto de cada recurso utilizar. Os consumidores precisam decidir quanto adquirir de cada bem ou serviço para satisfazer suas necessidades. Tanto produtores quanto consumidores possuem restrições financeiras, o que implica renunciar a alguma coisa para priorizar outra.
Assim, você enquanto consumidor, ao escolher comprar mais de um determinado produto, esteja certo de que terá que reduzir a compra de outros. Esta lei da economia é implacável.
Questão 2 – A escassez de recursos ou fatores de produção, associada ás necessidades imitadas do homem, origina:
a - O que e quanto produzir.
b - Como produzir.
c - Para quem produzir
d - Os problemas econômicos fundamentais: o que e quanto produzir, como produzir e quem produzir.
1.2 Curva das possibilidades
Atualmente existem mais de 7 bilhões de pessoas em todo o mundo, todas envolvidas em um frenético conjunto de atividades de comprar, alugar, produzir, vender, trabalhar, viajar etc. Em razão dessa complexidade toda, é que se torna cada vez mais difícil o entendimento do funcionamento da economia.
Mas, calma, sempre existe uma solução. Alguns economistas desenvolveram modelos simplificados para explicar como a economia se organiza. A Figura 2 é um exemplo:
Ao analisar a Figura 2, você deve ter concluído que esse modelo apresenta apenas dois agentes econômicos responsáveis por tomar decisões no sistema econômico: famílias e empresas, mas poderíamos ter uma infinidade deles, incluindo também o governo, o comércio internacional, ou subdividindo as famílias.
Observe que a interação dos agentes econômicos se dá em dois tipos de mercados (os fatores de produção e bens e serviços) e efetiva dois fluxos (real e monetário).
O fluxo real representa o processo de satisfação das necessidades em si, ou seja, a produção e a distribuição de bens e serviços. Ao observarmos esse fluxo, cada um dos agentes assume um papel duplo: as famílias demandam bens e serviços e ofertam fatores de produção; as empresas, por sua vez, demandam esses fatores de produção para poder ofertar bens e serviços.
Nesse sentido, descrevemos o fluxo real da seguinte maneira: as empresas alocam os fatores de produção ofertados pelas famílias em processos produtivos, os quais terão como resultado a produção de bens e serviços. Estes serão vendidos através dos mercados de bens e serviços para as famílias. E esse fluxo é incessante, ocorrendo de maneira ininterrupta.
Por sua vez, para que esse fluxo real de mercadorias que suprem as necessidades humanas seja efetivado em um sistema econômico, há a necessidade do estabelecimento do fluxo monetário: ninguém “trabalha” de graça, assim como nenhum produto é gratuito.
Isso significa que, quando as famílias ofertam os fatores de produção às empresas, elas exigem em contrapartida uma remuneração. Assim, cada proprietário de fator de produção recebe uma renda por sua utilização: trabalhadores ganham salários; arrendatários aluguel; capitalistas juros e/ou lucro etc. Essa renda, que é ao mesmo tempo custo para as empresas, deverá ser gasta na aquisição de bens e serviços. Logo, o que é gasto para as famílias se transforma em receita para as empresas.
Nas chamadas economias de livre mercado, o governo apenas fiscaliza esse círculo de trocas de forma a evitar abusos, mas, nas economias planificadas, o governo assume a tomada de decisão tanto das empresas quanto da sociedade.
Guarde bem esse conceito do Fluxo Circular de Renda, pois ele será muito importante durante o curso. Outro conceito de importância ímpar é a Curva das Possibilidades de Produção, também conhecida como “Fronteira das Possibilidades de Produção”.
Imagine uma economia tão simplificada que produz apenas dois tipos de bens: máquinas agrícolas (bens de capital) e alimentos (bens de consumo). Todo alimento produzido será utilizado para as necessidades de nutrição das pessoas, e não poderá ser estocado para ser usado no dia seguinte ou no futuro.
Como em toda economia, complexa ou simplificada, os recursos são escassos, e, para aumentar a produção de alimentos e atender ao crescimento da população, por exemplo, precisamos diminuir a produção de máquinas agrícolas. Mas se diminuirmos a produção de máquinas agrícolas, a produção de alimentos nos anos seguintes será insuficiente para atender à demanda da população. O que você faria? →
A tabela a seguir mostra algumas possibilidades de produção dessa economia.
