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B e r k e le y H u ilM l Os Pensadoiés Os Pensadorés IU t RcIov I IllIllO ‘As- idéias- impressas nus sentidos sSt> COiSãs reãis Ou existem réalmente; náo o negamos, mas negamos que exis tam 1cir,1 do ÍSpíritü pefcipitrttc* Ost ÇuC sejam semelhanças de arquétipos exte riores ao espírito, pois una sensação ou idéia consisto om ser oorcobída e uma idéia só pode assemelhar-se a uma idéia. Insisto em que as idéias dos ■sentidos podem cham ar*- exfonvs quanto ã origem, visto não serem gera das pelo espírito mas nele impressas por um Espírito diferente daquele que es- percebe Us objetos sen síve l tam bém podem con?iderar-se 'fora do espi rito' cm outro sentido, o de existirem em outro espirito: assim. quando techo •os olhos as coisas que vejo existem mas só pode ser em outro esp irito ." BERKELEY; Tratado sobre o conheci mento hvmano. Toda idéia é copiada de alguma impressão ou sentimento anterior; e, quando não podemos encontrar nenhu ma impressão, podemos estar certos de que não há idéia alguma. Em todos os exemplos isolados de operação de corpos ou mentes, nada há que produ- *3 qualquer impressão de poder ou co nexão necessária e , conseguintemer- te, possa sugerir qualquer idéaa desse gênero. Mas quando se apresentam muitos exemplos uniformes e a O mes mo objeto segue-se sempre o mesmo acontecimento, começamos 3 nutrir a idéia de cáusá e conexão. Experimen tamos emão um novo sentimento ou impressão, o saber- de- uma conexão habitual, no pensamento ou na imagi nação.. entre um objeto c o seu acom panhante usual; e esse sentimento é o original da idéia que procuramos HUM E: Investigação sobre o entendi mento hum jnu, Os Pensadorés ClP-Brasíl. Catafügirçáo-iiia-Publk-ação Câmara Brasileira do Livro, 5P H4341 J.cd. tícrfccky, (icorçje. 1685*1733. Traia do sobre t»s princípios do çcinlKClmento humano : T ris diálogos entre Hilas c FilOíKJus Cm opótiição ura eáticos c ateus ■■ fJenrge flcrfcçlcy Investigação sobre O entendimento hcihono , bmwwh morais. polílíctXJ é II cerrtrios ■ íluiiiw ; iradüçúiiS de Antônio Su;;n> ... <el ah), -- 3. cct. — $Au Paulo : Ahril Culuiral. I\>fl4 (Os pensadores) Inclui vida c obra de UsTkeky t Hunw. Bibliografia. i Conhecimento repeta 2 RmpirUmo 3 Ftti«ofw in̂ Û .i 4 liicaíis- mo m l̂ês 1 Hume. Davj-J. 1711 -1776 11. Sérgio, AniAnio, l8K3-J9füL III Título IV. 3'iiiiLi: 1'rfis diálogos ciucc Htlas e Filonu-us cm oposição .tos edusus c ateus., V 1'ituío; Investigação solire o entendimento humano VI. I ifuki; Lnsuius morais, políticos c lUcrános V II. Sitie. U3-I4SI CPD 192 -121 -141 -|46,4 índices pa.ru. catálogo sistemático: 1 Conhecimento : Teoria : Filosofia 121 2. Lmpirismo : Filosofui 146.4 3, Filosofia jngfcsa 192 4 Idealismo . Filosofia 14] 3. Teoria do conhecimento. Filnsufia 1 31 GEORGE BERKELEY TRATADO SOBRE OS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO HUMANO TRÊS DIÁLOGOS ENTRE HILAS E FILONOUS EM OPOSIÇÃO AOS CÉTICOS E ATEUS DAVI D HUME INVESTIGAÇÃO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO ENSAIOS MORAIS, POLÍTICOS E LITERÁRIOS I ruiiu^ocs de Antônio Sérgk», I.eond Viüliiiulro, J oão Paulo Cumes MwiUriru, Armando Mora D '01ivtira 1984 EDITOR: V1CTOR CIVTTA Títulos originais: TmtSik de C r̂Virley: Trratrsv Ctmivrning rhr Principies o f Mutr.au Kn&wledgí Thrcr Ofolvgntí Beiwrm fiylas utvi Phitonaus Textos dí Ilunc: .̂ n (iffifufri ç&níxrnutg Híw.cin l./nderstandín ̂ £jyí*iy>, Mprat. FciiticaJ and Liitvury c CopynphE Abril S A. Culuiral. Sirt Paulo. lOVj — 2> «Jicão. 10ÍW>_ — j' ■ i J , PS84. Traduções puhljcate wib licença Jc AUÜntídjj Ediumi, s.u r.l . Coiltlbiii (J>atado lobrr ir.-i Fiiiàiffnm tiv Cimlrn-imrmti tfummoi Tréx Dtídofiot cnrrt th!a;, r Fihnoas em OpQSiçwi ri<JV Cérum’) : de LtSiti>r*j («luhu S.A.. Pono Alegre f.litvtsiittuçüti .vfbrt o Krn n̂itansnm HttfttflfU■! Direitos exclusivos idforc n tmiuçan /ÁKrirrjv \fnmtx Pahúrm r .Vo.- :nh. Àbnl S.A. Cultural. 5üo Paulo DireitíH. e.xclwsiVOá iu-Ott ” Es;rkeley VídíL c Oot.i" c J M lume — Vnij e Obra” , Abril S ,A . Cultural, São BERKELEY VIDA E OBRA Consultaria: Jttão Paul o Gomes Monteiro G eorge Berkelry nasceu r-m Kilkenny, Irlanda do Sul, cm 1 2 cie março dc 1605, Estudou na escola da cidade natal, por cujos bancos tinha passado, alguns anos antes, r> autor cias Viàgvns cio Guliivor, o conhecido satirista Jonulhan Swift Í1067-1745). Os es tudos superiores foram feitos no Trinity CoIlege de Duhlin, onde der- keley [ornou-se fellow cm 1707, quando possou n lecionar hebom o, grego e teologia Ness,> época, lia muito os filósofos |es|^dalmente l ocke, Newton e Mulcbrarche) e anotava observações, reunidas sob o título dl1 Comentários t Uosóficos hoje dc grande importância para a compreensão <ie sua obra posterior. Sou sistema filosófico íoi concebido e realizado quando ainda ro- lativàmenie )ovem, Em 1709, aos vinte e quatro anos de idade, Berke- !cv publicou o Ensaio pnn: um.t N g v j Teoria tín Vitáo. Um anu de pois, surge o Tratado sobfí' Os Princípios rin ( onhvamvrUü Humano ^ em 1 7 1 t . os Trrs Dtâiofiot vntre Hilas d filonous, nos quais reto ma t desenvolve as teses o argumentos do Tostado. frala-sc, portanto, de uma obra inteiramente estruturada nos ro meçc» do século XVIII, quando as çiõnuus naluraís sé desenvolviam libertas do fínaUmo arrsMêliçn c* escoláslico e capacitadas a explicar os feoômrní» de manetra autônoma,, sem qualquer intervenção de fa tores sobrenaturais. A natureza era vida como uni conjunto de fatos explicáveis por si mesmos, cabendo ao homem tão somente decifrar a ordem matemática inerente j eles. Ta! maneira de ver a natureza conduzia a uma concepção mate rialista do universo. Pelo menos foi o que aconteceu historicamente, dada a ausência da necessidade de conceitos conxi "espírito" a ou tras análogos. Nesse sentido foi importante a concepção d ua lista for mulada por Descartes I I5%-165(J). segundo a qual existem duas subs tâncias independentes [pensante e extensa), cada uma com seus domí nios próprios. Minava-se, assim, a visão cristã medieval de uma natu reza cruida por Deus e subsistindo apenas em função dele. Nan bas tasse isso. Descartes desenvolveu muito mais a parle de suas obras re- ferervu-s â substância externa e criou as coordenadas de uma físí< a ma temática, que se propunha n explicar os fenômenos físicos de manei ra autônoma. vm BERKtLEY Na Inglaterra, Newton 11642-1727} caminhava no mesmo senti do e mostrava a verdadeira viâ para o conhecimento dos fenômenos físicos: a união entre a matemática e a experimentação Thomas Hob- bes (1 5B-Í5-1679] formulou um rígido sistema materialista e lohn Loc* ke (3 632-1704,1 desenvolveu uma teoria empiriíta do conhecimento que — pensava Berkcicy - conduzia diretamente ao material fauno e ao ceticismo. Um a filo so fia im ateria lfafa Dentro desse panorama, Ekrkeley drspôs-se j restabelecer o pri mado do espirito, investigando "as principais causas do erro e das di ficuldades nas i ièncias e os fundamenios do ceticismo, do ateísmo e da irreligiâo" (subtítulo do Tr.it,ido sobre os Princípios do Conheci mento Humano), Para alcançar esses objetivos, tomou tomo ponto de partida a filosofia de Locke, admitindo o essencial da teoria do co nhecimento empirista, mas checando a resultados inteira mente dife rentes e até certo ponto paradoxais. John Ltxkc* linha desenvolvido, no Ensaio sobre o Entendimento Humano, a concepção de que todo conhecimento se origina da expe riência sensível o nao existem idéias nu intelecto humano produzidas exclusiva mente pelo próprio intelecto. Não existiríam «is chamadas idéias matas", admitidas por Descartes, As idéias matemáticas de quantidade, por exemplo, não constituem, para Locke, formas impres sas na mente antes do aparecimento das funções sensíveis na criança Quando o homem nasce, sua mente seria como um papel cm bran co Sobre esse papel, os tomai»* físicos, estabelei idos pelo* cinto sentidos, imprimiríam aos poucos os caracteresque, depois de múlti plas experiências do mesmo tipo, formariam as idéias gerais, Exempli ficando-se, se o homem tem cm sua mente uma idéia gorai de árvore (que não deve ser confundida com a representação mental desta ou daquela árvore om particular), essa idéia C: apenas o resultado final das inúmeras e sucessiva» impressões de arvores particulares, que ta ram produzidas cada vez que esse homem viu árvores concretamentc existentes na natureza Assim, todas as idéias que o homem possui em sua mente seriam o resultado de um processo que sc inicia com uma sensação particular (pela visão, tato, olfato, paladar ou audição), repetida muitas vezes. Essa teoria supunha, consequentemente, que as coisas exteriores à mente humana possuiríam qualidades objetivas, capazes de provo car o aparecimento das sensações subjetivas da mente humana e as idéias resultantes. Chegava-se. assirn. ã concepção de que o mundo exterior è constituído por algumas qualidades primárias, à soma das quais os filósofos da natureza deram o nome de matéria, ou substân cia material. Essa substância material nán podéria ser revelada díreta- mente aos sentidos, resultando sou conhecimento de um processo de inferência pura mente intelectual. Em outros termos, a matéria — dife- rentemente tfas coisas materiais — não pode ser vista, ouvida, cheira da, ctc. Esses processos sen&oriais só ocorreríam com as coisas consti tuídas a partir da matéria. VIDA E OBRA IX Bcrlcr-ley concorda com as linhas gerais da teoria empiristu de John Locke, mas não admite a passagem do conhecimento dos dados forne cidos pelos sentidos para o conceito abstrato de substância material. Aderindo ao mais completo empirfsmQ, afirma que essa substância matéria! náo pode ser conhecida em si mesma. (!) que conhecemos do mundo exterior resume-se às qualidades reveladas no processo de percepção c nada mais, dc tal forma que é forçoso concluir pela afir mação de que a existência das coisas não é mais do que um feixe de Sensações Em poucas palavras, "ser é ser percebido" {"esse esc perci- pi"). Dizendo o mesmo dc maneira mais concreta, a cor rios objetos não seria mais do que algo visto; o som, algo ouvido ; a forma, algo vtsro ou sentido peto tato e assim por diante. Toda o mundo eorpórco seria sempre o sensoriai, um conjunto de tetos existentes unicamente nos sujeitos que conJiçcem. Não existiría qualquer possibilidade de conhecer-se uma existêoda independente, determinada pela estrutu ra das próprias cu^os, como queriam Locke è os filósofos da natureza do século XVII. Náo se tratava, portanto, dc negar a existência das coisas mate riais que constituem o meio ambiente do homem. O que Berkeley pOs em questão for a idéia abstrata, então ccjrrcnte de matéria co mo uma substância fundamental, constitutiva de todas as coisas e ra- dicalmenle diferente da Substância pensante, segundo a terminologia cartesíana. A teoria. berkeféiana de que "scr é ser percebido" não significa, contudo, que o mundo se reduz à monte de cada indivíduo, pois Ber- kefey ajunia um complemento essencial parn evitar todo subjèlrvismo individualista. Trata-se da postulaçâo da existência de uma mente cós mica, superior à mente de cada homem. Essa mente cósmica é Deus, concebido como sujeito eognoscttnte* absoluto, r»o espírito do qual to das as coisas seriam percebidas. 