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Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br GOVERNO DO ESTADO SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA POLÍCIA CIVIL CONCURSO PÚBLICO PROVA DISCURSIVA DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL Você recebeu este caderno contendo um tema de peça prática a ser desenvolvido e 3 questões discursivas. Confira seus dados impressos na capa deste caderno. Quando for permitido abrir o caderno, verifique se está completo ou se apresenta imperfeições. Caso haja algum problema, informe ao fiscal da sala. Assine apenas no local indicado; qualquer identificação ou marca feita pelo candidato no corpo deste caderno, que possa permitir sua identificação, acarretará a atribuição de nota zero à prova. É vedado, em qualquer parte do material recebido, o uso de corretor de texto, de caneta marca-texto ou de qualquer outro material similar. Redija as respostas e o texto definitivos com caneta de tinta exigida no edital. Os rascunhos não serão considerados na correção. A ilegibilidade da letra acarretará prejuízo à nota do candidato. Ao sair, você entregará ao fiscal este caderno. Até que você saia do prédio, todas as proibições e orientações continuam válidas. AGUARDE A ORDEM DO FISCAL PARA ABRIR ESTE CADERNO. Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br Grande salve guerreiro e guerreira, Liberei esse simulado para você, pensando no concurso para Delegado de Polícia do Estado do Paraná, o qual é composto por questões INÉDITAS criadas por mim, inicialmente, para o concurso de Delegado de Polícia do ES. Trata-se de uma rodada completa daquele curso, com questões, folha de resposta, gabarito e sugestão de resposta, tudo atualizado até agosto de 2020. Agora, já pensou você ter um material desse nível corrigido individualmente pelo professor? Aproveite para conhecer a proposta, testar o seu conhecimento e ver o quanto você está preparado para essa etapa do concurso que derruba inúmeros alunos por não se prepararem adequadamente. Recomendo, contudo, irmos além desse simulado. No meu CURSO DE DISCURSIVAS E PEÇAS PRÁTICAS PARA DELEGADO DA PC-PR, você terá uma preparação completa para essa etapa do certame, colocando-se a frente de outros que aguardarão o momento chegar para se prepararem: 1. 4 rodadas, cada uma contendo 1 peça prática e 2 questões discursivas, tudo com correção individualizada pelo professor. 2. Vídeo com as instruções centrais para você montar o “modelo” de peça prática, o qual pode ser utilizado como base para confecção das principais peças 3. Vídeo com os 15 principais erros que os alunos comentem ao responder uma peça prática ou uma discursiva. 4. 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Diante desse cenário, a fim de confirmar a veracidade das informações, o Delegado de Polícia expediu Ordem de Serviço n° 58/19 para que uma equipe policial verificasse a procedência das informações. Ato seguinte, os policiais fizeram campana por três dias seguidos, de modo a constatar uma ação estranha de algumas pessoas no local em horário não-comercial. Os policiais conseguiram elaborar relatório conclusivo da Ordem de Serviço n° 58/19, do qual consta fotos e qualificação de inúmeros envolvidos com a respectiva ficha criminal. Dentre os envolvidos, foi possível identificar e qualificar JOÃO VICENTE, residente à Rua Carlos Fernandes, n° 215, Jardim Camburi, Vitória, o qual possui inúmeras passagens por tráfico de drogas. Do relatório consta, ainda, a qualificação e residência de ANDRÉ SANTOS, qual seja, Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória. De posse dessas informações, o Delegado de Polícia instaurou o Inquérito Policial n° 228/19, no qual juntou as diligências mencionadas e oitiva de algumas testemunhas arroladas pelos investigadores de polícia. O Delegado de Polícia representou pela busca e apreensão no mencionado Restaurante e pelas prisões temporárias de ANDRÉ SANTOS E JOÃO VICENTE, sendo que só o primeiro foi preso. O segundo encontra-se foragido. A busca e apreensão foi infrutífera. Durante o interrogatório no início desta semana, ANDRÉ SANTOS, acompanhado de seu advogado, negou os fatos imputados, afirmando que as fotos nada provam, em especial porque recorda que recebera no mencionado dia um material para o seu restaurante, como frutas e verduras, recebimento esse que seria confirmado posteriormente com a juntada de notas fiscais. No mesmo dia do interrogatório, logo após o seu término, a esposa de ANDRÉ SANTOS compareceu na Delegacia de Polícia e comentou em local público com o advogado que os arquivos com o controle contábil das transações que eram objeto da investigação estavam no sótão de sua residência. O advogado lhe perguntou sobre as drogas e ela respondeu que estavam junto com os documentos, mudando de assunto, em seguida, ao perceber que outras pessoas estavam chegando no lugar. Toda a conversa foi ouvida por dois policiais que relataram o ocorrido ao Delegado de Polícia e materializaram em relatório de investigação o que ouviram, além de terem consignado a necessidade de posteriormente investigar a efetiva participação da esposa no caso. Na qualidade do Delegado de Polícia responsável pelas atividades de Polícia Judiciária que preside o inquérito policial, redija a peça processual adequada à continuidade das investigações. Fundamente e motive. NÃO ASSINE ESTA FOLHA Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br PEÇA PROCESSUAL – distribuição dos pontos Quesito Critério Sua nota e pontuação prevista O que a pontuação possui Endereçamento Vara/Comarca (3,0) - Endereçamento Preâmbulo Nome da peça e a estruturação do preâmbulo (6,0) - A Polícia Civil do Estado do Espírito Santo... (2,0) - Referência ao IP instaurado (2,0) - Representação por busca e apreensão (2,0) Fundamento Legal (7,0) - Previsões legais específicas da peça (art. 5°, inciso XI, e art. 144, §4°, ambos da Constituição Federal; pelo art. 6°, parte inicial do inciso II, do Código de Processo Penal, e pelo art. 2°, §1°, da Lei n° 12.830/2013) Fatos Narrativa sucinta dos fatos (10,0) - Narrar de forma objetiva e sucinta os fatos mais relevantes que ocorreram. Fundamentação - Tipificação das condutas - Requisitos de cabimento e requisitos cautelares da medida (15,0) - Crime de tráfico de drogas com aumento por local beneficente (art. 33,caput, c/c art. 40, inciso III, da Lei n° 11.343/06) – (5,0) - Cabimento da busca e apreensão (art. 240, § 1º,“d” e “h”, do CPP) – (5,0). - crime não praticado sob o manto das excludentes... (5,0) Pedido Especificação do pedido (17,0) - Busca e apreensão (5,0) - Identificação dos objetos da busca (drogas e documentos) – (2,0) - Ausência de manifestação da parte contrária (5,0) - escolha do endereço correto – Av. Saturnino Rangel Mauro... (5,0) Chancela final Local, data e nomenclatura do cargo (2,0) - nomenclatura Erros de Português (-0,25 cada, até o limite de 20 pontos) TOTAL (60,0) Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br VERSÃO 1: EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE VITÓRIA ‒ ES. Ref. Inquérito Policial nº. 228/2019. A Polícia Civil do Estado do Espírito Santo, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelos art. 5°, inciso XI, e art. 144, §4°, ambos da Constituição Federal; pelo art. 6°, inciso II, art. 240, §1º, e art. 242, todos do Código de Processo Penal; e pelo art. 2°, §1°, da Lei n° 12.830/2013, representa pela BUSCA E APREENSÃO no endereço citado abaixo, pelos fatos e fundamentos que passa a expor. 