Buscar

Berkeley e Hume - Coleção os Pensadores

Prévia do material em texto

B e r k e le y
H u ilM l
Os Pensadoiés
Os Pensadorés
IU t RcIov
I IllIllO
‘As- idéias- impressas nus sentidos 
sSt> COiSãs reãis Ou existem réalmente; 
náo o negamos, mas negamos que exis­
tam 1cir,1 do ÍSpíritü pefcipitrttc* Ost ÇuC 
sejam semelhanças de arquétipos exte­
riores ao espírito, pois una sensação 
ou idéia consisto om ser oorcobída e 
uma idéia só pode assemelhar-se a 
uma idéia. Insisto em que as idéias dos 
■sentidos podem cham ar*- exfonvs 
quanto ã origem, visto não serem gera­
das pelo espírito mas nele impressas 
por um Espírito diferente daquele que 
es- percebe Us objetos sen síve l tam­
bém podem con?iderar-se 'fora do espi­
rito' cm outro sentido, o de existirem 
em outro espirito: assim. quando techo 
•os olhos as coisas que vejo existem mas 
só pode ser em outro esp irito ." 
BERKELEY; Tratado sobre o conheci­
mento hvmano.
Toda idéia é copiada de alguma 
impressão ou sentimento anterior; e, 
quando não podemos encontrar nenhu­
ma impressão, podemos estar certos 
de que não há idéia alguma. Em todos 
os exemplos isolados de operação de 
corpos ou mentes, nada há que produ- 
*3 qualquer impressão de poder ou co­
nexão necessária e , conseguintemer- 
te, possa sugerir qualquer idéaa desse 
gênero. Mas quando se apresentam 
muitos exemplos uniformes e a O mes­
mo objeto segue-se sempre o mesmo 
acontecimento, começamos 3 nutrir a 
idéia de cáusá e conexão. Experimen­
tamos emão um novo sentimento ou 
impressão, o saber- de- uma conexão 
habitual, no pensamento ou na imagi­
nação.. entre um objeto c o seu acom­
panhante usual; e esse sentimento é o 
original da idéia que procuramos 
HUM E: Investigação sobre o entendi­
mento hum jnu,
Os Pensadorés
ClP-Brasíl. Catafügirçáo-iiia-Publk-ação 
Câmara Brasileira do Livro, 5P
H4341
J.cd.
tícrfccky, (icorçje. 1685*1733.
Traia do sobre t»s princípios do çcinlKClmento humano : T ris diálogos 
entre Hilas c FilOíKJus Cm opótiição ura eáticos c ateus ■■ fJenrge flcrfcçlcy 
Investigação sobre O entendimento hcihono , bmwwh morais. polílíctXJ é II 
cerrtrios ■ íluiiiw ; iradüçúiiS de Antônio Su;;n> ... <el ah), -- 3. cct. 
— $Au Paulo : Ahril Culuiral. I\>fl4
(Os pensadores)
Inclui vida c obra de UsTkeky t Hunw.
Bibliografia.
i Conhecimento repeta 2 RmpirUmo 3 Ftti«ofw in̂ Û .i 4 liicaíis- 
mo m l̂ês 1 Hume. Davj-J. 1711 -1776 11. Sérgio, AniAnio, l8K3-J9füL 
III Título IV. 3'iiiiLi: 1'rfis diálogos ciucc Htlas e Filonu-us cm oposição 
.tos edusus c ateus., V 1'ituío; Investigação solire o entendimento humano 
VI. I ifuki; Lnsuius morais, políticos c lUcrános V II. Sitie.
U3-I4SI
CPD 192 
-121 
-141
-|46,4
índices pa.ru. catálogo sistemático: 
1 Conhecimento : Teoria : Filosofia 121
2. Lmpirismo : Filosofui 146.4
3, Filosofia jngfcsa 192
4 Idealismo . Filosofia 14]
3. Teoria do conhecimento. Filnsufia 1 31
GEORGE BERKELEY
TRATADO SOBRE OS 
PRINCÍPIOS DO 
CONHECIMENTO HUMANO
TRÊS DIÁLOGOS ENTRE 
HILAS E FILONOUS 
EM OPOSIÇÃO AOS 
CÉTICOS E ATEUS
DAVI D HUME
INVESTIGAÇÃO SOBRE 
O ENTENDIMENTO HUMANO
ENSAIOS MORAIS, POLÍTICOS E
LITERÁRIOS
I ruiiu^ocs de Antônio Sérgk», I.eond Viüliiiulro,
J oão Paulo Cumes MwiUriru, Armando Mora D '01ivtira
1984
EDITOR: V1CTOR CIVTTA
Títulos originais:
TmtSik de C r̂Virley: Trratrsv Ctmivrning rhr Principies o f Mutr.au Kn&wledgí 
Thrcr Ofolvgntí Beiwrm fiylas utvi Phitonaus 
Textos dí Ilunc: .̂ n (iffifufri ç&níxrnutg Híw.cin l./nderstandín ̂
£jyí*iy>, Mprat. FciiticaJ and Liitvury
c CopynphE Abril S A. Culuiral. Sirt Paulo. lOVj — 
2> «Jicão. 10ÍW>_ — j' ■ i J , PS84.
Traduções puhljcate wib licença Jc AUÜntídjj Ediumi, s.u r.l . Coiltlbiii 
(J>atado lobrr ir.-i Fiiiàiffnm tiv Cimlrn-imrmti tfummoi 
Tréx Dtídofiot cnrrt th!a;, r Fihnoas em OpQSiçwi ri<JV Cérum’) : 
de LtSiti>r*j («luhu S.A.. Pono Alegre f.litvtsiittuçüti .vfbrt o Krn n̂itansnm HttfttflfU■!
Direitos exclusivos idforc n tmiuçan /ÁKrirrjv \fnmtx Pahúrm r .Vo.- :nh. 
Àbnl S.A. Cultural. 5üo Paulo
DireitíH. e.xclwsiVOá iu-Ott ” Es;rkeley VídíL c Oot.i" c J M lume — Vnij 
e Obra” , Abril S ,A . Cultural, São
BERKELEY
VIDA E OBRA
Consultaria: Jttão Paul o Gomes Monteiro
G eorge Berkelry nasceu r-m Kilkenny, Irlanda do Sul, cm 1 2 cie março dc 1605, Estudou na escola da cidade natal, por 
cujos bancos tinha passado, alguns anos antes, r> autor cias Viàgvns 
cio Guliivor, o conhecido satirista Jonulhan Swift Í1067-1745). Os es­
tudos superiores foram feitos no Trinity CoIlege de Duhlin, onde der- 
keley [ornou-se fellow cm 1707, quando possou n lecionar hebom o, 
grego e teologia Ness,> época, lia muito os filósofos |es|^dalmente 
l ocke, Newton e Mulcbrarche) e anotava observações, reunidas sob 
o título dl1 Comentários t Uosóficos hoje dc grande importância para 
a compreensão <ie sua obra posterior.
Sou sistema filosófico íoi concebido e realizado quando ainda ro- 
lativàmenie )ovem, Em 1709, aos vinte e quatro anos de idade, Berke- 
!cv publicou o Ensaio pnn: um.t N g v j Teoria tín Vitáo. Um anu de­
pois, surge o Tratado sobfí' Os Princípios rin ( onhvamvrUü Humano 
^ em 1 7 1 t . os Trrs Dtâiofiot vntre Hilas d filonous, nos quais reto­
ma t desenvolve as teses o argumentos do Tostado.
frala-sc, portanto, de uma obra inteiramente estruturada nos ro 
meçc» do século XVIII, quando as çiõnuus naluraís sé desenvolviam 
libertas do fínaUmo arrsMêliçn c* escoláslico e capacitadas a explicar 
os feoômrní» de manetra autônoma,, sem qualquer intervenção de fa­
tores sobrenaturais. A natureza era vida como uni conjunto de fatos 
explicáveis por si mesmos, cabendo ao homem tão somente decifrar 
a ordem matemática inerente j eles.
Ta! maneira de ver a natureza conduzia a uma concepção mate­
rialista do universo. Pelo menos foi o que aconteceu historicamente, 
dada a ausência da necessidade de conceitos conxi "espírito" a ou­
tras análogos. Nesse sentido foi importante a concepção d ua lista for­
mulada por Descartes I I5%-165(J). segundo a qual existem duas subs­
tâncias independentes [pensante e extensa), cada uma com seus domí­
nios próprios. Minava-se, assim, a visão cristã medieval de uma natu 
reza cruida por Deus e subsistindo apenas em função dele. Nan bas­
tasse isso. Descartes desenvolveu muito mais a parle de suas obras re- 
ferervu-s â substância externa e criou as coordenadas de uma físí< a ma­
temática, que se propunha n explicar os fenômenos físicos de manei­
ra autônoma.
vm BERKtLEY
Na Inglaterra, Newton 11642-1727} caminhava no mesmo senti­
do e mostrava a verdadeira viâ para o conhecimento dos fenômenos 
físicos: a união entre a matemática e a experimentação Thomas Hob- 
bes (1 5B-Í5-1679] formulou um rígido sistema materialista e lohn Loc* 
ke (3 632-1704,1 desenvolveu uma teoria empiriíta do conhecimento 
que — pensava Berkcicy - conduzia diretamente ao material fauno e 
ao ceticismo.
Um a filo so fia im ateria lfafa
Dentro desse panorama, Ekrkeley drspôs-se j restabelecer o pri 
mado do espirito, investigando "as principais causas do erro e das di­
ficuldades nas i ièncias e os fundamenios do ceticismo, do ateísmo e 
da irreligiâo" (subtítulo do Tr.it,ido sobre os Princípios do Conheci­
mento Humano), Para alcançar esses objetivos, tomou tomo ponto 
de partida a filosofia de Locke, admitindo o essencial da teoria do co­
nhecimento empirista, mas checando a resultados inteira mente dife­
rentes e até certo ponto paradoxais.
John Ltxkc* linha desenvolvido, no Ensaio sobre o Entendimento 
Humano, a concepção de que todo conhecimento se origina da expe­
riência sensível o nao existem idéias nu intelecto humano produzidas 
exclusiva mente pelo próprio intelecto. Não existiríam «is chamadas 
idéias matas", admitidas por Descartes, As idéias matemáticas de 
quantidade, por exemplo, não constituem, para Locke, formas impres­
sas na mente antes do aparecimento das funções sensíveis na criança 
Quando o homem nasce, sua mente seria como um papel cm bran­
co Sobre esse papel, os tomai»* físicos, estabelei idos pelo* cinto 
sentidos, imprimiríam aos poucos os caracteresque, depois de múlti­
plas experiências do mesmo tipo, formariam as idéias gerais, Exempli­
ficando-se, se o homem tem cm sua mente uma idéia gorai de árvore 
(que não deve ser confundida com a representação mental desta ou 
daquela árvore om particular), essa idéia C: apenas o resultado final 
das inúmeras e sucessiva» impressões de arvores particulares, que ta­
ram produzidas cada vez que esse homem viu árvores concretamentc 
existentes na natureza Assim, todas as idéias que o homem possui 
em sua mente seriam o resultado de um processo que sc inicia com 
uma sensação particular (pela visão, tato, olfato, paladar ou audição), 
repetida muitas vezes.
Essa teoria supunha, consequentemente, que as coisas exteriores 
à mente humana possuiríam qualidades objetivas, capazes de provo­
car o aparecimento das sensações subjetivas da mente humana e as 
idéias resultantes. Chegava-se. assirn. ã concepção de que o mundo 
exterior è constituído por algumas qualidades primárias, à soma das 
quais os filósofos da natureza deram o nome de matéria, ou substân­
cia material. Essa substância material nán podéria ser revelada díreta- 
mente aos sentidos, resultando sou conhecimento de um processo de 
inferência pura mente intelectual. Em outros termos, a matéria — dife- 
rentemente tfas coisas materiais — não pode ser vista, ouvida, cheira­
da, ctc. Esses processos sen&oriais só ocorreríam com as coisas consti­
tuídas a partir da matéria.