0 mundo ó, (jurtanto, concebido por Berkdcv como um conjunto de coisas corpóreas existentes na menlç dívmn e tendo nela todo sua razão cio ser. ultimas obras de um idealista Berkeley tentou salvar o espírito e â religião com suas obras filo sóficas, Se alcançou o objetivo almejado, ou apenas substituiu j idéia abstrata de matéria por outra não inenob abstraia, a de Deus, é assun to discutível. Náu se discute, contudo, que foi um homem piedoso e idealista {no sentido moral da palavra) até os úlrimos dias de sua vida. Depois de concluído o essencial de sua filosofia (materialista, cm 1713, quando contava apenas 28 anos de idade, viajou para Londres, onde manteve contatos com os poetas loseph Addison (1672-1719) c Alexandre Pope 11688-1744), o escritor Richard Steolc (1672-1 72*>) c Jonathan Swift, e escreveu alguns artigos contra os livres-pensadores, Numa segunda estada na capital inglesa, efe 1716 a 1721, escreveu um pequeno ensaio ern latim, Soòze o Movimento, no qual critica a fi losofia da natureza de Newton c a teoria da força de Leibniz (1646-1716). X BERKELtY Em 1724 tomou-se deãü em IJerry (Irlanda) e, na mesma época, projetou a fundação de um colégio nas Bermudas. onde pretendia educar, para o ministério evangélico, não sí> os filhos dos colonos americanos, mas também negros c Indígenas. Procurou ajuda linan- ceira e partiu para Kbode Is I and, nos Estados Unidos, onde planejava estabelecer fazendas para prover o colégio de alimentos. Depois de algum tempo, cansado de esperar pda apoio que acabou não vindo, abandonou o pronto e voltou para Londres, em 1731. Nesse meio tempo escreveu uma obra sob forma de diálogos, Alciphron, contra os livres-pensidpres e, no período de 1732 a 1734, redigiu O Analis ta, no qual Criticava o cálculo diferencial e integral de Newtprç i* L/rna Defesa cio U vrç Pnn^vvctUO cm Mdtemáticú. Em 1734 toi escolhido para o cargo de bispo dé Cloyne. região isolada e pobre da irlanda, onde encontrou problemas que o fizeram refletir sobre os assuntos econômicos, O resultado disso lui O Qucs- rionsdor. obra na qual apresenta uma serie de questões econômicas e sociais, comí* a pobreza e a ociosidade, propondo algumas soluções, através de trabalhos públicos c- educação- Preocupou-sc também com problemas de saúde pública e cntusiasmou-se tom ov valores medici nais dn águo do alcatrão, na qual acreditou ter encontrado uma verda deira panacéía universal, Escreveu então sua última obra, .Siris ou Kc- flexões e tn\iestifi3çõcs Filosóficas nobn: as> V irtude d.i .Agua cft 4/rj- trào, na qual se íiprnxima dc doutrinas dg antigo neoplalonismo c litiabsa as causas dos fenômenos físicos, arriando que das devem s<v explicarias pela ação divina. Siris toi publicada em I 744 e., dessa d.tta um diante, pouco se sj- be sobre a vida dc Gcorge Bcrkokry, a não sc*r que em i 7S2 sc estabe leceu em Oxford, onde faleceu no ano seguinte. Cronologia lftflS C m r^ Borkvíey n.wn? pm Kílkenrty Irfandt. a 12 dc março. Nascí- mento dc Bach, Handei e do pintor I, M Nattier, l i í ? M.ilebr.nnrhe publica Ctrfúttuitn w iw a MvfiftVs/cd c Newtor, os Porre iptos de Flfú-ioti.i 1 bVU Vem à tu/ o Cm-Jiv sobre o i ntesirtimeuio HuntanotU' fnhrt t t.v ke. 1700 Berkélpv ingwtM nn Irwity Ccllnge dn Õqtilin 1701 — Furwla-w, ria Inglaterra, a SéCiiédadê para Fomcntodo Gunhecimen- (0 Criãão, 1702 Funda-se u primeiro diário IngJtS, u Daily i ourfinf. t707 — Berkeitiy tornu-so pmtpssor no Trinitv Cnficge de Dublin, Donis l'3- pin constrói uni barco a vapor 1709 — lierkisky publica o Ensaio para uma Nova Teoria dií Visão. 1710 — Surge o T ra u n lp sa b re os P r in c ip io s du C o n h e c iin e n lo H u m a n o Üê Bedehy. Leibnlz publica j Tetxiiçêd. 1713 — Herkeiey cuida da pubht~.>fâfj dos Três Üiálugos mire Hilas e Fíb- nous c tom rç .i itm per/ofío do i iu^cni, que se estendo aíõ o .mn segui ̂ íe 1711 — Novo período efe Vagens que se prolonga ate 1720, 1721 Publica um pequeno ensaio Sobre u Movimento, no qudi critica Newtan e Lctbtv?. 1724 — ÍOJTLT-W rfft» de Oerry fhlunda) 4 a&cu o i líósofo Emanuel Ka n t. VIDA E OBRA XI 172B — Berkefey casa-se p vai morar em Newpprt. Khode khnd, nas Esta dos l Inícios 1732 - Novamenle cm Londres, Bexkeitr, publica Aluphron 1734 — É escolhido bispo de C/nynr (Irlandai o publica O Analisia 1735 Publica Uma Defesa dn l ivre Pensamento em Matemâtrca e O QursríorfcadOf. üiuryv u Emoiú wbre o Homem do Alexandnr Pnpn. 1744 Bcrkclcy publica Siris. Nasce Ldmur .̂i;. 1752 Berkehy iransiere-sc para Oxford. 1753 — Falece em Oxford, no dia J J de janeiro. Bibliografia MookL, C . E .. RvfuLrtionaf Idealism in Pluiosophscjl Studie\ Lnndros, TlJ22 Jçkmusíon, G . A. The DevcJopm&U df Eerkefey's Philosõphy, 1923. H ith , ti Dávves. Berkelvy, Lonrfrr-s 193-2, !j . ‘T, A, A ,: Bcrkrfr) and \Uk'brartdu\ Londres 1944. Lua, A. A.,: Bvrkv!ry',s Immaterijiism, 1945. Lua, A. A .; ih v Uiv <>(Ccafói* iterkefey, tíishopoi Ooyne, Londres, 1949, Witu, J. CicwrRe Serkeley, ,j <mdv o f his Life and Phtfosophy, Nav.i VcrL. I936e 1962. HwwS} L: Sçnsstiófíainm ,tnr! Thmtogy j'it lyfrdketttyds Phiiosophy, 1936. Ba i-ííi, ls £j Penado RcFigleusc de Betkeh-y t l 1'UfUtr} do v.r dhlúkipliic 1945. WaamX ol. G . f .: tècrkcleyf Felican Btxjfcs. 1953 Gv1ikm.il, MARtî j Berkeley, Quatro hudff, sor h Perceorton vi sur Dieu Au- hpíi, Ediliori Mcjnlriif{ne, PiirK I95íí, SmrM, E A,: Cí.KM r̂ tii rkcirv .inti lhe PftxiH ior í/u- £MsrrvíiV oi Cvtk Lon dres 1957, L+khiv, A. L : üí?omeUerkhky, Prwsm Univeirsitíu^ rk IV,mee, Paris, 1959, Aü.MstJK>Rns, l i M .: Berk&loy'í Theürv r>t Vision, Meiboume, 19hl, Mffdnrn Sivdics m Phihsophyi Locko and firikck"ò editado pur C B Martin tO . M. Armsironi;, Éd. Maemlllan, Londres v Meltwurne. CEORCT BERKELEY TRATADO SOBRE OS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO HUMANO Trnduçüo ■,!i_- An cúidn,) Sçrgtu Pr e f á c io d o A u t o r O que hoje publico pareceu-me depois de longo c m inucioso estudo inteira menle exato , e de algum proveito , em especial aos já locados de ceticism o on desejosos de itma demonstração da existência e im aterialidade de Deus ou da natural imortalidade da uíitw Seja assim cm nâo. basta-me ifite o le itor o examine imparcialmente, po is nenhum outro üxito quero para o que cscrev i senão o acordo com u verdade. Pum isso peço ao leitor que suspenda 0 ju íz o até ter fido ludò com a atenção e a reflexão que o assunto parece merecer. A lguns passos em sepa rado podem levar (ç o caso é inevitável, a graves erros de interpretação c a conse quências absurdas, que uma leitura cuidada mostrará não derivarem deles. M esm o uma leitura completa mas superficial trairá provavelmente o meu pensa mento: mas para o leitor reflclidú confio que será claro e óbvio . Quanto à novi d ade r singularidade de algumas noções apresentadas, espero que seja desnçces súrio tecer a apologia. M uito fra co ou muito pouco dado ao saber será quem rejeite uma verdade detnonslrávcl só por eia scr nova ou contrária a pre ju ízos da humanidade. P or isso tratei de prevenir, se f o r passíve l, a censura precipitada dos q u e s ã o prontos em condenar uma opinião antes dc t é ia verdadeiramenie compreendido. In t r o d u ç ã o 1. Nilo sendo □ filosofia Sen rio- o desejo da sabedoria cda verdade. ê Lie esperar dós que nct? gjWUiraiti ç» melhor tio seu leinpn a do seu trabalho que fruam dti m:tíor o alma c serenidade e.spari lua!, msiror clareza c evidencia de eonhcetitierUO. e sejam meios assediados por dificuldades l- du vidas do que as outros Homens. A,pesar disso, vemos o prossn íletrado da humanidade percorrer o trilho do simples sensft comum, covemado por ditames da natureza.. com [aciUdade c sem perturbação. Nada Jo que é familiar lhes pai ecu inexplicável nu duro de entender. Nâo se t|dei aam de falto de evidência nos sentidos. c o perigei do ceticismo náci rs ameaça- Mas «.penas sai rnóS dos Sélltidos c do instinto para a luz de um princípio superior, para meditar, pensar c rcflcüi na naiurcia das coisas. mtl escrúpulos surfem ru> espírito sobre o que ames porccía compreen demos «larwticmtc l>e lortn íi parte se nos levantam preconceitos, e erros dos «.antidos; c. ac* icn tar corrigi-los peta raitâu. irtscusívdmeiiie cuímos cm singulares paradoxos.dlftcuLdfidcfi, irteomã v lútiuia ̂ que se multiplicam ao progredir na especulação, ate que depois de ter percorrido verdadeiros Itihirinlos no» .íchíimns nnde oseávitmos; ou. n que ê pior. onlrcgUM n um mí.seiM MticisniO. 