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Andréa Regina Dias da Silva DECIV|EM|UFOP CIV209|Teoria das Estruturas II 2.5 SISTEMA PRINCIPAL PARA PÓRTICOS COM CICLO FECHADO Para exemplificar a definição de um Sistema Principal para um pórtico com ciclo fechado será adotada uma estrutura isostática externamente, de forma que a liberação de vínculos internos de continuidade seja necessária. Considere então o pórtico ilustrado na Figura 2.19a. O grau de hiperestaticidade dessa estrutura é igual a 3. Portanto, três vínculos internos devem ser liberados para a definição do Sistema Principal. Duas possibilidades podem ser adotadas. Todas elas com o objetivo único de abrir o ciclo que gera a hiperestaticidade da estrutura. A primeira opção é ilustrada na Figura 2.19b onde o anel é aberto seccionando-o em uma seção transversal S. Esse corte significa que os deslocamentos axial e transversal relativos, e a rotação relativa da seção foram liberados. Portanto, os esforços internos ou esforços de ligação (normal, cortante e momento fletor) são os hiperestáticos. (a) Quadro com anel fechado (b) Corte da seção transversal S Figura 2.19. Sistema Principal definido por corte de uma seção transversal A outra opção está ilustrada na Figura 2.20a e 2.20b. Consiste na disposição de três rótulas não alinhadas formando um triarticulado. Nessa situação há necessidade da decomposição do quadro em quadros isostáticos simples. Essa decomposição se dá nos pontos onde há rótulas conforme ilustram as Figura 2.20c e 2.20d. Nesses casos os hiperestáticos são os momentos fletores nas seções onde as rótulas foram introduzidas. Em cada caso básico as rotações relativas entre as seções adjacentes à rótula associada ao hiperestático Xi devem ser calculadas. Na maioria das aplicações essa opção para definição do SP é mais viável, conforme será visto durante o curso. S X1 X1 X2 X2 X3 X3 Andréa Regina Dias da Silva DECIV|EM|UFOP CIV209|Teoria das Estruturas II (a) Opção 1 (b) Opção 2 (c) Separação em quadros simples na Opção 1 (d) Separação em quadros simples na Opção 2 Figura 2.20. Sistema Principal definido com a introdução de rótulas 2.6 ANÁLISE DE UM PÓRTICO COMPOSTO (Sala de Aula) A Figura 2.21 a seguir ilustra o pórtico composto a ser resolvido através do Método das Forças. Considere EI constante e despreze a contribuição da energia de deformação para os efeitos axial e cisalhante no cálculo dos termos de carga e coeficientes de flexibilidade. A configuração deformada do pórtico está também representada. Figura 2.21. Pórtico composto: geometria, carregamento e configuração deformada X3 X3X2 X2 X1 X1 X3 X3 X2X2 X1 X1 X3X2 X2 X1 X1 X3 X3X1 X3 X2X2 X1 2 k N / m 4 m AB C D 6 m 4 m E F Andréa Regina Dias da Silva DECIV|EM|UFOP CIV209|Teoria das Estruturas II O grau de hiperestaticidade, usando a Equação 2.1 e a particularização para pórticos, é: � ciclo fechado reações (3 1) 1 3 3 2(2 1) 2 rótulas g NI NE + + × + − = − = − = ��� ����� . Para definir uma estrutura isostática, deve-se eliminar dois vínculos, liberando para isso dois graus de liberdade. A ideia inicial é tentar abrir o ciclo fechado. Veja que a solução de seccionar o ciclo em algum ponto não é possível. Então a solução é, por exemplo, ter nesse ciclo três rótulas não alinhadas que formarão um triarticulado. Pensando assim, será introduzida uma rótula à esquerda da seção D, deixando livre a rotação dessa seção como mostra a Figura 2.22 a seguir. Um triarticulado ABCD é então formado. O outro grau de liberdade a ser liberado é a rotação da seção F cuja restrição é imposta por um vínculo externo (apoio). Observe ainda na Figura 2.22a que os hiperestáticos estão representados. São momentos associados às rotações liberadas. O Hiperestático X1 é um esforço interno e refere-se ao momento fletor na seção D à esquerda (barra CD), e está associado à continuidade de rotação nessa seção. Já X2 é a reação momento fletor na seção F. Um observador é posicionado no interior de cada um dos quadros de forma a auxiliar na definição do sinal do diagrama caso ache necessário. (a) Sistema Principal (b) Quadros simples Figura 2.22. Sistema Principal usado na Solução 2 e Hiperestáticos. AB C D E F D X1 X2 X1 AB C D X1 A F X2 X1 D E apoios fictícios (I) (II) observador Andréa Regina Dias da Silva DECIV|EM|UFOP CIV209|Teoria das Estruturas II Com o Sistema Principal definido, passa-se à análise das soluções básicas. Em cada uma