VIDA E OBRA IX
Bcrlcr-ley concorda com as linhas gerais da teoria empiristu de John 
Locke, mas não admite a passagem do conhecimento dos dados forne­
cidos pelos sentidos para o conceito abstrato de substância material. 
Aderindo ao mais completo empirfsmQ, afirma que essa substância 
matéria! náo pode ser conhecida em si mesma. (!) que conhecemos 
do mundo exterior resume-se às qualidades reveladas no processo de 
percepção c nada mais, dc tal forma que é forçoso concluir pela afir­
mação de que a existência das coisas não é mais do que um feixe de 
Sensações Em poucas palavras, "ser é ser percebido" {"esse esc perci- 
pi"). Dizendo o mesmo dc maneira mais concreta, a cor rios objetos 
não seria mais do que algo visto; o som, algo ouvido ; a forma, algo 
vtsro ou sentido peto tato e assim por diante. Toda o mundo eorpórco 
seria sempre o sensoriai, um conjunto de tetos existentes unicamente 
nos sujeitos que conJiçcem. Não existiría qualquer possibilidade de 
conhecer-se uma existêoda independente, determinada pela estrutu­
ra das próprias cu^os, como queriam Locke è os filósofos da natureza 
do século XVII.
Náo se tratava, portanto, dc negar a existência das coisas mate­
riais que constituem o meio ambiente do homem. O que Berkeley 
pOs em questão for a idéia abstrata, então ccjrrcnte de matéria co­
mo uma substância fundamental, constitutiva de todas as coisas e ra- 
dicalmenle diferente da Substância pensante, segundo a terminologia
cartesíana.
A teoria. berkeféiana de que "scr é ser percebido" não significa, 
contudo, que o mundo se reduz à monte de cada indivíduo, pois Ber- 
kefey ajunia um complemento essencial parn evitar todo subjèlrvismo 
individualista. Trata-se da postulaçâo da existência de uma mente cós­
mica, superior à mente de cada homem. Essa mente cósmica é Deus, 
concebido como sujeito eognoscttnte* absoluto, r»o espírito do qual to­
das as coisas seriam percebidas. 0 mundo ó, (jurtanto, concebido 
por Berkdcv como um conjunto de coisas corpóreas existentes na 
menlç dívmn e tendo nela todo sua razão cio ser.
ultimas obras de um idealista
Berkeley tentou salvar o espírito e â religião com suas obras filo­
sóficas, Se alcançou o objetivo almejado, ou apenas substituiu j idéia 
abstrata de matéria por outra não inenob abstraia, a de Deus, é assun­
to discutível. Náu se discute, contudo, que foi um homem piedoso e 
idealista {no sentido moral da palavra) até os úlrimos dias de sua vida.
Depois de concluído o essencial de sua filosofia (materialista, cm 
1713, quando contava apenas 28 anos de idade, viajou para Londres, 
onde manteve contatos com os poetas loseph Addison (1672-1719) c 
Alexandre Pope 11688-1744), o escritor Richard Steolc (1672-1 72*>) c 
Jonathan Swift, e escreveu alguns artigos contra os livres-pensadores, 
Numa segunda estada na capital inglesa, efe 1716 a 1721, escreveu 
um pequeno ensaio ern latim, Soòze o Movimento, no qual critica a fi­
losofia da natureza de Newton c a teoria da força de Leibniz 
(1646-1716).
X BERKELtY
Em 1724 tomou-se deãü em IJerry (Irlanda) e, na mesma época, 
projetou a fundação de um colégio nas Bermudas. onde pretendia 
educar, para o ministério evangélico, não sí> os filhos dos colonos 
americanos, mas também negros c Indígenas. Procurou ajuda linan- 
ceira e partiu para Kbode Is I and, nos Estados Unidos, onde planejava 
estabelecer fazendas para prover o colégio de alimentos. Depois de 
algum tempo, cansado de esperar pda apoio que acabou não vindo, 
abandonou o pronto e voltou para Londres, em 1731. Nesse meio 
tempo escreveu uma obra sob forma de diálogos, Alciphron, contra 
os livres-pensidpres e, no período de 1732 a 1734, redigiu O Analis­
ta, no qual Criticava o cálculo diferencial e integral de Newtprç i* 
L/rna Defesa cio U vrç Pnn^vvctUO cm Mdtemáticú.
Em 1734 toi escolhido para o cargo de bispo dé Cloyne. região 
isolada e pobre da irlanda, onde encontrou problemas que o fizeram 
refletir sobre os assuntos econômicos, O resultado disso lui O Qucs- 
rionsdor. obra na qual apresenta uma serie de questões econômicas e 
sociais, comí* a pobreza e a ociosidade, propondo algumas soluções, 
através de trabalhos públicos c- educação- Preocupou-sc também com 
problemas de saúde pública e cntusiasmou-se tom ov valores medici­
nais dn águo do alcatrão, na qual acreditou ter encontrado uma verda­
deira panacéía universal, Escreveu então sua última obra, .Siris ou Kc- 
flexões e tn\iestifi3çõcs Filosóficas nobn: as> V irtude d.i .Agua cft 4/rj- 
trào, na qual se íiprnxima dc doutrinas dg antigo neoplalonismo c 
litiabsa as causas dos fenômenos físicos, arriando que das devem s<v 
explicarias pela ação divina.
Siris toi publicada em I 744 e., dessa d.tta um diante, pouco se sj- 
be sobre a vida dc Gcorge Bcrkokry, a não sc*r que em i 7S2 sc estabe­
leceu em Oxford, onde faleceu no ano seguinte.
Cronologia
lftflS C m r^ Borkvíey n.wn? pm Kílkenrty Irfandt. a 12 dc março. Nascí- 
mento dc Bach, Handei e do pintor I, M Nattier, 
l i í ? M.ilebr.nnrhe publica Ctrfúttuitn w iw a MvfiftVs/cd c Newtor, os 
Porre iptos de Flfú-ioti.i
1 bVU Vem à tu/ o Cm-Jiv sobre o i ntesirtimeuio HuntanotU' fnhrt t t.v ke.
1700 Berkélpv ingwtM nn Irwity Ccllnge dn Õqtilin
1701 — Furwla-w, ria Inglaterra, a SéCiiédadê para Fomcntodo Gunhecimen- 
(0 Criãão,
1702 Funda-se u primeiro diário IngJtS, u Daily i ourfinf.
t707 — Berkeitiy tornu-so pmtpssor no Trinitv Cnficge de Dublin, Donis l'3- 
pin constrói uni barco a vapor
1709 — lierkisky publica o Ensaio para uma Nova Teoria dií Visão.
1710 — Surge o T ra u n lp sa b re os P r in c ip io s du C o n h e c iin e n lo H u m a n o Üê 
Bedehy. Leibnlz publica j Tetxiiçêd.
1713 — Herkeiey cuida da pubht~.>fâfj dos Três Üiálugos mire Hilas e Fíb-
nous c tom rç .i itm per/ofío do i iu^cni, que se estendo aíõ o .mn segui ̂ íe
1711 — Novo período efe Vagens que se prolonga ate 1720,
1721 Publica um pequeno ensaio Sobre u Movimento, no qudi critica 
Newtan e Lctbtv?.
1724 — ÍOJTLT-W rfft» de Oerry fhlunda) 4 a&cu o i líósofo Emanuel Ka n t.
VIDA E OBRA XI
172B — Berkefey casa-se p vai morar em Newpprt. Khode khnd, nas Esta­
dos l Inícios
1732 - Novamenle cm Londres, Bexkeitr, publica Aluphron
1734 — É escolhido bispo de C/nynr (Irlandai o publica O Analisia
1735 Publica Uma Defesa dn l ivre Pensamento em Matemâtrca e O 
QursríorfcadOf. üiuryv u Emoiú wbre o Homem do Alexandnr Pnpn.
1744 Bcrkclcy publica Siris. Nasce Ldmur .̂i;.
1752 Berkehy iransiere-sc para Oxford.
1753 — Falece em Oxford, no dia J J de janeiro.
Bibliografia
MookL, C . E .. RvfuLrtionaf Idealism in Pluiosophscjl Studie\ Lnndros, TlJ22
Jçkmusíon, G . A. The DevcJopm&U df Eerkefey's Philosõphy, 1923.
H ith , ti Dávves. Berkelvy, Lonrfrr-s 193-2,
!j . ‘T, A, A ,: Bcrkrfr) and \Uk'brartdu\ Londres 1944.
Lua, A. A.,: Bvrkv!ry',s Immaterijiism, 1945.
Lua, A. A .; ih v Uiv <>(Ccafói* iterkefey, tíishopoi Ooyne, Londres, 1949,
Witu, J. CicwrRe Serkeley, ,j <mdv o f his Life and Phtfosophy, Nav.i VcrL. 
I936e 1962.
HwwS} L: Sçnsstiófíainm ,tnr! Thmtogy j'it lyfrdketttyds Phiiosophy, 1936.
Ba i-ííi, ls £j Penado RcFigleusc de Betkeh-y t l 1'UfUtr} do v.r dhlúkipliic 
1945.
WaamX ol. G . f .: tècrkcleyf Felican Btxjfcs. 1953
Gv1ikm.il, MARtî j Berkeley, Quatro hudff, sor h Perceorton vi sur Dieu Au- 
hpíi, Ediliori Mcjnlriif{ne, PiirK I95íí,
SmrM, E A,: Cí.KM r̂ tii rkcirv .inti lhe PftxiH ior í/u- £MsrrvíiV oi Cvtk Lon­
dres 1957,
L+khiv, A. L : üí?omeUerkhky, Prwsm Univeirsitíu^ rk IV,mee, Paris, 1959,
Aü.MstJK>Rns, l i M .: Berk&loy'í Theürv r>t Vision, Meiboume, 19hl,
Mffdnrn Sivdics m Phihsophyi Locko and firikck"ò editado pur C B Martin
tO . M. Armsironi;, Éd. Maemlllan, Londres v Meltwurne.
CEORCT BERKELEY
TRATADO SOBRE OS PRINCÍPIOS DO 
CONHECIMENTO HUMANO
Trnduçüo ■,!i_- An cúidn,) Sçrgtu
Pr e f á c io d o A u t o r
O que hoje publico pareceu-me depois de longo c m inucioso estudo inteira 
menle exato , e de algum proveito , em especial aos já locados de ceticism o on 
desejosos de itma demonstração da existência e im aterialidade de Deus ou da 
natural imortalidade da uíitw Seja assim cm nâo. basta-me ifite o le itor o examine 
imparcialmente, po is nenhum outro üxito quero para o que cscrev i senão o acordo 
com u verdade. Pum isso peço ao leitor que suspenda 0 ju íz o até ter fido ludò 
com a atenção e a reflexão que o assunto parece merecer. A lguns passos em sepa­
rado podem levar (ç o caso é inevitável, a graves erros de interpretação c a conse­
quências absurdas, que uma leitura cuidada mostrará não derivarem deles. 
M esm o uma leitura completa mas superficial trairá provavelmente o meu pensa 
mento: mas para o leitor reflclidú confio que será claro e óbvio . Quanto à novi 
d ade r singularidade de algumas noções apresentadas, espero que seja desnçces 
súrio tecer a apologia. M uito fra co ou muito pouco dado ao saber será quem 
rejeite uma verdade detnonslrávcl só por eia scr nova ou contrária a pre ju ízos da 
humanidade. P or isso tratei de prevenir, se f o r passíve l, a censura precipitada dos 
q u e s ã o prontos em condenar uma opinião antes dc t é ia verdadeiramenie 
compreendido.
