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Delegado Prova Discursiva

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Prévia do material em texto

Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti 
@btzanotti (instagram) 
 
www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br 
 
 
GOVERNO DO ESTADO 
SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA 
POLÍCIA CIVIL 
 
 
CONCURSO PÚBLICO 
 
PROVA DISCURSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
 
 Você recebeu este caderno contendo um tema de peça prática a ser desenvolvido e 3 
questões discursivas. 
 Confira seus dados impressos na capa deste caderno. 
 Quando for permitido abrir o caderno, verifique se está completo ou se apresenta 
imperfeições. Caso haja algum problema, informe ao fiscal da sala. 
 Assine apenas no local indicado; qualquer identificação ou marca feita pelo candidato no 
corpo deste caderno, que possa permitir sua identificação, acarretará a atribuição de nota 
zero à prova. 
 É vedado, em qualquer parte do material recebido, o uso de corretor de texto, de caneta 
marca-texto ou de qualquer outro material similar. 
 Redija as respostas e o texto definitivos com caneta de tinta exigida no edital. Os 
rascunhos não serão considerados na correção. A ilegibilidade da letra acarretará prejuízo 
à nota do candidato. 
 Ao sair, você entregará ao fiscal este caderno. 
 Até que você saia do prédio, todas as proibições e orientações continuam válidas. 
 
AGUARDE A ORDEM DO FISCAL PARA ABRIR ESTE CADERNO. 
 
 
 
Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti 
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Grande salve guerreiro e guerreira, 
 
Liberei esse simulado para você, pensando no concurso para Delegado de 
Polícia do Estado do Paraná, o qual é composto por questões INÉDITAS 
criadas por mim, inicialmente, para o concurso de Delegado de Polícia do 
ES. 
 
Trata-se de uma rodada completa daquele curso, com questões, folha de 
resposta, gabarito e sugestão de resposta, tudo atualizado até agosto de 
2020. Agora, já pensou você ter um material desse nível corrigido 
individualmente pelo professor? Aproveite para conhecer a proposta, 
testar o seu conhecimento e ver o quanto você está preparado para essa 
etapa do concurso que derruba inúmeros alunos por não se prepararem 
adequadamente. 
 
Recomendo, contudo, irmos além desse simulado. No meu CURSO DE 
DISCURSIVAS E PEÇAS PRÁTICAS PARA DELEGADO DA PC-PR, você terá 
uma preparação completa para essa etapa do certame, colocando-se a 
frente de outros que aguardarão o momento chegar para se prepararem: 
 
1. 4 rodadas, cada uma contendo 1 peça prática e 2 questões discursivas, 
tudo com correção individualizada pelo professor. 
2. Vídeo com as instruções centrais para você montar o “modelo” de peça 
prática, o qual pode ser utilizado como base para confecção das principais 
peças 
3. Vídeo com os 15 principais erros que os alunos comentem ao responder 
uma peça prática ou uma discursiva. 
4. Um material bônus com mais de 10 modelos de peças práticas do cargo 
de Delegado de Polícia 
5. Lista completa das legislações a serem colocadas no preâmbulo, tudo 
estruturado para facilitar o seu aprendizado. 
6. E muito mais... 
 
Vá agora ao nosso site para conhecer curso que será o seu diferencial: 
 
 
 
 
 
JUNTOS, ATÉ A APROVAÇÃO! 
WWW.BRUNOZANOTTI.COM.BR 
http://www.brunozanotti.com.br/
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PEÇA PRÁTICA 
 
A partir de uma denúncia anônima datada de 01/07/2019, o Delegado Titular do 
Departamento Especializado de Narcóticos tomou conhecimento de que ANDRÉ 
SANTOS, gerente do Restaurante COMIDA BOA, entidade beneficente que auxilia a 
comunidade do entorno, localizada na Av. Vitória, nº 30, Vitória, utilizava o local para 
venda de drogas. 
Diante desse cenário, a fim de confirmar a veracidade das informações, o Delegado de 
Polícia expediu Ordem de Serviço n° 58/19 para que uma equipe policial verificasse a 
procedência das informações. Ato seguinte, os policiais fizeram campana por três dias 
seguidos, de modo a constatar uma ação estranha de algumas pessoas no local em 
horário não-comercial. 
Os policiais conseguiram elaborar relatório conclusivo da Ordem de Serviço n° 58/19, do 
qual consta fotos e qualificação de inúmeros envolvidos com a respectiva ficha criminal. 
Dentre os envolvidos, foi possível identificar e qualificar JOÃO VICENTE, residente à Rua 
Carlos Fernandes, n° 215, Jardim Camburi, Vitória, o qual possui inúmeras passagens 
por tráfico de drogas. Do relatório consta, ainda, a qualificação e residência de ANDRÉ 
SANTOS, qual seja, Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória. 
De posse dessas informações, o Delegado de Polícia instaurou o Inquérito Policial n° 
228/19, no qual juntou as diligências mencionadas e oitiva de algumas testemunhas 
arroladas pelos investigadores de polícia. O Delegado de Polícia representou pela busca 
e apreensão no mencionado Restaurante e pelas prisões temporárias de ANDRÉ SANTOS 
E JOÃO VICENTE, sendo que só o primeiro foi preso. O segundo encontra-se foragido. 
A busca e apreensão foi infrutífera. 
Durante o interrogatório no início desta semana, ANDRÉ SANTOS, acompanhado de seu 
advogado, negou os fatos imputados, afirmando que as fotos nada provam, em especial 
porque recorda que recebera no mencionado dia um material para o seu restaurante, 
como frutas e verduras, recebimento esse que seria confirmado posteriormente com a 
juntada de notas fiscais. 
No mesmo dia do interrogatório, logo após o seu término, a esposa de ANDRÉ SANTOS 
compareceu na Delegacia de Polícia e comentou em local público com o advogado que 
os arquivos com o controle contábil das transações que eram objeto da investigação 
estavam no sótão de sua residência. O advogado lhe perguntou sobre as drogas e ela 
respondeu que estavam junto com os documentos, mudando de assunto, em seguida, 
ao perceber que outras pessoas estavam chegando no lugar. Toda a conversa foi ouvida 
por dois policiais que relataram o ocorrido ao Delegado de Polícia e materializaram em 
relatório de investigação o que ouviram, além de terem consignado a necessidade de 
posteriormente investigar a efetiva participação da esposa no caso. 
Na qualidade do Delegado de Polícia responsável pelas atividades de Polícia Judiciária 
que preside o inquérito policial, redija a peça processual adequada à continuidade das 
investigações. Fundamente e motive. 
 
