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*Brenda Alves OITIVA DAS TESTEMUNHAS CONCEITO ➢ Testemunha é uma terceira pessoa que não vitima ou réu, que tem conhecimento do fato criminoso, e relata esse fato seja sua existência seja sua ocorrência para as autoridades para que possa apuração de crimes. ➢ É meio de prova pessoal ➢ Tem que ser marcada pela sua imparcialidade, na medida em que não tem interesse no resultado do processo. Apenas relata aquilo que tem conhecimento. ➢ Ou seja, testemunha é a pessoa desinteressada e capaz de depor que, perante a autoridade judiciária, declara o que sabe acerca de fatos percebidos por seus sentidos que interessam à decisão da causa. ➢ A regra é que não haja restrição a uma pessoa ser caracterizada como testemunha. Ou seja, qualquer pessoa pode ser testemunha, desde que seja dotada de capacidade física para depor. Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. ➢ A incapacidade jurídica é irrelevante, pois podem depor no processo penal menores de 18 (dezoito) anos, doentes e deficientes mentais. Logicamente, somente a pessoa física pode ser testemunha, na medida em que o depoimento pressupõe memória. ➢ Exceção: certas pessoas podem recusar seu testemunho. Não tem obrigação de depor. Indivíduos DISPENSADOS de depor. o Companheiro ou cônjuge da vitima o Ascendente ou descendente da vitima o Irmão o Parente em linha reta (mãe e pai) o Filho adotivo do acusado Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do *Brenda Alves acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias ➢ Essas pessoas não serão consideradas testemunhas, se ouvidas, serão ouvidas na qualidade de declarante: seja por uma relação de parentesco, de grande amizade, ou de notória inimizade, possuem interesse no resultado do processo, e não são imparciais. ➢ Podem ser ouvidos, mas em tese são mais parciais que as testemunhas, em abstratos seu poder de convencimento é bem menor. ➢ Os declarantes das vítimas podem se recusarem a depor. ➢ Testemunha: presta juramento de dizer a verdade, se compromete a ser imparcial, não tem interesse no resultado do processo (absolvido ou condenado)!! ➢ Exceção: os indivíduos que não prestam o compromisso de dizer a verdade. Aqui estão arrolados aqueles que não têm a plena capacidade de prestar um compromisso como esse: o crianças menores de 14 anos o pessoas doentes o deficientes mentais ➢ Essas pessoas são PROIBIDAS por lei de depor, salvo uma circunstância: o Padre católico, pastores, ministros religiosos, que guardam confissões. o Médico/psicólogo que guarda sigilo em relação aos seus pacientes. o Advogado em relação aos seus clientes. Salvo se a parte interessada que confidenciou o segredo efetivamente eximir da obrigação, se ela liberar, essas pessoas que são proibidas se quiserem poderão depor. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. *Brenda Alves NATUREZA JURÍDICA ➢ Em relação à natureza jurídica, cuida-se de meio de prova. CARACTERÍSTICAS ➢ Objetividade: a testemunha quando depõe, relata os fatos de forma objetiva, e não pode externar as suas percepções/impressões pessoais, salvo se elas forem imprescindíveis ou necessárias para a narrativa do fato. ➢ Oralidade: o testemunho deve ser oralmente. o Ressalva: pode ter acesso a breves apontamentos (ver o depoimento prestado por ele em outras esferas). Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos. Obs: O Informativo n. 431 do STJ prevê uma exceção à regra de oralidade do depoimento de testemunhas, ao autorizar que vítima menor de idade de crime contra a dignidade sexual possa prestar depoimento por escrito – desde que confeccionado na audiência e na presença do magistrado. ➢ Individualidade: as testemunhas serão ouvidas de forma individual, devendo a autoridade providenciar para que uma não tome o conhecimento do depoimento da outra. Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas ➢ Retrospectividade: a parte vai falar daquilo que ela tomou conhecimento, seja direto(visual), ou indireta(ouvir-dizer). A testemunha é chamada a depor no processo sobre fatos passados, jamais sobre fatos futuros. *Brenda Alves ➢ A testemunha, em regra, presta o compromisso de dizer apenas a verdade. ➢ Caso não o faça, pode responder pelo crime de falso testemunho. ➢ Assim como o ofendido, e ao contrario do réu, a testemunha não possui direito ao silêncio, podendo calar-se apenas se suas declarações puderem incriminá-la de alguma forma. ➢ A testemunha que se cala quando deveria prestar declarações também responde pelo delito de FALSO TESTEMUNHO, assim como faria se tivesse simplesmente mentido em suas declarações. ESPÉCIES DE TESTEMUNHAS ➢ Testemunha referida ou do juízo: são aquelas que não constam na peça acusatória e nem na peça de defesa. Muitas das vezes nem se sabe da existência dela; É aquela que foi mencionada por outra pessoa, sendo ouvida a pedido das partes ou de ofício pelo magistrado (CPP, art. 209, § 1º). Podem ou não prestar compromisso, a depender do caso concreto; ➢ Testemunha extranumerária: não entram no número de testemunhas que são arroladas na denúncia ou queixa ou na resposta a acusação; não são computadas para efeito de aferição do número máximo de testemunhas legalmente permitido, podendo, portanto, ser ouvidas em número ilimitado. São testemunhas extranumerárias: as ouvidas por iniciativa do juiz (art. 209, caput, CPP), as que não prestam o compromisso legal e foram arroladas pelas partes, e as que nada sabem que interesse