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AULA 02 - DIR ADMINISTRATIVO (ESTATUTO)

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Aula 02
Direito Administrativo (Estatuto dos funcionários de SP) p/ TJ-SP - Escrevente
Professor: Marcos Van Acker
Lei 10.261/68 p/ TJ-SP 
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AULA 02: Proibições e Procedimentos Disciplinares 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Introdução 1 
2. Proibições aos servidores 2 
3. Responsabilidade administrativa e o Estatuto 6 
4. Penalidades 9 
5. Procedimentos Administrativos Disciplinares 19 
6. Considerações finais 29 
7. Questões comentadas 30 
8. Lista das questões apresentadas na aula 60 
9. Gabarito 73 
 
1. Introdução 
 
Olá, pessoal! Chegaremos hoje, depois desta aula, ao final de nossa 
jornada de estudo do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado 
de São Paulo. Espero que a proximidade da prova esteja empolgando 
vocês; agora, meus amigos, é manter a tranqüilidade, baixar a ansiedade 
e estudar. Fico feliz que estejamos chegando ao final do curso, e tenho 
certeza que poderão encarar a prova tranquilamente, não só as questões 
relativas ao Estatuto, como as demais matérias, porque aqui no 
Estratégia Concursos os cursos são planejados cuidadosamente. 
 
Meus amigos, neste momento é importante é que vocês atenham-se ao 
material e aos exercícios que elaboramos aqui no Estratégia Concursos de 
forma a direcionar sua preparação, de forma objetiva e direta. Tenho a 
certeza de que a persistência será coroada de sucesso. 
 
1.2 Aula de hoje 
 
Nesta aula vamos falar das Proibições impostas ao servidor pelo Estatuto, 
e também das Responsabilidades que recaem sobre o servidor. Vamos 
estudar as penalidades que o EFP prevê para o servidor infrator, e vamos 
conhecer os procedimentos administrativos para apuração de eventual 
falta, e consequente aplicação das penas. Ao final, teremos questões 
comentadas, muitas inclusive com comentários do Prof. CYONIL, 
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especialíssimos, portanto. É uma referência para a comunidade 
concurseira! 
 
Pessoal, tenho notado que as bancas parecem ter interesse nesses 
assuntos. Talvez porque a sociedade em geral também tenha o mesmo 
interesse. As penalidades devem ser estudadas com cuidado, e no tópico 
relativo ao processo teremos de ver as etapas do processo, e certas 
formalidades que fazem parte dele. Pode parecer um pouco árido, mas ao 
final faz sentido, se pensaremos que o Estatuto garante a ampla defesa 
ao servidor, e que a administração tem o dever de fazer com que o 
servidor obedeça às suas normas. 
 
Nas aulas anteriores, vimos que a posse e o exercício de cargo público 
implicam na assunção, em primeiro lugar, de uma série de deveres. Hoje 
veremos que o cargo impõe, além disso, diversas proibições cuja 
transgressão implica em penalidades. 
 
2. Proibições aos servidores 
 
Vamos tratar das proibições, vedações de conduta previstas em lei, e 
como tal de observância obrigatória pelo servidor. É lícito para a 
administração, por meio de lei, estabelecer limites para o comportamento 
do servidor, uma vez que a função pública tem preponderância sobre os 
interesses pessoais do ocupante do cargo; assim, a lei pode 
perfeitamente vedar que o servidor mantenha contrato com o Governo, 
ou seja, outro vínculo além do funcional, uma vez que há possibilidade de 
surgir conflito de interesses, de o servidor ser tentado a patrocinar dentro 
da administração interesses particulares, a chamada advocacia 
administrativa, etc. Enfim, toda vedação tem fundamento na preservação 
do interesse público. 
 
Outro marco importante para a definição das proibições são os deveres 
funcionais consagrados pela doutrina; neste passo nos socorremos da 
lição do ilustre Professor Hely Lopes Meirelles: 
 
“Dever de lealdade – o dever de lealdade exige de todo servidor a maior 
dedicação ao serviço e o respeito às leis e às instituições constitucionais, 
identificando-o com os superiores interesses do Estado. Tal dever impede 
que o servidor atue contra os fins e os objetivos legítimos da 
Administração.(...) 
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Dever de obediência – o dever de obediência impõe ao servidor o 
acatamento às ordens legais e sua fiel execução. Tal dever resulta da 
subordinação hierárquica e assenta no princípio disciplinar de toda 
organização administrativa. (...) 
 
Por ordens legais entendem-se aquelas emanadas de autoridade 
competente, em forma adequada e com objetivos lícitos. Tanto o 
cumprimento de ordem manifestamente ilegal como o descumprimento de 
ordem legal acarretam para o servidor a responsabilidade disciplinar e 
criminal (CP, art. 22), conforme seja a lesão causada à Administração ou 
a terceiros.”1 
 
2.1 Proibições do Estatuto 
 
O EFP estabelece uma série de proibições nos artigos 242 a 244, vejamos 
quais são de forma rápida. 
 
O servidor não pode tratar os objetos relativos ao serviço como objetos 
de sua propriedade, por isso o EFP proíbe ao servidor retirar, sem prévia 
permissão da autoridade competente, qualquer documento ou objeto 
existente na repartição, assim como empregar material do serviço público 
em serviço particular. 
 
De forma a ressaltar o dever de assiduidade, de lealdade para com o 
serviço público, observando-se sempre o interesse público em primeiro 
lugar, o Estatuto proíbe expressamente ao funcionário tratar de interesses 
particulares na repartição, assim como deixar de comparecer ao serviço 
sem causa justificada, ou entreter-se, durante as horas de trabalho, em 
palestras, leituras ou outras atividades estranhas ao serviço; da mesma 
forma, o EFP veda ao servidor, por ter finalidade estranha ao serviço, 
promover manifestações de apreço ou desapreço dentro da repartição, ou 
tornar-se solidário com elas, e ainda exercer comércio entre os 
companheiros de serviço, e promover ou subscrever listas de donativos 
dentro da repartição. 
 
Grosso modo, essas são proibições relacionadas à conduta pessoal no 
servidor no ambiente da repartição, no modo de relacionar-se com as 
 
1
 Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro. SP, Malheiros, pp. 455-456 
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pessoas ou de observar os limites mais básicos de sua condição de 
servidor, como não apropriar-se de objetos da repartição, p. ex. 
 
Outra série de proibições, constante do art. 243, tem por alvo uma 
questão mais profunda, pretende vedar ao servidor o uso de sua condição 
para beneficiar a si próprio, situação em que há evidente conflito de 
interesses, criado pela possibilidade de o servidor preterir o interesse 
público, que, como vimos, deve estar em primeiro lugar, para favorecer a 
seu próprio interesse. 
 
Para evitar que o servidor sofra tal dilema moral, a Lei estabelece as 
vedações abaixo, todas destinadas a impedir o conflito de interesses: 
 
É proibido ao funcionário: 
 
- manter contratos de natureza comercial e industrial com o Governo, por 
si, ou como representante de outrem; 
 
- participar da gerência ou administração de empresas de qualquer tipo 
que mantenham relações comerciais ou administrativas com o Governo 
do Estado, sejam por este subvencionadas ou estejam diretamente 
relacionadas com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja 
lotado, salvo participação em empresas das quais o Estado seja acionista; 
excetuam-se também os casos em que o servidor exercer função de 
direção ou gerênciade cooperativas e associações de classe, ou delas ser 
sócio; 
 
- comerciar ou ter parte em sociedades comerciais que mantenham 
relações comerciais ou administrativas com o Governo do Estado, sejam 
por este subvencionadas ou estejam diretamente relacionadas com a 
finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado, podendo, em 
qualquer caso, ser acionista, quotista ou comanditário; 
 
- exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou função em 
empresas, estabelecimentos ou instituições que tenham relações com o 
Governo, em matéria que se relacione com a finalidade da repartição ou 
serviço em que esteja lotado. 
 
- aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autorização do 
Presidente da República; observar que para ser representante de estado 
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estrangeiro é necessário antes reafirmar seu dever de lealdade não 
apenas com a administração pública, mas com a Nação, daí o sentido da 
autorização prévia. 
 
- constituir-se procurador de partes ou servir de intermediário perante 
qualquer repartição pública, exceto quando se tratar de interesse de 
cônjuge ou parente até segundo grau; evidente que aí o EFP quer vedar a 
interferência do servidor, aproveitando-se de sua condição, para 
beneficiar terceiros. 
 
- receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de entidades fiscalizadas, 
no País, ou no estrangeiro, mesmo quando estiver em missão referente à 
compra de material ou fiscalização de qualquer natureza; dispositivo de 
sentido bastante evidente, que proíbe o favorecimento pelo agente 
público de fornecedor ou ente submetido à fiscalização. 
 
- valer-se de sua qualidade de funcionário para desempenhar atividade 
estranha às funções ou para lograr, direta ou indiretamente, qualquer 
proveito. Não bastando as restrições específicas, o Estatuto ainda prevê 
está, genérica, que de certa forma abarca as demais, e revela a 
preocupação primeira do legislador. 
 
