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Perícia Contábil Estudo de Caso Professor: Jovi Barboza 2 Unicesumar estudo de caso PROGRAMA DE APOSENTADORIA PARTICULAR Alternativo ao Sistema Oficial – uma Possibilidade ou uma Especulação Financeira? (caso fictício – elaborado pelo revisor técnico Jovi Barboza) A empresa KXPT Empreendimentos Náuticos Ltda. entabulou um plano de aposentadoria al- ternativa para os seus empregados e protocolou a proposta perante o Ministério do Trabalho, bem como perante o Ministério da Previdência Social, pleiteando a homologação do plano, comprometendo-se a efetuar o pagamento de aposentadoria por 20 (vinte) anos, por meio de um fundo de pensão, que será o responsável pela administração das aposentadorias, após o trabalhador atingir o tempo de trabalho de 25 (vinte e cinco) anos na empresa, asseguran- do que o trabalhador terá o direito a 1 (um) salário integral por mês, após atingir o período de aquisição (tempo de trabalho de vinte e cinco anos na empresa). Para justificar o seu propósito, a empresa apresentou uma planilha contendo os dados dos seus empregados, informando o salário mensal atual, o tempo de trabalho atual de cada empregado e a previsão de quanto o fundo de pensão registrará na conta de cada empre- gado (o Montante), além de informar a taxa de remuneração a ser aplicada pelo Fundo, pela utilização do dinheiro depositado, para cada empregado, fundamentando que o sistema proposto supera aquele administrado pela previdência oficial, o que justifica a homologa- ção do projeto, pois ele beneficiaria os empregados. Para se ter uma ideia de qual o valor do salário futuro dos empregados, no dia da apo- sentadoria, o qual será pago mensalmente ao beneficiário durante o período constante do projeto (vinte anos), a empresa apresentou uma perspectiva de reposição salarial anual, com base nos índices oficiais atuais de inflação, aplicados à espécie, esses são estimados em uma média de 7,85% (sete inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento) ao ano. Entretanto, a empresa estipula como condição que a aposentadoria “particular” proposta não será transmitida a dependentes, ou seja, em caso de falecimento do empregado benefi- ciário, após o tempo de aquisição, mas antes de completados os vinte anos previstos como tempo de pagamento da aposentadoria, a obrigação da empresa termina com a morte do beneficiário, não havendo qualquer responsabilidade assistencial por parte da empresa à Unicesumar 3 estudo de caso família do falecido; além disso, caso o empregado tenha uma longevidade que ultrapasse o tempo de pagamento da aposentadoria, esta não se estenderá, em hipótese alguma, ou seja, após os vinte anos de aposentadoria, com salário integral, o empregado aposentado deverá ter providenciado, por sua conta e risco, uma reserva para se manter até o final de sua vida, exonerando a empresa de qualquer responsabilidade nesse sentido. Para compensar a implantação do plano, tendo em vista que o sistema da empresa propõe o pagamento de salário integral, a empresa pretende isentar-se dos recolhimentos das contribuições previdenciárias e fundiárias (FGTS) sobre qualquer verba paga aos empre- gados, considerando que eles não terão necessidade do Fundo, já que sairão da empresa aposentados e com o salário integral garantido por vinte anos! Salientou que colheu assina- tura dos empregados e que, por unanimidade, o plano foi aprovado na íntegra, aguardando apenas que os Sindicatos se manifestem a respeito. Informou, ainda, que ficam garantidos aos empregados o direito ao gozo de férias, normalmente, do pagamento do 13º salário e a manutenção de plano de saúde que garante que o empregado não necessitará de assis- tência médica