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João Olímpio Soares dos Reis Helda Maria Henriques Rodrigues Lopes Maria Cleonice Mendes de Souza Maria Márcia Bicalho Noronha Vera Lúcia Mendes Trabbold PEDAGOGIA Psicologia da Educação João Olímpio Soares dos Reis Helda Maria Henriques Rodrigues Lopes Maria Cleonice Mendes de Souza Maria Márcia Bicalho Noronha Vera Lúcia Mendes Trabbold Psicologia da Educação Psicologia da Educação período º1 Montes Claros/MG - 2013 João Olímpio Soares dos Reis Helda Maria Henriques Rodrigues Lopes Maria Cleonice Mendes de Souza Maria Márcia Bicalho Noronha Vera Lúcia Mendes Trabbold 2ª edição atualizada por João Olímpio Soares dos Reis Psicologia da educação 2ª EDIÇÃO 2013 Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. EDITORA UNIMONTES Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089 Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214 Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes Ficha Catalográfica: Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES REITOR João dos Reis Canela VICE-REITORA Maria Ivete Soares de Almeida DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES Humberto Velloso Reis EDITORA UNIMONTES Conselho Editorial Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes. Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes. Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU. Profª Maria Geralda Almeida. UFG Prof. Luis Jobim – UERJ. Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal. Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha. Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile. Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes. Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes. Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes. Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP. REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Carla Roselma Athayde Moraes Maria Cristina Ruas de Abreu Maia Waneuza Soares Eulálio REVISÃO TÉCNICA Gisléia de Cássia Oliveira Karen Torres C. Lafetá de Almeida Viviane Margareth Chaves Pereira Reis DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Andréia Santos Dias Camilla Maria Silva Rodrigues Fernando Guilherme Veloso Queiroz Magda Lima de Oliveira Sanzio Mendonça Henriiques Sônia Maria Oliveira Wendell Brito Mineiro Zilmar Santos Cardoso Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Betânia Maria Araújo Passos Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/ Unimontes Maria das Mercês Borem Correa Machado Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes Antônio Wagner Veloso Rocha Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes Paulo Cesar Mendes Barbosa Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes Sandra Ramos de Oliveira Chefe do Departamento de Educação/Unimontes Andréa Lafetá de Melo Franco Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes Rogério Othon Teixeira Alves Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes Angela Cristina Borges Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes Antônio Maurílio Alencar Feitosa Chefe do Departamento de História/Unimontes donizette Lima do Nascimento Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes isabel Cristina Barbosa de Brito Ministro da Educação Aloizio Mercadante Oliva Presidente Geral da CAPES Jorge Almeida Guimarães Diretor de Educação a Distância da CAPES João Carlos Teatini de Souza Clímaco Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Vice-Governador do Estado de Minas Gerais Alberto Pinto Coelho Júnior Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Nárcio Rodrigues Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes João dos Reis Canela Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Maria ivete Soares de Almeida Pró-Reitor de Ensino/Unimontes João Felício Rodrigues Neto Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes Jânio Marques dias Coordenadora da UAB/Unimontes Maria Ângela Lopes dumont Macedo Autores João Olímpio Soares dos Reis Graduado em Pedagogia com Habilitação em Orientação Educacional. Especiazação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes – e Ensino Religioso pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG. Mestrado em Ciências da Educação pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique José Varona – ISPEJV –, Habana - Cuba. Doutorando em Educação pela Universidade Católica de Santa Fé – UCSF –, Argentina. Professor adjunto do Departamento de Educação, onde ministra as disciplinas Psicologia da Educação e Filosofia da Educação. Tutor a distância no curso de Pedagogia pela Universidade Aberta do Brasil – UAB. Helda Maria Henriques Rodrigues Lopes Mestrado em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Especialização em Metodologia do Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG. Graduação em Psicologia pela PUC-MG e em Pedagogia pela Unimontes. Maria Cleonice Mendes de Souza Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais -– UFMG. Especialização em Psicologia Educacional II pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Atualmente é Professor Assistente da Universidade Estadual de Montes Claros. Maria Márcia Bicalho Noronha Mestrado em Saúde Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Especialização em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente, é Professora do Ensino Superior da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Vera Lucia Mendes Trabbold Mestre em Ciências da Saúde, área de concentração Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Graduação em Psicologia pela Universidade São Francisco, antiga Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Itatiba. Professora de Educação Superior da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atua como coordenadora Adjunta do Curso de Psicologia da Faculdade de Saúde Ibituruna – FASI – e é professora do Curso de Psicologia da Faculdade de Saúde Ibituruna. Sumário Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 Conceitos preliminares: objeto de estudo, visão filosófica, histórica e científica da Psicologia da Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 1.2 Surgimento da Psicologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 1.3 A Psicologia da Educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 Conceitos e concepções das teorias do desenvolvimento e aprendizagem com repercussões na Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 2.2 Desenvolvimento e aprendizagem: dois campos de estudo da Psicologia da Educação . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 Teorias Psicológicas: suas implicações na Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.2 Principais correntes teóricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Behaviorismos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 4.2 Concepção de homem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 4.3 O comportamento para o Behaviorismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 4.4 A análise experimental do comportamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 4.5 Implicações do Behaviorismo na educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 Teoria da Gestalt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 5.2 Primeiros estudos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 5.3 Aplicação da teoria da Gestalt no processo de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Unidade 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 Aprendizagem centrada no aluno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 6.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 6.2 A aprendizagem centrada na pessoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 6.3 Atitudes facilitadoras para uma aprendizagem significativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 Unidade 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43 O interacionismo sócio-histórico de Vygotsky . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43 7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43 7.2 Concepção de desenvolvimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43 7.3 Conceitos importantes da teoria de Vygotsky . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 7.4 A importância da interação para o desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 7.5 Implicações para a Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Unidade 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 A Psicogenética de Jean Piaget . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 8.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 8.2 Base conceitual da Teoria Piagetiana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 8.3 Fatores que promovem o desenvolvimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 8.4 Os estágios na teoria piagetiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62 Unidade 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 Psicanálise: Qual sua validade para a Educação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 9.