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Seguros e Previdência Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Luciana Marcheze Miguel Luiz Francisco de Assis Salgado Luciana Saito Mariana Valeria Gulin Melcon Superintendente Universitário Mônica Maria Penalber de Menezes e de Desenvolvimento Mônica Rodrigues dos Santos Luiz Carlos Dourado Nathália Barros de Souza Santos Reitor Paula Cristina Bataglia Buratini Sidney Zaganin Latorre Renata Jessica Galdino Sueli Brianezi Carvalho Diretor de Graduação Thiago Martins Navarro Eduardo Mazzaferro Ehlers Wallace Roberto Bernardo Diretor de Pós-Graduação e Extensão Equipe de Qualidade Daniel Garcia Correa Ana Paula Pigossi Papalia Gerentes de Desenvolvimento Aparecida Daniele Carvalho do Nascimento Claudio Luiz de Souza Silva Gabriela Souza da Silva Luciana Bon Duarte Vivian Martins Gonçalves Roland Anton Zottele Coordenador Multimídia e Audiovisual Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Adriano Tanganeli Coordenadora de Desenvolvimento Equipe de Design Visual Tecnologias Aplicadas à Educação Adriana Matsuda Regina Helena Ribeiro Caio Souza Santos Coordenador de Operação Camila Lazaresko Madrid Educação a Distância Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo Alcir Vilela Junior Christian Ratajczyk Puig Danilo Dos Santos Netto Professor Autor Hugo Naoto Lázaro Cabral de Vasconcellos Filho Inácio de Assis Bento Nehme Revisor Técnico Karina de Morais Vaz Bonna Regina Galhardi de Camargo Lucas Monachesi Rodrigues Marcela Corrente Técnico de Desenvolvimento Marcio Rodrigo dos Reis Priscila dos Santos Renan Ferreira Alves Coordenadoras Pedagógicas Renata Mendes Ribeiro Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Thamires Lopes de Castro Nivia Pereira Maseri de Moraes Vandré Luiz dos Santos Victor Giriotas Marçon Equipe de Design Educacional William MordochAlexsandra Cristiane Santos da Silva Angélica Lúcia Kanô Equipe de Design Multimídia Cristina Yurie Takahashi Alexandre Lemes da Silva Diogo Maxwell Santos Felizardo Cláudia Antônia Guimarães Rett Elisangela Almeida de Souza Cristiane Marinho de Souza Flaviana Neri Eliane Katsumi Gushiken Francisco Shoiti Tanaka Elina Naomi Sakurabu Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida Emília Correa Abreu João Francisco Correia de Souza Fernando Eduardo Castro da Silva Juliana Quitério Lopez Salvaia Jussara Cristina Cubbo Mayra Aoki Aniya Kamila Harumi Sakurai Simões Michel Iuiti Navarro Moreno Karen Helena Bueno Lanfranchi Renan Carlos Nunes De Souza Katya Martinez Almeida Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Lilian Brito Santos Wagner Ferri Seguros e Previdência Aula 01 Seguro e Previdência: abordagem histórica e regulamentação Objetivos Específicos • Conhecer a origem do Seguro e da Previdência, o funcionamento, a regulamentação, os órgãos normativos e a formação com base no sistema do mutualismo. Temas Introdução 1 A história do Seguro e da Previdência 2 O desenvolvimento 3 Regulamentação de Seguros e Previdência no Brasil 4 Conceito geral de Seguros 5 Finalidade do Seguro 6 Elementos Básicos do Seguro 7 Características do Seguro 8 Classificação e Divisão do Seguro Considerações finais Referências Lazaro Cabral de Vasconcellos Filho Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 3 Introdução Desde os primórdios tempos, o homem corria riscos de perigos existentes também pela falta de sensibilidade e de meios para evitá-los. Eram atacados por animais selvagens ou pelos próprios componentes do grupo, que agiam de forma selvagem, pois ainda não haviam desenvolvido a intelectualidade, a ética e o respeito mútuo da convivência coletiva. Também corriam extremos riscos a causa da instabilidade do tempo, como: o frio, quedas de raio, perigos de incêndio, etc., pois não possuíam moradias seguras e confortáveis. Hoje, apesar da tecnologia avançada, o homem continua a correr os riscos acima e outros de vários tipos, como o risco de contrair doenças, de acidentes com veículos, aeronaves, metrôs, trens e outras formas modernas de se locomover. Com o desenvolvimento intelectual e tecnológico, o homem alcançou novas formas de gerar riquezas e, através dos processos produtivos, da agregação de valores aos produtos e com interação entre pessoas e povos de outras origens, passou a gerar negócios de compra e venda de mercadorias. O risco, porém, aumentou, pois além dos riscos naturais há o risco da perda dessas riquezas e dos patrimônios ou até mesmo da própria vida. Havia também a visão e a consciência da necessidade de assegurar seu futuro através dos fundos de previdência privada. A partir da necessidade de proteger-se diante das eventualidades, no decorrer de sua existência, o homem agiu no sentido de neutralizar os efeitos que poderiam, de forma fortuita, acontecer indiferente de sua vontade. Dessa preocupação, surgiu o seguro. No início, de forma rudimentar, mas modernizou- se conforme a evolução da sociedade, a fim de atender às necessidades dos novos negócios, provocadas pela interação entre povos. Foram criadas diversas formas de cobertura e hoje o seguro faz parte da vida cotidiana de todos os segmentos da sociedade. O seguro tem como função reestabelecer o equilíbrio econômico perdido por ocorrência de sinistro, pois repõe o capital perdido em um eventual sinistro. Passa, inclusive, a ter grande relevância social, pois afasta a insegurança e permite ao homem a dedicação exclusiva a seus negócios e, consequentemente, o aumento da possibilidade de sucesso. 1 A história do Seguro e da Previdência Há várias vertentes a respeito da origem do seguro. Podemos mencionar a iniciativa dos cameleiros da Babilônia, treze séculos antes de Cristo, que perdiam camelos em suas viagens pelo deserto, que configuravam na época a principal riqueza do individuo. De forma criativa, Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 4 passaram a dividir as perdas a todos os integrantes do grupo viajante, que dividiam entre si os prejuízos, adquirindo novos camelos para recompor as perdas dos proprietários daqueles camelos que faleciam. No império romano, adotou-se o sistema de socorro e ajuda mútua, denominadas collegia, destinado a prestar ajuda na enfermidade ou na morte de um de seus membros. O collegia era mantido por contribuições recolhidas pelos membros dessa sociedade, criando um fundo para cobertura de gastos futuros. Também em Roma foi criada a tábua de anuidade, baseadas na idade e esperança de vida em anos. A criação das tábuas de anuidades romana deu origem ao que hoje chamamos de seguro destinado à previdência privada. O seguro chamado de Contratos de Dinheiro a Risco Marítimo surgiu na época das grandes navegações e consistia no financiamento da viagem por uma pessoa que emprestava ao navegador um montante correspondente ao valor da embarcação. Caso a embarcação se perdesse ou sofresse naufrágio, o navegador ficava com o recurso emprestado. Caso não houvesse sinistro, o recurso era devolvido acrescido de juros ao financiador. A adoção dos Contratos de Dinheiro a Risco Marítimo foi proibida em 1234 pelo Papa Gregório IX, surgindo outra forma de cobertura, o chamado Feliz Destino, que consistia na compra da embarcação e das mercadorias por um banqueiro e, caso a embarcação chegasse sem sofrer nenhum sinistro, a compra era anulada e o dinheiro devolvido ao banqueiro, acrescido dos juros correspondentes. Em caso de sinistro, a indenização seria coberta com o dinheiro adiantado. 2 O desenvolvimento Dois acontecimentos ocorridos no século XVII provocaram uma nova fase no desenvolvimento do seguro: na Inglaterra, o surgimento da empresa de Edward Lloyd, chamada Lloyd´s Bolsa de Seguros, a qual deu origem à atual Lloyd’sRegister of Shipping (Sociedade Classificadora de Navios) e ao também atual Journal Lloyd List e à criação na França da Associação de seguro denominada “tontinas”, cujos membros contribuíam durante um período determinado e, após esse prazo, distribuíam entre os sobreviventes os recursos apurados, dando origem à previdência privada moderna. O seguro no mundo apresentou grande desenvolvimento na época das grandes navegações e na Era Industrial, que desenvolveu o seguro contra incêndio e o seguro de Vida. O processo de aprimoramento dos seguros foi acontecendo conforme eram adotadas novas técnicas e procedimento mais modernos, até que, em 1347, surgiu o primeiro contrato de seguro marítimo em Gênova – Itália, originando o conceito de emissão de apólice de seguro, utilizado até hoje. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 5 2.1 A História do Seguro no Brasil No Brasil, devemos à abertura dos portos adotada por D. João VI o desenvolvimento das grandes navegações e, consequentemente, o desenvolvimento dos seguros marítimos. Em 1808, foi fundada a primeira seguradora brasileira na Bahia, a Companhia de Seguros Boa Fé, cuja administração era dirigida e regulamentada pela casa de seguros de Lisboa. A criação do Montepio Geral de Economia dos Serviços – MONGERAL, em 1835, foi o início dos planos de previdência privada e o surgimento dos seguros de vida com a Companhia de Seguros Tranquilidade. Além dos fatos citados, destacam-se também na história do seguro do Brasil: • As operações de seguros de transportes marítimos no Brasil, regulamentadas pelo Código Comercial Brasileiro. • O Código Comercial, em 1850, estabelecendo direitos e deveres contratuais. • O surgimento de novas seguradoras, o de Incêndio, o de Vida e o de Mortalidade. • A chegada das empresas seguradoras estrangeiras no país, em 1860, provocando o crescimento das atividades. • Com o Código Civil Brasileiro, em 1916, iniciou-se a era moderna do seguro que se consolidou com o Decreto-lei nº 73, em 1966. 