2.2. Vedação ao Nepotismo 
 
Apenas a título de curiosidade, havia uma vedação parcial no artigo 244 à 
nomeação de parentes, que proibia apenas o exercício de cargos efetivos 
sob as ordens imediatas de parentes, mas não o exercício de cargos de 
livre nomeação; no entanto o artigo fica inaplicável ante a Súmula 
Vinculante n° 13, do STF, inclusive prestigiada no âmbito do Executivo no 
Estado de São Paulo, que prevê a mesma vedação por meio de Decreto. 
 
Artigo 244 — É vedado ao funcionário trabalhar sob as ordens imediatas 
de parentes, até segundo grau, salvo quando se tratar de função de 
confiança e livre escolha, não podendo exceder a 2 (dois) o número de 
auxiliares nessas condições. 
 
Súmula Vinculante n° 13 - STF 
"A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade 
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nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo 
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em 
comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na 
administração pública direta e indireta, em qualquer dos poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o 
ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal". 
 
3. Responsabilidade Administrativa e o Estatuto 
 
A responsabilidade do servidor decorre da violação por ele de normas 
estatutárias, com o que se configura o ilícito administrativo, de imediato 
punível com a penalidade disciplinar cabível, evidentemente com 
observância do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa. 
 
Importante lembrar que a punição administrativa é independente de 
processo civil ou criminal que eventualmente envolva o servidor, relativo 
aos mesmos fatos. A administração é livre e soberana para apurar, julgar 
e punir, se for o caso, e a punição administrativa é autônoma, independe 
do processo penal; no caso de pena administrativa relativa a fato sobre o 
qual ficar provado em ação judicial que o acusado não foi o autor, ou que 
o fato não ocorreu, neste caso a penalidade deve ser revista pela 
administração. O Estatuto, aliás, prevê que o servidor deve ser 
reintegrado – lembrem-se desta forma de provimento – mediante simples 
comprovação do trânsito em julgado da sentença que negue o fato ou o 
exclua como autor. Mediante isso, não resta margem de 
discricionariedade à administração. 
 
Da mesma forma, constatada a responsabilidade administrativa, o 
servidor não se exime de eventual responsabilização civil ou penal. 
 
O Estatuto trata da responsabilidade dos servidores nos artigos 245 a 
250. O ponto central para determinar a responsabilidade é materialmente 
quantificável, pois o EFP prevê que a responsabilidade decorre do prejuízo 
que o servidor causar ao Erário, devido a sua condição de servidor, por 
dolo ou culpa, ou seja, agindo por vontade própria, com intenção de obter 
os resultados do comportamento vedado, ou agindo com imperícia, 
imprudência ou negligência. 
 
De qualquer das formas, se o servidor vier a causar prejuízo ao Erário, 
será responsabilizado, com prévia apuração dos fatos, evidentemente. 
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O Estatuto prevê casos especiais de responsabilidade, uma lista não 
exaustiva de hipóteses em que o servidor pode vir a causar prejuízo, e 
portanto ser responsabilizado, pelas seguintes ações ou omissões: 
 
I – sonegação de valores e objetos confiados à sua guarda ou 
responsabilidade, 
II - não prestar contas, ou não as tomar. 
III - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos que 
sofrerem os bens e os materiais sob sua guarda, ou sujeitos a seu 
exame; 
IV — por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda Estadual. 
 
Veja que no caso do item III temos uma conduta potencialmente passiva; 
mesmo que o servidor não cause os danos e avarias aos bens sob sua 
guarda, será responsabilizado. 
 
No caso do item IV, não tendo havido má-fé, o servidor ficará sujeito à 
pena de repreensão e, na reincidência, à de suspensão. 
 
As Compras públicas são sempre uma questão complexa, um setor 
espinhoso na esfera pública. O EFP prevê que o funcionário que adquirir 
materiais em desacordo com disposições legais e regulamentares será 
responsabilizado pelo respectivo custo, podendo-se proceder ao desconto 
no seu vencimento ou remuneração. Além disso, o servidor pode ficar 
sujeito às penalidades disciplinares cabíveis. 
 
A reposição dos valores correspondentes ao prejuízo causado pelo 
servidor não extingue a responsabilidade; o servidor fica sujeito às 
penalidades previstas, conforme o caso. Parece-nos justo que o EFP 
disponha dessa maneira; afinal, a reposição do valor de alguma forma 
subtraído do Erário é antes de tudo um dever, não uma penalidade. 
Vejamos como o Estatuto prevê as formas de indenização ao Tesouro do 
Estado. 
 
3.1 Dever de indenizar 
 
O funcionário pode ser obrigado a indenizar os cofres públicos pelo 
prejuízo causado por ele; o Estatuto prevê dois casos. 
 
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No caso de desvio doloso de dinheiro público, o funcionário deve ser 
obrigado a repor de uma só vez valor correspondente ao prejuízo 
causado. 
 
Nos demais casos, a indenização pode ser descontada dos vencimentos 
do servidor, e cada parceladescontada não pode exceder a 10% dos 
vencimentos. Disposição benigna, que impede que a reposição devida, 
nos casos de comportamento culposo, onere excessivamente o servidor, 
comprometendo o orçamento familiar. 
 
3.2 Responsabilidade pelo cumprimento das atribuições 
 
O Estatuto prevê a responsabilização dos servidores que solicitarem a 
pessoas estranhas ao serviço público o desempenho de suas próprias 
atribuições, ou as de seus subordinados. Seria caso de delegação indevida 
a pessoa sem relação com o serviço público. 
 
Notar que não importa aí que haja o atendimento do fim público, pelo 
particular indevidamente solicitado a desempenhar esta ou aquela função 
pelo servidor. Mesmo assim, o particular não pode exercer o dever público 
que incumbe ao servidor, pois este é que está investido do cargo público, 
pela posse, como já estudamos na aula passada. 
 
Trata-se de desídia com relação aos deveres do cargo, e ao seu exercício 
regular. É um exemplo de responsabilidade que não está necessariamente 
vinculada a um prejuízo material causado ao Erário. 
 
Com isso, meus amigos, vimos a responsabilidade do servidor na 
perspectiva do Estatuto. Lembrem-se que os casos especiais previstos na 
lei, que acabamos de ver, não pretendem ser uma enumeração exaustiva, 
são apenas possibilidades a que o legislador quis dar ênfase; ou seja, 
pode haver hipóteses de responsabilidade não descritas literalmente no 
Estatuto. Isso não impede a punição do servidor, caso este aja de forma 
contrária à moralidade, à legalidade, ao interesse público etc. Definida a 
responsabilidade, cabe à Administração a aplicação das penalidades 
correspondentes. 
 
 
 
 
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4. Penalidades 
 
A faculdade de punir as infrações dos servidores deriva do chamado Poder 
Disciplinar da Administração. Por ele, o Estado assume o direito de 
subordinar o servidor às normas de funcionamento estabelecidas. 
 
Reproduzimos aqui a importante lição do Professor Hely Lopes Meirelles: 
“O poder disciplinar é correlato com o poder hierárquico, mas com ele não 
se confunde. No uso do poder hierárquico a Administração Pública 
distribui e escalona as funções executivas; no uso de poder disciplinar ela 
controla o desempenho dessas funções e a conduta interna de seus 
servidores, responsabilizando-os pelas faltas cometidas.”2 
 
Não custa lembrar que o poder disciplinar não pode ser confundido com o 
poder de punir que o Estado se reserva, e exerce por meio da Justiça; a 
punição administrativa só pode ter como objeto às infrações relacionadas 
ao serviço. A punição criminal é mais ampla, decorre de lei penal, e 
aplica-se a qualquer situação social. 
 
Por terem naturezas diversas, as punições administrativas e criminais 
podem ser aplicadas cumulativamente, sem problemas. Na aplicação da 
pena, a autoridade competente guarda certa discricionariedade, pois não 
há no âmbito administrativo a precisão dos tipos penais descritos na lei 
criminal. Como vimos, as hipóteses de responsabilidade do Estatuto não 
são fechadas em si mesmas. Por isso o Processo Administrativo 
Disciplinar é importante, para caracterizar a eventual falta, e fornecer 
subsídios, pois a punição não pode ser arbitrária de forma alguma. Caso 
contrário, é nula. Vejamos agora as penalidades previstas no Estatuto. 
 
4. 1 Penalidades do Estatuto 
 
O Artigo 251 enumera as penalidades, em ordem crescente de gravidade. 
 
Artigo 251 — São penas 
disciplinares: 
I - repreensão; 
II - suspensão; 
III - multa; 
 
2
 op. cit., p. 124 
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IV - demissão; 
V - demissão a bem do serviço público; e 
VI - cassação de aposentadoria ou 
disponibilidade 
 
Vejamos a seguir cada uma das espécies previstas. 
 
4.1.1 Repreensão 
 
A pena de repreensão será aplicada por escrito, nos casos de indisciplina 
ou falta de cumprimento dos deveres. 
 
