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AD1 2020 2 - Teoria da Literatura II - Letras

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
 
Disciplina: Teoria da Literatura II 
Coordenadora: Profa. Diana Klinger 
 
AD1 – 2º semestre de 2020 
 
 
Aluna: Suelen Pereira da Motta 
Polo: Nova Iguaçu 
Matrícula: 18213120112 
Nota: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Setembro 2020 
 
Resumo do artigo de Márcio Seligman-Silva, "Violência e cinema: reflexões sobre 
o dispositivo trágico no cinema brasileiro hoje" 
 
Utilizando-se de estudos de Walter Benjamin e Siegfried Kracauer, Seligman-
Silva inicia seu aritgo evidenciando a relação que o cinema de um modo geral tem 
com as angústias e mazelas da sociedade sejam elas nas esferas políticas, culturais, 
econômicas ou sociais. O texto apresenta uma provocação para a discussão sobre a 
ilustração da violência no cinema feito no Brasil nos últimos anos. Recorreu a 
Aristóteles para conceituar tragédia como sendo a imitação que suscitando o terror e 
a piedade, tem por efeito a purificação dessas emoções, em outras palavras, aferiu 
que a tragédia nos leva a catarse (Poética 1449b). 
A poética de Aristóteles teve um papel fundamental na análise das sobre as 
artes. A tragédia é um dos maiores legados da mitologia grega, juntamente com a 
comédia. A tragédia é um forma de dramatizar a representação do mito, do herói, dos 
deuses, do destino de uma sociedade que suscita os sentimentos profundos como a 
paixão, ódio, amor, medo, a dor, impulsos do homem, desejos, morte, terror, emoções 
violentas e piedade aos leitores. 
Ainda sob o olhar aristotélico, Marcio Seligmann divaga sobre a tragédia e um 
de seus elementos, o dispositivo trágico. Contudo, o autor não se absteve ao gênero 
da tragédia para dissertar sobre o dispositivo trágico. Deste modo, analisou como 
ocorreu a catarse dentro da produção cinematográfica brasileira nos últimos trinta 
anos. O autor retoma a concepção de que a catarse produz uma espécie de seção 
terapêutica da coletividade. A catarse é muito presente nas obras ficcionais do 
cinema, uma vez que é utilizada como meio de imitação de situações de origem social 
nas produções narrativa ficcional. O espectador/receptor identifica-se com as cenas 
reproduzidas de violência, desigualdade, de forme, de terror, ódio porque fazem parte 
do seu dia-a-dia. Apesar de ser um meio de imitação, a catarse, torna-se um 
dispositivo diferencial na medida que cria no sujeito o sentimento de empatia com a 
obra ficcional. Por meio da cartase dá-se também dá-se um traçamento de fronteiras 
identitárias. Os espectadores ao praticarem a empatia com o que está sendo exibido 
no filme começa a uma seleção do que é bom e ruim, honesto e desonesto e assim 
por diante. 
Sobre o cinema, o autor o caracteriza como um meio popular que assume um 
papel para além de produto da indústria cinematográfica. Desde o século passado, 
as produções cinematográficas já eram utilizadas como forma de propaganda. 
Percebendo a potencialidade como meio de comunicação em massa, a partir da 
década de 1930, inúmeros países investiram no cinema e nas produções de 
longametragem para enaltecer a cultura do patriotismo, o sentimento de amor pela 
pátria, e estimulando implicitamente, formas de condutas, hábitos, postura, 
pensamentos e doutrinas, etc. Neste período o cinema foi utilizado como canal de 
propaganda ideológica, mas também como canal de comunicação contraideológica. 
Considerado pela indústria cultural uma poderosa ferramenta de comunicação, 
o cinema tornou-se um dos maiores influenciadores da massa e do seu imaginário 
coletivo no período modernista. Na contemporaneidade com seus novos ditames e 
estética, o cinema foi considerado um meio multiplicador e influenciador de ideias, 
hábitos, costumes, culturas, violência, terrorismo, moda, culinária, etc, tornando-se 
sendo acessível a diversas camadas de massas e/ou diversas camadas sociais. 
O cinema é uma forma de arte caracterizada por uma estética capaz de imitar, 
registrar, refletir, questionar, reproduzir e expor a intensidade da vida, as catástrofes, 
as tragédias e traumas associados a ela. Se a tragédia da mitologia clássica é uma 
das estéticas do teatro grego, emoções como sofrimento, a dor, o terror, o ódio são 
sentimentos representado constantemente na estética das obras ficcionais 
contemporâneas. 
O autor continua seu texto exemplificando através de filmes brasileiros as 
características das teorias apresentadas. Ele trás para dentro do seu artigo trechos 
dos filmes Cidade de Deus, Carandiru, Ônibus 174, Tropa de Elite entre outros. 
Enfocando diretamente a cerca do Carandiru, de Babenco (2003), e Tropa de Elite, 
de Padilha (2007). O artigo desenvolve uma discussão sobre a utilização do 
dispositivo trágico (sobretudo dos conceitos de medo, piedade e catarse) nestas 
obras. De modo a dar conta de ser um resumo, vamos nos abster apenas a divagar 
sobre a obra ficcional de José Padilha, o Tropa de Elite. Este filme retrata o dia-dia 
de um capitão do BOPE que busca um substituto para o seu cargo. No desenrolar do 
filme o espectador é remetido a vivência várias situações cotidianas de risco, 
violência, crime e abusos. Também é retratado o péssimo estado de saúde mental 
em que se encontram os policiais brasileiros. Esta produção visual ficcional é um 
retrato de uma situação social, sendo considerado uma mimese-trágica das 
encenações da arte. Contudo, é importante frisar que a realidade de uma obra literária 
é ficcional, mas essa ficção, de certa forma, é oriunda de uma realidade, a de quem 
escreve. Assim, é possível compreender que mesmo sendo algo construído existe um 
reflexo da realidade. Como podemos perceber, o autor estabelece um novo conceito 
e função para o cinema no campo social, onde busca levar para as telas situações 
comprometidas com a realidade social brasileira. 
O artigo discute também o significado das obras no que tange a um discurso 
politicamente correto e as confronta com a proposta de Padilha de narrar seu filme a 
partir do capitão Nascimento, um membro de um batalhão das forças de elite da 
polícia. 
Tratando do modelo do western, um dos gêneros cinematográficos mais 
populares da história do cinema, popurlamente conhecido como os filmes de 
faroeste/cowboys, o artigo pensa em outros gêneros nos quais a anomia da 
sociedade é abordada cinematograficamente, criando figuras fortes e violentas como 
meio de enfrentar este estado de suspensão da lei, como o próprio capitão 
Nascimento. 
Po fim, Macio Seligmann Silva destaca a importância dos elementos trágicos 
na constituição do audiovisual contemporâneo. O autor destaca que a arte é um 
instrumento de construção da memória e sempre esteve ligada à morte, ao terror, ao 
medo, as torturas, ao trauma e ao sofrimento e a representação da dor na história. 
Isso posto, o autor propõe uma reflexão aprofundada do cinema como um dos 
maiores meio de comunicação, destacando como meio de propaganda em massa, 
sendo utilizado como meio de difusão e discussão de temas relevantes com 
educação, cultura e político-ideológica. Para o autor o cinema assume a função de 
“simbólico-politico” de uma conjuntura social. O audiovisual busca imitar com 
perfeição a realidade. A postura do cinema é imitação da realidade da vida, que é 
composto de alegrias e tragédias. Desta forma, na linha de interpretação do autor 
uma das funções do cinema é reproduzir temas inflamatórios como fome, miséria, 
violência de classe, violência raças e gêneros, as injustiças, lutas de classe, lutas de 
poder, lutas políticas, as desigualdades, as purificações retratando a realidade 
nacional. É o terror vigente numa sociedade e/ou grupo social através da 
verossimilhança e da catarse. 
 
