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fisiologia do envelhecimento

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Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
 
Envelhecimento 
É caracterizada por uma perda progressiva que com o 
passar dos anos ela ocorre cada vez mais e em uma 
maior magnitude. 
Essa perda acaba alterando toda a integridade 
fisiológica em resposta ao acúmulo de inúmeras 
modificações (moleculares e morfológicas) que 
trazem disfunções e levam posteriormente a morte. 
Muitos fatores são considerados: 
biológicos, sociais, nutricionais, escolhas individuais 
(fumar, atividade física). 
Nossa idade cronológica isoladamente não é um bom 
marcador do processo fisiológico do envelhecimento 
Por exemplo: um idoso com 70 anos e com vida 
modulada pelos fatores epigenéticos (como praticar 
atividade física, não fumante, tem uma boa 
alimentação), não apresenta mecanismos e sistemas 
fisiológicos pertinentes a sua idade cronológica, uma 
vez que o esperado pela genética, de acordo com sua 
idade fisiológica era que esse idoso de 70 tivesse um 
real caimento da sua integridade fisiológica. 
Já na epigenética, o meio interage com fatores 
genéticos, fazendo uma modulação nesses fatores de 
tal forma que esse indivíduo nem sempre se encontra 
de acordo com a idade cronológica espera que ele 
seja encontrado. 
Epigenética - Estudo de processos que produzem um 
fenótipo herdável, mas que não dependem 
estritamente da sequência de DNA. 
Exemplo: um indivíduo tem a tendência genética a ser 
obeso, contudo, se ele modular todos os fatores 
epigenéticos inerentes a ele, ele pode não ser obeso 
(como praticar atividade física, dieta adequada, baixa 
ingestão de álcool). 
OBS – a epigenética não altera a sequência de DNA, 
mas influencia a expressão de diferentes genes que 
acabam alterando comportamento de órgãos, tecidos 
e sistemas. 
 
 
Conclui-se que a epigenética é uma conexão/meio 
entre componentes genéticos, ambientes, estilo de 
vida que vão diretamente implicar no envelhecimento 
do indivíduo. 
Ex: Se a pessoa de 70 anos teve uma epigenética 
muito bem modulada, será um indivíduo com 70 anos 
de idade cronológica, mas que não apresenta o 
declínio esperado com 70 anos. Já um indivíduo com 
70 anos que modulou negativamente o seu meio, ou 
seja, sua epigenética foi desfavorecida, ele com 70 
anos tem a idade cronológica de 70 anos, mas ele 
pode ter funções fisiológicas de um indivíduo de 70, 
80, 90 anos, de acordo com sua modulação negativa 
Sistema nervoso 
O envelhecimento é capaz de trazer alterações no SNP 
e SNC e essas alterações modificam o funcionamento 
dos sistemas sensoriais, motores, emocionais e 
cognitivos. 
• O envelhecimento não pontua uma variável e a 
partir disso ele provoca uma disfunção e sim 
todas as células e o contexto orgânico estarão 
frente a essa exposição do envelhecimento. 
Quanto melhor conduzida essa exposição, melhor é a 
resposta frente a esse envelhecimento. 
Existem muitas justificativas para o envelhecimento, 
dentre elas, o estresse oxidativo é considerado um 
dos principais mediadores progressivos das funções 
sistêmicas, em especial o SN. 
Alterações: 
• Acúmulo de moléculas danificadas por espécies 
reativas de oxigênio (EROS/ROS). Estes são tipos 
de radicais livres e com o passar dos anos há uma 
formação muito prolongada das espécies reativas 
de oxigênio e estas acabam se constituindo como 
um mecanismo de convergência/de trazer/ser um 
intermédio de múltiplas causas responsáveis pela 
neurotoxidade e neurodegeneração (não só 
pensando em questões fisiológicas, mas sim 
também por processos moduladores). 
• Indivíduos com doenças atreladas passam por 
esses mesmos processos, mas de uma forma mais 
intensa e expressiva. 
 
