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3° fichamento - A entrevista de Anamnese Mônia A. S. D. Ruschel Bandeira

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Nic���� de M���i��s M���on��� - 6º se���t��
A en���v���a d� A���ne��
Mônia Aparecida Silva Denise Ruschel Bandeira
Ao iniciar o processo psicodiagnóstico, é fundamental a coleta de informações
aprofundadas sobre o avaliando, focando as áreas mais importantes de sua vida e os
motivos que o levaram a buscar atendimento. Para o levantamento dessas informações, que
irão fundamentar a formulação das hipóteses diagnósticas iniciais e, consequentemente, a
escolha de instrumentos e técnicas a serem utilizados no psicodiagnóstico, os psicólogos,
em geral, realizam uma extensa entrevista sobre a história de vida da pessoa.
A anamnese é um tipo de entrevista realizada para investigar a história do examinando, ou
seja, os aspectos de sua vida considerados relevantes para o entendimento da queixa.
ANAMNESE-palavra que vem do grego, anamnesis, composta por “aná”= lembrança, ao ato
de trazer à mente. “mnesis” = recordar, fazer lembrar (Soares et al., 2014).
Assim, anamnese significa trazer à consciência os fatos relacionados à queixa e à história
do avaliando. Um de seus principais objetivos é a busca de uma possível conexão entre os
aspectos da vida do avaliando e o problema apresentado (Cunha, 2000).
● Quando se avaliam crianças, a anamnese é feita com os pais ou responsáveis;
● Em caso de adolescentes, ela pode ser realizada com o próprio jovem, com os pais,
ou com ambos, em momentos diferentes;
● Quando se trata de uma avaliação com adultos ou idosos, o processo geralmente é
feito com o próprio paciente (exceto em casos em que há um quadro psicopatológico
que compromete a qualidade das informações, como, por exemplo, em casos de
depressão profunda ou de problemas de memória).
Durante o processo:
❏ Deve-se dosar o uso de interpretações ou mesmo de apontamentos, pois é um
momento de coleta de informações.
❏ Evitar posicionamentos a respeito do avaliando, que poderão ser oportunamente
retomados na devolução dos resultados.
A entrevista de anamnese tem caráter investigativo, priorizando o levantamento de
informações cronologicamente organizadas e que guiam a tomada de decisão sobre como
prosseguir com a avaliação.
É papel do psicólogo tentar organizar essas informações em uma ordem cronológica,
ajudando o informante por meio de pontos de controle da história.
A anamnese geralmente é feita em forma de entrevista semiestruturada, ou seja, há um
roteiro prévio contendo aspectos essenciais a serem abordados para orientar algumas
perguntas, e esse roteiro vai sofrendo adaptações durante a entrevista. O psicólogo tem
flexibilidade para adequar as questões ao background socioeducacional do informante,
bem como para adicionar perguntas que considere relevantes. Pode-se também fazer
adaptações no roteiro, de modo a deixar de questionar aspectos percebidos como não
passíveis de resposta ou questões que já foram respondidas em um momento anterior.
Antes de iniciar a anamnese, é necessário estabelecer um rapport adequado com o
informante, explicando os objetivos gerais da entrevista, bem como sua duração e seu
papel no processo de psicodiagnóstico.
Para o bom andamento do processo de avaliação:
● O psicólogo deve demonstrar interesse pelo que a pessoa relata e escutar com
atenção os conteúdos das narrativas que ela traz espontaneamente.
● Deve-se deixar o paciente confortável e garantir que a “conversa” flua naturalmente.
● Não se deve dar feedbacks sobre possíveis resultados da avaliação e deve ter
cuidado com o uso de expressões e entonações que possam exprimir cobrança ou
julgamento.
Durante a entrevista de anamnese, vamos construindo imagens e percepções sobre o
avaliando, estando ele presente ou não.
A comparação da nossa percepção advinda dos relatos da anamnese com aquela
observada no contato direto com o paciente ao longo dos atendimentos pode ser uma rica
fonte de informação.