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 9.2 Conceitos Freudianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 9.3 Psicanálise: o que a literatura nos diz?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65 9.4 Base conceitual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65 9.5 Principais conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 9.6 As fases psicossexuais pelas quais o sujeito passa em sua constituição psíquica . . .73 9.7 A Psicanálise na Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79 Unidade 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81 Adolescência: soltar a corda e segurar a ponta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81 10.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81 10.2 Conceituando a adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81 10.3 Concepções da adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87 Unidade 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .89 As interações sociais em sala de aula: suas implicações para o processo de desenvolvimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 11.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 11.2 Inventário de habilidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97 Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99 Referências básicas, complementares e suplementares . . . .101 Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 11 Pedagogia - Psicologia da Educação Apresentação Caro(a) acadêmico (a), Estamos iniciando a disciplina Psicologia da Educação. Você deve, como Jorge Luis Borges, estar fazendo diversas indagações: por que estudar Psicologia da Educação em um curso de li- cenciatura? Como a Psicologia pode contribuir para o meu trabalho de professor, de professora? Como aplicar conceitos tão subjetivos em situações do nosso cotidiano? E por aí vai... Bem, vamos tentar entender, juntos, o porquê e a importância da Psicologia da Educação nesse seu curso. O filósofo Sócrates, há mais de dois mil anos, admitia que o que separa o Homem do animal é a Razão, e é essa razão que nos faz querer conhecer e nos torna inquietos diante dos mistérios que nos cercam. Como diz Luiz Borges, talvez o saibamos um dia, talvez não. O que não pode- mos e não conseguimos é aquietar a nossa mente que está em busca de explicações. Os estudos que realizaremos neste curso de Psicologia da Educação têm essa pretensão: buscar respostas para tantas indagações que nos fazem ver a cada momento a eterna novidade do mundo. Uma coisa podemos afirmar: só através do humano conseguiremos desvendar alguns desses mistérios. Há estudiosos nas Universidades do mundo inteiro que buscam descobrir o mistério das coisas: dos minerais, dos vegetais, dos elementos da própria natureza. Como seres humanos maravilhosos e maravilhados que somos, buscamos descobrir pesso- as, na sua essencialidade, na sua diversidade e na individualidade, seja na empresa, nos serviços sociais, nas escolas, nas igrejas e nos clubes. Onde elas estiverem, lá estaremos nós. No exercício de nossa profissão, tentaremos entender o comportamento, tanto o nosso, como o de nossos es- tudantes: o que aprender e ensinar? Por que agimos de determinada forma e não de outra? Qual a idade mais propícia para assimilar determinados conteúdos? Como lidar com determinados sentimentos? Por que alguns alunos são tão agressivos e outros tão passivos? Como trabalhar a nossa autoestima e a de nossos estudantes? Esta é a razão de se cursar a disciplina Psicologia da Educação: para descobrirmos um pouco daquilo que somos, desvendarmos alguns dos mistérios da alma humana e, assim, contribuirmos para um mundo melhor e mais feliz. Essa é a pretensão do curso de Psicologia da Educação. A ementa proposta para a disciplina Psicologia da Educação é: Conceitos preliminares, objeto de estudo, visão filosófica, histórica e científica da psicologia. Conceitos e concepções das teorias do desenvolvimento e aprendizagem e suas repercussões na educação. Teorias Cognitivas: Piaget e Vygotsky. Teoria Behaviorista. Teoria Psicanalítica de Freud. Teoria da Gestalt e Teorias Humanistas: Rogers e Maslow. Adolescência. Interações no contexto da sala de aula. Objetivo Geral: Conhecer a história da Psicologia, em sua caminhada filosófica e científica, e buscar entender o comportamento humano através de algumas das diversas teorias e teóricos estudiosos do tema. A disciplina Psicologia da Educação, embora seja uma disciplina comum a todos os cursos, apresenta, para cada um deles, orientações específicas que devem ser observadas. Para melhor compreensão dos estudos aqui realizados, abordaremos o conteúdo em unidades: Unidade 01: Conceitos preliminares: objeto de estudo, visão filosófica, histórica e científica da Psicologia da Educação Unidade 02: Conceitos e Concepções das Teorias do Desenvolvimento e Aprendizagem com suas Repercussões na Educação Unidade 03: Teorias Psicológicas: suas implicações na Educação Unidade 04: Behaviorismo. Unidade 05: Teoria da Gestalt Unidade 06: Aprendizagem Centrada no estudante de Carl Rogers Unidade 07: O Interacionismo Sócio-Histórico de Vygotsky Unidade 08: A Psicogenética de Jean Piaget Unidade 09: Psicanálise de Freud: Qual a sua validade para a Educação? Unidade 10: Adolescência: soltar a corda e segurar a ponta Unidade 11: As Interações Sociais em sala de aula: suas implicações para o processo de de- senvolvimento Bons estudos! Os autores. 13 Pedagogia - Psicologia da Educação UNidAde 1 Conceitos preliminares: objeto de estudo, visão filosófica, histórica e científica da Psicologia da Educação Helda Maria Henriques R. Lopes 1.1 Introdução O nosso primeiro desafio é conhecer o que é Psicologia, seu objeto de estudo, como ela surgiu e, numa dimensão histórica, resga- tar a sua visão filosófica e científica. Nesse sentido, nesta primeira unidade nosso objetivo é oportunizar o acadêmico do curso um estudo sistemático dos fundamen- tos teóricos e epistemológicos da Psicologia da Educação, bem como propiciar para que o acadêmico discrimine, entre as diversas abor- dagens psicológicas, suas implicações práticas na educação. O termo psicologia origina-se da compo- sição de duas palavras gregas: psiché, “alma” e logos "tratado", "ciência". A psicologia não é hoje apenas a ciência da alma, mas também do comportamento e da experiência, pois corpo e mente não são separados. Um exerce influência sobre o outro. Psicologia é a ciên- cia dos fenômenos psíquicos e do comporta- mento. Entende-se por comportamento uma es- trutura vivencial interna que se manifesta na conduta. O estudo desses fenômenos, anterior- mente, era do interesse exclusivo de filósofos, cientistas, pensadores do campo da Filosofia, das Ciências Naturais e da Medicina e muito contribuíram para que a Psicologia se tornasse autônoma. A partir do século XIX, a psicologia esta- beleceu métodos e princípios teóricos aplicá- veis, sendo de grande utilidade no estudo e no tratamento de diversos aspectos da vida e da sociedade humana. A teoria psicológica de caráter interdisci- plinar possui íntima conexão com as pedago- gias e se utiliza das metodologias estatísticas, matemáticas e informáticas com frequência. Assim, ela apresenta uma multiplicidade de enfoques, correntes, escolas, paradigmas e metodologias concorrentes, muitas das quais apresentam profundas divergências entre si. Nos últimos anos, tem-se intensificado a interação da psicologia com outras ciências, sobretudo com a biologia, a linguística, a in- formática e a neurologia. Com isso, surgiram campos de aplicação interdisciplinares, como a psicobiologia, a psicofarmacologia, a inteli- gência artificial e psiconeurolinguística. Para situarmos, historicamente, cada uma das grandes contribuições dos estudiosos, tra- çamos um paralelo com o resgate da sua vida, buscando conhecer o que aconteceu antes mesmo de você existir, ou seja, antes mesmo do seu nascimento. Considere a sua idade no ano de 2009. Volte ao ano de seu nascimento. Que dados possui sobre esta data marcante? Para você nascer, em um dia, numa determinada hora e local, houve todo um processo anterior, não é mesmo? O que vai determinar as informações sobre o início da sua vida serão os registros que você tem sobreela. Procurar fazer este resgate. Para você nascer o que teve que acon- tecer antes? O encontro dos seus pais, não é mesmo? O que você sabe sobre eles? Namoro, a convivência deles, encontros, desencontros, preparo ou não para a sua chegada. Aqueles que possuírem todas estas infor- mações facilmente resgatarão a sua história de vida; outros, em um dado momento, busca- ram essas informações. Provavelmente, outros 14 UAB/Unimontes - 1º Período ainda não o fizeram; alguns, certamente, nem mais poderão fazê-lo. Nesse