oficial. Por meio da planilha apresentada pela empresa, o Órgão público responsável pela apro- vação da medida manifestou-se desfavorável ao projeto e proibiu a empresa de implantar o plano, determinando que ela continuasse a fazer as contribuições sociais oficiais e condicio- nando, assim, a aposentadoria de seus empregados às normas da previdência e assistência social oficiais do país. Tal medida foi justificada pelo Órgão tendo como fundamento uma análise feita sobre a média dos salários, tempo de trabalho, previsão de salários futuros, previsão de inflação e reposição salarial, além da previsão da longevidade dos empregados e, também, levando em conta que não havia qualquer previsão no plano quanto à possibilidade de desligamen- to do emprego pelo empregado (por dispensa ou por demissão), antes de completado o período de carência (aquisição da condição de aposentado). Sustentou, ainda, o Órgão, que a alegação da empresa de que pagaria o salário integral como aposentadoria por vinte anos não se configura como uma condição absoluta, isto é, não se pode garantir, por exemplo, 4 Unicesumar estudo de caso (i.) que a empresa tenha continuidade até o término da aposentadoria de todos os empregados; (ii.) que a empresa tenha saúde financeira durante todo o tempo de aposentadoria dos seus empregados; (iii.) que a ocorrência de rotatividade empregatícia não se torne um fator de falência do plano; (iv.) que não restou garantido que a empresa possibilite ao empregado auxílio doença e outros benefícios que existem nos planos oficiais; (v.) que, com a demissão do empregado, este venha a readquirir o seu tempo de trabalho perante a Previdência Social oficial com facilidade. A empresa, inconformada com a decisão administrativa do órgão previdenciário, ajuizou uma ação perante a Justiça Federal, propugnando que a decisão administrativa extrapola o poder constitucional do Órgão, porque a ele não cabe estabelecer as normas previdenciárias, mas, sim, aceitá-las. E, com base nisso, requer do Magistrado que julgue procedente o pedido para homologar o plano de aposentadoria da empresa, considerando que os fatores apresentados são suficientes para constituir a prova de que não há impedimento legal para implantação da aposentadoria por esse sistema, já que os elementos apresentados constituem um sistema perfeito e íntegro de aposentadoria para os empregados que completarem vinte e cinco anos de trabalho na empresa, assegurando, também, que o plano de saúde da empresa dá conta da assistência em caso de necessidade de auxílio doença e outros benefícios. Citado, o Órgão contesta em juízo e informa que não há consistência do plano, princi- palmente quanto aos valores demonstrados nas planilhas apresentadas pela empresa. Além disso, alega que a possível circunstância ocasionada pela demissão ocasional, voluntária ou involuntária, do empregado resulta em uma situação não definida pela empresa, pois, caso o empregado necessite “voltar” para o sistema previdenciário oficial teria que “reiniciar” o período de carência oficial, a partir do nível em que deixou de contribuir para o sistema, per- dendo a contagem de tempo ocorrida na empresa. Para justificar sua contestação, o Órgão partiu do exemplo de três empregados, cujos vínculos atuais possibilitaram projeções com as seguintes características: Unicesumar 5 estudo de caso NOME IDADE ATUAL TEMPO DE TRABALHO ATUAL IDADE AO SE APOSENTAR SALÁRIO ATUAL MONTANTE SALÁRIO FUTURO IDADE AO TÉRMINO DA APOSENTADORIA Manoel da Silva 30 anos 5 anos 50 anos 1.100,00 1.196.760,00 4.986,50 70 anos João Pedro 22 anos 2 anos 45 anos 1.770,00 2.415.727,20 10.065,53 65 anos Maria Cecília 40 anos 8 anos 57 anos 2.200,00 1.907.990,40 7.949,96 77 anos O Contestante