4.1.2 Suspensão 
 
A pena de suspensão, que não poderá exceder a noventa dias, será 
aplicada em caso de falta grave ou reincidência. 
 
O servidor suspenso perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do 
exercício do cargo. A suspensão pode ser convertida em multa, a critério 
da autoridade, correspondente a 50% dos vencimentos por dia; neste 
caso, o servidor cumpre a pena trabalhando. 
 
Ou seja, se o servidor é suspenso por 30 dias, e a autoridade entende por 
bem converter a suspensão em multa, e o servidor inicia o cumprimento 
da penalidade no dia 01/06, qual será o salário do servidor relativo ao 
mês de junho, sendo que usualmente recebe X? Será X/2, pois a 
conversão em multa impõe ao servidor o dever de continuar trabalhando, 
recebendo metade dos vencimentos. 
 
E qual será o salário do servidor, se a suspensão não for convertida em 
multa? Será zero, e o servidor não virá à repartição enquanto suspenso. 
 
O período de serviço na condição de suspensão não poderá ser contado 
para quaisquer fins de direito ou vantagens pecuniárias, exceto, hoje, 
para fins de aposentadoria, pois não cessa a contribuição previdenciária. 
 
Quando a suspensão for convertida em multa, o período será considerado 
para fins de direito ou vantagens pecuniárias, exceto licença-prêmio. 
Porém, a penalidade não deixa de ser-lhe aplicada, constando dos 
registros do servidor a pena de suspensão (§ 2° do artigo 254 do EFP). 
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Quando a pena de suspensão for publicada no Diário Oficial, inclusive se 
convertida em multa, e o servidor se encontrar em licença para 
tratamento de saúde, férias, licença-prêmio ou qualquer afastamento 
previsto por lei, deve-se aguardar o término do afastamento para 
aplicação da penalidade. 
 
4.1.3 Multa 
 
A pena de multa será aplicada na forma e nos casos expressamente 
previstos em lei ou regulamento. 
 
Vejam que há discricionariedade para a conversão de suspensão em 
multa, mas não para a aplicação da própria penalidade de multa. Apenas 
mediante expressa previsão legal a falta funcional é punida com multa. A 
multa é diferente da suspensão convertida em multa, como vimos, é pena 
pecuniária apenas. Também não se deve confundir com o dever de 
indenizar o erário. 
 
4.1.4 Demissão 
 
A pena de demissão implica em desligamento do serviço público, vacância 
do cargo; será aplicada nos casos de: 
 
a. abandono de cargo; 
b. procedimento irregular de natureza grave; 
c. ineficiência no serviço; 
d. aplicação indevida de dinheiro público; 
d. ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45 dias, 
interpoladamente, durante um ano. 
 
Será considerado abandono de cargo o não-comparecimento do servidor 
por mais de trinta dias consecutivos, injustificadamente. 
 
Sabemos já que há ausências ao serviço toleradas pelo Estatuto, que no 
art. 78 estabelece as hipóteses de efetivo exercício, como vimos na aula 
passada. Vimos ali as faltas abonadas, vamos relembrar, e ver também a 
possibilidade de justificar as faltas ao serviço. 
 
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O Estatuto estabelece que o servidor poderá ter até seis faltas abonadas 
durante o ano, uma por mês, sem perda salarial. Por vezes o servidor 
considera tratar-se de um direito líquido e certo. Todavia, a falta abonada 
consiste em direito sujeito à análise da administração quanto a 
conveniênciae oportunidade. O servidor deve solicitar a autorização do 
abono da falta com antecedência ou, na impossibilidade, no dia imediato 
à ocorrência. 
 
Além disso, o servidor pode ter até 24 faltas justificadas durante o ano, 
incluindo na sua justificativa os motivos que o levaram a ausentar-se do 
serviço. A falta justificada implica na perda de vencimentos/salários dos 
dias correspondentes, e das demais vantagens. 
 
Se o servidor mostrar desídia para com a administração, e não solicitar o 
abono ou apresentar a justificativa das faltas, as faltas passam a ser 
consideradas injustificadas. Da mesma forma, se suas ausências 
superarem as toleradas pelo Estatuto, a título de abondas (6 por ano) ou 
justificadas (24 por ano). 
 
O servidor que tiver durante o ano mais de trinta faltas injustificadas 
consecutivas ou mais de 45 faltas injustificadas interpoladas demonstra 
tal desídia que o EFP considera que comete abandono de cargo, com o 
que pode vir a ser demitido do serviço público. 
 
A pena de demissão por ineficiência no serviço só poderá ser aplicada 
quando verificada a impossibilidade de readaptação. 
 
4.1.5 Demissão a bem do serviço público 
 
A pena de demissão a bem do serviço público é mais grave que a pura e 
simples demissão, e será aplicada ao servidor que: 
 
a. For convencido de incontinência pública e escandalosa e de vício de 
jogos proibidos. 
 Um dos incisos do art. 257 que talvez seja de aplicação controversa 
hoje. A incontinência pública seria a conduta pouco moderada, 
exagerada, sensual, em público. Meus caros amigos, pensemos no 
longínquo e quiçá ingênuo ano de 1968, quando o legislador lançava 
mãos à obra na criação do Estatuto, e no nosso tempo; o que uma 
criança com menos de 12 anos pode ver e ouvir na TV e na internet 
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hoje, em termos de conduta sensual e pouco moderada? Qual a 
sensibilidade do homem médio em relação a isso, hoje? 
Controverso, mas não foi formalmente revogado. 
 
b. Praticar ato definido como crime contra a administração e a fé públicas 
e a Fazenda estadual, ou previsto nas leis de segurança e defesa 
nacional. 
 A menção à segurança e defesa nacionais deve-se à conjuntura da 
época de elaboração do Estatuto. De qualquer forma, uma vez 
entendido que segurança e defesa nacionais são de interesse 
público, totalmente aplicável hoje. Os crimes contra a administração 
praticados por funcionário são os previstos no Código Penal, nos 
artigos 312 a 327; os demais são descritos nos artigos 328 a 337-A. 
Os crimes contra a fazenda, nomenclatura que vem desde o 
Império, hoje são os tipificados na Lei 8137/90. 
 
c. Revelar segredos, de que tenha conhecimento em razão do cargo, de 
forma dolosa e com prejuízo para o Estado ou particulares. 
 Notar que o prejuízo é central para definir a penalização. Também o 
dolo é necessário, o servidor que praticar o ato por mera 
negligência, por exemplo, já não pode ser punido por este 
dispositivo. 
 
d. Praticar insubordinação grave. 
 Eis aqui um exemplo da extensão da discricionariedade da punição 
administrativa, conforme já vimos. A gravidade da insubordinação 
pode fazer variar a pena, desde a simples repreensão, até a 
demissão a bem do serviço público. E a gravidade não está definida 
na lei, é essencialmente definida pela autoridade responsável pela 
aplicação da pena; evidentemente esta deve ter critérios de 
proporcionalidade, de forma que deixar de cumprir ordens será 
menos grave do que a insubordinação afrontosa, e esta menos 
grave que a insubordinação lesiva, por exemplo. 
 
e. Praticar, em serviço, ofensas contra servidores ou particulares, salvo 
em legítima defesa. 
 A urbanidade é um dever do servidor, e a pena destina-se a punir 
os que não cumprem tal dever. Ofensas têm sentido amplo, tanto 
morais quanto físicas. Naturalmente que não se pode alegar ofensa 
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quando o servidor cumpre o seu dever, por exemplo, ofensa moral 
no caso de servidor que cobra dívidas. 
 
f. Lesar o patrimônio ou os cofres públicos. 
 A maior preocupação da administração no exercício do poder 
disciplinar é essa – o dinheiro público; depois, vem a preocupação 
com o respeito à hierarquia. O compromisso com a defesa do 
Tesouro do Estado está implícito para o servidor, vez que este é a 
garantia de efetividade da ação do Estado, da própria possibilidade 
de o Estado realizar o fim a que se destina. 
 
g. Receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou vantagens de 
qualquer espécie, em razão de suas funções, ainda que por meio de 
intermediários. 
 Veja que o inciso é genérico, a propina está equiparada ao mero 
presente, com que muitas vezes o usuário do serviço público deseja 
obsequiar o servidor que o atendeu bem, com respeito e 
urbanidade; hoje o uso administrativo é desconsiderar presentes de 
valor módico, não vá a Administração empreender processo 
disciplinar, com direito a contraditório, ampla defesa, motivada pelo 
recebimento de presente de R$ 50 ou 100! Aí sim teríamos ação 
irrazoável, desproporcional. 
 
h. Pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores a pessoas que 
tratem ou tenham interesses no órgão público, ou estejam sujeitos à sua 
fiscalização. 
 Um inciso destinado a vedar a concessão disfarçada de propinas e 
vantagens a servidor, por meio de “empréstimos” que na verdade 
são suborno, para que o servidor venha a contribuir com ação ou 
omissão na rapinagem do Erário. 
 
i. Exercer a advocacia administrativa. 
 Como vimos, o Estatuto já definira antes que quem pratica crime 
como a administração é passível de demissão a bem do serviço 
público. A advocacia administrativa é um desses crimes, descrito no 
art. 321 do Código Penal da seguinte maneira: “Patrocinar, direta 
ou indiretamente, interesse privado perante a administração 
pública, valendo-se da qualidade de funcionário.” 
 