caso, perderam- -se informações com mudanças, falta de regis- tro etc. Como pode comprovar que você é você? Que dados você possue que podem compro- var a sua existência, a partir do dia do seu nas- cimento até os dias de hoje? Com certeza são os Registros Oficiais ou aqueles não oficiais que foram realizados pelos seus responsáveis diretos ou por você mesmo, como aniversá- rios, festas, viagens, estudos etc. Com o conhecimento também é assim. Quanto mais informações nós tivermos, atra- vés de registros existentes, mais poderemos conhecê-los. O conhecimento científico existe, principalmente, por causa dos registros elabo- rados e preservados através dos seus autores e das suas publicações. A preservação desses registros é, portanto, fundamental para que a qualquer momento tenhamos disponíveis in- formações passadas. Os registros podem apresentar períodos marcantes, sejam datas, fatos ou feitos, sobre as pessoas ou sobre o próprio conhecimento, produzido por elas. Constatamos que, para nos apresentarmos, recorremos a documen- tos, registros diversos que comprovem a nossa existência, em vários períodos e em determi- nadas circunstâncias. Assim é com o conhe- cimento científico, através de seus registros, em geral históricos, identificamos a sua ori- gem, como se desenvolveu e evoluiu e sobre os seus estudiosos. Trata-se, portanto, de uma retrospectiva dos estudos realizados por al- guns autores sobre a "história de vida" da Psi- cologia. É trabalhoso, principalmente porque estudar sobre esse assunto não é algo que faz parte do cotidiano de vocês. Mas, para clarear, voltemos à questão da História de Vida. A de vocês foi desvendada de que forma? Vocês recorreram a registros, infor- mações? Devemos fazer o mesmo se quiser- mos conhecer um pouco sobre a origem e a evolução da Psicologia da Educação. Será que temos registros que nos ajudam a conhecer sobre a Psicologia da Educação? Onde encon- trá-los? E, ao encontrá-los, as dúvidas apon- tadas permitiram chegar a quais resultados? O que queremos saber? Temos muita ou pou- ca informação? Se forem poucas, de que nos servirão? Se forem muitas, o que fazer então? Ciência? Posso perguntar, também, por que estudar a história de uma História em geral é vista como um estudo tão cansativo? Preciso ou sou obrigado a estudar sobre a origem da Psicologia da Educação? Acredito que, num primeiro momento, a razão desse estudo é a obrigação. Sem ela, vo- cês não serão habilitados. O segundo motivo, espero, é: já que sou obrigado, vou procurar dar o melhor de mim. Feito este acordo de cavalheiros, virtual, procurarei ajudá-los na recomposição dos fa- tos, lógico, motivando a vocês fazerem um ex- celente trabalho. Pensem que esta disciplina só acontece uma vez no curso e que em apenas 72 horas de estudos, vocês conhecerão mais de mil anos de história da Psicologia da Educação. Se para recuperar a sua história de vida utiliza-se ciclos de 5 anos, para recuperar a história des- ta ciência a escala é de 50 ou 100 anos. 1.2 Surgimento da Psicologia Podemos formular as seguintes pergun- tas: A partir de quando a psicologia passou a existir? O que aconteceu na história para resul- tar no surgimento da psicologia? Por que se fala em psicologia e psicologia científica? Outra dúvida: esses estudos aconteceram também no Brasil? A partir de qual período o Brasil passa a utilizá-lo e como o faz? Quais influências recebemos e o que foi produzido para estarmos, hoje, estudando Psicologia da Educação? O que podemos adiantar, e que muitos de vocês já entenderam, é que antes destes auto- res que hoje apresentamos, existiram outros que os antecederam, da mesma forma que você não iniciou sua vida a partir dela mesma. Você é fruto da união de seus pais que, por sua vez, são frutos dos pais deles, de todos aque- les que participaram ou participam da existên- cia de vocês, e assim sucessivamente. Discutiremos através de uma revisão bi- bliográfica, o conhecimento presente e o pas- sado da Psicologia da Educação. Ao abrirem os textos, capítulos ou artigos escritos pelos autores selecionados, irão perceber que todos eles recorrem a outros autores para conse- guirem retratar a Psicologia da Educação, por meio de um resgate histórico, filosófico que a situa num dado momento como conhecimen- to científico. 15 Pedagogia - Psicologia da Educação Um desafio do qual podemos lançar mão é o da constatação de que o conhe- cimento científico é atemporal, ou seja: (...) pode ser testado a qualquer tempo, por quem que cuide de estabelecer as condições apropriadas para a observa- ção. (WERTHEINER, 1972). Quanto à história, concordando com o autor mencionado: não se podem trazer ao presente os acontecimentos passados para livremente estudá-los, estudar suas determi- nantes e seus efeitos, voltando-os de todo lado (...) algo aconteceu certa vez, e aquilo é aquilo. Sendo assim, e considerando que qua- se todos encaram a história como matéria de memorização de nome e datas, qual seria o sentido de mantê-la como uma unidade, num curso de formação de professores? O desafio, portanto, estará em estimular e/ou quem sabe forçar tal estudo? Segundo ainda o mesmo autor, adotar um ou outro procedimento pode implicar em arriscar, ou por a perder o interesse intrínseco pelo assunto que é a psicologia. E, qual a razão de se defender o interesse e a importância de um estudante familiarizar- -se com a história de uma ciência? Vou utilizar os argumentos do autor para dizer a você que o estudo da história tem a sua importância porque a evolução da huma- nidade e do ser humano ocorre pela existên- cia da escrita utilizada como preservação das ideias. Isto possibilita a vocês, e aos que os antecederam e que querem vir a conhecer, o acesso às ideias deste autor. Outro argumen- to é a defesa de que o estudo histórico pode oferecer perspectivas e humildade. É através do estudo do registro que identificamos pon- tos de vista divergentes ou convergentes aos nossos. O estudo da história pode ser esclare- cedor até sobre certos erros, podendo contri- buir para a sua superação. O maior argumento apresentado pelo autor, para aquele que se interessar pelo estudo histórico, é o de poder organizar e mostrar que toda amplitude encontrada nos registros de hoje sobre a psicologia se desen- volveu a partir de um número bastante limi- tado de preocupações filosóficas e científicas fundamentais. O alerta que cabe apresentar é a perspec- tiva apresentada por Wertheimer (1972) sobre a estrutura que os trabalhos históricos, em ge- ral, apresentam. São várias as formas de orga- nização dos escritos históricos: alguns foram escritos com orientação cronológica, outros livros baseados nas escolas mais significati- vas, nos homens mais importantes, nas obras de maior influência ou nas áreas de pesquisa mais importantes. Podemos reconhecer uma e outra forma a partir da leitura histórica. A proposta é sair da situação de simples repas- sadores de conteúdo para uma perspectiva de produção de novos conteúdos. Na defesa pela transformação da socieda- de, utilizaremos da metodologia que conduza à interferência no processo educativo, durante a formação e não só após, respaldamo-nos em Sadalla e Azzi (2002), ao afirmar: “(...) ou teremos a definição por uma educação conservadora ou nos decidire- mos por fazer da Educação um instrumento de transformação da sociedade. Acreditamos na posição do formador que conduzo conteúdo e a forma de tra- tamento de suas contribuições, em articulação com as representações dos pro- fissionais que são captadas no cotidiano das relações pedagógicas” (SADALLA e AZZI, 2002, p.35). Esse é o desafio que lançamos. O desafio retrata o compromisso da Psicologia da Educa- ção, e ela não acontece no interior do conheci- mento psicológico, mas na consciência política e ética de cada um de nós. As autoras resgatam a construção do co- nhecimento sobre o psiquismo humano des- de o homem primitivo. A visão mítica, mística e supersticiosa é tida como diferente da visão filosófica. Os primeiros seriam classificados como sendo parcial, assistemático e emocio- nal; o conhecimento filosófico, diferentemen- te, é classificado como organizado, racional e lógico. A divisão da forma da produção do co- nhecimento em suas origens esclarece a dife- rença da produção do conhecimento sobre a psicologia, gerado a partir da psicologia cien- tífica. Trata-se de uma tentativa de resgatar a maneira como as questões sobre o comporta- mento humano já vinham sendo pensadas an- tes da psicologia ser considerada uma ciência. Esse período inicia-se com o modo de pensar o conhecimento sobre a natureza hu- mana, a partir do homem primitivo. Prossegue com o advento da filosofia grega, considerada outra maneira de construir o conhecimento, utilizando da razão lógica como método de análise. O período pré-socrático utilizou-se de reflexões, buscando resolver questões cujo foco era o mundo, também chamado cosmos. Será com Sócrates (480-399 a.C), Platão (429- 347 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C) que o foco de reflexões se volta para a natureza humana. Outra grande referência da produção do diCA Os autores que tratam historicamente a psicologia esclarecem sobre a dificuldade que é relacionar as diversas teorias psicológicas existentes e seus pressupostos filosófi- cos correspondentes. Segundo Coutinho e Moreira (1995), o que aconteceu com a psi- cologia aconteceu com as demais ciências que tiveram como berço os conhecimentos filosó- ficos que buscavam, ao longo dos séculos, explicar os fenômenos do universo e a própria natureza humana, ori- ginando os principais eixos epistemológicos que sustentam as várias teorias psicológicas da atualidade (COUTINHO e MOREIRA, 1995, p.14). 