Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/18 SEGURANÇA NO TRABALHO AULA 3 Prof.ª Karla Knihs 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/18 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo! Nesta aula, estudaremos como funcionam as férias após a Reforma Trabalhista. Estudaremos também o teletrabalho e o trabalho intermitente, duas novidades pós-reforma. Remuneração, salário e equiparação salarial serão objetos de estudo no Tema 3, bem como os adicionais de insalubridade, periculosidade e a questão do adicional noturno após a Reforma Trabalhista. Por fim, estudaremos a questão da rescisão contratual e o funcionamento da estabilidade provisória. Bons estudos! TEMA 1 – FÉRIAS Para o empregado ter direito às férias, é necessário que cumpra um período chama de período aquisitivo. Após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho haverá direito às férias, que devem ser concedidas (período concessivo) em no máximo 12 meses após a conclusão do período aquisitivo. Figura 1 – Férias 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/18 É possível que o número de faltas interfira nos dias de férias do trabalhador, conforme preceitua o art. 130 da CLT: Tabela 1 – Faltas e férias É possível, também, que o empregado perca o direito às férias, caso se enquadre em alguma das hipóteses do art. 133 da CLT: Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: I - deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 (sessenta) dias subseqüentes à sua saída; II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. § 1º - A interrupção da prestação de serviços deverá ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social. A CLT afirma, ainda, que as férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. Nesse particular, importante ressaltar a possibilidade trazida com a Reforma Trabalhista de que, desde que haja concordância do empregado, as férias sejam usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. Frise-se que o fracionamento das férias somente é possível por iniciativa do trabalhador, não podendo ser imposta pela empresa. A comprovação da iniciativa do fracionamento deve se dar por prova documental e, caso se comprove que a empresa impôs o fracionamento ao funcionário, poderá ser condenada ao pagamento das férias em dobro. 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/18 Além disso, segundo a nova redação dada ao parágrafo 3º do art. 134, é vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias. TEMA 2 – TELETRABALHO E TRABALHO INTERMITENTE Duas novidades trazidas pela Reforma Trabalhista referem-se ao teletrabalho, também conhecido como home office, que passou a ser expressamente previsto em lei, posto que, antes, não havia regulamentação da matéria. E também a polêmica criação da figura do trabalho intermitente, que tem suscitado inúmeras dúvidas e discussões nos ambientes de trabalho Vamos analisar cada uma dessas questões. 2.1 TELETRABALHO Não é incomum que, diante da facilitação do acesso à internet e tendo em vista o barateamento dos computadores e notebooks, as pessoas trabalhem de casa de forma autônoma, fazendo os famosos “freelas”. Entretanto, até mesmo empregados têm adotado a prática de trabalhar a partir de casa, praticando o home office ou o que a lei chama de teletrabalho. Antes da Reforma Trabalhista, não existia previsão clara na lei para as pessoas trabalharem na modalidade de teletrabalho, sendo a legislação nebulosa, razão pela qual essa lacuna legislativa criava enorme insegurança jurídica, tanto para empregadores quanto para empregados. Primeiramente, antes de tratar da recente reforma aludida, é importante tratar da lei sancionada pela Presidente Dilma Ruseff, em 15 de dezembro de 2011, que veio a alterar o art. 6º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, com a finalidade de equiparar os efeitos jurídicos da subordinação exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida por meios pessoais e diretos. A redação segue: Art. 1º - O art. 6º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/18 os pressupostos da relação de emprego. Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Compreende-se que o trabalho em domicílio, portanto, já era previsto na legislação trabalhista nacional. No entanto, ao nivelar os meios telemáticos e informatizados de comando, aos meios pessoais e diretos de controle e supervisão, a Lei n. 12.551/2011 afetava diretamente os casos em que o empregado, depois de encerrada a jornada, ficava à disposição para atender um novo serviço para a empresa, seja por meio de celular, telefone fixo ou e-mail. Portanto, com base no art. 6º da CLT, o entendimento era de que as horas em que o empregado estivesse à disposição do empregador deveriam ser pagas na equivalência de um terço do salário, como horas de sobreaviso, de acordo com o parágrafo 2º do art. 244 da CLT, vemos: CLT, art. 244, § 2º: Considera-se de "sobreaviso" o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. Cada escala de "sobreaviso" será no mínimo, de 24 (vinte e quatro) horas. As horas de "sobreaviso" para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1-3 (um terço) do salário normal. A redação dada à CLT em 2011 não condiz com a modalidade do teletrabalho proposta pela Reforma Trabalhista. Isso porque a redação dada é no sentido de equiparar o trabalhador em teletrabalho aos que não estão sujeitos ao controle de jornada, conforme o art. 62 da CLT: “Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: (...) III - os empregados em regime de teletrabalho”. Nessa medida, o trabalhador pode ser pago por meta ou por tarefa, por exemplo, sem que haja controle de jornada. Contudo, pode a empresa realizar controle de jornada, por exemplo, quando o trabalhador deve permanecer em frente ao computador das 10 horas às 16 horas para responder clientes via chat, sob supervisão remota e com controle de horário. Estando presente o controle de jornada, é possível o pagamento de horas-extras. Assim ficou a redação da CLT: CAPÍTULO II-A 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/18 (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) DO TELETRABALHO Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho observará o disposto neste Capítulo. Art. 75-B. Considera-seteletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. § 1o Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual. § 2o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual. Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado. Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador. A título de curiosidade, o Poder Judiciário já vinha adotando o teletrabalho com a publicação da Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) n. 227/2016, como forma de melhorar a eficiência na Administração Pública e aprimorar a gestão de pessoas. O Judiciário trabalha com metas de desempenho. É sabido que o teletrabalho é eficiente para o aumento da produtividade. 2.2 TRABALHO INTERMITENTE O trabalho intermitente é uma modalidade nova de contratação de trabalhadores, criada com a Reforma Trabalhista, mas que já existe no mundo há bastante tempo, como, por exemplo, nos Estados Unidos, há mais de 80 anos (Melek, 2017, p. 79). A CLT prevê, em seu art. 443, que “o 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/18 contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente” (grifo nosso). Segundo Martins (2017, p. 87), “considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e inatividade, determinados em dias, horas ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador”. Ainda, segundo o art. 452-A da CLT, “o contrato de trabalho intermitente será celebrado por escrito e registrado na CTPS, ainda que previsto acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva”. Deverá conter, ainda, a identificação, assinatura e domicílio ou sede das partes; o valor da hora ou do dia de trabalho, que não poderá ser inferior ao valor horário ou diário do salário mínimo, assegurada a remuneração do trabalho noturno superior à do diurno e o local e o prazo para o pagamento da remuneração. Compete ao empregador convocar, por qualquer meio de comunicação eficaz, o trabalhador para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de 24 horas para responder ao chamado, presumida, no silêncio, a recusa. A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. Ao final de cada período de prestação de serviços, na data acordada para o pagamento, o empregado receberá, de imediato, as seguintes parcelas: I. Remuneração; II. Férias proporcionais com acréscimo de um terço; III. Décimo terceiro salário proporcional; IV. Repouso semanal remunerado; V. Adicionais legais. Ainda, o recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas referidas acima. 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/18 Ao empregador também compete efetuar o recolhimento da contribuição previdenciária e do depósito do FGTS, devendo fornecer ao empregado o comprovante do cumprimento dessas obrigações. No tocante às férias, a cada 12 meses o empregado adquire o direito de usufruir, nos 12 meses seguintes, de um mês de férias, não podendo ser convocado a prestar serviço pelo mesmo empregador. Nessa modalidade, portanto, o trabalhador poderá ter múltiplos vínculos anotados na CTPS, simultaneamente, mas vai trabalhar somente quando for convocado. Ainda, caso o trabalhador fique um ano sem ser convocado, o contrato é considerado rescindido. Por fim, apenas os aeronautas estão excluídos da possibilidade de trabalho intermitente, por expressa disposição legal. TEMA 3 – REMUNERAÇÃO Remuneração e salário não são a mesma coisa. Segundo Martins (2017, p. 115): remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, mas decorrentes do contrato de trabalho, de modo a satisfazer as suas necessidades vitais básicas e de sua família. O salário, por sua vez, é o valor pago ao empregado diretamente pelo empregador, como contraprestação pelo serviço prestado. De tal forma que a remuneração do empregado compreende o salário e as gorjetas que venha a receber. São elementos da remuneração a habitualidade, a periodicidade, a quantificação, a especialidade e a reciprocidade. Como vimos, a remuneração é elemento essencial da relação de emprego, pois o contrato de trabalho é oneroso. Além disso, a remuneração é habitual porque o contrato de trabalho é de trato sucessivo, bem como deve ser quantificável, não podendo o trabalhador ficar sujeito a pagamento por critérios aleatórios. É recebida periodicamente, como por exemplo, mensalmente, semanalmente. Ainda, a remuneração é recebida em troca da prestação de serviços, por isso seu caráter de reciprocidade. 