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j. Apresentar com dolo declaração falsa de salário-família, sem prejuízo da 
responsabilidade civil e criminal. 
 A lei prevê o benefício do salário-família, que será concedido ao 
servidor e ao inativo de baixa renda que tenham como dependente 
filho ou equiparado de qualquer condição menor de 14 (quatorze) 
anos ou filho inválido de qualquer idade. 
 
k. Praticar ato hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins e terrorismo. 
 O autor do crime hediondo não precisa ter praticado ato contra a 
administração para ser desligado do serviço público em razão dos 
crimes cometidos. 
 
l. Praticar ato definido como crime ao Sistema Financeiro ou de lavagem 
ou ocultação de bens, direitos e valores. 
 Ocultação e lavagem de dinheiro são punidas neste caso por supor-
se que o dinheiro havido pelo servidor desta maneira veio de 
malversação do dinheiro público. Os crimes contra o Sistema 
Financeiro são definidos pela Lei Federal 7492/86. 
 
m. Praticar ato definido em lei como de improbidade. 
 O vocábulo latino Probus significava honesto, virtuoso; é a origem 
das nossas palavras probo, e probidade. O ímprobo, portanto, é o 
desonesto, o desprovido de virtudes. 
A Lei Federal n. 8.429, de 2/6/1992, que dispõe sobre as sanções 
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito 
no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na 
administração pública direta, indireta ou fundacional, classifica os 
atos de improbidade administrativa em três espécies: 
I- os que importam enriquecimentoilícito; 
II - os que causam prejuízo ao erário; e 
III - os que atentam contra os princípios da administração pública. 
 
4.1.6 Cassação de aposentadoria e disponibilidade 
 
Será aplicada a pena de cassação de aposentadoria ou disponibilidade se 
for provado que o servidor inativo praticou falta grave, quando em 
atividade, suscetível a pena de demissão ou demissão a bem do serviço 
público. Além disso, a pena aplica-se ao servidor que, em atividade, 
violou outras vedações do Estatuto, a saber: aceitou ilegalmente cargo ou 
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função pública; aceitou representação de Estado estrangeiro sem prévia 
autorização do Presidente da República; praticou a usura em qualquer de 
suas formas. Naturalmente, estas infrações, realizadas quando em 
exercício, ensejam também a demissão, como violações graves, embora 
não estejam entre as hipóteses taxativas. 
 
4.2 Competência para aplicação das penalidades 
 
São competentes para aplicar as penalidades: 
I- o governador; 
II- os secretários de Estado, o procurador geral do Estado e os 
superintendentes das autarquias; 
III- os chefes de gabinete - até a penalidade de suspensão; 
IV- os coordenadores - até a suspensão máxima de sessenta dias; 
V- os diretores de departamento e divisão - até a de suspensão máxima 
de trinta dias. 
 
Veja que há uma gradação hierárquica, em que a competência para 
aplicar a pena vai ficando mais restrita a medida que o nível hierárquico 
vai diminuindo. 
 
Havendo mais de um infrator e diversidade de sanções, a competência 
será da autoridade responsável pela imposição da penalidade mais grave. 
 
Na aplicação das penas disciplinares serão considerados a natureza e a 
gravidade da infração e os danos que dela provierem para o serviço 
público. 
 
O Estatuto, pelo que vimos, determina que das penalidades sejam 
aplicadas de forma proporcional à infração cometida; assim, procura dar 
limites à discrição da autoridade para aplicação das penas. De qualquer 
forma, a punição arbitária, imotivada e que for aplicada sem a 
observância do devido processo é nula. 
 
As penas aplicadas ao servidor ficam registradas nos seus assentamentos 
individuais. 
 
4.3 Extinção da punibilidade 
 
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O Estatuto prevê que o tempo decorrido entre a infração e a ação da 
administração para puni-la pode levar à prescrição, pela qual se extingue 
a punibilidade. 
 
A partir do dia em que a falta foi cometida, ou, no caso da ausência 
continuada, a partir do retorno do servidor ao serviço, começa a correr o 
prazo de prescrição, que é graduado conforme a gravidade da falta e a 
penalidade aplicável. 
 
Penalidade Prazo prescricional 
Repreensão, suspensão ou multa 2 anos 
Demissão, demissão a bem do 
serviço público, cassação de 
aposentadoria 
5 anos 
Demissão ou mais grave, quando 
a falta for também crime 
tipificado 
Prazo de prescrição da pena 
criminal, se maior que 5 anos 
 
Prevalece o prazo previsto na lei penal, nos casos em que o ilícito 
administrativo também for crime, e a prescrição na esfera criminal for 
superior a 5 anos. Apenas por curiosidade, esses prazos prescricionais são 
enumerados no Artigo 109 do Código Penal. 
 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença 
final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se 
pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, 
verificando-se: 
 I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
 II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito 
anos e não excede a doze; 
 III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro 
anos e não excede a oito; 
 IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos 
e não excede a quatro; 
 V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, 
sendo superior, não excede a dois; 
 VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) 
ano. 
 
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4.3.1 Interrupção da prescrição 
 
A instauração de sindicância ou de processo administrativo interrompe o 
fluxo do prazo prescricional. Ou seja, a administração pode iniciar um 
processo administrativo relativo a uma falta sujeita a multa depois de um 
ano e onze meses da infração, sem risco de ocorrer a prescrição no 
decorrer do processo. 
 
O prazo prescricional não corre se houver insubsistência de vínculo, com 
posterior restabelecimento; ou seja, se servidor faltoso pede exoneração 
antes de eventual punição, e reingressa, não correu a prescrição a favor 
dele durante esse período em que esteve fora do serviço público. 
 
O EFP prevê ainda que, por decisão motivada da autoridade competente 
para aplicar a pena, o processo administrativo pode ser sobrestado, ou 
seja, suspenso, aguardando decisão judicial relativa ao caso. Nessa 
hipótese, não corre também o prazo prescricional. 
 
Uma vez reconhecida pela Administração a existência de prescrição, a 
autoridade responsável pelo processo tem a obrigação de determinar as 
providências necessárias à apuração da responsabilidade pela sua 
ocorrência. 
 
Diversa da prescrição é a limitação posta pelo Estatuto aos efeitos das 
penalidades; a semelhança entre elas é que são limites temporais. 
 
A lei determina que decorridos 5 anos de exercício a partir do 
cumprimento da sanção, sem cometimento de nova infração, a infração 
que motivou a sanção não pode mais ser considerada em prejuízo do 
infrator. Isso significa “apagar a mácula”; de qualquer forma, não pode a 
disciplina administrativa pretender fazer pagar a infração com pena 
superior à determinada em lei. 
 
Além disso, o EFP dispõe que a demissão e a demissão a bem do serviço 
público acarretam a incompatibilidade para nova investidura em cargo, 
função ou emprego público, pelo prazo de 5 e 10 anos, respectivamente. 
Depois desse prazo, o servidor pode até retornar aos Quadros do serviço 
público. 
 
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Os procedimentos administrativos disciplinares são o meio usado pela 
administração para apurar os fatos envolvendo a eventual infração, a 
responsabilidade por ela, e para aplicar a penalidade, se for o caso. 
 
Nunca é demais que enfatizar que dentro da administração pública deve 
sempre prevalecer o princípio do devido processo legal, da ampla defesa e 
do contraditório, sem o que todo procedimento padece de incurável 
nulidade. 
 
O servidor sujeito a procedimento ou processo administrativo não precisa 
contar com os serviços de um advogado em sua defesa, embora isso lhe 
seja facultado. 
 
Em São Paulo, no âmbito do Poder Executivo, a responsabilidade pela 
condução dos procedimentos disciplinares recai, via de regra, sobre a 
Procuradoria Geral do Estado, na forma do Decreto 54.050/2009, que 
extinguiu as antigas Comissões Processantes Permanentes, antes 
existentes nos órgãos, secretarias etc., presididas por Procurador, cf. art. 
271 do EFP. 
 
Há carreiras que contam com estruturas próprias de correição, como as 
Polícias Civil e Militar, e o Fisco estadual, com leis específicas; não 
obstante, o processo administrativo se dá em conformidade com o 
previsto no Estatuto. 
 
Nos outros Poderes, da mesma forma, o EFP baliza o processo 
administrativo disciplinar conduzido no Tribunal de Justiçapela sua 
Corregedoria, na Assembléia Legislativa pela sua Comissão Processante, e 
no Tribunal de Contas pela sua Corregedoria. 
 
5.1 Espécies de procedimentos disciplinares 
 
O Estatuto prevê três tipos de procedimentos disciplinares, um 
preparatório, ou preliminar, e outros dois punitivos. O procedimento 
preliminar, chamado de apuração preliminar, destina-se a investigar a 
existência da falta e sua autoria. 
 