informou que os cálculos de cada um foram realizados com a utilização dos Fatores de Atualização de Depósitos e Saques, que possibilitam a apresentação de valores presentes e valores futuros de anuidades e depósitos, sendo permitido, por meio desses cálculos, aferir os componentes envolvidos nas operações, especialmente a taxa de remu- neração. Partindo dessa taxa de remuneração encontrada pelos seus técnicos, assevera que a dimensão patrimonialatual da empresa não permite supor e nem acreditar que ela terá capacidade de gerar os montantes necessários para que seja possível remunerar os em- pregados a título de aposentadoria, durante 20 (vinte) anos, após o período de aquisição, principalmente porque o valor econômico mensal proposto pela empresa, relativo à con- tribuição previdenciária e à fundiária, perfaz, apenas, 35,8% do salário bruto do empregado, tendo-se, assim, uma base de cálculo menor para se chegar ao Montante. O Magistrado, então, no intuito de resolver a lide, determinou a realização de perícia contábil, com o fim de vislumbrar o panorama contábil financeiro para estabelecer uma interpretação sobre a possibilidade, ou não, de aferir as condições de aposentadoria dos em- pregados. Para isso, determinou ao perito que considerasse a média de tempo trabalhado, a média de salários dos empregados e a média de idade de cada um. A partir desse ponto, o perito deveria calcular por quanto tempo o Fundo de Pensão da empresa deveria remu- nerar os empregados, caso incidisse a média, e se esse embasamento seria suficiente para provar a consistência do sistema montado pela empresa, com a finalidade de decidir a lide proposta. Então, formulou os seguintes quesitos para o Perito: 1. É possível determinar com precisão que o Salário Futuro apresentado pela empresa está correto? Em caso positivo, apresente a memória de cálculo. 2. É possível confirmar o Montante declarado pelo Órgão Estatal contestante para cada empregado e, da mesma forma, para cada um, determinar a taxa mensal de rendimento aplicada, partindo-se do salário nominal? 6 Unicesumar estudo de caso 3. É possível aferir os mesmos elementos do quesito anterior, partindo-se do valor econômico a que se refere o Réu, isto é, 35,8% do salário atual do empregado? 4. Com esses elementos, a empresa atingirá os respectivos Montantes para cada empregado? Se positivo, apresente a memória de cálculo. 5. É possível aferir se a dimensão patrimonial da empresa pode suportar a aplicação das taxas encontradas pelos cálculos dos quesitos “2” e “3”? Se afirmativo, apresente a memória de cálculo e/ou justificativa. 6. Atingindo os respectivos Montantes, é possível afirmar que estes seriam suficientes para remunerar a aposentadoria dos empregados pelo tempo estipulado (vinte anos)? Se positiva a resposta, apresente a memória de cálculo. Habilitado, o Perito, após estudar o processo e ater-se às condições técnicas de sua com- petência, passa a responder os quesitos, após o Relatório e demais requisitos de praxe do Laudo Pericial. Vejamos como o Perito conduziu as respostas dos quesitos. Unicesumar 7 estudo de caso Quesito 1 - É possível determinar com precisão que o Salário Futuro apresentado pela empresa está correto? Em caso positivo, apresente a memória de cálculo: O Perito, inicialmente, demonstrou ao Juiz que os cálculos de cada um dos empregados estavam corretos, ou seja, a tabela se repete. Assim: NOME Idade Atual Tempo de Trabalho Atual Idade ao se Aposentar Salário Atual MONTANTE Salário Futuro Idade ao Término da Aposentadoria Manoel da Silva 30 anos 5 anos 50 anos 1.100,00 1.196.760,00 4.986,50 70 anos João Pedro 22 anos 2 anos 45 anos 1.770,00 2.415.727,20 10.065,53 65 anos Maria Cecília 40 anos 8 anos 57 