Buscar

Livro de Testes entre palavras 10

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

69
Índice	
1.Testes de diagnóstico 	4
2.Testes-modelo IAVE 	12
3. Testes de compreensão do oral 	68
4.Anexos 	84
5. Soluções 	90
	5.	Soluções......................................... 90
	
Critérios gerais de classificação
dos testes 	84
Matriz dos testes de diagnóstico 	86
Matriz dos testes-modelo IAVE 	87
Grelha de correção/cotação 	88
1. Testes de
diagnóstico
Teste de diagnóstico 
Teste de diagnóstico
1
GRUPO I
A
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
-
30
-
-
-
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto1 enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas2. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas3. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife4 mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima5 palavras como «data natalícia» e «saudade».
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado6 como eu, e sim numa casa.
Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife.
Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do «dia seguinte» com ela ia se repetir com meu coração batendo.
Clarice Lispector, «Felicidade clandestina», in Contos de Clarice Lispector, Lisboa, Relógio d’Água, 2006.
Vocabulário
1 seios; 2 os seios não se notavam ainda; 3 rebuçados; 4 cidade do nordeste brasileiro; 5 muito bem desenhada; 6 edifício com vários andares
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Divide o texto em duas partes lógicas, justificando.
2. Caracteriza psicologicamente a narradora, tendo principalmente em atenção a sua relação com a leitura.
Teste de diagnóstico 1
3. Para sugerir a sua felicidade perante a perspetiva de poder ter acesso a um livro que muito desejava ler, a narradora serve-se de uma sucessão do mesmo recurso expressivo. Identifica-o apresentando pelo menos um exemplo.
4. Explica por que razão a narradora ficou «Boquiaberta», l. 23, quando percebeu que não iria receber o livro emprestado.
B
Escreve um texto que tenha entre 80 e 130 palavras no qual apresentes um livro que tenhas lido e aconselhes outros jovens da tua idade a lê-lo.
GRUPO II
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário.
Inês de Castro e o seu tempo
A figura de Inês de Castro, na aventura amorosa que viveu com D. Pedro, herdeiro do reino de Portugal, bem como a sua morte trágica, quase sempre é evocada em termos romanceados, tendo servido de mote a uma gama variada de expressões artísticas. Mas certo é que esse acontecimento deve ser explicado pela investigação histórica inserido no conhecimento genérico do tempo em que ocorreu. De facto, Inês de Castro não era uma dama de família desconhecida. Antes pertencia a um núcleo que, no reino vizinho1, engrossava as fileiras de uma oposição senhorial2 com que o respetivo rei permanentemente se confrontava. Por isso, a sua ligação ao reino de Portugal, nomeadamente ao herdeiro do trono, não estava isenta de consequências políticas. Importa, pois, analisá-las para que possamos perceber as circunstâncias concretas que poderão explicar a atitude de Afonso IV de Portugal ao consentir no assassínio da jovem apaixonada de seu filho e herdeiro.
Essas explicações não poderão cingir-se à política interna portuguesa, às rivalidades sociais, ou aos problemas económicos, mas deverão enquadrar-se no todo peninsular, onde importa confrontar sobretudo a política luso-castelhana, nas relações de proximidade entre os reinos no período que decorreu entre 1325 e 1369. Quer isso dizer que importa entender, por parte de Portugal, os reinados de D. Afonso IV (1325-1357) e de D. Pedro I (1357-1367) e, em Castela, a parte final do reinado de Afonso XI (1312-1350) e o de Pedro, o Cruel (1350-1369).
Mas impõe-se ainda ter presente que toda esta ação decorre no século XIV, século marcado por um cortejo de calamidades que tiveram amplas repercussões a nível social, económico e, obviamente, político, nos reinos do ocidente europeu. Tradicionalmente, caracteriza-se esse século como o do outono da Idade Média3, mas também como o século «das fomes, das pestes e das guerras», desastres capazes de alterar o processo dos reinos que, depois do século XI, tinham iniciado um caminho de reorganização de instituições e reconhecimento do poder régio. Precisamente esse caminho visava a recuperação da autoridade dos monarcas, o que exigia o domínio dos grandes poderes senhoriais-feudais, que haviam caracterizado o tempo anterior.