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Caso a investigação conclua pela existência da falta, segue-se o 
procedimento punitivo, pelo qual se pode aplicar penalidade ao servidor 
culpado. Os procedimentos punitivos são a Sindicância e o Processo 
Administrativo Disciplinar. 
 
A distinção entre os procedimentos punitivos é que a Sindicância é 
instaurada quando a falta disciplinar pode determinar penas de 
repreensão, suspensão ou multa. Caso a falta possa sujeitar-se às penas 
de demissão, demissão a bem do serviço público e cassação de 
aposentadoria e disponibilidade, será instaurado o Processo 
Administrativo Disciplinar. 
 
 
Os procedimentos disciplinares 
 
5.2 Apuração Preliminar 
 
O procedimento preliminar destina-se a verificar a existência de eventual 
falta, ante indícios quaisquer. Neste caso, a autoridade que tiver 
conhecimento de irregularidade está obrigada a tomar providências para 
sua imediata apuração. É a chamada apuração preliminar. 
 
Ou seja, se há indícios de falta, a autoridade deve realizar investigação, 
para determinar se de fato houve infração, e se há responsabilidade de 
servidor. 
 
Artigo 265 — A autoridade realizará apuração preliminar, de 
indícios 
Apuração 
Preliminar 
Sindicância 
 
falta mais leve 
Processo Administrativo 
Disciplinar 
 
falta mais grave 
arquivo 
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natureza simplesmente investigativa, quando a infração não estiver 
suficientemente caracterizada ou definida autoria. 
§ 1º — A apuração preliminar deverá ser concluída no prazo de 30 
(trinta) dias. 
§ 2º — Não concluída no prazo a apuração, a autoridade deverá 
imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete relatório das 
diligências realizadas e definir o tempo necessário para o término 
dos trabalhos. 
§ 3º — Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá 
opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela instauração 
de sindicância ou de processo administrativo. 
 
Antes do processo administrativo propriamente dito, há a apuração 
preliminar, realizada mediante a notícia recebida pela autoridade de 
possível irregularidade. Ela é realizada caso não esteja suficientemente 
caracterizada a infração, ou definida a autoria. 
 
A autoridade que presidir a apuração deverá buscar os elementos 
indispensáveis para tentar estabelecer a verdade dos fatos, tais como: 
autor do fato, se houver, e sua qualificação; quando o fato ocorreu (hora, 
dia, mês, ano, ou data aproximada); local do fato; quais as provas 
existentes (documentos, testemunhas, denúncias, atestados, etc.); as 
faltas cometidas; o montante do prejuízo, se houver. 
 
Há outros elementos, embora não sejam indispensáveis, que podem 
constar da apuração preliminar, e serão úteis no desenvolvimento do 
procedimento disciplinar, como a motivação para a prática do ilícito, por 
exemplo. 
 
As apurações preliminares podem ser presididas por um único servidor. O 
EFP fala em “autoridade” responsável, e vimos que o poder disciplinar da 
administração tem relação, embora não se confunda, com o poder 
hierárquico. Assim, a realização de apuração preliminar pode ser 
determinada por qualquer autoridade, até o diretor de serviço. Pode 
delegar a servidor sob suas ordens a realização das providências 
pertinentes. 
 
A apuração preliminar deverá ser concluída no prazo de trinta dias. Não 
concluída neste prazo, a autoridade encarregada da apuração deverá 
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encaminhar ao chefe de gabinete relatório das diligências realizadas e 
definir o tempo necessário para o término dos trabalhos. 
 
Ao final dos trabalhos de apuração, o servidor que presidir a investigação 
deve opinar fundamentadamente acerca dos resultados do seu trabalho, 
para propor o arquivamento do expediente/processo, caso os indícios 
sejam infundados, OU a instauração de procedimento disciplinar punitivo, 
como vimos, Sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar. 
 
5.3 
 
Concluída a apuração preliminar, com parecer concluindo pela existência 
de falta, e de falta sujeita a demissão, demissão a bem do serviço público 
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade, a autoridade 
competente deve determinar a instauração de Processo Administrativo 
Disciplinar (PAD). 
 
São competentes para determinar a instauração de PAD as seguintes 
autoridades: 
 
 o Governador; 
 os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Estado e os 
Superintendentes de Autarquia; 
 os Chefes de Gabinete 
 os Coordenadores 
 
O PAD é geralmente conduzido por Comissão Processante. O Presidente 
da Comissão deverá promover em até 8 dias da determinação da 
autoridade competente a abertura do Processo. A instauração é feita por 
meio de Portaria, forma de ato administrativo, como vocês já estudaram 
em Direito Administrativo. 
 
Certas formalidades, previstas na lei estatutária, são obrigatórias, pois 
configuram o devido processo legal; sua inobservância pode acarretar até 
a nulidade do procedimento. 
 
Por exemplo, da Portaria de instauração do devem constar: o nome e 
identificação do acusado; a descrição sucinta dos fatos; a infração que lhe 
é atribuída, com a indicação das normas infringidas; a penalidade mais 
elevada em tese cabível. 
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A seguir, a próxima providência deve ser despacho do Presidente da 
comissão, fixando da data de audiência de interrogatório do acusado, e 
determinando a sua citação. 
 
A citação é ato formal que dá ciência ao servidor das acusações que lhe 
são imputadas, para que se defenda. Dá-se formalmente através do 
mandado de citação, documento que deve conter cópia da Portaria inicial, 
e informar a data e local para a oitiva do acusado. O acusado deve estar 
acompanhado de advogado; caso não tenha será defendido por advogado 
dativo. Além disso, mesmo que não constitua advogado inicialmente, 
pode vir a constituí-lo durante o processo. 
 
A citação deve ser pessoal, diretamente ao acusado, ou por meio do 
superior hierárquico, nunca a menos de dois dias da data do 
interrogatório. Caso seja impossível localizar o servidor acusado, pode-se 
em último caso pode-se fazer a citação por edital, publicado no Diário 
Oficial. 
 
Nem sempre o procedimento disciplinar se inicia devido a uma denúncia 
formal. Caso haja denunciante, este deve ser chamado a depor sobre os 
fatos que denuncia, antes do interrogatório do acusado. O acusado ficará 
ciente da data e da hora do depoimento do denunciante através do 
mandado de citação. Seu advogado deve acompanhar o depoimento, mas 
não ele, que, de resto, pode ficar ciente do que declarou o denunciante 
antes do seu próprio interrogatório. O depoimento de denunciante não é 
nem prova nem testemunho, é apenas um acréscimo à denúncia inicial. 
 
Na data e hora designadas, o acusado deve comparecer para responder à 
inquirição da comissão processante. Caso não compareça,o presidente 
pode designar nova data, ou declarar a sua revelia, nomeando desde logo 
advogado dativo, de forma a que o acusado não deixe de exercer sua 
defesa. As declarações serão reduzidas a termo, isto é, formalmente 
transcritas, e assinadas pelo acusado, com o que podem ser juntadas ao 
processo, ou seja, passam a fazer parte do processo. São formalidades 
necessárias para o curso normal do processo. 
 
O acusado pode requerer que sejam ouvidas até 5 testemunhas, e terá 
prazo de 3 dias a partir da data do interrogatório para produzir e 
apresentar provas em sua defesa, caso requeira. Além disso, o acusado 
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pode assistir a todos os atos do processo, e tomar ciência do seu 
conteúdo. O presidente da comissão poderá solicitar o depoimento de 
outras 5 testemunhas também, no período de Instrução do Processo. 
 
5.3.1 Instrução 
 
Inquiridos os acusados, inicia-se a instrução do processo, durante a qual 
virão aos autos as provas testemunhais, documentais, ou periciais que 
forem produzidas. 
 
Inicialmente o Presidente deve indicar as testemunhas arroladas pela 
Comissão, e pelo acusado, e tomar providências para a notificação delas, 
marcando data e hora da tomada de declarações. A oitiva das 
testemunhas deve seguir a ordem, primeiro as da comissão, depois as 
do acusado. 
 
Se a testemunha for servidor, e recusar-se a depor, pode ter seu salário 
suspenso até atender à solicitação da administração; aliás, isso pode ser 
feito a qualquer servidor que recusar-se a atender solicitação da comissão 
no andamento do processo. 
 
Sendo servidor, terá direito a indenização de transporte e diárias se tiver 
de depor em outra cidade. Além disso, o depoimento no processo 
disciplinar pode ser tomado por carta precatória, pela “autoridade do 
lugar”, como diz o EFP. Em suma, nos termos legais, essa autoridade não 
tem nem de ser do mesmo órgão do acusado. 
 
O depoimento das testemunhas será reduzido a termo e juntado aos 
autos, conforme já vimos. 
 
Além disso, o presidente pode solicitar, a qualquer tempo, que se façam 
diligências, motivadamente, ou requisitar o serviço de peritos. 
 
5.3.2 Impedimentos 
 
A testemunha não pode deixar de depor, a não ser que seja ascendente, 
descendente, cônjuge, ainda que legalmente separado, companheiro, 
irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto 
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova 
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do fato e de suas circunstâncias. Da mesma forma, os parentes do 
denunciante são proibidos de depor, observada a mesma exceção. 
 