Apesar de a entrevista de anamnese ter um papel fundamental no psicodiagnóstico, é
importante considerá-la um recurso limitado.
O registro da entrevista de anamnese é um aspecto muito importante a ser considerado. O
psicólogo precisa ter habilidades para perguntar, escutar, prestar atenção no informante e
anotar o que ele diz. Em relação ao registro da entrevista:
➢ As respostas do entrevistado devem ser anotadas com exatidão e, preferencialmente,
nas palavras dele, a fim de se evitar interferências da interpretação do psicólogo no
registro.
➢ Anotar ao mesmo tempo em que se escuta pode ser desafiador, podendo-se perder
informações da observação e causar certo distanciamento do informante.
➢ Confiar na memória e anotar tudo após a sessão pode ser arriscado, pois as
informações serão filtradas pela escuta do psicólogo, perdendo-se partes
importantes da fala do informante (Benjamin, 2011).
➢ Uma alternativa pouco utilizada é a gravação em áudio da entrevista de anamnese.
As principais vantagens dessa forma de registro são a fidedignidade dos dados
coletados, podendo-se rever a gravação e confirmar todos os detalhes quando se
tem dúvidas. Além disso, o psicólogo pode dedicar-se mais à escuta e à observação
durante a sessão. As desvantagens podem ocorrer quando, mesmo concordando
com a gravação, o entrevistado se sentir desconfortável e omitir detalhes
importantes por causa do registro em áudio.
Em relação à duração da entrevista, não há uma regra sobre quantas sessões devem ser
destinadas à entrevista de anamnese.
Existem modelos de anamnese preestabelecidos para ajudar o profissional com algumas
perguntas importantes. Na prática clínica, o psicólogo deve ter um roteiro básico, mas sua
experiência e seu conhecimento do desenvolvimento esperado para cada fase da vida é
que nortearão a entrevista.
Aspectos comuns a todas as entrevistas de anamnese incluem:
A. Evolução da queixa, ou seja, há quanto tempo o avaliando apresenta o problema e
se teve momentos em que ele foi mais ou menos comprometedor;
B. Histórico de tratamentos de saúde atuais e pregressos;
C. Uso de medicamentos;
D. Efeitos do problema sobre o funcionamento psicossocial do paciente no momento
atual;
E. Percepção do examinando em relação à queixa.
Entretanto, alguns aspectos se tornam mais ou menos importantes do que outros
dependendo da idade, o que implica a necessidade de adaptar as questões da anamnese a
essas especificidades.
Na anamnese de crianças:
● A avaliação da história pré e perinatal e o alcance dos marcos do desenvolvimento
têm uma importância central. Em relação à história pré e perinatal, são importantes
informações sobre as condições de saúde física e mental da mãe durante a gravidez
e após o nascimento do bebê, sobre a realização de acompanhamento pré-natal e
sobre possíveis intercorrências na gravidez (quedas, acidentes e outros eventos
significativos).
● É importante que seja investigada a possível exposição da mãe a teratógenos,
agentes que podem causar danos estruturais na fase embrionária e no
desenvolvimento do cérebro
● Em relação ao desenvolvimento da criança, deve-se explorar os indicadores
esperados para a idade, envolvendo o período de alcance de um marco do
desenvolvimento específico e a qualidade com que a criança passou a desempenhar
aquela habilidade. Questões importantes referem-se às capacidades linguísticas,
motoras, cognitivas, sociais, emocionais e adaptativas.
● Quando a criança não tem certas habilidades ou não desempenha comportamentos
esperados para a idade, o psicólogo deve estar atento e verificar se isso se deve a
uma capacidade reduzida devido a problemas desenvolvimentais ou a fatores
ambientais, como, por exemplo, a superproteção dos pais.