 
 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
No contexto de exposição prolongada as espécies 
reativas de oxigênio (EROS) , as quais levam à 
alterações de moléculas lipídicas, de proteínas e de 
ácidos nucleicos, temos um acúmulo de LIPOFUCSINA 
(um agregado de proteínas e fosfolipídios oriundo da 
degradação lisossomal que se acumulam em 
diferentes tecidos, mas em especial nos neurônios e 
células da glia). Esse acúmulo induz a neurotoxidade e 
a neuro degeneração. 
Por isso, a Lipofucsina é considerada um marcador do 
envelhecimento, também denominada pigmento do 
desgaste. 
 Exposição prolongada às EROS 
 Acúmulo de lipofucsina nas células 
 (neurônio e células da glia) 
 Neurotoxidade e neurodegeneração. 
 
Cérebro aos 80 anos: redução (7%) do volume e 
massa cerebral, principalmente em lobos frontais 
(ocasiona reduzida capacidade de planejamento e 
execução, por exemplo de movimento) e temporal 
(prejuízo em memória). 
No cérebro encontramos então redução do tamanho 
e massa, giros mais finos separados por sulcos mais 
abertos e profundos, menor área cortical e 
ventrículos dilatados (comprometimento cognitivo – 
entender e compreender situações). 
 
Como a epigenética pode favorecer para que isso 
não aconteça? 
Se o indivíduo sempre estudou muito, estimulou seu 
SN, isso acontece com uma magnitude bem baixa. 
 
Nos neurônios encontramos redução em: nº e 
tamanho dos neurônios, ramificações dendríticas, 
axônios, sinapses (diminuição de transmissão dos 
impulsos), quantidade de transportadores e vesículas 
sinápticas. 
Como consequência disso, a velocidade de 
processamento de informação e condução de 
informação, movimentos motores e reflexos diminui. 
Diante disso, o indivíduo responde de forma lenta a 
situações, principalmente quando exige vários 
estímulos simultaneamente. 
 
Há também perda de substância cinzenta (por causa 
de morte celular neuronal e atrofia cortical) e branca 
(acontece consequentemente a perda axônica e a 
degeneração da mielina, o que lentifica a condução 
mais ainda já que a mielina tem a função de conduzir 
a informação de forma rápida (saltatória)). 
 