3 Regulamentação de Seguros e Previdência no Brasil 3.1 Sistema Nacional de Seguros Privados – SNSP Instituído pelo Governo Federal, através do Decreto-Lei 73, de 1966, com o objetivo de promover a expansão do mercado de seguros nacionais, evitar a evasão de divisas e coordenar a política de seguros com a política de investimentos do Governo Federal. É encabeçada pelo Ministério da Fazenda. Subordinadas a ela, estão o CNSP, SUSEP, CRNSP, IRB e as empresas seguradoras. Subordinadas à SUSEP estão as corretoras de seguros, as entidades de previdência complementar e as empresas de capitalização e possuem a seguinte estrutura: Ministério da Fazenda CNSP SUSEP CRSNSP IRB-Brasil Re Corretoras de Seguros Entidades de Previdência Complementar Aberta Empresas de Capitalização Empresas Seguradoras Figura 1 - Estrutura do SNSP Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 6 3.2 Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP Órgão governamental encarregado da fixação das diretrizes e normas da política de seguros privado no Brasil, que tem como presidente, o ministro da Fazenda; como vice- presidente, o superintendente da SUSEP e conselheiros-Membros representativos do Ministério da Justiça, do Banco do Brasil, do Ministério da Previdência e Assistência Social e da CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Figura 2 - Composição – CNSP Presidente Ministro da Fazenda Vice Presidente Superintendente da SUSEP Conselheiros Ministério da Justiça Banco Central Ministério da Previdência e Assistência Social CVM –Comissão de Valores Mobiliários 3.3 CRSNSP – Conselho Recursal do Sistema Nacional de Seguros Privados, da Previdência Privada Aberta e de Capitalização. Entidade subordinada ao Ministério da Fazenda, que tem como objetivo julgar em última instância administrativa dos recursos de decisões da Superintendência da Seguros Privados - SUSEP e do IRB-Brasil Resseguros S/A. Figura 3 - Composição – CRSNSP Presidente Representantedo Ministério da Fazenda Vice Presidente Representanteda SUSEP Conselheiros Representante da Secretária de Direito Econômico do Ministério da Justiça Representante da FENASEG – Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização Representante da FENACOR – Federação Nacional dos Corretores Privados, de Capitalização de Previdência Privada e das Empresas Corretoras de Seguros. Representante da ANAPP – Associação Nacional das Entidades Abertas de Previdência Privada Procurador, designado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 7 3.4 SUSEP – Superintendência de Seguros Privados Entidade responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguros, sendo vinculada ao Ministério da Fazenda e responsável pelo recebimento de denuncias dos segurados, sobre os descumprimentos de clausulas contratuais de seguros. 3.5 IRB-Brasil Resseguros S/A (IRB-Brasil Re) Empresa de economia mista com parte do capital e outra parte do Governo Federal e das Companhias Seguradoras, sendo seu objetivo promover operações de resseguro, regular o co-seguro, o resseguro e a retrocessão. 3.6 Corretores de Seguros e Agenciadores Pessoa física ou jurídica e o intermediário legalmente autorizado a angariar e a promover contratos de Seguros e Previdência, entre as seguradoras e pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. 3.7 Seguradoras Sociedade anônima que assume e administra os riscos de acordo com critérios técnicos e administrativos regulamentados pela SUSEP. 3.8 Entidades de Previdência Complementar Aberta Sociedades constituídas com objetivo de instituir e executar planos de benefícios de caráter previdenciário. 3.9 Sociedade de Capitalização Sociedade anônima, com a finalidade de captar capitais pagáveis em moeda corrente aos titulares dos Títulos de Capitalização. 4 Conceito geral de Seguros Muitas são as definições para o seguro. Para Vilanova (1969, p. 15), apud Luccas (2011, p. 2), cita como uma das mais completas definições sobre seguros a de Hemard: “O seguro é uma operação pela qual, mediante o pagamento de uma pequena remuneração, o prêmio, uma pessoa, o segurado, se faz prometer para si próprio ou para outrem, o beneficiário, no caso de realização de um evento determinado, a que se dá o nome de risco, uma prestação, a indenização, de uma terceira pessoa, o segurado, que assumindo um conjunto de riscos, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo”. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 8 Os seguros são norteados por dois princípios básicos: o mutualismo e a probabilidade. • Mutualismo – é a repartição do prejuízo de alguns pelo total de participantes do grupo de risco. • Probabilidade – é a técnica pela qual utilizando dados estatísticos, pode-se prever a ocorrência de um risco. Santos (1959, p. 9) afirma que, apesar de ambos os princípios serem importantes na formação estrutural do seguro, o mutualismo é o dominante. O autor justifica a afirmação observando que a aplicação do mutualismo é que permite a repartição do risco entre um grande número de pessoas, diminuindo deste modo, o prejuízo que a realização do risco poderia trazer. Tendo como parâmetro a técnica da probabilidade, alguns matemáticos europeus, durante a construção de uma tábua de mortalidade, que consiste em levantar os dados de um grupo de pessoas desde o nascimento até a data sua morte, descobriram que o percentual de morte entre homens e mulheres tendia a ser constante em relação ao ano de nascimento, se fosse tabulado um número suficiente de nascimentos, surgindo dessa descoberta o princípio denominado de Lei dos Grandes Números,que utiliza a teoria das probabilidades e foi um grande impulso na implantação dos procedimentos de vida e previdência. É importante salientar que na utilização do mutualismo e da probabilidade há necessidade que a amostragem seja feita, utilizando-se de um grande número homogêneo para ser alcançado um número que represente o máximo a realidade. 5 Finalidade do Seguro O objetivo do seguro é retornar o equilíbrio econômico que foi modificado por perdas em virtude de sinistro, sendo proibido por lei, a obtenção de lucro ou acréscimo patrimonial ao segurado. O seguro foi criado em função da necessidade de proteção contra eventual sinistro, da possibilidade do acontecimento no futuro e da impassibilidade de prever eventuais acontecimentos. Após períodos de evolução, hoje aperfeiçoada, o seguro está presente em todo segmento da sociedade, promovendo a acumulação de riqueza, pois promove a formação de reservas e contribui para a reserva econômica e para gerar recursos destinados aos investimentos. O seguro promove a proteção dos negócios, da família e do indivíduo, contribuindo para a evolução da sociedade e do país. Ao proteger um indivíduo que pode deixar a família desamparada em caso de morte está contribuindo para a ordem social e familiar. Dessa forma, no contexto mais amplo que também envolve os objetivos de seguro de vida e previdência privada, podemos afirmar que o seguro está firmado em um contrato que obriga o segurador, mediante o pagamento de um prêmio a ressarcir o segurado, dentro do limite, se convencionou os danos produzidos por sinistro ou a prestar capital ou renda quando ocorra determinado fato, concernente à vida humana ou ao patrimônio. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 9 6 Elementos Básicos do Seguro Na sua estrutura, o seguro é composto de cinco elementos básicos e essenciais previstos no contrato de seguro: o risco, o segurado, o segurador, o prêmio e a indenização. 6.1 Risco É o acontecimento incerto ou de data incerta, que independe da vontade do segurado ou do segurador. O risco é a expectativa de sinistro. Na inexistência do risco não poderá ser contratado o seguro. Sob o ponto de vista legal, o risco constitui o objeto do seguro, pois o segurado transfere à seguradora, através do seguro, o risco e não o bem. Devemos entender que não se faz seguro de vida e sim, do evento morte. Não se faz seguro do automóvel e sim, dos riscos que poderiam causar danos ou a perda do veículo, como por exemplo a colisão, o roubo, etc. 6.1.1 Condições da Segurabilidade do Risco Nas operações de seguro, as condições que definem o risco, como sendo segurável, são: • Ser possível – deve poder realizar-se, pois não haveria seguro para um risco impossível. Por exemplo: contratar seguro de vida de pessoa já falecida. • Ser futuro – o risco é a probabilidade de algo ocorrer, portanto, o risco não pode ter ocorrido ou estar em curso quando da contratação do seguro. Por exemplo: contratar seguro de veículo, tendo o mesmo sido roubado um dia antes. • Ser Incerto – a natureza aleatória do risco não pode ser dissociada do contrato do seguro, logo não pode haver certeza do que o risco ocorrerá. Por exemplo: um motorista que mesmo sabendo que a rua está alagada, avança com o veículo na tentativa de conseguir passar e acaba ficando com o carro no meio do alagamento, provocando risco para si e danos ao veículo. • Ser Fortuito – o risco deve ocorrer de forma acidental e não intencional. Por exemplo: um acidente provocado por veículo, com a clara intenção de destruí-lo visando a reposição do patrimônio em espécies (dinheiro). • Ter consequências negativas – a ocorrência do risco deve comportar uma perda ou prejuízo. Por exemplo: a ocorrência de um raio, danificando o imóvel segurado. • Ser mensurável – o risco deve poder ser medido, a fim de possibilitar a avaliação do impacto de sua ocorrência e a quantificação do custo adequado à sua aceitação pela seguradora. Por exemplo: o risco de acidente em uma obra. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 10 6.2 Segurado Trata-se da pessoa física ou jurídica, que possui interesse legítimo relativo à pessoa ou ao bem, e que estando exposto a risco segurável, decide transferi-lo à seguradora mediante pagamento de prêmio. Trata-se da pessoa em nome de quem se faz o seguro Em alguns casos, existe a figura do estipulante, que é a pessoa física ou jurídica que contrata o seguro e a figura do beneficiário, que é a pessoa física ou jurídica designada a receber indenizações nos seguros de danos ou de valores dos capitais segurados, nos seguros de pessoas, na hipótese de ocorrência de sinistro, de acordo com as normas específicas de cada modalidade de seguro. 6.3 Segurador É a pessoa jurídica que assume a responsabilidade por riscos contratados e pagos, e a indenização ao segurado ou beneficiário no caso de ocorrência de sinistro coberto. São empresas legalmente constituídas para assumir e gerir coletividades de riscos. As obrigações da seguradora são administrar corretamente os riscos que lhe são confiados e pagar o prejuízo resultante de risco coberto assumindo, na ocorrência de sinistro, ou seja, indenizar o beneficiário de acordo com as condições do contrato. 6.4 Prêmio Trata-se do pagamento efetuado pelo segurado à seguradora, ou seja, é o custo do seguro. Ao contrário do significado da palavra, o prêmio é o que se paga e não o que se recebe. 6.5 Indenização Trata-se do pagamento devido pela seguradora ao beneficiário do seguro, na ocorrência do sinistro e no caso de risco coberto. É considerado como um elemento do seguro, por ser a contrapartida da seguradora no contrato de seguro. Dessa forma, devemos entender que a obrigação do segurador nasce, na medida que o segurado contrata e paga o premio de seguro correspondente ao objeto segurado, cabendo ao segurador indenizar o segurado em caso de ocorrência de sinistro. 7 Características do Seguro São características básicas do seguro: previdência, incerteza e mutualismo: • Previdência – oferece proteção às pessoas, com relação a perdas e danos que possam sofrer no futuro, atingindo sua propriedades ou bens e a elas mesmas. Dessa forma constatamos que uma pessoa que se preocupa em proteger a si ou seus bens Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 11 dos eventuais riscos a que estão expostos, optando por medidas de prevenção e ou contratação seguro, está agindo com previdência. • Incerteza – são aspectos aleatórios à ocorrência do evento ou à época em que esse virá ocorrer. A base do seguro é a duração da vida humana, a incerteza é relativa, pois trata do momento da ocorrência. A incerteza é característica de todo tipo de seguro, mesmo quando se trata de seguros de bens (como carros) pois se houver a certeza a seguradora não fará o seguro. • Mutualismo – refere-se a um grupo de pessoas com interesse seguráveis comuns, concorrendo para a formação de uma massa econômica, para suportar eventuais necessidades individuais. O mutualismo é elemento fundamental na operação de seguro, pois através da formação dessa massa é que será possíveis estabelecer o equilíbrio aproximado entre os valores pagos pelos segurados (prêmios) e as responsabilidades assumidas pela seguradora. 8 Classificação e Divisão do Seguro 8.1 Quanto à Responsabilidade por Exploração: • Seguros Sociais – são aqueles operados pelo Estado, através da Previdência Social e incluem a assistência médica, a aposentadoria, a pensão, os acidentes de trabalho e outros benefícios como os concedidos no âmbito do Instituto Nacional de Previdência Social – INSS. • Seguros Privados – são aqueles operados por empresas privadas de seguro, podendo ou não ser obrigatório. Podem apresentar ainda característicassociais. Exemplo: o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre – DPVAT 8.2 Ramos ou Planos de Seguros: • Vida – com base na duração da vida humana, visa garantir o pagamento aos segurados ou aos seus beneficiários em prazo pré-estabelecidos e condições, de quantia certa, renda ou outros benefícios. • Saúde – trata-se do pagamento em espécie ou reembolso, dentro dos limites estabelecidos no contrato, com a assistência médico-hospitalar das despesas decorrente de doenças ou acidentes do segurado titular e de seus dependentes. • Ramos Elementares – com exceção dos seguros de vida, são os demais seguros. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 12 8.3 Quanto à Natureza: • Seguro de dano – abrangendo os seguros de bens, direitos, responsabilidades, obrigações e destinados à reparação, compensação ou satisfação de um dano sofrido. • Seguro de Pessoa – visa garantir as pessoas contra riscos a que estão expostas sua existência, sua integridade física e sua saúde, não havendo uma reparação de dano ou indenização propriamente dita. 8.4 Outras modalidades de Seguros: • Co-seguro – é o seguro relativo ao mesmo bem, realizado por dois ou mais seguradores cotizantes, denominados co-seguradores. É portanto a distribuição de um seguro entre duas ou mais seguradoras. No seguro com cláusula de co-seguro, é emitida uma única apólice pela seguradora líder. A atribuição do líder é receber a proposta, emitir a apólice, receber e distribuir o prêmio e também, atender a liquidação do sinistro. Obrigatoriamente deve constar na apólice, a quota de participação de cada seguradora no total da importância segurada, garantindo-se que a responsabilidade seja assumida perante o segurado. • Resseguro – é destinado a coberturas de seguros de grandes valores, que forma de atenuar o risco para o segurador. Na prática trata-se do seguro efetuado por um segurador em outra seguradora, como forma de garantir sua estabilidade financeira em caso de sinistro. Podemos citar os seguros de plataforma marítima, grandes aviões comerciais, etc. É também uma técnica utilizada para pulverizar as responsabilidades. Trata-se de um tipo de pulverização na qual a(s) seguradora(s) transfere(m) a outrem parte do risco assumido, ou seja, é a operação de que se valem as seguradoras para transferir à resseguradora o excesso de responsabilidade que ultrapassa o limite de sua capacidade econômica de indenizar. Em síntese, o resseguro é um seguro do seguro. As principais funções do resseguro são: ampliar a capacidade de aceitação da seguradora, estabilizar os resultados, além de proteger a seguradora contra catástrofes e prejuízos financeiros elevados. As partes contratantes do resseguro são o segurador e o ressegurador, sem conhecimento ou qualquer interferência do segurado. O ressegurador pode efetuar um repasse de partes das responsabilidades recebidas, procedendo assim a uma cessão que recebe o nome de retrocessão. • Retrocessão – é o repasse ao Mercado Segurador Nacional dos excessos de responsabilidade que ultrapassarem os limites de sua capacidade de indenizar. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguros e Previdência 13 Considerações finais A estabilidade econômica criou condições para o crescimento do seguro no Brasil. Como recente medida, o Brasil abriu o mercado e permitiu a entrada de novas empresas de seguros, promoveu a abertura do mercado de resseguros, que antes era centralizado pelo governo federal. Também houve grande incentivo no mercado de previdência privada, pois com a estabilidade da moeda foi possível ao profissional da área atuarial ter visão norteadora, para a criação de novos produtos que trouxe maior incentivo ao investidor, sem o antigo receio das perdas provocadas pela desvalorização da moeda. Com o crescimento do mercado segurador foi possível a formação de preços com base em cálculos de maior escala de participante, tornando mais atrativos as taxas administrativas cobradas pelas companhias de seguros e previdência privada. Hoje o desafio é continuar esse crescimento e aumentar a participação do mercado abrangendo os seguros em toda a sua modalidade: patrimonial seguro de pessoas e de previdência privada, que ao ser comparado com o mercado da Europa e Estados Unidos, ainda é pequeno. O seguro exerce função social de grande relevância, sendo certo a sua importância no crescimento do país em todo o seguimento da economia, inclusive no mercado de agronegócios, que tem apresentado grande crescimento e participação mundial. Referências LUCCAS FILHO, O. Seguros: fundamentos, formação de preço, provisões e funções biométricas. São Paulo: Atlas, 2011. MELLO, S. R. B. Seguros e Previdência – I Congresso Brasileiro. São Paulo: Juruá, 2008. CORDEIRO FILHO, A. Cálculo Atuarial Aplicado: teoria e aplicações. São Paulo: Atlas, 2009. SCHALCH, D. Seguros e Resseguros – Aspectos Técnicos, Jurídicos e Econômicos. São Paulo: Saraiva, 2010. Objetivos Específicos Temas • Compreender e calcular a formação de preços dos prêmios de seguros e previdência. Lazaro Cabral de Vasconcellos Filho Seguro e Previdência Aula 02 Professor Formação do Preço: prêmio de seguro e previdência(Parte I) Introdução 1 Mutualismo e Probabilidade 2 Partes Contratantes 3 Forma de Contratação 4 Risco 5 Sinistro e Indenização 6 Prêmio Considerações finais Referências Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 2 Introdução O prêmio de seguro é o elemento mais importante do seguro e corresponde à importância paga pelos segurados, como remuneração pela troca do risco que ele está exposto. Ele está diretamente vinculado