Ora, de entre os desastres que marcaram o novo século, devemos distinguir dois que tiveram uma extraordinária dimensão e de algum modo foram pano de fundo em muitas das situações calamitosas vividas na Europa de Trezentos: a Guerra dos Cem Anos que, iniciada em 1337, se estenderia, ainda que com algumas interrupções, até 1453, e a Peste Negra, com um período de ação fortíssima, que decorreu entre 1347 e 1350. (…) Estas calamidades seriam responsáveis por graves crises sociais.
Manuela Mendonça, «Inês de Castro – uma vítima da política ibérica do século XIV?», in Inês de Castro 1355-2005 – Exposição bibliográfica, Lisboa,
Biblioteca Nacional, 2005, pp. 21-22. (Texto adaptado)
Vocabulário
1 em Espanha; 2 oposição ao rei por partes de senhores, de nobres; 3 fase da Idade Média em que esta se aproxima do seu fim
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
-
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1 A história amorosa de Inês de Castro deu origem
(A) a muitos romances.
(B) a investigações históricas.
(C) a poemas, romances, peças de teatro, quadros.
(D) a expressões figurativas.
1.2 Para se compreender bem a história de Inês de Castro, é necessário
(A) conhecer o contexto histórico da época em que se desenrolaram os acontecimentos.
(B) conhecerbem quem era a família de Inês de Castro.
(C) saber quem, em Espanha, se opunha ao rei.
(D) compreender as consequências políticas da ligação de Inês a Pedro de Portugal.
1.3 Para se perceber porque é que D. Afonso IV consentiu o assassínio de Inês de Castro, é preciso conhecer bem
(A) a realidade política europeia da época.
(B) a realidade política portuguesa da época.
(C) a realidade política da Península Ibérica da época.
(D) os reinados de D. Afonso IV e de seu filho D. Pedro I.
1.4 O texto refere o conjunto de desgraças que caracterizam o século XIV através de uma
(A) hipérbole.
(B) anáfora.
(C)comparação.
(D) metáfora.
1.5 A relação que a autora estabelece, no terceiro parágrafo, entre as «calamidades», l. 16, nele referidas e determinados acontecimentos políticos é de
(A) possibilidade.
(B) causalidade.
(C) consequência.
(D) oposição.
2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.
2.1 Indica, justificando, o processo de formação presente na palavra «luso-castelhana», l. 13, (texto do Grupo II).
2.2 Indica a função sintática da expressão destacada em «que haviam caracterizado o tempo anterior.», ll. 23-24, (texto do Grupo II).
2.3 Classifica a oração subordinada presente em «disse-me que havia emprestado o livro a outra menina», ll.24-25, (texto do Grupo I).
GRUPO III
Ler por prazer é uma atividade a que se dedicam jovens e pessoas de todas as idades.
Escreve um texto de opinião, que pudesse ser publicado num jornal escolar, no qual demonstres a importância da leitura.
O teu texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.
Teste de diagnóstico 
Teste de diagnóstico 2
Teste de diagnóstico
2
GRUPO I
A
Lê o texto seguinte.
As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Luís de Camões, Os Lusíadas, 3.a edição, Porto, Porto Editora, 1987.
(Edição organizada por Emanuel Paulo Ramos)
1. Identifica o texto, inserindo-no na estrutura interna da obra a que pertence.
2. Refere os vários assuntos presentes nas duas primeiras estâncias que vão ser alvo do canto do Poeta.
3. Na terceira estância, está implícita a expressão do sentimento de orgulho. Refere as causas que estão na origem desse sentimento.
4. Identifica, justificando, o recurso expressivo presente em «Por mares nunca dantes navegados», v. 3, da primeira estância.
B
Escreve um texto no qual, recorrendo à tua experiência de leitura, exponhas os motivos de crítica apresentados por Gil Vicente no Auto da Barca do Inferno ou no Auto da Índia em relação ao Fidalgo ou a Constança, respetivamente.
O teu texto deve ter entre 120 e 150 palavras.
GRUPO II
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário.
Preparação para uma viagem de autonomia – por Filomena Gomes
A preparação para uma viagem de bicicleta em autonomia não é nova para nós. Na verdade, há alguns anos que o fazemos. Começámos com pequenas viagens, de 2 ou 3 dias, e fomos evoluindo para viagens um pouco maiores, à medida que a paixão pelas viagens e pela bicicleta crescia. Primeiro andámos por Portugal, depois fomos até Espanha, percorrendo os vários Caminhos de Santiago e depois mais longe, pela Europa e não só.