 
Sentidos especiais 
A partir dos 50 anos, ocorre a redução de receptores 
e fibras olfativas (dificuldade em perceber cheiros, 
até desagradáveis). 
Perda gradual das papilas gustativas (idosos perdem 
a discriminação de sabores, principalmente do sabor 
salgado – propensão a HAS por colocar mais sal na 
comida). 
Redução na sensibilidade tátil, percepção de 
vibração e discriminação de 2 pontos (isso acontece 
pela diminuição de receptores; ex: muito difícil um 
idoso pegar uma folha sulfite, colocar a linha dentro 
de uma agulha). 
Redução da acuidade visual o idoso apresenta uma 
redução de cones e diminuída capacidade de adaptar 
a uma luminosidade mais alta. 
• Visão estreita e dificuldade em enxergar se o 
ambiente não estiver bem iluminado 
• O idoso também perde a percepção de 
profundidade (comprometimento no julgamento 
de altura, os degraus são obstáculos para idosos). 
Perda auditiva - pode ser justificada pela perda de 
condutibilidade (chegada de informação) e perda de 
transdução sensorial (energia mecânica sendo 
transformada em sonora). 
Desequilíbrio vestibular – habilidade reduzida em 
processar sinais vestibulares (vertigens e 
desequilíbrios), o que justifica as quedas em idosos. 
Sistema endócrino 
Redução de melatonina: perda de tempo e pior 
qualidade de sono. 
O pico da liberação de GH acontece principalmente a 
noite em torno de 4:00 após o sono profundo, as 
alterações do sono que podem ser provenientes da 
alteração da melatonina, podem em parte facilitar a 
alteração que vai acontecer no GH frente a uma 
situação de envelhecimento. 
O GH afeta o IGF-1 : 
Somatopausa - o GH reduz e diretamente reduz o IGF-
1 também), causando alteração da composição 
corporal (redução da massa magra) e redução da 
massa óssea. 
Redução DHEA (deidroepiandrosterona): Conhecida 
popularmente como "hormônio da juventude", a 
dehidroepiandrosterona (DHEA) e a sua forma 
sulfatada, o sulfato de dehidroepiandrosterona 
(DHEA-S), são os esteroides maisabundantes na nossa 
circulação. No entanto, sua produção natural entra 
em declínio a partir dos 20 anos de idade, após atingir 
o nível máximo de concentração. 
Ambos DHEA-S e DHEA são produzidos principalmente 
nas glândulas adrenais a partir do colesterol (são 
esteroides suprarrenais ). 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Como esses esteroides suprarrenais são precursores 
hormonais esteroides sexuais (estrógeno e 
testosterona), o decréscimo de DHEA reduz os 
hormônios sexuais. 
Redução de estrógeno: implica em osteoporose, 
elevação da concentração de colesterol e 
aterosclerose. 
Redução de testosterona: os homens sentem essa 
redução hormonal com magnitude bem mais 
lentificada, somente a partir dos 70 anos é observado 
aum decréscimo mais acentuado da liberação de 
testosterona. 
Levando a andropausa (perda de massa muscular, 
alteração de humor, espermatozoides ficam menos 
móveis, perda de libido. 
Redução tireoidiana: responsáveis por regular a taxa 
metabólica basal (indivíduo em repouso/sem 
nenhuma atividade física e digestória), ou seja, numa 
condição de repouso, a taxa metabólica basal gasta 
uma determinada quantidade de quilocalorias para 
manter o funcionamento do organismo. 
No idoso, ocorre uma redução na taxa metabólica 
basal, com isso, reduz o gasto energético, aumenta a 
gordura corporal, levando a fadiga (reduz atividade 
física) e comprometimento da termorregulação. 
Exemplo: um indivíduo com taxa metabólica basal de 
2.200 calorias pode comer por dia 2.200 calorias e 
ficar deitado sem fazer nada, isso indica que ele não 
engordará nada. Se fizer o consumo total de sua taxa 
metabólica basal ele não engorda. 
Mas se ele com 60 anos tem uma taxa metabólica 
basal de 1.200 e comer 1.201 calorias ele já está 
engordando 1 calorias. Ou seja, com o indivíduo idoso 
devido a mudança na condição metabólica, passa a ter 
uma redução da taxa metabólica. 
Na condição de redução de hormônios tireoidianos 
(HT), temos que lembrar que a taxa metabólica basal 
está diretamente envolvida com a energia do nosso 
organismo, então ela é também a responsável pela 
produção de ATP (um ATP é responsável por produzir 
calor e este uma vez reduzida, o indivíduo sofre para 
ajustar a sua temperatura, existindo um 
comprometimento da termorregulação por uma 
deficiência de HT que não é mais capaz de produzir 
ATP e gerar energia tal como era numa fase adulta). 
A redução de HT traz para o indivíduo a sensação de 
fadiga e essa sensação de fadiga faz com que o idoso 
se acomode muito mais reduzindo sua atividade física 
e essa redução da atividade física com a redução da 
taxa metabólica basal aumentando a gordura corporal 
do indivíduo. 
Envelhecimento ->  taxa metabólica basal -
produção de TRH eTSH -> produção de T3 e t4. 
Alterações anatômicas 
Até os 40 anos a estatura está preservada, tem 
redução de 1 cm a cada década, e essas alterações 
tem justificativas, tais como: o estreitamento dos 
discos intervertebrais (como consequência uma 
compressão vertebral cada vez maior e alterações 
posturais, como a cifose). Isso facilita a redução na 
estatura do indivíduo idoso. 
 
 
Componentes da massa corporal 
O envelhecimento traz algumas alterações na 
composição corporal que diretamente vão implicar na 
redução do volume de água. 
• A redução do volume observado no 
compartimento intracelular. 
A redução de água nesse compartimento é conhecida 
como desidratação fisiológica (redução do volume de 
água corporal). 
A alteração da massa corporal contribui com uma 
perda desse volume de água, uma vez que com o 
envelhecimento temos uma redução da massa magra 
e um aumento progressivo da massa de tecido 
adiposo, além de que o indivíduo passa a ter menos 
sede trazendo um volume cada vez menor de água no 
meio intracelular. 
• Temos com o envelhecimento a perda progressiva 
da massa muscular, que é justificada pela 
sarcopenia (perda de massa, função e força 
muscular), que envolve uma diminuição de 
neurônios motores que vão determinar uma 
denervação das fibras musculares, queda de 
hormônios anabólicos( como insulina, GH e tantos 
outros) e queda da síntese proteica seja por meio 
da reduzida liberação hormonal ou por meio de 
um consumo alterado de proteína (provindo da 
alimentação) ou disfunções atreladas ao idoso 
que acaba estimulando vias que degradam 
proteínas. 
• Além disso, a sarcopenia é muito frequente 
porque esse idoso passa por uma situação de 
desuso, situação secundária à diminuição da 
atividade física. 
 