1. Dos fatos A partir de uma denúncia anônima datada de 01/07/2019, a Polícia Civil do Estado do Espírito Santo tomou conhecimento que ANDRÉ SANTOS, gerente do Restaurante COMIDA BOA, entidade beneficente que auxilia a comunidade do entorno, localizada na Av. Vitória, nº 30, Vitória, utilizava o local para venda de drogas. Diante desse cenário, a fim de confirmar a veracidade das informações, o Delegado de Polícia que esta subscreve expediu a Ordem de Serviço n° 58/19 para que uma equipe policial verificasse a procedência das informações. Ato seguinte, os policiais fizeram campana por três dias seguidos, de modo a constatar uma ação estranha de algumas pessoas no local em horário não-comercial. Os policiais conseguiram elaborar relatório conclusivo da Ordem de Serviço n° 58/19, do qual consta fotos e qualificação de inúmeros envolvidos com a respectiva ficha criminal. Dentre os envolvidos, foi possível identificar JOÃO VICENTE, o qual possui inúmeras passagens por tráfico de drogas. Do relatório consta, ainda, a residência de ANDRÉ SANTOS, qual seja, Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória. De posse dessas informações, foi instaurado o Inquérito Policial n° 228/19, no qual houve a juntada das diligências mencionadas e oitiva de algumas testemunhas arroladas pelos investigadores de polícia. Representou-se pela busca e apreensão no mencionado restaurante e pelas prisões temporárias de ANDRÉ SANTOS E JOÃO VICENTE, sendo que só o primeiro foi preso, estando o segundo foragido até a presente data. A busca e apreensão, contudo, foi infrutífera. Durante o interrogatório no início desta semana, ANDRÉ SANTOS, acompanhado de seu advogado, negou os fatos imputados, afirmando que as fotos nada provam, em especial porque recorda que recebera no mencionado dia um material para o seu restaurante, como frutas e verduras, recebimento esse que seria confirmado posteriormente com a juntada de notas fiscais. No mesmo dia do interrogatório, logo após o seu término, a esposa de ANDRÉ SANTOS compareceu na Delegacia de Polícia e comentou em local público com o advogado que Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br os arquivos com o controle contábil das transações que eram objeto da investigação estavam no sótão de sua residência. O advogado lhe perguntou sobre as drogas e ela respondeu que estava junto com os documentos, mudando de assunto, em seguida, ao perceber que outras pessoas estavam chegando no lugar. Tal conversa foi ouvida por dois policiais que relataram o ocorrido ao Delegado de Polícia e materializaram em relatório de investigação o que ouviram, além de terem consignado a necessidade de posteriormente investigar a efetiva participação da esposa no caso. 2. Do Direito Observa-se que existem fortes indícios de materialidade e autoria, sendo necessário ainda alguns elementos informativos para confirmar os fatos que são objeto de investigação, de modo que se faz necessário um mandado de busca e apreensão. Por isso, restará cabalmente demonstradas a autoria e a materialidade do crime de tráfico de drogas – art. 33,caput, c/c art. 40, inciso III, da Lei n° 11.343/06 – com a localização e apreensão dos arquivos de controle contábil, além da potencial existência de drogas no local. Ademais, o fato não foi praticado sob o manto de uma causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade, nem tampouco está extinta a punibilidade. Considerando que a casa é asilo inviolável, no presente caso, a busca só poderá ser realizada em local onde, provavelmente, encontram-se os objetos necessários à prova de infração ou para colher qualquer elemento de convicção, mediante decisão judicial, devidamente fundamentada, nos termos do art. 5º, XI, da Constituição Federal. Desse modo, o presente caso amolda-se às hipóteses do art. 240, § 1º, “d” e “h”, do Código de Processo Penal. 3. Do Pedido Ante o exposto, esta autoridade policial REPRESENTA PELA BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR, sem a oitiva da parte contrária, na residência do investigado, qual seja, Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória, a fim de localizar e apreender especialmente arquivos de controle contábil e drogas. Vitória-ES, ........... de ................................ de 2019 . Delegado de Polícia Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br VERSÃO 2: Em razão do espaço curto para a resposta (60 linhas), pode- se mostrar interessante um texto corrido, sem a delimitação visual dos espaços. As diferenças redacionais foram destacadas em amarelo. EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE VITÓRIA ‒ ES. Ref. Inquérito Policial nº. 228/2019. A Polícia Civil do Estado do Espírito Santo, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelos art. 5°, inciso XI, e art. 144, §4°, ambos da Constituição Federal; pelo art. 6°, inciso II, art. 240, §1º, e art. 242, todos do Código de Processo Penal; e pelo art. 2°, §1°, da Lei n° 12.830/2013, representa pela BUSCA E APREENSÃO no endereço citado abaixo, pelos fatos e fundamentos que passa a expor. Em relação aos fatos, a partir de uma denúncia anônima datada de 01/07/2019, a Polícia Civil do Estado do Espírito Santo tomou conhecimento que ANDRÉ SANTOS, gerente do Restaurante COMIDA BOA, entidade beneficente que auxilia a comunidade do entorno, localizada na Av. Vitória, nº 30, Vitória, utilizava o local para venda de drogas. Diante desse cenário, a fim de confirmar a veracidade das informações, o Delegado de Polícia que esta subscreve expediu a Ordem de Serviço n° 58/19 para que uma equipe policial verificasse a procedência das informações. Ato seguinte, os policiais fizeram campana por três dias seguidos, de modo a constatar uma ação estranha de algumas pessoas no local em horário não-comercial. Os policiais conseguiram elaborar relatório conclusivo da Ordem de Serviço n° 58/19, do qual consta fotos e qualificação de inúmeros envolvidos com a respectiva ficha criminal. Dentre os envolvidos, foi possível identificar JOÃO VICENTE, o qual possui inúmeraspassagens por tráfico de drogas. Do relatório consta, ainda, a residência de ANDRÉ SANTOS, qual seja, Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória. De posse dessas informações, foi instaurado o Inquérito Policial n° 228/19, no qual houve a juntada das diligências mencionadas e oitiva de algumas testemunhas arroladas pelos investigadores de polícia. Representou-se pela busca e apreensão no mencionado restaurante e pelas prisões temporárias de ANDRÉ SANTOS E JOÃO VICENTE, sendo que só o primeiro foi preso, estando o segundo foragido até a presente