A alternativa A indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir máquinas agrícolas, ou seja, representa a quantidade máxima de máquinas que essa economia é capaz de produzir. A Alternativa D indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir alimentos, ou seja, representa a quantidade máxima de alimentos que essa economia é capaz de produzir. Somente para lembrar, 
→ se você optar por resolver o problema imediato das pessoas, saciando a fome e produzindo somente alimentos, no futuro terá uma série de problemas, afinal, se não produzir maquinário agrícola, não conseguirá expandir a produção de alimentos para atender ao crescimento da população. 
Então, o que você faria? →→ Aparentemente, essa é uma questão de fácil solução. Basta identificar o nível de consumo de alimentos atual, produzir somente o necessário e alocar os recursos de produção excedentes na produção de maquinário agrícola. Mas você não pode estocar alimentos, e as necessidades da população são crescentes. Além disso, os maquinários, como tratores e colheitadeiras, demoram algum tempo para serem fabricados. 
E aí, o que você faria? →→ Para solucionar esse problema, primeiro você precisa conhecer o conceito da Curva de Possibilidades de Produção (CPP), que representa esquematicamente a fronteira máxima que uma economia consegue produzir, onde se pressupõe o pleno emprego dos recursos disponíveis. Analise atentamente o gráfico apresentado na Figura 3. Curva de possibilidades de produção. 
O que você concluiu da análise da Curva das Possibilidades de Produção representada na Figura 3? Vamos dar uma mãozinha.
Observe que, para produzir 10 mil máquinas agrícolas, nenhuma tonelada de alimento pode ser produzida, pois todos os recursos da economia estão sendo empregados na produção das máquinas agrícolas. Se produzir 8 mil máquinas, a economia conseguirá produzir no máximo 6 milhões de toneladas de alimentos. Essa análise se repete em todos os pontos sobre a Curva das Possibilidades de Produção, e os especialistas dizem que a economia está operando a pleno emprego de recursos, ou seja, não existe desemprego nem capacidade ociosa de produção.
Agora, observe o ponto E, em que a economia produz 8 mil máquinas agrícolas e 2 milhões de toneladas de alimentos. Nesse caso, e para todo e qualquer ponto situado na parte interna da curva, os especialistas dizem que a economia está subutilizando os recursos de produção, ou seja, existe desemprego ou algum recurso está ocioso.
Por outro lado, a situação do ponto F, em que a economia produz 8 mil máquinas e 10 milhões de toneladas de alimentos, é uma situação impossível de existir, pois a economia estaria operando acima da sua capacidade e não disporia de recursos para tanto. (até esse parágrafo fala da tabela 3).
Os desdobramentos analíticos da CPP podem ser normativos e positivos. Quadro 2 – Desdobramentos analíticos da CPP.
A análise da econômica normativa estabelece as bases para a construção de um cenário idealizado, com o intuito de estabelecer propostas do que deveria ser. A análise
econômica positiva, por sua vez estabelece os aspectos práticos dos problemas econômicos, com o enfoque em descrever o q de fato é.
A análise da Curva das Possibilidade de Produção não para por aí. Observe que a CPP é côncava em relação à origem e decrescente.
A concavidade é relativa à denominada “Lei dos Custos Crescentes”, em que a remoção de mão de obra da produção de alimentos para a produção de máquinas agrícolas provoca custos gradativamente crescentes, pois o uso de trabalhadores menos qualificados em um setor, traz aumentos significativos nos custos. Já o fato de a CPP apresentar-se decrescente é devido ao sacrifício que será feito ao optar-se pela produção de bens de consumo em detrimento de bens de produção.
Agora você já pode ser considerado um expert em Curva das Possibilidades de Produção e apostamos que você está apto para propostas mais desafiadoras, quer experimentar?
Questão 3 – A curva (ou fronteira) de possibilidades de produção (CPP) expressa:
a – A capacidade de produção da sociedade, supondo o pleno emprego dos recursos de produção de que dispõe em dado momento do tempo.
b – Ilustra a escassez de recursos.
c – Impõe um limite a capacidade produtiva de uma sociedade.
d – A produção total de um país.
SAIBA MAIS - Nos períodos pós-guerras, o mundo acaba vivendo períodos de grande desenvolvimento e consequente aumento da produtividade. Você saberia responder por que isso acontece?
2. Evolução do Pensamento Econômico
O estudo da Teoria Econômica teve sua origem a partir da publicação da obra clássica de Adam Smith, A Riqueza das Nações, em 1776. O livro lançou as bases da Revolução Industrial e o estudo da economia de forma sistematizada.