 
Referências: 
 
ALONSO, André. Bases da cultura ocidental, Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 
2014. 
GODDARD, Jean Christophe.Deleuse e ocinema politico de Glauber Rocha. 
Violência revolucionada e violência nômade. Concinnitas, vol. 2, ano 17, volume 02, 
número 29, jun. 2017. 
https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/concinnitas/article/viewFile/29145/20589. 
Acesso em 14/08/2019. 
SELIGMANN-Silva, Márcio. (2003). História, Memória e Literatura: O Testemunho na 
Era das Catástrofes. Editora da Unicamp, Campinas, SP. 
SELIGMANN-Silva, Márcio. Violência e cinema: um olhar sobre o caso brasileiro hoje. 
Editora da Unicamp, Campinas, SP, 2008. 
SILVA, Thiago de Faria e. História, Cinema e Política: Os movimentos Sociais em 
Audiovisual (1990-2010). Revista livre de Cinema. V.1, n 2, p.28-39, mai/ago. 2014. 
http://www.relici.org.br/index.php/relici/article/view/9/16 Acesso em 15/08/2019. 
Teoria da literatura II. V.1./ Anita M. R. Moraes... [et AL]. Rio de Janeiro: Fundação 
CECIERJ, 2013. 
Violência, encarceramento, (in)justiça: memórias de histórias reais das prisões 
paulistas», Revista Letras, 43 (2), São Paulo, 29-47, 2003.

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