NÃO ASSINE ESTA FOLHA 
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PEÇA PROCESSUAL – distribuição dos pontos 
 
Quesito Critério Sua nota e 
pontuação 
prevista 
 O que a pontuação 
possui 
Endereçamento Vara/Comarca (3,0) - Endereçamento 
Preâmbulo Nome da peça e 
a estruturação 
do preâmbulo 
 
 (6,0) - A Polícia Civil do Estado do 
Espírito Santo... (2,0) 
- Referência ao IP instaurado 
(2,0) 
- Representação por busca e 
apreensão (2,0) 
Fundamento 
Legal 
 
 (7,0) - Previsões legais específicas da 
peça (art. 5°, inciso XI, e art. 144, 
§4°, ambos da Constituição Federal; 
pelo art. 6°, parte inicial do inciso II, 
do Código de Processo Penal, e pelo 
art. 2°, §1°, da Lei n° 12.830/2013) 
Fatos Narrativa sucinta 
dos fatos 
 (10,0) - Narrar de forma objetiva e 
sucinta os fatos mais relevantes 
que ocorreram. 
Fundamentação - Tipificação das 
condutas 
- Requisitos de 
cabimento e 
requisitos 
cautelares da 
medida 
 (15,0) - Crime de tráfico de drogas com 
aumento por local beneficente 
(art. 33,caput, c/c art. 40, inciso III, da Lei 
n° 11.343/06) – (5,0) 
- Cabimento da busca e 
apreensão (art. 240, § 1º,“d” e 
“h”, do CPP) – (5,0). 
- crime não praticado sob o 
manto das excludentes... (5,0) 
Pedido Especificação do 
pedido 
 
 
 (17,0) - Busca e apreensão (5,0) 
- Identificação dos objetos da 
busca (drogas e documentos) – 
(2,0) 
- Ausência de manifestação da 
parte contrária (5,0) 
- escolha do endereço correto – 
Av. Saturnino Rangel Mauro... 
(5,0) 
Chancela final Local, data e 
nomenclatura do 
cargo 
 (2,0) - nomenclatura 
Erros de Português (-0,25 cada, até 
o limite de 20 pontos) 
 
 
TOTAL (60,0) 
 
 
 
 
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VERSÃO 1: 
 
 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE VITÓRIA ‒ ES. 
 
Ref. Inquérito Policial nº. 228/2019. 
 
A Polícia Civil do Estado do Espírito Santo, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final 
assinado, no uso de suas atribuições que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, 
pelos art. 5°, inciso XI, e art. 144, §4°, ambos da Constituição Federal; pelo art. 6°, 
inciso II, art. 240, §1º, e art. 242, todos do Código de Processo Penal; e pelo art. 2°, 
§1°, da Lei n° 12.830/2013, representa pela BUSCA E APREENSÃO no endereço citado 
abaixo, pelos fatos e fundamentos que passa a expor. 
1. Dos fatos 
 
A partir de uma denúncia anônima datada de 01/07/2019, a Polícia Civil do Estado do 
Espírito Santo tomou conhecimento que ANDRÉ SANTOS, gerente do Restaurante 
COMIDA BOA, entidade beneficente que auxilia a comunidade do entorno, localizada na 
Av. Vitória, nº 30, Vitória, utilizava o local para venda de drogas. 
Diante desse cenário, a fim de confirmar a veracidade das informações, o Delegado de 
Polícia que esta subscreve expediu a Ordem de Serviço n° 58/19 para que uma equipe 
policial verificasse a procedência das informações. Ato seguinte, os policiais fizeram 
campana por três dias seguidos, de modo a constatar uma ação estranha de algumas 
pessoas no local em horário não-comercial. 
Os policiais conseguiram elaborar relatório conclusivo da Ordem de Serviço n° 58/19, do 
qual consta fotos e qualificação de inúmeros envolvidos com a respectiva ficha criminal. 
Dentre os envolvidos, foi possível identificar JOÃO VICENTE, o qual possui inúmeras 
passagens por tráfico de drogas. Do relatório consta, ainda, a residência de ANDRÉ 
SANTOS, qual seja, Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória. 
De posse dessas informações, foi instaurado o Inquérito Policial n° 228/19, no qual 
houve a juntada das diligências mencionadas e oitiva de algumas testemunhas arroladas 
pelos investigadores de polícia. Representou-se pela busca e apreensão no mencionado 
restaurante e pelas prisões temporárias de ANDRÉ SANTOS E JOÃO VICENTE, sendo que 
só o primeiro foi preso, estando o segundo foragido até a presente data. A busca e 
apreensão, contudo, foi infrutífera. 
Durante o interrogatório no início desta semana, ANDRÉ SANTOS, acompanhado de seu 
advogado, negou os fatos imputados, afirmando que as fotos nada provam, em especial 
porque recorda que recebera no mencionado dia um material para o seu restaurante, 
como frutas e verduras, recebimento esse que seria confirmado posteriormente com a 
juntada de notas fiscais. 
No mesmo dia do interrogatório, logo após o seu término, a esposa de ANDRÉ SANTOS 
compareceu na Delegacia de Polícia e comentou em local público com o advogado que 
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os arquivos com o controle contábil das transações que eram objeto da investigação 
estavam no sótão de sua residência. O advogado lhe perguntou sobre as drogas e ela 
respondeu que estava junto com os documentos, mudando de assunto, em seguida, ao 
perceber que outras pessoas estavam chegando no lugar. Tal conversa foi ouvida por 
dois policiais que relataram o ocorrido ao Delegado de Polícia e materializaram em 
relatório de investigação o que ouviram, além de terem consignado a necessidade de 
posteriormente investigar a efetiva participação da esposa no caso. 
 
2. Do Direito 
Observa-se que existem fortes indícios de materialidade e autoria, sendo necessário 
ainda alguns elementos informativos para confirmar os fatos que são objeto de 
investigação, de modo que se faz necessário um mandado de busca e apreensão. Por 
isso, restará cabalmente demonstradas a autoria e a materialidade do crime de tráfico 
de drogas – art. 33,caput, c/c art. 40, inciso III, da Lei n° 11.343/06 – com a localização 
e apreensão dos arquivos de controle contábil, além da potencial existência de drogas 
no local. Ademais, o fato não foi praticado sob o manto de uma causa excludente de 
ilicitude ou de culpabilidade, nem tampouco está extinta a punibilidade. 
Considerando que a casa é asilo inviolável, no presente caso, a busca só poderá ser 
realizada em local onde, provavelmente, encontram-se os objetos necessários à prova 
de infração ou para colher qualquer elemento de convicção, mediante decisão judicial, 
devidamente fundamentada, nos termos do art. 5º, XI, da Constituição Federal. Desse 
modo, o presente caso amolda-se às hipóteses do art. 240, § 1º, “d” e “h”, do Código 
de Processo Penal. 
3. Do Pedido 
Ante o exposto, esta autoridade policial REPRESENTA PELA BUSCA E APREENSÃO 
DOMICILIAR, sem a oitiva da parte contrária, na residência do investigado, qual seja, 
Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória, a fim de localizar e 
apreender especialmente arquivos de controle contábil e drogas. 
Vitória-ES, ........... de ................................ de 2019 . 
Delegado de Polícia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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VERSÃO 2: Em razão do espaço curto para a resposta (60 linhas), pode-
se mostrar interessante um texto corrido, sem a delimitação visual dos 
espaços. As diferenças redacionais foram destacadas em amarelo. 
 
 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE VITÓRIA ‒ ES. 
 
Ref. Inquérito Policial nº. 228/2019. 
 