Gostávamos que as pessoas percebessem e se convencessem que não é preciso ser dotado fisicamente para fazer isto; basta ser empenhado e esforçado. Também não é preciso ser rico ou dispor de grandes recursos financeiros para colocar em prática uma viagem em bicicleta; nós até somos adeptos do low cost, e poupamos o mais possível durante estas nossas viagens. Nem tão pouco é preciso estar desempregado ou abandonar o emprego ou a vida que se tem para poder viajar em bicicleta; basta guardar as férias a que se tem direito por lei e utilizá-las nestas viagens. Pois outra coisa não sabemos fazer e não gastamos nem férias nem dinheiro em cruzeiros, excursões ou viagens exóticas organizadas. A organização fazemos nós, os locais exóticos somos nós que os delineamos, com estudo de percursos/tracks de GPS, alojamentos, infraestruturas existentes, tudo retirado da Internet, de sites oficiais ou de blogs e fruto de muitos, muitos pedidos de colaboração com pessoas que sabemos já terem pedalado nos locais onde queremos ir. Estas pessoas são muitas vezes desconhecidas, que encontramos online, portugueses ou estrangeiros, e após as sucessivas conversas via e-mail e trocas de informação, tornam-se verdadeiramente nossas conhecidas de há muito tempo!
O mundo é simples, é um título de um livro de Gonçalo Cadilhe, e é verdade! As pessoas estão dispostas a dar o que têm. Não só fornecem voluntariamente a informação de que dispõem para ajudar quem quer viajar, como também, em viagem, as pessoas que se encontram por esse mundo fora são, regra geral, amistosas. Convidam-nos para sua casa. Oferecem de comer e de beber. Conversam. Apreciam e admiram. Gostam de saber e de conhecer. Incentivam. E são generosas e bem-intencionadas. Independentemente do local do mundo. Os viajantes em bicicleta não são alvos a abater. Pelo contrário, chamam a atenção pela simplicidade do seu meio de transporte e não atraem a cobiça alheia, pois são encarados como gente despojada de grandes bens. Por isso, atrevam-se, partam e não receiem pois quem não se atreve, mais tarde lamentará não o ter feito…
Viajar de forma simples significa também ser simples na bagagem, sobretudo quando temos de carregar tudo numa bicicleta! Assim, basicamente, o que carregamos para uma viagem de 3 dias é o mesmo que carregamos para uma viagem de 1 mês, por estranho que possa parecer! A roupa lava-se diariamente e há truques para ajudar à secagem. (…) Também temos de ser simples e contidos nos artigos de higiene e dormida. Bolsas, necessaires1 e carteiras só fazem peso e volume; há que acondicionar tudo em sacos de plástico e ter o cuidado de transportar roupa e saco-cama (forçosamente de pequeno peso e volume) em sacos estanques, para o caso de chuva.
 A nossa preparação física não é específica. Desde há vários anos que temos hábitos desportivos diários. Sabemos que estamos fisicamente preparados porque temos experiência e, por isso, temos noção do que é pedalar dias e dias seguidos, numa média de 100 km diários, com alforges2 a pesar 10 ou 15 kg, com chuva, 
 (continua)
Teste de diagnóstico 
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
-
30
-
-
-
-
30
-
-
Teste de diagnóstico 2
-
-
35
-
-
-
-
40
-
frio e vento, ou com calor abrasador. Na realidade, o fator físico é aqui secundário. O principal é o fator psicológico, é a determinação mental em prosseguir, aconteça o que acontecer, o caminho é para a frente. Ninguém fica no meio de uma montanha ou de um deserto. Se ficar, por motivo de uma avaria ou intempérie, há que manter a calma, analisar a situação e decidir em conformidade. Mas tudo tem solução e há que ser forte, flexível e ter espírito de sacrifício. Ninguém se perde, pois os preciosos GPS Garmin indicam o caminho a seguir, bem como as estradas/vias alternativas existentes por perto. (…)
Manter o espírito aberto, ser otimista, permeável ao que nos rodeia e bom observador, são estas as chaves para qualquer viagem em bicicleta. Uma certa dose de audácia, boa disposição e pronto!
http://eupedalo.blogs.sapo.pt/62203.html
(Texto adaptado, com supressões, consultadoem 24-10-2014)
Vocabulário
1 pequena bolsa para colocar objetos de toilette; 2 tipo de saco
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1 Na opinião da autora, as qualidades que permitem o sucesso no tipo de atividade desportiva que refere são de natureza
(A) exclusivamente física.