2. Dá sc como causa tfitrn n obscuridade das cokax mi a natural faiquoca e imperfeição do nosso conhecer. Di* se que as nto-tns faculdades sic> poucn«. dadas pela natureza para conserva çiic c comodidade da vidsu nào para penetrar a ctância c corsiIiuíçÍ o das coisas. Demais, tpwn do o espírito finito dn Itomem quer ocupar-sedo que partceipít da iirfirtkiiíSe, niU> íidnmra vê lu cair em absurdos e eonirftdlydcs 4e que nãn cimsçf.uc dronr&lar se, por ser da natureza du infinito a um incomprwnsíbtlidadc pelo fumo. .1. Mas tnlvc/. iscjamo* injuswx» conosco situandu tt defeito oa ilgituirumiemc nus nossits facul dades c não no muu uso delas, h líiIÍcíI acenar que deduções corrçtus de princípios verdadeiros aportem a consequências inaceitáveis on inconsistentes Devemos crer que Deus foi mais liberal com os Immèns, c nüo lhes deu um forte desejo de vunhecímenm eu locado forti du sen alcance lsm opor se ia uu método indulgenic da Providência, que a todos os apetites inspirados ás suas criaturas forneceu ordinariamente meios - se Justamente utilizados de poder satí.s.fti2ê-3as. Além disso parece nu? que ft mutor pane. se não todas m diflcuMu*h-% que ju* «gora detiveram ot. filósofos « borruram o caminho do conhecimento, oõs os provocamos., levantando a poeira e de pois queixando,nos de nio ver. 4. Tentarei pois descobrir on princípios iiurodutom desta dúvida e incerteza. destes ahíur- dos c contradições em varias cücnlas de fitófcúfia. -a jwrit-o de os homens mais sábios terem julyudo incurável a nossa ignorância. como iruio natural da fraqueza e limitação das nossas facuidadís Decerto vale bem a pena inquirir tíslrilamentedos primeiros princípios do conhecimento humano, cm especial se há motivo dç iuÉpcitar juu ar, barraras z d i fica Idades ene mu radas pdo espíriio na bujica da verdade não rusuluun de obscuridade c complexidade do objeto uu natural defeito de compreensão, tanto quarto de falsos princípios cm que se tem insistido o devem rejeitar-se. BERKF.Í.P.Y6 5. Bem parece tarefa ditícil c desammadflnu se pensar quantos homens grandes e esiranriji- rtaríús me precederam nd:u mas Lenho alguma esperança considerando que nem sempre as vista» largas Mão as imüs claras, i que ■j h miupc. obrigado a tuluuur o objeto mais perto, pode talver por um exame próximo descobrir o que nào viram muito melliofcs olhos. 6. Para preparar o Ecilor ;j mais fácil inteligência do que se segue,. convem pôr corro inLrodu ção alguma coisa sobre a natureza e o abuso da linguagem. Mas o ikslmdar deste tema <Lc ççrto modo itfKCeipa o meu plano. por traíar-se do que parteu (cr sido origem principal da duvida c complexidade da especulação como de erros c dificuldades inúmera? em quase todos os domínios do conhecimento. I: foi a Opinião L - l e que O espirito pode construir idéias abstratas ou nnçôcs dc coibas. Quem nío for dc lodo níheío ri obras e discussões da filósofos reconhecerá que não peque na parte delas se trava acerca de [déías abstratas, fcías passem áSpeci.iimente por objeto das cicn eras denominadas ilógica e MetaJhtCti e de quanto se tem pelo :uais abstrato e sublime caurtij, onde entretanto raro se encontra uma quostãn posta de liiCHlóque não supímlui a sua existência ut> espirito o que isso ê bem conforme com das. ?. Está assente que as qualidades ou intxlor, das coisas nunca existcsn reatmente Cada uma por si ií tini separado, mas em conjunto, várias no mexiro objeto. Mas. como dissemos, ó espírito è capa? de considerar cada uma separada ou abstraída das mitras a que cstii tigãda. íbrmnndo assim idéias abstratas. Po? exemplo, n visto apreende um objeto este aso, Colorido, móvel: esta idéia com pó niu rcsmlvc a o espírito eios seus elementos c isolando coda um forma as idéias absíra ens de extensão. cor. movimento. Vão podem cor c movimento existir sem c-xienxãtn mas o espí rico pode formar p«r abstração a idéia de cor. excluindo n <ixien$io. c a de movimentei. cxcUitndu AS Oiltítts. duas. í . Depois, tendo observado nas extensões sensíveis parUsulnra áljid stiirtelltunlc c comum « tilgy peculiar como a fortnn oua grandeza que a> distinguem, considera a parte o quê c comum formando a idéia muito mais- abstrata de cvtcnsãc que nár ê linhn, superfície ou volume nem forma nu grandeza rnaí uma idéia ibMuudu de id it í elas. I>e iglial modo. pu.spondo COfes parti culfireri sensíveis c distintas e conservando apenas o que lhes é comum, o ciptrito fa? idéia da cor cm abstrato, que rtân é vermelha, azul. branca nu qualquer cor dctcrnmmd.i. Pot idêntico proces vo. abstraindo o movimento não só do corpo móvel mas d;t trajetória. c d« toda velocidade ou diivçuo particular, forma a idéia uhsir*ui dê movimento. corresporidcote u qualquer espécie tfc movimento particular sensível. 9- H, tuaim conto forma «léi.ts abstratas de qualidades ou mtklt», o espírito, pdn mesm:i Sepuraçatt mental, forma idéias nbstratar, Ae xerç-. ivuò - complexo!, que alti-.aigcm várias quulida des cocxistenles. Por exemplo, tendo observado em Pedro, Jaime c João certas semdhançiii de estatura t outras qualidades, pie de parte na idéia complexa ou composta de Pedro ou Jaime « j qualquer homem particular o que h peculiar a cada um. conservando aptauí o qué é comum a tcxIoR e assim forma a idéia abstraia, aplicável k tudo» o? particulares, abstraindo c separando circunstâncias e diferenças diaermuiame.s de uma existência particular. Diz-se que d«tn forma ve clscgn ã rdêia abstratíi de homem ou. kc preferirmos, humenidade ou nacurcaa humnnn; onde du fato s<- inclui u cor, pó?:; ipd4) homem icpi alguma, mus nau brandu nem preta nem qualquer cor purtkiilar, pois mcrtliuiMu existr em iodos os hmncns. O mesmo para íi estatura, náo alta nem baixa nem media, raas aipo abstraído dé todas. F-. nssirn para tudo mais. Além disso, havendo grande variedarfé de criaturas com alguns mas ní,o todos o» Caracteres da cçunplcxa idéia tiú homem, c espirito, rrjcsiardo o peculiar rn> homem C Aproveitando su cr quu c comum aos, vL-res vivos, forma a tdéiji tk animai abstraída não só dos homens parlitulures mas nunbém dé Uk1;vs as ■ivC-5, quadrúpedes, peixes c inseCus. Os demenuw coiláiilutivot. da íd«a ubsiraut de uni mal são eorpo. vida, sentidos, movimento espontâneo. Por corpo entendé $í corpo sem qualquer tamanho OU Hgura por não os haver comuns a todos os animais; sem cobertura de pêlo, tfe penas, ou de escamas, nem sequar nus; püli>. penai,. u.scareuLs. nudez são proprícduües de animats partil-ljlares INTRODUÇÃO e pnr estranhos à idéia ítbstrula. Pela mesma r a j ío o movimento espontânea naq pi>dc ser ajiJar nem voar nem rastejar, No entanto é movimento. mas rtao c fácil conòebero que seja. [0. Sc uüLros íltíi esta maravilhosa faculdade de abstrair as suas idéias, eles melhor dirão: por mâm lenho tealmcnfc a faculdade de imaginar nu representar mc idéias de coisa» pEirucuiarcs e <te vuriamente as compor t dividir. Posso Ímae.ifiar um humern hicípite ou a parle superior de um homem lidada n um corpo dc cavalo: posso considerar a mão, ns olhos, o n,irij separados dt> resto do corpo. Mas olho c mão imaginadas terão forma e cor particulares. Igualmunte a idéia dc homem imaginada tem dc ser de homem branco ou preto ou moreno, direito, curvado, alto. baixo □ li mediano. Não consigo, por mais que pense, conceber u idéia abstrata acima descrita. Também mc é impossível formar ideia abstrata de movimento diferente da de corpo móvel e que não c nem rápido nem lento, curvilíncú ou rciiliiieu. O mcwnu sc diga Ue quaisquer idéias abstraias, hm suma. .sou capaz de abstrair cm um sentido, como ao cor siderar parles ou qualidades separadas dc nutras com que estão unidas na nnesírtò objeto mas posoam eristir sem cia.*,. Mas, ncg.u que possa abstrair e conceber separadamente qualidades que c imposAivel encontrar scparndae; nu que possa formar uma noção gerai, abstraindo üc particularidades pelo modo referido c sào afinal os dois sentidos de “abstração". R ba razão puiu supor que a maioria dos homens c$lã no meo caso, A generalidade Jos homens simples e iletrados nunca pretendo abstrair noções. Diz-se que das são d t ficei.s c exigem craluühn e estudo, Se assim ê. concluí se que esiSo reservadas aos doutOS,. ] |, Vou exaninur o que pude alcgar-sc $m defesa da doutrina da abstração, a ver se deseu bro o que leva os homens d,i especulação a aceitar um parecer tão renmto d<» senso comum. Um filósofo recente 1 justantente apreciado deu lhe sem dúvida grunde upoto, pmvçcrtdo pensar que as idéias abstratas marcavam n maior diferença dc etllcruJimento cmrc homens c animai». "As idéias gerais", diz vir. "sno o que eeinKilecc distinção perfviUi «nire animais e homens. As faculdades der animal nunca podem atingir esta excelência; é evidente que não observamos nclu.5 o u»u dc sinais paru essas idéias: dc onde temo» razão dr supor 400 não têm faculdade dê abstrair nu formar idéias gerais, porque não empregam palavra» mi quaisquer nutro» »lnai» genéricos.” f pouço adiante: “‘Por mo mc parece qut hisk? os unimalí- se diferenciam intcii .iincntc do» homens c que esiu diferença estabelece entre eles a maior distância, Porque, sc eles têm algumas idéias e não sio simples máquina?, (como alguém já pensou), n.10 pode negar se lhes algum uso dê razão. Parece mc dlo evidente que em certo» cks pensam como que tem sentido x: ma$ sito apenas idéias particulares, çtirno OS sentidos lhes lc>rni?eçm- Os melhores Mino cnafradnt nestií esircito liintte e nfin têm creio cu - faculdade dc umptiú Io por qualquer forma dc ãbsirnçiíu", De pleno acordo com 0 sábio mnoi çtn que as faculdades dos uni mais não alcançam a abstração, receio que. sc tal for :i diferença, um grande numero dos que passam por homens icnlia de incluir sc no mcfiíitrt grupo, à romo alegada para negar uus uciinraís idéias abstraias c a du não terem palavras ou outros sinais genéricos, isto assenta na hipótese de que usar palavra» impliça ter idéias gerais. De onde .