 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Como essa massa muscular reduzida influencia na % 
de volume de água? 
Precisamos considerar que o músculo é muito pesado 
porque tem uma quantidade de água abundante. 
Só que se considerarmos a situação de 
envelhecimento, onde há perda dessa massa 
muscular, ele está perdendo água intracelular. 
Ao mesmo tempo, temos que considerar que esse 
indivíduo perde massa muscular, mas ganha massa 
adiposa, devido a inatividade física, redução do gasto 
energético e redução da taxa metabólica basal. 
Essa massa adiposa é muito densa e apresenta baixa 
porcentagem de água. 
Com isso, essas particularidades do idoso: 
Músculo (que contém abundante quantidade de 
água) reduzido + Massa adiposa (que contém pouca 
água) aumentada, acabada diretamente influenciando 
no volume de água intracelular. 
Sistema cardiovascular 
Uma típica alteração cardiovascular no idoso é o 
enrijecimento arterial que acontece em especial pela 
deposição aumentada de colágeno e de cálcio com o 
passar dos anos (o cálcio não se deposita apenas em 
tecidos mineralizados, mas quando em excesso se 
deposita em tecidos moles, especificamente, na 
região arterial). 
Esse enrijecimento também está relacionado com a 
degradação da elastina que ocorre através da 
elastase. 
 Além disso, essa deposição de cálcio, colágeno e 
degradação de elastina acabam trazendo uma rigidez 
arterial que conduz a uma elevação gradual da 
pressão arterial sistólica nesses idosos. 
Em decorrência dessa rigidez (que leva a uma 
reduzida complacência arterial), numa situação de 
pós-carga, a resistência à ejeção pelo ventrículo 
esquerdo se eleva e essa elevação acaba sendo 
proporcional ao espessamento da parede do 
ventrículo esquerdo (existe um aumento do tamanho, 
mas não ocorre aumento no número de 
cardiomiócitos), ou seja, aumenta em tamanho, mas 
perde em função. 
Esses idosos então acabam passando por um 
remodelamento de toda estrutura cardiovascular e 
perdem a sua função. 
 
 
Fornecendo um suporte para que este 
remodelamento cardiovascular aconteça, pode-se 
observar: 
• Um espessamento tanto da camada íntima 
quanto da camada média vascular, o que é 
importante considerando que há necessidade de 
ter uma integridade endotelial e capilar, para que 
no momento onde exista ejeção cardíaca, exista 
também também componentes que permitam 
que isso aconteça para que possíveis 
complicações, tal como esse espessamento da 
parede do VE não esteja presente. 
• Por fim, com o envelhecimento é observada uma 
baixa da sensibilidade beta adrenérgica, o que 
condiciona a um decréscimo da FC, que implica 
na redução do DC em torno de 25% (já que este é 
um produto da FC pelo débito sistólico). 
 
Implicações do Débito cardíaco 
O DC em 100% estaria entregando a todos os nossos 
tecidos a quantidade adequada de fluxo sanguíneo, 
O2, líquidos e nutrientes . 
Com essa redução tudo isso está sendo entregue, mas 
de maneira reduzida (redução de 25%). 
Oxido nítrico 
O endotélio regula o tônus arterial por meio da 
liberação em especial do óxido nítrico (NO) e da 
endotelina. 
• O envelhecimento acarreta uma diminuição da 
biodisponibilidade do NO, o que proporciona uma 
diminuição da vasodilatação e acaba levando a 
uma disfunção endotelial, implicando diretamenteno aumento da incidência de doenças 
cardiovasculares. 
Alterações no fluxo sanguíneo cerebral 
• Diante de alterações abruptas do fluxo 
sanguíneo cerebral (como ocorre em uma 
modificação de postura), os idosos vão apresentar 
uma menor capacidade de ajustar rapidamente 
FC, PA e DC e isso ocorre porque existe uma 
diminuição da resposta dos barorreceptores 
carotídeos, como consequência, os idosos são 
predispostos a uma hipotensão ortostática, 
podendo sofrer uma queda mediante a essa 
situação. 
 
