@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700); [Resenha] O Ponto da virada, Malcolm GladwellO livro apresenta-nos uma coletânea de pesquisas científicas e exemplos históricos de como as não-linearidades inerentes ao nosso mundo podem levar pequenas mudanças a ocasionarem grandes diferenças em um dado sistema. Ao final do livro o leitor entende o porquê alguns fenômenos sociais tornam-se virais.Primeiramente vamos recordar que em um sistema linear os efeitos são proporcionais às causas. Um mundo linear seria tediosamente previsível. Porém, como o jornalista científico Malcom Gladwell recorda-nos em seu livro O Ponto da Virada[1]: "o mundo - por mais que queiramos - não corresponde àquilo que a nossa intuição nos diz". Tais fenômenos contraintuitivos são decorrentes das não-linearidades entre causas e efeitos que permeiam nosso mundo e que acabam por torná-lo mais interessante. Cheio de surpresas. No seu livro Gladwell foca em um tipo interessante de fenômeno não-linear: o processo de contágio. Durante uma cadeia de contágios há a possibilidade de ocorrer mudanças abruptas decorrentes de pequenas ações, se o sistema estiver na vizinhança de um ponto especial: o ponto crítico (a tradução brasileira adotou o nome o ponto da virada que é incomum na comunidade científica). Gladwell expõe uma coleção extensiva de cadeias de contágio biológicas e sociais. Como ele ratifica: "ideias, produtos, mensagens e comportamentos se espalham como vírus". Mas os contágios sociais não são necessariamente benéficos: criminalidade, alcoolismo, tabagismo e suicídios também se proliferam por contágio direto com outras pessoas ou indireto por noticiários e correlatos. O autor não se restringe a apenas mostrar os exemplos. Ele apresenta o mecanismo subjacente a tais fenômenos de contágio: 1) A regra dos eleitos: para deflagrar uma cadeia de contágio social basta iniciar com uma fração de indivíduos com habilidades específicas: a) Experts que são os bancos de dados que fornecem as mensagens; b) Comunicadores são os conectores sociais que catalisam o contágioc) Vendedores que são os capazes de convencer os indivíduos resistentes 2) O fator de fixação: o objeto de contágio (ideia, comportamento,...) precisa ter a capacidade de se manter em nossa memória e nos fazer agir. Por exemplo, há formas adequadas de se embalar uma informação que a torna memorável, nas circunstâncias certas (o contexto). 3) O poder do contexto: as epidemias são sensíveis às condições e circunstâncias do tempo e do lugar em que ocorrem haja vista que os próprios indivíduos são altamente sensíveis as circunstâncias exteriores à natureza humana em si.O livro prossegue em direção ao final ratificando que o desencadeamento de um processo de contágio social, viralização, pode ser executado de modo otimizado se os recursos forem concentrados nos três fatores fundamentais supracitados.Nas notas finais do livro, Gladwell lembra ao possível leitor desatento que seu livro trata da popularização da ideia do ponto crítico em sistemas sociais, uma vez que ela já vendo sendo explorada desde o século passado com os trabalhos pioneiros de Schelling[2] e Granovetter[3]. Em resumo, o livro interessa tanto a leitores com uma perspectiva mais acadêmica e científica, quanto profissionais de marketing viral e correlatos.[1] Gladwell, Malcolm. The tipping point: How little things can make a big difference. Little, Brown, 2006. [2] Schelling, Thomas C. "Dynamic models of segregation." Journal of mathematical sociology 1.2 (1971): 143-186. [3] Granovetter, Mark. "Threshold models of collective behavior." American journal of sociology 83.6 (1978): 1420-1443
Compartilhar