à importância segurada e a probabilidade do risco ocorrer, sendo de suma importância a precisão de seus cálculos, que utilizam fatores de dados históricos que são ferramentas fundamentais de uso do profissional de atuarias, no cálculo do prêmio do seguro. O termo prêmio de seguro, na verdade, é aplicado aos custos diretos, adicionados de demais custos e acrescido da margem de lucro da seguradora, que resultará na formação do preço final do seguro e demonstrará a viabilidade do produto em relação à comercialização ou não do mesmo. Lembre-se que a existência da seguradora está ligada diretamente a geração de lucro, que é o principal fator de sua existência. Dessa forma, devemos entender que o termo prêmio, na verdade, é o preço do seguro e sua utilização tem origem nos primórdios do surgimento do seguro, quando os navegadores ao iniciarem a jornada, utilizando o conceito do mutualismo (repartição do prejuízo de alguns pelo total de participantes do grupo de risco), depositavam valores com indivíduos ou instituições que mais tarde viriam a ser hoje as modernas seguradoras. Esses indivíduos ou instituições davam garantia sobre a viagem, ou seja, caso não houvesse o naufrágio, o valor seria devolvido ao depositante, deduzido claro das taxas administrativas, correspondentes aos serviços prestados. A partir desse conceito de devolução, os viajantes passaram a ser cuidadosos em suas tarefas cotidianas durante a viagem, visando evitar eventos fortuitos que resultassem em sinistro. O objetivo era receber de volta os valores depositados e passaram a denominá- lo “receber o prêmio” ao retorno da viagem, surgindo assim o termo técnico “prêmio”, sendo que em seguro trata-se, na verdade, de pagamento da apólice de seguro e não do recebimento de um prêmio. A técnica utilizada para a formação do prêmio, está diretamente ligada ao mutualismo e à probabilidade, porém há necessidade de dois fatores importantes que são a ordem de grandeza e a homogeneidade dos dados levantados, conforme afirma a obra Elementos del Seguro, publicada pela Mapfre (1973), p. 20. Juntando mutualismoe probabilidade, destaca ser necessário um grande número de casos homogêneos para ser aplicada a teoria da probabilidade. Aliás, com respeito a isso podemos também mencionar a lei dos grandes números, que considerava o levantamento estatístico de dados, fazendo amostragem em um maior número de pessoas com as mesma idade (dados homogêneos) ou com os mesmos referenciais, que aumentava a possibilidade de acerto, que é importantíssimo na formação dos levantamentos de dados utilizados principalmente no seguro de vida e previdência. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 3 1 Mutualismo e probabilidade 1.1 Repartição dos prejuízos Visando melhor entendimento, aplicaremos abaixo, na prática, tomando como exemplo um grupo de 1.000 proprietários do mesmo tipo de veículo, do mesmo ano e da mesma marca, e que resolveram sem utilizar uma companhia de seguro, apurar a participação de cada indivíduo em caso de evento de sinistro, conforme exemplo abaixo: • Objeto do seguro: veículo; • Riscos cobertos: roubo, incêndio e colisão; • Grupo segurado (acordo informal entre todos os participantes): 1.000 • Valor de cada veículo: R$ 15.000,00. A cada sinistro ocorrido decorrente de um risco coberto é necessário dividir o prejuízo pelo total de participantes. Quando efetuamos a divisão do prejuízo (sinistro) individual de R$ 15.000,00 pelo total de 1.000 participantes do seguro, temos como resultante o valor de R$ 15,00 referente a divisão de cada participante do grupo segurado. Este é o método utilizado no conceito de Mutualismo, que é a divisão do prejuízo entre todos os participantes. Vejamos abaixo: Prejuízo por sinistro = = R$ 15,00R$ 15.000,00 1.000 Na ocorrência de 40 sinistros durante o ano, basta multiplicar o número das 40 ocorrências de sinistros pelo valor de R$ 15,00 da participação de cada segurado, resultando para cada segurado a participação total de R$ 600,00 que terá que pagar: Participação de cada segurado = 40 x R$ 15,00 = R$ 600,00 ou Prejuízo de cada proprietário = = R$ 600,00R$ 15.000,00 x 40 1.000,00 Evidentemente o cálculo acima é uma demonstração simplificada que não leva em consideração os demais encargos e o lucro visado pela seguradora. A outra dificuldade é que o cálculo somente era possível na medida da ocorrência do sinistro, o que se tornaria inviável, uma vez que a cobrança dos valores de R$ 600,00 só poderia ser efetuada na medida da ocorrência. Imagine o quanto seria impossibilitado essa prática com o volume atual de veículos da frota nacional. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 4 Visando tornar este processo possível, com base em experiência passada, utilizou-se do princípio da probabilidade, tendo como base as taxas apuradas reais e aplicando a projeção destas, para o fechamento de seguros futuros, recolhendo antecipadamente a participação de cada segurado, cobrando na ocasião da contratação do seguro e não na medida da ocorrência do sinistro. Este procedimento do levantamento estatístico de sinistro ocorrido, que tem como resultado a probabilidade do acontecimento no futuro, resulta na chamada “taxa de sinistralidade” e, na medida de sua ocorrência, o novo grupo formado terá seus valores onerados para a cobertura desse aumento. Por exemplo: caso o grupo de 1.000 proprietários de veículos ultrapasse a taxa de sinistralidade, o próximo grupo teria uma oneração em seus prêmios de seguros ao contratá-lo, pois seria antecipadamente apurado pelo profissional de atuarias, funcionário da seguradora. Ainda com base em nosso exemplo, vejamos o cálculo da taxa abaixo: Taxa = 0,04 ou (x 100) = 4% Taxa = = Soma dos prejuízos Soma dos valores R$ 600.000,00 R$ 15.000.000,00 Se tratarmos individualmente os valores pagos durante o ano com o valor que estava segurado teremos o mesmo resultado apurado para a taxa do grupo total de proprietários, já que todos os veículos têm valores idênticos. Veja abaixo: Taxa = = 0,04 ou 4% R$ 15.000,00 R$ 600,00 A freqüência de ocorrência é calculada dividindo a quantidade de sinistro ocorrido pela quantidade de itens expostos ao risco, conforme abaixo: Taxa = = 0,04 ou 4% 1 000 40 A taxa calculada é chamada de taxa de risco ou de taxa estatística, não representando ainda os demais carregamentos de segurança e outros encargos, que serão acrescidos à medida que aproximarmos do cálculo final do prêmio do seguro. Outro fator importante a mencionar é que o grupo formado acima tem como objetivo facilitar o entendimento do tema, sendo impraticável a adoção da prática sem a participação de uma seguradora legalmente habilitada. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 5 2 Partes contratantes 2.1 Seguradora e segurado: As seguradoras e os segurados são os elementos fundamentais dos processos de seguro. As seguradoras somente são pessoas jurídicas, empresas nacionais ou de capital estrangeiros autorizadas a funcionar no país, sendo fiscalizadas pela SUSEP (Superintendência de seguros privados), não estando sujeito a recuperação judicial, falência ou liquidação. Em caso de dificuldade financeira, haverá a intervenção da SUSEP, que fará a liquidação extrajudicial e incorporará o patrimônio desta empresa em outro grupo segurador através de oferta de aquisição no mercado, sem prejuízo do segurado. Essas medidas foram adotadas no Brasil, pelo Ministério da Fazenda, após grandes “quebras” de seguradoras e empresas de seguro privado, que traziam insegurança ao mercado. Não há veto de aceitação de seguros às seguradoras, podendo as mesmas aceitar seguros de quaisquer valores, mesmo caso superem a capacidade econômica, que tem como base o patrimônio líquido da seguradora e suas reservas econômicas no Banco Central. Caso ultrapassem os limites, os seguros deverão ser pulverizados, distribuindo para outras companhias e em menor escala amenizar com as franquias, que é a participação do segurado no risco. Para a distribuição das importâncias seguradas que ultrapassem o limite, o segurador deverá utilizar o resseguro, conhecido popularmente como o “seguro do seguro” e o co- seguro. O resseguro é o repasse do risco de uma seguradora para uma instituição de resseguro, que trabalha com grandes riscos, assumindo riscos somente de seguradoras. Aliás, com relação a isso, podemos mencionar os grandes sinistros como a queda das torres gêmeas, as tragédias com vazamentos de petróleo em alto mar, o afundamento da plataforma marítima P40 da Petrobrás, entre outros que foram cobertos pelas instituições globais de resseguros. O co-seguro, por sua vez, é a operação que o seguro principal ou líder passa parte do seguro para outras empresas seguradoras, diluindo desta forma seu próprio risco. Nesse caso cada seguradora participante emite a apólice direta ao segurado e há necessidade de nomear uma seguradora líder do processo. As diferenças básicas entre o resseguro e o co-seguro estão na aplicabilidade do produto, pois o resseguro, somente pode ser contratado por uma empresa seguradora junto a uma empresa resseguradora e são utilizados visando coberturas de grandes vultos. Enquanto o co-seguro é contratado pelo segurado pessoa física ou jurídica e que não atua no mercado segurador, sendo o co-seguro uma forma da seguradora distribuir o risco entre outras seguradoras. Porém a contratação é feita entre o segurado e seguradores individualmente. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 6 O papel das seguradoras é importante no mercado já que elas trazem segurança econômica às empresas, às pessoas e ao país. Também liberam o tempo dedicado à segurança, para que cada segurado exerça com maior afinco suasatividades, dedicando-se totalmente à produtividade. O segurado é a pessoa física ou jurídica que transfere um risco segurável para uma ou várias instituições seguradoras, mediante pagamento prévio de um prêmio. No caso de um contrato de seguro com outro beneficiário, o contratante é chamado de estipulante e o beneficiário de segurado. 2.2 O Contrato de seguro A apólice é o documento de formalização do contrato de seguro entre o segurador e o segurado. Na apólice constam os direitos e obrigações da seguradora e do segurado. O contrato de seguro deve ser: • Bilateral – expressar as vontades das partes participantes e contratantes, não podendo ser abusivas em suas cláusulas, que também são normalizadas e fiscalizadas pela SUSEP. • Aleatório – a ocorrência do risco é incerta, isto é, pode ou não ocorrer. • Oneroso – a contratação está vinculada ao pagamento do prêmio, o segurador a indenização, se ocorrer o risco coberto pela apólice. • Solene – é um ato formal, que tem seus efeitos na medida da assinatura do contrato. • Nominativo – é disciplinado por lei, portanto expressamente mencionado e de forma clara. • De boa fé – a boa fé deve prevalecer em qualquer ato da vida, porém é imprescindível no caso de contrato de seguro. A declaração do segurado deve revestir de clareza e abranger todos os possíveis aspectos para análise e aceitação do risco, bem como para a formação do prêmio a ser pago. 3 Forma de contratação 3.1 Corretagem e agenciamento Denomina-se corretagem o valor a pagar pela seguradora ao corretor de seguros do ramo elementar, que são todos os seguros, exceto o seguro de vida e de pessoa física ou jurídica pela intermediação de contratos de seguro. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 7 Nos seguros de vida em grupos e/ou de acidentes pessoais, a figura intermediadora de negócios é denominado agenciador de seguro. 4 Risco O risco faz parte da vida. Para Vilanova apud Luccas (2011), risco é um acontecimento aleatório em sua realização na época de sua realização e, ainda, no grau em que se realiza, mas nem todos os riscos são objetos de seguro, somente os seguráveis. Assim considerando, o autor conceitua risco segurável como todo acontecimento futuro e incerto que independe da vontade humana e que não obedece à nenhuma lei conhecida. Para Vilanova apud Luccas (2011), as características de risco segurável são: a. Afetar por igual a todos os componentes do grupo podendo atingir a alguns, mas não a todos simultaneamente; b. Existir homogeneidade dos componentes do grupo, que deve ser o mais numeroso possível; c. Ocasionar uma necessidade econômica em sua realização; d. Ressarcir tão somente os prejuízos sofridos, não devendo constituir-se em lucro; e. Através das estatíticas de experiência passadas, possibilitar cálculos que permitam prever situações iguais no futuro, desde que persistam as mesmas situações e circunstancias. f. Existir independência na realização dos acontecimentos e essa realização deve ocasionar necessidade econômica, jurídica e ser efetivamente indenizável. 5 Sinistro e indenização O sinistro é a ocorrência de um risco segurado. É a concretização, de fato, de um evento segurado. A indenização é o pagamento que a seguradora faz ao segurado em decorrência do sinistro. Tem como finalidade a reposição do patrimônio afetado ou em caso de seguro de vida, amenizar a dor da perda de um membro da família e também as perdas financeiras causadas pela ausência do indivíduo provedor da família. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 8 6 Prêmio Os prêmios de seguros são os pagamentos por ocasião da contratação de seguro. Como já mencionado na introdução, o termo prêmio tem uma utilização técnica própria para a área de seguros, que na verdade são pagamentos e não recebimentos como usualmente utilizamos o termo. Para Castiglione apud Luccas (2011), o prêmio é o preço a ser pago pelos segurados ao segurador pelos serviços que este presta àqueles e que, como todo o preço, tem de ser remunerado para um e justo e exequível para o outro. Castiglione acrescenta ainda que o prêmio deve compensar suficientemente os gastos do segurador e, ao mesmo tempo, ser competitivo e equivalente ao serviço oferecido em troca dele. Para Silva apud Luccas (2011) os seguintes itens devem ser considerados e dimensionados para a formação dos preços: • Valor esperado do sinistro; • Despesas de comercialização a ser pagas; • Despesas administrativas esperadas; • Lucro a ser atingido; • Impostos; • Despesas esperadas com a cessão do risco, através do co-seguro e ou resseguro; • Resultado financeiro esperado; • Oscilação do risco. O prêmio efetivamente pago pelo segurado antes do cálculo da IOF (Imposto sobre operações financeiras) e sem os custos da apólice é chamado prêmio comercial. O prêmio é um dos elementos essenciais do seguro correspondendo à importância paga pelo segurado (ou estipulante) à seguradora, em troca da transferência do risco a que este está exposto. Tem como parâmetro: o prazo, a importância segurada ou o limite máximo de indenização e a exposição aos riscos. O prêmio configura uma cota-parte cabível ao segurado na repartição do montante global dos riscos que pesam sobre a mutualidade. São considerados no custo final do prêmio do seguro, além da parte destinada à mensuração do risco, também àqueles necessários à administração e comercialização das apólices, o lucro do segurador, encargos e impostos, assim definidos no quadro abaixo, que Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 9 se apresentarão na medida que avançarmos nas principais etapas do cálculo do prêmio de seguros, que parte de uma base e paulatinamente são agregados gastos internos e externo, remuneração do capital, além de considerar os encargos com emissão da apólice, juros adicionais de fracionamento e o imposto decorrente de obrigação tributária. Figura 1 – Ocorrência da formação dos prêmios Prêmio Acréscimo Composição Prêmio Comercial ou prêmio líquido ou prêmio tarifário PE Prêmio estatístico ou Prêmio puro (mensuração do risco) Valor matemático do risco (VM) Custo médio do sinistro (CM) C Carregamento comercial Despesas administrativas ou gastas de gestão Interna Despesas de aquisição e produção ou gastos de gestão externa remuneração do capital prêmio bruto ou prêmio total Encargos Custo de emissão da apólice, juros ou adicionais de fracionamento IOF Imposto Imposto sobre Operações Financeiras. Chamamos de prêmio estatístico (PE) a primeira fase da estrutura de custos para a formação do prêmio a ser cobrado do segurado. Nessa fase são adicionados os custos diretos da seguradora, tais como gastos com salários e encargos, despesas de estrutura de funcionamento da empresa etc. É importante mencionar que se trata de parte do prêmio, que está ainda em formação, sendo calculado a partir da mensuração (da medida) do risco. Para o cálculo do Prêmio Estatístico (PE), necessitaremos primeiramente apurar o Valor Matemático do Risco (VM) e o Custo Médio de Sinistro (CM). A mensuração do risco é a análise de risco semelhante, prelo qual apuramos o índice de freqüência e de probabilidade de ocorrência de sinistro e o índice de intensidade ou severidade do valor gerado pela ocorrência. São representados conforme abaixo: 6.1 Valor Matemático do Risco (VM) Tratando-se de uma medida de frequência de acontecimento de sinistro, o valor matemático é obtido após a análise de determinado número de riscos semelhantes, conforme Valor Matemático do Risco (VM) x Custo Médio de Sinistro (CM) Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 10 a fórmula abaixo: O resultado dessa fórmula poderáser expresso em percentagem, bastando multiplicá-la por 100: Com a análise de frequência, poderá ser estabelecido o cálculo das probabilidades da ocorrência do risco num grupo semelhante ao analisado. São observadas e tabuladas 300.000 pessoas (riscos pesquisados), com idade entre 50 e 60 anos, num período de doze meses. Ao término desse período apurou-se a ocorrência de seiscentas mortes (sinistros ocorridos). Em posse desses dados é possível calcular o Valor Matemático, obtendo o índice de freqüência de morte dessa amostragem: 6.2 Custo Médio dos Sinistros (CM) Com o cálculo do valor matemático do risco, obtivemos o índice de freqüência em que o sinistro pode ocorrer, agora poderemos calcular a severidade do sinistro que servirá para avaliar e estimar o valor do prêmio a ser cobrado de cada segurado a título de mensuração do risco. Esse número é obtido através do cálculo do Custo Médio de Sinistro, resultado da divisão do Prejuízo Total pelo número de sinistros ocorridos conforme demonstrado abaixo: VM = = Nº nº de Sinistro Ocorrido (NS) de Riscos Pesquisados (NR) VM = = x 100 Nº nº de Sinistro Ocorrido (NS) de Riscos Pesquisados (NR) VM = = x 0,002 ou 0,002 x 100 = 0,20%600 300.000 CM = = Prejuízo Total Indenizado (PT) Número de Sinistro (NS) Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 11 Uma seguradora indenizou seiscentos sinistros de morte, sendo: Trezentas mortes com capital segurado de R$ 200.000,00 = R$ 60.000.000,00 Duzentas mortes com capital segurado de R$ 140.000,00 = R$ 28.000.000,00 Cem mortes com capital segurado de R$ 80.000,00 = R$ 8.000.000,00 Prejuízo Total = R$ 96.000.000,00 Obs.: Custo Médio de Sinistro – CM desta amostragem foi de R$ 160.000,00 6.3 Prêmio Estatístico (PE) Após a apuração do