In t r o d u ç ã o
1. Nilo sendo □ filosofia Sen rio- o desejo da sabedoria cda verdade. ê Lie esperar dós que nct? 
gjWUiraiti ç» melhor tio seu leinpn a do seu trabalho que fruam dti m:tíor o alma c serenidade e.spari 
lua!, msiror clareza c evidencia de eonhcetitierUO. e sejam meios assediados por dificuldades l- du 
vidas do que as outros Homens. A,pesar disso, vemos o prossn íletrado da humanidade percorrer 
o trilho do simples sensft comum, covemado por ditames da natureza.. com [aciUdade c sem 
perturbação. Nada Jo que é familiar lhes pai ecu inexplicável nu duro de entender. Nâo se t|dei 
aam de falto de evidência nos sentidos. c o perigei do ceticismo náci rs ameaça- Mas «.penas sai 
rnóS dos Sélltidos c do instinto para a luz de um princípio superior, para meditar, pensar c rcflcüi 
na naiurcia das coisas. mtl escrúpulos surfem ru> espírito sobre o que ames porccía compreen 
demos «larwticmtc l>e lortn íi parte se nos levantam preconceitos, e erros dos «.antidos; c. ac* icn 
tar corrigi-los peta raitâu. irtscusívdmeiiie cuímos cm singulares paradoxos.dlftcuLdfidcfi, irteomã v 
lútiuia ̂ que se multiplicam ao progredir na especulação, ate que depois de ter percorrido 
verdadeiros Itihirinlos no» .íchíimns nnde oseávitmos; ou. n que ê pior. onlrcgUM n um mí.seiM 
MticisniO.
2. Dá sc como causa tfitrn n obscuridade das cokax mi a natural faiquoca e imperfeição do 
nosso conhecer. Di* se que as nto-tns faculdades sic> poucn«. dadas pela natureza para conserva 
çiic c comodidade da vidsu nào para penetrar a ctância c corsiIiuíçÍ o das coisas. Demais, tpwn 
do o espírito finito dn Itomem quer ocupar-sedo que partceipít da iirfirtkiiíSe, niU> íidnmra vê lu cair 
em absurdos e eonirftdlydcs 4e que nãn cimsçf.uc dronr&lar se, por ser da natureza du infinito a 
um incomprwnsíbtlidadc pelo fumo.
.1. Mas tnlvc/. iscjamo* injuswx» conosco situandu tt defeito oa ilgituirumiemc nus nossits facul­
dades c não no muu uso delas, h líiIÍcíI acenar que deduções corrçtus de princípios verdadeiros 
aportem a consequências inaceitáveis on inconsistentes Devemos crer que Deus foi mais liberal 
com os Immèns, c nüo lhes deu um forte desejo de vunhecímenm eu locado forti du sen alcance 
lsm opor se ia uu método indulgenic da Providência, que a todos os apetites inspirados ás suas 
criaturas forneceu ordinariamente meios - se Justamente utilizados de poder satí.s.fti2ê-3as. 
Além disso parece nu? que ft mutor pane. se não todas m diflcuMu*h-% que ju* «gora detiveram ot. 
filósofos « borruram o caminho do conhecimento, oõs os provocamos., levantando a poeira e de­
pois queixando,nos de nio ver.
4. Tentarei pois descobrir on princípios iiurodutom desta dúvida e incerteza. destes ahíur- 
dos c contradições em varias cücnlas de fitófcúfia. -a jwrit-o de os homens mais sábios terem julyudo 
incurável a nossa ignorância. como iruio natural da fraqueza e limitação das nossas facuidadís 
Decerto vale bem a pena inquirir tíslrilamentedos primeiros princípios do conhecimento humano, 
cm especial se há motivo dç iuÉpcitar juu ar, barraras z d i fica Idades ene mu radas pdo espíriio na 
bujica da verdade não rusuluun de obscuridade c complexidade do objeto uu natural defeito de 
compreensão, tanto quarto de falsos princípios cm que se tem insistido o devem rejeitar-se.
BERKF.Í.P.Y6
5. Bem parece tarefa ditícil c desammadflnu se pensar quantos homens grandes e esiranriji- 
rtaríús me precederam nd:u mas Lenho alguma esperança considerando que nem sempre as vista» 
largas Mão as imüs claras, i que ■j h miupc. obrigado a tuluuur o objeto mais perto, pode talver 
por um exame próximo descobrir o que nào viram muito melliofcs olhos.
6. Para preparar o Ecilor ;j mais fácil inteligência do que se segue,. convem pôr corro inLrodu 
ção alguma coisa sobre a natureza e o abuso da linguagem. Mas o ikslmdar deste tema <Lc ççrto 
modo itfKCeipa o meu plano. por traíar-se do que parteu (cr sido origem principal da duvida c 
complexidade da especulação como de erros c dificuldades inúmera? em quase todos os domínios 
do conhecimento. I: foi a Opinião L - l e que O espirito pode construir idéias abstratas ou nnçôcs dc 
coibas. Quem nío for dc lodo níheío ri obras e discussões da filósofos reconhecerá que não peque 
na parte delas se trava acerca de [déías abstratas, fcías passem áSpeci.iimente por objeto das cicn 
eras denominadas ilógica e MetaJhtCti e de quanto se tem pelo :uais abstrato e sublime caurtij, 
onde entretanto raro se encontra uma quostãn posta de liiCHlóque não supímlui a sua existência ut> 
espirito o que isso ê bem conforme com das.
?. Está assente que as qualidades ou intxlor, das coisas nunca existcsn reatmente Cada uma 
por si ií tini separado, mas em conjunto, várias no mexiro objeto. Mas. como dissemos, ó espírito 
è capa? de considerar cada uma separada ou abstraída das mitras a que cstii tigãda. íbrmnndo 
assim idéias abstratas. Po? exemplo, n visto apreende um objeto este aso, Colorido, móvel: esta 
idéia com pó niu rcsmlvc a o espírito eios seus elementos c isolando coda um forma as idéias absíra 
ens de extensão. cor. movimento. Vão podem cor c movimento existir sem c-xienxãtn mas o espí 
rico pode formar p«r abstração a idéia de cor. excluindo n <ixien$io. c a de movimentei. cxcUitndu 
AS Oiltítts. duas.
í . Depois, tendo observado nas extensões sensíveis parUsulnra áljid stiirtelltunlc c comum « 
tilgy peculiar como a fortnn oua grandeza que a> distinguem, considera a parte o quê c comum 
formando a idéia muito mais- abstrata de cvtcnsãc que nár ê linhn, superfície ou volume nem 
forma nu grandeza rnaí uma idéia ibMuudu de id it í elas. I>e iglial modo. pu.spondo COfes parti 
culfireri sensíveis c distintas e conservando apenas o que lhes é comum, o ciptrito fa? idéia da cor 
cm abstrato, que rtân é vermelha, azul. branca nu qualquer cor dctcrnmmd.i. Pot idêntico proces 
vo. abstraindo o movimento não só do corpo móvel mas d;t trajetória. c d« toda velocidade ou 
diivçuo particular, forma a idéia uhsir*ui dê movimento. corresporidcote u qualquer espécie tfc 
movimento particular sensível.
9- H, tuaim conto forma «léi.ts abstratas de qualidades ou mtklt», o espírito, pdn mesm:i 
Sepuraçatt mental, forma idéias nbstratar, Ae xerç-. ivuò - complexo!, que alti-.aigcm várias quulida 
des cocxistenles. Por exemplo, tendo observado em Pedro, Jaime c João certas semdhançiii de 
estatura t outras qualidades, pie de parte na idéia complexa ou composta de Pedro ou Jaime « j 
qualquer homem particular o que h peculiar a cada um. conservando aptauí o qué é comum a 
tcxIoR e assim forma a idéia abstraia, aplicável k tudo» o? particulares, abstraindo c separando 
circunstâncias e diferenças diaermuiame.s de uma existência particular. Diz-se que d«tn forma ve 
clscgn ã rdêia abstratíi de homem ou. kc preferirmos, humenidade ou nacurcaa humnnn; onde du 
fato s<- inclui u cor, pó?:; ipd4) homem icpi alguma, mus nau brandu nem preta nem qualquer cor 
purtkiilar, pois mcrtliuiMu existr em iodos os hmncns. O mesmo para íi estatura, náo alta nem 
baixa nem media, raas aipo abstraído dé todas. F-. nssirn para tudo mais. Além disso, havendo 
grande variedarfé de criaturas com alguns mas ní,o todos o» Caracteres da cçunplcxa idéia tiú 
homem, c espirito, rrjcsiardo o peculiar rn> homem C Aproveitando su cr quu c comum aos, vL-res 
vivos, forma a tdéiji tk animai abstraída não só dos homens parlitulures mas nunbém dé Uk1;vs as 
■ivC-5, quadrúpedes, peixes c inseCus. Os demenuw coiláiilutivot. da íd«a ubsiraut de uni mal são 
eorpo. vida, sentidos, movimento espontâneo. Por corpo entendé $í corpo sem qualquer tamanho 
OU Hgura por não os haver comuns a todos os animais; sem cobertura de pêlo, tfe penas, ou de 
escamas, nem sequar nus; püli>. penai,. u.scareuLs. nudez são proprícduües de animats partil-ljlares
INTRODUÇÃO
e pnr estranhos à idéia ítbstrula. Pela mesma r a j ío o movimento espontânea naq pi>dc ser 
ajiJar nem voar nem rastejar, No entanto é movimento. mas rtao c fácil conòebero que seja.
[0. Sc uüLros íltíi esta maravilhosa faculdade de abstrair as suas idéias, eles melhor dirão: 
por mâm lenho tealmcnfc a faculdade de imaginar nu representar mc idéias de coisa» pEirucuiarcs 
e <te vuriamente as compor t dividir. Posso Ímae.ifiar um humern hicípite ou a parle superior de 
um homem lidada n um corpo dc cavalo: posso considerar a mão, ns olhos, o n,irij separados dt> 
resto do corpo. Mas olho c mão imaginadas terão forma e cor particulares. Igualmunte a idéia dc 
homem imaginada tem dc ser de homem branco ou preto ou moreno, direito, curvado, alto. baixo 
□ li mediano. Não consigo, por mais que pense, conceber u idéia abstrata acima descrita. Também 
mc é impossível formar ideia abstrata de movimento diferente da de corpo móvel e que não c nem 
rápido nem lento, curvilíncú ou rciiliiieu. O mcwnu sc diga Ue quaisquer idéias abstraias, hm 
suma. .sou capaz de abstrair cm um sentido, como ao cor siderar parles ou qualidades separadas 
dc nutras com que estão unidas na nnesírtò objeto mas posoam eristir sem cia.*,. Mas, ncg.u que 
possa abstrair e conceber separadamente qualidades que c imposAivel encontrar scparndae; nu que 
possa formar uma noção gerai, abstraindo üc particularidades pelo modo referido c sào afinal 
os dois sentidos de “abstração". R ba razão puiu supor que a maioria dos homens c$lã no meo 
caso, A generalidade Jos homens simples e iletrados nunca pretendo abstrair noções. Diz-se que 
das são d t ficei.s c exigem craluühn e estudo, Se assim ê. concluí se que esiSo reservadas aos
doutOS,.
] |, Vou exaninur o que pude alcgar-sc $m defesa da doutrina da abstração, a ver se deseu 
bro o que leva os homens d,i especulação a aceitar um parecer tão renmto d<» senso comum. Um 
filósofo recente 1 justantente apreciado deu lhe sem dúvida grunde upoto, pmvçcrtdo pensar que as 
idéias abstratas marcavam n maior diferença dc etllcruJimento cmrc homens c animai».
"As idéias gerais", diz vir. "sno o que eeinKilecc distinção perfviUi «nire animais e homens. 