« segue: os homens que usam a linguagem podem abstrair ou genera lizur as suas Idéias. Que cmc é o senil do do autor mostra o a sua resposta a esta pergunta em <>ulíu posso: "Sc todas a» coisas existentes são particulares, cumo chegamos a termos gerais?" A sua resposta è: ”As palavras vem a ser gerais por .serem significativas de idéias gerais". Mas antes parece qur não pnr serem rinril de uma idéia geral absteam. c sjm dc muita.» ide ias partí colores, cuda uma sugerivcl indifcrcncenimiv ao espírito. Por exemplo, quando se diz; “A mudança dc movimento é proporcional ã força aplicada’1- ou "todo que t extenso é divisível5. estas expressões entóralem-« do movimento e extensão cm geral; entretanto não sc conclui qqe rne sugiram idéia dc movimento sem corpo móvel c direção e velocidade Jetcrminuda:;. ou que eu deva conceber ama idéia abstrata ç geral dê extensão sem »cr linha, superfície ou volume, nem crunde nem Lóckc: físsgpan Mw/ntut Understanding. Liv. llcap.Xí. LO, lifN .d o A.)1 K BERKELEV pequena, branca, preía. vermelha ou dc qualquer car determinada. Apgfnns implicn soja qual for o movimento considerado, rápido ou tenra. vertical. horizontal ou oblíquo, c seja quul for ij obje- to» que o axioma será verdadeira. Uo mesmo modo para a extensão.não importa seé linha. super fície ou volume nem a sua grandeza ou forma. 12. Observando como os idéias vêm a scr gerais mais fucilmcnce t> cmcndcrçmOT das paíá vras- Nólc-sc que cu niw nego em absoluto a existência de idéias gerais mas apenas a de idéias ge rais abstratas; nos passos citadm. quando se falo de idéias gerai*. supõem se sempre formadas por abitfaçjfo, do modo indicado nos parágrafos 8 c 9- Ora,, se quisermos atribuir setilido às nos sas palavras ç falar somente sfo que podtimjs conceber. concordaremos creio eu — que uma ideia particular, quando considerada em si mestna, se toma geral quando representa iodas as idéias particulares du meam a espécie. Suponhamos, para exemplificar, um gíwmctra que ensina a dividir uma linha cm cluas partes iguais.Traça, por exemplo, uma linha preta dc uma polegada dc cnmprimeEtíJi é uma iinha particular:no rntamo. significado geral. representa iodas as ti «hás possíveis: dc modo que o demonstrado quanto a ela fica dcrionslrudu parti iodas U5 linha» ou. por Oulriu palavras, pura a linha em geral» E assim como a linha parlicular fica gerai por scr um símbolo, o nome "linha", que cm absoluto á particular, como símbolo fica ‘-cncJo geral. F. como pum o casa anterior n fcnertiGdudc não provêm dc scr sinal dc i.imit linha gerai abstrata, ma:; dc Iodas as Unhas partitulares passíveis, lambem no segundo deve pensar-se que y generali dade provêm da mesma caiua. ;.<to é. das várias linhas particulares indiFircntemcntc denotada*, I 3» Para d.ir ao leitor noção inuis clara da natureza fi emprego nccesíjârio d«s idéias abstra tas, citarei maia um passo Jo Essay vn Httrnarr Untierstandíng: "A s idéias abstratas não são tão óbvias e foceis para as crianças c para espíritas não exercí tados coma ns particulares. Sc parecem i adubas c pela uso consume e familiar. Refletindo cuidadvMntcntc. adiutnos qw as idéias geras* rufo rícçucs e artifícios do espírito, que encerrain dificuldades c não se revelam tão simplesmente como imaginamos. Par exemplo, dão sé exige tra balho v saber para formar a idéia, goml dc triângulo {que não è do mais abstrato. complicado e dilícil) porque ele náo pode s-cj ubliquâugulo nem retângulo, nem cqüd.iícra. isóscelcs ou cscalc no. mas Xftfa.f estas coisas e nenhuma ddnstf 6 rtn vmlidc uma coiwi imperfeita que não pode cxisiir, um l idéia em que se conjuga cr parte1» de idéias diferentes c incompatível, i verdade qitc o espirtio. na sua imperfeição, nçcessítadc tais idéias c serve sedelst». como pode por conveniência dc comunicação c alargamento do eanhcccr, ççq objetiva rtái«ral c M eto . Mas há motivo de :,u: peitar serem u is idéia» iodicus da nossa imperfciçãu. Enfim, basia mostrar que ate idéias mais abs tratas c gerais não sào ,is que o espírito mais depressa adquire nem ;w com que u cunliadmçmo mais cedo se familiariza’'. , Sc um homem tem n faeuldqdc Jç formar a icloiti de triángufo aqui dCNcríuq é vão prclulKltt eotiicsutr tim. nctti cu faria tal, 3ó desejo que o leitor reflita com precisão e segurança se tem oti não tal tdéia; e isto não parece larefa árdua paru alguém- Nada mnis fácil do que examinar alf-uêm o pensamento próprio. procurando saber se teut ou pode chegar n ter idéiu corretixntdente :í descrição anterior da idéia geral de um triângulo não acutãn&ulo nem retângulo, equilntero, isóvcdea qii usgalento, mas todas csuis coisas e nenhumn dela.s. 14. Muito sif- jã d-v Jifiçuld^de focrenie án tdéiaM ubsirutu-; e dt? CSÍOt-çc c ‘rntvilhq de formã-laí. h totlaá concordam na necessidade dc grande Labor e fadiga du espirito para emancipar o pensamento de objeios panictiiares c levã-lo ãs especulações sublimes, relativas às idéias nbstra tãS. Dc onde jsarree concluir sc scr est:i coisn lío JicTeil dc formar idèca•: ^bslialau dcsncecssái iy à comunicação, tão simples c familiar a ioda casta de homens. Mas. disse eu, se das parecem ob vias e fáceis aos adultos è só pelo seu usa constante e familiar. Ore. eu gostaria dc saber cm que tempo os homem aprenderam a vencer a dificuldade c receberam o auxílio necessjtio para Jiicor rer. Nào pode ict sidu depois dc iululfos, parque eníãu parece oâit tçrcm consciência de t,il es for ça; rtsta portamo que seja uma tarefa da intãncia. E nn verdade a grande e itiúliipfo labor de tbr rriar noções abstratas seria tarcFa rude pnrn nquefo tenra idade. Não c difícil itna întir que duas crianças í»ão podem falar dos seus bom bons. das suas m airaos c pequenos brinquedos énqanntn INTRODUÇÃO não tiverem ligado incojiL&eqiicncia.s inúmeras e formado no espirito idéias gerais ahstratas. anexando-as ao nome comum de que usam? 15. Niem creio minim serpente sejam mais necessárias ã ampliação do conhtxim.cnto do que ã comunicação. Bem <t£i í|ne se insiste :m que todo oonhecimerUo t {fopncmstr.Bçio assentam em noções; universais, c csiou de acordo, mas não mc parccc que taIs noções se formem por abstração do modo referido Universalidade (amo quanto compreendo, nào consiste na absoluta, positiva natureza on conocpção de alguma coisa. m.15 na relação que Significa entre particulares; por lsko coisas, nomes c noções, por naturcr.ã particulares. tornam-se universais. Assim, quando demons tro um teorema sobre triângulos, supõe-se tenho cm vista a idéia universal de triângulo, que não deve entender-se como idéia dc um cri ângulo nem eqüilátpro nçnn escaleno nem isósceki.x; mas u triângulo particular considerado. desta ou daquela forma, pouco imporia, representa todo.5; os triângulos rcti líricos; C neste sentido é universal. Tudo isto pnrec-e simples e não envolver dificuldade. Ifi. Pode perguntar sc como reconhecer a verdade <.fc uma proposição relativa a todos-os triângulos particulares a nâo ser dçmonstf ando a da idéia abstrata dc triângulo adequada u lutloa. Porque dc demonstrar-se uma propriedade para um triângulo particular não sc conclui que ela pertença iL outro triângulo a lodo? OS respeitos difere ti Lü. Por exemplo: dcmorstratíti que os três ângulos de um isósceJes retângulo xào iguais a doí * rafo*, não posso- concluir n mesma proprie dade em outros triângulos que ictn ssy retângulos nem têm dois Lidos iguais. Parece poi> ncccs, sã ri 1.1 ;i verdade universal da proposição ou demonstra Jn para cada irj.írtgulo particular, o que c impossível, ou uma ves por iodas dcmonstrâ-ln da idéia abstrata dc triângulo onde se tihraitgcnn todos os piirikLílares conde todos e-stão igua Intenta mprescrtíidos. A isto respondo: T-mhora a minha Jeca ao fazer u iiemoustração seju ii dc um ísòscctes. retângulo, com determinada extensão de lados, cd pos-so generalizá-la u tiulros triângulos rciilineos quaisquer parque nent 0 ângulo reto nem a igualdade ou y comprimento dos lados entram nu demonstração. É verdade que ü meu dia- grama inclui esses particulares mus níto se aludem nu prova da proposição. Não se diz que os teís ângulos são igusiie ri drsis retos po-r haver um Ângulo rito Ou por cL ser formado por Uidos iguüís, fsw basta ptiin mostrar que podería 0 ângulo reto -ver oblíquo í os lados desiguais sem invalidar a demonstração; por isso concluo ser verdadeiro de um ohliqtuingufo ou escaleno 0 rclnçâo daiTiunxLratla para mu triângulo particular retângulo iSÓSCClts e ii.ío por icr demonstrado s propo si-çflei tia idéia absirata tk triângulo, E aqui deve reconhecer *c a possibi (idade de considcrar-sc Jipejias a forma trínngidar serv. olhara qualidades pn n latia ret do« ângulos ou relações entre ç? lados. Aié ai pode abstrair, mas nunca isso prova poder formar unia, idéia abstrata, geral, inconse qüctUC. de triângulo. âemdlianlrmenta podemos cop siderar Pt-dm como animal on como homem sem formar ã referida idéia abstrata. 17. Seria interminável c iriúiil seguir os cacolásLieoi, grandes meares da abstração, pelo LíidJiLrieável líihírinio de erros cdiscasRÕes err que parece iè los metido a su;l doutrina dc miçjQes e rvnturcztis abstraiu. DU imiíjl# -econtrovérsias, potira sábia levantada sobre ml matéria c a gran de vantagem resultante para a humanidade, tudo isso é bem conhecido c nào vale a pena insistir, L bora fora quú os maus efeitos s< eonfinnsisem nos que Jisty ft/em profissão. Quando se con.d- detu o t-if&rçn, a indústria, a capacidade, por tio longo tempo consagrados à cultura e avanço da ciência. c que esta apesar disso continua na nmor paire cheia de escuridão c inçerrran; c que discussões ao parecer inierminávds, c até as apoiadit nas mais claras c convincentes demoxtsu-a võèt.. contér;i paradoxos incompreensíveis pai'a u uniendimenta humano; e ainda que tomada em ccvnjumo sã uma bem pequena parle e útil à humanidade, c por outro lado apenas inocente diver são e recreio — parece-me que imfo isto pode levar â desilusão, e ao desprezo com pia to de qual quer cNtudo. Mas raive* isto passa findar pela revisáo de falsiw princípios adotados no mundo; c entre eles nenhumtalvez exerceu maior iraperio nu pensamenta especulativo do que o das ideias geraic abstratas. 