Além disso, são proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, 
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
 
Estes são os impedimentos para testemunhas; além disso, o EFP prevê 
restrições para atuação de parentes e pessoas próximas ao acusado e ao 
denunciante no processo administrativo, como membro da comissão 
processante, e nem mesmo na apuração preliminar. Assim, não pode 
tomar parte no processo pessoa que for amigo íntimo ou inimigo, parente 
consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau 
inclusive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo familiar 
do denunciante ou do acusado, bem assim o subordinado deste. 
 
Há também modalidades de impedimento ao exercício do cargo, ou 
afastamento do acusado, que a autoridade responsável pode determinar, 
motivadamente, durante o processo, e em benefício deste. São as 
seguintes: 
 
I — afastamento preventivo do servidor, quando o recomendar a 
moralidade administrativa ou a apuração do fato, sem prejuízo de 
vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis 
uma única vez por igual período; 
II — designação do servidor acusado para o exercício de atividades 
exclusivamente burocráticas até decisão final do procedimento; 
III — recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e algemas; 
IV — proibição do porte de armas; 
V — comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser estabelecida, 
para tomar ciência dos atos do procedimento. 
 
5.3.4 Fatos novos; fim da instrução 
 
Se, no decorrer dos procedimentos de instrução, ou mesmo antes, forem 
constatados novos fatos imputáveis ao acusado, pode ser iniciado novo 
procedimento, ou aditada a portaria de instauração para dar conta dos 
fatos novos, reabrindo-se a possibilidade de defesa. 
 
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No curso normal do Processo, verificando-se realizadas todas as 
providências para produção de provas na instrução, o Presidente encerra 
a instrução probatória. 
 
Segue-se prazo de 7 dias para apresentação de alegações finais pela 
defesa; caso não sejam apresentadas no prazo, o Presidente designará 
advogado dativo para fazê-lo. 
 
Apresentadas as alegações finais, a Comissão tem 10 dias para concluir 
seu relatório a respeito do caso, que deverá descrever, em relação a cada 
acusado, separadamente, as irregularidades imputadas, as provas 
colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição ou punição, e 
indicando, nesse caso, a pena que entender cabível. Além disso, o 
relatório pode conter sugestão de quaisquer outras providências de 
interesse do serviço público. 
 
Uma vez juntado o relatório aos autos, o processo será encaminhado à 
autoridade que determinou sua instauração. 
 
Recebendo o processo relatado, a autoridade que houver determinado sua 
instauração deverá, no prazo de 20 dias, proferir o julgamento ou, se 
julgar necessário para formar sua convicção, determinar a realização de 
diligência adicional, sempre que necessária ao esclarecimento de fatos. 
 
Caso as penalidades eventualmente resultantes estejam além da 
competência da autoridade que determinou a instauração, esta deverá 
propô-las à autoridade competente, enviando-lhe o processo. 
 
As decisões serão sempre publicadas no Diário Oficial do Estado, bem 
como averbadas no registro funcional do servidor. 
 
5.3.5 Imputação de Crime 
 
Quando ocorrem simultaneamente crime e infração administrativa, a 
autoridade administrativa e a criminal devem colaborar umas com as 
outras, na forma dos Artigos transcritos abaixo. 
 
Artigo 302 — Quando ao funcionário se imputar crime, praticado na 
esfera administrativa, a autoridade que determinou a instauração do 
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processo administrativo providenciará para que se instaure, 
simultaneamente, o inquérito policial. 
Parágrafo único — Quando se tratar de crime praticado fora da 
esfera administrativa, a autoridade policial dará ciência dele à 
autoridade administrativa. 
Artigo 303 — As autoridades responsáveis pela condução do 
processo administrativo e do inquérito policial se auxiliarão para que 
os mesmos se concluam dentro dos prazos respectivos. 
Artigo 304 — Quando o ato atribuído ao funcionário for considerado 
criminoso, serão remetidas à autoridade competente cópias 
autenticadas das peças essenciais do processo. 
 
 
5.4 Abandono de cargo 
 
Nos casos de abandono de cargo, sujeito à pena de demissão, é 
necessário instaurar processo administrativo disciplinar. Mas é 
desnecessária a apuração preliminar, pois está clara desde logo a autoria, 
mediante Certidãode freqüência do órgão de recursos humanos. Os 
demais procedimentos devem ser realizados. O processo será extinto caso 
o servidor pela exoneração até a data de seu interrogatório pela 
comissão. 
 
5.5 Sindicância 
 
A sindicância, como vimos, é um procedimento disciplinar destinado a 
punir por falta menos grave, sujeita a repreensão, suspensão ou multa. É 
um processo mais sucinto; o EFP sujeita a Sindicância às mesmas regras 
do PAD, exceto que o acusado e a comissão podem arrolar até 3 
testemunhas, o prazo dos trabalhos é de 60 dias, e, quanto às 
autoridades que podem instaurá-la, além das previstas para o PAD, 
incluem-se os Diretores de Departamento e Divisão. 
 
O Estatuto prevê ainda novas possibilidades de exame da matéria julgada 
em procedimento disciplinar, de forma a dar ensejo à ampla defesa, e em 
respeito ao devido processo. São o recurso e a revisão, previstas nos 
artigos 312 a 321. 
 
5.6 Recurso 
 
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Caberá recurso contra decisão que aplicar penalidade; pode ser formulado 
dentro do prazo de trinta dias, contados desde a publicação da decisão. 
 
Do recurso deverá constar, além do nome e da qualificação do recorrente, 
a exposição das razões de inconformismo, e a autoridade que aplicou a 
pena terá prazo de dez dias para manter sua decisão ou reformá-la. Caso 
mantenha, a autoridade deve submeter o recurso, de ofício, ao superior 
hierárquico. 
 
O recurso será apreciado pela autoridade competente, ainda que 
incorretamente denominado ou endereçado. 
 
O recurso a decisão do Governador, que não possui superior hierárquico, 
é chamado de reconsideração. A reconsideração, que só pode ser 
solicitada uma vez, tem por objeto decisão tomada pelo governador do 
Estado, em única instância. 
 
Os recursos não têm efeito suspensivo; o que for provido dará lugar às 
retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo. 
 
5.6.1 Revisão 
 
Se surgirem fatos ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios 
insanáveis de procedimento que possam justificar a redução ou a 
anulação da pena aplicada, admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão da 
punição disciplinar da qual não caiba mais recurso. 
 
A competência para efetuar a revisão será da autoridade que aplicou a 
penalidade, ou da que a tiver confirmado em grau de recurso. 
 
A pena imposta não será agravada pela revisão. O ônus da prova caberá 
ao requerente. 
 
A decisão que julgar procedente a revisão poderá alterar a classificação 
da infração, absolver o punido, modificar a pena ou anular o processo, 
restabelecendo os direitos atingidos pela decisão reformada. Não tem 
efeito suspensivo, da mesma forma que o recurso. 
 
5.7 Nulidade 
 
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Os atos nulos só prejudicarão a validade do processo e de eventual 
penalidade se tiverem influído na apuração da verdade ou diretamente na 
decisão do processo ou sindicância. 
 
6. Considerações finais 
 
Meus caros amigos e amigas, chegamos com isso ao final da nossa última 
aula sobre o Estatuto. Espero que tenha sido proveitosa essa última aula, 
e que vocês relembrem as anteriores, de forma que as três aulas formem 
um todo. 
 
Transcrevi do Estatuto apenas os artigos que me pareceram importantes, 
e que quase se explicavam por si. Espero que essas três aulas tenham 
explicado a Lei em sua totalidade para vocês; de qualquer forma, se 
alguém quiser ler o texto legal na sua totalidade, embora eu tenha feito 
as aulas para dispensá-los disso, pode consultar o endereço: 
 
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1968/compilacao-
lei%20n.10.261,%20de%2028.10.1968.htm 
 
É um link atualizado; cuidado para não acessar um outro texto, via 
Google, que não esteja atualizado. Se você abrir a versão original do 
Estatuto (e existe na internet), vai ficar confuso. Cuidado! 
 
Fico a disposição de vocês para resolver quaisquer dúvidas através do e 
mail marcosvanacker@estrategiaconcursos.com.br . 
 
De resto, desejo a vocês muita tranqüilidade, muitos estudos nessa reta 
final, sem ansiedade, e, como nunca é demais, BOA SORTE! 
 
Deixo algumas questões para que vocês possam se divertir! 
 
Abraços, 
 
Marcos 
 
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QUESTÕES COMENTADAS 
 
1. (Esaf/ANA/2009 – adaptada) São hipóteses de demissão a bem do 
serviço público do servidor regido pela Lei 10.261/68: 
 
I. agressão física a um colega de trabalho, no ambiente interno da 
repartição, salvo legítima defesa; 
II. enriquecimento ilícito no exercício da função; 
III. divulgar informação obtida em razão do cargo, mas que deveria 
permanecer em segredo; 
IV. praticar a usura. 
 