A Polícia Civil do Estado do Espírito Santo, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final 
assinado, no uso de suas atribuições que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, 
pelos art. 5°, inciso XI, e art. 144, §4°, ambos da Constituição Federal; pelo art. 6°, 
inciso II, art. 240, §1º, e art. 242, todos do Código de Processo Penal; e pelo art. 2°, 
§1°, da Lei n° 12.830/2013, representa pela BUSCA E APREENSÃO no endereço citado 
abaixo, pelos fatos e fundamentos que passa a expor. 
Em relação aos fatos, a partir de uma denúncia anônima datada de 01/07/2019, a Polícia 
Civil do Estado do Espírito Santo tomou conhecimento que ANDRÉ SANTOS, gerente do 
Restaurante COMIDA BOA, entidade beneficente que auxilia a comunidade do entorno, 
localizada na Av. Vitória, nº 30, Vitória, utilizava o local para venda de drogas. 
Diante desse cenário, a fim de confirmar a veracidade das informações, o Delegado de 
Polícia que esta subscreve expediu a Ordem de Serviço n° 58/19 para que uma equipe 
policial verificasse a procedência das informações. Ato seguinte, os policiais fizeram 
campana por três dias seguidos, de modo a constatar uma ação estranha de algumas 
pessoas no local em horário não-comercial. 
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qual consta fotos e qualificação de inúmeros envolvidos com a respectiva ficha criminal. 
Dentre os envolvidos, foi possível identificar JOÃO VICENTE, o qual possui inúmeraspassagens por tráfico de drogas. Do relatório consta, ainda, a residência de ANDRÉ 
SANTOS, qual seja, Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória. 
De posse dessas informações, foi instaurado o Inquérito Policial n° 228/19, no qual 
houve a juntada das diligências mencionadas e oitiva de algumas testemunhas arroladas 
pelos investigadores de polícia. Representou-se pela busca e apreensão no mencionado 
restaurante e pelas prisões temporárias de ANDRÉ SANTOS E JOÃO VICENTE, sendo que 
só o primeiro foi preso, estando o segundo foragido até a presente data. A busca e 
apreensão, contudo, foi infrutífera. 
Durante o interrogatório no início desta semana, ANDRÉ SANTOS, acompanhado de seu 
advogado, negou os fatos imputados, afirmando que as fotos nada provam, em especial 
porque recorda que recebera no mencionado dia um material para o seu restaurante, 
como frutas e verduras, recebimento esse que seria confirmado posteriormente com a 
juntada de notas fiscais. 
No mesmo dia do interrogatório, logo após o seu término, a esposa de ANDRÉ SANTOS 
compareceu na Delegacia de Polícia e comentou em local público com o advogado que 
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os arquivos com o controle contábil das transações que eram objeto da investigação 
estavam no sótão de sua residência. O advogado lhe perguntou sobre as drogas e ela 
respondeu que estava junto com os documentos, mudando de assunto, em seguida, ao 
perceber que outras pessoas estavam chegando no lugar. Tal conversa foi ouvida por 
dois policiais que relataram o ocorrido ao Delegado de Polícia e materializaram em 
relatório de investigação o que ouviram, além de terem consignado a necessidade de 
posteriormente investigar a efetiva participação da esposa no caso. 
Superadas as questões de fato, observa-se que existem fortes indícios de materialidade 
e autoria, sendo necessário ainda alguns elementos informativos para confirmar os fatos 
que são objeto de investigação, de modo que se faz necessário um mandado de busca 
e apreensão. Por isso, restará cabalmente demonstradas a autoria e a materialidade do 
crime de tráfico de drogas – art. 33,caput, c/c art. 40, inciso III, da Lei n° 11.343/06 – 
com a localização e apreensão dos arquivos de controle contábil, além da potencial 
existência de drogas no local. Ademais, o fato não foi praticado sob o manto de uma 
causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade, nem tampouco está extinta a 
punibilidade. 
Considerando que a casa é asilo inviolável, no presente caso, a busca só poderá ser 
realizada em local onde, provavelmente, encontram-se os objetos necessários à prova 
de infração ou para colher qualquer elemento de convicção, mediante decisão judicial, 
devidamente fundamentada, nos termos do art. 5º, XI, da Constituição Federal. Desse 
modo, o presente caso amolda-se às hipóteses do art. 240, § 1º, “d” e “h”, do Código 
de Processo Penal. 
Ante o exposto, esta autoridade policial REPRESENTA PELA BUSCA E APREENSÃO 
DOMICILIAR, sem a oitiva da parte contrária, na residência do investigado, qual seja, 
Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória, a fim de localizar e 
apreender especialmente arquivos de controle contábil e drogas. 
Vitória-ES, ........... de ................................ de 2019 . 
Delegado de Polícia 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO DISSERTATIVA 1 
(DIREITO CONSTITUCIONAL: hermenêutica constitucional + processo 
legislativo) 
 
O Supremo Tribunal Federal, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, 
declarou inconstitucional a prática de parlamentares introduzirem emendas sobre 
matérias estranhas à espécie legislativa em trâmite. Diante dos consideráveis efeitos 
adversos que adviriam da declaração de inconstitucionalidade de todas as medidas 
provisórias e leis já aprovadas, ou ainda em tramitação, com vício semelhante, e do fato 
de estar-se a afirmar um novo entendimento sobre a matéria, a Corte decidiu não aplicar 
o novo entendimento no caso julgado ou nos demais mencionados, mas afirmou que 
esse seria o novo parâmetro para casos futuros. 
Sobre o tema, identifique o nome da prática apontada pela Corte Constitucional como 
inconstitucional, citando os dois fundamentos utilizados que levaram a tal conclusão [9,0 
pontos]. Ademais, indique e conceitue a técnica de interpretação/julgamento utilizada 
pelo Supremo Tribunal Federal [6,0 pontos]. Por fim, analise e fundamente se a técnica 
utilizada se trata de um exemplo de modulação de efeitos para fins da incidência do art. 
27 da Lei n° 9.868/99 [5,0 pontos]. 
 
 
 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS: 
 
Nome da prática – rabo da lei ou contrabando (4,5 pontos) 
2 fundamentos: devido processo legislativo e democracia (4,5 pontos) 
Nome da técnica – sentença de aviso ou prospective overruling (3,0 
pontos) 
 
Explicação da técnica (3,0 pontos) 
É caso de modulação de efeitos? (5,0 pontos) 
Português (0,25 por erro, até o limite de 5 pontos) 
NOTA FINAL 
 
 
 
MATERIAL DE LEITURA E/OU JULGADOS SOBRE O TEMA: 
 
 
- RABO DA LEI: 
 
O rabo da lei consiste na prática comum de o Congresso Nacional introduzir emendas 
sobre matérias estranhas à espécie legislativa em trâmite, a fim de tentar a sua 
aprovação. Essa prática também é conhecida como “contrabando legislativo” ou “cauda 
da lei” ou riders. 
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O STF, ao julgar a ADI 5127,[1] entendeu que tal prática constitui um costume contrário 
à Constituição, violadora de preceitos bases , eivada, portanto de inconstitucionalidade. 
Tal julgado ocorreu em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Contudo, 
uma observação sobre o tema se faz necessária. Diante dos consideráveis efeitos 
adversos que adviriam da declaração de inconstitucionalidade de todas as medidas 
provisórias e leis já aprovadas, ou ainda em tramitação, com vício semelhante, e do fato 
de estar-se a afirmar um novo entendimento sobre a matéria, a Corte atribuiu eficácia ex 
nunc à decisão. Ficaram, assim, preservadas, até a data daquele julgamento, todas as 
leis oriundas de projetos de conversão de medidas provisórias com semelhante vício, já 
aprovadas ou em tramitação no Congresso Nacional, incluindo o dispositivo impugnado 
na presente ação direta. 
Sobre o tema, segue o mencionado julgado: 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. EMENDA 
PARLAMENTAR EM PROJETO DE CONVERSÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA EM LEI. CONTEÚDO 
TEMÁTICO DISTINTO DAQUELE ORIGINÁRIO DA MEDIDA PROVISÓRIA. PRÁTICA EM 
DESACORDO COM O PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO E COM O DEVIDO PROCESSO LEGAL 
(DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO). 1. Viola a Constituição da República, notadamente 
o princípio democrático e o devido processo legislativo (arts. 1º, caput, parágrafo único, 2º, 
caput, 5º, caput, e LIV, CRFB), a prática da inserção, mediante emenda parlamentar no 
processo legislativo de conversão de medida provisória em lei, de matérias de conteúdo 
temático estranho ao objeto originário da medida provisória. 2. Em atenção ao princípio da 
segurança jurídica (art. 1º e 5º, XXXVI, CRFB), mantém-se hígidas todas as leis de conversão 
fruto dessa prática promulgadas até a data do presente julgamento, inclusive aquela 
impugnada nesta ação. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente por 
maioria de votos. (ADI 5127, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. 
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 15/10/2015,PROCESSO ELETRÔNICO DJe-094 
DIVULG 10-05-2016 PUBLIC 11-05-2016) 
 