● Outros aspectos bastante importantes a serem considerados na anamnese da
criança referem-se à amamentação e ao desmame, à alimentação, à qualidade do
sono e a sinais específicos, como chupar os dedos, roer as unhas, enurese,
encoprese, explosões de raiva, tiques, medos excessivos, pesadelos, fobia,
masturbação e crueldade com animais (Cunha, 2000).
● Em caso de a criança ser adotada, é necessário tentar resgatar o máximo de dados
possível da sua históriapregressa. Às vezes isso se torna difícil, especialmente em
casos de adoção em que não há a identificação dos pais biológicos da criança.
Na anamnese com adolescentes:
● Deve considerar as diversas mudanças que ocorrem nessa fase, especialmente as
hormonais, físicas e relacionadas à formação da identidade.
● Os marcos do desenvolvimento na infância devem ser retomados de forma mais
breve e geral, buscando-se identificar se problemas ocorridos na infância
repercutem ou ainda persistem na adolescência.
● Deve-se dar atenção especial à socialização, ao interesse em relacionamentos
íntimos, às questões relacionadas à sexualidade, ao histórico escolar e aos
problemas específicos dessa fase da vida.
● Quanto à socialização, as relações na adolescência tendem a se tornar mais amplas
e importantes. Pode haver um afastamento dos pais devido a contradições de
valores e interesses, fazendo os jovens se aproximarem mais de amigos e figuras de
identificação. Comportamentos opositores podem surgir ou se acentuar nessa fase
da vida.
● Deve-se investigar o interesse do jovem em relacionamentos íntimos, seus possíveis
conflitos e dificuldades com essa questão e aspectos relacionados à sexualidade,
muito importantes nessa fase da vida.
● O desempenho acadêmico pode ser um importante indicador de potenciais
problemas na vida dos adolescentes, sendo relevante analisar sua evolução no
tempo. Se o desempenho escolar é ruim, mas tem se mantido constante ao longo do
tempo, isso pode sugerir um déficit cognitivo, o qual exerce uma influência mais
duradoura e pode explicar os prejuízos do aprendizado.
● Também é válido explorar os interesses gerais do adolescente, como seus hobbies, e
suas perspectivas de futuro profissional, além de sua satisfação diante desses
aspectos e seu potencial para realizar seus objetivos.
● Os níveis de autonomia, os sentimentos de autoestima e autoeficácia e possíveis
conflitos com a aparência são importantes e devem ser considerados.
Comportamentos problemáticos, como fugas de casa, uso abusivo de álcool e
drogas, e atitudes contrárias às leis e normas sociais, quando bem analisadas,
podem suscitar hipóteses para o processo psicodiagnóstico.
Na anamnese com adultos:
● O desenvolvimento nas fases anteriores da vida é investigado em termos da possível
ocorrência de problemas pregressos relevantes, sem grande detalhamento.
● As questões mais importantes referem-se às demandas desenvolvimentais esperadas
nos âmbitos sexual, familiar, social, ocupacional e físico.
● Hutteman, Hennecke, Orth, Reitz e Specht (2014) propõem que os aspectos mais
centrais da vida dos adultos podem ser organizados em cinco domínios:
➔ (1) relacionamento íntimo - Quanto ao relacionamento íntimo, é esperado que
nessa fase da vida os adultos encontrem um parceiro e se adaptem à
convivência com ele. Na entrevista de anamnese, é importante que seja
avaliada a qualidade das relações com o parceiro ou cônjuge, envolvendo a
satisfação geral com a relação, a área sexual, os padrões comportamentais
do casal, os pontos positivos e possíveis problemas enfrentados. Para os
adultos que não estão em um relacionamento íntimo, é importante verificar as
expectativas com esse tipo de relação e a existência de relacionamentos
prévios, bem como sua qualidade. Casos de divórcio, de novos casamentos, de
perda do cônjuge ou de resistência em se envolver afetivamente devem ser
explorados com atenção, pois podem fornecer elementos significativos para a
compreensão da queixa.