SAIBA MAIS - Você já ouviu falar de Adam Smith? Ele é considerado o “Pai da Economia Moderna“. Nasceu em 5 de junho de 1723 em Kirkcaldy, na Escócia. Foi filósofo e economista, tendo como cenário de vida o século XVIII. Em 1776, publicou sua principal obra: A Riqueza das Nações, um verdadeiro clássico lido e relido até os dias atuais. Adam Smith acreditava na livre iniciativa e que o mercado se ajustaria sozinho, sem qualquer tipo de intervenção do governo. Para ele, a simples competição entre concorrentes seria suficiente para que os preços caíssem e as inovações tecnológicas, por si só, seriam responsáveis pelo barateamento dos custos de produção.
Apesar da importante contribuição de Adam Smith para a Economia Moderna, os primeiros estudos sobre economia vêm da Grécia Antiga, onde, segundo consenso dos historiadores e economistas, o termo “economia” foi desenvolvido por Aristóteles.
Somente no século XVI é que surgiu a primeira escola econômica: o mercantilismo. Essa escola preocupava-se com a acumulação de riquezas das nações e o fomento do comércio exterior, muito embora ainda se tratasse de conceitos elementares.
Apesar de iniciar uma série de discussões a respeito do papel da moeda na economia, dos efeitos multiplicadores da renda, entre outros, a escola mercantilista apresentava-se em princípios absolutamente empíricos, sem a preocupação com o desenvolvimento de fundamentos teóricos que os embasassem.
Um preceito básico do mercantilismo era atribuir o poder e a força de um país ao acúmulo de ouro e prata. Essa influência chegou até nossos dias, à medida que a capacidade de emissão de moedas de um país estava vinculada ao lastro em ouro desse mesmo país.
É evidente que esses preceitos reforçaram o poder do Estado nas decisões econômicas, além de incentivar guerras e estimular o nacionalismo.
Como contraponto ao mercantilismo, surgiu no século XVIII, na França, a fisiocracia. Essa escola do pensamento econômico pregava a supremacia da lei da natureza, acreditando ser desnecessária a regulamentação do Estado sobre a economia. Para os fisiocratas, a terra era tida como fonte de riqueza única e o universo era regido por leis naturais determinadas pela Providência Divina.
Contrariando o pensamento mercantilista, em que a riqueza era proporcionada pelo acúmulo de metais preciosos, os fisiocratas afirmavam que a riqueza era derivada da produção de bens obtidos pelas atividades econômicas da época (agricultura, pesca e mineração).
Sobretudo o desenvolvimento da escola fisiocrata estava centrado na figura de Quesnay, primeiro autor a conferir um viés analítico e científico para problemáticas econômicas. Suas ideias ancoravam-se em princípios da escola filosófica utilitarista e sua maior contribuição foi a construção de um quadro econômico, o qual expunha as contribuições dadas por cada classe social ao sistema econômico.
Para o autor, o sistema econômico era considerado um organismo vivo (lei natural), e sua representação numérica permitiu que se chegasse à conclusão do papel de cada classe social, as quais dividiam-se em:
Classe produtiva: agricultores, assalariados e outros trabalhadores agrícolas;
Classe proprietária: soberano, nobreza proprietária e clero;
Classe estéril: comerciantes, manufatureiros e seus trabalhadores.
Ao observar que os agricultores precisam acumular capital para conseguir iniciar a produção, chegou-se à conclusão de que a única classe capaz de gerar algum tipo de excedente era a produtiva.
2.1 Escola Clássica
O período da Escola Clássica foi especialmente fértil em estudos e publicações econômicas, a começar por Adam Smith. A contribuição dos autores da Escola Clássica foi fundamental para que a Economia passasse a ter suas próprias teorias e formar um conjunto de ferramentas de análise das consequências das ações econômicas.
O pensamento comum a todos os autores da Escola Clássica era o da livre iniciativa e as leis do mercado regendo a economia, cabendo ao Estado apenas as funções fiscalizatórias para coibir abusos.
Adam Smith desenvolveu o conceito da “mão invisível”, segundo o qual a livre concorrência, por si só, conduziria a sociedade à perfeição. Ele criou a Teoria do Valor-Trabalho, em que a divisão do trabalho e a especialização nas funções são fatores decisivos na busca pelo aumento da produção.
Para Adam Smith, a produtividade é derivada da divisão e da subdivisão do trabalho e da ampliação dos mercados, ou seja, especializar os trabalhadores em suas tarefas mais simples e ganhar a escala de produção como fatores de geração de riqueza.