- SENTENÇA DE AVISO: 
 
SENTENÇA DE AVISO OU PROSPECTIVE OVERRULING OU PURE PROSPECTIVE 
 
As sentenças de aviso têm por finalidade sinalizar uma alteração futura na jurisprudência de um 
Tribunal, sem que tal alteração tenha repercussão no caso em que ela é proferida. Em outras 
palavras, o Tribunal sinaliza de forma prospectiva (para o futuro) a revogação (overruling) de um 
determinado entendimento da sua jurisprudência. Antes de aprofundar no tema, faz-se necessário 
trabalhar melhor o que é overruling. 
 
Em controle concentrado de constitucionalidade, o STF toma decisões vinculantes para todos os 
tribunais. Esse limite subjetivo do efeito vinculante não abrange o próprio Supremo Tribunal 
Federal, que, posteriormente, em outra ação, pode se posicionar de forma distinta ao que decidido 
em julgado anterior (esse fenômeno é chamado de overruling), revogando o primeiro 
entendimento. Assim, no overruling, o STF supera determinado entendimento, fixando outra 
orientação em julgado posterior. 
 
No controle difuso de constitucionalidade, pela literalidade do art. 52, X, da CF, não existe o 
efeito vinculante e erga omnes para todos os membros do Poder Judiciário, e um juiz de primeira 
instância ou outro Tribunal não está vinculado ao que foi decidido pelo STF. Apesar desse 
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cenário, quando o STF em controle difuso de constitucionalidade, contraria sua jurisprudência até 
então pacífica, fala-se em overruling (revogação de entendimento pretérito por nova decisão. 
 
Voltando ao tema da questão, tem-se o RE 630733. O STF fixou um novo entendimento de que 
não é possível a remarcação de teste de aptidão física em concurso público em razão de problema 
pessoal e temporário de saúde. Por haver violação ao princípio da isonomia, a vedação do edital 
para tais candidatos mostrou-se constitucional. Em síntese, inexiste um direito constitucional à 
remarcação de provas em razão de circunstâncias pessoais dos candidatos. Não obstante, o 
mencionado entendimento não foi aplicado no próprio RE 630733 ao argumento de que a liminar 
foi concedida no ano de 2002 (o julgamento no STF ocorreu em 2013) e o candidato já estava 
empossado no cargo há mais de 10 anos, motivo pelo qual os Ministros modularam os efeitos da 
decisão de modo a não se aplicar tal entendimento no caso em julgamento. Os Ministros 
ressaltaram que a situação não se tratava de aplicação da teoria do fato consumado, mas de 
garantir a segurança jurídica nos casos de sensível mudança da jurisprudência. Vale a pena leitura 
dos informativos sobre o tema: 
 
Concurso público e segunda chamada em teste de aptidão física 
Os candidatos em concurso público não têm direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em razão 
de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo contrária disposição editalícia. 
Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário. No caso, o recorrido 
não se submetera ao teste de aptidão física na data designada pelo edital do concurso, pois se encontraria 
temporariamente incapacitado em virtude de doença — epicondilite gotosa no cotovelo esquerdo — comprovada por 
atestado médico. O tribunal de origem, com fundamento no princípio da isonomia, afastara norma, também prevista 
em edital, que regulamentaria aplicação de prova de capacidade física em processo seletivo instituído pela Academia 
Nacional de Polícia [“os casos de alterações orgânicas (estados menstruais, indisposições, cãibras, contusões, etc.) que 
impossibilitem o candidato de submeter-se aos testes ou diminuam sua capacidade física e/ou orgânica não serão aceitos 
para fins de tratamento diferenciado por parte da Administração”]. Primeiramente, rememorou-se precedentes no 
sentido de que a remarcação de teste de aptidão física para data diversa daquela prevista em edital de certame, em 
virtude da ocorrência de caso fortuito que comprometesse a saúde de candidato, devidamente comprovado por atestado 
médico, não afrontaria o princípio da isonomia (RE 179500/RS, DJU de 15.10.99; AI 825545 AgR/PE, DJe 6.5.2011 
e RE 584444/DF, DJe de 26.3.2010). RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) 
 
Ressaltou-se que a discussão não se restringiria à eventual violação do princípio da isonomia pela mera remarcação de 
teste de aptidão física. Afirmou-se que, embora esta Corte tivesse considerado legítima a possibilidade de se remarcar 
teste físico em razão de casos fortuitos, a existência de previsão editalícia que prescrevesse que alterações corriqueiras 
de saúde não seriam aptas a ensejar a remarcação de teste físico não ofenderia o princípio da isonomia. Esse princípio 
implicaria tratamento desigual àqueles que se encontrassem em situação de desigualdade. Deste modo, aplicável em 
hipótese na qual verificado de forma clara que a atuação estatal tivesse beneficiado determinado indivíduo em 
detrimento de outro nas mesmas condições. Asseverou-se, portanto, que, em essência, o princípio da isonomia não 
possibilitaria, de plano, a realização de segunda chamada em etapa de concurso público decorrente de situações 
individuais e pessoais de cada candidato, especialmente, quando o edital estabelecesse tratamento isonômico a todos 
os candidatos que, em presumida posição de igualdade dentro da mesma relação jurídica, seriam tratados de forma 
igualitária. RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) 
 
Aduziu-se que o concurso público permitiria não apenas a escolha dos candidatos mais bem qualificados, mas também 
que o processo de seleção fosse realizado com transparência, impessoalidade, igualdade e com o menor custo para os 
cofres públicos. Dessa maneira, não seria razoável a movimentação de toda a máquina estatal para privilegiar 
determinados candidatos que se encontrassem impossibilitados de realizar alguma das etapas do certame por motivos 
exclusivamente individuais. Consignou-se que, ao se permitir a remarcação do teste de aptidão física nessas 
circunstâncias, possibilitar-se-ia o adiamento, sem limites, de qualquer etapa do certame, pois o candidato talvez não 
se encontrasse em plenas condições para realização da prova, o que causaria tumulto e dispêndio desnecessário para a 
Administração. Aludiu-se que não seria razoável que a Administração ficasse à mercê de situações adversas para 
colocar fim ao certame, de modo a deixar os concursos em aberto por prazo indeterminado. RE 630733/DF, rel. Min. 
Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) 
 
