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Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Envelhecimento É caracterizada por uma perda progressiva que com o passar dos anos ela ocorre cada vez mais e em uma maior magnitude. Essa perda acaba alterando toda a integridade fisiológica em resposta ao acúmulo de inúmeras modificações (moleculares e morfológicas) que trazem disfunções e levam posteriormente a morte. Muitos fatores são considerados: biológicos, sociais, nutricionais, escolhas individuais (fumar, atividade física). Nossa idade cronológica isoladamente não é um bom marcador do processo fisiológico do envelhecimento Por exemplo: um idoso com 70 anos e com vida modulada pelos fatores epigenéticos (como praticar atividade física, não fumante, tem uma boa alimentação), não apresenta mecanismos e sistemas fisiológicos pertinentes a sua idade cronológica, uma vez que o esperado pela genética, de acordo com sua idade fisiológica era que esse idoso de 70 tivesse um real caimento da sua integridade fisiológica. Já na epigenética, o meio interage com fatores genéticos, fazendo uma modulação nesses fatores de tal forma que esse indivíduo nem sempre se encontra de acordo com a idade cronológica espera que ele seja encontrado. Epigenética - Estudo de processos que produzem um fenótipo herdável, mas que não dependem estritamente da sequência de DNA. Exemplo: um indivíduo tem a tendência genética a ser obeso, contudo, se ele modular todos os fatores epigenéticos inerentes a ele, ele pode não ser obeso (como praticar atividade física, dieta adequada, baixa ingestão de álcool). OBS – a epigenética não altera a sequência de DNA, mas influencia a expressão de diferentes genes que acabam alterando comportamento de órgãos, tecidos e sistemas. Conclui-se que a epigenética é uma conexão/meio entre componentes genéticos, ambientes, estilo de vida que vão diretamente implicar no envelhecimento do indivíduo. Ex: Se a pessoa de 70 anos teve uma epigenética muito bem modulada, será um indivíduo com 70 anos de idade cronológica, mas que não apresenta o declínio esperado com 70 anos. Já um indivíduo com 70 anos que modulou negativamente o seu meio, ou seja, sua epigenética foi desfavorecida, ele com 70 anos tem a idade cronológica de 70 anos, mas ele pode ter funções fisiológicas de um indivíduo de 70, 80, 90 anos, de acordo com sua modulação negativa Sistema nervoso O envelhecimento é capaz de trazer alterações no SNP e SNC e essas alterações modificam o funcionamento dos sistemas sensoriais, motores, emocionais e cognitivos. • O envelhecimento não pontua uma variável e a partir disso ele provoca uma disfunção e sim todas as células e o contexto orgânico estarão frente a essa exposição do envelhecimento. Quanto melhor conduzida essa exposição, melhor é a resposta frente a esse envelhecimento. Existem muitas justificativas para o envelhecimento, dentre elas, o estresse oxidativo é considerado um dos principais mediadores progressivos das funções sistêmicas, em especial o SN. Alterações: • Acúmulo de moléculas danificadas por espécies reativas de oxigênio (EROS/ROS). Estes são tipos de radicais livres e com o passar dos anos há uma formação muito prolongada das espécies reativas de oxigênio e estas acabam se constituindo como um mecanismo de convergência/de trazer/ser um intermédio de múltiplas causas responsáveis pela neurotoxidade e neurodegeneração (não só pensando em questões fisiológicas, mas sim também por processos moduladores). • Indivíduos com doenças atreladas passam por esses mesmos processos, mas de uma forma mais intensa e expressiva. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano No contexto de exposição prolongada as espécies reativas de oxigênio (EROS) , as quais levam à alterações de moléculas lipídicas, de proteínas e de ácidos nucleicos, temos um acúmulo de LIPOFUCSINA (um agregado de proteínas e fosfolipídios oriundo da degradação lisossomal que se acumulam em diferentes tecidos, mas em especial nos neurônios e células da glia). Esse acúmulo induz a neurotoxidade e a neuro degeneração. Por isso, a Lipofucsina é considerada um marcador do envelhecimento, também denominada pigmento do desgaste. Exposição prolongada às EROS Acúmulo de lipofucsina nas células (neurônio e células da glia) Neurotoxidade e neurodegeneração. Cérebro aos 80 anos: redução (7%) do volume e massa cerebral, principalmente em lobos frontais (ocasiona reduzida capacidade de planejamento e execução, por exemplo