9 Bl£RKl:L3r,Y10 IS. Ora. a Jb iite desta noção privilegiada paxece me $er a linguagem. Certamcntc nada mtmis do qw n razão pode ri a ler daiá uri ;em a uma npiniiin ii«i«fiálmente acata. Vê «n». a Lcm de ociras lã/.ões. no daca confissão dos nuiis competente» deftmíDres das idéias abstratas que as reconhecem devidas a necessidade de denominar; de onde a consequência ciara: sc não houvesse o discurso ou o# sinais irnivçrsais. não teria havido adeja de abstração. Vejamos conto as palavras contribuiram para uslc erro, Primeiro. píalía-ÇC qiJií nume Lcm ou deve ler um só significado definido e preciso, que leva o Somem a pensar que. há certas tdéias abstratas determi nadas couslitf.ivas da verdadeira e única «igjuficaçào de cada nome g/çm.li e só por ima médio dessiis idéias abstratas, pode um nome eesal significar uma çoisí pariicukt. Pdo contrário. não há significação precisa d definida ligada ao nnmc geral, iodos des próprios para sigrriltcur Indifcmi temente grande número de idéias pafiiçuhrçs. Isto decorre evidenknninli: do que ficou dito c uma breve refkxãu o põe a claro. Pode objetai -se que cada nome dcfntíve! está por isso mesmo rcftnn eido a cena significação- Mrjr exemplo, o triângulo define-se "una superfície limitada n*--r trés li nhas retas" « p jr cmi? nome clmnln sc uma certa idéia e nín outra. \ rsto ropondti que na defini ção uào se diz, st- .1 supccficic ê itrande ou pequenn, ln,tinc;l uti preta, sc ov lados são longos ou curiós, iguiitt ou desiguais, nem os ângulos segundo os quais cr inclinam: em tinis pule haver grande variedade, e portanto nenhuma idéia determinndn lintít-ft ti sigiiilkafMi da pabvra triân «ulo. Uma eossa è manter constanit definição dc um nome. ouirn fazer que ele represente sempre a mesma ideiu: uma è necessária, outra inúnl e impraticável. l í . Mas para L-.sdurorer cornn as palavras produziram a doutrina das idéias abstratas, obstírve-sc que na opinião g,cml a linguagem m> lcm por fim comunicar idéias, e caju palavra /iifthifiejitivji representa uma idéia. Sendo assim v waido tutnbèm certo que nome- considerados nua imeirumente ifisigfltficutivós nem sempre indicam idéias pnriieulnres concebíveis, conclui sc inwdiatamenle que eles representam noções abstraias. Ninguém negará que niutto.s nomes de uso corrente enlre homens dados á capeeuluçím nem yjinprc sugerem idéuis jxtriiculárcs determinadas ou até lud.i sugerem. Um pouco de menção ittosiru ntici ser nccessuoo fatc nos racmcimns mais cstrítds) que os nomes significativo?' de idéias despertem na inteligência, ns idéúis que çlevcm repre •cnlur: na Eerturn ou no discurso o-> nomes pela ituiiõr porte usam-se como as letras ivi álgebra, oinle, embora c.uln qu um idade particular seja rcprcwnbulii pm umu tetra, nsm é preciso para priv ceder certo quí em coda passo cada letra sugiríi ;io pen&nmcmo n quantidade particular reprcserurulj. 2(h Além disso, u comunicação dc idciys por palavras não é fim principal ou único da lm guaggfn, Hü outros fins.. corno ekiili.tr uma paíüão. cmuíL-tsr ou dòmbaicr umu :«ç:i-o, dar ao cxpiriio uma disposição particular. O primeiro cm muitos casos é apenas secundário e ás vc/cs mrcira tneme omitido quando os outros, n ilispetwgoi, como suponho frequente n» linguagem .tamilwir. Convido o Iviirr .1 meditiir n’m lhe nccnlccc. lendo ou ouvindo um disciirHi. i>a -scntimcnlos dc uicdo. dc iimur, repugnância, adniíra-çàii. desdém, v omros, surgireim tm£dmtdimpte «o sen espí rito coru a percepção de «rrns pnhvras sem quaisquer idéias ínk-ivalares. í-m primeiro lugar c corto íis pnlnvrns iloverem despertar idúiro. própria* pura pmvecar -ui-iclui. cuno^es: mu>, jsc náo erro. vt ■■•z que na línguagant Jámi.ii.n ouvir sons ou ver caracteres k scnuitlia [nuíttis vezes por aquela*, paixões que a principio eram produzidas pnr nçâo dc idéias agom de todo supriniitht ,, >Jnn podemis.s, por exemplo. « ; .iP.-loJ os pela pmmessa de uma çofsa bov, embom sem lazer ideia do que c? Nái> pode u amciiçn de um perigo bustar para a tuu r puvor. embora ignoremos o mal que mis ameace nem formçinios idéin de perigu cm abstrata'.5 Se alguém rcileui uni puict' sabre o que he;t dito, Lreie ser lhe j cndcmc usarem-se muills VC<£Cí nomes yerai s n;i JirtgUifgCiTt stm pen sã Eos como marcas de idéias de quem fala na mseiição de levá-las ao esptriiu do ouvi are. Até os mimes próprios muitas vezes se pronunciam sem o intuito de chamar a nossa menção para tis indivíduos pnr cies designados. P*r exemplo, w? um eãcnlástico ine JiZ: "AzistotcJes dlssfl idu” . o.mccbo que cie quer levar-mc a acenar n btiy opinião pela deferência c respeito hubiluatmenic ligados ãtjuclc nome. H esse efeito è com frequènciit tão iristaniãnco mis hnbituades a submeter o kcli juizo à autoridade daquele filósofo uorao c impusíiívcl ter fumdo umes idéiu da aua pqsgpft, INTRODUÇÃO í obra o» reputação. Podería dar inúmeros exemplos: mas para que insistir em coisas que a expe riência de cada um pode sem dúvida sugerir Lhe claramente? 2 1_ Julgo ter mostrado a. impossibilidade das idéias abstraias. Considerei o que ddas disse ram os. scsis melhores defensores, e LerHçi mosirnr a sua ir itif idade para os fins em que -e julga vam ncccssirLas- hinaLmcmc indiquei lhe.s u origem. que c cvidcmcmcnte a linguagem, rsinguém põdf rlcgar a excelência do uso de palavras, visto poder por elas o conhecimento adquirido a custa do trabalho de investigadores dc todos os tempos e povos tornar sc propriedade de uma só pessoa. Mas ao mesmo tempo deve reconhcccr-se que a maior pune do conhecimento foi perturbada c obscufééidá pelo abuso das palavras c pdo cutniitbu pcral do discurso em que foi comunicado. Portanto, sc as palavras podem inipoir-se :*> entendimento, sejam quais focem us, idéias que eu considere, tentarei emprega-Las puras c simples. uiasUmtlü do nir u pensamento quanto possa aqueles nomes Ligados com cliis por use kiiigo ? constante; c disso esperei tirar n seguinte Vantiigcni: 22. 'Prim eiro , estur cerio dc evitar controvérsias puramente verbais, principal obstáculo em quase todas as ciências .10 progresso do verdadeiro c profundo conhecimento. Segwrdo. parecia este o tunijnliii mais firme para desenredar rmr du nna sutileza das rdetas abstratas que tão lusiitiiavéltiimic têm confundido e embaraçado o espirito dos homens: acresce que. quanto mais sutil e inquiridorn fc>r a inlcligêncin dc um homem, mais profundamente poderú ser envolvido c persistir nisso. Terceiro. enquiubo eu limitar os meus pensamentos às minhas próprias idt-ias despidas de pal.-ivras. nuo vejo como poderei cnganar-mc, Os objetos considerados, vejo-os clara e adequada mente. lMàu posso iludir-m« pensando tet uma ideiu que n;«o Unho. Impossível imaginar que algu mas Idéias juinlius sãi > semelhantes ou dcssemcilinnics sem 0 serem Pata me aperceber dn icortlo 011 dexACOrtlO entre as minhiü. idéias, ver qumx sc incluem 1111 não cm umn idéia eomposiu, nnd:i ui,hu preciso além dc iirmti ]>ci ccpção .atenta dn que sc pn ss;s rm meu entendí mento. 33 IWús obUr esírt Vúâtugcm prcxsupnc libertação c&mplm1 Ja falácia dc palavras, que ousadamenu- 111c prometí; é bem difivíl quebrar uitiílo tào antiga, confirmada portão loítgo hubi to. como esta entre palavras c idétà&: dificuldade ainda myitft .mnu Jíuishi pda doutrina da ak.ttra crvrt, Porque. mqitnnir o homem pensa que uk idéia. abstratos são inseparáveis dos seus nomes, não c dc estranhar que use palavras por idéias: <cntto impraticável po.vpt.ir a palavra e reter no espímy u idéia abstraia, coisa pcirctiamcrUí inconcebível. Kssa me parece a causa principal por quí alguns homens que enfíiiicameriic recomurdurjim n outros pôr dc pnrie as pnlavraí! nas sutis meditações, c contemplnr :« idéia *1 puras mlc. o L'on*eguir.im def, mesmos. Depois muitos aecilu ram opíntiles absurdas c aiirtiram etn disputas frivulas, prnvmdís do abuso dc palavras. Para darremédio a «sie rmil ncfirsdliam sc atenda às itléias M n̂iFicadJUt. nau :ís palavras dstiiificáiivas. Conselho bom pnra d:ir a outrem, mas des mesmos nfk> puderam segui Io enquanto pensaram scr úiticú çrnpBcgo imediato das palavras o significar idéias c airihuir como significado a cada nome geral uma idéia abstrata determinada. 24. m .o esio erru tJqvidu às palavras pode um homem evitá-lo íacilmaiie. Quem sálic que só ifin idéias |Mrticu.lifurJ»s «no esdbrçurá irra vão por :ieh!ir e carvce-ber n idéia ataurau. ligada .1 qualquer nome; c quem n̂hc que iss iinmes rsern scmpCe significam idéias puLipR-sc ao tmbtihu) du perseguir idéias onde nada lio. Bom seria que iodos se esforçassem por obter visão clara das idéias consideradas, separando-ns da vestidura c acíimulo da palavra que muito contribuem para cegar o jui/o e Jívidir a atenção, Lm vào jlonuamo- os olhos ao çéu ou c&prcitantc» as entranhas du forra, cm vity cünsültamoâ csciílüiúv ou sábios c seguimos as pegadas da amigaidade: fS precisa mos afastar a cortina das palavra- paru .deonçar :i nr aí-, hda árvore do cunhecimenro. produtora dc CKceluntes frutos lO nosso iticurtcc. 