O papel do Estado, na economia de Adam Smith, é limitado à proteção da sociedade contra a especulação financeira e à manutenção da infraestrutura necessária para o funcionamento da economia.
Outro autor bastante influente foi David Ricardo, que discutiu o rendimento das terras mais férteis quando comparado à produtividade das terras menos férteis e a questão do comércio internacional.
Ele desenvolveu a ideia de que somente o custo do trabalho resume todos os demais custos e que o crescimento da população aliado à acumulação de riqueza provoca um aumento da renda da terra até um certo limite. Após esse limite, os rendimentos decrescentes diminuem os lucros e a poupança torna-se nula, colocando a economia em um estágio estacionário, com salários marginais e crescimento zero.
Vale ressaltar que Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas, no comércio internacional, enquanto David Ricardo criou a Teoria das Vantagens Comparativas. Assim, ambos trabalharam teorias a respeito desse comércio.
SAIBA MAIS - ADAM SMITH (1723-1790): a defesa do mercado como regulador das decisões econômicas de uma nação traria muitos benefícios para a coletividade, independente da ação do Estado. É o princípio do liberalismo.
DAVID RICARDO (1772-1823): seus estudos deram origem a duas correntes antagônicas: a neoclássica, pelas suas abstrações simplificadoras, e a marxista, pela ênfase dada à questão distributiva e aos aspectos sociais na repartição da renda da terra.
JOHN STUART MILL (1806-1873): consolidou o exposto por seus antecessores, e avança ao incorporar mais elementos institucionais e ao definir melhor as restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de mercado.
JEAN BAPTISTE SAY (1768-1832): criou a Lei de Say: “A oferta cria sua própria procura“, ou seja, o aumento da produção
transforma-se em renda dos trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços.
THOMAS MALTHUS (1766-1834): a causa de todos os males da sociedade reside no excesso populacional. Enquanto a população cresce em progresso geométrico, a produção de alimentos segue em progresso aritmético. Assim, o potencial da população excede em muito o potencial da terra na produção de alimentos. Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA (2000)
Os economistas clássicos procuraram descobrir leis gerais que regiam e regulamentavam o comportamento da economia, porém são criticados pela abordagem excessivamente normativa que tentaram dar à complexa ciência econômica, esquecendo ou minimizando a influência do homem na questão.
2.2 Teoria Neoclássica
Os autores da Teoria Neoclássica deram ênfase ao raciocínio matemático aplicado às questões econômicas, deixando um pouco de lado as questões políticas e o planejamento devido à crença no livre mercado e sua condição autorreguladora.
O foco da Teoria Neoclássica está no desejo de satisfação do consumidor e na maximização do lucro por parte do produtor. O equilíbrio do mercado é calculado através da medição do grau de satisfação do consumidor e de produção, sendo consideradas também as restrições financeiras e as restrições dos recursos de produção. Essa forma de ver as coisas deu origem à Teoria Marginalista desenvolvida por Alfred Marshall.
A Teoria Neoclássica colocou a microeconomia no centro das atenções, porém não se furtou totalmente das questões da macroeconomia, em que se destacam os trabalhos de Schumpeter, “Teoria do Desenvolvimento Econômico” e de Böhm-Bawerk, “Teoria do Capital e dos Juros”.
A Teoria Neoclássica foi fundamentada no trinômio produção-distribuição-consumo, porém as ideias de Alfred Marshall deram outro contorno a essa visão, incluindo também os conceitos de riqueza e bem-estar social.
SAIBA MAIS - Você já ouviu falar de Alfred Marshall? Nasceu em Londres em 26 de julho de 1842 e foi um dos mais influentes economistas dentre os neoclássicos. Sua principal obra foi o livro “Princípios de Economia“ onde foram reunidas as teorias da oferta e da demanda, a utilidade marginal e dos custos de produção. O seu livro transformou-se em um verdadeiro manual de economia, reconhecido nas principais escolas de economia de todo o mundo. Em 1868 tornou-se professor na Universidade de Cambridge ocupando a cadeira de economia política. Ele tinha como objetivo transformar a teoria econômica em uma disciplina mais científica através do uso do rigor matemático. Publicou ainda, em 1879, as obras A Teoria Pura do Comércio Exterior e A Teoria Pura dos Valores Domésticos. Publicou ainda, juntamente com sua esposa Mary Payley Marshall, da qual foi professor, “A Economia da Indústria“.