de movimento) e temporal (prejuízo em memória). No cérebro encontramos então redução do tamanho e massa, giros mais finos separados por sulcos mais abertos e profundos, menor área cortical e ventrículos dilatados (comprometimento cognitivo – entender e compreender situações). Como a epigenética pode favorecer para que isso não aconteça? Se o indivíduo sempre estudou muito, estimulou seu SN, isso acontece com uma magnitude bem baixa. Nos neurônios encontramos redução em: nº e tamanho dos neurônios, ramificações dendríticas, axônios, sinapses (diminuição de transmissão dos impulsos), quantidade de transportadores e vesículas sinápticas. Como consequência disso, a velocidade de processamento de informação e condução de informação, movimentos motores e reflexos diminui. Diante disso, o indivíduo responde de forma lenta a situações, principalmente quando exige vários estímulos simultaneamente. Há também perda de substância cinzenta (por causa de morte celular neuronal e atrofia cortical) e branca (acontece consequentemente a perda axônica e a degeneração da mielina, o que lentifica a condução mais ainda já que a mielina tem a função de conduzir a informação de forma rápida (saltatória)). Sentidos especiais A partir dos 50 anos, ocorre a redução de receptores e fibras olfativas (dificuldade em perceber cheiros, até desagradáveis). Perda gradual das papilas gustativas (idosos perdem a discriminação de sabores, principalmente do sabor salgado – propensão a HAS por colocar mais sal na comida). Redução na sensibilidade tátil, percepção de vibração e discriminação de 2 pontos (isso acontece pela diminuição de receptores; ex: muito difícil um idoso pegar uma folha sulfite, colocar a linha dentro de uma agulha). Redução da acuidade visual o idoso apresenta uma redução de cones e diminuída capacidade de adaptar a uma luminosidade mais alta. • Visão estreita e dificuldade em enxergar se o ambiente não estiver bem iluminado • O idoso também perde a percepção de profundidade (comprometimento no julgamento de altura, os degraus são obstáculos para idosos). Perda auditiva - pode ser justificada pela perda de condutibilidade (chegada de informação) e perda de transdução sensorial (energia mecânica sendo transformada em sonora). Desequilíbrio vestibular – habilidade reduzida em processar sinais vestibulares (vertigens e desequilíbrios), o que justifica as quedas em idosos. Sistema endócrino Redução de melatonina: perda de tempo e pior qualidade de sono. O pico da liberação de GH acontece principalmente a noite em torno de 4:00 após o sono profundo, as alterações do sono que podem ser provenientes da alteração da melatonina, podem em parte facilitar a alteração que vai acontecer no GH frente a uma situação de envelhecimento. O GH afeta o IGF-1 : Somatopausa - o GH reduz e diretamente reduz o IGF- 1 também), causando alteração da composição corporal (redução da massa magra) e redução da massa óssea. Redução DHEA (deidroepiandrosterona): Conhecida popularmente como "hormônio da juventude", a dehidroepiandrosterona (DHEA) e a sua forma sulfatada, o sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEA-S), são os esteroides maisabundantes na nossa circulação. No entanto, sua produção natural entra em declínio a partir dos 20 anos de idade, após atingir o nível máximo de concentração. Ambos DHEA-S e DHEA são produzidos principalmente nas glândulas adrenais a partir do colesterol (são esteroides suprarrenais ). Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Como esses esteroides suprarrenais são precursores hormonais esteroides sexuais (estrógeno e testosterona), o decréscimo de DHEA reduz os hormônios sexuais. Redução de estrógeno: implica em osteoporose, elevação da concentração de colesterol e aterosclerose. Redução de testosterona: os homens sentem essa redução hormonal com magnitude bem mais lentificada, somente a partir dos 70 anos é observado aum decréscimo mais acentuado da liberação de testosterona. Levando a andropausa (perda de massa muscular, alteração de humor, espermatozoides ficam menos móveis, perda de libido. Redução tireoidiana: responsáveis por regular a taxa metabólica basal (indivíduo em repouso/sem nenhuma atividade física e digestória), ou seja, numa condição de repouso, a taxa metabólica basal gasta uma determinada quantidade de quilocalorias para manter o funcionamento do organismo. No idoso, ocorre uma redução na taxa metabólica basal, com isso, reduz o gasto energético, aumenta a gordura