16 UAB/Unimontes - 1º Período conhecimento sobre o homem é o método in- dutivo iniciado em Galileu Galilei (1564-1642) e Francis Bacon (1561-1649), continuado com Descartes (1596-1649). A filosofia moderna tem Descartes como o fundador do racionalis- mo já que ele se utilizou do método analítico. A proposta é de que se possa decompor os problemas para organizá-los em ordem lógica. Nessa perspectiva filosófica, o homem passa a ser analisado sob dois aspectos: o do seu in- telecto (racionalismo) e o dos seus órgãos de sentido (empirismo). Mais adiante, Kant (1724-1804) integra a relação estabelecida entre objeto e sujeito. Segundo Kant, a percepção do objeto se ma- nifesta no momento que se dá a experiência. Surgem, daí, duas correntes filosóficas: o ide- alismo e o positivismo embora ainda com a divisão entre o conhecimento intelectual e o sensitivo. Esses eixos epistemológicos constituem a base das principais teorias psicológicas. A partir do positivismo, a construção do conhe- cimento psicológico busca na neurologia, na fisiologia, na medicina e na psicofísica os da- dos para os seus estudos. A psicologia consti- tuiu-se num ramo de conhecimento definido através de um objeto de estudo das atividades psíquicas, consciência ou comportamento e através de uma metodologia voltada para uma observação cuidadosa e sistematizada. O ponto de referência para a caracteriza- ção da psicologia como a ciência psicologia científica aconteceu com Guilherme Wundt (1832-1920) e a fundação do primeiro labora- tório de psicologia experimental se deu em 1879, em Leipzig, na Alemanha. Esta referên- cia contribuiu para o surgimento e a expan- são da psicologia experimental se estabelecer na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Trata-se de acontecimento recente, por isso a psicologia experimental é considerada em de- senvolvimento. Embora a psicologia não seja a única ci- ência interessada no estudo sobre o homem, ele é o seu principal objeto de estudo. Como fica patente, o interesse do homem em discu- tir sobre si ao longo de sua trajetória humana foi dando origem a várias correntes. A diver- sidade dos estudos psicológicos é resultado dos diversos aspectos que os estudiosos re- alizaram sobre o homem. Hoje, não se pode falar em um único objeto de estudo da psico- logia, mas em vários objetos. Se considerar- mos o homem em suas várias manifestações: comportamentais, sentimentais, as pessoais e as dele em relação aos outros homens, en- tenderemos a complexidade do estudo da psicologia como uma das ciências a estudar o homem. A síntese da vida humana definida como subjetividade, objeto de estudo da psi- cologia, responde a uma nova leitura do fe- nômeno psicológico. Trata-se, segundo Bock, do mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comporta- mentais, (Bock, 2006:23). Esta nova leitura, também, segundo Ber- nardes (2005), é produzida pelas mudanças so- ciais, econômicas, políticas e culturais que vêm no rastro tanto da crise do capital quanto dos movimentos sociais por uma sociedade mais inclusiva, que acolha a diferença em seus múl- tiplos níveis. Nessa perspectiva, ao se traba- lhar a educação no espaço coletivo, passou-se compreender que o indivíduo se articula à sua história, ou seja, à cultura da qual faz parte, em decorrência as experiências que por fim dão singularidade às pessoas. Alguns teóricos defendem que os fatores inatos determinam a personalidade, a inteli- gência. A aprendizagem e outros comporta- mentos têm como pressuposto que as pesso- as são, por natureza, superiores e diferentes umas das outras. As primeiras, aptas a mandar; as outras, a obedecer. Conforme afirma Souza (2004), determinadas leituras da psicologia e da psicanálise concebem a estrutura psíquica como definidas a priori. Essas leituras, segun- do ainda a mesma autora, tendem a referen- dar a proposta liberal que reduz o humano ao indivíduo, afirmando que os problemas so- cioeconômicos podem ser resolvidos pela via de ações individuais. Assim compreendido, o processo de aprendizagem favoreceria os mais aptos desconsiderando as reais dificuldades ante o processo do conhecimento daqueles que por motivos vários não alcançaram os re- sultados esperados, a partir de um modelo individualizado que subsidia a concepção de um sujeito universal definido também a prio- ri e que, em geral, orienta a adoção de méto- dos psicológicos e pedagógicos, contradito- riamente muitas vezes incapazes de atender ou entender o processo de aprendizagem de cada um. diCA O período correspon- dente a Idade Média, equivalente há mil anos, é considerado o período de latência da produção de conheci- mento sobre o mundo e sobre a natureza humana. 17 Pedagogia - Psicologia da Educação 1.3 A Psicologia da Educação A expansão da psicologia mesmo que incipiente, por volta de 1980, como psicolo- gia científica resultou, aos poucos, numa área de grande interesse para profissionais e, em especial, àqueles dedicados ao processo de aprendizagem, mobilizando os políticos e as propostas de formação de educadores. Com o desenvolvimento da Psicologia como Ciência e como área de atuação profis- sional, no final do século XIX, várias perspec- tivas se abriram, fato que também ocorreu à chamada Psicologia Educacional. A Psicologia Educacional era um ramo especial da Psicologia, preocupado com a na- tureza, as condições, os resultados e a avalia- ção e retenção da aprendizagem escolar. Ela deveria ser uma disciplinaautônoma, com sua própria teoria e metodologia. Nela foram destaques três áreas de estudos: as pesquisas experimentais da aprendizagem; o estudo e a medida das diferenças individuais e a psicolo- gia da criança. Até 1950, a Psicologia da Educação se destaca das ciências da educação por ser con- siderada uma área de aplicação da psicologia na educação. Em 1970, a Pedagogia da Educação as- sume o seu caráter multidisciplinar, que con- serva até hoje. Atualmente, a Psicologia da Educação é considerada um ramo tanto da Psicologia como da Educação, e caracteriza-se como uma área de investigação dos proble- mas e fenômenos educacionais a partir de um entendimento psicológico. A análise de Coll (1999) sobre a evolução dos estudos psicológicos apresenta a década de noventa como um marco. Nos últimos vinte anos, portanto, um dos objetos de estudo da psicologia, a Psicologia da Educação, começa a ser identificada como disciplina-ponte. Sig- nifica que ela não se restringe às proposições anteriores, quando era identificada como Psi- cologia aplicada à educação. Essa compreen- são é resgatada em Hunt e Sullivan (1974) apud Coll (1999) que apresentam a mesma finalida- de: a de utilizar e aplicar os conhecimentos, os princípios e os métodos de psicologia para a análise e estudo dos fenômenos educativos. Entretanto, por análises históricas apresenta- das, elas se distanciam em seus propósitos. O estudo apresenta uma corrente de au- tores que entendem a Psicologia da Educação como resultado dos estudos das diferentes áreas ou especialidades da psicologia (psico- logia do desenvolvimento, da aprendizagem, social, da personalidade, das diferenças in- dividuais etc.) que subsidiam a educação e o ensino, apresentando-se, portanto, como um campo de aplicação da psicologia. Em outra corrente, os autores defendem a Psicologia da Educação numa relação básica com a apli- cação da psicologia aos fenômenos educati- vos, sendo ela ao mesmo tempo mais que um campo de aplicação. Nesse segundo enfoque, a finalidade da Psicologia da Educação é a de criar um conhecimento específico com relação aos processos educativos, sempre utilizando- -se da psicologia como instrumento de inda- gação e análise. Configurando-se como uma disciplina específica com objetivos, conteúdos e programa de investigação que lhes são pró- prios. A Psicologia da Educação, nessa segun- da perspectiva, baseia-se na crença racional e na argumentação de que a educação e o en- sino podem melhorar sensivelmente como consequência da utilização correta dos conhe- cimentos psicológicos. (COLL, 1999). O que se questiona é que, ao mesmo tempo, ela não se restrinja à educação formal. Outro estudo crítico sobre