Assinalou-se que, na espécie, entretanto, o recorrido realizara a prova de aptidão física de segunda chamada em razão 
de liminar concedida pelo Poder Judiciário, em 2002, confirmada por sentença e por acórdão de tribunal regional, tendo 
sido empossado há quase dez anos. Sublinhou-se que, em casos como este, em que se alteraria jurisprudência 
longamente adotada, seria sensato considerar a necessidade de se modular os efeitos da decisão com base em razões de 
segurança jurídica. Essa seria a praxe nesta Corte para as hipóteses de modificação sensível de jurisprudência. 
Destacou-se que não se trataria de declaração de inconstitucionalidade em controle abstrato, a qual poderia suscitar a 
modulação dos efeitos da decisão mediante a aplicação do art. 27 da Lei 9.868/99. Tratar-se-ia de substancial mudança 
de jurisprudência, decorrente de nova interpretação do texto constitucional, a impor ao STF, tendo em vista razões de 
segurança jurídica, a tarefa de proceder a ponderação das consequências e o devido ajuste do resultado, para adotar a 
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técnica de decisão que pudesse melhor traduzir a mutação constitucional operada. Registrou-se que a situação em 
apreço não diria respeito a referendo à teoria do fato consumado, tal como pedido pelo recorrido, mas de garantir a 
segurança jurídica também nos casos de sensível mudança jurisprudencial. Por fim, conquanto o recurso tivesse sido 
interposto antes da sistemática da repercussão geral, atribuiu-se-lhe os efeitos dela decorrentes e assegurou-se a 
validade das provas de segunda chamada ocorridas até a data de conclusão do presente julgamento. RE 630733/DF, 
rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) 
 
Vencido o Min. Marco Aurélio, que também negava provimento ao recurso, mas com fundamentação diversa. Anotava 
que a pretensão do recorrido teria sido agasalhada pelo tribunal regional em observância aos princípios da acessibilidade 
aos cargos públicos, isonomia e razoabilidade, e seria socialmente aceitável. Explanava que em situações excepcionais, 
desde que demonstrada a justa causa, seria possível colocar em segundo plano o edital. Reputava que, considerada a 
aplicação da lei no tempo — haja vista que o interesse em recorrer surgira em 3.11.2003, antes, portanto, da introdução 
do instituto da repercussão geral pela EC 45/2004 — não se poderia emprestar a este julgamento as consequências 
próprias da admissibilidade da repercussão geral, a irradiar-se a ponto de ficarem os tribunais do país autorizados a 
declarar prejuízo de outros recursos. RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) 
 
Por fim, as sentenças de aviso são qualificadas como uma espécie de modulação de efeitos, como 
se compreende da ementa da ADI 4029: “A modulação de efeitos possui variadas modalidades, 
sendo adequada ao caso sub judice a denominada pure prospectivity, técnica de superação da 
jurisprudência em que o novo entendimento se aplica exclusivamente para o futuro, e não àquela 
decisão que originou a superação da antiga tese”. Mesmo que esse precedente seja em sede de 
ADI (controle concentrado), a necessidade de modulação de efeitos se colocará sempre que tal 
técnica for utilizada, já que a modulação também pode ser utilizada em sede de controle difuso 
de constitucionalidade. 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
No âmbito do controle concentrado de constitucionalidade de normas, o Supremo 
Tribunal Federal afirmou ser inconstitucional a prática de parlamentares introduzirem 
emendas sobre matérias estranhas à espécie legislativa em trâmite. Tal situação é 
conhecida doutrinariamente como “rabo da lei”, “cauda da lei”, “contrabando legislativo” 
ou "riders". 
 
Essa prática, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, constitui um costume contrário 
à Constituição, violadora de preceitos bases, como o princípio democrático e o devido 
processo legislativo, estando, eivada, portanto, de inconstitucionalidade. 
 
No que diz respeito à técnica de interpretação, o caso retrata o que a doutrina e os 
tribunais qualificam como sentença de aviso, prospective overruling ou pure prospective. 
As sentenças de aviso têm por finalidade sinalizar uma alteração futura na jurisprudência 
de um Tribunal, sem que tal alteração tenha repercussão no caso em que ela é proferida 
ou em cenários correlatos. Em outras palavras, o Tribunal sinaliza de forma prospectiva 
(para o futuro) a revogação (overruling) de um determinado entendimento da sua 
jurisprudência. 
 
Por fim, as sentenças de aviso são qualificadas como uma espécie de modulação de 
efeitos, já que, pelas regras básicas dos efeitos de uma decisão em sede de controle 
difuso de constitucionalidade, o novo entendimento deveria incidir no caso sob 
julgamento, o que não ocorreu. 
 
 
 
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QUESTÃO DISSERTATIVA 2 
(DIREITO PROCESSUAL PENAL: provas) 
 
A teoria dos frutos da árvore envenenada, de origem norte-americana, ganhou a 
doutrina e a jurisprudência dos Tribunais pátrios. A reforma do Código de Processo de 
2008 trouxe novas questões para debate, temas como a questão da “fonte 
independente”, “descoberta inevitável” e “contaminação expurgada”. 
Sobre o cenário delimitado, explique cada um dos três temas [9,0 pontos], identifique 
a posição dos Tribunais Superiores sobre suas admissibilidades [3,0 pontos] e cite um 
exemplo de aplicação para cada teoria [8,0 pontos]. 
 
 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS: 
 
Fonte independente - conceito (3,0 pontos) 
Admissibilidade (1,0 ponto) 
Exemplo (2,0 pontos) 
Descoberta inevitável - conceito (3,0 pontos) 
Admissibilidade (1,0 ponto) 
Exemplo (3,0 pontos) 
Contaminação expurgada - conceito (3,0 pontos) 
Admissibilidade (1,0 ponto) 
Exemplo (3,0 pontos) 
Português (0,25 por erro, até o limite de 5 pontos) 
NOTA FINAL 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE LEITURA E/OU JULGADOS SOBRE O TEMA: 
 
A teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), também conhecida 
como prova ilícita por derivação, é uma consequência da inadmissibilidade das provas obtidas 
por meios ilícitos e possui aplicabilidade no inquérito policial. Decorrente do direito norte-
americano, a Suprema Corte já teve a oportunidade de se pronunciar sobre o tema diversas 
vezes, de modo a adotar a teoria, como se observa pelo julgado abaixo: 
A QUESTÃO DA DOUTRINA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA ("FRUITS OF 
THE POISONOUS TREE"): A QUESTÃO DA ILICITUDE POR DERIVAÇÃO. – Ninguém 
pode ser investigado, denunciado ou condenado com base, unicamente, 
em provas ilícitas, quer se trate de ilicitude originária, quer se cuide de 
ilicitude por derivação. Qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, 
de modo válido, em momento subsequente, não pode apoiar-se, não pode ter 
fundamento causal nem derivar de prova comprometida pela mácula da ilicitude 
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originária. – A exclusão da prova originariamente ilícita – ou daquela afetada pelo 
vício da ilicitude por derivação – representa um dos meios mais expressivos 
destinados a conferir efetividade à garantia do "due process of law" e a tornar mais 
intensa, pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional que 
preserva os direitos e prerrogativas que assistem a qualquer acusado em sede 
processual penal. Doutrina. Precedentes. – A doutrina da ilicitude por 
derivação (teoria dos "frutos da árvore envenenada") repudia, por 
constitucionalmente inadmissíveis, os meios probatórios, que, não 
obstante produzidos, validamente, em momento ulterior, acham-se 
afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a 
eles se transmite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. 
Hipótese em que os novos dados probatórios somente foram conhecidos, 
pelo Poder Público, em razão de anterior transgressão praticada, 
originariamente, pelos agentes estatais, que desrespeitaram a garantia 
constitucional da inviolabilidade domiciliar. – Revelam-se inadmissíveis, 
desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os elementos probatórios 
a que os órgãos estatais somente tiveram acesso em razão da prova 
originariamente ilícita, obtida como resultado da transgressão, por agentes 
públicos, de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia 
condicionante, no plano do ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa 
limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãos. – Se, no 
entanto, o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, 
legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte 
autônoma de prova – que não guarde qualquer relação de dependência 
nemdecorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo 
vinculação causal –, tais dados probatórios revelar-se-ão plenamente 
admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude 
originária.1 
A previsão legal, inserida com a reforma de 2008 ao CPP, consta da primeira parte do art. 157, 
§ 1º, do CPP. No entanto, a previsão legal da regra foi acompanhada de duas exceções para a 
teoria dos frutos da árvore envenenada, previstas na parte final do art. 157, § 1º, e no § 2º, do 
CPP: 
Art. 157, § 1º: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo 
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou 
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente 
das primeiras. 
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os 
trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução 
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. 
Os dispositivos ressaltam as hipóteses em que a prova derivada não seria contaminada pela 
ilicitude da primeira. Ao estudar o tema, Renato Brasileiro de Lima2, com fundamento na 
 