corporal, levando a fadiga (reduz atividade física) e comprometimento da termorregulação. Exemplo: um indivíduo com taxa metabólica basal de 2.200 calorias pode comer por dia 2.200 calorias e ficar deitado sem fazer nada, isso indica que ele não engordará nada. Se fizer o consumo total de sua taxa metabólica basal ele não engorda. Mas se ele com 60 anos tem uma taxa metabólica basal de 1.200 e comer 1.201 calorias ele já está engordando 1 calorias. Ou seja, com o indivíduo idoso devido a mudança na condição metabólica, passa a ter uma redução da taxa metabólica. Na condição de redução de hormônios tireoidianos (HT), temos que lembrar que a taxa metabólica basal está diretamente envolvida com a energia do nosso organismo, então ela é também a responsável pela produção de ATP (um ATP é responsável por produzir calor e este uma vez reduzida, o indivíduo sofre para ajustar a sua temperatura, existindo um comprometimento da termorregulação por uma deficiência de HT que não é mais capaz de produzir ATP e gerar energia tal como era numa fase adulta). A redução de HT traz para o indivíduo a sensação de fadiga e essa sensação de fadiga faz com que o idoso se acomode muito mais reduzindo sua atividade física e essa redução da atividade física com a redução da taxa metabólica basal aumentando a gordura corporal do indivíduo. Envelhecimento -> taxa metabólica basal - produção de TRH eTSH -> produção de T3 e t4. Alterações anatômicas Até os 40 anos a estatura está preservada, tem redução de 1 cm a cada década, e essas alterações tem justificativas, tais como: o estreitamento dos discos intervertebrais (como consequência uma compressão vertebral cada vez maior e alterações posturais, como a cifose). Isso facilita a redução na estatura do indivíduo idoso. Componentes da massa corporal O envelhecimento traz algumas alterações na composição corporal que diretamente vão implicar na redução do volume de água. • A redução do volume observado no compartimento intracelular. A redução de água nesse compartimento é conhecida como desidratação fisiológica (redução do volume de água corporal). A alteração da massa corporal contribui com uma perda desse volume de água, uma vez que com o envelhecimento temos uma redução da massa magra e um aumento progressivo da massa de tecido adiposo, além de que o indivíduo passa a ter menos sede trazendo um volume cada vez menor de água no meio intracelular. • Temos com o envelhecimento a perda progressiva da massa muscular, que é justificada pela sarcopenia (perda de massa, função e força muscular), que envolve uma diminuição de neurônios motores que vão determinar uma denervação das fibras musculares, queda de hormônios anabólicos( como insulina, GH e tantos outros) e queda da síntese proteica seja por meio da reduzida liberação hormonal ou por meio de um consumo alterado de proteína (provindo da alimentação) ou disfunções atreladas ao idoso que acaba estimulando vias que degradam proteínas. • Além disso, a sarcopenia é muito frequente porque esse idoso passa por uma situação de desuso, situação secundária à diminuição da atividade física. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Como essa massa muscular reduzida influencia na % de volume de água? Precisamos considerar que o músculo é muito pesado porque tem uma quantidade de água abundante. Só que se considerarmos a situação de envelhecimento, onde há perda dessa massa muscular, ele está perdendo água intracelular. Ao mesmo tempo, temos que considerar que esse indivíduo perde massa muscular, mas ganha massa adiposa, devido a inatividade física, redução do gasto energético e redução da taxa metabólica basal. Essa massa adiposa é muito densa e apresenta baixa porcentagem de água. Com isso, essas particularidades do idoso: Músculo (que contém abundante quantidade de água) reduzido + Massa adiposa (que contém pouca água) aumentada, acabada diretamente influenciando no volume de água intracelular. Sistema cardiovascular Uma típica alteração cardiovascular no idoso é o enrijecimento arterial que acontece em especial pela deposição aumentada de colágeno e de cálcio com o passar dos anos (o cálcio não se deposita apenas em tecidos mineralizados, mas quando em excesso se deposita em tecidos moles, especificamente, na região arterial). Esse enrijecimento também está relacionado com a degradação da elastina que ocorre através da elastase. Além disso, essa deposição de cálcio, colágeno e degradação de elastina acabam trazendo uma rigidez