a Psicologia da Educação, especificamente no Brasil, é apre- sentado por Goulart (1987). Trata-se de uma análise sócio-histórica, bem fundamentada do discurso teórico-técnico e de pesquisa sobre o assunto, que retrata as conveniências nas ado- ções de teorias e de práticas, especialmente na educação formal. O que é evidenciado pela autora é a situa- ção de país capitalista subdesenvolvido que se apropria da teoria e da técnica de outros paí- ses desenvolvidos que reflete as relações entre a escola e a sociedade. Inicialmente, como nos apresenta Goulart (1987), por volta de 1920 o sistema educacio- nal brasileiro, principalmente os estados mais desenvolvidos do país, implantarou suas re- formas de ensino com vistas à adoção dos ide- ais da Escola Nova, sob a influência de ideias vigentes na Europa e nos Estados Unidos. A crítica apresentada destaca uma mistura teóri- ca, imprópria, destas influências que no Brasil também foi denominada de Escola Nova. A retrospectiva é marcada por quatro ten- dências, passando pelas influências de John Dewey, Clark Hull e Skinner, J. B. Watson e com menos intensidade por Carl Rogers. Foram in- fluências marcadas, respectivamente, para a vivência democrática, nos anos 30-40; depois, pelo positivismo e a teoria comportamentalis- ta, dentro dela a Psicometria, nos anos 50-60, no mesmo período e com o surgimento dos cursos de formação de psicólogo, sob influên- 18 UAB/Unimontes - 1º Período cia do ambiente político pós-revolucionário. A formação em ciências humanas foi afetada e a Psicologia surge com força total com ênfase na Psicologia Experimental, corrente apropria- da no Brasil para o início da racionalização do processo produtivo que se dá nos anos 60-70. Tratou-se de um período longo de influên- cias de base sistêmica e comportamentalista, por isto mesmo: propõem uma visão do pro- cesso pedagógico que se baseia no controle como recurso para o atendimento de níveis mais elevados de eficiência e eficácia. Ambas baseiam-se no modelo positivista de ciência neutra e objetiva, o que torna compreensível sua adoção num momento político em que se pretendia negar a influência social, quer sobre a produção, quer sobre a apropriação da ciên- cia, (GOULART, 1987, p.156). A Psicologia da Educação se faz, então, a partir de alguns construtos teórico-práticos, fundamentais de serem abordados junto à formação de professores. Tais elementos cons- titutivos são imprescindíveis à prática docente e fazem parte, portanto, do rol de conheci- mentos pedagógicos. São eles: processos de ensino e aprendizagem, papéis sociais nas re- lações professor-aluno, teorias, gênese e estru- tura da aprendizagem, teorias, gênese e estru- tura do desenvolvimento humano (OLIVEIRA et al, 2006b). Nesse sentido, vale mencionar o que Cunha (2000) traz sobre a Psicologia da Edu- cação, de modo não unificado. Para a autora, a Psicologia da Educação "é formada por corpos de conhecimento muito distintos entre si, com origens muito diversas." (p. 08). Ampliado, so- bretudo por Sadalla e Azzi (2002, p.34) que vê na Psicologia da Educação uma unidade dia- lética de ação e reflexão. E, segundo a mesma autora: “A Psicologia da Educação ultrapassa a noção de fundamento teórico na formação de professores, pois se ampliam suas possibilida- des de melhor intervir na Educação, já que se traduzirá, sobretudo, como atividade concreta e inteligente do professor, permitindo-lhe e im- pulsionando a interlocução entre teorias e prá- ticas e não a mera execução de propostas pen- sadas fora de seu contexto pelos especialistas. A compreensão do real significado da chamada ‘Psicologia da Educação’, portanto, segundo Mialaret (1999), se dará a partir do entendimento dos elementos que compõem a situação de educação - o aluno, o professor, seus métodos e técnicas e o conteúdo, seu ob- jeto de estudo. Referências BOCK, Ana Mercês Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo, Editora Saraiva 2000. COUTINHO, Maria Tereza e MOREIRA, Mércia. Psicologia da educação um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, voltados para a educação: ênfase na abordagem construtivista. Belo Horizonte: Ed. Lê 1992. COUTINHO, Maria Tereza da Cunha e MOREIRA, Mércia. Psicologia da educação: Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, voltado para a educação. Belo Horizonte: Ed. Lê 1995. CUNHA, M. V. DA. Psicologia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 1991. ENDERLE, C. Psicologia do desenvolvimento: o processo evolutivo da criança. Porto Alegre: Ar- tes Médicas, 1987. GOULART, Iris Barbosa. Psicologia da educação: fundamentos teóricos, aplicações à prática pe- dagógica. Petrópolis: Vozes, 1987. GOULART, Maria Inês Mafra. Concepções da Psicologia sobre os processos de desenvolvi- mento e aprendizagem. In: Coleção Veredas Guia de Estudo - Mod. 5 Vol. 2. Belo Horizonte: Se- cretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, 2004. 19 Pedagogia - Psicologia da Educação UNidAde 2 Conceitos e concepções das teorias do desenvolvimento e aprendizagem com repercussões na Educação Maria Cleonice Mendes de Souza 2.1 IntroduçãoAs abordagens sobre desenvolvimento humano delimitam duas correntes: uma que compreende o desenvolvimento e a educação como processos distintos e independentes, atribuído a resultados de fatores internos, em geral de caráter orgânico biológico. Outra, di- ferentemente, defende o desenvolvimento das pessoas relacionando-o aos processos educati- vos, ou seja, atribuído a fatores externos. Palácios, Coll e Marcheci (1990) apud Coll (1999) caracterizaram o desenvolvimento em relação a essas duas correntes como sendo, respectivamente, um processo "necessário" e um processo "mediado". O desenvolvimento necessário relaciona-se, segundo os autores, a uma pré- programação do ponto de vista bio- lógico e o outro, o mediado, ocorre ao longo da vida das pessoas, marcado pelas caracte- rísticas do ambiente social e cultural no qual se desenvolveu e, portanto, influenciando ou mesmo alterando o biológico. Várias teorias do desenvolvimento e da aprendizagem de base dialética e constru- tivista surgiram e superaram a abordagem empirista e racionalista do comportamento, embora tenham sido pouco divulgadas. Tais teorias procuraram explicar o comportamento humano de modo a não dicotomizar a relação sujeito-objeto na construção das estruturas in- dividuais. Para o estudo desta unidade, nosso obje- tivo será analisar as relações existentes entre os diferentes tipos de práticas educativas vi- gentes na nossa sociedade e dispor de crité- rios para valorizar as suas contribuições com relação ao desenvolvimento humano. 2.2 Desenvolvimento e aprendizagem: dois campos de estudo da Psicologia da Educação Para entendermos um pouco mais sobre como o desenvolvimento e aprendizagem podem ajudar na formação e na atuação dos professores, identificaremos, através do estudo histórico, os sistemas filosóficos que subsidiam as teorias psicológicas correspondentes. O desenvolvimen- to e a aprendizagem tornaram-se dois campos de estudo da Psicologia da Educação e as diferen- ças filosóficas, ou seja, os seus princípios influen- ciam na condução dos seus processos. As teorias de base empirista, também identificadas como teorias ambientalistas, de- fendem a ideia de que o desenvolvimento e a aprendizagem são processos idênticos, resul- tantes da interferência, ação do meio sobre o indivíduo. Eles correspondem ao grupo das 20 UAB/Unimontes - 1º Período Teorias do Condicionamento ou ainda Teorias Comportamentalistas. Para os teóricos de base racionalista, tam- bém identificada como teoria inatista, o de- senvolvimento e a aprendizagem são proces- sos distintos. O desenvolvimento é decorrente do amadurecimento progressivo das estrutu- ras orgânicas da pessoa e a aprendizagem é um processo externo, distinto. A relação exis- tente entre os processos é a de que a aprendi- zagem ocorrerá em função do desenvolvimen- to e corresponde à Teoria da Gestalt. Uma terceira referência teórica considera os processos do desenvolvimento e da apren- dizagem complementares, embora diferentes, sendo sua base filosófica a dialética. Nessa perspectiva, o comportamento humano de- corrente se daria pela interação sujeito-objeto, o que envolve vários outros processos: heredi- tários, genéticos maturacionais; bioquímicos; de estimulação ambiental, da própria aprendi- zagem e de outros fatores. Fazem parte do sis- tema filosófico interacionista e correspondem ao grupo das Teorias Interacionistas ou Cons- trutivistas. A corrente de base empirista inspirada no judaísmo e no cristianismo procurou eviden- ciar a igualdade dos homens ao nascer. John Locke (1632-1704), diferentemente, defendeu a ideia de que a diferença entre as pessoas é decorrente de fatores ambientais e socioedu- cacionais para que o desenvolvimento huma- no aconteça. Para os teóricos que atribuem ao com- portamento humano a interação sujeito-ob- jeto, todos