anos 2.200,00 1.907.990,40 7.949,96 77 anos MÉDIA 30,6 anos 5 anos 50,6 anos 1.690,00 1.840.159,92 7.667,33 70,6 anos SOMA - - - 5.070,00 5.520.447,60 23.001,99 - Demonstração dos cálculos: a) – Cálculos dos Salários Futuros (correção anual a 7,85% aa. – média prevista): a.1) – Manoel da Silva (memória de cálculo): Salário Atual: R$ 1.100,00 (VP – Valor Presente); Tempo faltante: 20 (anos) – “n” Taxa: 7,85%aa. “i” = 0,0785 Fator = 1,0785n 1,078520 = 4,53318026 Valor Futuro = Valor Presente x Fator 1.100,00 x 4,53318026 = R$ 4.986,50 Com o uso da Calculadora HP-12C, limpam-se os registros e alimentam-se as funções: n = 20 i = 7,85 VP (PV) = 1.100,00 aperta-se “FV” 8 Unicesumar estudo de caso VF (FV) = R$ 4.986,50 observe que a calculadora apresenta um número negativo. É que o equipamento trabalha com o sistema de “fluxo de caixa”, entra positivo e sai negativo. Assim, se der entrada o VP “negativo”, obtém-se o VP “positivo” (inversamente). a.2) – João Pedro: Salário Atual: R$ 1.770,00 (VP – Valor Presente); Tempo faltante: 23 (anos) – “n” Taxa: 7,85%aa. “i” = 0,0785 Fator = 1,0785n 1,078523 = 5,68674084 Valor Futuro = Valor Presente x Fator 1.770,00 x 5,68674084 = R$ 10.065,53 Com o uso da Calculadora HP-12C, limpe os registros e alimente as funções: n = 23 i = 7,85 VP (PV) = 1.770,00 aperta-se “FV” VF (FV) = R$ 10.065,53 (negativo, se foi dada entrada de valor positivo para o VP). a.3) – Maria Cecília: Salário Atual: R$ 2.200,00 (VP – Valor Presente); Tempo faltante: 17 (anos) – “n” Taxa: 7,85%aa. “i” = 0,0785 Fator = 1,0785n 1,078517 = 3,61362049 Valor Futuro = Valor Presente x Fator 2,200,00 x 3,61362049 = R$ 7.949,96 Com o uso da Calculadora HP-12C, limpam-se os registros e alimentam-se as funções: n = 23 i = 7,85 VP (PV) = 2.200,00 aperta-se “FV” VF (FV) = R$ 7.949,96 (negativo, se foi dada entrada de valor positivo para o VP). Unicesumar 9 estudo de caso Quesito 2 - É possível confirmar o Montante declarado pelo Órgão Estatal contestan- te para cada empregado e, da mesma forma, para cada um, determinar a taxa mensal de rendimento aplicada, partindo-se do salário nominal? b) – Cálculo do Montante (uso de Calculadora HP-12C e fórmula matemática): Para o cálculo do Montante, é utilizada a Fórmula matemática do “somatório” (Sn/i): b.1) – Manoel da Silva: Salário Atual: R$ 1.100,00 (VP – Valor Presente, a ser depositado no Fundo mensalmente); Tempo de depósito: 20 (anos) 240 meses – “n” Taxa aplicada: 1,05847766%am. “i” = 0,0105847766 Fator (Sn/i) = (1,0105847766240 – 1)/0,0105847766 = 1.087,963636 Valor Futuro = Depósito x Fator 1.100,00 x 1.087,963636 = R$ 1.196.760,00 Obs.: A taxa pode ser encontrada por “tentativa e erro”, por meio da fórmula, ou, mais precisa, por meio das funções da Calculadora HP-12C. Com o uso da Calculadora HP-12C, limpe os registros e alimente as funções: n = 240 (total de meses dos 20 anos, pois os depósitos são mensais); i = não se tem, vai ser encontrada VP (PV) = 0 (“zero”, ao invés, alimenta-se o PMT (parcelas)) Depósitos Mensais PMT (parcelas) = 1.100,00 VF (FV) = R$ 1.196.760,00 (negativo) observe que é necessário inserir este número “negativo”, pois a calculadora trabalha com o sistema de “fluxo de caixa”, entra positivo e sai negativo. Assim, se der entrada o PMT “negativo”, obtém-se o VF “positivo” (inversamente). Aperte “i” = 1,05847766% ao mês; Resposta: a taxa de remuneração para esse empregado será de 1,05847766% ao mês. 10 Unicesumar estudo de caso b.2) – João Pedro: Salário Atual: R$ 1.770,00 (VP – Valor Presente, a ser depositado no Fundo mensalmente); Tempo de depósito: 23 (anos) 276 meses – “n” Taxa aplicada: 0,96529959%am. “i” = 0,00965299 Fator (Sn/i) = (1,00965299276 – 1)/0,00965299 = 1.364,817627 Valor Futuro = Depósito x Fator 1.770,00 x 1.364,817627 = R$ 2.415.727,20 Obs.: A taxa pode ser encontrada por “tentativa e erro”, por meio da fórmula, ou, mais precisa, por meio das funções da Calculadora HP-12C. Com o uso da Calculadora HP-12C, limpe os registros e alimente as funções: n = 276 (total de meses dos 23 anos, pois os depósitos são mensais); i = não se tem, vai ser encontrada. VP (PV) = 0 (“zero”, ao invés, alimenta-se o PMT (parcelas)) Depósitos Mensais PMT (parcelas) = 1.770,00 VF (FV) = R$ 2.415.727,20 (negativo) observe que é necessário inserir este número “negativo”, pois a calculadora trabalha com o sistema de “fluxo de caixa”, entra positivo e sai negativo. Assim, se der entrada o PMT “negativo”, obtém-se o VF “positivo” (inversamente). Aperte “i” = 0,96529959%ao mês. Resposta: a taxa de remuneração para esse empregado será de 0,96529959% ao mês. b.3) – Maria Cecília: Salário Atual: R$ 2.200,00 (VP – Valor Presente, a ser depositado no Fundo mensalmente); Tempo de depósito: 17 (anos) 204 meses – “n” Taxa aplicada: 1,20065147%am. “i” = 0,012006514 Fator (Sn/i) = (1,012006514204 – 1)/0,012006514 = 867,2683636 Valor Futuro = Depósito x Fator 2.200,00 x 867,2683636 = R$ 1.907.990,40 Obs.: A taxa pode ser encontrada por “tentativa e erro”, por meio da fórmula, ou, mais precisa, por meio das funções da Calculadora HP-12C. Com o uso da Calculadora HP-12C, limpe os registros e alimente as funções: Unicesumar 11 estudo de caso n = 204 (total de meses dos 17 anos, pois os depósitos são mensais); i = não se tem, vai ser encontrada. VP (PV) = 0 (“zero”, ao invés, alimenta-se o PMT (parcelas)) Depósitos Mensais PMT (parcelas) = 2.200,00 VF (FV) = R$ 1.907.990,40 (negativo) observe que é necessário inserir este número “negativo”, pois a calculadora trabalha com o sistema de “fluxo de caixa”, entra positivo e sai negativo. Assim, se der entrada o PMT “negativo”, obtém-se o VF “positivo” (inversamente). Aperte “i” = 1,20065147% ao mês; Resposta: a taxa de remuneração para este empregado será de 1,20065147% ao mês. Quesito 3 - – É possível aferir os mesmos elementos do quesito anterior, partindo-se do valor econômico a que se refere o Réu, isto é, 35,8% do salário atual do empregado? c) – Cálculo do Montante (uso de Calculadora HP-12C e fórmula matemática): Para o cálculo do Montante, é utilizada a Fórmula matemática do “somatório” (Sn/i): b.1) – Manoel da Silva: Salário Atual x 35,8%: R$ 1.100,00 x 0,358 = R$ 393,80 (VP – Valor Presente, a ser deposi- tado no Fundo, mensalmente ); Tempo de depósito: 20 (anos) 240 meses – “n” Taxa aplicada: 1,65393323%am. “i” = 0,01653933 Fator (Sn/i) = (1,01653933240 – 1)/0,0165393323 = 3.039,004571 Valor Futuro = Depósito x Fator 393,80 x 3.039,004571 = R$ 1.196.760,00 12 Unicesumar estudo de caso Obs.: A taxa pode ser encontrada por “tentativa e erro”, através da fórmula, ou, mais precisa, através das funções da Calculadora HP-12C. Com o uso da Calculadora HP-12C, limpa-se os registros e alimenta-se as funções: n = 240 (total de meses dos 20 anos, pois os depósitos são mensais); i = não se tem, vai ser encontrada VP (PV) = 0 (“zero”, ao invés, alimenta-se o PMT (parcelas)) Depósitos Mensais PMT (parcelas) = 393,80 (35,8% do salário bruto do empregado). VF (FV) = R$ 1.196.760,00 (negativo) observe que é necessário inserir este número “negativo”, pois a calculadora trabalha com o sistema de “fluxo de caixa”, entra positivo e sai negativo. Assim, se der entrada o PMT “negativo”, obtém-se o VF “positivo” (inversamente). Aperte “i” = 1,65393323% ao mês; Resposta: a taxa de remuneração para este empregado será de 1,65393323% ao mês. b.2) – João Pedro: Salário Atual x 35,8%: R$ 1.770,00 x 0,358 = R$ 633,66 (VP – Valor Presente, a ser deposi- tado