Remodelamento estrutural cardiovascular = 
espessamento das camadas íntima e média vascular. 
 
Hipotensão ortostática: diminuição da resposta aos 
barorreceptores carotídeos. Menor capacidade para 
ajuste rápido da FC, da PA e do DC. 
 
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Sistema respiratório 
Ocorre redução da função pulmonar e declínio da 
função imunológica (que aumenta a ocorrência de 
infecções respiratórias, principalmente conforme a 
idade vai avançando). 
Há um progressivo aumento da rigidez torácica, 
levando a redução da retração elástica pulmonar. 
No momento expiratório o indivíduo realiza expiração 
somente pela retração elástica do pulmão, devido a 
função da elastina. 
Retração elástica- ocorre naturalmente e não permite 
que haja acúmulo de ar dentro dos alvéolos (o único 
ar que fica dentro dos alvéolos é chamado de volume 
residual - ar que não pode sair dos alvéolos mesmo 
após expiração forçada). 
Desinsuflação inadequada -como essa retração 
elástica está reduzida em consideração a progressiva 
rigidez torácica, ocorre uma desinsuflação pulmonar 
não adequada para essa situação, que acarreta um 
aprisionamento aéreo (aumento do volume residual). 
Então além do ar que naturalmente já não sai do 
alvéolo (permite que o alvéolo não entre em colapso), 
ainda existe agora o ar adicional que não está saindo 
desse alvéolo em consideração à reduzida retração 
elástica pulmonar que está acontecendo pela rigidez 
torácica. 
Redução da capacidade vital- Por consequência do 
aumento do volume residual, a próxima inspiração vai 
ser mais difícil, porque o alvéolo (que não deveria ter 
uma quantidade excessiva de ar dentro dele no 
momento de início da inspiração) ele já contém um ar 
(devido ao volume residual e pela retração elástica do 
pulmão reduzida). Por esse motivo acontecerá uma 
reduzida capacidade vital (que é composto pelo 
volume corrente, o volume de reserva inspiratória e o 
expiratório). 
Então, a próxima inspiração do indivíduo/idoso 
sempre vai ser muito mais difícil, com maior trabalho 
respiratório. 
Redução da força muscular diafragmática- a 
sarcopenia leva a redução da força muscular 
diafragmática, a qual implica diretamente na redução 
da força inspiratória (ou seja, na capacidade de 
promover uma pressão e a partir dela levar a uma 
diferença pressórica, permitindo com que o ar entre 
dentro dos alvéolos). 
Além dessa condição de reduzida força diafragmática, 
temos que considerar que o trabalho respiratório já 
está comprometido porque existe um aumento do 
volume residual e uma reduzida capacidade vital. 
Assim, a respiração no idoso é mais difícil, gasta mais 
energia para ser realizada e é mais trabalhosa. 
No contexto de tosse –para que o indivíduo tenha 
uma tosse efetiva, ele precisa ter força para realizá-la, 
assim, a redução da força no idoso implica no 
momento da tosse. 
 Uma tosse ineficaz em associação com uma redução 
do clearance mucociliar, acaba induzindo ao acúmulo 
de secreção das vias aéreas. Isso em associação à 
atividade imunológica reduzida (como no idoso), 
acaba trazendo implicações como surgimento e 
facilidade de adquirir doenças infecciosas. 
 