➔ (2) vida familiar - Quanto ao domínio da vida familiar, deve-se enfocar a
qualidade das relações e de tarefas como administrar o lar e dividir
responsabilidades com os demais membros da família. Deve ser dada atenção
especial à relação com os filhos, quando for o caso, e com as
responsabilidades envolvidas na maternidade/paternidade. Possíveis
problemas de relacionamento na família, bem como a necessidade de prover
cuidados contínuos a uma pessoa doente, devem ser foco de atenção.
➔ (3) vida profissional - Em relação à vida profissional, que tem papel central na
vida do adulto, merecem atenção a situação ocupacional, a satisfação com o
próprio desempenho na carreira, a concretização ou não de planos e metas
de vida, a satisfação com o trabalho e com as condições financeiras, e os
relacionamentos com a chefia, colegas e subordinados. Mudanças recorrentes
de emprego, estresse ou esgotamento emocional relacionados ao trabalho
devem ser considerados com atenção.
➔ (4) vida social - Quanto à vida social, deve-se buscar informações sobre a rede
de contatos do adulto e a importância que ele atribui aos seus
relacionamentos. Pode-se investigar a capacidade da pessoa em se divertir e
fazer atividades em grupo para além do ambiente de trabalho.
➔ (5) alterações físicas. As alterações físicas dessa etapa da vida também
podem ser abordadas, assim como questões relacionadas à fertilidade e
possíveis preocupações com a saúde. No caso de adultos de meia-idade e
idosos, pode-se abordar a adaptação a mudanças físicas indesejadas, como
aquelas relacionadas a hormônios (menopausa ou andropausa),
envelhecimento da pele e diminuição da força física.
● Na anamnese de adultos também é importante abordar o enfrentamento de
mudanças ocorridas ao longo dos anos, bem como reações diante de crises,
adversidades e outras situações críticas e estressantes (Cunha, 2000).
● Na anamnese com idosos, é importante considerar aspectos do envelhecimento e
perdas ocorridas ao longo da vida que possam estar relacionadas à queixa.
CO� ���M �E�� S�� �E�L��A�� � EN���V���A D� ��A�N���?
A escolha geralmente é baseada em variáveis como a idade do avaliando, suas
capacidades intelectuais no momento da entrevista, o grau de autonomia ou de limitação
no exercício de atividades da vida diária e o interesse em colaborar.
Quando são crianças a serem avaliadas, o mais indicado é que se chamem os pais. Na
maioria das vezes, é a mãe quem comparece, e é ela que, em geral, passa mais tempo com o
filho e observa o seu desenvolvimento. Entretanto, deve-se preferencialmente chamar
ambos os pais, não priorizando o comparecimento de um único responsável para a
primeira entrevista.
Em casos de pré-adolescentes, além da anamnese com os pais, pode-se fazer uma
entrevista com o jovem, enfocando brevemente as queixas apresentadas pelos responsáveis
para verificar a forma como o adolescente percebe e experimenta esses possíveis
problemas.
Na entrevista de anamnese de adolescentes, por vezes a escolha do principal - informante
se configura como a tarefa mais difícil. Por um lado, o adolescente já tem as habilidades e
competências necessárias para falar sobre si, e possui conhecimentos sobre sua vida e
sobre as dificuldades ou problemas que o trazem à avaliação. Entretanto, fatores como
interesse e motivação para o psicodiagnóstico, características da personalidade, como
introversão e extroversão, capacidade cognitiva, entre outras, vão estabelecer se ele será o
principal informante ou se será melhor chamar um responsável. Assim, não há uma regra
geral sobre quem é o melhor informante para o psicodiagnóstico de adolescentes. A
escolha vai depender de quem elaborou a demanda, de quem procurou o psicólogo para a
avaliação, de qual é a queixa principal, de qual é o interesse do avaliando, etc.
Em caso de psicodiagnóstico de adultos, a anamnese é geralmente realizada com o próprio
avaliando, exceto quando ele tem limitações intelectuais consideráveis ou quando um
problema o impede de ser o principal informante.