no Fundo, mensalmente ); Tempo de depósito: 23 (anos) 276 meses – “n” Taxa aplicada: 1,47784518%am. “i” = 0,01477845 Fator (Sn/i) = (1,01477845276 – 1)/0,01477845 = 3.812,339740 Valor Futuro = Depósito x Fator 633,66 x 3.812,339740 = R$ 2.415.727,20 Obs.: A taxa pode ser encontrada por “tentativa e erro”, através da fórmula, ou, mais precisa, através das funções da Calculadora HP-12C. Com o uso da Calculadora HP-12C, limpa-se os registros e alimenta-se as funções: n = 276 (total de meses dos 23 anos, pois os depósitos são mensais); i = não se tem, vai ser encontrada. VP (PV) = 0 (“zero”, ao invés, alimenta-se o PMT (parcelas)) Depósitos Mensais PMT (parcelas) = 633,66 (35,8% do salário bruto do empregado). VF (FV) = R$ 2.415.727,20 (negativo) observe que é necessário inserir este número Unicesumar 13 estudo de caso “negativo”, pois a calculadora trabalha com o sistema de “fluxo de caixa”, entra positivo e sai negativo. Assim, se der entrada o PMT “negativo”, obtém-se o VF “positivo” (inversamente). Aperte “i” = 1,47784518% ao mês; Resposta: a taxa de remuneração para este empregado será de 1,47784518% ao mês. b.3) – Maria Cecília: Salário Atual x 35,8%: R$ 2.200,00 x 0,358 = R$ 787,60 (VP – Valor Presente, a ser deposi- tado no Fundo mensalmente); Tempo de depósito: 17 (anos) 204 meses – “n” Taxa aplicada: 1,90746747%am. “i” = 0,019074674 Fator (Sn/i) = (1,019074674204 – 1)/0,0190746747 = 2.422,537329 Valor Futuro = Depósito x Fator 787,60 x 2.422,537329 = R$ 1.907.990,40 Obs.: A taxa pode ser encontrada por “tentativa e erro”, por meio da fórmula, ou, mais precisa, por meio das funções da Calculadora HP-12C. Com o uso da Calculadora HP-12C, limpe os registros e alimente as funções: n = 204 (total de meses dos 17 anos, pois os depósitos são mensais); i = não se tem, vai ser encontrada. VP (PV) = 0 (“zero”, ao invés, alimenta-se o PMT (parcelas)) Depósitos Mensais PMT (parcelas) = 787,60 (35,8% do salário bruto do empregado). VF (FV) = R$ 1.907.990,40 (negativo) observe que é necessário inserir este número “negativo”, pois a calculadora trabalha com o sistema de “fluxo de caixa”, entra positivo e sai negativo. Assim, se der entrada o PMT “negativo”, obtém-se o VF “positivo” (inversamente). Aperte “i” = 1,90746747% ao mês; Resposta: a taxa de remuneração para esse empregado será de 1,90746747% ao mês. Quesito 4: - Com esses elementos, a empresa atingirá os respectivos Montantes para cada empregado? Se positivo, apresente a memória de cálculo. Resposta: SIM. Conforme já demonstrado nos dois quesitos anteriores, cujas memórias de cálculos podem ser adotadas como resposta do presente quesito, a empresa poderá atingir os Montantes estipulados sob duas condições que deverão valer, alternativamente (uma ou outra), a saber: 14 Unicesumar estudo de caso a) – Efetuando depósitos mensais do valor do salário integral de cada empregado, con- siderando que o Fundo remunere os depósitos com as taxas encontradas, ou seja: a.1) – Manoel da Silva – 1.100,00 mensais, à taxa de 1,05847766% ao mês. a.2) – João Pedro – 1.770,00 mensais, à taxa de 0,96529959% ao mês. a.3) – Maria Cecília – 2.200,00 mensais, à taxa de 1,20065147% ao mês. b) – Efetuando depósitos apenas da economia mensal, ou seja, 35,8% (INSS + FGTS) de cada empregado, considerando que, nesse caso, o Fundo remunere os depósitos com taxas mais elevadas, conforme verificado no quesito nº 3, ou seja: b.1) - Manoel da Silva – 393,80 mensais, à taxa de 1,65393323% ao mês. b.2) – João Pedro – 633,66 mensais, à taxa de 1,47784518% ao mês. b.3) – Maria Cecília – 787,60 mensais, à taxa de 1,90746747% ao mês. Caso a empresa, ou o Fundo, não possa remunerar os depósitos recebidos pelas taxas demonstradas, os Montantes prometidos