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Alice Bastos Adaptação respiratória Período fetal Durante a gravidez, o feto tem seu sangue oxigenado e gás carbônico eliminado através da placenta, uma vez que seus pulmões estão inativos; No decorrer da 24ª e 30ª semana de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que contribuirá para: Trocas gasosas facilitadas; Diminuição da pressão para a insuflação necessária para abertura das vias respiratórias; Melhora da complacência pulmonar; Redução do esforço respiratório; O volume interno dos pulmões é mantido pela secreção de líquido para o lúmen pulmonar; A expansão por líquido de alvéolos potenciais é essencial ao crescimento e ao desenvolvimento da estrutura pulmonar normal antes do nascimento, a qual, por sua vez, influencia a função pulmonar pós-natal. Início da respiração ao nascimento O estabelecimento bem-sucedido de unção pulmonar adequada ao nascimento depende de: Permeabilidade das vias aéreas; Desenvolvimento funcional do pulmão; Maturidade do controle respiratório; O líquido que preenche os pulmões do feto deve ser removido e substituído por ar; O processo de remoção do líquido começa antes do nascimento com o transporte ativo de sódio através do epitélio pulmonar, que carreia líquido do lúmen pulmonar para o interstício, com subsequente absorção pelos vasos sanguíneos; O aumento dos níveis circulantes de catecolaminas, vasopressina, prolactina e glicocorticoides aumenta a absorção do líquido pulmonar e desencadeia a mudança no epitélio pulmonar de secretor de cloreto para reabsorvente de sódio; Durante o parto vaginal, a compressão intermitente do tórax facilita a remoção do líquido pulmonar pela boca e nariz; Com a compressão mecânica do tórax e expulsão do líquido pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax, criando-se assim, uma pressão negativa que traz o ar para dentro dos pulmões; Na maioria dos nascimentos, a primeira respiração realiza-se logo que o recém-nascido deixa o canal do parto; Deve ocorrer dentro de 20 segundos após o parto; Fatores que participam do desencadeamento da resposta respiratória: Estímulo sensorial (exposição ao ar mais frio que o meio interno); Primeiro fator que desencadeia a resposta; Diferença entre a pressão intrauterina e a pressão atmosférica; Estímulos adicionais que ajudam o processo, como fricção dos calcanhares com a palma das mãos; Se os centros respiratórios não estão em condições normais de oxigenação, essa resposta não é adequada, sendo necessária a estimulação química para o início da respiração; A estimulação química é representada pelo baixo pH consequente ao acúmulo de metabólitos ácidos nos centros respiratórios medulares; Esse acúmulo ocorre devido à hipóxia determinada por interrupção do cordão umbilical; Para que os centros respondam a essa diminuição de pH, é necessário que a oxigenação esteja em um nível mínimo, abaixo do qual eles possam estar deprimidos a ponto de não responder. Alice Bastos Fatores mecânicos da 1ª respiração A mecânica respiratória é um dos fatores mais importantes para a adaptação respiratória do RN; A primeira respiração deve ser suficientemente forte para sobrepor as forças de oposição da tensão superficial (particularmente nas vias respiratórias menores) e a viscosidade do líquido residual nas vias respiratórias; Pressão de 15 a 25cmH2O (de acordo com o Ped. Básica de Marcondes) é necessária para esse fim; Para as respirações subsequentes, uma pressão de um terço a um quarto desta é suficiente; OBS.: O Nelson traz uma valor diferente da pressão necessária: 13-32cmH2O; A primeira respiração também deve ser suficientemente forte para introduzir aproximadamente 50 mL/kg de ar nos pulmões, dos quais 20-30mL/kg lá permanecem para estabelecer a capacidade residual funcional (CRF); Os recém-nascidos com baixo peso ao nascimento, por terem a parede torácica muito complacente, podem estar em desvantagem no estabelecimento da CRF; Essa CRF é menor na maioria dos recém- nascidos imaturos devido à diminuição do número de alvéolos; A ar que entra nos pulmões desloca o líquido, diminui a pressão hidrostática na vasculatura pulmonar e aumenta o fluxo sanguíneo pulmonar; O maior fluxo sanguíneo aumenta o volume dos pulmões e a superfície vascular efetiva para captação de líquido remanescente; O líquido remanescente é removido pelos vasos linfáticos pulmonares e através das vias respiratórias superiores, mediastino e espaço pleural. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido chora; O choro cria uma pressão intratorácica positiva, mantendo os alvéolos abertos e forçando o restante do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático; A expansão dos pulmões é rápida; Após as primeiras respirações, o recém-nascido assume sua atividade ventilatória e de oxigenação. Mesmo em recém-nascidos saudáveis nascidos a termo, a oxigenação é comprometida logo após o nascimento e a saturação de oxigênio melhora para exceder 90% em cerca de 5 minutos. Padrão respiratório em recém-nascidos O controle da respiração após o nascimento é, em grande parte, influenciado pela idade gestacional e pelo sono; Quanto menor a idade gestacional, mais irregular é o ritmo respiratório; Durante o sono, nos primeiros meses de vida, as crianças normais nascidas aa termo podem apresentar episódios de respiração regular interrompida por pausas curtas padrão de respiração periódica; É mais comum em RNs prematuros, que podem apresentar apneias de 5-10 segundos, seguidas por uma explosão de movimentos respiratórios rápidos, com frequência de 50-60 respirações/min por 10-15 segundos; Essa respiração é uma característica da respiração neonatal, não tem significado prognóstico. Resistência à hipóxia O feto e o recém-nascido resistem aos efeitos imediatos da hipóxia melhor do que os adultos, devido a: Baixo metabolismo cerebral; Metabolismo energético e temperatura corpórea baixos e bastante variáveis; Uma fonte anaeróbia de energia relativamente importante, graças à grande participação da glicólise anaeróbia na geração de energia.
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