Redução das fibras elásticas - com o envelhecimento 
também existe uma redução das fibras elásticas e 
degradação das fibras colágenas, o que promove uma 
diminuição ainda mais acentuada da capacidade vital 
e um aumento mais acentuado do volume residual, 
porque agora a mobilidade deste alvéolo foi reduzida, 
então o que tinha ocorrido anteriormente por conta 
da rigidez torácica se mantém. 
Hiperinsuflação dos alvéolos - Um aspecto 
importante atrelado ao aumento do volume residual é 
a manutenção desses alvéolos de uma forma 
alargada. 
Os alvéolos no indivíduo jovem estão dentro da 
normalidade, já no idoso fica no sentido de 
hiperinsuflação, o que dificulta a difusão pulmonar, ou 
seja, a difusão pulmonar encontra uma barreira 
anatômica e acaba não sendo realizada com 
efetividade. 
 
O que acontece frente a uma redução da difusão 
pulmonar? 
 R: Redução direta da troca gasosa. 
O paciente que tem uma difusão pulmonar reduzida, 
diretamente vai ter uma redução na troca gasosa. 
 
Sistema renal 
A partir da 4º década de vida é observado um 
declínio da massa e do volume renal que comporta a 
redução de néfrons funcionais. 
Perda dos néfrons funcionais ocorre a região do 
córtex renal, então diretamente vai reduzir o processo 
de filtração glomerular. E ela acontece mais ou menos 
a cada década (perda de néfrons funcionais cerca de 
10%). 
Redução dos túbulos renais - são reduzidos em 
número, volume e extensão, além disso passam por 
uma fibrose intersticial e isso causa prejuízo 
(dificuldade na troca eficiente de substâncias). 
Alterações vasculares: o envelhecimento causa 
espessamento das paredes arteriais (reduzindo seu 
lúmen) e pela deposição de fibras de colágeno na 
íntima arterial. Ambos geram uma esclerose arterial. 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Como consequência disso, há uma redução do fluxo 
sanguíneo glomerular e essa glomeruloesclerose é 
marcada por um colapso dos glomérulos e pelo 
aumento do mesângio (uma condição atrelada ao 
envelhecimento). 
Produção aumentada de ADH – o envelhecimento 
leva a uma produção aumentada de ADH, porém 
menor sensibilidade dos receptores V2 (que fazem a 
mediação da reabsorção de água), consequentemente 
há uma menor reabsorção de água frente a 
estimulação desses receptores. 
 
Sistema gastrointestinal 
Sistema que sofre menos alterações em compensação 
aos outros sistemas. 
Diminuição na produção de saliva e função das 
papilas gustativas - causando alteração no paladar e 
atrapalhando a deglutição. 
Adicionalmente os receptores ou papilas gustativas se 
encontram reduzidas especialmente na percepção do 
sal, que tende a fazer com que o idoso aumente a 
quantidade de sal na comida. 
Diminui produção de HCl 
É necessário lembrar que algumas enzimas são 
inativas e precisam desse meio ácido para se 
tornarem ativas e posteriormente realizar suas 
funções de degradação (como a lipase e pepsina). 
O pepsinogênio por exemplo, precisa de um ambiente 
adequado com pH ácido para que se converta em 
pepsina e seja a enzima responsável pela degradação 
de proteínas. 
No indivíduo idoso há aumento do pH, alteração 
enzimática e alteração da degradação dos nutrientes) 
e enzimas digestivas – modificação na ionização e 
solubilidade. 
Diminuição no esvaziamento gástrico – trazendo um 
desconforto, dificuldade na degradação e lentificada 
absorção de nutrientes (uma vez que a chegada no 
duodeno é mais lenta). 
Diminuição no nº de neurônios mioentéricos - O 
plexo miontérico é importante para a motilidade 
intestinal (peristaltismo). 
Nos idosos ocorre o número reduzido de neurônios 
mioentéricos e é por isso que os idosos com muita 
frequência apresentam constipação, necessitando 
muitas vezes entrar com medicamento ou orientação 
nutricional para facilitar essa motilidade intestinal. 
 