Na primeira metade da década de 1930, Lionel Robbins elaborou uma forma de caracterizar e identificar os fenômenos econômicos. Ele fundamentou sua sistemática nos seguintes pontos:
A atividade humana sempre possui múltiplas finalidades;
Os objetivos humanos têm diversos níveis de importância e podem ser priorizados por essa ordem;
Os meios utilizados pelo homem para alcançar os múltiplos objetivos são limitados;
Os meios utilizados pelo homem são flexíveis e podem ser utilizados de diferentes formas para alcançar diversos objetivos.
Para Robbins, o fato econômico é caracterizado por um elo entre os quatro pontos vistos em conjunto, jamais isoladamente. Esse elo é a capacidade humana de fazer escolhas.
Em linhas gerais, a Escola Neoclássica define a Economia como o estudo do homem na condução das questões referentes à sua riqueza e a seu bem-estar.
2.3 Marxismo
Karl Marx (1818-1883) foi o principal crítico dos métodos clássicos, fundando uma escola de pensamento que leva o seu nome. Em especial, criticava o tom “a-histórico” das teorias econômicas. Ao desenvolver a Teoria do Valor-Trabalho, contudo, apropriou-se de alguns conceitos da corrente clássica, particularmente, de David Ricardo.
Para o marxismo, o proletariado, uma classe social que centraliza a força de trabalho, é obrigado a vender seu principal recurso de produção (mão de obra) para a burguesia, uma classe social que se apropria da produção e aufere vantagens com essa apropriação. O valor dessa força de trabalho, por sua vez, deveria ser determinado pelo tempo dedicado à produção. A discrepância entre o tempo socialmente dedicado à criação de valor e o valor efetivamente recebido por um trabalhador fundamentou o conceito chamado “mais-valia”.
As condições da produção do sistema capitalista, entretanto, obrigam o trabalhador a vender mais tempo de trabalho do que o necessário para produzir valores equivalentes às suas necessidades de subsistência. Os trabalhadores são obrigados a aceitar as condições impostas pelos empregadores porque não dispõem de fontes alternativas de renda. Assim, seu dia de trabalho compreende o tempo “necessário” à produção de valores iguais às exigências de manutenção, e um tempo de trabalho “excedente”. O valor criado pelo tempo de trabalho excedente é apropriado pelos detentores dos meios de produção – os capitalistas –, ao que denominou mais-valia. (PINHO, 2011, p. 43).
A mais-valia, portanto, é o valor que excede o valor pago à força de trabalho que é apropriada pelo capitalista, fazendo com que este acumule riquezas às custas do trabalho proletário.
Questão 4 – A teoria econômica, de forma sistematizada, iniciou-se com:
a – O trabalho dos fisiocratas na França.
b – Com o escosses Adam Smith.
c – Especificamente na Roma
d – O trabalho dos fisiocratas na frança, mas principalmente foi publicada a obra do escocês Adma Smith. A riqueza das Nações, em 1776.
Ademais, através da separação de classes sociais, o capitalismo firma suas bases de evolução, tendo como principal motor o progresso técnico. O desenvolvimento tecnológico tem um papel fundamental na reprodução desse tipo de exploração: na medida em que a máquina substitui o homem nos processos de produção, ela é a principal responsável pela formação do exército de reserva dos desempregados.
Por sua vez, essa massa desempregada é, na visão da escola marxista, a principal fonte de rigidez dos salários: capitalistas, para aumentar a produção empregando mais trabalhadores, não precisam elevar salários, basta contratar aqueles que estão desempregados.
SAIBA MAIS - Você já ouviu falar de Friedrich Engels? Filósofo alemão, trabalhou lado a lado com Karl Marx, sendo também responsável pela formação da escola marxista. Escrevera junto a Marx O Manifesto Comunista e O Capital.
2.4 Keynesianismo
Para entender a obra de John Maynard Keynes e a sua Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda, vamos fazer uma viagem no tempo e voltar aos anos 1930, quando o mundo vivia a Grande Depressão, que teve início com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.
Nessa época, o desemprego nos países industrializados da Europa e nos Estados Unidos assumia índices elevadíssimos. Os economistas acreditavam ser um problema temporário, apesar de a crise persistir alguns anos. A Teoria Geral de Keynes conseguiu mostrar por que as políticas econômicas adotadas não estavam funcionando e apontou soluções para que os países deixassem a recessão e voltassem ao caminho do crescimento econômico.