(B) física e psicológica.
(C) mais física do que psicológica.
(D) principalmente psicológica.
1.2 A referência ao livro de Gonçalo Cadilhe O mundo é simples, l. 19, serve para
(A) apresentar um livro que aconselha solidariamente sobre como viajar de bicicleta.
(B) indicar um livro que comprova a solidariedade recebida por quem viaja de bicicleta.
(C) indicar um livro que comprova a solidariedade oferecida por quem viaja de bicicleta.
(D) apresentar um livro que aconselha sobre como ser solidário para quem viaja de bicicleta.
1.3 De acordo com o quarto parágrafo, ll. 28-34, a simplicidade em viagem deve incidir sobre
(A) toda a bagagem.
(B) a maior parte da bagagem.
(C) a bagagem mais importante.
(D) a bagagem menos útil.
1.4 A função da tecnologia referida no quinto parágrafo, ll. 30-38, é
(A) ajudar à preparação física.
(B) contribuir para a preparação psicológica.
(C) possibilitar a orientação.
(D) encontrar alternativas a um caminho.
1.5 O recurso expressivo presente na frase «são estas as chaves para qualquer viagem em bicicleta.», ll. 39-40, é a
(A) comparação.
(B) hipérbole.
(C) sinédoque.
(D) metáfora.
2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.
2.1 Indica qual o processo fonológico que se verifica na passagem da «alevanta», v. 8, estância 3, para levanta (texto do Grupo I).
2.2 Identifica a função sintática da expressão «empenhado e esforçado», l. 7, (texto do Grupo II).
2.3 Classifica a oração subordinada presente na frase «Sabemos que estamos fisicamente preparados», ll. 31, (texto do Grupo II).
GRUPO III
A juventude é uma fase da vida frequentemente associada ao desporto e ao exercício físico.
Escreve um texto de opinião, que pudesse ser publicado num jornal escolar, no qual demonstres a importância da atividade física para um harmonioso desenvolvimento pessoal dos jovens – física e psicologicamente.
O teu texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.
Teste de diagnóstico 
* Estes testes foram elaborados de acordo com os modelos que têm sido adotados pelo IAVE, nos últimos anos, para os exames nacionais. A parte B do 1.o grupo apresenta, no entanto, uma estrutura ligeiramente diferente da que consta na prova de exame testada pela primeira vez em 2013-2014, uma vez que, tratando-se de testes de 10. o ano, não é possível avaliar conteúdos de anos anteriores do ciclo.
2. Testes-modelo
IAVE (adaptados*)
Sequência 1
Testes-modelo IAVE
Teste de avaliação
1
GRUPO I
A
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.
Relato de viagens
Em viagem pelo Afeganistão
MAZAR-I-SHARIF, 27 de maio
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
Esta cidade deve a existência a um sonho.
No tempo do sultão Sanjar, que reinou na primeira metade do século XII, chegou a Balkh, vindo da Índia, o boato de que o túmulo de Hazrat Ali, o quarto califa1, se encontrava ali perto. Tal ideia foi negada por um dos mullahs2 locais, o qual acreditava, como ainda acontece hoje com a maioria dos xiitas3, que o túmulo se achava em Nejef, na Arábia. Então o próprio Ali apareceu ao mullah em sonhos e confirmou o boato. O túmulo foi encontrado, e o sultão Sanjar mandou erigir um santuário sobre ele, que ficou pronto em 1136 e se transformou no núcleo da cidade atual.
O santuário foi depois destruído por Gengis Khan4. Em 1481, substituiu-se o primeiro santuário por outro, a pedido de Hussein Baikara, que no ano anterior estivera em campanha em Oxiana. Desde então, Mazar passou a ser um local de peregrinação, destituindo gradualmente as ruínas de Balkh, cidade atacada pela febre, tal como Mashad substituiu Tus pelo mesmo processo em Coraçone.