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/18 3.1 SALÁRIO As verbas recebidas pelo trabalhador podem ou não ter natureza salarial, ou seja, aquelas que têm natureza salarial integram o salário, produzindo reflexos em férias, horas-extras, 13º salários, recolhimentos de FGTS, INSS etc. Por isso, é necessário saber distinguir as verbas de caráter salarial daquelas que não possuem caráter salarial. Antes da Reforma Trabalhista, quase tudo o que era pago ao trabalhador era considerado salário. Após a reforma, consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades. Assim, a empresa pode incentivar o trabalhador por meio do pagamento de bônus, gratificações, sem que isso seja considerado salário, de tal forma que sobre esses bônus e gratificações não incidem os tributos e contribuições que incidem sobre o salário (INSS, imposto de renda). Entretanto, mesmo após a reforma, integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e de função e as comissões pagas pelo empregador. Por sua vez, as importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, limitadas a cinquenta por cento da remuneração mensal, o auxílio-alimentação, vedado o seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem e os prêmiosnão integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário. Sobre o recebimento de gorjetas, a MP 808/2017 determinou que empresas anotem na carteira de trabalho o salário fixo e a média das gorjetas dos últimos 12 meses, bem como garantiu a gorjeta como dinheiro dos empregados. Ficou multa para o empregador que descumprir essas regras, equivalente a 1/30 avos da média da gorjeta por dia de atraso, limitado ao piso da categoria. Por exemplo, para um empregado que ganhe, em média, R$ 200 de gorjeta, a multa diária devida pelo empregador será de R$ 6,66 por dia. 3.2 CLASSIFICAÇÃO DA REMUNERAÇÃO A remuneração pode ser classificada conforme o seu modo de aferição: 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/18 a) Salário por unidade de tempo: o salário é calculado com base no tempo gasto para a consecução do serviço ou obra; b) Salário por unidade de obra: é possível que o trabalhador seja pago por peça. Segundo o art. 483, g, da CLT, o empregador não pode reduzir o trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários pagos ao trabalhador, sob pena de rescisão indireta do contrato de trabalho; c) Salário por tarefa: nessa modalidade o empregado deve realizar, durante a jornada de trabalho, certo serviço determinado pelo empregador. Se terminar o serviço, pode sair antes do fim do expediente, uma vez que cumpriu a tarefa; d) Salário em dinheiro: nos termos do art. 463 da CLT, afirma-se que a prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do país. Assim, o salário deve ser pago em espécie, em moeda de curso forçado, nos termos da lei; e) Salário em utilidades: conforme disposto no art. 458 da CLT, além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. Frise-se que o salário não pode ser pago integralmente em utilidades, sendo que 30% do salário mínimo devem ser pagos em dinheiro. Ainda, os vestuários, equipamento e acessórios fornecidos ao empregado e utilizados apenas no local de trabalho não são considerados salário, por força do disposto no art. 458, parágrafo 2º da CLT. A alimentação fornecida ao empregado em consonância com as normas do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador) também não possui natureza salarial. O auxílio-alimentação não tem natureza salarial, mas não pode ser pago em dinheiro. Ainda, de acordo com o parágrafo 2º do art. 457 da CLT, não são consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/18 diretamente ou mediante seguro-saúde; seguros de vida e de acidentes pessoais; previdência privada e o valor correspondente ao vale-cultura. 3.3 EQUIPARAÇÃO SALARIAL A questão da equiparação salarial ganhou novas regras após a Reforma Trabalhista. Os requisitos anteriores para o reconhecimento da equiparação salarial na lei anterior eram muito abertos, o que causava insegurança jurídica. Segundo Melek (2017, p. 109): a equiparação salarial é direito do trabalhador, sendo-lhe assegurado receber o mesmo salário se tiver o mesmo trabalho de um colega que recebe salário superior, desde que a diferença não decorra de verbas de caráter pessoal (ex.: anuênios, readaptação, benefício previdenciário, etc.) e que o colega não exerça a função há mais de 2 anos que o trabalhador que pretende a equiparação. Pela nova regra, a equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. O nome do colega de trabalho com quem se pretende a equiparação é “paradigma”. O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial. Por fim, o art. 461 assim dispôs: trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. (grifo nosso) Ou seja, o tempo de casa do empregado considerado paradigma também deve ser levado em consideração para que se reconheça o direito à equiparação salarial. 