Segundo Keynes, o principal fator gerador de empregos é o nível de demanda agregada de uma economia, invertendo a Lei de Say, segundo a qual a oferta cria sua própria procura. Nesse caso, as forças de autoajustamento da economia deixam de atuar, impulsionando a economia para uma recessão.
Assim, em momentos em que a atividade econômica começa a se enfraquecer, é vital a interferência do Estado, impondo uma política de gastos públicos e investimentos em infraestrutura para inverter a espiral recessiva e devolver a economia ao caminho do crescimento.
Esse conjunto de argumentos se revelara efetivo não somente por tirar diversos países da recessão econômica, mas especialmente no período pós-Segunda Guerra Mundial, em que se tornou necessária a reconstrução da economia
dos países europeus.
Nos dias atuais, os preceitos de Keynes ainda são bastante debatidos, especialmente por seguidores de três correntes distintas:
Os monetaristas: defendem um baixo grau de interferência do Estado na economia e um forte controle da moeda;
Os fiscalistas: são partidários de um grau acentuado de interferência do Estado na economia e o uso de políticas fiscais mais contundentes;
Os pós-keynesianos: defendem a interferência do Estado na economia via controle das especulações financeiras.
Como você pode observar, existem diferenças entre as várias correntes, porém todas são baseadas na Teoria Geral de Keynes e concordam quanto aos seus pontos fundamentais.
3. A relação Entre Economia e Outras Áreas do Conhecimento
Pela própria formulação do pensamento econômico, é necessário que a Economia não seja vista como um campo do conhecimento humano isolado, pois, se assim fosse, estaria sujeita a equívocos de toda sorte, pois certamente deixaria de levar em consideração fatores importantes que influem nas questões econômicas básicas.
Negligenciar a relação da Economia com outras áreas do conhecimento é simplesmente como negligenciar a capacidade de realização do ser humano. Assim, um estudo inicial sobre Economia e seus conceitos passa necessariamente por um capítulo sobre a relação com outras áreas do conhecimento humano. São elas:
A Economia e a Política
Existe uma secular relação de interdependência entre a Política e a Economia. À medida que compete à Política a organização do Estado, as relações entre as classes sociais e a definição das instituições para o desenvolvimento das atividades econômicas, as ações econômicas passam a ser diretamente subordinadas à estrutura política da sociedade.
Essa interdependência tornou-se mais acentuada a partir do keynesianismo e suas soluções para a recessão econômica mundial dos anos 1930. A partir de então, houve uma grande transformação na estrutura econômica, baseada até então na livre iniciativa, e o Estado passou a ter uma função intervencionista que modificou as bases do sistema capitalista. Nesse período, a Política buscou na Economia soluções que pudessem dar continuidade às formas de organização política vigentes nos países ocidentais que reconheciam a livre iniciativa como vital para o desenvolvimento econômico.
Nos países socialistas, a justaposição das ações políticas e econômicas funciona como pilar das instituições mantidas pelo Estado. Nos países socialistas, compete ao Estado as funções de direcionamento econômico, uma vez que este controla todo o sistema de gestão e direção das empresas.
Assim, qualquer que seja a orientação do Estado, Política e Economia estão inter-relacionadas a tal ponto que perde o sentido estudá-las isoladamente, assim como ações isoladas de qualquer uma das partes não surtem o efeito desejado.
Se você observar atentamente, a instabilidade econômica afeta diretamente as instituições políticas, ao passo que o bom desempenho da Economia direciona um cenário político de absoluta estabilidade.
A Economia e a Sociologia
Os estudos ligados à Economia e a Sociologia também são bastante próximos, afinal ambas as áreas de pensamento visam estudar organizações sociais.
Atualmente, existe um interesse crescente dos economistas pelas questões da realidade social e como essas questões podem influenciar no desempenho da Economia, desde ações localizadas atribuídas a problemas microeconômicos, isto é, relativos ao comportamento e processo decisório dos agentes econômicos, até questões de macroeconomia, que se referem ao comportamento da Economia como um todo.
Segundo Rossetti (1994), a interação social, o comportamento dos grupos, a mobilidade, a estratificação, as mudanças sociais, a investigação das condições de vida das comunidades e o exame dos diferentes níveis de organização e da cultura da sociedade são alguns dos setores que caíram no campo de gravitação da Sociologia. Tais setores também interessam diretamente às questões da análise econômica, pois podem explicar muitos dos fenômenos que afetam a Economia das nações.
Os economistas contemporâneos entendem que os fatores condicionantes da atividade econômica são frutos das relações sociais, cuja análise é de interesse da Economia, muito embora sejam resultado da Sociologia.