Estão corretas: 
 
a) todas as alternativas; 
b) as alternativas I, II e III; 
c) as alternativas I e II; 
d) as alternativas II e III; 
e) nenhuma das alternativas. 
_______________ 
Comentários: 
 
A usura é vedada no EFP, muito provavelmente pela ascendência que o 
credor pode adquirir sobre os devedores, interferindo até na hierarquia 
funcional, que, como vimos, é importante no serviço público. De qualquer 
forma, é penalizada no EFP com a cassação de aposentadoria e 
disponibilidade. As demais condutas são penalizáveis com a demissão a 
bem do serviço público. 
 
Gabarito: B 
 
2. (Cespe-UNb/TRT-RJ/2008 – adaptada) As penalidades administrativas 
previstas no Estatuto incluem a: 
 
I. demissão; 
II. exoneração; 
III. repreensão; 
IV. expulsão. 
 
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A quantidades de item certos é igual a: 
 
a) 1 
b) 2 
c) 3 
d) 4 
_______________ 
Comentários: 
 
Vimos que exoneração é hipótese de vacância não decorrente de 
penalidade. Não existe previsão de expulsão tecnicamente no EFP. 
Portanto, temos 2 itens corretos. 
 
Gabarito: B 
 
3. (2010/FCC – DEFENSORIA/SP – OFICIAL) A responsabilização do 
funcionário público na esfera administrativa 
(A) impede a instauração de processo para aplicação de penalidade civil 
ou penal. 
(B) não exime o funcionário da responsabilidade civil ou criminal cabível. 
(C) não exime o funcionário da responsabilidade penal, vedada, 
entretanto, a responsabilização civil. 
(D) impede a instauração de processo penal, cabível, apenas o 
arbitramento de indenização na esfera civil. 
(E) não exime o funcionário da responsabilidade civil, ficando o processo, 
no entanto, suspenso até o trânsito em julgado da decisão administrativa. 
Comentários: 
Vamos falar um pouco da responsabilização do servidor estadual de SP, a 
partir de entendimentos da doutrina, inicialmente, e citando na Lei 
10.261, de 1968, o dispositivo necessário para gabaritarmos essa 
questão. 
Cargos públicos devem ser exercidos com normalidade, ou seja, dentro 
dos limites da Lei. O indevido exercício do cargo levará o seu 
ocupante, o servidor, a responder pelas infrações cometidas. 
Conhecidamente, a responsabilização do servidor pode ocorrer em três 
esferas: civil (prejuízo material), penal (crimes e contravenções) e 
administrativa, de acordo com o caso. 
Essas esferas, com as respectivas penalidades, ainda que 
independentes, poderão ser cumulativas, é dizer, um servidor que 
tenha sofrido uma sanção na esfera administrativa poderá também ser 
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apenado cível e penalmente, em razão de um mesmo fato. Destrinche-se 
essa última assertiva, tendo em conta, sobretudo, a apuração criminal. 
 
A absolvição penal negando a autoria do crime ou a afirmando a 
inexistência do fato interfere nas outras duas esferas (civil e 
administrativa). 
Quanto à esfera administrativa, basta ver o §2º do art. 250 da 10.261, 
que está em linha com a 8.112, nesse ponto. 
Por que a esfera criminal repercute nas demais? 
Isso se deve à apreciação das provas na esfera criminal, que é muito mais 
ampla, mais minudente. De fato, o Juiz criminalista é o mais cuidadoso 
possível na condução do processo de sua competência e na aplicação da 
pena de sua alçada, até tendo em conta que as penas “capitais” em nosso 
país, praticamente, vêm da esfera criminal (não há prisão por dívida/civil 
no Brasil, salvo aquele caso “bobo” que o examinador não coloca mais em 
prova: não pagamento de pensão alimentícia). 
De toda forma, se na esfera criminal houve a absolvição por 
insuficiência de provas, o resultado não interfere nas demais 
instâncias, nas quais se poderia muito bem aplicar punições ao servidor 
infrator. Um pequeno exemplo simplifica. 
Suponhamos que haja desaparecido um note book na Secretaria de 
Fazenda. Feita a denúncia criminal e instaurado o processo judicial, 
o Juiz responsável absolve o potencial infrator, pela falta de provas 
cabais que levem à conclusão de aquele servidor seria, 
efetivamente, o culpado. A situação, que não é tão rara, ocorre, no 
essencial, por conta de dois princípios: em dúvida, em benefício do 
réu; e, todos são inocentes até que se PROVE o contrário. Desse 
modo, havendo dúvida se o servidor seria, ou não, culpado, resta 
ao Juiz absolvê-lo. Pois bem. Instaurado um processo administrativo 
(de natureza disciplinar), a Administração estaria impedida de 
aplicar uma punição ao faltoso? NÃO. Por exemplo: adverti-lo, em 
razão de não ter guardado o equipamento em local adequado, no 
qual ficasse fora do alcance de pessoas mal intencionadas. Em 
suma: é possível punição administrativa no caso de absolvição 
criminal por insuficiência de provas, até em razão mesmo da 
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natureza das punições administrativas, bem mais “leves” que as 
criminais. Alguns autores gostam de chamar essa situação de 
“resíduo administrativo”: a infração potencial não poderia ser 
punida criminalmente, ante a insuficiência de provas para tanto, 
mas poderia ser punida administrativamente, desde que haja 
provas para tal fim. Desnecessária, portanto, a conclusão (ou 
sequer a instauração) de processo criminal para que uma eventual 
punição administrativa seja aplicada a um servidor faltoso. 
 
Há muita controvérsia doutrinária a respeito da condenação na esfera 
penal. A controvérsia está em saber se sentença condenatória, afinal, 
repercute, ou não, na esfera administrativa. No entendimento majoritário 
da doutrina, não há influência direta da esfera penal, nessa hipótese 
(condenação). Desse modo, caso o judiciário condene o servidor, a 
sentença deverá especificar, se for o caso, quais os efeitos na esfera 
administrativa. 
A responsabilização civil pressupõe que houve um prejuízo material 
causado a alguém e tem por fim a reparação do dano. No caso de 
falecimento do servidor que houver proporcionado o prejuízo, a obrigação 
de ressarcir se estende aos herdeiros (sucessores) até o limite do valor da 
herança recebida. 
Todavia, a questão trata da responsabilidade administrativa do 
servidor, ou seja, pelo indevido exercício de seu cargo. Nesse quadro, 
reitero: as esferas são independentes, sendo que um só fato pode 
levar à responsabilização nas três esferas. Assim, mesmo que o 
servidor seja responsabilizado, administrativamente, pode, ainda, 
responder civil e administrativamente, nos termos do art. 250 da 10.261. 
Olha só o que consta do dispositivo: 
Artigo 250 - A responsabilidade administrativa não exime o 
funcionário da responsabilidade civil ou criminal que no caso 
couber, nem o pagamento da indenização a que ficar 
obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o exame da pena 
disciplinar em que incorrer. 
Ficou fácil agora: LETRA B, pois mesmo que o servidor seja “condenado” 
administrativamente, pode responder, ainda, nas duas outras duas 
esferas. 
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Gabarito: B. 
 
4. (2004/VUNESP – TJ/SP – Escrevente) Nos termos da Lei n.o 10.261/68 
e suas alterações, o funcionário é responsável por todos os prejuízos que, 
nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual, 
(A) só por dolo, devidamente apurado. 
(B) só por culpa, devidamente apurada. 
(C) independentemente de dolo ou culpa, mas com averiguação 
preliminar para indicar o causador do dano. 
(D) por dolo ou culpa, devidamente apurados. 
(E) por mera culpa levíssima, independentemente de prévia apuração. 
Comentários: 
A questão é relativamente simples, desde que vejamos o que diz o art. 
245 da Lei 10.261: 
O funcionário é responsável por todos os prejuízos que, nessa 
qualidade, causar à Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, 
devidamente apurados. 
Logo, gabarito: letra D. 
Apenas um “aviso”: o servidor responde subjetivamente, ou seja, só 
se for culpado (em sentido amplo, envolvendo dolo e culpa) pelo 
prejuízo causado a alguém. Já a responsabilidade da Administração 
Pública PODERÁ SER OBJETIVA, nos termos do §6º do art. 37 da 
CF/1988. 
 
Gabarito: alternativa D. 
 