25. Se não li bertarraos os pnmcimí pnrteipios do conhecí mento da confusão c miragem das \7 BERKELEY puLiivrasT podemos raciocinar ilimitadamcntc sem resultado, Lixando consequências de eonsc- qüêrieias sem nunca adiii.rU.ar no saber. Por mais longe qui. formos, apertas perderemos o irrecupc rãvd. c mais fundo cairemos em dificuldades e erros. Peço por isso ac leiror das seguintes páginas que repense as minhas palavras c tente ncompanhar, lendo, u pensamento que tive. escrevendo Desse mode IIie scri fácil descobrir a verdade ou falsidade do que digo. Nào correrá perigo de as minhas palavras o iludirem e não sei como pode ser levado a errar considerando as suas próprias idéias, nuâ c sem disfarce. Dos Princípios do C onhecimento Humano 1 É evidente a quem investiga o objeto do conhecimento humano haver idéias í l ) atual mente impressas nos sentidos, eu (2,1 percebidas considerando as paixões v operações do espírito, ou íinalmcntc (3) formadas com auxilio da memória e da irriiiçiririção. compondo, dividindo ou simplesmente representando » origínariamcrtlc ascendidas pelo moda acima referido. Pela -vigiu lenho idéias de luzes e cores, c respectivos tons c variantes Peto tato percebo t> áspero c o JtiaCÍO. quente e frio, movimento l,' resistência c de Iodos estes a maior ou menor quantidade ots grau. O olfato fornece-me wrnnas, n paladar sabores, e o Ouvido traz tio espirito oa sou: na variedade de kmi t composição, L, como vários deles se observam em conjunto, indicam-se por um nome c consideram -se uma coisa. Por exemplo, um certo sabor, cheiro, cor. forma c consistência observa dos juntam eme sno tido? como uma coisa, significada pelo nome “ maçã" Outras colações de idéia? constituem unia pedra, uma árvore, um livro, etc* c. como 6ao agradáveis uu desagrada veis, excitam is paixões de atrior. alegria, repugnância, tristeza e assim por diante. 2, Mas. ftp lado da infinita variedade de idéias ou objetos do conhecí mel tí> há alguma coisa que m conhece ou percebí, c rcaliru diversas operações como querer, iniaginar. recordar, a íck peito deles. Fsic perdpicntc, ser ativo-, é o que chamo mento, espirito, alma ou tu. Por estas paln v w não designo alguma Jc minhas idéias mas alguma coisa distinta tldase onde elas existem, ou o que é o mesmo, por que vão percebidas; porque a existência de uma idéia consiste cm ser percebida. 3, VcKlOs concordarão que nem os pensamentos, nem as paixões, nem as idéias formadas pelu imaginação -existem jcm o cvpíritu: e não parece menos evidente que j í. vários &cnMçõ«a ou idéias impressas aos sentidos, laudas, uu ccimbiíUKltts de qualquer modõ(iíEO ê, Sejam quaw fuitm os objetos que compõem), só podem existir em um espirito que ns perruha Qualquer um pode ter dislo conhecimento intuitivo se nntar o sentido do termo "existir", aplicado a coisas sensíveis. Digo que existe a mesa onde escrevo — quer dizer, vejo a é Mitw-a; c se estiver fora do meu gahi netc dig» que da existe, significando assim que se lá estivesse vê la ia. uu que outro espirito atual mente a ve. Houve um odor. isto é, cheirava alguma coisa; houve um som, isto é, ouviu-se algo; uuta uor uu urmt ler mu, iyto é, foi percebida pela visui uu pelo tutu. É tudo o que poiso entender por esta e ouras expressões. O que se tem dito da existência absoluta de coisas impensáveis sem aljuma relação com o teu ser-percebí d as parece perfei tamente LiiirucligSvaL O seu esse L pf.rçrpi3: nem é posaiveJ terem existência furados espíritos ou coisas pensantes que os percebem. 4, Entre Os bómens prevalece a opinião singular de que as casas, montanhas, ifos, todos os objetos sensíveis tem uma existência natural ou real. distinta da sua perceptibilidadc pelo espírifo. Mas. por mais segura aquiescência que este prtndpíp tenha lido no mundo, quem tiver coragem de discuti-lo compreendem se não mc engano, que envolve manifesta contradição. Pciisqnc são os objetos mcaeiorunJoy senão coisas percebidas petos sentido?2 L que percebemos, nos aton das 3 O seu -'•£! £ szt<>m. percebidas, JM. da F,t 14 BERKELEY nossas próprias ídéias ou sensações? E nào repugnti admitir que ulguma ou um conjunto delas possa existir imperCchido? 5, Se fcwrn examinarmos esta asserção acharemos talvez que depende afinal da oulrina das idéias absnraras. Pode haver maior esforço de abstração do que separar n mdsférteia dos objetos sensíveis do falo de serem percebidos, avsim corno concebe los «i«entes c impercehirins? I u? c cores, calor e frio. extensão e figuras, numa palavra, as coisas que vemos e semimos. que sãu senão sensações. noções.. idéias nu impressões ftOt Sentidos? £ possível separar alguma delas da percepção, mesmo em pensamento? Quanto a mim. a mesmo è separar uma coisa de si mesma. Posso na verdade dividir cm pensamento ou conceber cm separado coisas que talvez, uuiita tenha percebido pelos sentidos assim divididas. Assim imagina d Lronco dc um liometu sem os membros ou concebo o d ia tu de uma rosa sem pensar na rosa. Não nego poder abstrair. « pode chamar-se abstração o que apenas abrange a concepção separada dc objetos realmcntc existentes ou atual mcnic perceptíveis separadamente, Mas a minha capacidade concepttva ou imaginativa não vai além da possibilidade da real existência ou percepção. De onde. assim coroo me c impossível ver ou sentir alguma coisa sem uma sensação ntunl dessa coisa, assim mc c impossível conceber no pensamento uma cosaa sensível oij objeto distinto da sensação ou percepção delí. 0. Ha verdades tão óbvias para o espirito que ao homem basti» abrir os Olhos para vê-las, Entre elas muito irrtpnrtonk ó d c saber que iodo o firmamento c as coisas da terra, mima pila vra, todos os corpos de que se compõe a poderosa máquina do mundo não subsistem sem um espi rito. c o seu sair u sercra percebidas. ou conhecidas-, cofiKcqiieme mente, enquanto eu ou qualquer outro espírito criado nào temo. ddna percepção atual. não tem cxistCuiua ou MJbstSlcm na mente dc algum Espírito eterno; sendo perfe: lamente ininteligível e abrangendo lodo o absurdo da nhs- iríiçãci atribuir a uma parte delas existência independente do espírito. Parn ver isto lxni clnui mcnlc. n leitor ró pieeisji refletir e Ufltqr separar no pensamento o r t de um objeto scrrsíveJ do seu wr percebido, 7. Dc iodo i‘*to se segwc que nó Ivà uma substancia, o espirito, ç pcmpícnlc. Mas pura pra- vãi U» eortstdufctn sc is qualidades sensíveis, oor, figura, movimento, cheiro, sabor. etc., isto c, as idéias, percebidas pelos Sentido*. Ova, para uma idéiM, existir ern couta nfa percipictue Cnvulvc cootradiçãm. porque ter mna idéia é <» ineamo que percebê-la; portanto, aqui Io onde cor, figura c qualidades análogas existem icm Ue pcroíbè-lás; dc onde não imdcr haver substância nCio pen snnie ou subfírúClutndaquelas idéias, K Pude nlcpuf-,vc queenihoru as idéias não existam sem o espirito talvez haja coisas «mp- ihuntvs ílc que etas sejam cópia, existentes sem n espirito numa substância inoonccbívcL Kcs pondo qik uma idéia t»i pinte «-i -̂jncltiíimc a uma idcui; uma cor ou urna forma só pude ussnrsc th ar ie u outra cor ou forma. Sc examinarmos um pouco o nosso pensimu-nto acharemos a impossibilidade de CAhcubcr qualquer semelhança exceto entre .-w nossas idéias. Tomo a pergun lor se aqueles supostos originai. tm coisas externhs dc que a» nossas idéias seriam còpiu ou repre sentação sao perceptíveis ou não. Sc são. são idéias e esta ganha a causa; .se mc diy.cn» que não são. convicto quem quer que m-j :i a achar sentido em afirmar :i semelhança de uma cor cont uku mn eiiisn invisível: a d<> áspero cu mue-io com alguma coisa intangível. c assim por diante. 4 4, Hnuve quem fizíSSC distinção cnire qualidades prim árias« secundárias, contando n»s pri meiras a extensão, forma, movimento, repousü, solidez ou impcnctrabilidade e número: nas segundas, as qualidades sensíveis, como cor. som. sabor. etc. JÓestas concordam não terem samç lhança com alga exi-itcnte fora do espirito, ou impercebido, mas pretendem que as idéias de qimLi d ades primaríns sejam imagens de eotsus cxia-umics tora du espirito em uma substância impen some a que dão nome matéria. Por jnaíéría há ile entender-se uma substância ín*rtc e nào sensível ern que subsistem atualmente exienutio, figura c movimento. Mas, como vimos, é evidente qtte frxt6nsã.o, lisura e movimento sàu apenas idéias existentes ílü espirito, e a idcia $í> pOdo asseme- Tft ATADO SOBRE O CONHECIMENTO HUMANO 15 lhar-xe a Ouira idéia: portanto, nem ala? nem m 5=US arquétipos podem «CÍ&tir CIT1 uma substâníia incapaz de perceber. De onde a verdadeira noção da chantada matéria ou substância corpórea envolver contradiçíLij 10. Os que afirmam existirem as qualidades primárias — ligura. movimento, etc. — Tora do espirito cm substância impe-nsantí. ao mesmo tempo o negam das secundárias: calor. xum. frio. quente c outras, só existentes no espirito. dcpciídcnícs ç derivadas da diversa grandeza, textura k movimento düs purLiOulu:, da matéria: consideram ism uma verdade derctonslrãvel sem exceção, O a . se iL-st:a> qualidades orig.inair- forem inseparáveis das outras qualidades sensívers e incapuxes de abstração mesmo cm pense sneitto. segue se que existem yymentç no espirito, Que alpocm reflua c veja se pode abstrair c conceber a extensão e movimento de um corpo sem todas as outras quali dades. sertaveis. Por mim. não consigo formar idéia de um corpo móvel e extenso «asm dar Ihr nl guma cor ou outra qualidade sensível das que se reconhece existirem só rtO espírito. Em resumo, extensão, figuro, movimento são inconcebíveis separadas das nutras qualidades. Onde existam portanto as nutras qualidades sensíveis, essas dçvcm -existir Lambem., isi-o t, no espirito u srm nenhuma nutra, paste, l I. Repito: Rrartdc e pequeno, rápido e tento sò existem no espírito, por .terem snidramente rdiuivos, mudáveis com a posição c ordem dos. ór^ãot dos sentidos. 1’urLanto. a extcnsào exis tente fora do espírito liãn ê grande nem pequena, o movimento nem riipida nem louco, isto ó. não são nada Pnd? alegar-se que se trata de cxtcasàü e movimento cm geral: vemos assim quanto :i doutrina dua suhMáricias móveis extensas, existentes tora do espírito, depende dn singular dou lrina tias ideruji abstratas. I aqui nao posso deixar de notnrqannio a vaga c indeterminada dcscri çno da rrtaltíria ou substãnei.M carpe iva, injroduv.ii-h píloj, modernos litósofos nos $em. prirtcipios. K parece com a vdlia c ridiculrzada de matéria prima, de Aristóteles e scuí proséltlbs, Sem extensão não se concebe a solidez; togo demoasirtuto í |ul- n uxcçnsn-u não existe rmrn substância intionct-blvt], u mesmo scrà vcrd-isiclm dia solide ,̂ lã 1 ) tuhfítra u total criação tio espírito, c. nindn quando nutras qualidades pudessem existir sem de, hnsirt considerar que ,i inc-smn coisa difere quanto :;<> número confnrn» o po.nm de vista du espirito: atóim ú mesma exiettsão j-khIc exprimir se por um, ires,ou mota ç seis, conforme rcíc- rida á jarda, no pc ou ã pole cada. ‘Número" c tün sensivelmente relativo, c dependente do entees dimento humano, que espanto possa alguém pensar na xtui existência absoluta, tora dô espírito. Dizemos “um livro", “urna página", “nnw linha", e iodos sito unidades embora contenham vãms outras. I1. em cada exemplo, c evidente, a unidade refere w a uma co-mbinflçiio narncular de idéias itrbítmriitmemc jungida* peto espírito. 