As faculdades der animal nunca podem atingir esta excelência; é evidente que não observamos 
nclu.5 o u»u dc sinais paru essas idéias: dc onde temo» razão dr supor 400 não têm faculdade dê 
abstrair nu formar idéias gerais, porque não empregam palavra» mi quaisquer nutro» »lnai»
genéricos.”
f pouço adiante:
“‘Por mo mc parece qut hisk? os unimalí- se diferenciam intcii .iincntc do» homens c que esiu 
diferença estabelece entre eles a maior distância, Porque, sc eles têm algumas idéias e não sio 
simples máquina?, (como alguém já pensou), n.10 pode negar se lhes algum uso dê razão. Parece 
mc dlo evidente que em certo» cks pensam como que tem sentido x: ma$ sito apenas idéias 
particulares, çtirno OS sentidos lhes lc>rni?eçm- Os melhores Mino cnafradnt nestií esircito liintte 
e nfin têm creio cu - faculdade dc umptiú Io por qualquer forma dc ãbsirnçiíu",
De pleno acordo com 0 sábio mnoi çtn que as faculdades dos uni mais não alcançam a 
abstração, receio que. sc tal for :i diferença, um grande numero dos que passam por homens icnlia 
de incluir sc no mcfiíitrt grupo, à romo alegada para negar uus uciinraís idéias abstraias c a du não 
terem palavras ou outros sinais genéricos, isto assenta na hipótese de que usar palavra» impliça 
ter idéias gerais. De onde .« segue: os homens que usam a linguagem podem abstrair ou genera 
lizur as suas Idéias. Que cmc é o senil do do autor mostra o a sua resposta a esta pergunta em 
<>ulíu posso: "Sc todas a» coisas existentes são particulares, cumo chegamos a termos gerais?" A 
sua resposta è: ”As palavras vem a ser gerais por .serem significativas de idéias gerais". Mas antes 
parece qur não pnr serem rinril de uma idéia geral absteam. c sjm dc muita.» ide ias partí colores, 
cuda uma sugerivcl indifcrcncenimiv ao espírito. Por exemplo, quando se diz; “A mudança dc 
movimento é proporcional ã força aplicada’1- ou "todo que t extenso é divisível5. estas expressões 
entóralem-« do movimento e extensão cm geral; entretanto não sc conclui qqe rne sugiram idéia 
dc movimento sem corpo móvel c direção e velocidade Jetcrminuda:;. ou que eu deva conceber 
ama idéia abstrata ç geral dê extensão sem »cr linha, superfície ou volume, nem crunde nem
Lóckc: físsgpan Mw/ntut Understanding. Liv. llcap.Xí. LO, lifN .d o A.)1
K BERKELEV
pequena, branca, preía. vermelha ou dc qualquer car determinada. Apgfnns implicn soja qual for 
o movimento considerado, rápido ou tenra. vertical. horizontal ou oblíquo, c seja quul for ij obje- 
to» que o axioma será verdadeira. Uo mesmo modo para a extensão.não importa seé linha. super­
fície ou volume nem a sua grandeza ou forma.
12. Observando como os idéias vêm a scr gerais mais fucilmcnce t> cmcndcrçmOT das paíá 
vras- Nólc-sc que cu niw nego em absoluto a existência de idéias gerais mas apenas a de idéias ge­
rais abstratas; nos passos citadm. quando se falo de idéias gerai*. supõem se sempre formadas 
por abitfaçjfo, do modo indicado nos parágrafos 8 c 9- Ora,, se quisermos atribuir setilido às nos­
sas palavras ç falar somente sfo que podtimjs conceber. concordaremos creio eu — que uma 
ideia particular, quando considerada em si mestna, se toma geral quando representa iodas as 
idéias particulares du meam a espécie. Suponhamos, para exemplificar, um gíwmctra que ensina a 
dividir uma linha cm cluas partes iguais.Traça, por exemplo, uma linha preta dc uma polegada dc 
cnmprimeEtíJi é uma iinha particular:no rntamo. significado geral. representa iodas as ti 
«hás possíveis: dc modo que o demonstrado quanto a ela fica dcrionslrudu parti iodas U5 linha» 
ou. por Oulriu palavras, pura a linha em geral» E assim como a linha parlicular fica gerai por scr 
um símbolo, o nome "linha", que cm absoluto á particular, como símbolo fica ‘-cncJo geral. F. 
como pum o casa anterior n fcnertiGdudc não provêm dc scr sinal dc i.imit linha gerai abstrata, 
ma:; dc Iodas as Unhas partitulares passíveis, lambem no segundo deve pensar-se que y generali­
dade provêm da mesma caiua. ;.<to é. das várias linhas particulares indiFircntemcntc denotada*,
I 3» Para d.ir ao leitor noção inuis clara da natureza fi emprego nccesíjârio d«s idéias abstra­
tas, citarei maia um passo Jo Essay vn Httrnarr Untierstandíng:
"A s idéias abstratas não são tão óbvias e foceis para as crianças c para espíritas não exercí 
tados coma ns particulares. Sc parecem i adubas c pela uso consume e familiar. Refletindo 
cuidadvMntcntc. adiutnos qw as idéias geras* rufo rícçucs e artifícios do espírito, que encerrain 
dificuldades c não se revelam tão simplesmente como imaginamos. Par exemplo, dão sé exige tra­
balho v saber para formar a idéia, goml dc triângulo {que não è do mais abstrato. complicado e 
dilícil) porque ele náo pode s-cj ubliquâugulo nem retângulo, nem cqüd.iícra. isóscelcs ou cscalc 
no. mas Xftfa.f estas coisas e nenhuma ddnstf 6 rtn vmlidc uma coiwi imperfeita que não pode 
cxisiir, um l idéia em que se conjuga cr parte1» de idéias diferentes c incompatível, i verdade qitc 
o espirtio. na sua imperfeição, nçcessítadc tais idéias c serve sedelst». como pode por conveniência 
dc comunicação c alargamento do eanhcccr, ççq objetiva rtái«ral c M eto . Mas há motivo de :,u: 
peitar serem u is idéia» iodicus da nossa imperfciçãu. Enfim, basia mostrar que ate idéias mais abs­
tratas c gerais não sào ,is que o espírito mais depressa adquire nem ;w com que u cunliadmçmo 
mais cedo se familiariza’'. ,
Sc um homem tem n faeuldqdc Jç formar a icloiti de triángufo aqui dCNcríuq é vão prclulKltt 
eotiicsutr tim. nctti cu faria tal, 3ó desejo que o leitor reflita com precisão e segurança se tem oti 
não tal tdéia; e isto não parece larefa árdua paru alguém- Nada mnis fácil do que examinar 
alf-uêm o pensamento próprio. procurando saber se teut ou pode chegar n ter idéiu corretixntdente 
:í descrição anterior da idéia geral de um triângulo não acutãn&ulo nem retângulo, equilntero, 
isóvcdea qii usgalento, mas todas csuis coisas e nenhumn dela.s.
14. Muito sif- jã d-v Jifiçuld^de focrenie án tdéiaM ubsirutu-; e dt? CSÍOt-çc c ‘rntvilhq de 
formã-laí. h totlaá concordam na necessidade dc grande Labor e fadiga du espirito para emancipar 
o pensamento de objeios panictiiares c levã-lo ãs especulações sublimes, relativas às idéias nbstra 
tãS. Dc onde jsarree concluir sc scr est:i coisn lío JicTeil dc formar idèca•: ^bslialau dcsncecssái iy 
à comunicação, tão simples c familiar a ioda casta de homens. Mas. disse eu, se das parecem ob­
vias e fáceis aos adultos è só pelo seu usa constante e familiar. Ore. eu gostaria dc saber cm que 
tempo os homem aprenderam a vencer a dificuldade c receberam o auxílio necessjtio para Jiicor 
rer. Nào pode ict sidu depois dc iululfos, parque eníãu parece oâit tçrcm consciência de t,il es for 
ça; rtsta portamo que seja uma tarefa da intãncia. E nn verdade a grande e itiúliipfo labor de tbr 
rriar noções abstratas seria tarcFa rude pnrn nquefo tenra idade. Não c difícil itna întir que duas 
crianças í»ão podem falar dos seus bom bons. das suas m airaos c pequenos brinquedos énqanntn
INTRODUÇÃO
não tiverem ligado incojiL&eqiicncia.s inúmeras e formado no espirito idéias gerais ahstratas. 
anexando-as ao nome comum de que usam?
15. Niem creio minim serpente sejam mais necessárias ã ampliação do conhtxim.cnto do que ã 
comunicação. Bem <t£i í|ne se insiste :m que todo oonhecimerUo t {fopncmstr.Bçio assentam em 
noções; universais, c csiou de acordo, mas não mc parccc que taIs noções se formem por abstração 
do modo referido Universalidade (amo quanto compreendo, nào consiste na absoluta, positiva 
natureza on conocpção de alguma coisa. m.15 na relação que Significa entre particulares; por lsko 
coisas, nomes c noções, por naturcr.ã particulares. tornam-se universais. Assim, quando demons­
tro um teorema sobre triângulos, supõe-se tenho cm vista a idéia universal de triângulo, que não 
deve entender-se como idéia dc um cri ângulo nem eqüilátpro nçnn escaleno nem isósceki.x; mas u 
triângulo particular considerado. desta ou daquela forma, pouco imporia, representa todo.5; os 
triângulos rcti líricos; C neste sentido é universal. Tudo isto pnrec-e simples e não envolver 
dificuldade.
Ifi. Pode perguntar sc como reconhecer a verdade <.fc uma proposição relativa a todos-os 
triângulos particulares a nâo ser dçmonstf ando a da idéia abstrata dc triângulo adequada u lutloa. 
Porque dc demonstrar-se uma propriedade para um triângulo particular não sc conclui que ela 
pertença iL outro triângulo a lodo? OS respeitos difere ti Lü. Por exemplo: dcmorstratíti que os três 
ângulos de um isósceJes retângulo xào iguais a doí * rafo*, não posso- concluir n mesma proprie­
dade em outros triângulos que ictn ssy retângulos nem têm dois Lidos iguais. Parece poi> ncccs, 
sã ri 1.1 ;i verdade universal da proposição ou demonstra Jn para cada irj.írtgulo particular, o que c 
impossível, ou uma ves por iodas dcmonstrâ-ln da idéia abstrata dc triângulo onde se tihraitgcnn 
todos os piirikLílares conde todos e-stão igua Intenta mprescrtíidos. A isto respondo: T-mhora a 
minha Jeca ao fazer u iiemoustração seju ii dc um ísòscctes. retângulo, com determinada extensão 
de lados, cd pos-so generalizá-la u tiulros triângulos rciilineos quaisquer parque nent 0 ângulo reto 
nem a igualdade ou y comprimento dos lados entram nu demonstração. É verdade que ü meu dia- 
grama inclui esses particulares mus níto se aludem nu prova da proposição. Não se diz que os teís 
ângulos são igusiie ri drsis retos po-r haver um Ângulo rito Ou por cL ser formado por Uidos iguüís, 
fsw basta ptiin mostrar que podería 0 ângulo reto -ver oblíquo í os lados desiguais sem invalidar 
a demonstração; por isso concluo ser verdadeiro de um ohliqtuingufo ou escaleno 0 rclnçâo 
daiTiunxLratla para mu triângulo particular retângulo iSÓSCClts e ii.ío por icr demonstrado s propo 
si-çflei tia idéia absirata tk triângulo, E aqui deve reconhecer *c a possibi (idade de considcrar-sc 
Jipejias a forma trínngidar serv. olhara qualidades pn n latia ret do« ângulos ou relações entre ç? 
lados. Aié ai pode abstrair, mas nunca isso prova poder formar unia, idéia abstrata, geral, inconse 
qüctUC. de triângulo. âemdlianlrmenta podemos cop siderar Pt-dm como animal on como homem 
sem formar ã referida idéia abstrata.