data. A busca e apreensão, contudo, foi infrutífera. Durante o interrogatório no início desta semana, ANDRÉ SANTOS, acompanhado de seu advogado, negou os fatos imputados, afirmando que as fotos nada provam, em especial porque recorda que recebera no mencionado dia um material para o seu restaurante, como frutas e verduras, recebimento esse que seria confirmado posteriormente com a juntada de notas fiscais. No mesmo dia do interrogatório, logo após o seu término, a esposa de ANDRÉ SANTOS compareceu na Delegacia de Polícia e comentou em local público com o advogado que Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br os arquivos com o controle contábil das transações que eram objeto da investigação estavam no sótão de sua residência. O advogado lhe perguntou sobre as drogas e ela respondeu que estava junto com os documentos, mudando de assunto, em seguida, ao perceber que outras pessoas estavam chegando no lugar. Tal conversa foi ouvida por dois policiais que relataram o ocorrido ao Delegado de Polícia e materializaram em relatório de investigação o que ouviram, além de terem consignado a necessidade de posteriormente investigar a efetiva participação da esposa no caso. Superadas as questões de fato, observa-se que existem fortes indícios de materialidade e autoria, sendo necessário ainda alguns elementos informativos para confirmar os fatos que são objeto de investigação, de modo que se faz necessário um mandado de busca e apreensão. Por isso, restará cabalmente demonstradas a autoria e a materialidade do crime de tráfico de drogas – art. 33,caput, c/c art. 40, inciso III, da Lei n° 11.343/06 – com a localização e apreensão dos arquivos de controle contábil, além da potencial existência de drogas no local. Ademais, o fato não foi praticado sob o manto de uma causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade, nem tampouco está extinta a punibilidade. Considerando que a casa é asilo inviolável, no presente caso, a busca só poderá ser realizada em local onde, provavelmente, encontram-se os objetos necessários à prova de infração ou para colher qualquer elemento de convicção, mediante decisão judicial, devidamente fundamentada, nos termos do art. 5º, XI, da Constituição Federal. Desse modo, o presente caso amolda-se às hipóteses do art. 240, § 1º, “d” e “h”, do Código de Processo Penal. Ante o exposto, esta autoridade policial REPRESENTA PELA BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR, sem a oitiva da parte contrária, na residência do investigado, qual seja, Av. Saturnino Rangel Mauro, n° 111, Jardim da Penha, Vitória, a fim de localizar e apreender especialmente arquivos de controle contábil e drogas. Vitória-ES, ........... de ................................ de 2019 . Delegado de Polícia Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br QUESTÃO DISSERTATIVA 1 (DIREITO CONSTITUCIONAL: hermenêutica constitucional + processo legislativo) O Supremo Tribunal Federal, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, declarou inconstitucional a prática de parlamentares introduzirem emendas sobre matérias estranhas à espécie legislativa em trâmite. Diante dos consideráveis efeitos adversos que adviriam da declaração de inconstitucionalidade de todas as medidas provisórias e leis já aprovadas, ou ainda em tramitação, com vício semelhante, e do fato de estar-se a afirmar um novo entendimento sobre a matéria, a Corte decidiu não aplicar o novo entendimento no caso julgado ou nos demais mencionados, mas afirmou que esse seria o novo parâmetro para casos futuros. Sobre o tema, identifique o nome da prática apontada pela Corte Constitucional como inconstitucional, citando os dois fundamentos utilizados que levaram a tal conclusão [9,0 pontos]. Ademais, indique e conceitue a técnica de interpretação/julgamento utilizada pelo Supremo Tribunal Federal [6,0 pontos]. Por fim, analise e fundamente se a técnica utilizada se trata de um exemplo de modulação de efeitos para fins da incidência do art. 27 da Lei n° 9.868/99 [5,0 pontos]. DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS: Nome da prática – rabo da lei ou contrabando (4,5 pontos) 2 fundamentos: devido processo legislativo e democracia (4,5 pontos) Nome da técnica – sentença de aviso ou prospective overruling (3,0 pontos) Explicação da técnica (3,0 pontos) É caso de modulação de efeitos? (5,0 pontos) Português (0,25 por erro, até o limite de 5 pontos) NOTA FINAL MATERIAL DE LEITURA E/OU JULGADOS SOBRE O TEMA: - RABO DA LEI: O rabo da lei consiste na prática comum de o Congresso Nacional introduzir emendas sobre matérias estranhas à espécie legislativa em trâmite, a fim de tentar a sua aprovação. Essa prática também é conhecida como “contrabando legislativo” ou “cauda da lei” ou riders. Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br O STF, ao julgar a ADI 5127,[1] entendeu que tal prática constitui um costume contrário à Constituição, violadora de preceitos bases , eivada, portanto de inconstitucionalidade. Tal julgado ocorreu em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Contudo, uma observação sobre o tema se faz necessária. Diante dos consideráveis efeitos adversos que adviriam da declaração de inconstitucionalidade de todas as medidas provisórias e leis já aprovadas, ou ainda em tramitação, com vício semelhante, e do fato de estar-se a afirmar um novo entendimento sobre a matéria, a Corte atribuiu eficácia ex nunc à decisão. Ficaram, assim, preservadas, até a data daquele julgamento, todas as leis oriundas de projetos de conversão de medidas provisórias com semelhante vício, já aprovadas ou em tramitação no Congresso Nacional, incluindo o dispositivo impugnado na presente ação direta. Sobre o tema, segue o mencionado julgado: Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. EMENDA PARLAMENTAR EM PROJETO DE CONVERSÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA EM LEI. CONTEÚDO TEMÁTICO DISTINTO DAQUELE ORIGINÁRIO DA MEDIDA PROVISÓRIA. PRÁTICA EM DESACORDO COM O PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO E COM O DEVIDO PROCESSO LEGAL (DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO). 1. Viola a Constituição da República, notadamente o princípio democrático e o devido processo legislativo (arts. 1º, caput, parágrafo único, 2º, caput, 5º, caput, e LIV, CRFB), a prática da inserção, mediante emenda parlamentar no processo legislativo de conversão de medida provisória em lei, de matérias de conteúdo temático estranho ao objeto originário da medida provisória. 2. Em atenção ao princípio da segurança jurídica (art. 1º e 5º, XXXVI, CRFB), mantém-se hígidas todas as leis de conversão fruto dessa prática promulgadas até a data do presente julgamento, inclusive aquela impugnada nesta ação. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente por maioria de votos. (ADI 5127, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 15/10/2015,PROCESSO ELETRÔNICO DJe-094 DIVULG 10-05-2016 PUBLIC 11-05-2016) - SENTENÇA DE AVISO: SENTENÇA DE AVISO OU PROSPECTIVE OVERRULING OU PURE PROSPECTIVE As sentenças de aviso têm por finalidade sinalizar uma alteração futura na jurisprudência de um Tribunal, sem que tal alteração tenha repercussão no caso em que ela é proferida. Em outras palavras, o Tribunal sinaliza de forma prospectiva (para o futuro) a revogação (overruling) de um determinado entendimento da sua jurisprudência. Antes de aprofundar no tema, faz-se necessário trabalhar melhor o que é overruling. Em controle concentrado de constitucionalidade, o STF toma decisões vinculantes para todos os tribunais. Esse limite subjetivo do efeito vinculante não abrange o próprio Supremo Tribunal Federal, que, posteriormente, em outra ação, pode se posicionar de forma distinta ao que decidido em julgado anterior (esse fenômeno é chamado de overruling), revogando o primeiro entendimento. Assim, no overruling, o STF supera determinado entendimento, fixando outra orientação em julgado posterior. No controle difuso de constitucionalidade, pela literalidade do art. 52, X, da CF, não existe o efeito vinculante e erga omnes para todos os membros do Poder Judiciário, e um juiz de primeira instância ou outro Tribunal não está vinculado ao que foi decidido pelo STF. Apesar desse Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br cenário, quando o STF em controle difuso de constitucionalidade, contraria sua jurisprudência até então pacífica, fala-se em overruling (revogação de entendimento pretérito por nova decisão. Voltando ao tema da questão, tem-se o RE 630733. O STF fixou um novo entendimento de que não é possível a remarcação de teste de aptidão física em concurso público em razão de problema pessoal e temporário de saúde. Por haver violação ao princípio da isonomia, a vedação do edital para tais candidatos mostrou-se constitucional. Em síntese, inexiste um direito constitucional à remarcação de provas em razão de circunstâncias pessoais dos candidatos. Não obstante, o mencionado entendimento não foi aplicado no próprio RE 630733 ao argumento de que a liminar foi concedida no ano de 2002 (o julgamento no STF ocorreu em 2013) e o candidato já estava empossado no cargo há mais de 10 anos, motivo pelo qual os Ministros modularam os efeitos da decisão de modo a não se aplicar tal entendimento no caso em julgamento. Os Ministros ressaltaram que a situação não se tratava de aplicação da teoria do fato consumado, mas de garantir a segurança jurídica nos casos de sensível mudança da jurisprudência. Vale a pena leitura dos informativos sobre o tema: Concurso público e segunda chamada em teste de aptidão física Os candidatos em concurso público não têm direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo contrária disposição editalícia. Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário. No caso, o recorrido não se submetera ao teste de aptidão física na data designada pelo edital do concurso, pois se encontraria temporariamente incapacitado em virtude de doença — epicondilite gotosa no cotovelo esquerdo — comprovada por atestado médico. O tribunal de origem, com fundamento no princípio da isonomia, afastara norma, também prevista em edital, que regulamentaria aplicação de prova de capacidade física em processo seletivo instituído pela Academia Nacional de Polícia [“os casos de alterações orgânicas (estados menstruais, indisposições, cãibras, contusões, etc.) que impossibilitem o candidato de submeter-se aos testes ou diminuam sua capacidade física e/ou orgânica não serão aceitos para fins de tratamento diferenciado por parte da Administração”]. Primeiramente, rememorou-se precedentes no sentido de que a remarcação de teste de aptidão física para data diversa daquela prevista em edital de certame, em virtude da ocorrência de caso fortuito que comprometesse a saúde de candidato, devidamente comprovado por atestado médico, não afrontaria o princípio da isonomia (RE 179500/RS, DJU de 15.10.99; AI 825545 AgR/PE, DJe 6.5.2011 e RE 584444/DF, DJe de 26.3.2010). RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) Ressaltou-se que a discussão não se restringiria à eventual violação do princípio da isonomia pela mera remarcação de teste de aptidão física. Afirmou-se que, embora esta Corte tivesse considerado legítima a possibilidade de se remarcar teste físico em razão de casos fortuitos, a existência de previsão editalícia que prescrevesse que alterações corriqueiras de saúde não seriam aptas a ensejar a remarcação de teste físico não ofenderia o princípio da isonomia. Esse princípio implicaria tratamento desigual àqueles que se encontrassem em situação de desigualdade. Deste modo, aplicável em hipótese na qual verificado de forma clara que a atuação estatal tivesse beneficiado determinado indivíduo em detrimento de outro nas mesmas condições. Asseverou-se, portanto, que, em essência, o princípio da isonomia não possibilitaria, de plano, a realização de segunda chamada em etapa de concurso público decorrente de situações individuais e pessoais de cada candidato, especialmente, quando o edital estabelecesse tratamento isonômico a todos os candidatos que, em presumida posição de igualdade dentro da mesma relação jurídica, seriam tratados de forma igualitária. RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) Aduziu-se que o concurso público permitiria não apenas a escolha dos candidatos mais bem qualificados, mas também que o processo de seleção fosse realizado com transparência, impessoalidade, igualdade e com o menor custo para os cofres públicos. Dessa maneira, não seria razoável a movimentação de toda a máquina estatal para privilegiar determinados candidatos que se encontrassem impossibilitados de realizar alguma das etapas do certame por motivos exclusivamente individuais. Consignou-se que, ao se permitir a remarcação do teste de aptidão física nessas circunstâncias, possibilitar-se-ia o adiamento, sem limites, de qualquer etapa do certame, pois o candidato talvez não se encontrasse em plenas condições para realização da prova, o que causaria tumulto e dispêndio desnecessário para a Administração. Aludiu-se que não seria razoável que a Administração ficasse à mercê de situações adversas para colocar fim ao certame, de modo a deixar os concursos em aberto por prazo indeterminado. RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) Assinalou-se que, na espécie, entretanto, o recorrido realizara a prova de aptidão física de segunda chamada em razão de liminar concedida pelo Poder Judiciário, em 2002, confirmada por sentença e por acórdão de tribunal regional, tendo sido empossado há quase dez anos. Sublinhou-se que, em casos como este, em que se alteraria jurisprudência longamente adotada, seria sensato considerar a necessidade de se modular os efeitos da decisão com base em razões de segurança jurídica. Essa seria a praxe nesta Corte para as hipóteses de modificação sensível de jurisprudência. Destacou-se que não se trataria de declaração de inconstitucionalidade em controle abstrato, a qual poderia suscitar a modulação dos efeitos da decisão mediante a aplicação do art. 27 da Lei 9.868/99. Tratar-se-ia de substancial mudança de