não serão atingidos, prejudicando todo o projeto proposto. Assim, é importante considerar as taxas necessárias para formação dos Montantes, antes mesmo de aferir se os Montantes serão ou não suficientes para remunerar as aposen- tadorias prometidas. Quesito 5: - É possível aferir se a dimensão patrimonial da empresa pode suportar a aplicação das taxas encontradas pelos cálculos dos quesitos “2” e “3”? Se afirmativo, apresente a memória de cálculo e/ou justificativa. Resposta: Negativo. Não é possível afirmar e nem aferir que a empresa possa efetiva- mente suportar a aplicação das taxas levantadas. Em diligência realizada in loco na empresa, esse Perito constatou que, nos últimos 5 (cinco) anos, a empresa vem obtendo taxas de lu- cratividade líquidas de tributação de pouca expressão, o que leva a presumir que taxas de financiamento acima de 0,5% (meio por cento) ao mês não seriam suportadas pelas condições de lucratividade da empresa. Supõe-se, também, que seria difícil para o Fundo administra- dor do plano encontrar um “filão” de mercado que possa remunerar os valores aplicados e, ainda, cobrir as despesas de administraçãodas aplicações, de forma a deixar líquidos valores correspondentes às taxas de remuneração propostas pelo plano de aposentadoria. Unicesumar 15 estudo de caso Quesito 6: - Atingindo os respectivos Montantes, é possível afirmar que esses seriam suficientes para remunerar a aposentadoria dos empregados pelo tempo estipulado (vinte anos)? Se positiva a resposta, apresente a memória de cálculo. Resposta: Os Montantes foram encontrados por meio da multiplicação do valor dos sa- lários respectivos pelo número de meses da aposentadoria, a saber: Manoel da Silva.......: – 4.986,50 x 240 = R$ 1.196.760,00; João Pedro..............: – 10.065,53 x 240 = R$ 2.415.727,20; Maria Cecília............: – 7.949,96 x 240 = R$ 1.907.990,40. A quantidade de meses é igual para todos, porque o tempo de pagamento é de 20 anos para todos. Contudo, deve-se levar em consideração que o valor mensal da aposenta- doria sofrerá uma majoração, ao menos uma vez por ano. E do plano consta uma previsão de correção salarial da ordem de 7,85% ao ano. Com essa remuneração, o empregado será prejudicado, pois o salário mensal será corrigido anualmente e, assim, será necessário um Montante muito maior para efetivação do plano de aposentadoria. Com essa remuneração, verifica-se que os Montantes não serão suficientes para paga- mentos, supondo-se a remuneração mensal pela média aritmética dos salários reajustados, a saber: Manoel da Silva.: 4.986,50 + (4.986,50 x (1,0785)19)/2 = R$ 12.972,95 (salário médio). João Pedro........: 10.065,53 + (10.065,53 x (1,0785)19)/2 = R$ 26.186,62 (salário médio). Maria Cecília......: 7.949,96 + (7.949,96 x (1,0785)19)/2 = R$ 20.682,72 (salário médio). Foi utilizado o tempo (“n”) igual a 19, porque se considera, apenas, a correção do penúltimo ano, já que, ao completar o último ano, termina o período de pagamento da aposentadoria. Com base na taxa de correção anual, pode-se calcular a taxa de remuneração mensal na base de 0,631747% ao mês, com o processo de descapitalização do Fator de Juros. Considerando-se a média salarial, encontrar-se o novo Montante. O cálculo é feito com a aplicação da seguinte fórmula: 16 Unicesumar estudo de caso FATOR = Após o cálculo do Fator, por meio da fórmula acima, multiplica-se pelo valor mensal do salário e encontra-se o Montante necessário para remunerar pelo tempo calculado (no caso, 20 anos!). Vejamos: O cálculo do fator com a utilização dos elementos da equação será o seguinte: “i” = 0,631747% ao mês “i” = 0,00631747; “n” = 240 (20 anos) meses (parcelas); FATOR = (1-(1+i)-n)/i (1 – (1+0,00631747)-240)/0,00631747 Fator = 123,3728520 Encontrando-se os Fatores, que servem para cálculos dos três Montantes, multiplica- -se pelo salário médio encontrado e se encontra os novos Montantes. Os novos Montantes, então, teriam que ser os seguintes: 1) – Manoel da Silva...:– 12.972,95 (salário médio) x 123,3728520 = R$ 1.600.609,84. 