os processos que decorrem dessa interação serão considerados ao se tratar de desenvolvimento. Esses processos envolvem: hereditariedade, como processo biológico e ambiental ou a soma dos estímulos que atin- ge um organismo vivo, tidos como fundamen- tais para o desenvolvimento e para a apren- dizagem, inclusive, o estímulo alimentar. Eles defendem também, que a relação indivíduo - meio gera outras tantas aptidões. Portanto, existe uma relação de reciprocidade entre ma- turação e aprendizagem, sendo que essa ma- turação refere-se aos padrões de diferencia- ção, resultando em mudanças ordenadas, às vezes até previsíveis, do comportamento hu- mano. E a aprendizagem ocorre nas apropria- ções, na interação com o meio. A maturação, em decorrência da aprendizagem, gera maio- res níveis de maturidade que, por sua vez, fa- vorece outras aprendizagens, em um processo dinâmico. Processos maturacionais previsíveis que podem ser observados nos desenvolvi- mento humano: O desenvolvimento se processa por eta- pas, cada uma com características próprias. A dificuldade incide sobre os critérios para a de- finição destas fases, por períodos relacionados ao desenvolvimento da vida humana. No mí- nimo três fases são evidenciadas: a infância, a adolescência e a fase adulta; o desenvolvimen- to caminha de atividades gerais às específicas. O comportamento se tornará elaborado a partir do amadurecimento neurofisiológico sob influência do processo de socialização; e o desenvolvimento se dá em velocidade diferen- te para as diversas partes do corpo. Em síntese, para os comportamentalistas ou behavioristas, cujos trabalhos se fundam numa perspectiva empirista, o indivíduo não é agente da sua aprendizagem, sendo gover- nado pelos estímulos do ambiente. Através do controle adequado dos estímulos, manipula- -se, condiciona-se, determina-se o comporta- mento humano. Para os psicólogos da teoria da Gestalt, de base racionalista, a ênfase recai nos processos hereditários e maturacionais, sendo que o in- divíduo, nessa abordagem, já nasce com as es- truturas de comportamento definidas. Para os teóricos de base interacionista, o comportamento humano é resultante da in- teração de processos hereditários, maturacio- nais, bioquímicos e ambientais. Síntese indis- solúvel da relação indivíduo e meio. O processo não ocorre de forma linear. É sabido que o processo do desenvolvimento e da aprendizagem pode receber interferências e algumas dificuldades podem ocorrer. Em ge- ral, as interferências relacionam-se às seguin- tes variáveis: orgânica, cognitiva, socioafetiva e pedagógica. Apresentamos três grandes contribuições teóricas diretamente relacionadas com a Psi- cologia da Educação. Entretanto, uma quarta referência será abordada, embora suas for- mulações não tenham sido elaboradas direta- mente para a educação. Trata-se da Psicanáli- se, que em sua abordagem sobre a educação, no convívio social, volta-se para a aprendi- zagem do controle dos instintos, além de um alerta feito por Freud, aplicáveis à escola, ao recomendar "finalidades mais elevadas e isen- tas das exigências reinantes na sociedade." diCA Desde os primórdios, o ser humano se inte- ressava e buscava en- tender o que acontecia consigo e como isso se relacionava com o seu ambiente. Assim, sem- pre procurou investigar o que acontece com a sua espécie e explicar o porquê dessas mudan- ças. ATiVidAde Analise e reflita sobre a seguinte afirmativa: “Aprendizagem se constitui como um processo dinâmico da apreensão da experi- ência humana, sendo sempre mediada pelo seu meio físico e social”. Poste sua análise no fórum de discussão. 21 Pedagogia - Psicologia da Educação Referências ARRIGO, Angelin. Subsídios para a História da Psicologia no Brasil. In: ARRIGO, Angelin e AGATTI, A.R.R. A investigação psicológica no Brasil. Revista Latinoamericana de Psicologia, Vol.19. n.1.1987. CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Notas para uma história das ideias psicológicas em Mi- nas Gerais. In: CRP-4ª. Região-MG/ES. Possíveis olhares outros afazeres. Belo Horizonte: CRP, 1992. COUTINHO, Maria Terezada Cunha e MOREIRA, Mércia. Psicologia da educação. Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, voltado para a educação. Belo Horizonte: Ed. Lê 1995. COLL, Salvador César. Psicologia da educação. César Coll Salvador,organizador; (autores) Maria- na Miras Mestres, Javier Onrubia Goñi, Isabel Solé Gallart; tradução e consultoria Cristina Maria de Oliveira. Porto Alegre: Artmed, 1999. CUNHA, M. V. DA. Psicologia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico Crítica. Campinas-SP: Autores Associados, 2007. GOULART, Iris Barbosa. Psicologia da educação. Fundamentos Teóricos e Aplicações à Práti- ca Pedagógica. Petrópolis: Vozes, 1987. MIALARET, Gaston. Psicologia da educação.Coleção: Epigênese, Desenvolvimento e Psicologia. Ed. Instituto Piaget: Lisboa, 1999. NASCIMENTO, Cláudia Terra. Conceito da Psicologia da educação. Disponível em: <www.clau- dia.psc.br>. Acessado em abril de 2009. OLIVEIRA, V. F. Revista: educação, subjetividade & poder. imaginário social e educação: uma aproximação necessária. Ijuí: Unijuí, 1995. PITTENGER, Owen Ernest e C. Thomas Gooding - Tradução: Dirce Pestana Soares. Teorias da Aprendizagem na prática educacional: uma integração da teoria psicológica e filosofia educa- cional. EPU-EDUSP: São Paulo, 1977. SADALLA. A.M.F.A. e AZZI, R. G. Psicologia e Formação docente: Desafios e Conversas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. WERTHEIMER, Michael. Pequena História da Psicologia-tradução de Lólio Lourenço de Oli- veira. São Paulo: Ed. Nacional-USP, 1972. 23 Pedagogia - Psicologia da Educação UNidAde 3 Teorias Psicológicas: suas implicações na Educação Maria Márcia Bicalho Noronha 3.1 Introdução Os processos de desenvolvimento de aprendizagem têm sido objeto de estudo dentro da psicologia ao longo do tempo, e diferentes abordagens são encontradas nas diversas teorias psi- cológicas. Cada cientista traz consigo uma concepção de homem e esta influencia os seus estu- dos. Conforme a concepção de homem adotada, teremos uma concepção de objeto de estudo coerente com ela. Para um melhor aproveitamento desta nossa unidade, vamos ao seguinte objetivo geral: oportunizar você, acadêmico, um estudo sistemático dos fundamentos teóricos e epistemológi- cos das Teorias Psicológicas, visando construir uma base sólida desses conhecimentos para con- sequentes articulações destes com a práxis. Como encontramos, neste momento, uma riqueza de valores sociais que permitem uma grande diversidade de concepções de homem, dizemos, então, que a psicologia hoje se caracte- riza pela diversidade de objetos de estudo. Não podemos falar de uma psicologia, mas de psico- logias, no plural, lembrando que são várias as teorias. (Bock, 2000). Dessa forma, apresentaremos, aqui, as principais tendências teóricas, a partir dos conceitos básicos, buscando trazer a contribuição de cada uma delas para a formação do professor, de for- ma a facilitar a compreensão do processo ensino-aprendizagem. Trataremos das principais teo- rias da Psicologia no século XX. 3.2 Principais correntes teóricas Para inúmeros autores, as principais correntes teóricas da psicologia deste período são: O Behaviorismo: Se desenvolve no contexto dos Estados Unidos, com Watson, e seu maior expoente foi SKINNER. Traz uma concepção ambientalista. Define o fato psicológico segundo os princípios da ciência positivista. Defende o rigor das ciências naturais. Nessa abordagem, o fato psicológico deve ser passível de ser observado, mensurado e experimentado em laboratório. Dessa forma, é possível conhecer, prever e controlar o comportamento humano. A Gestalt: Surge na Europa e se contrapõe aos princípios defendidos pelo Behaviorismo. É um termo alemão que pode ser traduzido por FORMA, busca compreender o comportamento humano na sua totalidade. A psicanálise: Nasce na Áustria, com Sigmund Freud. Destaca a importância da afetividade e do inconsciente, quebrando o primado do método positivista e postulando outro método para o estudo dos fenômenos psicológicos. Teorias interacionistas: Teoria de Jean Piaget e a Teoria de Vygotsky. São teorias que fo- gem a qualquer noção determinista dos fatos psicológicos. Buscam compreender os processos de desenvolvimento e de aprendizagem e suas interações, levando em consideração a realidade (objeto do conhecimento) e o sujeito que conhece. 