jurisprudência, decorrente de nova interpretação do texto constitucional, a impor ao STF, tendo em vista razões de segurança jurídica, a tarefa de proceder a ponderação das consequências e o devido ajuste do resultado, para adotar a Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram)www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br técnica de decisão que pudesse melhor traduzir a mutação constitucional operada. Registrou-se que a situação em apreço não diria respeito a referendo à teoria do fato consumado, tal como pedido pelo recorrido, mas de garantir a segurança jurídica também nos casos de sensível mudança jurisprudencial. Por fim, conquanto o recurso tivesse sido interposto antes da sistemática da repercussão geral, atribuiu-se-lhe os efeitos dela decorrentes e assegurou-se a validade das provas de segunda chamada ocorridas até a data de conclusão do presente julgamento. RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) Vencido o Min. Marco Aurélio, que também negava provimento ao recurso, mas com fundamentação diversa. Anotava que a pretensão do recorrido teria sido agasalhada pelo tribunal regional em observância aos princípios da acessibilidade aos cargos públicos, isonomia e razoabilidade, e seria socialmente aceitável. Explanava que em situações excepcionais, desde que demonstrada a justa causa, seria possível colocar em segundo plano o edital. Reputava que, considerada a aplicação da lei no tempo — haja vista que o interesse em recorrer surgira em 3.11.2003, antes, portanto, da introdução do instituto da repercussão geral pela EC 45/2004 — não se poderia emprestar a este julgamento as consequências próprias da admissibilidade da repercussão geral, a irradiar-se a ponto de ficarem os tribunais do país autorizados a declarar prejuízo de outros recursos. RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733) Por fim, as sentenças de aviso são qualificadas como uma espécie de modulação de efeitos, como se compreende da ementa da ADI 4029: “A modulação de efeitos possui variadas modalidades, sendo adequada ao caso sub judice a denominada pure prospectivity, técnica de superação da jurisprudência em que o novo entendimento se aplica exclusivamente para o futuro, e não àquela decisão que originou a superação da antiga tese”. Mesmo que esse precedente seja em sede de ADI (controle concentrado), a necessidade de modulação de efeitos se colocará sempre que tal técnica for utilizada, já que a modulação também pode ser utilizada em sede de controle difuso de constitucionalidade. SUGESTÃO DE RESPOSTA: No âmbito do controle concentrado de constitucionalidade de normas, o Supremo Tribunal Federal afirmou ser inconstitucional a prática de parlamentares introduzirem emendas sobre matérias estranhas à espécie legislativa em trâmite. Tal situação é conhecida doutrinariamente como “rabo da lei”, “cauda da lei”, “contrabando legislativo” ou "riders". Essa prática, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, constitui um costume contrário à Constituição, violadora de preceitos bases, como o princípio democrático e o devido processo legislativo, estando, eivada, portanto, de inconstitucionalidade. No que diz respeito à técnica de interpretação, o caso retrata o que a doutrina e os tribunais qualificam como sentença de aviso, prospective overruling ou pure prospective. As sentenças de aviso têm por finalidade sinalizar uma alteração futura na jurisprudência de um Tribunal, sem que tal alteração tenha repercussão no caso em que ela é proferida ou em cenários correlatos. Em outras palavras, o Tribunal sinaliza de forma prospectiva (para o futuro) a revogação (overruling) de um determinado entendimento da sua jurisprudência. Por fim, as sentenças de aviso são qualificadas como uma espécie de modulação de efeitos, já que, pelas regras básicas dos efeitos de uma decisão em sede de controle difuso de constitucionalidade, o novo entendimento deveria incidir no caso sob julgamento, o que não ocorreu. Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br QUESTÃO DISSERTATIVA 2 (DIREITO PROCESSUAL PENAL: provas) A teoria dos frutos da árvore envenenada, de origem norte-americana, ganhou a doutrina e a jurisprudência dos Tribunais pátrios. A reforma do Código de Processo de 2008 trouxe novas questões para debate, temas como a questão da “fonte independente”, “descoberta inevitável” e “contaminação expurgada”. Sobre o cenário delimitado, explique cada um dos três temas [9,0 pontos], identifique a posição dos Tribunais Superiores sobre suas admissibilidades [3,0 pontos] e cite um exemplo de aplicação para cada teoria [8,0 pontos]. DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS: Fonte independente - conceito (3,0 pontos) Admissibilidade (1,0 ponto) Exemplo (2,0 pontos) Descoberta inevitável - conceito (3,0 pontos) Admissibilidade (1,0 ponto) Exemplo (3,0 pontos) Contaminação expurgada - conceito (3,0 pontos) Admissibilidade (1,0 ponto) Exemplo (3,0 pontos) Português (0,25 por erro, até o limite de 5 pontos) NOTA FINAL MATERIAL DE LEITURA E/OU JULGADOS SOBRE O TEMA: A teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), também conhecida como prova ilícita por derivação, é uma consequência da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos e possui aplicabilidade no inquérito policial. Decorrente do direito norte- americano, a Suprema Corte já teve a oportunidade de se pronunciar sobre o tema diversas vezes, de modo a adotar a teoria, como se observa pelo julgado abaixo: A QUESTÃO DA DOUTRINA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA ("FRUITS OF THE POISONOUS TREE"): A QUESTÃO DA ILICITUDE POR DERIVAÇÃO. – Ninguém pode ser investigado, denunciado ou condenado com base, unicamente, em provas ilícitas, quer se trate de ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude por derivação. Qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento subsequente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de prova comprometida pela mácula da ilicitude Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br originária. – A exclusão da prova originariamente ilícita – ou daquela afetada pelo vício da ilicitude por derivação – representa um dos meios mais expressivos destinados a conferir efetividade à garantia do "due process of law" e a tornar mais intensa, pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional que preserva os direitos e prerrogativas que assistem a qualquer acusado em sede processual penal. Doutrina. Precedentes. – A doutrina da ilicitude por derivação (teoria dos "frutos da árvore envenenada") repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os meios probatórios, que, não obstante produzidos, validamente, em momento ulterior, acham-se afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se transmite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos dados probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão de anterior transgressão praticada, originariamente, pelos agentes estatais, que desrespeitaram a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar. – Revelam-se inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os elementos probatórios a que os órgãos estatais somente tiveram acesso em razão da prova originariamente ilícita, obtida como resultado da transgressão, por agentes públicos, de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia condicionante, no plano do ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãos. – Se, no entanto, o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova – que não guarde qualquer relação de dependência nemdecorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vinculação causal –, tais dados probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária.1 A previsão legal, inserida com a reforma de 2008 ao CPP, consta da primeira parte do art. 157, § 1º, do CPP. No entanto, a previsão legal da regra foi acompanhada de duas exceções para a teoria dos frutos da árvore envenenada, previstas na parte final do art. 157, § 1º, e no § 2º, do CPP: Art. 157, § 1º: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. § 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. Os dispositivos ressaltam as hipóteses em que a prova derivada não seria contaminada pela ilicitude da primeira. Ao estudar o tema, Renato Brasileiro de Lima2, com fundamento na 1. HC 93050, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 10/6/2008. 2. LIMA, 2011, p. 896 a 904. Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br doutrina americana, apresentam três hipóteses que representam exceções à teoria da árvore envenenada, bem como verificam sua aplicação no Brasil. A primeira hipótese, prevista no art. 157, § 1º, do CPP, consiste na possibilidade de se obter a mesma prova derivada por uma fonte independente (independent source doctrine) da primeira (que está contaminada pelo vício da ilegalidade). Nesse caso, não está evidenciado o nexo de causa e efeito entre a prova ilícita e a prova derivada. Por exemplo, em determinada situação, o Ministério Público e a Polícia Civil investigam o mesmo fato, sem que um órgão tenha conhecimento de que o outro investiga. Enquanto a Polícia Civil efetua a quebra do sigilo bancário com autorização judicial, o Ministério faz o mesmo procedimento sem essa autorização. De um lado, as provas conseguidas pela Polícia Civil são lícitas; de outro lado, as provas conseguidas pelo Ministério Público são ilegais. Apesar de serem as mesmas provas, a ilicitude das provas do Ministério Público não contaminará as provas da Polícia Civil, uma vez que foram obtidas por uma fonte independente. Segue, ainda, um exemplo do STF3: A declaração de nulidade de interceptação eletrônica não gera a nulidade dos elementos probatórios colhidos nos mesmos autos que possam ser obtidos por fonte independente, por se tratar de provas autônomas, tal como se dá com autos de fiscalização conduzidos pelo impetrante como auditor da Receita Federal. A segunda hipótese, pela literalidade do art. 157, § 2º, do CPP, diz respeito à “fonte independente”; contudo, a doutrina4 e o STF5 afirmam que houve equívoco do legislador, uma vez que o parágrafo trata da “descoberta inevitável” (inevitable discovery). Essa teoria é aplicável se demonstrar que a prova seria produzida de qualquer forma, independentemente da prova ilícita originária. Por exemplo, o STJ6 entendeu ser hipótese de descoberta inevitável quando houve uma quebra ilegal de um sigilo, sendo que a prova seria necessariamente descoberta por outros meios legais: No caso, repita-se, o sobrinho da vítima, na condição de herdeiro, teria, inarredavelmente, após a habilitação no inventário, o conhecimento das movimentações financeiras e, certamente, saberia do desfalque que a vítima havia sofrido; ou seja, a descoberta da prova era inevitável. Ainda sobre o tema da descoberta inevitável, cita-se julgado do STF:7 2. Ilicitude da prova produzida durante o inquérito policial - violação de registros telefônicos de corréu, executor do crime, sem autorização judicial. 2.1 Suposta ilegalidade decorrente do fato de os policiais, após a prisão em flagrante do corréu, terem realizado a análise dos últimos registros telefônicos dos dois aparelhos celulares apreendidos. Não ocorrência. 2.2 Não se confundem comunicação 3. RMS 31767 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 22/09/2015 4. OLIVEIRA, 2010, p. 375; LIMA, 2011, p. 898. 5. HC 91867, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 24/04/2012. 6. HC 52.995/AL, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 16/09/2010, DJe 4/10/2010. 7 HC 91867, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 24/04/2012. Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br telefônica e registros telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. Não se pode interpretar a cláusula do artigo 5º, XII, da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto registro, depósito registral. A proteção constitucional é da comunicação de dados e não dos dados. 2.3 Art. 6º do CPP: dever da autoridade policial de proceder à coleta do material comprobatório da prática da infração penal. Ao proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos devidamente apreendidos, meio material indireto de prova, a autoridade policial, cumprindo o seu mister, buscou, unicamente, colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito (dessa análise logrou encontrar ligações entre o executor do homicídio e o ora paciente). Verificação que permitiu a orientação inicial da linha investigatória a ser adotada, bem como possibilitou concluir que os aparelhos seriam relevantes para a investigação. 2.4 À guisa de mera argumentação, mesmo que se pudesse reputar a prova produzida como ilícita e as demais, ilícitas por derivação, nos termos da teoria dos frutos da árvore venenosa (fruit of the poisonous tree), é certo que, ainda assim, melhor sorte não assistiria à defesa. É que, na hipótese, não há que se falar em prova ilícita por derivação. Nos termos da teoria da descoberta inevitável, construída pela Suprema Corte norte-americana no caso Nix x Williams (1984), o curso normal das investigações conduziria a elementos informativos que vinculariam os pacientes ao fato investigado. Bases desse entendimento que parecem ter encontrado guarida no ordenamento jurídico pátrio com o advento da Lei 11.690/2008, que deu nova redação ao art. 157 do CPP, em especial o seu § 2º. A terceira hipótese que representa exceção à teoria da árvore envenenada é conhecida como “contaminação expurgada” ou “conexão atenuada” ou “mancha purgada” (purged taint). Esse caso possui aplicabilidade quando o nexo causal entre a primeira prova ilícita e a prova ilícita derivada é atenuado pelo tempo ou por circunstâncias supervenientes à prova ou pela colaboração do agente. Segue um exemplo do Direito norte-americano. Um policial, sem qualquer motivo aparente (e, portanto, de modo ilegal), invadiu a casa de um indivíduo e no seu interior descobre uma quantidade significativa de drogas. Em seu depoimento, esse indivíduo confessou o tráfico de drogas e afirmou que o recebeu de um segundo indivíduo, que também foi preso logo após a confissão. O segundo indivíduo, dias depois de ter sido colocado em liberdade, dirigiu-se à delegacia e resolveu confessar que também traficava drogas. A Suprema Corte norte-americana decidiu que a prisão e o depoimento do primeiro elemento seriam ilegais, pois derivariam diretamente de uma prisão ilegal (violação de domicílio), ao passo que considerou lícito o depoimento do segundo elemento, já que a confissão após a sua liberdade teriaatenuado a conexão com a ilicitude originária. Apesar de não estar prevista expressamente no CPP, parte da doutrina entende que essa teoria estaria implicitamente prevista no art. 157, § 1º, do CPP8. Veja julgado do STJ: (...) 