2) – João Pedro..........:– 26.186,62 (salário médio) x 123,3728520 = R$ 3.230.717,99. 3) – Maria Cecília.......:– 20.682,72 (salário médio) x 123,3728520 = R$ 2.551.686,52. Obs.: O Montante pode ser encontrado por meio da fórmula (an/i), ou, de forma mais precisa, por meio das funções da Calculadora HP-12C. Com o uso da Calculadora HP-12C, limpe os registros e alimente as funções: n = 240 (total de meses dos 20 anos, prazo da aposentadoria); i = 0,631747 (0,631747%am 7,85%aa). VP (PV) = 0 (não se alimenta) PMT (parcelas) = 12.972,95 (salário médio do empregado). VF (FV) = 0 (não se alimenta, pois nada será pago ao final da aposentadoria). Unicesumar 17 estudo de caso Aperte “PV” = 1.600.609,84; resultado será negativo se colocarmos o número positivo em “PMT”; se trocarmos o sinal em PMT (aperta-se CHS antes de alimentar PMT), o resulta- do de PV será positivo. Repete-se o cálculo para os demais empregados. Portanto, a indicação inicial de que se atingiria os Montantes necessários para remune- ração da aposentadoria durante vinte anos, após o empregado alcançar 25 anos de trabalho na empresa, não está correta, se considerarmos, no mínimo, a variação salarial anual propos- ta de 7,85%. E considere-se, ainda, que esse cálculo foi feito pela média, como demonstrado acima, isto é, tomando-se o salário inicial e somando-se com o último, dividindo-se o resul- tado por dois (média aritmética). Em se tratando de uma análise um pouco mais aprofundada, é desnecessário mencionar que, para atingir esses Montantes, os quais proporcionariam a possibilidade de pagamento da aposentadoria proposta, a empresa teria que remunerar os valores economizáveis a taxas muito maiores do que as já comentadas, o que resultaria em uma impossibilidade, diante da estrutura de lucratividade que foi demonstrada. 18 Unicesumar estudo de caso CONCLUSÃO Com base nas análises realizadas, nas respostas aos quesitos e nos cálculos apresentados, na modesta opinião desse Perito, o sistema de aposentadoria proposto pela empresa não deverá prosperar, pois a estrutura de lucratividade que ela possui não lhe permite remune- rar os capitais iniciais a ponto de gerar um Montante (Fundo de Aposentadoria) que garanta o pagamento dos salários integrais de seus empregados, durante vinte anos, após atingir o tempo prometido, que é de vinte e cinco anos de trabalho. Ainda, deseja esse Perito salientar que não adentrou no mérito da questão, já que as questões de direito extrapolam o campo de competência do Perito, devendo ser tais análises reservadas ao crivo do Magistrado. Contudo, e finalmente, no tocante ao cálculo pela média, sugerida pelo Magistrado, esse Perito considera descartada a hipótese, pois o cálculo pela média somente poderia se apro- ximar da realidade se fosse adotado o sistema de média ponderada, o que tornaria o cálculo demasiadamente trabalhoso e em nada ajudaria para melhorar a performance do sistema em relação aos cálculos individuais realizados. Unicesumar 19 estudo de caso BIBLIOGRAFIA: ALBERTO, Valder Luis Palombo. Perícia contábil. 5. ed. Editora Atlas, 2012. BARBOZA, Jovi. Matemática financeira – Apostila. Maringá: Projus, 2011. ______. Perícia Contábil – Apostila. Maringá: Projus, 2015. CRESPO, Antonio Arnot. Matemática Comercial e Financeira Fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 1992. LAPPONI, Juan Carlos. 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