24 UAB/Unimontes - 1º Período Vamos começar nosso trabalho fazendo a leitura de uma crônica de Marina Colassanti que nos possibilita pensar um pouco nos nossos comportamentos cotidianos. Será que temos cons- ciência de tudo que fazemos e por que fazemos? Até que ponto somos condicionados a fazer o que fazemos? BOX 1 eu sei, mas não devia Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em aparta- mento de fundos e não ver vista que não seja as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir todas as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, se esquece do sol, esquece do ar, esquece da amplidão. A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar o café corren- do porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo de viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochi- lar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e ler sobre a guerra. A aceitar a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja um número para os mortos. E aceitando os números, aceita a não acreditar nas negociações de paz. Não aceitando as negociações de paz, aceita ler todos os dias sobre a guerra, seus números e sua longa duração. A gente se acostuma a espe- rar o dia inteiro e ouvir ao telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que se pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra... ...A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial do ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bac- térias da água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, e a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto. A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá... se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. Se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir mais cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado. A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evi- tar feridas e sangramento, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma a ser acostumado. Marina Colassanti Referências BOCK, Ana Mercês Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo, Editora Saraiva 2000. CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Notas para uma história das ideias psicológicas em Mi- nas Gerais. In: CRP-4ª. Região-MG/ES. Possíveis olhares outros afazeres. Belo Horizonte: CRP, 1992. COUTINHO, Maria Tereza e MOREIRA, Mércia. Psicologia da educação um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, voltados para a educação: ênfase na abordagemconstrutivista. Belo Horizonte: Ed. Lê 1992. PARA SABeR MAiS Para aprofundar os estudos, leia e reflita o texto: “O paradoxo de nosso tempo” de George Carlin. O texto pode ser acessado no endereço eletrônico: https://www.google. com.br/#sclient=psyab &q=o+paradoxo+do+n osso+tempo. 25 Pedagogia - Psicologia da Educação COUTINHO, Maria Tereza da Cunha e MOREIRA, Mércia. Psicologia da educação: Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, voltado para a educação. Belo Horizonte: Ed. Lê 1995. CUNHA, M. V. DA. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: Editora Lamparina, 2008. DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 1991. 27 Pedagogia - Psicologia da Educação UNidAde 4 Behaviorismos Vera Lucia Mendes Trabbold 4.1 Introdução Ao definir o comportamento como fato possível de ser observado, mensurado e experimen- tado em laboratório e passível de ser reproduzido em diferentes situações e sujeitos, Watson deu a psicologia o status de ciência que os psicólogos vinham buscando. O Behaviorismo também foi influenciado por Thorndike, americano, que postulou a “lei do efeito”, segundo a qual “um comportamento seguido imediatamente de uma recompensa agradável tende a aumentar a sua frequência." (ENDERLE 1987). Com esse pensamento acima, buscaremos nesta unidade, como objetivo específico, compreender as implicações práticas dessa teoria em sala de aula. O termo “Behaviorismo” foi usado pela primeira vez por John Watson (1878-1958), em artigo publicado em 1913, nos Estados Unidos, e significa comportamento. Watson tinha pretensão de fazer da psicologia uma ciência empírica e notabilizou-se por definir o fato psicológico, de modo concre- to, a partir da noção de comportamento (BOCK, 2000). 4.2 Concepção de homem Teóricos afirmam que todo conhecimento provém de experiência. Acredita-se que o fator determinante dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem é o meio ambiente. Des- sa forma, o ser humano é resultante do condicionamento, ou modelagem, fruto de associações entre estímulos e respostas (E - R) ao longo da sua vida. Através de tais associações são gerados comportamentos, atitudes, conceitos, preconceitos e valores (COUTINHO, 1992). Acredita-se que: • É possível conhecer as cadeias comportamentais S-R-S-R. • É possível conhecer e controlar as variáveis ambientais. • Controlando-as, é possível prever e controlar o comportamento. 4.3 O comportamento para o Behaviorismo O Behaviorismo limita seu estudo ao comportamento (behavior, em inglês), entendido como um conjunto de reações dos organismos aos estímulos externos. O princípio do behavio- rismo é que só é possível teorizar e agir sobre o que é cientificamente observável. Os behavioris- tas afirmam que os processos mentais internos não são mensuráveis ou analisáveis, sendo, por- tanto, de pouca ou nenhuma utilidade para a psicologia empírica. Segundo Bock (2000), hoje não se entende comportamento como uma ação isolada de um sujeito, mas sim como uma interação entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente em que o seu fazer acontece. ATiVidAde Defina o conceito de comportamento de acordo com a compre- ensão da teoria beha- viorista. Poste no fórum de discussão. 28 UAB/Unimontes - 1º Período 4.4 A análise experimental do comportamento Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), o mais eminente sucessor de Watson, nasceu na Pensilvânia, doutor em Psicologia pela Universidade de Harvard. Traba- lhou na Universidade de Minesota e, quando ingressou em Harvard como professor, exerceu grande influência sobre uma geração de estudantes. Morreu em 1990, de leucemia. A partir dos estudos de Watson e levando em consideração a "lei do efeito”, Skinner (1982) desenvolve a sua teoria sobre o condicionamento operante. Segundo o ponto de vista de Skinner, o homem é controlado pelo ambiente, sendo esse ambiente construído, em parte, pelo próprio homem. Mas o homem ain- da não se deu conta do que pode fazer por si mesmo (GOULART, 1987). 4.4.1 Comportamento operante Os estudos de Skinner (1982) por meio da análise experimental do comportamento se ba- seiam na formulação do conceito de comportamento operante. Segundo Bock (2000), o comportamento operante abarca um amplo conjunto da atividade humana. Citando Keller, afirma que o comportamento operante “inclui todos os movimentos de um organismo do qual se possa dizer que, em algum momento, tem efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor”. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer di- reta, quer indiretamente. Segundo os estudos de Skinner (1982), o que possibilita aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela resultante. A aprendi- zagem está na relação entre uma ação e seu efeito ou consequência. O que é reforço? Reforço é um conceito fundamental na teoria de Skinner. Um reforço é qualquer coi- sa que fortaleça a resposta. Segundo Bock (2000), é toda consequência que, seguindo uma resposta (comportamento), aumenta a probabilidade dessa resposta (comportamen- to) continuar ocorrendo no futuro. Vamos pensar no exemplo de uma pes- soa que, ao tirar uma nota alta (95% do total da prova), é elogiada publicamente pelo pro- fessor. Nas situações seguintes de avaliação, esta pessoa, continua tirando notas altas. Se- gundo os pressupostos dessa teoria, podemos pensar na hipótese de que o elogio foi uma con- sequência boa (reforçadora). Dessa forma, a pessoa continuou tirando notas altas para receber o reforço. A consequência (elogio) do comportamento (tirar nota boa) funcionou como reforço. Outra situação que pode acontecer: uma criança dá birra e a mãe presta atenção na criança, corrigindo-a ou mesmo dando uma palmada. Nas situações seguintes, a criança continua dando birra. Da mesma forma, podemos pensar na hipótese de que a consequência oferecida pela mãe (correção ou palmada) foi reforçadora para a criança, pois o comportamento em questão (a birra) continuou a acontecer. 4.4.2 O reforço pode ser positivo ou negativo Reforço positivo: é aquele que, quando apresentado, atua para fortalecer o comportamen- to que o precede. Aumenta as chances do comportamento ocorrer no futuro. Pode ser um elogio verbal, uma boa nota ou um sentimento de realização ou satisfação. Sempre oferece alguma coi- sa ao organismo. ▲ Figura 1: B. F. Skinner - criador do condicionamento operante. Fonte: Disponível em wwwmdtbcomportamen- tal.blogspot.com. Acesso em set.2010 Figura 2: Comportamento Fonte: Disponível em www.noreply@blogger. com . Acesso em mai. 2013. ► ATiVidAde A partir do exemplo citado (a birra da criança), reflita sobre o contexto em que uma correção, até mesmo uma palmada, pode ser reforçador do compor- tamento. Conversando com os seus colegas, observe se isto aconte- ce em outras situações. Quais? Poste no fórum de discussão. 