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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras - UFF / CEDERJ Disciplina: Literatura Brasileira II Coordenador: Luiz Fernando Medeiros de Carvalho AD2 – 2020.2 Aluna: Suelen Pereira da Motta Polo: Nova Iguaçu Matrícula: 18213120112 Nota: Dentre as seis questões a seguir, escolhe três para dissertar: 1. Quais foram as principais influências geradas pela Semana de Arte Moderna na literatura brasileira da época? 2. Aponte a relação entre o Manifesto futurista de Marinetti e a poesia de Oswald de Andrade. 3. Onde se encontra a radicalidade do primeiro romance de Clarice Lispector? Exemplifique com trechos do livro. 4. Se comparado o primeiro romance de Clarice Lispector com o romance Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, manteve-se a radicalidade inicial? Exemplifique com trechos do livro. 5. Por que, para Guimarães Rosa, os loucos, os velhos e os cegos configuram um novo paradigma do olhar? 6. Por que a linguagem da personagem Ninhinha, do conto A menina de lá, de Guimarães Rosa, é livre de estereótipos? As questões 1, 5 e 6 foram as escolhidas para serem respondidas. 1- Podemos entender como Arte Moderna as expressões artísticas que começaram a surgir na segunda metade do século XIX, chegando ao seu apogeu na primeira metade do século XX. Esse conjunto de tendências identificado como Arte Moderna marcou uma série de rupturas com as tradições socioculturais que deu novos rumos e ares ao que se entendia por arte até aquele momento da história. Essa característica de romper com o tradicional, dar novas formas, olhares e resignificar a arte presente no modernismo foi a grande essência da primeira semana de arte moderna no Brasil. Neste período, o Brasil vivia sob a influência europeia, começava a se industrializar e, com isso, passava por grandes mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais. Foi neste cenário que aconteceu a primeira semana de arte moderna brasileira. O evento se deu no teatro municipal de São Paulo, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922 e contou com a presença de artistas brasileiros e internacionais. Pelos mais conservadores e críticos da época foi fortemente criticada, mas mesmo com fortes críticas e ataques, atraiu um grande público. Logo após a sua realização não pareceu ter alcançado grande efeito modificador e/ou transformador. Contudo, com o passar dos anos, os ideias de liberdade estética e nacionalismo cultural reverberaram e corroboraram para a concretização do que entendemos por literatura brasileira atualmente. Portanto, as principais influências geradas pela primeira semana de Arte Moderna na literatura brasileira da época estão atreladas as reflexões produzidas na ocasião e que culminaram na quebra de paradigmas e transformação na construção literária a partir de então. Passou-se a criar e valorizar uma identidade nacionalista. Buscava-se uma liberdade de expressão e pesamentos. As produções literárias seja na prosa ou na poesia, passaram a expressar ideias e sentimentos de maneira mais livre, subjetiva e coloquial. 5- Guimarães Rosa foi um escritor e diplomata mineiro que fez parte da terceira geração do Modernismo e do pós-modernismo. Algumas de suas características literárias são a linguagem poética, o uso de termos arcáicos, neologismos, regionalismo, a subjetividade, oposições e prosa intimista. É observando algumas de suas características que podemos entender o porquê para Guimarães Rosa, os loucos, os velhos e os cegos configuram um novo paradigma do olhar. O autor buscava achar sutileza e leveza onde não parecia existir. Escrevia sobre o contraditório, sobre o que não é habitual. Para ele, os loucos, velhos e cegos mantêm seus olhos mais atentos do que as outras pessoas e com isso enxergam/percebem coisas que os demais não conseguem ver. Eles são capazes de desviar o olhar do comum, do corriqueiro e frequente para tudo aquilo que é diferente, não habitual, incomum e raro. Podemos observar o que fora supracitado na narrativa da obra Grande Sertão, de Guimarães Rosa. Nela, as crianças, velhos e cegos são destacados como protagonistas. O autor, revela um novo olhar sobre a percepção do objeto. Nas narrativas Guimarães Rosa sempre buscou ver as pessoas e as situações com olhos novos. 6- No conto A menina de lá, texto integrante da obra Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, nos deparamos com uma complexa personagem idealizada pelo autor. Este conto é a história de uma menina chamada Maria, que é conhecida como Nhinhinha e está perto de completar quatro anos de idade. A personagem principal personifica a relação da criança com o poético. Sua voz, cuja linguagem “enfeitada e sem juízo” revela a linguagem da poesia, faz jus a isso. O lirismos esta presente nas frases, literatura fantástica, desta forma o autor remete o receptor ao mito. As características da literatura fantástica sempre aparecem de forma significativa no texto literário em análise, tais como elemento o maravilhoso, o fantástico, o estranho, o realismo mágico. Portanto, a linguagem da personagem Ninhinha é livre de estereótipos porque é original e com um dizer poético. Não se pode esteriotipar o que não é cabível de enxaicar em um padrão preestabelecido. Em outras palavras, o conto permite conhecer a realidade de fenômenos inexplicáveis e insólitos em relação ao padrão de normalidade estabelecidos pelos homens. As falas da Nhinhinha e seu modo de ser são vistos como fatos ilógicos, visto que no decorrer do conto a personagem começa a fazer milagres e seus desejos são realizados. Referências: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 4. ed. [Reimpr.]. Rio de Janeiro: LTC, 2013. FIGUEIREDO, Maria do Carmo Lanna. Sacudindo o sentido do mundo: o texto e a mulher em Guimarães Rosa e Mia Couto. In: Veredas de Rosa II. II Seminário Internacional Guimarães Rosa, 2001. Belo Horizonte: Ed. PucMinas, 2003, p.478. GARCÍA, Flávio; BATALHA, Maria Cristina (Orgs). Vertentes teóricas e ficcionais do Insólito. Rio de Janeiro: Caetés, 2012, p. 13-29. GUIMARÃES, Manuel Luís Salgado. Nação e civilização nos Trópicos: O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma História Nacional". Revista de Estudos Históricos. Rio de Janeiro.I: 1988. REIS, José Carlos. 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