Valor Matemático do Risco (VM) e do Custo Médio do Sinistro (CM), através da multiplicação dos dois elementos, obteremos o valor do Prêmio Estatístico (PE): Utilizando os dados das aplicações práticas anteriores teremos: • Valor Matemático do Risco (VM) = 0,002 • Custo Médio de Sinistro (CM) = R$ 160.000,00 Neste caso o prêmio estatístico seria: • PE = 0,002 x R$ 160.000,00 = R$ 320,00 Nota: em um cálculo mais direto, o prêmio estatístico poderá ser encontrado pela repartição do Prejuízo Total (PT) pelo Número de Riscos Pesquisados (NR). CM = = = R$ 160.000,00 Prejuízo Total (PT) Número de sinistros (NS) 600 R$ 96.000.000,00 PE = VM X CM PE = (PT) (NR) Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 12 Também utilizando os dados, das aplicações práticas anteriores teremos: Prejuízo Total = R$ 96.000.000,00 • Número de Riscos = 300.000 pessoas Considerações finais O cálculo do Prêmio Estatístico é a fase inicial do cálculo do Prêmio final, que em sua sequência será agregado de outros custos, encargos, impostos, lucro almejado pela seguradora, até chegar ao valor final cobrado pelo segurado. Dessa forma, devemos entender que o Prêmio Estatístico é base de cálculo para as verbas que serão agregadas ao valor final do Prêmio de Seguro. Poderá a seguradora a seu critério, adicionar margem percentual de segurança e este procedimento estará diretamente ligado às taxas de sinistralidade. Se a taxa estiver elevada, o novo grupo de seguro semelhante fatalmente terá um valor adicional em seus custos, reembolsando as perdas do grupo anterior. Podemos concluir que os produtos seguro e previdência são produtos comercializáveis que não sofrem os efeitos da lei de oferta e procura, que criam oscilações nos preços, mas sim da taxa de sinistralidade, que é o percentual de ocorrência de sinistro, dentro de um mesmo grupo segurado, que caso esteja acima do limite estabelecido para um determinado grupo de segurados, irá provocar aumento na formação de grupos futuro. Referências LUCCAS FILHO, O. Seguros: fundamentos, formação de preço, provisões e funções biométricas. São Paulo: Atlas, 2011. MELLO, S. R. B. Seguros e Previdência – I Congresso Brasileiro. São Paulo: Juruá, 2008. CORDEIRO FILHO, A. Cálculo Atuarial Aplicado: teoria e aplicações. São Paulo: Atlas, 2009. SCHALCH, D. Seguros e Resseguros – Aspectos Técnicos, Jurídicos e Econômicos. São Paulo: Saraiva, 2010. Prêmio Estatístico = = = R$320,00 Prejuízo Total (PT) Número de Riscos (NR) R$ 96.000.000,00 300.000 Seguro e Previdência Aula 03 Formação do Preço: Prêmio de Seguro e Previdência (parte II) Objetivos Específicos • Compreender e calcular a formação de preços dos prêmios de Seguros e Previdência. Temas Introdução 1 Prêmio Puro 2 Taxa Estatística 3 Prêmio Comercial 4 Cálculo do Prêmio Comercial 5 Cálculo do Prêmio Comercial Net 6 Cálculo da Taxa Comercial 7 Termologia dos Prêmios de Seguros 8 Encargos, impostos e outros custos 9 Formas de cobrança e prazos de vigência Considerações Finais Referências Professor Lazaro Cabral de Vasconcellos Filho Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 2 Introdução Neste capítulo, abordaremos as várias fases do cálculo do prêmio do seguro, bem como os procedimentos adotados pelas seguradoras para fazer absorção dos custeios para formação do valor final da apólice. A seguradora poderá obter o cálculo com base nos valores envolvidos ou com base em percentual, previamente conhecidos, que servirão como fator referencial para aplicação dos cálculos dentro de cada fase da formação do prêmio. Na fase do Prêmio Estatístico, são registrados os custos indiretos, os quais são os custos estruturais da seguradora, já na fase seguinte são acrescidos os valores de custeio indireto, tais como custeio do pessoal comercial, do administrativo e o lucro esperado pelo segurado, configurando-se no Prêmio Comercial. Será abordada ainda a formação do Prêmio Net, que considera a taxa referente à comissão do corretor ou agenciador de seguro. As atividades de seguros e previdência utilizam vários termos técnicos, próprios da área de atuação, por este motivo serão também abordadas, neste capítulo, as principais terminologias utilizadas, visando facilitar a compreensão destes termos. Os seguros apresentam particularidades quanto a sua forma de cobrança e vigência, os parcelamentos para pagamentos, os seguros parciais e seus efeitos no preço final do prêmio de seguro, que acabam elevando o custo final do seguro. Toda esta fase da formação do prêmio de seguro dará a visão do seu custeio e permitirá o conhecimento da viabilidade de contratar o seguro por períodos parciais ou por período de um ano ou mais. 1 Prêmio Puro O Prêmio Estatístico é base de cálculo para as verbas que serão adicionadas ao valor do Prêmio de Seguro, que poderá também ser agregado da margem percentual de segurança ou carregamento de segurança, para fazer face aos desvios desfavoráveis do valor do risco. Caso a empresa seguradora adote a margem percentual de segurança, que é o ato de adicionar um percentual no cálculo básico do seguro, correspondente ao PE – Prêmio Estatístico, este passará a se chamar Prêmio Puro e visa aumentar a segurança, evitando a geração de prejuízo. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 3 Veja o exemplo abaixo: Uma seguradora apurou em uma amostragem de 1.000 riscos, o acontecimento de 10 mortes com acidente de veículos, apresentando o Prejuízo Total de R$ 4.760.000,00. A ocorrência deste tipo de sinistro indica uma projeção de crescimento para o futuro. A segurada, adotando um critério de segurança, adicionou como margem percentual de segurança o percentual de 50%, em seus cálculos, como forma de evitar perdas e prejuízos nas negociações de seu seguro de vida. Número de Riscos: 1.000 Número de Sinistro: 10 Prejuízo Total: R$ 4.760.000,00 1ª Situação– sem a margem de segurança Prejuízo total (PT) R$ 4.760.000,00 Prêmio Estatístico = = = R$ 4.760.000,00 Número de Riscos (NR) 1.000,00 O Prêmio Estatístico: de R$ 4.760,00 2 a Situação – com a margem de segurança Margem de segurança de 50% do valor dos prejuízos = R$ 4.760.000,00 x 50% = R$ 7.140.000,00. Prejuízo total (PT) R$ 7.140.000,00 Prêmio Estatístico = = = R$ 7.140.000,00 Número de Riscos (NR) 1.000,00 Obs.: Note que a fórmula é a mesma do Prêmio Estatístico, porém, como foi acrescido de margem de segurança, este passa a ser chamado de Prêmio PUro. O Prêmio Puro é de R$ 7.140,00. 2 Taxa Estatística Após o cálculo do Prêmio Estatístico e do Prêmio Puro, é possível conferir qual será a Taxa Estatística para utilização nos negócios de seguro e Previdência. A Taxa Estatística é a relação entre o Prêmio Estatístico e a Importância Segurada, Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 4 existindo variáveis a respeito da apresentação destas taxas. 2.1 Primeira forma É dividido o Prêmio Estatístico – PE pela Importância Segurada, multiplicando seu resultado por 100, a fim de representá-la em percentual conforme a fórmula: Onde: • PE – Prêmio Estatístico • IS – Importância Segurada • TE – Taxa Estatística PETE =( x 100 ) % IST Em determinada amostragem de 150 mil seguros de objetos iguais, considerando-se que o valor de cada objeto (segurado) é de R$ 20.000,00 sendo o Prêmio Estatístico de R$ 100,00, a Taxa Estatística será de: TE =( x 100 ) % IS PE TE =( x 100) = 0,50% R$ 20.000,00 R$ 100,00 2.2 Segunda forma Em caso de avaliação da experiência de um conjunto de seguros, cujos seguros tem importância seguradas diferentes, a Taxa Estatística será encontrada pela relação entre o Prejuízo Total (PT) e o Total das Importâncias Seguradas (IST) em uma determinada amostra. Onde: • PT – Prejuízo Total • IST – Importância Segurada Total • TE – Taxa Estatística Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 5 PETE =( x 100 ) % IS Após a apuração percentual da medida do risco, basta aplicá-la à importância segurada que encontraremos o valor do Prêmio Estatístico. PE = TE x IS Em um período de um ano, foram apresentados e analisados riscos iguais, em um total de R$ 2.000.000,00 de Importância Segurada Total e apresentados sinistros com Prejuízo TE =( x 100 ) % IST PT TE =( x 100) % = 2,50% R$ 2.0000.000,00 R$ 50.000,00 s Totais de 50.000,00, desta forma teremos: Utilizando o percentual apurado acima, em um seguro dessa modalidade, com Importância Segurada de R$ 150.000,00 teria o seguinte Prêmio Estatístico: PE =TE x IS Descrição de acessibilidade: Prêmio Estatístico igual a Taxa Estatística, vezes a Importância Segurada. PE = R$ 150.000,00 x 2,50% = R$ 3.750,00 (Prêmio Estatístico) Lembre-se que a Taxa Estatística é também chamada de Taxa Pura, caso a apuração ocorra a partir do Prêmio Puro, do também chamado Prêmio Estatístico com a inclusão de parcelas aditivas, por conta de uma possível variação do valor matemático do risco ou do custo médio do sinistro. 3 Prêmio Comercial O Prêmio Comercial é o valor cobrado pela seguradora, por assumir o eventual risco do segurado, firmado em contrato. O Prêmio comercial, chamado de prêmio tarifário ou prêmio líquido é alcançado após ser adicionado ao Prêmio Estatístico, o carregamento comercial, sendo compreendido pelos gastos de gestão interna, os gastos de gestão externa e o lucro almejado ou retorno do capital investido pelo acionista da seguradora. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 6 Figura 1 - Carregamento Comercial Denominação Destinação Despesas Administrativas – DA ou Gastos de Gestão Interna Destinado à administração da seguradora, como pagamento de folha salarial, aluguéis, comunicação etc. Despesas de Aquisição e Produção DP ou Gastos de Gestão Externa São aqueles originados pelo processo comercial de distribuição e venda do seguro, englobando comissão de corretagem, material de propaganda etc. Remuneração do Capital Empregado (retorno de capital) ou Lucro Esperado. É o lucro do acionista do segurador, destinado à constituição de reservas patrimoniais. Para Luccas, (2011, p.29), o modelo simples de formação do Prêmio Comercial, que será utilizado no texto, de formação do Prêmio Comercial compõem as seguintes variáveis: • Prêmio Puro; • Despesas de comercialização; • Despesas administrativas (DA); • Remuneração do capital empregado na empresa. Tomamos, como exemplo, uma seguradora que, após levantamento de dados econômico- financeiros, concluiu-se que havia a necessidade de adicionar 45% como carregamento comercial, para sua formação de preço de seguro, assim distribuído: Despesas Administrativas (DA) = 16% do Prêmio Comercial; Despesas de Produção (DP) = 25% do Prêmio Comercial; Remuneração do Capital (Retorno do Capital Investido) = 4% do Prêmio Comercial. Carregamento = 45% do Prêmio Comercial. 4 Cálculo do Prêmio Comercial Aplica-se a seguinte fórmula: Prêmio Comercial (PC) = Prêmio Estatístico (PE) 1- Carregamento (c) Na fórmula, a letra “c” representa a soma das gastos departamentais, que irá compor o carregamento comercial da seguradora (DA + DP + Retorno do Capital). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 7 O Prêmio Estatístico de uma amostra de um grupo 40 segurado, cuja Importância Segurada seja R$ 60.000,00, é de R$ 1.650,00 e será necessário um carregamento de 45%, assim distribuído: • Despesas Administrativas (DA) = 16% do Prêmio Comercial; • Despesas de Produção (DP) = 25% do Prêmio Comercial; • Remuneração do Capital (Retorno do Capital Investido) = 4% do Prêmio Comercial. Convertendo-se o Carregamento Comercial em número decimal, temos 0,45. Logo, o Prêmio Comercial será: PE 1-C R$1.650,00 1- 0,45 R$1.650,00 0,55 PC = –––––– = –––––––––– = –––––––––– ou R$ 3.000,00 5 Cálculo do Prêmio Comercial Net Prêmio Net é o valor do prêmio apurado pela seguradora, sem o carregamento de comissão de corretagem. Lembra-se que os produtos seguro e previdência somente podem ser negociados através da figura do corretor e agenciador de seguros. A comissão é a remuneração destes representantes de vendas e tem que ser embutidos nos cálculos do Prêmio Comercial. É importante mencionar que este cálculo caberá ao corretor ou ao agenciador de seguro e previdência fazê-lo, imediatamente antes do fechamento do negócio. Veja o cálculo abaixo: C = = 0,45 1 00 45 Prêmio Comercial (PC) = Prêmio NET 1- Comissão de Corretagem Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 8 Cálculo de comissão de 10%, com base no Prêmio Comercial, já mencionado. Neste cálculo, o valor já está adicionado no valor da base (R$ 3.000,00 x (-10%) = R$ 2.700,00). • Prêmio Comercial (Net) = R$ 2.700,00 • Comissão de Corretagem = 10% = 0,10 R$2.700,00 1- 0,10 R$2.700,00 0,90 Prêmio comercial = –––––––––– = –––––––––– ou R$ 3.000,00 6 Cálculo da Taxa Comercial Imediatamente após o cálculo do Prêmio Comercial, será calculada a Taxa Comercial. A Taxa Comercial, na verdade é a inclusão da taxa correspondente ao Lucro Esperado ou retorno do Capital Investido pela Seguradora. TC = x 100 IS PC Tomamos com base uma amostra de 20 seguros, cuja importância segurada é R$ 60.000,00 e Prêmio Comercial de R$ 3.000,00 obteremos a Taxa Comercial de: TC = ( –––– x 100) % = (–––––––––––– x 100) % = 5,00% TC =( x 100) % = ( x 100) % =5,00% R$ 60.000,00 R$ 3.000,00 IS PC 7 Termologia dos Prêmios de Seguros A formação do Prêmio de Seguros, passa pelas fases de composição dos cálculos que são denominados como: • PrêmioEstatístico – Refere-se ao custo, à primeira formação de custos, sendo identificado como o custo direto sobre a operação; • Prêmio Puro – Tem como base o Prêmio Estatístico, que é um agregado de taxas de segurança, caso faça-se necessário, em garantia de reposição de riscos que venham agravar a operação. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 9 • Prêmio Comercial – Trata-se da fase onde são incluídos os custos indiretos destinados a garantir a operação, tais como custos administrativos, custos de aquisição e produção (comercialização), custos da reposição do capital investido. • Prêmio Bruto – Trata-se do valor efetivamente pago pelo segurado, ou seja, o Prêmio Comercial acrescido dos encargos e do respectivo imposto. • Para Luccas, (2011, p.37), outros termos utilizados para o Prêmio de Seguros, fazem parte de fases do processo e são mais utilizados no processo de contabilização, conforme veremos abaixo. • Prêmio Emitido – Trata-se da emissão de uma apólice ou fatura, o prêmio comercial sem custo de apólice e sem IOF. • Prêmio Direto – São os prêmios emitidos, deduzidos de cancelamentos, restituições e descontos. • Prêmio de Seguros – É o Prêmio Direto, porém deduzido de eventual cobertura em cosseguro cedido e mais cosseguro aceito. • Prêmio Retido – É o Prêmio de Seguro, menos resseguro cedido. • Prêmio Ganho – É o prêmio efetivo ganho, ou seja, o prêmio retido menos os prêmios não ganhos, que é reconhecido efetivamente na contabilidade como receita. 8 Encargos, impostos e outros custos Os valores que efetivamente são pagos pelos segurados às seguradoras denomina-se Prêmio Bruto. Os encargos mais comuns são: • Custos de Emissão – Atualmente a SUSEP vetou o repasse do custo de emissão de apólice e emissão de endosso para o segurado, ficando vetada também a cobrança nos casos de seguros em moeda estrangeira, seguros de pessoas com pagamentos mensais e sucessivos e endossos de restituição ou sem movimentação de prêmio (valores). Nota: O termo endosso é a prática da seguradora, em atendimento de solicitação do segurado, alterar a apólice após a emissão original por diversos motivos, tais como alteração do objeto segurado, valores, endereço e outras cláusulas. • Custo de Cadastro – Típico somente de alguns tipos de seguros, que necessitam de prévia análise cadastral, para avaliar a aceitação ou não do risco, exemplo seguro- fiança de aluguel, que depende da análise de crédito do segurado. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 10 • Adicional de Fracionamento – O prêmio do seguro é calculado para pagamento à vista, sendo praxe no mercado a não cobrança de juros, no parcelamento até quatro parcelas, porém parcelamento acima de quatro vezes, é cobrado adicional de fracionamento, com base nos juros praticados pelo mercado financeiro. • Impostos – IOF – Imposto sobre Operações Financeiras, incide sobre o valor da apólice, tendo como parâmetro o momento do pagamento à vista ou sobre as parcelas, quando da ocorrência do pagamento de cada uma e também sobre os endossos e sobre outras alterações que envolvam valores. 9 Formas de cobrança e prazos de vigência O método de cobrança da apólice de seguros é através de boleto bancário, que poderá ser pago nas redes bancárias ou através de débito em conta corrente ou pela internet. Cabe à seguradora proceder com a emissão e o envio dos boletos, necessários para pagamento dos prêmios. Os prazos para vigência, normalmente são de um ano, porém poderá haver cobertura inferior a um ano, que é reconhecido como “curto prazo” e agrava (torna o seguro mais caro) o prêmio, pois é utilizada uma tabela de prazo curto, que aumenta o custo deste. O seguro também poderá ser contratado por Pró-rata-temporis que não agrava o prêmio, pois não é utilizada a tabela de agravamento do seguro. A decisão das opções acima é critério da seguradora e não cabe ao segurador a opção de um ou outro sistema de vigência. O seguro também poderá ser contratado por prazo maior que 12 meses, que embora seja uma técnica eficaz de redução de custo, não é uma prática usual do mercado. Considerações Finais Neste capítulo, verificamos as várias fases do cálculo dos Prêmios de seguros. O prêmio de seguros é a forma de remuneração que o segurado faz ao segurador, para que este assuma os riscos contratados. Constamos que a diversas fases do custeio do seguro, sendo a base o Prêmio Estatístico, as quais consistem nos custos iniciais do seguro, tidos como custos diretos, e poderão ser adicionados de índices de agravamento de riscos que, neste caso, será denominado como Prêmio Puro. Após a fase de apuração do Prêmio Estatístico ou Puro, serão adicionados os custos Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 11 tidos como custos indiretos, referente a aquisição e produção, vale mencionar que nesta fase são adicionados os custos, voltados à produção (venda do produto) no mercado, ou seja, a produção da equipe de venda, sendo adicionado também nesta fase o custo do pessoal administrativo e o lucro esperado pela seguradora. Após esta fase, chega-se ao Prêmio Comercial, que é a fase do produto para negociação. Nesta fase, é calculada a comissão do corretor ou agenciador e depois são adicionados o encargo e o imposto sobre a apólice. Atualmente, as seguradoras estão proibidas de cobrar os custos sobre emissão de apólice, exceção feita apenas para as apólices de seguro-fiança, que envolvem elevados custos com o levantamento de informações cadastrais do segurado. Os seguros-fiança são contratações de garantia ao dono do imóvel que, ao alugá-lo a terceiro, terá a garantia de receber o valor correspondente ao aluguel por determinados meses (conforme contratação) caso o individuo ou a empresa que contratou o