13. Unidade. Alguns a consideram, bem sei umn uiéia simples que ucompanb:) indíis as ou rms no esipvirãrç, Não acho em mim ml Idéia corrcsponcLorie fi palavra, “unidade''v se a tiv ?̂ísc 1 ■ lI ve/, não pudesse deixar der cncontrà lu: pelo contrario, scriti a mui s familiar do meu niterHlimcntO. pois se diz que acompanha todas as outros idéias, cê percebida pur todos os modos da sensaçào c dn reflexão, barn iuLo dizer nrmis. é umu idéia abstrato, 14. Acrescentarei que. do modo como filósofos modernos prnvnm :i existência de cenas qualidades na ma féria r»it fora elo espirito, outro tonto podería provai se de quaisquer outras qua Iidades &cnsVets. Assim, pur exemplo», üi/.-,sç que o frio eo caiOT sáa afccçõüs do espirito e não serrei h-inças de seres reais, existentes nas suivosnáas uxpóre#s qat os «ctunn, porque o mesmo corpo poete parecer frio a >.nnn mão c quente a outra. Por que não di/oy o pnfômio de figura u extori são. viító p mesmo olJio cm posições diferentes tui olhos de diversa cnniCKturn na mesma posi-ção as verem di versa incuta e pur isso das não poderem ser imagens de alguma coisa lisa t dcicrmí nada tora do espírito? Repilo: l- certo que :i doçura tijki- está no- ubjelu* súpitk porque sem altera çai> do abjeto o doce pode volver-se amàrgu_ como durante n lebre uu pele paladar viciado dó qualquer modo. Não scra razoável di/er t|ue n movimento ono esiâ tora do espírito, notando que. Ib BERKELEY se a suoes$âo tias idéias no espirito se toma mais rápida, o movimento. como ae sabe, parece mais lento setn íjunlquer alterarão dc um objeto externo? 15 fim suína, considerando tis argwncnTOS aduzidos pura provar que sabores e cores só existem no espírito, achar-sç-à que provam o mesmo rfn extensão, ngura o movimento — embora deva. reconhecer -se que este método de argumentar não demonstra tanto a inexistência de exten sào ou corem um objeto externo quanto o fato de qucrtòs nào conhecemos pelos sentidos a verda deira extensão e a cor do objeto. Mas os argumentos ukcriores mostram scr impossível existir a COr O li extensão ou qualquer qualidade sensível cm um sujeito níki pensante, fora ífõ espirito, ou que na verdade alço exista como ohjeto exterior. 16. Examinemos a opinião comum. Diz-se “extensão" um modo nu ocidente da matéria, e “matéria” o substracíum que n suporia, Gostaria que mr explicassem o que se entende por maté ria. suporte da extensão, Direis: Mac tenho idéia da matéria, por isso não posso explicá-la Res pondo: Se não tendes idéia positiva, entretanto se Ibc ligais alpum dignificado, deveis ter umn idesa relativa de matéria; sc não sabeis o que cia c, deveis saber a relação em que ela cata com os aci dentes ç o que se entende por ser “suporte” detes, Decerto, “suporte” não Jem aqui o sentido usual c literal — como quando se cEíz que os pilares suportam a construção, cm que sentido há dc então entender se? I?. Sc nttcrrogamtos sobre isto os melhores filósofos, vê losemos concordes cm atribuir & "substância matcrinE” apenas o r-entedn do ser em gerai, junUimcntc w ri íi noção relativa dc suporte dc uvidente?. A idéia geral do Ser parece ine 0 mais abstrata c incompreensível de todas: quanto ao suporte dc acidentes, como |ú notamos, nâo pxJc entender-se no ■sumido comum das; palavras; deve ser outro mas não nos dizem qual, Assim, quitado ctmsidcro as duns partes Ou rnrtios d o significado dos palavra? "substânciamatertaí", convenço uk* dc que nnn tem semido distinto Mas paru que Içvar mais longe * laboriosa discussão do substractum material ou suporte da figura, movimento * outras qualidades senriveis? Não w! wjpõc que têm existência fora tio csjw rito? K isto náo zepugna dirctarncnte, ulcm dc ser incondebfvel? IH. Mas supondo possível existirem fora do espírito ?uh$tã«das sólidas, figurada?, móveis, eorrcspondenics às rto&wis idéias dc corpos, como nos b pOSsivel sabê-lo? Ou 0 sabemos pelo? sen lidos Ou pela razão Pelos sentidos «> conhecemos as nossas sensações, idéias, ou as coisa? imediata mente percebidas pelos sentidos, dècm lhe? 0 nome que quiserem; mas não nos informam de coisas existentes fora do espírito ou impercebidas, semelhante? às percebidas. Nisto até a* materialistas concordam. Resta, pnis, se lemos algum conhecimento <lc coisas exteriore*. que tem de ser pela razão, inferindo a existência do i medi ntiimcntc percebido pelos sentidos, Mas como pode a rasic induzir-nos acrtrm i existência das corpos fora do espírito, daquilo que percebemoí, ?c ate os defensores, da matéria não pretendem haja conexão necessária entre cies e as nossas idéias? Todos afirmam {a o que respeito. » sonhos, frenesi s c coisas analogns puc 0 caso fora dc discuífiõojquc é pvsrívet sermos afcHutos por iodas ns ttféias atuais, embora não houvesse corpos exíenorcs semelhantes a elas, f pois evidente 3 dt*snecessidade de corpos exteriores ã produção das nossas idéias, dísde que no? concedem quê õlu? são produzidas às vezes e podem talvez sê-lp LKrmpro nu mearaa ordem jjiCscnte, sran y seu auxilio. 19. Mas, embora assim seja. pode talvez pensar-sc mais fie 11 canccbcr e explicar o modo dc produção das sensações supondo a semelhança dc corpos externos, em vez de outro processo; assim pode ser provável haver corpos que excitem as mas idéias nu nosso espírito. Mas nem isso: porque, ainda concedendo aos materialistas os seus corpos, externos, eles mesmo? reconhecem nada adiantar quanto a produção das idéias, por não poderem compreender a ação dc um cOrpo sobre um çspinlo ou como é possivcl ele imprimir no espirito «ma ideia. Dc onde é evidente que nenhuma razao ha de supor matéria ou Substâncias eorpórcas na produção de idéias c sensações nossas, dada a concordância cir que chi continua inexplicável com ou sem essa hipótese. Pnrtan- TRATADO SOBRF O CONHECIMENTO HUMANO \ l In. sc fussc possível existirem corpos foro do espírito. aJãfmú-lo seria uma opinião bastante precá ria; cofrespondena n supor, sem razão alguma, que 3?cus criara Inúmeros seres que não serviam absolutamente para nada. 20. Em suma, se houvesse corpos externos ilunca poderiamos sabê-lo: e se não houvesse, devemos ter as mesmas razões dc pensar que havería o que temos ugora. Supondo {possibilidade incumcstávci) uma inteligência sem o auxílio dc corpos estranhos, afetada pela mesma série de sensai õ̂es c idéias na mesma ordem t com a mesma intensidade das nossas, pergunta se essa inte ligência rtáo lería razão de crer na existência de substâncias eorpárcas. representadas pelas suas idéias impressas no seu espatifo. ussim coma nós temas para poder acreditar o mesmo- Não há dú vida. Consideração que bastaria a qualquer possua razoável para suspeitar da força dos seus mes mos argumentos a favor da existência de corpos fura do espírito. 2 1 DípOis disto, se Eb:«e necessário juntar alguma prova contra ã existência da matéria, eu podería exemplificar com muitos erros e dificuldades (não falando dc impiedade) resultantes da doutrina; inúmeras controvérsias e discussões cm filosofia c não poucas de grande importância em religião, mas nao entrarei aqui cm pormenores, tanto por serem inúteis argumentos a poste fio ri para confirmar o que. as nSo erra. ficou provado a priuri; como pnr ter ocasião mats adiante de faíar um pouco a esse respeito. 22. Rcccio ter dado razão dc mc acusarem dc desnecessariamai&tí prolixo ao tralar deste .assunto, Em verdade, para que .serve dilatar ó que pode demonstrar-se em uma «u duas Um lias a quem for capa* dc breve reflexão? Basta examinar o pensamento próprio « tentar conceber a possibilidade dc um semi. Ilgura, movimento ou ear existirem fora do espírdd ou ira percebidos. Estfl cimpEos tenrnriva pode talvez revelar que se defende uma contradição radical. De modo que mc basta pnr nssim n quuião em conjunto: Sc podeis conceber pos.sívcl para uma substância rTiõvtii extensa. ou era gore,! paru qualquer idéia ou ítsisu sernelhanie ,i uma idéia, existir fora do espírito percipicnto, dar vos-eí plena rnz.no. c afirmarei a existência de todos esses corpos exterio res que pretenderdes-, ainda que sé passais dai mc eomu razão acreditar na sua c&isictsci-aOU ifidi- ctir Algum use para o quC m supòe existir. Isto ê. a simples possibilidade da verdade da vossa opi nião passará por argumente demonstrativo. 23. Mas — dir-tne-eis - nada mais fácil do que imaginar por exemplo árvores em um pnr que. OU livrOx cm wrnit CSIrmlr c ninguém p,n'.i fK-rççbé fo*.. Respondo qLte n.i verdade não é dificil: mas que c isso senão formardes no espirito certas idéias a que dais nome dc livros e árvores, omi tindo ao mesmo tempo formar idéiii daquilo que os iwrcebe-1? Mas não pcm-uris vós mesmos neles durante esse tempo'.1 Isto, portanto. nuda importa ao caso. Só mostra que podeis formar idéias no vosso espirito, mas nào que o» objeto» do vosso pensamento cxtatàm fora do espírito. Pa: a gumes lá-to é necüSJtârio que os concebais existentes -c não pensados, o que crvtdisnremcnie repugna. Ao esforçanno-nos no máximo para conceber a existência dc corpo* externos, contemplamos sempre e só-meme as nossii» próprias idéias. Mas como o espirito não sc conhece a si mesmo, i|ud£-sc crendo COnecber corpos existentes t não pensados nu fora do espírito embora ao mesmo lempo sejam por ele apcecndídos ou existam nele- Uma breve atenção mostra a vcnJink evidente -do que ficu diiu e ctaíraecssitt a insistência em demonstrar a meaistcncia Ua. substância material. 