17. Seria interminável c iriúiil seguir os cacolásLieoi, grandes meares da abstração, pelo 
LíidJiLrieável líihírinio de erros cdiscasRÕes err que parece iè los metido a su;l doutrina dc miçjQes 
e rvnturcztis abstraiu. DU imiíjl# -econtrovérsias, potira sábia levantada sobre ml matéria c a gran­
de vantagem resultante para a humanidade, tudo isso é bem conhecido c nào vale a pena insistir, 
L bora fora quú os maus efeitos s< eonfinnsisem nos que Jisty ft/em profissão. Quando se con.d- 
detu o t-if&rçn, a indústria, a capacidade, por tio longo tempo consagrados à cultura e avanço da 
ciência. c que esta apesar disso continua na nmor paire cheia de escuridão c inçerrran; c que 
discussões ao parecer inierminávds, c até as apoiadit nas mais claras c convincentes demoxtsu-a 
võèt.. contér;i paradoxos incompreensíveis pai'a u uniendimenta humano; e ainda que tomada em 
ccvnjumo sã uma bem pequena parle e útil à humanidade, c por outro lado apenas inocente diver­
são e recreio — parece-me que imfo isto pode levar â desilusão, e ao desprezo com pia to de qual 
quer cNtudo. Mas raive* isto passa findar pela revisáo de falsiw princípios adotados no mundo; c 
entre eles nenhumtalvez exerceu maior iraperio nu pensamenta especulativo do que o das ideias 
geraic abstratas.
9
Bl£RKl:L3r,Y10
IS. Ora. a Jb iite desta noção privilegiada paxece me $er a linguagem. Certamcntc nada 
mtmis do qw n razão pode ri a ler daiá uri ;em a uma npiniiin ii«i«fiálmente acata. Vê «n». 
a Lcm de ociras lã/.ões. no daca confissão dos nuiis competente» deftmíDres das idéias abstratas 
que as reconhecem devidas a necessidade de denominar; de onde a consequência ciara: sc não 
houvesse o discurso ou o# sinais irnivçrsais. não teria havido adeja de abstração. Vejamos conto 
as palavras contribuiram para uslc erro, Primeiro. píalía-ÇC qiJií nume Lcm ou deve ler um só 
significado definido e preciso, que leva o Somem a pensar que. há certas tdéias abstratas determi­
nadas couslitf.ivas da verdadeira e única «igjuficaçào de cada nome g/çm.li e só por ima médio 
dessiis idéias abstratas, pode um nome eesal significar uma çoisí pariicukt. Pdo contrário. não há 
significação precisa d definida ligada ao nnmc geral, iodos des próprios para sigrriltcur Indifcmi 
temente grande número de idéias pafiiçuhrçs. Isto decorre evidenknninli: do que ficou dito c uma 
breve refkxãu o põe a claro. Pode objetai -se que cada nome dcfntíve! está por isso mesmo rcftnn 
eido a cena significação- Mrjr exemplo, o triângulo define-se "una superfície limitada n*--r trés li 
nhas retas" « p jr cmi? nome clmnln sc uma certa idéia e nín outra. \ rsto ropondti que na defini 
ção uào se diz, st- .1 supccficic ê itrande ou pequenn, ln,tinc;l uti preta, sc ov lados são longos ou 
curiós, iguiitt ou desiguais, nem os ângulos segundo os quais cr inclinam: em tinis pule haver 
grande variedade, e portanto nenhuma idéia determinndn lintít-ft ti sigiiilkafMi da pabvra triân 
«ulo. Uma eossa è manter constanit definição dc um nome. ouirn fazer que ele represente sempre 
a mesma ideiu: uma è necessária, outra inúnl e impraticável.
l í . Mas para L-.sdurorer cornn as palavras produziram a doutrina das idéias abstratas, 
obstírve-sc que na opinião g,cml a linguagem m> lcm por fim comunicar idéias, e caju palavra 
/iifthifiejitivji representa uma idéia. Sendo assim v waido tutnbèm certo que nome- considerados 
nua imeirumente ifisigfltficutivós nem sempre indicam idéias pnriieulnres concebíveis, conclui sc 
inwdiatamenle que eles representam noções abstraias. Ninguém negará que niutto.s nomes de uso 
corrente enlre homens dados á capeeuluçím nem yjinprc sugerem idéuis jxtriiculárcs determinadas 
ou até lud.i sugerem. Um pouco de menção ittosiru ntici ser nccessuoo fatc nos racmcimns mais 
cstrítds) que os nomes significativo?' de idéias despertem na inteligência, ns idéúis que çlevcm repre 
•cnlur: na Eerturn ou no discurso o-> nomes pela ituiiõr porte usam-se como as letras ivi álgebra, 
oinle, embora c.uln qu um idade particular seja rcprcwnbulii pm umu tetra, nsm é preciso para priv 
ceder certo quí em coda passo cada letra sugiríi ;io pen&nmcmo n quantidade particular 
reprcserurulj.
2(h Além disso, u comunicação dc idciys por palavras não é fim principal ou único da lm 
guaggfn, Hü outros fins.. corno ekiili.tr uma paíüão. cmuíL-tsr ou dòmbaicr umu :«ç:i-o, dar ao cxpiriio 
uma disposição particular. O primeiro cm muitos casos é apenas secundário e ás vc/cs mrcira 
tneme omitido quando os outros, n ilispetwgoi, como suponho frequente n» linguagem .tamilwir. 
Convido o Iviirr .1 meditiir n’m lhe nccnlccc. lendo ou ouvindo um disciirHi. i>a -scntimcnlos dc 
uicdo. dc iimur, repugnância, adniíra-çàii. desdém, v omros, surgireim tm£dmtdimpte «o sen espí 
rito coru a percepção de «rrns pnhvras sem quaisquer idéias ínk-ivalares. í-m primeiro lugar c 
corto íis pnlnvrns iloverem despertar idúiro. própria* pura pmvecar -ui-iclui. cuno^es: mu>, jsc náo 
erro. vt ■■•z que na línguagant Jámi.ii.n ouvir sons ou ver caracteres k scnuitlia [nuíttis vezes por 
aquela*, paixões que a principio eram produzidas pnr nçâo dc idéias agom de todo supriniitht ,, 
>Jnn podemis.s, por exemplo. « ; .iP.-loJ os pela pmmessa de uma çofsa bov, embom sem lazer ideia 
do que c? Nái> pode u amciiçn de um perigo bustar para a tuu r puvor. embora ignoremos o mal 
que mis ameace nem formçinios idéin de perigu cm abstrata'.5 Se alguém rcileui uni puict' sabre o
que he;t dito, Lreie ser lhe j cndcmc usarem-se muills VC<£Cí nomes yerai s n;i JirtgUifgCiTt stm pen
sã Eos como marcas de idéias de quem fala na mseiição de levá-las ao esptriiu do ouvi are. Até os 
mimes próprios muitas vezes se pronunciam sem o intuito de chamar a nossa menção para tis 
indivíduos pnr cies designados. P*r exemplo, w? um eãcnlástico ine JiZ: "AzistotcJes dlssfl idu” . 
o.mccbo que cie quer levar-mc a acenar n btiy opinião pela deferência c respeito hubiluatmenic 
ligados ãtjuclc nome. H esse efeito è com frequènciit tão iristaniãnco mis hnbituades a submeter o 
kcli juizo à autoridade daquele filósofo uorao c impusíiívcl ter fumdo umes idéiu da aua pqsgpft,
INTRODUÇÃO í
obra o» reputação. Podería dar inúmeros exemplos: mas para que insistir em coisas que a expe­
riência de cada um pode sem dúvida sugerir Lhe claramente?
2 1_ Julgo ter mostrado a. impossibilidade das idéias abstraias. Considerei o que ddas disse 
ram os. scsis melhores defensores, e LerHçi mosirnr a sua ir itif idade para os fins em que -e julga­
vam ncccssirLas- hinaLmcmc indiquei lhe.s u origem. que c cvidcmcmcnte a linguagem, rsinguém 
põdf rlcgar a excelência do uso de palavras, visto poder por elas o conhecimento adquirido a custa 
do trabalho de investigadores dc todos os tempos e povos tornar sc propriedade de uma só pessoa. 
Mas ao mesmo tempo deve reconhcccr-se que a maior pune do conhecimento foi perturbada c 
obscufééidá pelo abuso das palavras c pdo cutniitbu pcral do discurso em que foi comunicado. 
Portanto, sc as palavras podem inipoir-se :*> entendimento, sejam quais focem us, idéias que eu 
considere, tentarei emprega-Las puras c simples. uiasUmtlü do nir u pensamento quanto possa 
aqueles nomes Ligados com cliis por use kiiigo ? constante; c disso esperei tirar n seguinte 
Vantiigcni:
22. 'Prim eiro , estur cerio dc evitar controvérsias puramente verbais, principal obstáculo em 
quase todas as ciências .10 progresso do verdadeiro c profundo conhecimento.
Segwrdo. parecia este o tunijnliii mais firme para desenredar rmr du nna sutileza das rdetas 
abstratas que tão lusiitiiavéltiimic têm confundido e embaraçado o espirito dos homens: acresce 
que. quanto mais sutil e inquiridorn fc>r a inlcligêncin dc um homem, mais profundamente poderú 
ser envolvido c persistir nisso.
Terceiro. enquiubo eu limitar os meus pensamentos às minhas próprias idt-ias despidas de 
pal.-ivras. nuo vejo como poderei cnganar-mc, Os objetos considerados, vejo-os clara e adequada 
mente. lMàu posso iludir-m« pensando tet uma ideiu que n;«o Unho. Impossível imaginar que algu­
mas Idéias juinlius sãi > semelhantes ou dcssemcilinnics sem 0 serem Pata me aperceber dn icortlo 
011 dexACOrtlO entre as minhiü. idéias, ver qumx sc incluem 1111 não cm umn idéia eomposiu, nnd:i 
ui,hu preciso além dc iirmti ]>ci ccpção .atenta dn que sc pn ss;s rm meu entendí mento.
33 IWús obUr esírt Vúâtugcm prcxsupnc libertação c&mplm1 Ja falácia dc palavras, que 
ousadamenu- 111c prometí; é bem difivíl quebrar uitiílo tào antiga, confirmada portão loítgo hubi 
to. como esta entre palavras c idétà&: dificuldade ainda myitft .mnu Jíuishi pda doutrina da ak.ttra 
crvrt, Porque. mqitnnir o homem pensa que uk idéia. abstratos são inseparáveis dos seus nomes, 
não c dc estranhar que use palavras por idéias: <cntto impraticável po.vpt.ir a palavra e reter no 
espímy u idéia abstraia, coisa pcirctiamcrUí inconcebível. Kssa me parece a causa principal por 
quí alguns homens que enfíiiicameriic recomurdurjim n outros pôr dc pnrie as pnlavraí! nas sutis 
meditações, c contemplnr :« idéia *1 puras mlc. o L'on*eguir.im def, mesmos. Depois muitos aecilu 
ram opíntiles absurdas c aiirtiram etn disputas frivulas, prnvmdís do abuso dc palavras. Para darremédio a «sie rmil ncfirsdliam sc atenda às itléias M n̂iFicadJUt. nau :ís palavras dstiiificáiivas. 
Conselho bom pnra d:ir a outrem, mas des mesmos nfk> puderam segui Io enquanto pensaram scr 
úiticú çrnpBcgo imediato das palavras o significar idéias c airihuir como significado a cada nome 
geral uma idéia abstrata determinada.
24. m .o esio erru tJqvidu às palavras pode um homem evitá-lo íacilmaiie. Quem sálic que só 
ifin idéias |Mrticu.lifurJ»s «no esdbrçurá irra vão por :ieh!ir e carvce-ber n idéia ataurau. ligada .1 
qualquer nome; c quem n̂hc que iss iinmes rsern scmpCe significam idéias puLipR-sc ao tmbtihu) du 
perseguir idéias onde nada lio. Bom seria que iodos se esforçassem por obter visão clara das idéias 
consideradas, separando-ns da vestidura c acíimulo da palavra que muito contribuem para cegar 
o jui/o e Jívidir a atenção, Lm vào jlonuamo- os olhos ao çéu ou c&prcitantc» as entranhas du 
forra, cm vity cünsültamoâ csciílüiúv ou sábios c seguimos as pegadas da amigaidade: fS precisa 
mos afastar a cortina das palavra- paru .deonçar :i nr aí-, hda árvore do cunhecimenro. produtora 
dc CKceluntes frutos lO nosso iticurtcc.