aluguel não faça o pagamento. . Como podemos acompanhar, a formação do Prêmio (preço final) do seguro é simples e de certa forma padronizada a todos os tipos de seguros, além de ser utilizado, de forma geral, por todas as instituições de seguros e previdência, pois nelas são respeitadas as normas institucionais (legais) para o ramo de seguros e previdência. Referências LUCCAS FILHO, O. Seguros: fundamentos, formação de preço, provisões e funções biométricas. São Paulo: Atlas, 2011. MELLO, S. R. B. de. Seguros e Previdência – I Congresso Brasileiro. São Paulo: Juruá, 2008. CORDEIRO FILHO, A. Cálculo Atuarial Aplicado: teoria e aplicações. São Paulo: Atlas, 2009. SCHALCH, D. Seguros e Resseguros – Aspectos Técnicos, Jurídicos e Econômicos. São Paulo: Saraiva, 2010. Seguro e Previdência Aula 04 Técnicas e Estatística (parte I) Objetivos Específicos • Conhecer as técnicas estatísticas, para obter dados a serem utilizados na elaboração dos cálculos dos prêmios de seguro e previdência. Temas Introdução 1 Período de Competência – Fixação das taxas e prêmios 2 Seguros – Tipos e formas de Contratação Considerações Finais Referências Professor Lazaro Cabral de Vasconcellos Filho Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 2 Introdução As seguradoras são regulamentadas por normas do Banco Central e, neste contexto, devem respeitar às normas estabelecidas por este órgão público. Devem observar os períodos de competência contábil, a fim de manter informações padronizadas e transparentes em seus relatórios de demonstrativo econômico-financeiro e para formação das provisões técnicas, a fim de passar para o mercado segurador total segurança das operações. Quando efetuamos os cálculos do prêmio de seguro, a base de dados para este cálculo são os registros contábeis, portanto sendo de extrema importância o cumprimento dos procedimentos uniforme para todo mercado segurador. Iremos também abordar os tipos de contratação existente no mercado segurador,que são produtos autorizados, ofertados e fiscalizado pela SUSEP, bem como os vários tipos de apólice de seguros e os endossos que são os procedimentos de alterar ou complementar as apólices originais, abordando os endossos: de cobrança, de restituição e os sem movimentação financeira. 1 Período de Competência – Fixação das taxas e prêmios Já vimos os cálculos destinados à fixação das taxas e prêmios, porém, devemos salientar a necessidade de obedecer ao período de competência, que é o reconhecimento dos sinistros ocorridos naquele mesmo período. Devemos, então, desta forma entender o relacionamento existente entre o sinistro ocorrido naquele período, com o total dos sinistros exposto no mesmo período. Para facilitar o entendimento vamos exemplificar através dos dados abaixo os cálculos, considerando o período de competência da ocorrência tanto para a exposição do risco frente à efetivação do risco. Acompanhe o exemplo, no qual: • Período de vigência: 1 ano • F = Frequência • NER – Número de Exposição ao Risco: 1.000 • NSO – Número de Sinistros Ocorridos: 40 • ISE – Importância Segurada Exposta: R$ 2.500.000,00 • MSO – Montante dos Sinistros Ocorridos: R$ 100.000,00 Um grupo de segurados adquiriu 1.000 televisores, passando a fazer parte do mesmo Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 3 grupo segurado, ficando exposto ao mesmo risco de roubo ou furto, configurando uma exposição de 100% em todo risco e período. Os televisores foram segurados pela Importância Segurada de R$ 2.500,00 cada, estando todos expostos ao risco, ao mesmo tempo, resultando em uma ISE – Importância Segurada de Exposta de R$ 2.500.000,00, resultado desta forma na exposição diária de 1.000 unidades e uma importância total segurada exposta de R$ 2.500.000,00. Ocorreram 40 sinistros, entre o período inicial até o final, equivalente a um ano, que resultou no total de sinistros de R$ 100.000,00 representado neste exemplo pelo MSO – Montante dos Sinistros Ocorridos. Nos demais parâmetros, os riscos ficaram vigentes juntos, começaram na mesma data e terminaram na mesma data. Com base nestes dados, podemos desta forma calcular as frequências e taxas estatísticas, para o mesmo período: F = = = 0,04 ou 4% NSO NER 40 1.000 TE = = = 0,04 ou 4% MSO ISE R$ 100.000,00 R$ 2.500.000,00 Note que houve uma coincidência da frequência e da taxa estatística, isso ocorre em função da igualdade entre os valores segurados e da igualdade na ocorrência dos sinistros. Para melhor entendimento, suponhamos uma situação diferente, em que 500 riscos tiveram suas coberturas a partir do primeiro dia da vigência do contrato, e outros 500 riscos iniciaram no meio do ano da vigência do contrato e a sinistralidade se manteve na base de 40 ocorrências. Nesse caso, não devemos fazer uso do fator acima em virtude da exposição do risco ser diferente. Se 500 riscos ficaram expostos 100% do tempo do período segurado, então devemos considerar: • NER – Número de Exposição ao Risco: 500 • ISE – Importância Segurada Exposta: R$ 1.250.000,00 (500 x R$ 2.500,00) • 500 riscos ficaram somente 50% do tempo do período segurado, então devemos considerar: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 4 • NER – Número de Exposição ao Risco: 500 (50% do tempo do período segurado) = 250 • ISE – Importância Segurada Exposta: R$ 625.000,00 (250 x R$ 2.500,00) • NSO – Número de Sinistros Ocorridos: 40 • Desta feita, para o período de vigência do seguro, considerando os períodos diferentes de exposição ao risco, tivemos: • NER – Número de Exposição ao Risco: 750 (500 + 250) • ISE – Importância Segurada Exposta: R$ 1.875.000 (R$ 1.250.000,00 +R$ 625.000,00) • Ou seja: • NER = 750 • ISE = R$ 1.875.000,00 Os cálculos de frequência e taxa estatística ficaram assim: F = = = 0,053333 ou 5,3333% NSO NER 40 750 TE = = = 0,053333 ou 5,3333% MSO ISE R$ 100.000,00 R$ 1.875.000,00 Note que a coincidência da frequência e da taxa estatística é a mesma, porém em virtude de exposição do risco não ser o mesmo para todo o grupo segurado, o índice se altera. É importante mencionar que o período de estudo continua sendo de um ano e representa 100% de exposição ao risco. Desta forma é necessário contar os dias que o seguro esteve vigente no período de seguro. Conforme a fórmula abaixo: NER = Nº de dias de vigência no período do seguro Nº de dias do período do seguro (total) Devemos tomar como base, o denominador da fração que é a quantidade de dias do período do seguro, qualquer que seja a vigência. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 5 Vejamos nos exemplos a seguir: Exemplo 1: • Ano de vigência: 2013 = 365 dias • Risco: 1 risco emitido com vigência de 31/12/2012 a 31/12/2013 • Nº de dias vigentes no período do seguro: 365 • NSO (Número de Sinistro Ocorrido): 1 • NER – Número de Exposição ao Risco: 1 NER = = 1 365 365 (O seguro ficou vigente 100% no período, por isso o NER é igual a 1) F = = = 1 ou 100% NSO NER 1 1 Observe que é apresentado 1 sinistro para 1 risco: 100% de frequência. Exemplo 2: O segurado do primeiro exemplo poderia ter feito durante o ano 12 apólices mensais e não somente uma com validade para 12 meses. Neste caso, o NER seria o somatório de todos os 12 riscos: • Ano de vigência: 2013 = 365 dias • 1 apólice: 31/12/2012 a 31/1/2013 • Nº de dias vigentes no período do seguro: 31 Neste caso, há necessidade da emissão de uma apólice a cada mês de vigência, durante o ano de 2013. NER = = 0,08493151 31 365 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 6 Apólice Vigência NER 1 31 0,08493151 2 28 0,07671233 3 31 0,08493151 4 30 0,08219178 5 31 0,08493151 6 30 0,08219178 7 31 0,08493151 8 31 0,08493151 9 30 0,08219178 10 31 0,08493151 11 30 0,08219178 12 31 0,08493151 Note que cada NER corresponde a uma fração mensal do ano. Adicionando todo ele tem 1, já que o risco corresponde ao período de cobertura do ano. Assim temos: F = = 1 ou 100% 1 1 Note: o total de dias do ano para cálculos de seguros é padronizado em 365 dias. 1.1 Exemplo de Cálculo do NER – Número de Exposição ao Risco • Período do seguro: ano de 2010 Nº de dias vigentes no período do seguro• NER = 365 Importante: Pode-se contar os dias através do calendário, com uma simples contagem dos meses, contudo temos também a facilidade de efetuar a contagem de dias na HP-12C (o primeiro dia não é considerado nos intervalos das datas). No visor da HP-12C deve estar aparecendo: • D.MY (day.month.year) –––––> (dia.mês.ano) Exemplo: Quantos dias têm o ano de 2013? • 31.122012 Enter (o dia 31 não é contado) Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Seguro e Previdência 7 • 31.122013 g Δ DYS • VPE: Nº de dias de Vigência no Período de Estudo. Exemplo 1: • Vigência do seguro de: 01/01/2012 a 31/01/2013 • 01.012013 Enter • 31.012013 g Δ DYS = 30 dias • VPE = 30 30 • NER = = 0,08219178 365 Exemplo 2: • Vigência do seguro de: 16/04/2013 a 25/05/2013 • 16.042013 Enter • 25.052013 g Δ DYS = 39 dias • VPE = 39 39 • NER = = 0,10684932 365 Exemplo 3: • Vigência do seguro de: 01/10/2013 a 10/10/2013 • 01.102013 Enter • 10.102013 g Δ DYS = 9 dias • VPE = 9 9 • NER = = 0,02465753 365 Como podemos verificar, para a contratação de seguro para períodos que são deslocados do ano-calendário (Janeiro a Dezembro) ou para curto período de cobertura, temos a apuração de um índice diferente, que deverá ser aplicado sobre os valores segurados e resultará no prêmio do seguro contratado, conforme técnicas de alocação de rateio de custos departamentais e retorno do capital investido.
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