24. ú. muito simples depcils disto saber se podemos compreender n significado de existência absoluta de abjetos sensíveis mr si mesmox pu fora do espírito. Para mim é evidente encerrarem estas palavras uma contradição dãrcLu ou não terem significado algum. Pura disto convencer ou tros não CúDheço melhor c mais pronto caminho do que pcdir-Lheis que examinem cuidariosaiuente os seus pensamentos: assim aparecerá o vazio e a contradição, c bosta para convencer. Neste ponto insisto: ■'existência ab&oluui dc çoisaa não pensantes” são palavras coniradiiòriás ou sem sentido, é o que repilo c inculto & inrutimamciuc recomendo sa atento peris-ar do leitor. IS BERKELEY 25. Todas as nossas idéias, sensações, noções ou coisas percebidas, sob qualquer designa ção, são visivelmente inativas, sem poder ou apéncia algumu; una iüéíu ou objeto do pensar não pode nlicrur outra: para ver que assim è oasta uma simples observação õSlí nossas idéias. Desde que elas no lodo e em dada parle sõ existem no espirito., seguí se que nelas só há O queé peredr- do; mps por maiu que alguém examine as suas idéias, dos sentido* ou da reflexão, não enconirará nelas qualquer força ou atividade: portanto. tal coiüu. não se contêm pelas. L ma breve atenção nos mostrará que 0 ser de ama idéia implica a sua passividade c inércia, lat que é impossível a uma idéia fazer seja o que for, ou. estrítámente, ser causa de algurna coisa: nem pode ser semctiuniçu ou modelo <íe ntn ãcf ativo. como úvtdtmememc rc-u11n de parãjtr.ilo K. De iiiKlcnão poderem extensão, figura e movimentei m?t causa de *«v<a(;õc*- nnssis. Dizet. porlomit. que ela-. %5r> deim iic forças rusuiiarise:- de configuração, niírtsüro, movimento c forma d Os corpúsculos. c õeecriti lelstí. 26. Percebemos uma série contínua de idéias, alguma* reccntcmcmc excitadas, outras muda Jus ou dcsaprirecidas. Há pois. alguma causa desias idéias de que elas dependem, que as produz e transfofmn. Que crta causa réu pode ser urnaqualidade üll klúiu Ou combinação de idéias. rtlOS ifa o 0 parágrafo anietior. Deve portanto ser uma substância; mas já vimos que não fi 1 substância oorpórea ou material: resl». portanto, que u ctiu&i das idéias veja ama subsíiãnria aiiv.i ineorpórea ou Espirito. 27, Um espirito e um ser simples, indiviiliuj. ativo: quando percebe idéias tli.imn -se rnteai/i r*in?rr* e- quando prpduií ou de outro modo opera com elas diurna-se Uürtrodtç: daqui não haver raféi-ti de alma ou cspíriiu; porque, sendo passivos e uieiteu, as idems (v. § 25) nâo podem repre sentar para nós, por me-io de rugem ou .semelhança. aquilo que age. Umu breve atenção montra, a impossibilidade ik uma ideiu -tcmclhniiiç u «m princípio de iiiauimcmo c musUinç.i de idéias, f ;il ó n natureza do úspiniv, daquilo que sUffl, que não pode ser percebido cie si mesmo c apenxs pdns eleitos prodli/tdos. Sc alguém duvida desta verdade, reflita e tente Inzer idéia de uma força ou ser ativo e se tem icJciii de duas força» principíus chamada» uoitSwlt' c vnundlmmro, distintas entre ri. assim come de uma terceira idéia de siibülâruriu <nt ser cm geral, com a fiução rclnrivn do seu suporte ou ibjflto dás ivk-ridas forças, que tem o norfle de alma ou espirite* !s(o <- ■ que alguns defendem: ma*, tanto qimnto posw julgar, a* palavras wntude, alma, ejpivfm nào significam idéiaií diferente» nem, verdade, idéia alguma, senão algo diference deu idéias c que üBrtdrt agente nãü pode ser semelhante ri ou representado por uma idéia tpj;i!c|ucr. I mboru deva diuer se no mesmo tempo que lemioü alguma noçáv de ulrutL, ct^Cnto» c d.is operações do espírito. couto que rer, amar. odiar; nvuin como sabemos ou compreendemos 0 sentido destas palavras. 28, Posso excitar idéias no meu espirite, c- variar c mudar a ema â minha vontade. Basta querer c logo qualquer idéin surge na minha imaginação; e por igunl capacidade ac oMitera c dá l.ipãi n outra, Hüw Jazer u dcxfiurçr de idél-fi é prccisamctUc n espirito novo. Isto é cento c assente na experiência: mas, quando pensamos em agentes nío-pensantes ou cm excitar idéias exclusivas de vo lição, estamos .1 divertir-nos com palavras, 2 .̂ Mas. veja qual ibr o meu poder sohre «)s meus pensamentos, as idéins percebidas pdo; Sénliíias não dependem por igual dti minha vcxitadle. Quando abroos olhos de dia não posso u>co- lliur se verei ou nau. riem determinar Os objetos particulares que se me apresentam á vista; como para u ouvido -1 pu-r.i os outros sentidos as Idéias nek* impressas não üjo ç ri acuras dn minha von- Lade_ I I L portouuo. .Ljgum.i outra vontade ou espírito que lis produz. dt). As idéias dos sentido.» sdu- mui* fortes, vivas c diSLsjUas do que as, d?t imaginação: têm estabilidade, ordem < coerência c nào sStj pnxdtizJiJa.s |*ir acasu uomn Frec|ücH|tmeíUe as que são efeito da vontade humana, senão que formam cadeias ou séries de admirável conexão; prova sufi ciente da sabedoria c benevolência do Autor. Ora, as; regras ou métodos esubeJeuidns segue do os TRATADO SOBRE O CONHECIMENTO HUM ANO 3 4 quais u cspírhu cxc.ta cm nós a.s idéias do* sentidos são as chamadas leis da natureza; corthecç iiTtvs per experiência que tais -nu mis idéias saci urampanhadaí de tais ou tais ouLras no -curso ordi nário das coi&as. 3 t. Isco dá-nos uma cspòcüc de antevisão que nos permite regular a nossa ação para usíli dade da vida. De contrário estaríamos semp-re perplexos: não saberiamos- como proceder para conseguir o menor prazer ou evitar a menor dor dos sentidos; que o alimento fluire. o sono res- uuira ti u fogo aquece: que semear nu tempo próprio c o caminho para fazer a colheita: eem geral que certos meios são adequados puna chegar a certos fins-- sabemo-lo não por alguma -coticxào entre- idéias mas por observações de leis regulares da naturcza, sen; o que tudo seria confusão, c o adulLo não sabería conduzir-se m-eilior no: EJCgõctcs do que um reocm-nascido. 32, Liste trabalho insistente c uniforme que tãu claro tnmUit u bondade c sabctJofía do b-vpi ri tu soberano cuja vontade constitui as leif da rtíLurran.. está tão longe dc conduzir para H|e os nossos pensamentos, que nrrtCS os leva a perseguir cítn&as fiegundus. Quando vemos ocrtfl» idéias dos sentidos constaniementc seguidas por outras, sem o termos feito nôs, atribuímos po-der e aiivi- tlade :'ia idéias cjul gamos ser uma coisa causa de nutra, embora nada seja nuiis ah surdo u inintd jiívci. Assim. puf ejfcmpícj. tendo vi.vLO cerni figura luminosa e tvdíírtda c ao mesmo- tempo rece bido a idéia ou sensação cã amada calor, cmtdui mos que o sol é a unrau do calor. Do mesmo modo ao perceber o movimento o colisão dc corpos acompanhada dc som. pendemos a crer seja cSW o efeitd daquélcy, 33. As idéias impressas nos sentidos pelo Autor lE n,i[iu e/:i di-amam sc objetas r&aUl mií excitadas mi r pi afinação. rh,r menos, regula rrs. vrvas <? uonsiumcs. designam >c mais própriaineittc por idéias ou Imagens dc coisas q-nc copiam ou representam. Mus os nessas sensações, embora nuaica fosM iu vivas o duras, sáo nn eninnio idètlJi. isto i. exiüMm tii» espirito ou swo por de pcrcc hklns cerniu ns que dc miísmO forma. Às idéias dos .eotidus alubui eu realidade maioi. por nutis fores, ordenadas e eoeicnttó du que ns ui iiid.iv pdo espirito1, isso n.io prova existam fora dele. Sãu cambem menos dependentes da espírito ou sutostrtocui pensante que v- percebe parque ,is provoca a vontade tlc um espirito mais pudermos mas sâo idéias c nenhuma idéia forte ou fraca podef rrr sen»u no espírito que ,i percebe T1 ■ Anlcs de prossiípusr, ífflportJt róspéílldcr a obje^êw; prováveE ctirilni ns princípios iíc aqui apresentado». Sc parecer prolixo aos de upreemão ttipida, espero mc perdoem, puis nem iodos çumpreendem uainlnientí esLas coisas t eu desejo que pidos nn> Lvifiipreendam, Primeira. Objetar sc á que por estes princípios nulo o real e substancial do mando desupa recc. licnndo um -■> n luput um vquvnia quimérico dc idéttuj, TtJdo que CXidTC. existe n no espirito, quer dizer, è purametUL* noctonal. Que são pois «i|, In.:, estrcltix? Que pautar tlc cusas. nos. mein lanhüs, árvores, potlras1? E da nosso pnipriu corpo? I tudo quimera c fautiuia? A tudo que de iguui modo pode objciiu- w respondo que peliw princípios cx(h k Iox não nos privamos de coisn, al guma na notureíti. Quanto vemos, ücnttjnns. ouvimos, ou dc quaLquer modo concebemos ou emeodíTTioi, fica tàn seguro e real como sempre. Híi uma w m u mutra e o distinção entrt reali dnde c quimera mantem a sua forço iar.nl. Imu é evidente pelos parágrafos 29. 30 e 33.undc nu>s ereri o que tkví vm rult-r se par fih jflv real on Ojvuição a quimera* tm iilcias de nosso própria eriaçfm: mas traias e úuiras «sisiera nn espírisu e nesse sentido :-;«o idáifrs, 35. Não argimtctuo comra a tausténcía dé alguma coisa que apreenda pelos sentidos ciu pela refle-.xãn, 11 que OS alltoí veem C as mãos tocam èxi-ste: existe rcalmcntc. não o uepu. Sò ucgu u que osjilásq fus chamam matéria au suh.Mfinda curpurca; c fazendo-o oão há prejuízo para □ resto tlu humanidade, que. ouso dize-r nada perderá. (.) ateu prcaxa du cor de um nome vazio, porn fcusc da stiu Lmpeedâ k-j et «>s fslósofins acham talvez que perderam uma grande ocasião para 1'úieis discussões. RERKELEY2ii 3b, Se alguém pensa que isto não concorda com a existência e realidade das coisas, nada cu-mprccndcu das premissas qüfi apresentes nos termos mais claros que pude. Vejamos um resumo do já diLO. Má substâncias espirituais, espíritos ou almas humanas que em si mesmas excitam idéias ã vontade; mas síhi famusia ,̂ fracas e instáveis fçlativaménte ái dos sentidos, que asado ímprÉjSis, nel» por certas regras ou leia da natureza provocam efeitos da alma com maior força c amplitude do que 03 esptmos humanos. Diz se que essas têm mais rearidade do que as outras, entcndendü-.çe que aFctr-im mais. sào mais ordenadas t distintas c nào são ficções Jo expíriiu pecei- piente, Neste sentido, o soí que vejo dc dia é o
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