25. Se não li bertarraos os pnmcimí pnrteipios do conhecí mento da confusão c miragem das
\7 BERKELEY
puLiivrasT podemos raciocinar ilimitadamcntc sem resultado, Lixando consequências de eonsc- 
qüêrieias sem nunca adiii.rU.ar no saber. Por mais longe qui. formos, apertas perderemos o irrecupc 
rãvd. c mais fundo cairemos em dificuldades e erros. Peço por isso ac leiror das seguintes páginas 
que repense as minhas palavras c tente ncompanhar, lendo, u pensamento que tive. escrevendo 
Desse mode IIie scri fácil descobrir a verdade ou falsidade do que digo. Nào correrá perigo de as 
minhas palavras o iludirem e não sei como pode ser levado a errar considerando as suas próprias 
idéias, nuâ c sem disfarce.
Dos Princípios do C onhecimento Humano
1 É evidente a quem investiga o objeto do conhecimento humano haver idéias í l ) atual 
mente impressas nos sentidos, eu (2,1 percebidas considerando as paixões v operações do espírito, 
ou íinalmcntc (3) formadas com auxilio da memória e da irriiiçiririção. compondo, dividindo ou 
simplesmente representando » origínariamcrtlc ascendidas pelo moda acima referido. Pela -vigiu 
lenho idéias de luzes e cores, c respectivos tons c variantes Peto tato percebo t> áspero c o JtiaCÍO. 
quente e frio, movimento l,' resistência c de Iodos estes a maior ou menor quantidade ots grau. O 
olfato fornece-me wrnnas, n paladar sabores, e o Ouvido traz tio espirito oa sou: na variedade de 
kmi t composição, L, como vários deles se observam em conjunto, indicam-se por um nome c 
consideram -se uma coisa. Por exemplo, um certo sabor, cheiro, cor. forma c consistência observa­
dos juntam eme sno tido? como uma coisa, significada pelo nome “ maçã" Outras colações de 
idéia? constituem unia pedra, uma árvore, um livro, etc* c. como 6ao agradáveis uu desagrada 
veis, excitam is paixões de atrior. alegria, repugnância, tristeza e assim por diante.
2, Mas. ftp lado da infinita variedade de idéias ou objetos do conhecí mel tí> há alguma coisa 
que m conhece ou percebí, c rcaliru diversas operações como querer, iniaginar. recordar, a íck 
peito deles. Fsic perdpicntc, ser ativo-, é o que chamo mento, espirito, alma ou tu. Por estas paln 
v w não designo alguma Jc minhas idéias mas alguma coisa distinta tldase onde elas existem, ou 
o que é o mesmo, por que vão percebidas; porque a existência de uma idéia consiste cm ser 
percebida.
3, VcKlOs concordarão que nem os pensamentos, nem as paixões, nem as idéias formadas 
pelu imaginação -existem jcm o cvpíritu: e não parece menos evidente que j í. vários &cnMçõ«a ou 
idéias impressas aos sentidos, laudas, uu ccimbiíUKltts de qualquer modõ(iíEO ê, Sejam quaw fuitm 
os objetos que compõem), só podem existir em um espirito que ns perruha Qualquer um pode ter 
dislo conhecimento intuitivo se nntar o sentido do termo "existir", aplicado a coisas sensíveis. 
Digo que existe a mesa onde escrevo — quer dizer, vejo a é Mitw-a; c se estiver fora do meu gahi 
netc dig» que da existe, significando assim que se lá estivesse vê la ia. uu que outro espirito atual­
mente a ve. Houve um odor. isto é, cheirava alguma coisa; houve um som, isto é, ouviu-se algo; 
uuta uor uu urmt ler mu, iyto é, foi percebida pela visui uu pelo tutu. É tudo o que poiso entender 
por esta e ouras expressões. O que se tem dito da existência absoluta de coisas impensáveis sem 
aljuma relação com o teu ser-percebí d as parece perfei tamente LiiirucligSvaL O seu esse L pf.rçrpi3: 
nem é posaiveJ terem existência furados espíritos ou coisas pensantes que os percebem.
4, Entre Os bómens prevalece a opinião singular de que as casas, montanhas, ifos, todos os 
objetos sensíveis tem uma existência natural ou real. distinta da sua perceptibilidadc pelo espírifo. 
Mas. por mais segura aquiescência que este prtndpíp tenha lido no mundo, quem tiver coragem 
de discuti-lo compreendem se não mc engano, que envolve manifesta contradição. Pciisqnc são 
os objetos mcaeiorunJoy senão coisas percebidas petos sentido?2 L que percebemos, nos aton das
3 O seu -'•£! £ szt<>m. percebidas, JM. da F,t
14 BERKELEY
nossas próprias ídéias ou sensações? E nào repugnti admitir que ulguma ou um conjunto delas 
possa existir imperCchido?
5, Se fcwrn examinarmos esta asserção acharemos talvez que depende afinal da oulrina das 
idéias absnraras. Pode haver maior esforço de abstração do que separar n mdsférteia dos objetos 
sensíveis do falo de serem percebidos, avsim corno concebe los «i«entes c impercehirins? I u? c 
cores, calor e frio. extensão e figuras, numa palavra, as coisas que vemos e semimos. que sãu 
senão sensações. noções.. idéias nu impressões ftOt Sentidos? £ possível separar alguma delas da 
percepção, mesmo em pensamento? Quanto a mim. a mesmo è separar uma coisa de si mesma. 
Posso na verdade dividir cm pensamento ou conceber cm separado coisas que talvez, uuiita tenha 
percebido pelos sentidos assim divididas. Assim imagina d Lronco dc um liometu sem os membros 
ou concebo o d ia tu de uma rosa sem pensar na rosa. Não nego poder abstrair. « pode chamar-se 
abstração o que apenas abrange a concepção separada dc objetos realmcntc existentes ou atual 
mcnic perceptíveis separadamente, Mas a minha capacidade concepttva ou imaginativa não vai 
além da possibilidade da real existência ou percepção. De onde. assim coroo me c impossível ver 
ou sentir alguma coisa sem uma sensação ntunl dessa coisa, assim mc c impossível conceber no 
pensamento uma cosaa sensível oij objeto distinto da sensação ou percepção delí.
0. Ha verdades tão óbvias para o espirito que ao homem basti» abrir os Olhos para vê-las, 
Entre elas muito irrtpnrtonk ó d c saber que iodo o firmamento c as coisas da terra, mima pila 
vra, todos os corpos de que se compõe a poderosa máquina do mundo não subsistem sem um espi 
rito. c o seu sair u sercra percebidas. ou conhecidas-, cofiKcqiieme mente, enquanto eu ou qualquer 
outro espírito criado nào temo. ddna percepção atual. não tem cxistCuiua ou MJbstSlcm na mente 
dc algum Espírito eterno; sendo perfe: lamente ininteligível e abrangendo lodo o absurdo da nhs- 
iríiçãci atribuir a uma parte delas existência independente do espírito. Parn ver isto lxni clnui 
mcnlc. n leitor ró pieeisji refletir e Ufltqr separar no pensamento o r t de um objeto scrrsíveJ do 
seu wr percebido,
7. Dc iodo i‘*to se segwc que nó Ivà uma substancia, o espirito, ç pcmpícnlc. Mas pura pra- 
vãi U» eortstdufctn sc is qualidades sensíveis, oor, figura, movimento, cheiro, sabor. etc., isto c, as 
idéias, percebidas pelos Sentido*. Ova, para uma idéiM, existir ern couta nfa percipictue Cnvulvc 
cootradiçãm. porque ter mna idéia é <» ineamo que percebê-la; portanto, aqui Io onde cor, figura c 
qualidades análogas existem icm Ue pcroíbè-lás; dc onde não imdcr haver substância nCio pen 
snnie ou subfírúClutndaquelas idéias,
K Pude nlcpuf-,vc queenihoru as idéias não existam sem o espirito talvez haja coisas «mp- 
ihuntvs ílc que etas sejam cópia, existentes sem n espirito numa substância inoonccbívcL Kcs 
pondo qik uma idéia t»i pinte «-i -̂jncltiíimc a uma idcui; uma cor ou urna forma só pude ussnrsc 
th ar ie u outra cor ou forma. Sc examinarmos um pouco o nosso pensimu-nto acharemos a 
impossibilidade de CAhcubcr qualquer semelhança exceto entre .-w nossas idéias. Tomo a pergun 
lor se aqueles supostos originai. tm coisas externhs dc que a» nossas idéias seriam còpiu ou repre­
sentação sao perceptíveis ou não. Sc são. são idéias e esta ganha a causa; .se mc diy.cn» que não 
são. convicto quem quer que m-j :i a achar sentido em afirmar :i semelhança de uma cor cont uku 
mn eiiisn invisível: a d<> áspero cu mue-io com alguma coisa intangível. c assim por diante. 4
4, Hnuve quem fizíSSC distinção cnire qualidades prim árias« secundárias, contando n»s pri­
meiras a extensão, forma, movimento, repousü, solidez ou impcnctrabilidade e número: nas 
segundas, as qualidades sensíveis, como cor. som. sabor. etc. JÓestas concordam não terem samç 
lhança com alga exi-itcnte fora do espirito, ou impercebido, mas pretendem que as idéias de qimLi 
d ades primaríns sejam imagens de eotsus cxia-umics tora du espirito em uma substância impen 
some a que dão nome matéria. Por jnaíéría há ile entender-se uma substância ín*rtc e nào sensível 
ern que subsistem atualmente exienutio, figura c movimento. Mas, como vimos, é evidente qtte 
frxt6nsã.o, lisura e movimento sàu apenas idéias existentes ílü espirito, e a idcia $í> pOdo asseme-
Tft ATADO SOBRE O CONHECIMENTO HUMANO 15
lhar-xe a Ouira idéia: portanto, nem ala? nem m 5=US arquétipos podem «CÍ&tir CIT1 uma substâníia 
incapaz de perceber. De onde a verdadeira noção da chantada matéria ou substância corpórea 
envolver contradiçíLij
10. Os que afirmam existirem as qualidades primárias — ligura. movimento, etc. — Tora do 
espirito cm substância impe-nsantí. ao mesmo tempo o negam das secundárias: calor. xum. frio. 
quente c outras, só existentes no espirito. dcpciídcnícs ç derivadas da diversa grandeza, textura k 
movimento düs purLiOulu:, da matéria: consideram ism uma verdade derctonslrãvel sem exceção, 
O a . se iL-st:a> qualidades orig.inair- forem inseparáveis das outras qualidades sensívers e incapuxes 
de abstração mesmo cm pense sneitto. segue se que existem yymentç no espirito, Que alpocm reflua 
c veja se pode abstrair c conceber a extensão e movimento de um corpo sem todas as outras quali­
dades. sertaveis. Por mim. não consigo formar idéia de um corpo móvel e extenso «asm dar Ihr nl 
guma cor ou outra qualidade sensível das que se reconhece existirem só rtO espírito. Em resumo, 
extensão, figuro, movimento são inconcebíveis separadas das nutras qualidades. Onde existam 
portanto as nutras qualidades sensíveis, essas dçvcm -existir Lambem., isi-o t, no espirito u srm 
nenhuma nutra, paste,
l I. Repito: Rrartdc e pequeno, rápido e tento sò existem no espírito, por .terem snidramente 
rdiuivos, mudáveis com a posição c ordem dos. ór^ãot dos sentidos. 1’urLanto. a extcnsào exis­
tente fora do espírito liãn ê grande nem pequena, o movimento nem riipida nem louco, isto ó. não 
são nada Pnd? alegar-se que se trata de cxtcasàü e movimento cm geral: vemos assim quanto :i 
doutrina dua suhMáricias móveis extensas, existentes tora do espírito, depende dn singular dou 
lrina tias ideruji abstratas. I aqui nao posso deixar de notnrqannio a vaga c indeterminada dcscri 
çno da rrtaltíria ou substãnei.M carpe iva, injroduv.ii-h píloj, modernos litósofos nos $em. prirtcipios. 