3.4 ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE Nos termos da CLT, art. 189, serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/18 tempo de exposição aos seus efeitos. O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes (NR 15). A existência de insalubridade no ambiente de trabalho deve ser certificada por meio da realização de perícia técnica. Assim, quando da realização da perícia, o perito avalia todo o ambiente de trabalho, bem como todos os equipamentos utilizados para a proteção dos trabalhadores. Após, conclui se estes são capazes de eliminar ou neutralizar os agentes insalubres, conforme estabelece a Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho. Mesmo nos casos em que o empregador fornece os equipamentos de proteção individual, é possível incidir o adicional de insalubridade, pois muitas vezes esses equipamentos são incapazes de neutralizar a insalubridade do ambiente, apenas reduzindo os seus danos. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. Quanto à periculosidade, a CLT afirma que são consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. 3.5 ADICIONAL NOTURNO Nos termos da CLT, art. 73, salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. A hora do trabalho noturno 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/13/18 será computada como de 52 minutos e 30 segundos. Considera-se noturno, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. Na jornada 12x36, com a Reforma Trabalhista, o parágrafo único do novo art. 59-A trouxe a possibilidade de não pagamento de adicional noturno: Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto nocaputdeste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação. A matéria ainda é controvertida, não havendo consenso nos tribunais sobre o pagamento ou não do adicional noturno nos casos de jornada 12x36. Na doutrina, alguns entendem que é dispensado o pagamento do adicional noturno, por força do artigo acima transcrito; outros, entendem que o artigo é inconstitucional, tendo em vista que o adicional noturno é previsto na Constituição Federal. TEMA 4 – RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO O tema da dispensa do trabalhador é bastante extenso, então, trataremos das regras gerais da dispensa com e sem justa causa e também, especificamente, das duas grandes alterações promovidas pela Reforma Trabalhista nesse assunto, quais sejam: a possibilidade de distrato, celebração de acordo para encerrar o contrato, e o novo motivo para a dispensa por justa causa. A dispensa sem justa causa é uma modalidade utilizada nos casos em que o empregado comete uma falta grave, conforme o art. 482 da CLT: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/18 d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar. m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Ressalte-se que a Lei passou a prever, após a Reforma Trabalhista, que a dispensa por justa causa pode ser aplicada caso o trabalhador perca a habilitação para o exercício da profissão, de forma dolosa. Ou seja, deve haver intenção nos atos praticados pelo trabalhador que culminaram com a perda da habilitação profissional. Na hipótese de dispensa por justa causa, o empegado terá direito de receber apenas saldo de salário e férias vencidas mais um terço. Tanto na dispensa sem justa causa quanto na rescisão indireta do contrato de trabalho, o empregado terá direito a: aviso-prévio; saldo de salários; férias vencidas/integrais mais um terço; férias proporcionais mais um terço; 13º proporcional; saque dos depósitos do FGTS mais multa de 40%; e seguro-desemprego. Se o término for decorrente de pedido de demissão, o empregado terá direito de receber: saldo de salários; férias vencidas/integrais/proporcionais mais um terço; 13º salário proporcional. 4.1 DISTRATO: ACORDO PARA ENCERRAR O CONTRATO DE TRABALHO 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/18 Anteriormente, a lei não permitia o encerramento do contrato de trabalho por acordo entre as partes. Assim, aquele famoso “jeitinho” de pedir para “ser mandado embora” com a promessa de devolver a multa do FGTS não era apenas ilegal, mas crime. A Lei criou a possibilidade de que haja distrato do contrato de trabalho, um acordo legítimo entre as partes para o encerramento do contrato de trabalho. Nessa modalidade, ocorre o pagamento do saldo de salário (dias trabalhados), férias vencidas e/ou proporcionais mais um terço, 13º salário proporcional. O aviso prévio se cumprido, é pago de forma integral; se não cumprido, é indenizado pelo empregador pela metade. Por fim, a multa rescisória também é paga pela metade e o trabalhador saca 80% do FGTS. Não pode, contudo, se habilitar no seguro desemprego. TEMA 5 – ESTABILIDADE PROVISÓRIA Estabilidade provisória