Quando o avaliando é um idoso, a anamnese também pode ser feita com o próprio
avaliando ou com um informante-chave, analisando-se as mesmas potencialidades e
limitações descritas anteriormente.
FO���S ���P�E��N���ES �� ��FO���ÇÃO
As fontes complementares de informação costumam envolver documentos como exames,
registros escolares, contatos de profissionais com quem o avaliando faz tratamento,
documentos decorrentes de outras avaliações, entre outros. Às vezes é difícil para o
informante, principalmente paraaqueles de baixo nível socioeducacional, relatar com
precisão a história de tratamentos pregressos e seus resultados; por isso, normalmente se
pede aos pacientes que tragam esses documentos consigo para a primeira entrevista.
Recomendamos que sejam feitas fotocópias do material, sempre com consentimento do
informante, para uma análise posterior dos documentos. Essa análise demanda tempo e
talvez o psicólogo precise da ajuda de outros profissionais para interpretar os resultados.
Produções espontâneas também podem ser muito válidas, como as de caráter literário e
artístico (Cunha, 2000). Desenhos, textos, pinturas e outras produções podem sugerir
aspectos do desenvolvimento do avaliando na época e a circunstância em que ocorreram,
podendo ser analisados em termos de sua evolução até o momento da entrevista.
Os registros digitais, por meio de fotos e vídeos, também podem ser fontes - preciosas de
informação. Além de trazerem registros do comportamento em um ambiente natural, eles
permitem acessar informações pregressas do avaliando que não foram observadas pelos
informantes.
A IM���TÂN�I� DO� CO���C��E�T�� TEÓRI��� PA�� A RE����AÇÃO DA EN���V���A DE
AN����SE
A entrevista de anamnese exige conhecimentos de áreas diversas, como desenvolvimento
humano, técnicas de entrevista, processos psicológicos e psicopatologia. O conhecimento
especializado pode guiar as perguntas e ajudar o psicólogo a conduzir o relato do
entrevistado a fim de esclarecer aspectos de interesse. O psicólogo deve ter conhecimentos
suficientes sobre os fenômenos avaliados ou buscar esses conhecimentos para a
compreensão posterior dos dados coletados.
Para a prática de anamnese e para a avaliação psicológica, sugerimos que o psicólogo faça
leituras básicas sobre o desenvolvimento infantil e ao longo das diversas faixas etárias.
IN���M�ÇÕES ����FI����TE� � ��TO��� D� �O�F��ÃO N� EN���V���A D� ��A�N���
Pode acontecer de o informante fornecer dados insuficientes, devido à confusão, à omissão
proposital, à discordância de que a queixa seja um problema, às dificuldades em relatar os
fatos ou ao simples desconhecimento. Há, ainda, casos em que os acontecimentos são
relatados de forma descontinuada no tempo, sendo difícil entender o que precedeu ou o
que foi consequência de um determinado evento.
Nos casos em que a anamnese é pouco informativa ou confusa, torna-se necessário
recorrer a outras fontes de informação para tentar reconstituir a história do avaliando. Na
prática clínica, recebemos crianças que vivem em abrigos e que não tiveram contato com
os pais após o nascimento. Quando as crianças estão institucionalizadas, é comum que a
anamnese seja feita com um profissional da instituição, como um psicólogo ou assistente
social, que sabe muito pouco sobre a história do examinando. É necessário expertise para
montar um quebra-cabeça, ou seja, juntar as informações disponíveis e relacioná-las com
as observações e os dados coletados durante as próximas sessões do psicodiagnóstico.
As divergências podem ocorrer em virtude de variações do comportamento em diferentes
contextos, pela quantidade de tempo que o informante passa com o avaliando, ou por
interesses relacionados à avaliação. Os informantes podem ter, portanto, percepções e
interesses que influenciam seus relatos, e o psicólogo deve estar sempre atento, pois isso
pode levar a conclusões precipitadas e errôneas.