K parece com a vdlia c ridiculrzada de matéria prima, de Aristóteles e scuí proséltlbs, Sem 
extensão não se concebe a solidez; togo demoasirtuto í |ul- n uxcçnsn-u não existe rmrn substância 
intionct-blvt], u mesmo scrà vcrd-isiclm dia solide ,̂
lã 1 ) tuhfítra u total criação tio espírito, c. nindn quando nutras qualidades pudessem existir 
sem de, hnsirt considerar que ,i inc-smn coisa difere quanto :;<> número confnrn» o po.nm de vista 
du espirito: atóim ú mesma exiettsão j-khIc exprimir se por um, ires,ou mota ç seis, conforme rcíc- 
rida á jarda, no pc ou ã pole cada. ‘Número" c tün sensivelmente relativo, c dependente do entees 
dimento humano, que espanto possa alguém pensar na xtui existência absoluta, tora dô espírito. 
Dizemos “um livro", “urna página", “nnw linha", e iodos sito unidades embora contenham vãms 
outras. I1. em cada exemplo, c evidente, a unidade refere w a uma co-mbinflçiio narncular de idéias 
itrbítmriitmemc jungida* peto espírito.
13. Unidade. Alguns a consideram, bem sei umn uiéia simples que ucompanb:) indíis as ou 
rms no esipvirãrç, Não acho em mim ml Idéia corrcsponcLorie fi palavra, “unidade''v se a tiv ?̂ísc 1 ■ lI 
ve/, não pudesse deixar der cncontrà lu: pelo contrario, scriti a mui s familiar do meu niterHlimcntO. 
pois se diz que acompanha todas as outros idéias, cê percebida pur todos os modos da sensaçào 
c dn reflexão, barn iuLo dizer nrmis. é umu idéia abstrato,
14. Acrescentarei que. do modo como filósofos modernos prnvnm :i existência de cenas 
qualidades na ma féria r»it fora elo espirito, outro tonto podería provai se de quaisquer outras qua
Iidades &cnsVets. Assim, pur exemplo», üi/.-,sç que o frio eo caiOT sáa afccçõüs do espirito e não 
serrei h-inças de seres reais, existentes nas suivosnáas uxpóre#s qat os «ctunn, porque o mesmo 
corpo poete parecer frio a >.nnn mão c quente a outra. Por que não di/oy o pnfômio de figura u extori 
são. viító p mesmo olJio cm posições diferentes tui olhos de diversa cnniCKturn na mesma posi-ção 
as verem di versa incuta e pur isso das não poderem ser imagens de alguma coisa lisa t dcicrmí 
nada tora do espírito? Repilo: l- certo que :i doçura tijki- está no- ubjelu* súpitk porque sem altera 
çai> do abjeto o doce pode volver-se amàrgu_ como durante n lebre uu pele paladar viciado dó 
qualquer modo. Não scra razoável di/er t|ue n movimento ono esiâ tora do espírito, notando que.
Ib BERKELEY
se a suoes$âo tias idéias no espirito se toma mais rápida, o movimento. como ae sabe, parece mais 
lento setn íjunlquer alterarão dc um objeto externo?
15 fim suína, considerando tis argwncnTOS aduzidos pura provar que sabores e cores só 
existem no espírito, achar-sç-à que provam o mesmo rfn extensão, ngura o movimento — embora 
deva. reconhecer -se que este método de argumentar não demonstra tanto a inexistência de exten 
sào ou corem um objeto externo quanto o fato de qucrtòs nào conhecemos pelos sentidos a verda­
deira extensão e a cor do objeto. Mas os argumentos ukcriores mostram scr impossível existir a 
COr O li extensão ou qualquer qualidade sensível cm um sujeito níki pensante, fora ífõ espirito, ou 
que na verdade alço exista como ohjeto exterior.
16. Examinemos a opinião comum. Diz-se “extensão" um modo nu ocidente da matéria, e 
“matéria” o substracíum que n suporia, Gostaria que mr explicassem o que se entende por maté­
ria. suporte da extensão, Direis: Mac tenho idéia da matéria, por isso não posso explicá-la Res­
pondo: Se não tendes idéia positiva, entretanto se Ibc ligais alpum dignificado, deveis ter umn idesa 
relativa de matéria; sc não sabeis o que cia c, deveis saber a relação em que ela cata com os aci­
dentes ç o que se entende por ser “suporte” detes, Decerto, “suporte” não Jem aqui o sentido usual 
c literal — como quando se cEíz que os pilares suportam a construção, cm que sentido há dc então 
entender se?
I?. Sc nttcrrogamtos sobre isto os melhores filósofos, vê losemos concordes cm atribuir & 
"substância matcrinE” apenas o r-entedn do ser em gerai, junUimcntc w ri íi noção relativa dc 
suporte dc uvidente?. A idéia geral do Ser parece ine 0 mais abstrata c incompreensível de todas: 
quanto ao suporte dc acidentes, como |ú notamos, nâo pxJc entender-se no ■sumido comum das; 
palavras; deve ser outro mas não nos dizem qual, Assim, quitado ctmsidcro as duns partes Ou 
rnrtios d o significado dos palavra? "substânciamatertaí", convenço uk* dc que nnn tem semido 
distinto Mas paru que Içvar mais longe * laboriosa discussão do substractum material ou suporte 
da figura, movimento * outras qualidades senriveis? Não w! wjpõc que têm existência fora tio csjw 
rito? K isto náo zepugna dirctarncnte, ulcm dc ser incondebfvel?
IH. Mas supondo possível existirem fora do espírito ?uh$tã«das sólidas, figurada?, móveis, 
eorrcspondenics às rto&wis idéias dc corpos, como nos b pOSsivel sabê-lo? Ou 0 sabemos pelo? sen 
lidos Ou pela razão Pelos sentidos «> conhecemos as nossas sensações, idéias, ou as coisa? 
imediata mente percebidas pelos sentidos, dècm lhe? 0 nome que quiserem; mas não nos informam 
de coisas existentes fora do espírito ou impercebidas, semelhante? às percebidas. Nisto até a* 
materialistas concordam. Resta, pnis, se lemos algum conhecimento <lc coisas exteriore*. que tem 
de ser pela razão, inferindo a existência do i medi ntiimcntc percebido pelos sentidos, Mas como 
pode a rasic induzir-nos acrtrm i existência das corpos fora do espírito, daquilo que percebemoí, 
?c ate os defensores, da matéria não pretendem haja conexão necessária entre cies e as nossas 
idéias? Todos afirmam {a o que respeito. » sonhos, frenesi s c coisas analogns puc 0 caso fora dc 
discuífiõojquc é pvsrívet sermos afcHutos por iodas ns ttféias atuais, embora não houvesse corpos
exíenorcs semelhantes a elas, f pois evidente 3 dt*snecessidade de corpos exteriores ã produção 
das nossas idéias, dísde que no? concedem quê õlu? são produzidas às vezes e podem talvez sê-lp 
LKrmpro nu mearaa ordem jjiCscnte, sran y seu auxilio.
19. Mas, embora assim seja. pode talvez pensar-sc mais fie 11 canccbcr e explicar o modo dc 
produção das sensações supondo a semelhança dc corpos externos, em vez de outro processo; 
assim pode ser provável haver corpos que excitem as mas idéias nu nosso espírito. Mas nem isso: 
porque, ainda concedendo aos materialistas os seus corpos, externos, eles mesmo? reconhecem 
nada adiantar quanto a produção das idéias, por não poderem compreender a ação dc um cOrpo 
sobre um çspinlo ou como é possivcl ele imprimir no espirito «ma ideia. Dc onde é evidente que 
nenhuma razao ha de supor matéria ou Substâncias eorpórcas na produção de idéias c sensações 
nossas, dada a concordância cir que chi continua inexplicável com ou sem essa hipótese. Pnrtan-
TRATADO SOBRF O CONHECIMENTO HUMANO \ l
In. sc fussc possível existirem corpos foro do espírito. aJãfmú-lo seria uma opinião bastante precá­
ria; cofrespondena n supor, sem razão alguma, que 3?cus criara Inúmeros seres que não serviam 
absolutamente para nada.
20. Em suma, se houvesse corpos externos ilunca poderiamos sabê-lo: e se não houvesse, 
devemos ter as mesmas razões dc pensar que havería o que temos ugora. Supondo {possibilidade 
incumcstávci) uma inteligência sem o auxílio dc corpos estranhos, afetada pela mesma série de 
sensai õ̂es c idéias na mesma ordem t com a mesma intensidade das nossas, pergunta se essa inte­
ligência rtáo lería razão de crer na existência de substâncias eorpárcas. representadas pelas suas 
idéias impressas no seu espatifo. ussim coma nós temas para poder acreditar o mesmo- Não há dú­
vida. Consideração que bastaria a qualquer possua razoável para suspeitar da força dos seus mes 
mos argumentos a favor da existência de corpos fura do espírito.
2 1 DípOis disto, se Eb:«e necessário juntar alguma prova contra ã existência da matéria, eu 
podería exemplificar com muitos erros e dificuldades (não falando dc impiedade) resultantes da 
doutrina; inúmeras controvérsias e discussões cm filosofia c não poucas de grande importância 
em religião, mas nao entrarei aqui cm pormenores, tanto por serem inúteis argumentos a poste 
fio ri para confirmar o que. as nSo erra. ficou provado a priuri; como pnr ter ocasião mats adiante 
de faíar um pouco a esse respeito.
22. Rcccio ter dado razão dc mc acusarem dc desnecessariamai&tí prolixo ao tralar deste 
.assunto, Em verdade, para que .serve dilatar ó que pode demonstrar-se em uma «u duas Um lias a 
quem for capa* dc breve reflexão? Basta examinar o pensamento próprio « tentar conceber a 
possibilidade dc um semi. Ilgura, movimento ou ear existirem fora do espírdd ou ira percebidos. 
Estfl cimpEos tenrnriva pode talvez revelar que se defende uma contradição radical. De modo que 
mc basta pnr nssim n quuião em conjunto: Sc podeis conceber pos.sívcl para uma substância 
rTiõvtii extensa. ou era gore,! paru qualquer idéia ou ítsisu sernelhanie ,i uma idéia, existir fora do 
espírito percipicnto, dar vos-eí plena rnz.no. c afirmarei a existência de todos esses corpos exterio­
res que pretenderdes-, ainda que sé passais dai mc eomu razão acreditar na sua c&isictsci-aOU ifidi- 
ctir Algum use para o quC m supòe existir. Isto ê. a simples possibilidade da verdade da vossa opi­
nião passará por argumente demonstrativo.
23. Mas — dir-tne-eis - nada mais fácil do que imaginar por exemplo árvores em um pnr 
que. OU livrOx cm wrnit CSIrmlr c ninguém p,n'.i fK-rççbé fo*.. Respondo qLte n.i verdade não é dificil: 
mas que c isso senão formardes no espirito certas idéias a que dais nome dc livros e árvores, omi­
tindo ao mesmo tempo formar idéiii daquilo que os iwrcebe-1? Mas não pcm-uris vós mesmos neles 
durante esse tempo'.1 Isto, portanto. nuda importa ao caso. Só mostra que podeis formar idéias no 
vosso espirito, mas nào que o» objeto» do vosso pensamento cxtatàm fora do espírito. Pa: a gumes 
lá-to é necüSJtârio que os concebais existentes -c não pensados, o que crvtdisnremcnie repugna. Ao 
esforçanno-nos no máximo para conceber a existência dc corpo* externos, contemplamos sempre 
e só-meme as nossii» próprias idéias. Mas como o espirito não sc conhece a si mesmo, i|ud£-sc 
crendo COnecber corpos existentes t não pensados nu fora do espírito embora ao mesmo lempo 
sejam por ele apcecndídos ou existam nele- Uma breve atenção mostra a vcnJink evidente -do que 
ficu diiu e ctaíraecssitt a insistência em demonstrar a meaistcncia Ua. substância material.