1. HC 93050, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 10/6/2008. 
 
2. LIMA, 2011, p. 896 a 904. 
 
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doutrina americana, apresentam três hipóteses que representam exceções à teoria da árvore 
envenenada, bem como verificam sua aplicação no Brasil. 
A primeira hipótese, prevista no art. 157, § 1º, do CPP, consiste na possibilidade de se obter a 
mesma prova derivada por uma fonte independente (independent source doctrine) da 
primeira (que está contaminada pelo vício da ilegalidade). Nesse caso, não está evidenciado o 
nexo de causa e efeito entre a prova ilícita e a prova derivada. Por exemplo, em determinada 
situação, o Ministério Público e a Polícia Civil investigam o mesmo fato, sem que um órgão tenha 
conhecimento de que o outro investiga. Enquanto a Polícia Civil efetua a quebra do sigilo 
bancário com autorização judicial, o Ministério faz o mesmo procedimento sem essa 
autorização. De um lado, as provas conseguidas pela Polícia Civil são lícitas; de outro lado, as 
provas conseguidas pelo Ministério Público são ilegais. Apesar de serem as mesmas provas, a 
ilicitude das provas do Ministério Público não contaminará as provas da Polícia Civil, uma vez 
que foram obtidas por uma fonte independente. Segue, ainda, um exemplo do STF3: 
A declaração de nulidade de interceptação eletrônica não gera a nulidade dos 
elementos probatórios colhidos nos mesmos autos que possam ser obtidos por 
fonte independente, por se tratar de provas autônomas, tal como se dá com autos 
de fiscalização conduzidos pelo impetrante como auditor da Receita Federal. 
A segunda hipótese, pela literalidade do art. 157, § 2º, do CPP, diz respeito à “fonte 
independente”; contudo, a doutrina4 e o STF5 afirmam que houve equívoco do legislador, uma 
vez que o parágrafo trata da “descoberta inevitável” (inevitable discovery). Essa teoria é 
aplicável se demonstrar que a prova seria produzida de qualquer forma, independentemente da 
prova ilícita originária. Por exemplo, o STJ6 entendeu ser hipótese de descoberta inevitável 
quando houve uma quebra ilegal de um sigilo, sendo que a prova seria necessariamente 
descoberta por outros meios legais: 
No caso, repita-se, o sobrinho da vítima, na condição de herdeiro, teria, 
inarredavelmente, após a habilitação no inventário, o conhecimento das 
movimentações financeiras e, certamente, saberia do desfalque que a vítima havia 
sofrido; ou seja, a descoberta da prova era inevitável. 
Ainda sobre o tema da descoberta inevitável, cita-se julgado do STF:7 
2. Ilicitude da prova produzida durante o inquérito policial - violação de registros 
telefônicos de corréu, executor do crime, sem autorização judicial. 2.1 Suposta 
ilegalidade decorrente do fato de os policiais, após a prisão em flagrante do corréu, 
terem realizado a análise dos últimos registros telefônicos dos dois aparelhos 
celulares apreendidos. Não ocorrência. 2.2 Não se confundem comunicação 
 
3. RMS 31767 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 22/09/2015 
 
4. OLIVEIRA, 2010, p. 375; LIMA, 2011, p. 898. 
 
5. HC 91867, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 24/04/2012. 
 
6. HC 52.995/AL, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 16/09/2010, DJe 
4/10/2010. 
 
7 HC 91867, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 24/04/2012. 
 
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telefônica e registros telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. 
Não se pode interpretar a cláusula do artigo 5º, XII, da CF, no sentido de proteção 
aos dados enquanto registro, depósito registral. A proteção constitucional é da 
comunicação de dados e não dos dados. 2.3 Art. 6º do CPP: dever da autoridade 
policial de proceder à coleta do material comprobatório da prática da infração 
penal. Ao proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos devidamente 
apreendidos, meio material indireto de prova, a autoridade policial, cumprindo o 
seu mister, buscou, unicamente, colher elementos de informação hábeis a 
esclarecer a autoria e a materialidade do delito (dessa análise logrou encontrar 
ligações entre o executor do homicídio e o ora paciente). Verificação que permitiu 
a orientação inicial da linha investigatória a ser adotada, bem como possibilitou 
concluir que os aparelhos seriam relevantes para a investigação. 2.4 À guisa de 
mera argumentação, mesmo que se pudesse reputar a prova produzida como ilícita 
e as demais, ilícitas por derivação, nos termos da teoria dos frutos da árvore 
venenosa (fruit of the poisonous tree), é certo que, ainda assim, melhor sorte não 
assistiria à defesa. É que, na hipótese, não há que se falar em prova ilícita por 
derivação. Nos termos da teoria da descoberta inevitável, construída pela 
Suprema Corte norte-americana no caso Nix x Williams (1984), o curso 
normal das investigações conduziria a elementos informativos que 
vinculariam os pacientes ao fato investigado. Bases desse entendimento que 
parecem ter encontrado guarida no ordenamento jurídico pátrio com o advento da 
Lei 11.690/2008, que deu nova redação ao art. 157 do CPP, em especial o seu § 2º. 
A terceira hipótese que representa exceção à teoria da árvore envenenada é conhecida como 
“contaminação expurgada” ou “conexão atenuada” ou “mancha purgada” (purged 
taint). Esse caso possui aplicabilidade quando o nexo causal entre a primeira prova ilícita e a 
prova ilícita derivada é atenuado pelo tempo ou por circunstâncias supervenientes à prova ou 
pela colaboração do agente. Segue um exemplo do Direito norte-americano. Um policial, sem 
qualquer motivo aparente (e, portanto, de modo ilegal), invadiu a casa de um indivíduo e no seu 
interior descobre uma quantidade significativa de drogas. Em seu depoimento, esse indivíduo 
confessou o tráfico de drogas e afirmou que o recebeu de um segundo indivíduo, que também 
foi preso logo após a confissão. O segundo indivíduo, dias depois de ter sido colocado em 
liberdade, dirigiu-se à delegacia e resolveu confessar que também traficava drogas. A Suprema 
Corte norte-americana decidiu que a prisão e o depoimento do primeiro elemento seriam 
ilegais, pois derivariam diretamente de uma prisão ilegal (violação de domicílio), ao passo que 
considerou lícito o depoimento do segundo elemento, já que a confissão após a sua liberdade 
teriaatenuado a conexão com a ilicitude originária. Apesar de não estar prevista expressamente 
no CPP, parte da doutrina entende que essa teoria estaria implicitamente prevista no art. 157, 
§ 1º, do CPP8. Veja julgado do STJ: 
(...) 
4. A teoria dos frutos da árvore envenenada tem sua incidência delimitada pela 
exigência de que seja direto e imediato o nexo causal entre a obtenção ilícita de 
uma prova primária e a aquisição da prova secundária. 
 