MAZAR-I-SHARIF, 28 de maio
Em frente ao hotel há um jardim público, onde florescem cravos-dos-poetas, bocas-de-lobo e até primaveras. Entre os canteiros, dispuseram-se banquinhos, bem como esteiras5, que são mais populares, e onde as pessoas se sentam com bebidas, enquanto ouvem música. Há duas bandas. A primeira – uma fila de velhotes com instrumentos de metal – está ao sol. Sabem três músicas europeias e são acompanhados por dois jovens, que se encontram atrás deles e batem cada compasso nos ferrinhos e no tambor. A outra banda, em pose indolente em cima de um estrado à sombra de uma árvore, toca música indiana com uma viola, vários tambores e um harmónio pequeno. Ficamos a ouvir música dos nossos quartos, com janelas de sacada que dão para uma varanda nas traseiras do jardim.
Todas as tardes, quando as nuvens se aglomeram sobre as montanhas, abate-se sobre a cidade uma lassitude6 irresistível. As moscas e um calor húmido invadem o quarto. Os cacarejos de perdizes levaram os meus devaneios para uma tarde de setembro em casa, até que me lembrei que deviam aguardar uma luta. Porquê estas nuvens? Está bastante calor, mas o verão já devia ter-se instalado há seis semanas. Não há memória de um ano semelhante. A chuva da noite em que chegamos fechou a estrada para Cabul7 durante um mês. Em Haibak, houve uma aldeia inteira que caiu para o desfiladeiro. Se prosseguirmos a cavalo, como talvez se venha a revelar necessário, teremos de montar acampamento.
Robert Byron, A estrada para Oxiana, Lisboa, Tinta da China, 2014, pp. 355-358.
(Texto adaptado)
Vocabulário e notas
1 o quarto dirigente máximo da religião muçulmana, o terceiro depois de Maomé; 2 espécie de sacerdotes muçulmanos; 3 um dos dois ramos
principais da religião muçulmana; 4 guerreiro lendário mongol que conquistou grandes territórios na Ásia; 5 espécie de tapetes; 6 diminuição de
interesse; enfastiamento, tédio; 7 capital do Afeganistão
Teste de avaliação 1 | Sequência 1
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Identifica, justificando, o tema dominante no texto.
2. Comprova que a variedade de temas é uma característica deste relato de viagens.
3. As dimensões narrativa e descritiva são evidentes no texto. Apresenta exemplos que comprovem esta afirmação.
4. Sensações e sentimentos do narrador estão presentes nos dois últimos parágrafos. Explicita essa presença.
B
Para os adolescentes, a viagem, principalmente com amigos e em férias, é uma tentação sempre presente.
Escreve um texto no qual procures explicar porque é que assim sucede.
O teu texto deve ter entre 80 e 130 palavras.
GRUPO II
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.
Exposição sobre um tema
A viagem feminina
Historicamente, a viagem feminina tem sido de modo geral considerada de natureza mais íntima e confessional do que a viagem masculina. Mas ignorar na mulher o ânimo de conquista ou exploração, tradicionalmente associado ao universo masculino, significa obliterar1, por exemplo, os meses que Alexandra David Néel2 passou tentando tornar-se na primeira ocidental a entrar em Lhasa3, na altura um território proibido a estrangeiros; ou ignorar o mapeamento da região do nordeste do Irão feito por Freya Stark (1893-1993) enquanto buscava os castelos da histórica seita dos Assassinos. Ou mesmo a infortunada holandesa Alexandrine Tinne (1835-1869), que perdeu a vida no Saara, em busca da fonte do Nilo.
Estas mulheres foram aventureiras e procuraram ser as primeiras nas explorações que se propunham fazer. Assim, não se pode negar que a vontade de mapear4 existiu em numerosos casos. A diferença em relação ao homem surge na maneira como a história é contada e recebida pelo público, bem como em todos os constrangimentos levantados pelo facto de ser uma mulher, e não um homem, a narrar a aventura.
Até bem adiantado o século XX, uma mulher que viajasse só era objeto de espanto, curiosidade ouescândalo, quando não o conjunto dos três sentimentos, traduzindo a estupefação perante uma representante do sexo «fraco» a aventurar-se no mundo dos homens.