24. ú. muito simples depcils disto saber se podemos compreender n significado de existência 
absoluta de abjetos sensíveis mr si mesmox pu fora do espírito. Para mim é evidente encerrarem 
estas palavras uma contradição dãrcLu ou não terem significado algum. Pura disto convencer ou­
tros não CúDheço melhor c mais pronto caminho do que pcdir-Lheis que examinem cuidariosaiuente 
os seus pensamentos: assim aparecerá o vazio e a contradição, c bosta para convencer. Neste
ponto insisto: ■'existência ab&oluui dc çoisaa não pensantes” são palavras coniradiiòriás ou sem
sentido, é o que repilo c inculto & inrutimamciuc recomendo sa atento peris-ar do leitor.
IS BERKELEY
25. Todas as nossas idéias, sensações, noções ou coisas percebidas, sob qualquer designa­
ção, são visivelmente inativas, sem poder ou apéncia algumu; una iüéíu ou objeto do pensar não 
pode nlicrur outra: para ver que assim è oasta uma simples observação õSlí nossas idéias. Desde 
que elas no lodo e em dada parle sõ existem no espirito., seguí se que nelas só há O queé peredr- 
do; mps por maiu que alguém examine as suas idéias, dos sentido* ou da reflexão, não enconirará 
nelas qualquer força ou atividade: portanto. tal coiüu. não se contêm pelas. L ma breve atenção nos 
mostrará que 0 ser de ama idéia implica a sua passividade c inércia, lat que é impossível a uma 
idéia fazer seja o que for, ou. estrítámente, ser causa de algurna coisa: nem pode ser semctiuniçu 
ou modelo <íe ntn ãcf ativo. como úvtdtmememc rc-u11n de parãjtr.ilo K. De iiiKlcnão poderem 
extensão, figura e movimentei m?t causa de *«v<a(;õc*- nnssis. Dizet. porlomit. que ela-. %5r> deim 
iic forças rusuiiarise:- de configuração, niírtsüro, movimento c forma d Os corpúsculos. c õeecriti 
lelstí.
26. Percebemos uma série contínua de idéias, alguma* reccntcmcmc excitadas, outras muda 
Jus ou dcsaprirecidas. Há pois. alguma causa desias idéias de que elas dependem, que as produz 
e transfofmn. Que crta causa réu pode ser urnaqualidade üll klúiu Ou combinação de idéias. rtlOS 
ifa o 0 parágrafo anietior. Deve portanto ser uma substância; mas já vimos que não fi 1 substância 
oorpórea ou material: resl». portanto, que u ctiu&i das idéias veja ama subsíiãnria aiiv.i ineorpórea 
ou Espirito.
27, Um espirito e um ser simples, indiviiliuj. ativo: quando percebe idéias tli.imn -se rnteai/i 
r*in?rr* e- quando prpduií ou de outro modo opera com elas diurna-se Uürtrodtç: daqui não haver 
raféi-ti de alma ou cspíriiu; porque, sendo passivos e uieiteu, as idems (v. § 25) nâo podem repre 
sentar para nós, por me-io de rugem ou .semelhança. aquilo que age. Umu breve atenção montra, 
a impossibilidade ik uma ideiu -tcmclhniiiç u «m princípio de iiiauimcmo c musUinç.i de idéias, f ;il 
ó n natureza do úspiniv, daquilo que sUffl, que não pode ser percebido cie si mesmo c apenxs pdns 
eleitos prodli/tdos. Sc alguém duvida desta verdade, reflita e tente Inzer idéia de uma força ou ser 
ativo e se tem icJciii de duas força» principíus chamada» uoitSwlt' c vnundlmmro, distintas entre ri. 
assim come de uma terceira idéia de siibülâruriu <nt ser cm geral, com a fiução rclnrivn do seu 
suporte ou ibjflto dás ivk-ridas forças, que tem o norfle de alma ou espirite* !s(o <- ■ que alguns 
defendem: ma*, tanto qimnto posw julgar, a* palavras wntude, alma, ejpivfm nào significam 
idéiaií diferente» nem, verdade, idéia alguma, senão algo diference deu idéias c que üBrtdrt agente 
nãü pode ser semelhante ri ou representado por uma idéia tpj;i!c|ucr. I mboru deva diuer se no 
mesmo tempo que lemioü alguma noçáv de ulrutL, ct^Cnto» c d.is operações do espírito. couto que­
rer, amar. odiar; nvuin como sabemos ou compreendemos 0 sentido destas palavras.
28, Posso excitar idéias no meu espirite, c- variar c mudar a ema â minha vontade. Basta 
querer c logo qualquer idéin surge na minha imaginação; e por igunl capacidade ac oMitera c dá 
l.ipãi n outra, Hüw Jazer u dcxfiurçr de idél-fi é prccisamctUc n espirito novo. Isto é cento c assente 
na experiência: mas, quando pensamos em agentes nío-pensantes ou cm excitar idéias exclusivas 
de vo lição, estamos .1 divertir-nos com palavras,
2 .̂ Mas. veja qual ibr o meu poder sohre «)s meus pensamentos, as idéins percebidas pdo; 
Sénliíias não dependem por igual dti minha vcxitadle. Quando abroos olhos de dia não posso u>co- 
lliur se verei ou nau. riem determinar Os objetos particulares que se me apresentam á vista; como 
para u ouvido -1 pu-r.i os outros sentidos as Idéias nek* impressas não üjo ç ri acuras dn minha von- 
Lade_ I I L portouuo. .Ljgum.i outra vontade ou espírito que lis produz.
dt). As idéias dos sentido.» sdu- mui* fortes, vivas c diSLsjUas do que as, d?t imaginação: têm 
estabilidade, ordem < coerência c nào sStj pnxdtizJiJa.s |*ir acasu uomn Frec|ücH|tmeíUe as que são 
efeito da vontade humana, senão que formam cadeias ou séries de admirável conexão; prova sufi 
ciente da sabedoria c benevolência do Autor. Ora, as; regras ou métodos esubeJeuidns segue do os
TRATADO SOBRE O CONHECIMENTO HUM ANO 3 4
quais u cspírhu cxc.ta cm nós a.s idéias do* sentidos são as chamadas leis da natureza; corthecç 
iiTtvs per experiência que tais -nu mis idéias saci urampanhadaí de tais ou tais ouLras no -curso ordi­
nário das coi&as.
3 t. Isco dá-nos uma cspòcüc de antevisão que nos permite regular a nossa ação para usíli 
dade da vida. De contrário estaríamos semp-re perplexos: não saberiamos- como proceder para 
conseguir o menor prazer ou evitar a menor dor dos sentidos; que o alimento fluire. o sono res- 
uuira ti u fogo aquece: que semear nu tempo próprio c o caminho para fazer a colheita: eem geral 
que certos meios são adequados puna chegar a certos fins-- sabemo-lo não por alguma -coticxào 
entre- idéias mas por observações de leis regulares da naturcza, sen; o que tudo seria confusão, c 
o adulLo não sabería conduzir-se m-eilior no: EJCgõctcs do que um reocm-nascido.
32, Liste trabalho insistente c uniforme que tãu claro tnmUit u bondade c sabctJofía do b-vpi 
ri tu soberano cuja vontade constitui as leif da rtíLurran.. está tão longe dc conduzir para H|e os 
nossos pensamentos, que nrrtCS os leva a perseguir cítn&as fiegundus. Quando vemos ocrtfl» idéias 
dos sentidos constaniementc seguidas por outras, sem o termos feito nôs, atribuímos po-der e aiivi- 
tlade :'ia idéias cjul gamos ser uma coisa causa de nutra, embora nada seja nuiis ah surdo u inintd 
jiívci. Assim. puf ejfcmpícj. tendo vi.vLO cerni figura luminosa e tvdíírtda c ao mesmo- tempo rece­
bido a idéia ou sensação cã amada calor, cmtdui mos que o sol é a unrau do calor. Do mesmo 
modo ao perceber o movimento o colisão dc corpos acompanhada dc som. pendemos a crer seja 
cSW o efeitd daquélcy,
33. As idéias impressas nos sentidos pelo Autor lE n,i[iu e/:i di-amam sc objetas r&aUl mií 
excitadas mi r pi afinação. rh,r menos, regula rrs. vrvas <? uonsiumcs. designam >c mais própriaineittc 
por idéias ou Imagens dc coisas q-nc copiam ou representam. Mus os nessas sensações, embora 
nuaica fosM iu vivas o duras, sáo nn eninnio idètlJi. isto i. exiüMm tii» espirito ou swo por de pcrcc 
hklns cerniu ns que dc miísmO forma. Às idéias dos .eotidus alubui eu realidade maioi. por nutis 
fores, ordenadas e eoeicnttó du que ns ui iiid.iv pdo espirito1, isso n.io prova existam fora dele. Sãu 
cambem menos dependentes da espírito ou sutostrtocui pensante que v- percebe parque ,is provoca 
a vontade tlc um espirito mais pudermos mas sâo idéias c nenhuma idéia forte ou fraca podef
rrr sen»u no espírito que ,i percebe
T1 ■ Anlcs de prossiípusr, ífflportJt róspéílldcr a obje^êw; prováveE ctirilni ns princípios iíc 
aqui apresentado». Sc parecer prolixo aos de upreemão ttipida, espero mc perdoem, puis nem 
iodos çumpreendem uainlnientí esLas coisas t eu desejo que pidos nn> Lvifiipreendam,
Primeira. Objetar sc á que por estes princípios nulo o real e substancial do mando desupa 
recc. licnndo um -■> n luput um vquvnia quimérico dc idéttuj, TtJdo que CXidTC. existe n no espirito, 
quer dizer, è purametUL* noctonal. Que são pois «i|, In.:, estrcltix? Que pautar tlc cusas. nos. mein 
lanhüs, árvores, potlras1? E da nosso pnipriu corpo? I tudo quimera c fautiuia? A tudo que de 
iguui modo pode objciiu- w respondo que peliw princípios cx(h k Iox não nos privamos de coisn, al 
guma na notureíti. Quanto vemos, ücnttjnns. ouvimos, ou dc quaLquer modo concebemos ou 
emeodíTTioi, fica tàn seguro e real como sempre. Híi uma w m u mutra e o distinção entrt reali 
dnde c quimera mantem a sua forço iar.nl. Imu é evidente pelos parágrafos 29. 30 e 33.undc nu>s 
ereri o que tkví vm rult-r se par fih jflv real on Ojvuição a quimera* tm iilcias de nosso própria 
eriaçfm: mas traias e úuiras «sisiera nn espírisu e nesse sentido :-;«o idáifrs,
35. Não argimtctuo comra a tausténcía dé alguma coisa que apreenda pelos sentidos ciu pela 
refle-.xãn, 11 que OS alltoí veem C as mãos tocam èxi-ste: existe rcalmcntc. não o uepu. Sò ucgu u que 
osjilásq fus chamam matéria au suh.Mfinda curpurca; c fazendo-o oão há prejuízo para □ resto tlu 
humanidade, que. ouso dize-r nada perderá. (.) ateu prcaxa du cor de um nome vazio, porn fcusc 
da stiu Lmpeedâ k-j et «>s fslósofins acham talvez que perderam uma grande ocasião para 1'úieis 
discussões.
RERKELEY2ii
3b, Se alguém pensa que isto não concorda com a existência e realidade das coisas, nada 
cu-mprccndcu das premissas qüfi apresentes nos termos mais claros que pude. Vejamos um resumo 
do já diLO. Má substâncias espirituais, espíritos ou almas humanas que em si mesmas excitam 
idéias ã vontade; mas síhi famusia ,̂ fracas e instáveis fçlativaménte ái dos sentidos, que asado 
ímprÉjSis, nel» por certas regras ou leia da natureza provocam efeitos da alma com maior força 
c amplitude do que 03 esptmos humanos. Diz se que essas têm mais rearidade do que as outras, 
entcndendü-.çe que aFctr-im mais. sào mais ordenadas t distintas c nào são ficções Jo expíriiu pecei- 
piente, Neste sentido, o soí que vejo dc dia é o

Continue navegando

Outros materiais