4. A teoria dos frutos da árvore envenenada tem sua incidência delimitada pela exigência de que seja direto e imediato o nexo causal entre a obtenção ilícita de uma prova primária e a aquisição da prova secundária. 8. LIMA, 2011, p. 901 e 902. Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br 5. De acordo com a teoria do nexo causal atenuado ou da mancha purgada, i) o lapso temporal decorrido entre a prova primária e a secundária; ii) as circunstâncias intervenientes na cadeia probatória; iii) a menor relevância da ilegalidade; ou iv) a vontade do agente em colaborar com a persecução criminal, entre outros elementos, atenuam a ilicitude originária, expurgando qualquer vício que possa recair sobre a prova secundária e afastando a inadmissibilidade de referida prova. 6. Na presente hipótese, as provas encaminhadas ao MP brasileiro são legítimas, segundo o parâmetro de legalidade suíço, e o meio de sua obtenção não ofende a ordem pública, a soberania nacional e os bons costumes brasileiros, até porque decorreu de circunstância autônoma interveniente na cadeia causal, a qual afastaria a mancha da ilegalidade existente no indício primário. Não há, portanto, razões para a declaração de sua inadmissibilidade no presente processo. (APn 856/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/10/2017, DJe 06/02/2018) SUGESTÃO DE RESPOSTA: O tema da questão se insere no estudo da teoria dos frutos da árvore envenenada e a reforma ocorrida no Código de Processo Penal, que trouxe um novo olhar para o cenário a ser trabalhado. As alterações focam nas hipóteses em que a prova derivada não seria contaminada pela ilicitude da primeira. São três as hipóteses de acordo com a doutrina e jurisprudência. A teoria da fonte independente, amplamente utilizada pelos Tribunais Superiores, consiste na possibilidade de se obter a mesma prova derivada por uma fonte independente da primeira (que está contaminada pelo vício da ilegalidade). Nesse caso, não está evidenciado o nexo de causa e efeito entre a prova ilícita e a prova derivada. Por exemplo, em determinada situação, o Ministério Público e a Polícia Civil investigam o mesmo fato, sem que um órgão tenha conhecimento de que o outro também investiga. Enquanto a Polícia Civil efetua a quebra do sigilo bancário com autorização judicial, o Ministério faz o mesmo procedimento sem essa autorização. De um lado, as provas conseguidas pela Polícia Civil são lícitas; de outro lado, as provas conseguidas pelo Ministério Público são ilegais. Apesar de serem as mesmas provas, a ilicitude das provas do Ministério Público não contaminará as provas da Polícia Civil, uma vez que foram obtidas por uma fonte independente. A teoria da descoberta inevitável, aceita pelos tribunais pátrios, é aplicável se demonstrar que a prova seria produzida de qualquer forma, independentemente da prova ilícita originária. Por exemplo, existe precedente que entendeu ser hipótese de descoberta inevitável quando houve uma quebra ilegal de um sigilo, sendo que a prova seria necessariamente descoberta por outros meios legais de investigação criminal. Por fim, tem-se a teoria da contaminação expurgada, também aceita pelos tribunais pátrios, e possui aplicabilidade quando o nexo causal entre a primeira prova ilícita e a prova ilícita derivada é atenuado pelo tempo ou por circunstâncias supervenientes à prova ou pela colaboração do agente. Por exemplo, um policial, sem qualquer motivo Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br aparente (e, portanto, de modo ilegal), invadiu a casa de um indivíduo e no seu interior descobre uma quantidade significativa de drogas. Em seu depoimento, esse indivíduo confessou o tráfico de drogas e afirmou que o recebeu de um segundo indivíduo, que também foi preso logo após a confissão. O segundo indivíduo, dias depois de ter sido colocado em liberdade, dirigiu-se à delegacia e resolveu confessar que também traficava drogas. A segunda confissão seria lícita à luz dessa teoria. Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br QUESTÃO DISSERTATIVA 3 (DIREITO PENAL: teoria do crime) Durante um pequeno procedimento cirúrgico, é entregue ao médico pelo seu auxiliar um equipamento sem a devida esterilização. Como consequência, o paciente veio a óbito dias após a cirurgia. A família da vítima comparece à Delegacia de Polícia e relata o ocorrido por suspeitas na conduta do médico, o qual relatou possível infecção hospitalar para a causa mortis. Após complexa investigação, verificou-se que o equipamento da cirurgia fora reutilizado sem a devida esterilização em razão de contenção de gasto pelo Hospital. Sobre a situação do médico, conceitue a teoria da imputação objetiva [4,0 pontos] e seus quatro elementos centrais [12,0 pontos], indicando em qual deles o caso narrado se insere [4,0 pontos]. DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS: Teoria da imputação objetiva (4,0 pontos) Conceito do elemento 1- risco permitido (3,0 ponto) Conceito do elemento 2 – princípio da confiança (3,0 ponto) Conceito do elemento 3– proibição de regresso (3,0 ponto) Conceito do elemento 4 – capacidade da vítima (3 pontos) Indicação correta (princípio da confiança) (4,0 pontos) Português (-0,25 por erro, até o limite de 5 pontos) NOTA FINAL MATERIAL DE LEITURA E/OU JULGADOS SOBRE O TEMA: A teoria da imputação objetiva tem por finalidade limitar o alcance da estudada teoria da equivalência dos antecedentes causais, sem, contudo, abrir mão desta última. Por intermédio dela, deixa-se de lado a observação de uma relação de casualidade puramente material, para se valorar outra, de natureza normativa (possibilidade de imputação jurídica- penal). Com surgimento da teoria da imputação objetiva, a preocupação não é, à primeira vista, saber se o agente atuou efetivamente com dolo ou culpa no caso concreto. O problema se coloca antes dessa aferição, ou seja, se o resultado previsto na parte objetiva do tipo pode ou não ser imputado ao agente. O estudo da imputação objetiva, dentro do tipo penal complexo (é complexo por ter elementos subjetivos e objetivos), acontece antes mesmo da análise de seus elementos subjetivos (dolo e culpa). Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br A teoria da equivalência dos antecedentes causais é uma teoria do nexo de causalidade; então, a teoria da imputação objetiva é uma teoria que procura limitar o nexo de causalidade. É, portanto, também ela mesma, uma teoria do nexo de causalidade, mas com algumas peculiaridades a mais: Teoria Clássica Teoria da Imputação Objetiva A “imputação objetiva” é marcada por um requisito: Nexo físico (causa e efeito) Bastando esse requisito, dar-se-á início ao estudo do dolo e da culpa. A “imputação objetiva” é marcada por dois requisitos: Nexo físico (causa e efeito) Nexo normativo (é um novo filtro) Presentes os 2 requisitos, dar-se-á início ao estudo do dolo e da culpa. Jakobs traça4 instituições jurídico-penais sobre as quais desenvolve a teoria da imputação objetiva (o nexo normativo), de modo a impedir a ocorrência do crime e a impedir a própria imputação objetiva: Risco permitido se cada um se comporta de acordo com um papel que lhe foi atribuído pela sociedade, quando a conduta praticada importe na criação de lesão ou perigo de lesão aos bens de terceira pessoa, se tal comportamento se mantiver dentro dos padrões aceitos e assimilados pela sociedade, se desta conduta advier algum resultado lesivo, este será imputado ao acaso (ao nada). Ex: casa de rações que vende veneno de rato etc. Princípio da Confiança não se imputarão objetivamente os resultados produzidos por quem obrou confiando em que outros se manterão dentro dos limites do perigo permitido. O princípio da confiança significa que, apesar da experiência de que outras pessoas comentem erros, se autoriza a confiar – numa medida ainda por determinar – em seu comportamento correto. Ex: cirurgia em que o médico é auxiliado por vários profissionais. Ele usa, por ex, um bisturi e acredita que o mesmo está esterilizado pela pessoa encarregada por essa função. Ex: ‘A’ ajuda um velinho (ou um cego) a atravessar a rua. O sinal está vermelho para os carros e A dá início a sua passagem quando um carro atropela a pessoa que ‘A’ estava ajudando. ‘A’ não será imputado penalmente, pois confiava nos demais carros. Proibição de Regresso: se determinada pessoa atuar com os limites de seu papel, a sua conduta, mesmo contribuindo para o sucesso da infração penal levada a efeito pelo agente, não poderá ser incriminada. Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br Ex: padeiro – aplicando a teoria causalidade simples, a conduta do padeiro de vender o pão àquele que envenenaria um terceiro a fim de causar a morte desse, só não seria punível comprovando-se a ausência do elemento subjetivo. Contudo, pela teoria da imputação objetiva, mesmo se o padeiro soubesse da finalidade ilícita do agente ao comprar o pão, não poderia responder pela infração penal, pois que a atividade de vender pães, seja qual for a sua utilização, consiste no seu papel de padeiro (carece do nexo normativo). Competência ou capacidade da vítima: esse requisito se divide em dois outros: o Consentimento do ofendido presentes os requisitos necessários para o consentimento do ofendido, será ele aproveitado para o direito penal. E esse consentimento é suficiente para retirar a tipicidade da conduta. Ex: honra que é bem disponível; Ex: tatuagem. o Ações a próprio risco a própria vítima, com o seu próprio comportamento, contribui ou pelo menos facilita que a consequência lesiva ocorra. Esse comportamento (consentimento) torna o risco permitido. Ex: pessoa que se propõe a praticar esportes radicais não pode culpar o organizador do evento em hipótese de eventual lesão se o organizador agiu com cuidado e proteção necessários no caso. Ex: vale-tudo. Assim, se alguns desses estiverem presentes, o fato não passa para a próxima etapa, qual seja, da análise do dolo e da culpa. SUGESTÃO DE RESPOSTA: A teoria da imputação objetiva tem por finalidade limitar o alcance da teoria da equivalência dos antecedentes causais, sem, contudo, abrir mão desta última. Por intermédio dela, deixa-se de lado a observação de uma relação de casualidade puramente material, para se valorar outra, de natureza normativa (possibilidade de imputação jurídica- penal). A teoria da equivalência dos antecedentes causais é uma teoria do nexo de causalidade; então, a teoria da imputação objetiva é uma teoria que procura limitar o nexo de causalidade. É, portanto, também ela mesma, uma teoria do nexo de causalidade. A teoria da imputação objetiva se fundamenta em quatro instituições jurídico-penais, de modo a impedir a ocorrência do crime, quais sejam, (a) o risco permitido, (b) o princípio da confiança, (c) a proibição de regresso e (d) a capacidade da vítima. Em relação ao risco permitido, se cada um se comporta de acordo com um papel que lhe foi atribuído pela sociedade, quando a conduta praticada importe na criação de lesão ou perigo de lesão aos bens de Curso de Discursivas – 2019 (RODADA 1) – ATUALIZADO EM AGOSTO DE 2020 Prof. Bruno Zanotti @btzanotti (instagram) www.brunozanotti.com.br // curso@brunozanotti.com.br terceira pessoa, se tal comportamento se mantiver dentro dos padrões aceitos e assimilados pela sociedade, se desta conduta advier algum resultado lesivo, este será imputado ao acaso (ao nada). Em relação ao princípio da confiança, não se imputarão objetivamente os resultados produzidos por quem obrou confiando em que outros se manterão dentro dos limites do perigo permitido. O princípio da confiança significa que, apesar da experiência de que outras pessoas comentem erros, se autoriza a confiar em seu comportamento correto. Em relação à proibição de Regresso, se determinada pessoa atuar com os limites de seu papel, a sua conduta, mesmo contribuindo para o sucesso da infração penal levada a efeito pelo agente, não poderá ser incriminada. Em relação à capacidade da vítima, esse se divide em dois outros. Primeiro, no consentimento do ofendido, presentes os requisitos necessários para a sua ocorrência, será ele aproveitado para o direito penal, sendo que esse consentimento é suficiente para retirar a tipicidade da conduta. Segundo, nas ações a próprio risco, a própria vítima, com o seu próprio comportamento, contribui ou pelo menos facilita que a consequência lesiva ocorra, sendo que esse comportamento torna o risco permitido. Por fim, o caso narrado se insere no princípio da confiança, já que o médico obrou confiando no Hospital, o qual deixou de proceder com as cautelas de praxe em relação aos itens necessários para a cirurgia. Grande salve guerreiro e guerreira, Liberei esse simulado para você, pensando no concurso para Delegado de Polícia do Estado do Paraná, o qual é composto por questões INÉDITAS criadas por mim, inicialmente, para o concurso de Delegado de Polícia do ES. Trata-se de uma rodada completa daquele curso, com questões, folha de resposta, gabarito e sugestão de resposta, tudo atualizado até agosto de 2020. Agora, já pensou você ter um material desse nível corrigido individualmente pelo professor? Aproveite para conhecer a proposta, testar o seu conhecimento e ver o quanto você está preparado para essa etapa do concurso que derruba inúmeros alunos por não se prepararem adequadamente. Recomendo, contudo, irmos além desse simulado. 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