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Holocausto Brasileiro

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Holocausto Brasileiro 
No documentário ‘’Holocausto brasileiro’’ dirigido e produzido 
pela autora do também livro homônimo, Daniela Arbex. Podemos 
ver a atenção voltada para as vítimas do hospital Colônia de 
Barbacena. Onde é destacado a crueldade que era cometido com 
seus pacientes com transtornos mentais. 
O conteúdo aborda o surgimento do hospital Colônia de 
Barbacena, em 1903, que foi uma instituição psiquiátrica que tinha 
como intuito cuidar de pacientes com distúrbios psíquicos. Todavia, 
foi comprovado que não apenas doentes eram mandados, mas 
também pessoas com perfeito estado psicológico. 
Os pacientes eram desembarcados na estação ferroviária do 
oeste de Minas Gerais, em vagões que era especialmente separado 
para eles, onde outros passageiros não poderiam ter contato. Seus 
vagões eram nomeados por placas como ‘’vagão dos loucos’’, foi 
provado que muitas dessas pessoas nesses vagões separados não 
eram ‘’loucos’’, mas sim pessoas consideradas escória da 
sociedade, sendo desde pessoas sem identidade até a negros e 
pessoas com deficiência física. 
A maioria dos funcionários que trabalhavam nessa instituição, 
não precisavam se encaixar no perfil profissional, e nem ser 
alfabetizado para poder exercer o ato de cuidar desses pacientes, 
ou seja, muitos deles não eram capacitados. Apesar disso os 
funcionários eram responsáveis pela limpeza, comida, banho e as 
medicações desses pacientes. Essas medicações eram separadas 
por comprimidos rosa e azul, das quais eram conhecidas como 
Haldol e Fernegam. 
 Cerca de 5 pacientes faleciam por dia devido à falta de 
alimento e ao frio, pois muitos deles não tinham o que vestir e 
ficavam nus, já os que tinham eram pedaços velhos de trapo, além 
disso, uma das ex enfermeiras relatou que na hora de dar as 
injeções, colocavam cerca de 5 ampolas em uma seringa afim de 
enche-la e aplicavam de paciente em paciente, mostrando que não 
havia o menor cuidado com a saúde deles, fazendo com que ocorra 
o risco de ter uma propagação de infecção. Pacientes que não 
correspondiam a medicação ou se comportavam mal eram 
submetidos há eletrochoques e lobotomia. 
 Por volta da década de 30, houve a intromissão da igreja 
católica e das irmãs de vicentinas na administração das instituições. 
Essas irmãs exploravam os pacientes para eles fazerem limpeza e 
crochês, não apenas elas faziam isso, mas muitos médicos e até 
mesmo funcionários, levavam esses pacientes para trabalhar em 
sua casa como pedreiro, sem receber nenhuma remuneração. Além 
disso, as internas que engravidavam não podiam ficar com seus 
filhos, pois as irmãs os levavam para a fundação casa. 
Em 2011, Daniela Arbex decidiu ir atrás das vítimas vivas 
desse fatídico hospital, visto que ficou indignada sobre quase 
ninguém da sua geração saber sobre isso ou sequer ter havido 
punições. 
Uma das entrevistadas se chama Geralda Siqueira, uma ex 
interna do hospital colônia e uma vítima de estupro de vulnerável, 
quando Geralda tinha 10 anos e estava trabalhando como 
doméstica na casa de seu chefe, que era um advogado de 53 anos, 
foi estuprada por ele e devido a isso ficou grávida. Seu estuprador 
então a internou no hospital colônia contra sua vontade onde ela 
deu à luz ao seu filho João Bosco que logo em seguida foi tirado 
dela por uma das freiras, conhecida como irmã Tereza, ao 
questionar o porquê de tirar seu filho de perto dela sem sua 
permissão, Geralda foi eletrocutada com eletrochoques, pois de 
acordo com a irmã ela estava a desrespeitando. Geralda e seu filho 
ficaram separados por mais de 40 anos, Dom Bosco cresceu 
sozinho e sem pais, pois não sabia onde sua mãe estava. Porem 
em 2011 o corpo de bombeiros de Minas Gerais conseguiu localizar 
Geralda e promover o reencontro dos dois. 
Não apenas Geralda e Dom Bosco foram separados, mas 
também Sueli Aparecida Rezende foi separada de sua filha, Sueli 
estava internada devido a crises de epilepsia, e acabou 
engravidando dentro do próprio hospital aos 27 anos, quando sua 
filha Débora Aparecida nasceu, Sueli teve que lutar muito para 
conseguir ficar com ela, porém sua filha foi tirada de si com apenas 
10 dias de vida, o que fez com que Sueli se tornasse uma paciente 
cada vez mais agressiva. 