é o período em que o empregado tem seu emprego garantido, não podendo ser dispensado por vontade do empregador, salvo por justa causa ou força maior. Suas hipóteses são: Dirigente sindical: de acordo com o art. 543, parágrafo 3º da CLT, e art. 8º da Constituição Federal, não pode ser dispensado do emprego o empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação, de entidade sindical ou associação profissional, até um ano após o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos da legislação. Membro da CIPA: de acordo com o art. 10, inciso II, alínea a do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal/88, o empregado eleito para o cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato, não pode ser dispensado arbitrariamente ou sem justa causa. Gestante: o art. 10, II, b do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal/88 confere à empregada gestante a estabilidade provisória, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/18 Empregado acidentado: de acordo com o art. 118 da Lei n. 8.213/91, o segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo de 12 meses, a manutenção de seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independente de percepção de auxílio-acidente. Significa dizer que tem garantido o emprego o empregado que recebeu alta médica, após o retorno do benefício previdenciário. Possuem também estabilidade: membro do Conselho Curador do FGTS e do Conselho Nacional da Previdência Social; membros da Comissão de Conciliação Prévia; Dirigentes de cooperativas. As convenções coletivas de trabalho e os acordos coletivos de trabalho também podem atribuir essa proteção em outras hipóteses, como a proteção contra a despedida discriminatória de empregado idoso, ou de quem esteja em vias de se aposentar, por exemplo. O direito à reintegração é garantido ao empregado dispensado ilegalmente, de modo que, reconhecida a ilegalidade da dispensa, ele retorna ao serviço, com ressarcimento do período de inexecução contratual, como se a relação de emprego não tivesse sofrido solução de continuidade. NA PRÁTICA Vamos imaginar as seguintes situações concretas: 1) Fábio gostaria de fracionar suas férias em três períodos, a fim de melhor planejar suas viagens em família. Emitiu documento escrito requisitando o fracionamento, mas a empresa informou que as férias não podem ser fracionadas, de acordo com a CLT. A empresa está correta? 2) Marcos é um excelente profissional devigilância e, após laborar durante dez anos para a empresa Segurance Service, pegou uma gripe muito forte. Foi ao médico, que emitiu atestado médico de afastamento durante 3 (três) dias. Marcos, muito zeloso de suas obrigações, enviou cópia do atestado médico para a empresa, mas já no segundo dia resolveu ir trabalhar, tendo assumido seu posto de trabalho adoentado e tomando remédios. Com sono em razão da doença e dos fortes medicamentos, Marcos é flagrado pelas câmeras de segurança dormindo no trabalho, razão pela qual é demitido por justa causa. Inconformado, Marcos procura seu advogado, dizendo que foi trabalhar doente pelo bem da empresa, que era empregado exemplar e que a justa causa é indevida. Marcos está correto? [1] 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/18 FINALIZANDO Chegamos ao fim desta aula! Hoje, estudamos duas novidades da Reforma Trabalhista: o teletrabalho e o trabalho intermitente. Estudamos acerca da remuneração, que não se trata apenas do salário, e também vimos os requisitos para a equiparação salarial. Nessa esteira, estudamos os adicionais de insalubridade e de periculosidade e o adicional noturno. Por fim, compreendemos como funciona a rescisão contratual, com ou sem justa causa, e aprendemos sobre a nova forma de distrato trazida pela Reforma Trabalhista: o acordo. No último tema, compreendemos as hipóteses de estabilidade provisória e quais as suas consequências na relação de emprego. Esperamos você na próxima aula! REFERÊNCIAS DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: RT, 2015. GUIMARÃES, R. P. de F. Manual de direito individual do trabalho. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. MANUS, P. P. T. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MARQUES, F.; ABUD, C. J. Direito do trabalho. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS FILHO, I. G. da S. Manual de Direito e Processo do Trabalho. 19. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. MARTINS, S. P. Manual de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. PEREITA, L. Direito do trabalho. 3. ed., revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. GABARITO 20/03/2021 UNINTER - SEGURANÇA NO TRABALHO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/18 1) Como vimos, a Reforma Trabalhista permite que as férias sejam fracionadas, a pedido do empregado. 2) Como vimos, Marcos cometeu duas faltas: a primeira por trabalhar de atestado médico e a segunda por dormir no trabalho, sendo correta a aplicação da justa causa. O Gabarito para os exercícios pode ser encontrado ao final deste material, após a seção Referências. [1]
Compartilhar