arterial que conduz a uma elevação gradual da pressão arterial sistólica nesses idosos. Em decorrência dessa rigidez (que leva a uma reduzida complacência arterial), numa situação de pós-carga, a resistência à ejeção pelo ventrículo esquerdo se eleva e essa elevação acaba sendo proporcional ao espessamento da parede do ventrículo esquerdo (existe um aumento do tamanho, mas não ocorre aumento no número de cardiomiócitos), ou seja, aumenta em tamanho, mas perde em função. Esses idosos então acabam passando por um remodelamento de toda estrutura cardiovascular e perdem a sua função. Fornecendo um suporte para que este remodelamento cardiovascular aconteça, pode-se observar: • Um espessamento tanto da camada íntima quanto da camada média vascular, o que é importante considerando que há necessidade de ter uma integridade endotelial e capilar, para que no momento onde exista ejeção cardíaca, exista também também componentes que permitam que isso aconteça para que possíveis complicações, tal como esse espessamento da parede do VE não esteja presente. • Por fim, com o envelhecimento é observada uma baixa da sensibilidade beta adrenérgica, o que condiciona a um decréscimo da FC, que implica na redução do DC em torno de 25% (já que este é um produto da FC pelo débito sistólico). Implicações do Débito cardíaco O DC em 100% estaria entregando a todos os nossos tecidos a quantidade adequada de fluxo sanguíneo, O2, líquidos e nutrientes . Com essa redução tudo isso está sendo entregue, mas de maneira reduzida (redução de 25%). Oxido nítrico O endotélio regula o tônus arterial por meio da liberação em especial do óxido nítrico (NO) e da endotelina. • O envelhecimento acarreta uma diminuição da biodisponibilidade do NO, o que proporciona uma diminuição da vasodilatação e acaba levando a uma disfunção endotelial, implicando diretamenteno aumento da incidência de doenças cardiovasculares. Alterações no fluxo sanguíneo cerebral • Diante de alterações abruptas do fluxo sanguíneo cerebral (como ocorre em uma modificação de postura), os idosos vão apresentar uma menor capacidade de ajustar rapidamente FC, PA e DC e isso ocorre porque existe uma diminuição da resposta dos barorreceptores carotídeos, como consequência, os idosos são predispostos a uma hipotensão ortostática, podendo sofrer uma queda mediante a essa situação. Remodelamento estrutural cardiovascular = espessamento das camadas íntima e média vascular. Hipotensão ortostática: diminuição da resposta aos barorreceptores carotídeos. Menor capacidade para ajuste rápido da FC, da PA e do DC. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Sistema respiratório Ocorre redução da função pulmonar e declínio da função imunológica (que aumenta a ocorrência de infecções respiratórias, principalmente conforme a idade vai avançando). Há um progressivo aumento da rigidez torácica, levando a redução da retração elástica pulmonar. No momento expiratório o indivíduo realiza expiração somente pela retração elástica do pulmão, devido a função da elastina. Retração elástica- ocorre naturalmente e não permite que haja acúmulo de ar dentro dos alvéolos (o único ar que fica dentro dos alvéolos é chamado de volume residual - ar que não pode sair dos alvéolos mesmo após expiração forçada). Desinsuflação inadequada -como essa retração elástica está reduzida em consideração a progressiva rigidez torácica, ocorre uma desinsuflação pulmonar não adequada para essa situação, que acarreta um aprisionamento aéreo (aumento do volume residual). Então além do ar que naturalmente já não sai do alvéolo (permite que o alvéolo não entre em colapso), ainda existe agora o ar adicional que não está saindo desse alvéolo em consideração à reduzida retração elástica pulmonar que está acontecendo pela rigidez torácica. Redução da capacidade vital- Por consequência do aumento do volume residual, a próxima inspiração vai ser mais difícil, porque o alvéolo (que não deveria ter uma quantidade excessiva de ar dentro dele no momento de início da inspiração) ele já contém um ar (devido ao volume residual e pela retração elástica do pulmão reduzida). Por esse motivo acontecerá uma reduzida capacidade vital (que é composto pelo volume corrente, o volume de reserva inspiratória e o expiratório). Então, a próxima inspiração do indivíduo/idoso sempre vai ser muito mais difícil, com maior trabalho respiratório. Redução da força muscular diafragmática- a sarcopenia leva a redução da força muscular diafragmática, a qual