à decisão da causa (CPP, art. 209, § 2º). ➢ Testemunhas numerárias: são aquelas que são computadas para efeito de aferição do número máximo de testemunhas legalmente permitido, ou seja, as arroladas pelas partes e que prestam compromisso legal. ➢ Testemunha inútil: testemunha que não sabe de nada. Não tem conhecimento de nada dos fatos. Não entra na contabilidade. ➢ Testemunhas laudadoras ou de beatificação: sua função é apenas de declarar a boa índole e comportamento do acusado; é aquela que também não sabe de nada do fato, mas ele diz que o réu é uma pessoa gente boa, sabe da vida da pessoa. São admitidas na média em que fornecem *Brenda Alves elementos para o magistrado para que uma eventual condenação, ele possa trazer os elementos para dosimetria de pena. Se elas conseguirem convencer o juiz que essa pessoa tem um bom ou mal comportamento social. ➢ Testemunha direta: também conhecida como testemunha visual, é aquela que depõe sobre fatos que presenciou ou visualizou. ➢ Testemunha indireta: também conhecida como testemunha auricular, essa pessoa não presenciou diretamente o fato delituoso, mas ouviu falar sobre ele. Como dito acima, em regra, a testemunha depõe a partir de seu conhecimento pessoal sobre os fatos que ela foi chamada a comprovar; qualquer outro tipo de declaração é considerado testemunho indireto. ➢ Testemunha própria: é aquela que depõe sobre o thema probandum,ou seja, acerca da imputação constante da peça acusatória. ➢ Testemunha imprópria, instrumentária ou fedatária: são aquelas que depõem sobre a regularidade de um ato ou fato processual, e não sobre o fato delituoso objeto do processo criminal. Exemplificando, dispõe o art. 304, § 2º, do CPP, que a falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que haja testemunhado a apresentação do preso à autoridade; ➢ Testemunhas declarantes ou Informante: são aquelas pessoas que são ouvidas, porém sem prestar o compromisso de dizer a verdade. Além das pessoas do art. 206, que porventura prestem seu depoimento, também estão incluídos os menores de 14 (quatorze) anos, os doentes e deficientes mentais (CPP, art. 208). ➢ Depoimento ad perpetuam rei memoriam: se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, ou esteja impossibilitada de depor, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento (CPP, art. 225). O procedimento da oitiva será o da produção antecipada de provas dos arts. 381 a 383 do novo CPC; ➢ Testemunha anônima: é aquela cuja identidade verdadeira – compreendendo nome, sobrenome, endereço e demais dados qualificativos – não é divulgada ao acusado e ao seu defensor técnico; *Brenda Alves ➢ Testemunha ausente: é aquela que não comparece em pessoa para prestar depoimento durante o julgamento do acusado, por diversos motivos (v.g., testemunha que faleceu logo após o crime); ➢ Testemunha remota: é aquela que presta seu depoimento por videoconferência. QUANTAS TESTEMUNHAS PODEM JUNTAR? ➢ Depende do rito em que ocorre essa infração penal ➢ Além do rito especial, tem-se 3 ritos comuns: o Rito comum ordinário: CPP. Se o crime se enquadrar no ordinário, até 8 testemunhas por acusado. Não contabiliza as extranumerárias, declarantes, nada sabe acerca do fato (inútil). o Rito comum sumário: CPP. Até 5 testemunhas. o Rito sumaríssimo dos juizados especiais: lei 9099. Até 3 testemunhas. ➢ Caso a testemunha pudesse se incriminar em razão do seu depoimento, ela tem a autorização para poder se calar/silenciar. INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS ➢ Regra: as perguntas são formuladas diretamente pelas partes, com fiscalização constante do Magistrado, que tem o poder até mesmo de indeferir alguns tipos de perguntas, tais como: o perguntas capazes de induzir uma determinada resposta; o perguntas não relacionadas à causa; o perguntas repetidas. ➢ Tribunal do Júri: os jurados não podem fazer perguntas diretamente às testemunhas, nem ao ofendido. ➢ Juiz: após a atuação das partes e a finalização das perguntas realizadas por ambos os polos processuais, o juiz pode formular perguntas complementares. *Brenda Alves DETALHES IMPORTANTES ➢ Videoconferência: como você já sabe, em alguns casos (como quando o réu intimida a testemunha), a videoconferência pode ser utilizada para realizar a oitiva. ➢ Testemunha fora de juízo: pode-se utilizar carta precatória para ouvir uma testemunha que resida fora do juízo. Essa carta não suspende o curso do processo. Nesse sentido, é bom observar a Súmula n. 155/STF, a saber: Súmula n. 155/STF: É relativa à nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. Ou seja, caso as partes não sejam intimadas da expedição de carta precatória para oitiva de uma testemunha, tal fato gera mera nulidade relativa. ➢ Testemunhas podem ser contraditadas: em caso de testemunhas suspeitas ou parciais (como no caso de testemunhas proibidas de depor ou que não precisam prestar o compromisso de dizer apenas a verdade), a parte pode contraditar a testemunha (ato em que comunica ao juiz o motivo pelo qual aquela testemunha não deveria ser ouvida). ➢ Com isso, o juiz ouvirá a outra parte e a testemunha sobre a contradita, e decidirá se exclui, ou não, tal testemunha. ➢ Em casos de testemunha que reside fora do juízo, além da oitiva por carta precatória, é também possível a oitiva por videoconferência! ➢ Testemunhas devem ser ouvidas SEPARADAMENTE, para que não se reduza a credibilidade de seus depoimentos.
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