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Governo para Maquiavel

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GOVERNO PARA MAQUIAVEL
O que é o governo senão um aparato para administrar ou exercer autoridade sobre um território? Para Maquiavel não é diferente, governo está intimamente interligado a arte de governar. O florentino, por sua vez, vale-se da idéia de Platão de que quem não se interessa por política, acaba sendo governado por àqueles que se interessam, indicando a busca pela política a qualquer governante, pois ela é o caminho para conquistar o poder e se manter nele.
Para Maquiavel, a política é o jogo da aparência. É a busca pela glória. Para atingi-la, é preciso conhecer os anseios da população em suas diferentes perspectivas histórias. Maquiavel utiliza-se da metáfora: ‘’É preciso subir aos montes pra conhecer a planície, e percorrer a planície para conhecer o monte’’ para exemplificar que aquele que governa, conhece melhor o povo do que o próprio povo. E o povo conhece melhor o governante que o próprio governante. Logo, o governante que se utiliza da verdade efetiva das coisas, dotado de virtú, ou seja, percepção seguida de atitude e agraciado pela fortuna, se manterá tranquilamente no poder. Além disso, meios violentos, arbitrários e abusivos também seriam válidos para se manter no poder visto que estes seriam legitimados em prol do bem comum de todos os cidadãos.
Acerca dos modelos de governo, Maquiavel não fazia distinção de formas de governo boas e más, mas sustentava a existência apenas de duas delas (monarquia e república), sem fazer juízo de valor sobre suas formas corruptas, pois, de acordo com ele o que tornava um governo bom ou mal seria as intenções do governante, pois as formas de governo em si, detinham características neutras. A adoção de uma ou de outra variava de acordo com o contexto político e social.
Na obra Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio, Maquiavel ensina que ao se fundar um Estado, a constituição política que lhe der início deve ser fruto de um único homem (o governante), não de alguns (aristocracia) ou de todos (democracia). Este homem, sábio e habilidoso, governará em busca do bem público ou da ''pátria comum'', assim como Rômulo em Roma, Licurgo em Esparta e Teseu em Atenas.
É importante ressaltar que o governo deverá sempre estar a cargo de uma só pessoa, a quem será concedido todos os poderes e meios necessários à coesão da comunidade em torno da qual se organizará o poder. Porém, ao longo da existência política desse Estado, ainda que fundado em bases autoritárias, o poder será distribuído aos ricos e nobres (aristocracia) ou à plebe e ao povo (democracia).
Apesar da fama despótica em que está permeado o estudo política de Maquiavel, é possível, ainda assim, conceber uma vertente democrática e até republicana em suas obras, a partir do elogio da ação e da participação dos cidadãos na arena pública. Essas concepções inserem Maquiavel na corrente histórica dos grandes pensadores que, desde a Antigüidade, contribuíram, com suas reflexões, para a construção dos ideais de liberdade e de democracia. Aliás, pelo fato de “desvalorizar radicalmente as pretensões dos grandes à virtude”, e por fazer do povo o suporte da única honestidade possível de ser encontrada na sociedade, importantes estudiosos o consideram o “primeiro pensador democrático” (MANENT, 1990, p.31) e o “profeta da democracia” (NEGRI, 2002, p. 103).

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