8. LIMA, 2011, p. 901 e 902. 
 
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5. De acordo com a teoria do nexo causal atenuado ou da mancha purgada, i) o 
lapso temporal decorrido entre a prova primária e a secundária; ii) as circunstâncias 
intervenientes na cadeia probatória; iii) a menor relevância da ilegalidade; ou iv) a 
vontade do agente em colaborar com a persecução criminal, entre outros 
elementos, atenuam a ilicitude originária, expurgando qualquer vício que possa 
recair sobre a prova secundária e afastando a inadmissibilidade de referida prova. 
6. Na presente hipótese, as provas encaminhadas ao MP brasileiro são legítimas, 
segundo o parâmetro de legalidade suíço, e o meio de sua obtenção não ofende a 
ordem pública, a soberania nacional e os bons costumes brasileiros, até porque 
decorreu de circunstância autônoma interveniente na cadeia causal, a qual 
afastaria a mancha da ilegalidade existente no indício primário. Não há, portanto, 
razões para a declaração de sua inadmissibilidade no presente processo. 
 (APn 856/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 
18/10/2017, DJe 06/02/2018) 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
O tema da questão se insere no estudo da teoria dos frutos da árvore envenenada e a 
reforma ocorrida no Código de Processo Penal, que trouxe um novo olhar para o cenário 
a ser trabalhado. As alterações focam nas hipóteses em que a prova derivada não seria 
contaminada pela ilicitude da primeira. São três as hipóteses de acordo com a doutrina 
e jurisprudência. 
A teoria da fonte independente, amplamente utilizada pelos Tribunais Superiores, 
consiste na possibilidade de se obter a mesma prova derivada por uma fonte 
independente da primeira (que está contaminada pelo vício da ilegalidade). Nesse caso, 
não está evidenciado o nexo de causa e efeito entre a prova ilícita e a prova derivada. 
Por exemplo, em determinada situação, o Ministério Público e a Polícia Civil investigam 
o mesmo fato, sem que um órgão tenha conhecimento de que o outro também investiga. 
Enquanto a Polícia Civil efetua a quebra do sigilo bancário com autorização judicial, o 
Ministério faz o mesmo procedimento sem essa autorização. De um lado, as provas 
conseguidas pela Polícia Civil são lícitas; de outro lado, as provas conseguidas pelo 
Ministério Público são ilegais. Apesar de serem as mesmas provas, a ilicitude das provas 
do Ministério Público não contaminará as provas da Polícia Civil, uma vez que foram 
obtidas por uma fonte independente. 
A teoria da descoberta inevitável, aceita pelos tribunais pátrios, é aplicável se demonstrar 
que a prova seria produzida de qualquer forma, independentemente da prova ilícita 
originária. Por exemplo, existe precedente que entendeu ser hipótese de descoberta 
inevitável quando houve uma quebra ilegal de um sigilo, sendo que a prova seria 
necessariamente descoberta por outros meios legais de investigação criminal. 
Por fim, tem-se a teoria da contaminação expurgada, também aceita pelos tribunais 
pátrios, e possui aplicabilidade quando o nexo causal entre a primeira prova ilícita e a 
prova ilícita derivada é atenuado pelo tempo ou por circunstâncias supervenientes à 
prova ou pela colaboração do agente. Por exemplo, um policial, sem qualquer motivo 
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aparente (e, portanto, de modo ilegal), invadiu a casa de um indivíduo e no seu interior 
descobre uma quantidade significativa de drogas. Em seu depoimento, esse indivíduo 
confessou o tráfico de drogas e afirmou que o recebeu de um segundo indivíduo, que 
também foi preso logo após a confissão. O segundo indivíduo, dias depois de ter sido 
colocado em liberdade, dirigiu-se à delegacia e resolveu confessar que também traficava 
drogas. A segunda confissão seria lícita à luz dessa teoria. 
 
 
 
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QUESTÃO DISSERTATIVA 3 
(DIREITO PENAL: teoria do crime) 
 
Durante um pequeno procedimento cirúrgico, é entregue ao médico pelo seu auxiliar um 
equipamento sem a devida esterilização. Como consequência, o paciente veio a óbito 
dias após a cirurgia. A família da vítima comparece à Delegacia de Polícia e relata o 
ocorrido por suspeitas na conduta do médico, o qual relatou possível infecção hospitalar 
para a causa mortis. Após complexa investigação, verificou-se que o equipamento da 
cirurgia fora reutilizado sem a devida esterilização em razão de contenção de gasto pelo 
Hospital. Sobre a situação do médico, conceitue a teoria da imputação objetiva [4,0 
pontos] e seus quatro elementos centrais [12,0 pontos], indicando em qual deles o 
caso narrado se insere [4,0 pontos]. 
 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS: 
 
Teoria da imputação objetiva (4,0 pontos) 
Conceito do elemento 1- risco permitido (3,0 ponto) 
Conceito do elemento 2 – princípio da confiança (3,0 ponto) 
Conceito do elemento 3– proibição de regresso (3,0 ponto) 
Conceito do elemento 4 – capacidade da vítima (3 pontos) 
Indicação correta (princípio da confiança) (4,0 pontos) 
Português (-0,25 por erro, até o limite de 5 pontos) 
NOTA FINAL 
 
 
MATERIAL DE LEITURA E/OU JULGADOS SOBRE O TEMA: 
 
A teoria da imputação objetiva tem por finalidade limitar o alcance da estudada teoria da equivalência 
dos antecedentes causais, sem, contudo, abrir mão desta última. Por intermédio dela, deixa-se de lado a 
observação de uma relação de casualidade puramente material, para se valorar outra, de natureza 
normativa (possibilidade de imputação jurídica- penal). 
 
Com surgimento da teoria da imputação objetiva, a preocupação não é, à primeira vista, saber se o agente 
atuou efetivamente com dolo ou culpa no caso concreto. O problema se coloca antes dessa aferição, ou 
seja, se o resultado previsto na parte objetiva do tipo pode ou não ser imputado ao agente. O estudo da 
imputação objetiva, dentro do tipo penal complexo (é complexo por ter elementos subjetivos e objetivos), 
acontece antes mesmo da análise de seus elementos subjetivos (dolo e culpa). 
 
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A teoria da equivalência dos antecedentes causais é uma teoria do nexo de causalidade; então, a teoria 
da imputação objetiva é uma teoria que procura limitar o nexo de causalidade. É, portanto, também 
ela mesma, uma teoria do nexo de causalidade, mas com algumas peculiaridades a mais: 
 
Teoria Clássica Teoria da Imputação Objetiva 
A “imputação objetiva” é marcada por um 
requisito: 
 Nexo físico (causa e efeito) 
 
Bastando esse requisito, dar-se-á início ao 
estudo do dolo e da culpa. 
A “imputação objetiva” é marcada por dois 
requisitos: 
 Nexo físico (causa e efeito) 
 Nexo normativo (é um novo filtro) 
 
Presentes os 2 requisitos, dar-se-á início ao 
estudo do dolo e da culpa. 
 