delas, objetiva-se obter a rotação relativa das seções adjacentes à rótula imediatamente à esquerda de D, e a rotação absoluta da seção F. No Caso 0, tais rotações são denotadas como termos de carga, e nos demais casos, como coeficientes de flexibilidade. A representação gráfica desses parâmetros não será feita aqui. As Figuras 2.23, 2.24 e 2.25 ilustram as reações de apoio e o momento fletor para os casos 0, 1 e 2, respectivamente. Cabe relembrar que, durante o cálculo, as reações nos apoios fictícios A e D do Quadro (I) devem ser transferidas para as mesmas seções do Quadro (II) antes que esse seja resolvido. (a) Momento fletor, M0, para o Quadro I (valores em kNm) (b) Momento fletor, M0, para o Quadro II (valores em kNm) Figura 2.23. Caso 0: Solicitação externa isolada no Sistema Principal O cálculo dos termos de carga e coeficientes de flexibilidade é apresentado a seguir. Ressalta-se novamente que o Princípio das Forças Virtuais é aplicado, e faz-se uso da Tabela 1 do Apêndice A. 1 0 10 1 541 1 6 9 1 6 36 1 3 3 rad estrutura M M dx EI EI EI δ = = + = −+ ⋅ ⋅ ⋅ − ⋅ ⋅ ⋅ 2 0 20 1 3361 1 1 4 36 1 4 72 1 6 72 1 6 3 2 rad estrutura M M dx EI EI EI δ = = + =⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ 1 1 11 1 201 1 1 1 4 1 1 6 1 1 4 1 1 6 1 1 33 3 3 3 rad kNm estrutura M M dx EI EI EI δ = = + =⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ 2 k N /m 9 6 6 (I) A B C D 36 72 72 36 6 6 12 99 (II) E FA D Andréa Regina Dias da Silva DECIV|EM|UFOP CIV209|Teoria das Estruturas II 2 2 22 1 221 4 1 1 1 6 1 1 33 rad kNm estrutura M M dx EI EI EI δ = = =⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ 1 2 12 21 0 estrutura MM dx EI δ = δ = = (a) Momento fletor, M1, para o Quadro I (valores em kNm/kNm) (b) Momento fletor, M1, para o Quadro II (valores em kNm/kNm) Figura 2.24. Caso 1: Hiperestático X1 isolado no Sistema Principal (a) Momento fletor, M2, para o Quadro I (valores em kNm/kNm) (b) Momento fletor, M2, para o Quadro II (valores em kNm/kNm) Figura 2.25. Caso 2: Hiperestático X2 isolado no Sistema Principal O passo seguinte é restabelecer as condições cinemáticas de forma a encontrar os hiperestáticos. Para isso deve-se usar o Princípio da Superposição de Efeitos e anular a rotação relativa das seções adjacentes à rótula em D e a rotação absoluta em F: 1 1 4 1 4 1 6 1 6 (I) 1 1 1 A B C D 1 1 4 1 4 1 6 1 6 (II) 1 . X1 E FA D (I) AB C D 1 1 1 1 4 1 4 . X2(II) E FA D Andréa Regina Dias da Silva DECIV|EM|UFOP CIV209|Teoria das Estruturas II , 10 11 1 21 2 0 relativa D esquerda X Xθ = δ + δ + δ = (2.15) 10 11 1 21 2 0 absoluta F X Xθ = δ +δ +δ = (2.16) Usando os parâmetros já conhecidos, e colocando (2.13) e (2.14) na forma matricial, vem: 1 2 54 20 3 0 01 1 336 0 22 3 0 X XEI EI − + = (2.17) cuja solução fornece X1 = 8,1 kNm (momento fletor em D pela esquerda) e X2 = -45,8 kNm (momento fletor em F). O sinal negativo para X2 indica que sentido arbitrado inicialmente é incorreto. Na Figura 2.22 vê-se que o momento tracionava a fibra do lado direito. Usando os resultados apresentados nas Figuras 2.23, 2.24 e 2.25, e aplicando o Princípio da Superposição de Efeitos, os momentosfletores podem ser encontrados: 0 1 1 2 2 0 1 8 1 0 8 1 0 1 8 1 0 8 1 , , kNm , , kNmB B B B AB M M M X M X BC + ⋅ + = + → = + + = + ⋅ + = + → 0 1 1 2 2 0 1 8 1 0 8 1 36 0 1 8 1 0 27 9 36 0 0 0 36 0 , , kNm , , , kNm , , kNm D D D D CD M M M X M X AD DE − ⋅ + = − → = + + = − + ⋅ + = − → − + + = − → 0 1 1 2 2 72 0 0 1 45 8 26 2 72 0 0 1 45 8 26 2 , ( ) ( , ) , kNm , ( ) ( , ) , kNmE E E E DE M M M X M X EF − + + − ⋅ − = − → = + + = − + + − ⋅ − = − → 0 1 1 2 2 0 0 1 45 8 45 8( ) ( , ) , kNmF F F FM M M X M X= + + = + + − ⋅ − = + A Figura 2.26 a seguir ilustra o diagrama de momento fletores. Importante verificar o equilíbrio de momento nos nós. Figura 2.26. Momento fletor no quadro composto (valores em kNm) A B C D E F 26,2 26,2 45,8 36,0 27,9 8,1 8,1 8,1 9 Andréa Regina Dias da Silva DECIV|EM|UFOP CIV209|Teoria das Estruturas II Da mesma forma, as reações forças horizontal e vertical nos apoios reais também podem ser encontradas usando os resultados indicados nas Figuras 2.23, 2.24 e 2.25: ( ) ( )0 1 1 2 2 1 9 0 45,8 2,45 kN 4 Y A A A AR R R X R X = + + = − + + − ⋅ − = + ↑ ( ) 0 1 1 2 2 12 0 0 12 kN X F F F FR R R X R X= + + = − + + = − ← ( ) ( )0 1 1 2 2 1 9 0 45,8 2, 45 kN 4 Y F F F FR R R X R X = + + = + + + + ⋅ − = − ↓
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