29 Pedagogia - Psicologia da Educação Reforço negativo: é aquele que evita uma consequência indesejada. Refere-se ao estímulo aversivo (algo ruim) que, quando retirado, aumenta as chances do comportamento ocorrer no futuro. Por exemplo, tomar um comprimido para suprir uma dor de cabeça. Como a dor de ca- beça (estímulo aversivo) foi suprimida, pelo comportamento de tomar o comprimido, é possível que esse comportamento (tomar comprimido) continue em alta frequência no futuro. Permite a retirada de algo indesejável. O reforço negativo não deve ser confundido com a punição, que é outro procedimento. 4.4.3 O Reforço pode ser primário ou secundário Nos reforços primários, a apresentação de estímulos é de importância biológica. Estão liga- dos a funções de sobrevivência, como comida, água, afeto etc. Nos reforços secundários, o estímulo que antes era neutro (sem importância) adquiriu pro- priedade reforçadora por ter sido associado a estímulos de natureza biológica (primários), como, por exemplo, elogio, sorriso, dinheiro etc. Volte ao exemplo em que a criançadá birra, a mãe aplica-lhe uma palmada e a crian- ça continua dando birra. Pense agora em uma forma de extinguir o comportamento de birra dessa criança. Quais os procedimentos que de- vem ser adotados? extinção A extinção é um procedimento segundo o qual uma resposta (comportamento) deixa de ser reforçada. Como consequência, a resposta (comportamento) em questão, diminuirá de frequência, podendo até mesmo deixar de ser emitida pela pessoa. Punição A punição é outro procedimento impor- tante e acontece quando após uma resposta (comportamento) é apresentado um estímulo aversivo (algo ruim) ou ainda quando é retira- do um reforçador positivo presente na situação. O procedimento de punição não é o mais eficaz pra reduzir comportamentos indesejáveis. Skinner sugeriu a substituição da punição de comportamentos inadequados pelo reforça- mento. Dados estes conceitos básicos da teoria behaviorista, estamos em condições de retornar à tese fundamental da teoria em relação à aprendizagem. Aprendizagem é condicionamento O condicionamento operante ocorre por meio da manipulação de reforços. Por esse me- canismo, é possível a aprendizagem de novos comportamentos. Esses novos comportamentos nem sempre são aprendidos de uma vez. Podem ser comportamentos escassos no repertório do indivíduo ou mesmo inexistentes. Dessa forma será preciso utilizar o procedimento da modelagem, pois, através de aproximações sucessivas, chega-se ao comportamento desejado. Princípios importantes a serem observados Todo comportamento reforçado positivamente tende a acontecer novamente; os conteúdos devem ser apresentados em pequenas quantidades, para que as respostas adequadas sejam re- forçadas; e os reforços vão generalizar, lado a lado, estímulos similares (generalização de estímu- lo) produzindo condicionamento secundário. No entanto, nem sempre é isso que acontece. ATiVidAde Observe o seu entor- no, a sua vida e dê um exemplo de reforço positivo e outro exem- plo de reforço nega- tivo. Analise e reflita para compreender os conceitos. Coloque os exemplos no fórum de discussão. ◄ Figura 3: Reforço primário Fonte: Disponível em http://nutricionistaalen- car.blogspot.com.br . Acesso em mai. 2010. PARA SABeR MAiS Observe, no seu coti- diano, como você tem utilizado as punições para extinguir compor- tamentos inadequados e como você pode, agora, substituí-las por reforços de comporta- mentos adequados. diCA A este processo Skinner chamou de modela- gem. Reafirmamos que o ins- trumento fundamental de modelagem é o re- forço. Skinner sugeriu a substituição da punição de comportamentos inadequados pelo refor- çamento de comporta- mentos adequados. 30 UAB/Unimontes - 1º Período BOX 2 Criticado por uns, louvado por outros, B.F. Skinner vem-se firmando há anos como o mais importante e o mais categorizado behaviorista de nosso tempo. Suas ideias têm influenciado, e continuam a influenciar, as chamadas ciências do comportamento, não obstante as incom- preensões, quando não a má vontade, revelada por tantos quanto à natureza e fundamen- tos científicos dessas ideias. Daí a importância deste ‘Sobre o behaviorismo’, livro de Skinner que apresenta, em linguagem concisa e acessível, sua visão do behaviorismo, expondo-lhe os conceitos básicos, discutindo-lhe as implicações mais gerais no campo do conhecimento e refutando as interpretações distorcidas dele, veiculadas por seus opositores. Para quantos se interessem pelo assunto, sobretudo professores e estudantes de Psicologia, Sociologia, Educa- ção e áreas correlatas, este volume constitui, assim, a melhor, a mais fidedigna introdução ao behaviorismo, em geral, e ao pensamento de Skinner, em particular. Pensem nos comporta- mentos do dia a dia e questionem-se porque estão agindo assim. Pensem nos seus condicio- namentos. É possível fazer diferente? Fonte: Burrhus Frederic Skinner Cultrix, 1974. 4.5 Implicações do Behaviorismo na educação Skinner (1982) apontou na sua teoria a eficiência do reforço po- sitivo, sendo contrária à aplicação de punição e da repressão. Sugeriu que o uso de recompensas e reforços positivos do comportamento adequado é mais atrativo do ponto de vista social e pedagogicamen- te mais eficaz. Conteúdos programáticos: Os conteúdos programáticos devem ser estabelecidos e ordena- dos numa sequência lógica e psicológica. É matéria de ensino apenas o que é redutível ao conhecimento ob- servável e mensurável. O material didático deve ser organizado de forma que o aluno pos- sa utilizar sozinho, recebendo estímulos à medida que avança no co- nhecimento. Dessa forma, grande parte dos estímulos se baseia na sa- tisfação de dar respostas corretas aos exercícios propostos. O Behaviorismo traz pressupostos tecnicistas da educação, ao propor planejamento e organização racional da atividade pedagógica; definição operacional dos objetivos; parcelamento do trabalho, com especialização das funções; ensino por computador, tele-ensino, procu- rando tornar a aprendizagem mais objetiva. Papel do Professor O professor é considerado o transmissor de conhecimento ao alu- no e administra as condições da transmissão do conteúdo. O professor é considerado um planejador e um analista de situações de aprendizagem. Cabe ao professor decidir os passos de ensino, os objetivos intermediários e finais com base em critérios que definem os comportamentos de entrada e os comportamentos que o aluno deverá exibir durante o processo de ensino-aprendizagem, como também ao final do mesmo. O professor tem, também, a função de garantir a eficácia da transmissão do conhecimento, não importando as relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendi- zagem. Sua tarefa é modelar respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, sendo que a prin- cipal é conseguir um comportamento adequado. ▲ Figura 5: O professor é transmissor do conhecimento, não importando as relações afetivas dos sujeitos envolvidos no processo ensino aprendizagem. Fonte: Disponível em http://www.catolica-to. edu.br/portal/portal/ noticia/749. Acesso em jan. 2013 Figura 4: A atenção é centrada no professor. Fonte: Disponível em: www.portaleducacao. com.br Acesso outubro 2012 ▼ 31 Pedagogia - Psicologia da Educação Processo de avaliação O aluno será avaliado ao atingir os objetivos propostos, isto é, quando o programa tiver sido conduzido até o final, de maneira correta. A avaliação será ligada aos objetivos estabelecidos. Pode-se fazer pré-testagem, com a finalidade de conhecer os comportamentos prévios e, a partir daí, planejar e executar as etapas seguintes do processo ensino-aprendizagem. Os alunos são modelados à medida que têm conhecimento dos resultados de seu comportamento. No final do processo ocorre a avaliação com o objetivo de medir os comportamentos finais. BOX 3 A questão do controle Uma análise científica do comportamento deve, creio eu, supor que o comportamento de uma pessoa é controlado mais por sua história genética e ambiental do que pela própria pessoa como agente criador, iniciador; todavia, nenhum outro aspecto da posição behavio- rista suscitou objeções mais violentas. Não podemos, evidentemente, provar que o compor- tamento humano como um todo seja inteiramente determinado, mas a proposição torna-se mais plausível à medida que os fatos se acumulam e creio que chegamos a um ponto em que suas implicações devem ser consideradas a sério. Subestimamos amiúde o fato de que o comportamento humano é também uma forma de controle. Que um organismo deva agir para controlar o mundo a seu redor é uma característica da vida, tanto quanto a respiração ou a reprodução. Uma pessoa age sobre o meio e aquilo que obtém, sendo essencial para a sua sobrevivência e para a sobrevivência da espécie. A ciência e a tecnologia são simplesmente manifestações desse traço essencial do comportamento huma- no. A compreensão, a previsão e a explicação, bem como as aplicações tecnológicas, exemplifi-
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