Os avanços da Teoria Neoclássica e seus desdobramentos políticos, como a agenda neoliberal, começaram a trazer explicações para problemáticas tradicionalmente atribuídas a sociólogos. Assim, economistas começaram a explicar, através de abordagens como o individualismo metodológico, e modelos, como a teoria dos jogos, questões relativas a escolhas nos casamentos, mudanças nas taxas de natalidade, entre outras.
A resposta dos sociólogos diante desse movimento de apropriação dos fenômenos sociais culminou na consolidação da Nova Sociologia Econômica.
A Economia e a História
É inegável que os principais fatos que marcaram a história da humanidade tiveram motivação econômica, ou você é daqueles que acreditam que os portugueses lançaram-se no Oceano Atlântico rumo aos grandes descobrimentos simplesmente pela grandeza do fato? Foram questões econômicas que motivaram portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses a partirem rumo à colonização da América.
Também foram questões econômicas que motivaram as grandes guerras mundiais, assim como foram questões econômicas que impulsionaram Napoleão Bonaparte à expansão de seu império. A pesquisa sobre os acontecimentos que marcaram a história mundial é de incontestável valor para o economista, abastecendo-o de informações sobre as atividades humanas localizadas no tempo e no espaço, fornecendo farto material sobre a evolução das tendências e promovendo a inter-relação entre os acontecimentos.
Em algumas ocasiões, o fato histórico acaba por impulsionar a economia de uma determinada região, como foi o caso da participação do Japão na Segunda Guerra Mundial, quando ao país derrotado não restava outra alternativa senão desenvolver um esforço supremo de reconstrução, sob pena de se submeter a uma catástrofe ainda maior. Esse esforço provocou enormes avanços na economia japonesa, que em pouco mais de 30 anos alcançou o status de uma das maiores economias do mundo.
Assim, a inter-relação História-Economia é fundamental para o entendimento das rápidas mudanças que sacodem as estruturas da sociedade contemporânea, fornecendo elementos para que o homem possa superar os desafios de construir condições de equilíbrio social, mesmo diante das turbulências típicas da vida contemporânea.
A Economia e a Geografia
A criação de um campo de estudo denominado “Geografia Econômica” é a prova mais contundente do inter-relacionamento entre as duas áreas do conhecimento, que são consideradas complementares.
A Geografia Econômica fornece subsídios sobre os recursos humanos e naturais disponíveis em determinada região, além de análises climatológicas, hidrográficas etc. que servem como indicadores para as políticas econômicas de distribuição de recursos financeiros com mais eficiência.
A interação entre a Economia e a Geografia permite que a última deixe de ser uma mera mapeadora de acidentes geográficos e dos indicadores climáticos e se transforme em uma fornecedora de dados que permitem a avaliação das condições econômicas do mercado, da concentração de recursos produtivos nas regiões e da composição de setores da atividade econômica.
A inter-relação entre essas duas áreas do conhecimento permite ao mercado tomar decisões sobre investimentos utilizando como critério de decisão as tendências de desenvolvimento econômico e perspectivas de crescimento.
Estudos de variáveis demográficas estão inseridos nessa inter-relação.
SAIBA MAIS - Faça uma pesquisa sobre os subsídios fiscais para a Região Nordeste do Brasil. Será que os subsídios fiscais oferecidos pelo Governo Federal às empresas que procuram instalar- se na Região Nordeste têm alguma relação com a Economia?
A Economia e a Matemática
Muito embora a Economia seja uma ciência social, ela é limitada pela escassez de recursos,
ocupando-se de cálculos de quantidades físicas dos recursos e da distribuição equilibrada destes, como o estabelecimento das quantidades de bens e serviços a serem produzidos e as quantidades de recursos de produção a serem utilizados no processo produtivo.
A Matemática, por sua vez, nos permite demonstrar através de gráficos e fórmulas importantes princípios e conceitos das relações econômicas. A Matemática permite também detalhadas análises sobre modelos econômicos teóricos e práticos, utilizando para tanto recursos de simulação e simplificando situações complexas a um pequeno grupo de variáveis.
A interação entre Economia e Matemática é tão forte que existe uma área de estudos em que os modelos são quantificados, denominada “Econometria”, uma combinação de Estatística, Matemática e Economia.