Um ano após a morte de Sueli, Débora que até então havia 
descoberto ser adotada e estava atrás de sua mãe biológica, 
quando descobriu ela já havia morrido, mas Débora soube através 
dos funcionários que Sueli a amava muito, e que não teve opção, 
pois sua filha foi roubada, e devido a essa descoberta Débora 
mesmo sem ter conhecido sua mãe a tem com muito carinho. 
A ex enfermeira Walkiria Monteiro relata que não era incomum 
essas coisas acontecerem, muitas mulheres engravidavam de 
outros pacientes, e até mesmo tem as que já chegavam grávidas, 
sendo que muita das vezes as enfermeiras pegavam os recém 
nascidos para elas. 
Além de Geralda, outras vítimas foram entrevistadas, 
pacientes conhecidos como ‘’Meninos de Oliveira’’, essas pessoas 
na época eram crianças quem foram transferidas com várias outras 
crianças para o hospital colônia na década de 70, devido ao 
fechamento do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil de Oliveira. 
Naquela época, crianças com deficiência física ou mental 
eram uma vergonha para a família, e devido isso, suas famílias os 
internavam e abandonavam. Essas vítimas sofreram tortura, onde 
eram obrigados a ficar pelados tanto na cela quanto no pátio, tomar 
eletrochoques, sofrer lobotomia, serem molhados pelos enfermeiros 
a até apanhar. 
O mais triste disso, é saber que ao questionar essas vítimas, 
que um dia foram os ‘’Meninos de Oliveira’’, sobre o que mais 
abalou e machucou eles, é ouvir que foi o abandono da sua família. 
O hospital Colônia de Barbacena era vinculado com um 
cemitério chamado ‘’Cascalho’’, quando um paciente morria, ele era 
transportado em um caixão e jogado em um buraco na terra. O 
cemitério dessas pessoas era separado dos cemitérios das pessoas 
‘’normais’’, ou seja, quem fosse suicida, louco ou negro ficava em 
um cemitério separados das outras pessoas. 
Os corpos dos mortos eram jogados em buracos sem direito a 
caixão um em cima do outro, até que chegou ao ponto de os 
moradores locais reclamar do cheiro, dado que, a terra já não 
estava mais dando conta de absorver os cadáveres, fazendo com 
que sua decomposição ocorresse de maneira lenta ou não 
ocorresse. Muitos familiares ao internar um membro da família, logo 
em seguida, mudavam de enderenço para não receber noticias do 
parente, e por isso nenhum parente vinha ver o corpo. 
Por volta de 1969 e 1980, quando um paciente morria, devido 
a falta de interesse da família, o hospital vendia as peças 
anatômicas do cadáver para as faculdades de medicina, cerca de 
1.800 corpos foram vendidos, cada um por 200 reais. 
Em 1979 Franco Basaglia visitou a colônia e ficou horrorizado, 
ele foi um italiano psiquiatra que buscava modelos humanizados de 
atendimento, foi sua crítica a colônia que levantou a bandeira de 
que o sistema de saúde mental do Brasil precisava de uma reforma. 
Foi somente em 2001 que houve uma aprovação da lei de 
atenção ao portador de transtorno mental no Brasil, que fez com 
que houvesse reforma no modelo de atendimento, fazendo com que 
eles fossem mais humanizados. 
A falta de empatia que as pessoas tinham por esses pacientes 
era absurda, a maneira como os tratavam e mesmo após sua morte 
vendia seus corpos é desrespeitosa, e a maneira como seus 
familiares os tratavam e abandonavam é absurda. 
Houve filhos que nunca conheceram seus pais, filhos que 
tiveram que crescer na rua por falta de uma família, uma família que 
muitas das vezes tinha, mas foi tirada contra a vontade. 
Pessoas que apenas por serem diferentes eram tratadas de 
maneira indigente, que tinha quem dormir sobre palha achada no 
lixo com bichos, comer ratos e beber água suja. Pacientes queprecisavam de ajuda e foram tratados como criminosos. 
É com pesar saber o tamanho da dívida histórica que o Brasil 
tem com essas pessoas que passaram por isso, não apenas o 
governo tem essa dívida, mas todos nós, o que ocorreu em 
Barbacena foi permitido e tolerado, as pessoas da época não se 
preocupavam ou se importavam com o que acontecia com essas 
vítimas e devido a isso passou a ser algo normal, essas pessoas 
foram abandonadas pelo seu governo, pela sua família e pela 
sociedade, um ato falho que ira sempre existir em nossa história, 
uma culpa que sempre será de todos. 
O documentário sobre o Holocausto brasileiro, é uma obra 
que deve ser guardada como patrimônio cultural, visto que muitos 
dos brasileiro desconhecem algo tão importante que aconteceu em 
seu país e em sua história, Daniela Arbex reconheceu o tamanho 
da importância que é passar essa história adiante para as gerações 
futuras, para que no futuro não haja os mesmo erros do passado.

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