5. (2010/FCC – TCE/SP – AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA) O 
funcionário é responsável por todos os prejuízos que, nessa qualidade, 
causar à Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados, 
caracterizando, dentre outras hipóteses, a responsabilidade por qualquer 
erro de cálculo ou redução contra a Fazenda Estadual. Neste caso, não 
tendo havido má-fé, será aplicada a pena de 
(A) repreensão e, na reincidência, a de demissão. 
(B) suspensão e, na reincidência, a de demissão. 
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(C) repreensão e, na reincidência, a de suspensão. 
(D) demissão. 
(E) multa pecuniária cumulada com repreensão. 
Comentários: 
Para um primeiro esclarecimento, vejamos o que diz o art. 251 da norma: 
Artigo 251 - São penas disciplinares: 
I - repreensão; 
II - suspensão; 
III - multa; 
IV - demissão; 
V - demissão a bem do serviço público; e 
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade 
Note que, no lugar da advertência, a 10.261 fala de “repreensão”, que 
é uma penalidade menos severa que as demais. Para chegar ao 
gabarito da questão, precisamos de uma interpretação sistemática. 
Primeiro, olha o que diz o parágrafo único do art. 248 da Lei 10.261: 
Parágrafo único - No caso do item IV do parágrafo único do 
art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de 
repreensão e, na reincidência, a de suspensão. 
Já o referido item IV do parágrafo único do art. 245 diz: 
Parágrafo único - Caracteriza-se especialmente a 
responsabilidade: 
IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda 
Estadual. 
Daí fica assim: o servidor do estado de São Paulo que proceder a erro de 
cálculo ou redução contra a Fazenda Estadual será devidamente 
responsabilizado, sujeitando-se à pena de repreensão, que é mais “light”. 
Se houver reincidência, sujeitar-se-á à suspensão. E tudo isso se não 
houver má-fé. Assim, procura lá nas assertivas, o gabarito... Achou? Isso 
mesmo, letra C! 
Gabarito: C.6. (2010/FCC – DEFENSORIA/SP – OFICIAL) De acordo com o rol 
elencado pela Lei Estadual no 10.261/68 (Estatuto dos Funcionários 
Públicos Civis do Estado), podem ser aplicadas como penalidades 
disciplinares aos funcionários públicos: 
(A) remoção e demissão. 
(B) aposentadoria compulsória e multa. 
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(C) advertência e exoneração a bem do serviço público. 
(D) cassação de aposentadoria e suspensão. 
(E) repreensão e remoção. 
Comentários: 
A gente já viu quais são as penas aplicáveis aos servidores do Estado de 
SP. Só para repassar o art. 251 da 10.261. Vejamos, de novo, as 
penalidades aplicáveis: 
I - repreensão; 
II - suspensão; 
III - multa; 
IV - demissão; 
V - demissão a bem do serviço público; e 
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade 
Gabarito, mole, letra D, claro. Mas vamos fazer alguns comentários aos 
outros itens: 
- na letra “A”: remoção não é punição, mas sim forma de ajuste de 
lotação, na 10.261. Caso queiram, façam breve leitura do art. 43 ao 46 
da norma. 
- na letra “B”: aposentadoria compulsória, para servidores públicos 
estatutários, não é penalidade, mas consequência de se ter atingido a 
“idade-limite” para o desempenho do cargo público, qual seja, 70 anos de 
idade. Ah – a aposentadoria é “tão compulsória” que ela é dada 
independente de publicação do ato. Vejam no art. 224 da 10.261, 
para confirmar: 
Artigo 224 - A aposentadoria compulsória prevista no item II 
do art. 222 é automática. 
Parágrafo único - O funcionário se afastará no dia imediato 
àquele em que atingir a idade limite, independentemente 
da publicação do ato declaratório da aposentadoria. 
Ou seja, completou 70 anos, parceiro, já era! Acabou! É fim! Ainda bem, 
aliás... 
- letra “C”: não existe hipótese de exoneração a bem do serviço 
público. Seria DEMISSÃO a bem do serviço público. 
- letra “E”: vide comentários da letra A, quanto à remoção, que não é 
penalidade, como dissemos. 
Gabarito: D. 
7. (2004/VUNESP – TJ/SP – Escrevente) O Estatuto dos Funcionários 
Públicos Civis do Estado de São Paulo (Lei n.o 10.261/68 e suas 
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alterações) estabelece que o funcionário que sofrer pena de suspensão, 
aplicada em caso de falta grave ou de reincidência, 
(A) perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício do seu 
cargo. 
(B) perderá apenas as vantagens pessoais decorrentes do exercício do 
cargo. 
(C) perderá somente o número de dias referentes aos da sua suspensão, 
se eles excederem noventa dias. 
(D) perderá somente o número de dias referentes aos da sua suspensão. 
(E) não perderá nenhuma vantagem ou direito decorrente do exercício do 
cargo. 
Comentários: 
Esta questão não é de direito. É de lógica. Volta e meia alguém pergunta 
em sala de aula: professor, o servidor durante o período em que está 
suspenso, ele recebe alguma remuneração? Claro que não! Se recebesse, 
viraria férias! Olha só o que dia o art. 254: 
§ 1º - O funcionário suspenso perderá todas as 
vantagens e direitos decorrentes do exercício do cargo. 
Ficou mole... Letra A, claro! 
Dois detalhes: 
a) Alguns podem ter estranhado o comando do item, que diz que o 
funcionário que sofrer pena de suspensão, aplicada em caso de 
falta grave ou de reincidência... Mas, reincidência de quê, 
alguns devem ter se perguntado. Na realidade, seria reincidência 
de hipótese de REPREENSÃO, à semelhança do que diz a 8.112, 
quanto à advertência: se o servidor federal reincidir em hipóteses 
de advertência, será SUSPENSO, por até 90 dias, que, aliás, é 
também o período máximo de suspensão, na Lei 10.261; e, 
b) A autoridade que aplicar a pena de suspensão pode converter 
essa penalidade em multa, na base de 50% (cinquenta por 
cento) por dia de vencimento ou remuneração, sendo o 
funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer em serviço. 
Assim, o servidor trabalhará 90 dias, mas receberá só 45 dias, caso 
a AUTORIDADE resolva converter a suspensão em multa. Notem 
que destacamos que a AUTORIDADE É QUEM DECIDE: se quiser, 
converte a suspensão na base de 50% valor/dia de vencimento ou 
remuneração. 
Gabarito: A. 
 
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8. (2010/VUNESP – TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA) 
Conforme o disposto na Lei n.o 10.261/68, o funcionário público que, 
comprovadamente, causou prejuízo em razão de erro de cálculo contra a 
Fazenda Estadual, mas não agiu de má-fé e não é reincidente, 
(A) ficará sujeito à pena de repreensão. 
(B) não deverá ser responsabilizado administrativamente. 
(C) estará sujeito à pena de exoneração do serviço público. 
(D) deverá ser demitido a bem do serviço público. 
(E) deverá ser suspenso das suas funções pelo prazo de 30 dias. 
Comentários: 
Fixação, pois resolvemos esta questão mais acima. Para fixar, mesmo, 
vejamos novamente, o art. 248: 
Parágrafo único - No caso do item IV do parágrafo único do 
art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de 
repreensão e, na reincidência, a de suspensão. 
Note que o comando do item fala que o servidor que comprovadamente, 
causou prejuízo, não agiu de má-fé, e, mais importante, NÃO É 
REINCIDENTE, pois, se fosse, seria suspenso. Como não é reincidente, 
fica sujeito à pena de repreensão. Logo, o gabarito é a letra A. 
Gabarito: A. 
 
9. (2006/VUNESP – TJ/SP – Escrevente) Consoante o Estatuto dos 
Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo, poderá ser aplicada a 
pena de: 
(A) demissão, nos casos de indisciplina. 
(B) multa e de repreensão, nos casos de procedimento irregular de 
natureza grave. 
(C) suspensão, por até 120 dias, no caso de aplicação indevida de 
dinheiro público. 
(D) suspensão, por até 180 dias, no caso de reincidência na ausência ao 
serviço, por mais de 60 dias durante um ano, sem causa justificável. 
(E) demissão nos casos de ineficiência no serviço. 
Comentários: 
Já vimos quais são as penalidades existentes no estatuto dos servidores 
de SP. Assim, nesta questão, vamos partir direto para os itens: 
- Letra a: ERRADO. Nos casos de indisciplina, a penalidade aplicável é a 
REPREENSÃO, nos termos do art. 253, 10.261. Não é demissão. 
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- Letra B: ERRADO. Procedimento irregular de natureza grave é 
hipótese de DEMISSÃO, não de multa/repreensão. Confiram no art. 
256, inc. II, 10.261. 
- Letra C: ERRADO. Aplicação indevida de dinheiro público é hipótese 
de DEMISSÃO, não de suspensão. Confiram no art. 256, inc. IV, da Lei 
10.261. 
- Letra D: ERRADO. O art. 256, inc. V, diz ser hipótese de demissão a 
ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45 
(quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 (um) ano. Não 
é suspensão, portanto. 
- Letra E: tá CERTA. A demissão, de acordo com o estatuto paulista, 
deve ser aplicada nos casos de ineficiência no serviço (art. 256, inc. 
III, da Lei 10.261). 
Gabarito: E. 
 
10. (2004/VUNESP – TJ/SP – Escrevente) É proibido ao funcionário 
público estadual, nos termos da Lei n.o 10.261/68 e suas alterações, 
(A) deixar de comparecer ao serviço com causa justificada. 
(B) entreter-se, durante as horas de trabalho, com leituras inerentes ao 
serviço. 
(C) ingerir bebidas alcoólicas fora do período de trabalho. 
(D) requerer privilégio de invenção própria.

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