P�O��D��E�T�� ��RA ���E�T�� � �U�L��A�� D�� I�F����ÇÕES DA ����NE��
Conforme relatamos, as informações coletadas na entrevista de anamnese podem estar
sujeitas a diferentes ameaças à sua validade. Além da consulta a diferentes fontes de
dados, alguns cuidados podem ser tomados para aumentar a qualidade das informações:
● Já no início da entrevista, é importante que o psicólogo esteja atento ao nível
socioeducacional do informante, de forma a adequar as perguntas ao seu
vocabulário.
● Em caso de confusões, informações divergentes ou incompletas, uma estratégia
bastante útil é perguntar a mesma questão de diferentes formas e em momentos
diferentes da entrevista. A mudança de vocabulário pode favorecer outras
associações e memórias de aspectos não relatados, culminando no surgimento de
respostas novas ou complementares.
● Às vezes o psicólogo pode ter dificuldades por causa da maneira como o informante
se comunica. Pode haver entrevistados muito prolixos, que se prendem a um longo
discurso, com explicações supérfluas e demoradas sobre aspectos simples. Há
também pessoas que fogem constantemente do tema, tratando de questões não
relevantes para aquele momento ou desviando o foco para outras pessoas que não
o avaliando. Com esses informantes, o psicólogo pode ter de agir de forma assertiva
e retomar o objetivo das questões e o tempo limitado da entrevista de anamnese.
● O outro extremo também acontece, quando o informante é muito conciso e exprime
sua percepção com um número reduzido de palavras ou com respostas muito
diretas. Com esses informantes, é preciso incentivar a fala espontânea, sendo útil a
retomada do que foi falado pela repetição de uma palavra-chave seguida por
interrogação.O fornecimento de marcos referenciais pode ser útil para ajudar a
pessoa a se lembrar ou a fornecer detalhes que não foram bem pensados
anteriormente.
● As perguntas que sugerem respostas diretas, do tipo sim ou não, devem ser evitadas
na anamnese. Além disso, em caso de informantes que falam pouco, o entrevistador
deve ter cuidado para não completar frases ou mudar o foco das perguntas antes
que uma resposta satisfatória e completa seja dada.
● Algumas vezes, o informante pode se sentir incomodado e chorar, e é importante que
o psicólogo deixe-o confortável para isso. Nesses momentos, pode-se dar uma
pequena pausa na entrevista, retomando em seguida com as adaptações
necessárias.
● A observação é um recurso muito importante na anamnese, que pode nortear a
conduta do psicólogo para além das informações. A qualidade dos dados coletados
também depende do entendimento correto daquilo que é informado. Deve-se ter
cuidado com o significado de palavras e expressões usadas pelo entrevistado que
possam ter diferentes sentidos para o psicólogo.
● O conhecimento do vocabulário e o domínio da mesma língua do informante não
impedem a ocorrência de dificuldades de compreensão da fala espontânea.
● Mesmo com todos os cuidados, pode acontecer de o psicólogo ter um entendimento
diferente do que o informante quis expressar. Para diminuir esses problemas, o
profissional pode avaliar a utilidade de fazer uma breve explanação sobre as
informações coletadas ao final da entrevista, questionando a concordância do
informante com o que foi exposto.
A entrevista de anamnese é um recurso essencial para o conhecimento do
avaliando e para o adequado direcionamento do psicodiagnóstico. O profissional
para realizar uma boa anamnese deve ter conhecimento da teoria e manejo na
prática para conseguir contornar as variáveis que podem surgir ao longo do
processo de entrevista. Algumas diferenças importantes foram destacadas quanto
ao público alvo da entrevista, porém de uma forma geral a entrevista de anamnese
demanda atenção, habilidade e destreza por parte do psicólogo para que possa
ser construída uma boa hipótese diagnóstica e assim determinar os próximos
passos no atendimento do paciente.

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