implica diretamente na redução da força inspiratória (ou seja, na capacidade de promover uma pressão e a partir dela levar a uma diferença pressórica, permitindo com que o ar entre dentro dos alvéolos). Além dessa condição de reduzida força diafragmática, temos que considerar que o trabalho respiratório já está comprometido porque existe um aumento do volume residual e uma reduzida capacidade vital. Assim, a respiração no idoso é mais difícil, gasta mais energia para ser realizada e é mais trabalhosa. No contexto de tosse –para que o indivíduo tenha uma tosse efetiva, ele precisa ter força para realizá-la, assim, a redução da força no idoso implica no momento da tosse. Uma tosse ineficaz em associação com uma redução do clearance mucociliar, acaba induzindo ao acúmulo de secreção das vias aéreas. Isso em associação à atividade imunológica reduzida (como no idoso), acaba trazendo implicações como surgimento e facilidade de adquirir doenças infecciosas. Redução das fibras elásticas - com o envelhecimento também existe uma redução das fibras elásticas e degradação das fibras colágenas, o que promove uma diminuição ainda mais acentuada da capacidade vital e um aumento mais acentuado do volume residual, porque agora a mobilidade deste alvéolo foi reduzida, então o que tinha ocorrido anteriormente por conta da rigidez torácica se mantém. Hiperinsuflação dos alvéolos - Um aspecto importante atrelado ao aumento do volume residual é a manutenção desses alvéolos de uma forma alargada. Os alvéolos no indivíduo jovem estão dentro da normalidade, já no idoso fica no sentido de hiperinsuflação, o que dificulta a difusão pulmonar, ou seja, a difusão pulmonar encontra uma barreira anatômica e acaba não sendo realizada com efetividade. O que acontece frente a uma redução da difusão pulmonar? R: Redução direta da troca gasosa. O paciente que tem uma difusão pulmonar reduzida, diretamente vai ter uma redução na troca gasosa. Sistema renal A partir da 4º década de vida é observado um declínio da massa e do volume renal que comporta a redução de néfrons funcionais. Perda dos néfrons funcionais ocorre a região do córtex renal, então diretamente vai reduzir o processo de filtração glomerular. E ela acontece mais ou menos a cada década (perda de néfrons funcionais cerca de 10%). Redução dos túbulos renais - são reduzidos em número, volume e extensão, além disso passam por uma fibrose intersticial e isso causa prejuízo (dificuldade na troca eficiente de substâncias). Alterações vasculares: o envelhecimento causa espessamento das paredes arteriais (reduzindo seu lúmen) e pela deposição de fibras de colágeno na íntima arterial. Ambos geram uma esclerose arterial. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Como consequência disso, há uma redução do fluxo sanguíneo glomerular e essa glomeruloesclerose é marcada por um colapso dos glomérulos e pelo aumento do mesângio (uma condição atrelada ao envelhecimento). Produção aumentada de ADH – o envelhecimento leva a uma produção aumentada de ADH, porém menor sensibilidade dos receptores V2 (que fazem a mediação da reabsorção de água), consequentemente há uma menor reabsorção de água frente a estimulação desses receptores. Sistema gastrointestinal Sistema que sofre menos alterações em compensação aos outros sistemas. Diminuição na produção de saliva e função das papilas gustativas - causando alteração no paladar e atrapalhando a deglutição. Adicionalmente os receptores ou papilas gustativas se encontram reduzidas especialmente na percepção do sal, que tende a fazer com que o idoso aumente a quantidade de sal na comida. Diminui produção de HCl É necessário lembrar que algumas enzimas são inativas e precisam desse meio ácido para se tornarem ativas e posteriormente realizar suas funções de degradação (como a lipase e pepsina). O pepsinogênio por exemplo, precisa de um ambiente adequado com pH ácido para que se converta em pepsina e seja a enzima responsável pela degradação de proteínas. No indivíduo idoso há aumento do pH, alteração enzimática e alteração da degradação dos nutrientes) e enzimas digestivas – modificação na ionização e solubilidade. Diminuição no esvaziamento gástrico – trazendo um desconforto, dificuldade na degradação e lentificada absorção de nutrientes (uma vez que a chegada no duodeno é mais lenta). Diminuição no nº de neurônios mioentéricos - O plexo miontérico é importante para a motilidade intestinal (peristaltismo). Nos idosos ocorre o número reduzido de