A Economia não possui tantas relações de exatidão quanto a Matemática, pois se assim fosse seria plenamente previsível. Na Economia, os números aprendem, pensam, reagem, projetam, fingem e são substituídos pelo ser humano com todos as suas qualidades e defeitos.
Mas, ainda assim, a Economia apresenta situações matemáticas com algumas relações que podem ser consideradas invioláveis, tais como:
O consumo nacional é diretamente proporcional à renda nacional;
As quantidades de bens e serviços demandadas são inversamente proporcionais aos seus preços;
A taxa de câmbio influi diretamente no volume de importações e exportações de bens e serviços.
Na relação entre a Matemática e a Economia, você precisa estar ciente de que a Matemática é um instrumento a serviço da Economia. É uma ferramenta que permite provar as hipóteses da Economia, sendo apenas um meio, e não um fim em si mesma.
Quando você estiver tratando de fatos econômicos, utilize a Matemática para auxiliá-lo na tomada de decisão, mas jamais faça com que ela seja predominante, pois você precisará levar sempre em consideração as relações humanas.
SAIBA MAIS - Faça uma pesquisa sobre “consumo nacional“ e “renda nacional“. Você seria capaz de estabelecer uma relação matemática entre esses dois componentes econômicos.
A Economia e o Direito
Segundo Rossetti (1994), nenhuma ordem econômica é possível sem que o Direito limite as liberdades em função das responsabilidades recíprocas, solucionando claramente os conflitos potenciais observados.
Tal afirmação resume a forte interação entre a Economia e o Direito. Todas as ações econômicas envolvem as pessoas, as empresas e o governo. Como esses protagonistas possuem interesses diferentes, surgem as áreas de conflitos potenciais.
A própria liberdade de concorrência entre as empresas, a autorregulação do mercado, as liberdades de escolhas individuais, o consumo e a acumulação de riquezas devem ser regulamentados pela ordem jurídica que opera para conciliar os interesses, coibir abusos e delimitar as responsabilidades.
Compete à legislação situar o homem, a atividade empresarial e a sociedade no bojo da política e do meio ambiente, indicando os direitos e responsabilidades das partes e impondo os limites dentro dos quais a liberdade de ação pode ser praticada sem que a outra parte seja prejudicada.
Historicamente, pode-se afirmar que as relações entre a Economia e o Direito ganharam um novo status a partir da Segunda Guerra Mundial. Na França instituiu-se a disciplina de estudos Direito Econômico na Universidade de Paris, e tal fato acabou por gerar ações semelhantes na Itália e na Alemanha.
Mas foi somente com o fim do liberalismo e o início da ordem econômica dirigida pelas áreas governamentais que se ampliou a legislação sobre atividades econômicas. Tal fato foi decisivo para a aproximação dos conceitos do Direito e da Economia, superando barreiras que os mantinham afastados e aumentando as relações de interdependência.
SAIBA MAIS - O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) é o órgão responsável por zelar pela livre concorrência na economia brasileira. Nesse contexto, uma de suas funções práticas é julgar os processos relativos a operações de fusões e aquisições. Você saberia dizer o porquê?
Síntese
Neste Capítulo, você aprendeu os conceitos da Economia e como funciona a Curva das Possibilidades de Produção.
Você também conheceu os problemas econômicos fundamentais, resumidos por: “O que produzir?”; “Quanto produzir?”; “Como produzir?” e “Para quem produzir?”.
Ao estudar os grandes pensadores da Economia e conhecer um pouco sobre as teorias econômicas desenvolvidas ao longo da história da humanidade, você tomou contato com questões como a influência da Economia nas atividades humanas, bem como as questões como a escassez de recursos.
Um ponto importante é a decisão entre a livre iniciativa ou a interferência do Estado na Economia, entendendo os conceitos do keynesianismo, que propõe a interferência governamental para recolocar a economia de uma nação no rumo do desenvolvimento em períodos recessivos provocados pelo esgotamento da livre iniciativa.
Finalmente, estudou o relacionamento da Economia com outras áreas do conhecimento e qual a influência de cada uma dessas áreas nas decisões de cunho econômico.
É importante que você faça algumas reflexões sobre o material estudado, principalmente nos assuntos destacados nos “boxes de conteúdo”.
Aconselho a releitura especialmente das dicas, pois isso facilitará seu desempenho nos demais temas do curso e nas demais unidades de ensino.
Questão 5 – A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para a Economia pois: 
a – Facilita a compreensão do presente e ajuda nas previsões.
b – Determina as deliberações
c – Fomenta o percurso formativo
d – Estabelece as deliberações

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