Jakobs traça4 instituições jurídico-penais sobre as quais desenvolve a teoria da imputação objetiva (o 
nexo normativo), de modo a impedir a ocorrência do crime e a impedir a própria imputação objetiva: 
 
 Risco permitido  se cada um se comporta de acordo com um papel que lhe foi atribuído pela 
sociedade, quando a conduta praticada importe na criação de lesão ou perigo de lesão aos bens 
de terceira pessoa, se tal comportamento se mantiver dentro dos padrões aceitos e assimilados 
pela sociedade, se desta conduta advier algum resultado lesivo, este será imputado ao acaso (ao 
nada). 
Ex: casa de rações que vende veneno de rato etc. 
 
 Princípio da Confiança  não se imputarão objetivamente os resultados produzidos por quem 
obrou confiando em que outros se manterão dentro dos limites do perigo permitido. O 
princípio da confiança significa que, apesar da experiência de que outras pessoas comentem 
erros, se autoriza a confiar – numa medida ainda por determinar – em seu comportamento 
correto. 
Ex: cirurgia em que o médico é auxiliado por vários profissionais. Ele usa, por ex, um bisturi e 
acredita que o mesmo está esterilizado pela pessoa encarregada por essa função. 
Ex: ‘A’ ajuda um velinho (ou um cego) a atravessar a rua. O sinal está vermelho para os carros e 
A dá início a sua passagem quando um carro atropela a pessoa que ‘A’ estava ajudando. ‘A’ não 
será imputado penalmente, pois confiava nos demais carros. 
 
 Proibição de Regresso: se determinada pessoa atuar com os limites de seu papel, a sua conduta, 
mesmo contribuindo para o sucesso da infração penal levada a efeito pelo agente, não poderá 
ser incriminada. 
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Ex: padeiro – aplicando a teoria causalidade simples, a conduta do padeiro de vender o pão 
àquele que envenenaria um terceiro a fim de causar a morte desse, só não seria punível 
comprovando-se a ausência do elemento subjetivo. Contudo, pela teoria da imputação objetiva, 
mesmo se o padeiro soubesse da finalidade ilícita do agente ao comprar o pão, não poderia 
responder pela infração penal, pois que a atividade de vender pães, seja qual for a sua utilização, 
consiste no seu papel de padeiro (carece do nexo normativo). 
 
 Competência ou capacidade da vítima: esse requisito se divide em dois outros: 
o Consentimento do ofendido  presentes os requisitos necessários para o 
consentimento do ofendido, será ele aproveitado para o direito penal. E esse 
consentimento é suficiente para retirar a tipicidade da conduta. 
Ex: honra que é bem disponível; 
Ex: tatuagem. 
o Ações a próprio risco  a própria vítima, com o seu próprio comportamento, contribui 
ou pelo menos facilita que a consequência lesiva ocorra. Esse comportamento 
(consentimento) torna o risco permitido. 
Ex: pessoa que se propõe a praticar esportes radicais não pode culpar o organizador do 
evento em hipótese de eventual lesão se o organizador agiu com cuidado e proteção 
necessários no caso. 
Ex: vale-tudo. 
 
Assim, se alguns desses estiverem presentes, o fato não passa para a próxima etapa, qual seja, da análise 
do dolo e da culpa. 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
A teoria da imputação objetiva tem por finalidade limitar o alcance da teoria da equivalência dos 
antecedentes causais, sem, contudo, abrir mão desta última. Por intermédio dela, deixa-se de lado a 
observação de uma relação de casualidade puramente material, para se valorar outra, de natureza 
normativa (possibilidade de imputação jurídica- penal). A teoria da equivalência dos antecedentes 
causais é uma teoria do nexo de causalidade; então, a teoria da imputação objetiva é uma teoria que 
procura limitar o nexo de causalidade. É, portanto, também ela mesma, uma teoria do nexo de 
causalidade. 
 
A teoria da imputação objetiva se fundamenta em quatro instituições jurídico-penais, de modo a impedir 
a ocorrência do crime, quais sejam, (a) o risco permitido, (b) o princípio da confiança, (c) a proibição de 
regresso e (d) a capacidade da vítima. 
 
Em relação ao risco permitido, se cada um se comporta de acordo com um papel que lhe foi atribuído 
pela sociedade, quando a conduta praticada importe na criação de lesão ou perigo de lesão aos bens de 
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terceira pessoa, se tal comportamento se mantiver dentro dos padrões aceitos e assimilados pela 
sociedade, se desta conduta advier algum resultado lesivo, este será imputado ao acaso (ao nada). 
 
Em relação ao princípio da confiança, não se imputarão objetivamente os resultados produzidos por quem 
obrou confiando em que outros se manterão dentro dos limites do perigo permitido. O princípio da 
confiança significa que, apesar da experiência de que outras pessoas comentem erros, se autoriza a 
confiar em seu comportamento correto. 
 
Em relação à proibição de Regresso, se determinada pessoa atuar com os limites de seu papel, a sua 
conduta, mesmo contribuindo para o sucesso da infração penal levada a efeito pelo agente, não poderá 
ser incriminada. 
 
Em relação à capacidade da vítima, esse se divide em dois outros. Primeiro, no consentimento do 
ofendido, presentes os requisitos necessários para a sua ocorrência, será ele aproveitado para o direito 
penal, sendo que esse consentimento é suficiente para retirar a tipicidade da conduta. Segundo, nas ações 
a próprio risco, a própria vítima, com o seu próprio comportamento, contribui ou pelo menos facilita que 
a consequência lesiva ocorra, sendo que esse comportamento torna o risco permitido. 
 
Por fim, o caso narrado se insere no princípio da confiança, já que o médico obrou confiando no Hospital, 
o qual deixou de proceder com as cautelas de praxe em relação aos itens necessários para a cirurgia. 
 
 
 
 
 
Grande salve guerreiro e guerreira, 
 
Liberei esse simulado para você, pensando no concurso para Delegado de 
Polícia do Estado do Paraná, o qual é composto por questões INÉDITAS 
criadas por mim, inicialmente, para o concurso de Delegado de Polícia do 
ES. 
 
Trata-se de uma rodada completa daquele curso, com questões, folha de 
resposta, gabarito e sugestão de resposta, tudo atualizado até agosto de 
2020. Agora, já pensou você ter um material desse nível corrigido 
individualmente pelo professor? Aproveite para conhecer a proposta, 
testar o seu conhecimento e ver o quanto você está preparado para essa 
etapa do concurso que derruba inúmeros alunos por não se prepararem 
adequadamente. 
 
Recomendo, contudo, irmos além desse simulado. No meu CURSO DE 
DISCURSIVAS E PEÇAS PRÁTICAS PARA DELEGADO DA PC-PR, você terá 
uma preparação completa para essa etapa do certame, colocando-se a 
frente de outros que aguardarão o momento chegar para se prepararem: 
 
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tudo com correção individualizada pelo professor. 
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prática, o qual pode ser utilizado como base para confecção das principais 
peças 
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uma peça prática ou uma discursiva. 
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de Delegado de Polícia 
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