neurônios mioentéricos e é por isso que os idosos com muita frequência apresentam constipação, necessitando muitas vezes entrar com medicamento ou orientação nutricional para facilitar essa motilidade intestinal. Metabolismo ósseo O envelhecimento modifica de forma intensa o metabolismo ósseo (a formação e reabsorção óssea entram em desequilíbrio), sendo assim a reabsorção óssea (osteólise) é favorecida. Frente a esse aumento de reabsorção, são observadas mudanças de massa, força, estrutura óssea, densidadeóssea e microarquitetura óssea e todas essas alterações podem levar a osteopenia e posteriormente osteoporose, além de maior suscetibilidade a fraturas. Isso indica que o indivíduo pode estar deitado dormindo e ter fraturas, devido à tamanha rarefação do tecido ósseo. Acompanhando essa atividade celular reabsortiva mediada pelos osteoclastos, é observado uma desmineralização óssea (perda da quantidade óssea), que consiste em perda de mineiras, especialmente o cálcio, e também perda de fibras de colágeno do tipo 1 (perda da qualidade óssea). Em conjunto pode ocorrer mais fraturas. Em relação à morfologia, o osso trabecular (encontrado nas epífises e nas vértebras), é mais ativo em comparação ao osso cortical( que é metabolicamente menos ativo devido a sua massa sólida e compacta). Por isso, há uma frequência muito alta de fraturas na cabeça do colo do fêmur e também nas vértebras (porque são regiões com quantidade grande de tecido trabecular em consideração ao tecido cortical). Curiosidade: Experimento com ratas: as ratas já envelhecidas passaram pela retirada dos ovários representando redução abrupta dos hormônios femininos. Já existia perda óssea devido ao envelhecimento, mas quando teve a retirada dos ovários (ovariectomia), o tecido trabecular da rata foi intensamente reabsorvido – tecido metabolicamente mais ativo, já o cortical teve pouca alteração (observamos até a mesma limitação entre os dois animais). O osso cortical demora a manifestar as alterações de reabsorção óssea, só manifesta a partir do momento que a intensidade reabsortiva foi tamanha. Foram 6 semanas após a retirada dos ovários para o osso trabecular apresentar mudança no conteúdo. E o osso cortical precisaria de pelo menos 3 meses. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 1) T.T.T., 67 anos, IMC de 31 kg/m2, tem, desde a sua segunda infância, dificuldade de controlar sua massa corporal, contudo, o controle tem se tornado cada vez mais difícil. Em associação, T.T.T. ainda é diagnosticada com osteoporose desde os 42 anos, é muito disposta em sua rotina, mas não gosta de praticar exercício físico. Toda vez que retorna ao seu médico, é chamada à sua atenção pela sua massa corporal excedente. Ao mesmo tempo, seu médico muito preocupado com a gravidade de sua osteoporose. a) Como a inatividade física e/ ou envelhecimento podem levar à progressão da redução da massa óssea? Explique A atividade física estimula o tecido ósseo através de um efeito piezoelétrico (transformando energia mecânica do impacto em energia química), o qual é recebido pelo osteócito e transmitido para o o osteoblasto, para realizar a formação óssea. Além disso, durante o envelhecimento ocorre um desequilíbrio entre a formação e reabsorção óssea, favorecendo a reabsorção. Nesse caso, como o paciente não realiza atividade física e é um idoso, a reabsorção óssea vai ser muito maior, uma vez que além de estar naturalmente em um processo de reabsorção alterada, a falta de estimulo (pela inatividade física) irá diminuir a formação óssea. b) Quais as implicações (ósseas) da condição de T.T.T.? Com esse aumento de reabsorção, são observadas mudanças de massa, força, estrutura óssea, densidade óssea e microarquitetura óssea, alterações que podem levar a maior suscetibilidade a fraturas, sendo essas mais frequentes na cabeça do colo do fêmur e também nas vértebras. c) Por que T.T.T. não tem conseguido controlar o aumento de sua massa corporal? Existem vários fatores que influenciam o aumento da massa corporal. Os idosos, em especial, possuem uma redução dos hormônios tireoidianos, o que reduz a taxa metabólica basal, reduz o gasto energético e o acúmulo de gordura acontece com mais facilidade. Esses fatores, em conjunto com a inatividade física e alimentação inadequada favorecem o aumento da massa corporal. d) Quais os motivos pelos quais há uma relação entre aumento do tecido adiposo e redução da massa óssea?
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