 
 
 
 
 
Metabolismo ósseo 
O envelhecimento modifica de forma intensa o 
metabolismo ósseo (a formação e reabsorção óssea 
entram em desequilíbrio), sendo assim a reabsorção 
óssea (osteólise) é favorecida. 
Frente a esse aumento de reabsorção, são observadas 
mudanças de massa, força, estrutura óssea, densidadeóssea e microarquitetura óssea e todas essas 
alterações podem levar a osteopenia e 
posteriormente osteoporose, além de maior 
suscetibilidade a fraturas. 
Isso indica que o indivíduo pode estar deitado 
dormindo e ter fraturas, devido à tamanha rarefação 
do tecido ósseo. 
Acompanhando essa atividade celular reabsortiva 
mediada pelos osteoclastos, é observado uma 
desmineralização óssea (perda da quantidade óssea), 
que consiste em perda de mineiras, especialmente o 
cálcio, e também perda de fibras de colágeno do tipo 
1 (perda da qualidade óssea). Em conjunto pode 
ocorrer mais fraturas. 
Em relação à morfologia, o osso trabecular 
(encontrado nas epífises e nas vértebras), é mais ativo 
em comparação ao osso cortical( que é 
metabolicamente menos ativo devido a sua massa 
sólida e compacta). Por isso, há uma frequência muito 
alta de fraturas na cabeça do colo do fêmur e 
também nas vértebras (porque são regiões com 
quantidade grande de tecido trabecular em 
consideração ao tecido cortical). 
 Curiosidade: 
 Experimento com ratas: as ratas já envelhecidas 
passaram pela retirada dos ovários representando 
redução abrupta dos hormônios femininos. Já existia 
perda óssea devido ao envelhecimento, mas quando 
teve a retirada dos ovários (ovariectomia), o tecido 
trabecular da rata foi intensamente reabsorvido – 
tecido metabolicamente mais ativo, já o cortical teve 
pouca alteração (observamos até a mesma limitação 
entre os dois animais). O osso cortical demora a 
manifestar as alterações de reabsorção óssea, só 
manifesta a partir do momento que a intensidade 
reabsortiva foi tamanha. Foram 6 semanas após a 
retirada dos ovários para o osso trabecular apresentar 
mudança no conteúdo. E o osso cortical precisaria de 
pelo menos 3 meses. 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
1) T.T.T., 67 anos, IMC de 31 kg/m2, tem, desde a 
sua segunda infância, dificuldade de controlar 
sua massa corporal, contudo, o controle tem se 
tornado cada vez mais difícil. Em associação, 
T.T.T. ainda é diagnosticada com osteoporose 
desde os 42 anos, é muito disposta em sua 
rotina, mas não gosta de praticar exercício físico. 
Toda vez que retorna ao seu médico, é chamada 
à sua atenção pela sua massa corporal 
excedente. Ao mesmo tempo, seu médico muito 
preocupado com a gravidade de sua 
osteoporose. 
a) Como a inatividade física e/ ou envelhecimento 
podem levar à progressão da redução da massa 
óssea? Explique 
A atividade física estimula o tecido ósseo através de 
um efeito piezoelétrico (transformando energia 
mecânica do impacto em energia química), o qual é 
recebido pelo osteócito e transmitido para o o 
osteoblasto, para realizar a formação óssea. 
Além disso, durante o envelhecimento ocorre um 
desequilíbrio entre a formação e reabsorção óssea, 
favorecendo a reabsorção. 
Nesse caso, como o paciente não realiza atividade 
física e é um idoso, a reabsorção óssea vai ser muito 
maior, uma vez que além de estar naturalmente em 
um processo de reabsorção alterada, a falta de 
estimulo (pela inatividade física) irá diminuir a 
formação óssea. 
b) Quais as implicações (ósseas) da condição de 
T.T.T.? 
Com esse aumento de reabsorção, são observadas 
mudanças de massa, força, estrutura óssea, densidade 
óssea e microarquitetura óssea, alterações que 
podem levar a maior suscetibilidade a fraturas, sendo 
essas mais frequentes na cabeça do colo do fêmur e 
também nas vértebras. 
c) Por que T.T.T. não tem conseguido controlar o 
aumento de sua massa corporal? 
Existem vários fatores que influenciam o aumento da 
massa corporal. 
Os idosos, em especial, possuem uma redução dos 
hormônios tireoidianos, o que reduz a taxa metabólica 
basal, reduz o gasto energético e o acúmulo de 
gordura acontece com mais facilidade. Esses fatores, 
em conjunto com a inatividade física e alimentação 
inadequada favorecem o aumento da massa corporal. 
d) Quais os motivos pelos quais há uma relação 
entre aumento do tecido adiposo e redução da 
massa óssea?

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