Esta estranheza perante a mulher que se desloca é uma ideia dominante nos diversos livros de conduta que ao longo dos séculos foram aparecendo sobre as mulheres. Num deles, em que se dão conselhos a jovens solteiros – The art of governing a wife (1747) –, afirma-se claramente: «É suposto os homens irem para fora e arranjarem a sua vida, lidar com outros homens, tratar de todos os assuntos de portas abertas.» O mundo dos homens é o mundo do exterior, do visível, enquanto das mulheres se espera que «assentem e poupem, tomem conta da casa, falem com poucos, guardem tudo dentro delas». O mundo do interior, do invisível, da ausência de descoberta. (…)
 (continua)
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
1
-
-
25
-
-
-
-
30
-
Mas sim, elas viajam, e fazem-no cedo como peregrinas, missionárias, monjas, mulheres de exploradores ou missionários, até que no século XIX, apesar de ainda se julgar estranha a mulher viajante, se assiste à grande explosão da mobilidade feminina. As saint-simmoniennes5 em França e sobretudo as vitorianas5 inglesas dão o exemplo e partem em viagens de conhecimento e exploração:
Nós, duas mulheres (…) descobrimos e afirmamos que as mulheres sozinhas viajam muito melhor do que com homens: elas obtêm o que querem de uma forma calma e sempre conseguem levar a sua avante, enquanto os homens vão ficar seguramente nervosos e armar confusão se as coisas não estão imediatamente como eles querem.
Sónia Serrano, Mulheres viajantes, Lisboa, Tinta da China, 2014, pp. 27-29.
(Texto adaptado)
Vocabulário e notas
1 apagar, esquecer; 2 nascida em 1868; 3 principal centro religioso do Nepal; 4 elaborar os primeiros mapas de certas regiões; 5 saint-simmoniennes
(…) vitorianas – mulheres viajantes do século XIX, respetivamente francesas e inglesas
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1 A frase que melhor sintetiza o conteúdo deste texto é
(A) As mulheres só tardiamente começaram a viajar.
(B) As mulheres souberam ganhar o direito à viagem.
(C) As mulheres começaram a viajar muito depois dos homens.
(D) As mulheres são melhores viajantes do que os homens.
1.2 De acordo com o primeiro parágrafo, ao longo do tempo, considerava-se que as mulheres viajavam
(A) somente para expressar sentimentos e emoções.
(B) principalmente para realizar explorações e elaborar mapas.
(C) também para realizar explorações e elaborar mapas.
(D) também para expressar sentimentos e emoções.
1.3 A «estranheza» referida no texto, na l. 16, derivava de condicionalismos e preconceitos de ordem
(A) psicológica.
(B) social.
(C) económica.
(D) física.
1.4 A condição de viajante das mulheres, historicamente considerada, expressa-se no texto através de uma
(A) antítese.
(B) metáfora.
(C) comparação.
(D) enumeração.
1.5 De acordo com as autoras das palavras com que o texto termina, em tipo de letra mais pequeno, a diferença entre mulheres viajantes e homens viajantes é de natureza
(A) exclusivamente física.
(B) física e psicológica.
(C) exclusivamente psicológica.
(D) parcialmente psicológica.
Teste-modelo IAVE 
Teste de avaliação 1 | Sequência 1
2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.
2.1 Indica o processo de formação presente na palavra «cravos-dos-poetas», l. 12, (texto do Grupo I).
2.2 Indica a função sintática da expressão destacada na frase:
Essas mulheres estavam admiradas com a paisagem.
2.3 Classifica a oração destacada na frase «Ou mesmo a infortunada holandesa Alexandrine Tinne (1835-1869), que perdeu a vida no Saara», l. 7, (texto do Grupo II).
GRUPO III
Hoje em dia, é frequente entidades como câmaras municipais ou juntas de freguesia proporcionarem viagens ou excursões a pessoas idosas.
Num texto bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras, expõe as tuas ideias sobre a importância destas viagens para essas pessoas.
Sequência 1
Testes-modelo IAVE
Teste de avaliação
2
GRUPO I
A
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Apreciação crítica de livro
Ingredientes vitais
Ricardo Ribeiro
Breve História de Quase Tudo, de Bill Bryson
Tradução de Daniela Garcia
Lisboa: Quetzal Editores, 2003, 496 pp.
Os livros de ciência acessível a todos podem ser considerados um género próprio, apesar do lugar onde colocam a tal ciência ficar muito discutivelmente à mão de verdadeiramente «todos». Este tipo de obras surge com alguma frequência no nosso mercado, com balizas temáticas mais ou menos definidas. Um dos históricos, será Cosmos, de Carl Sagan, e, para completar o enquadramento, teremos em Ao Encontro de Espinosa, de António Damásio, um dos mais recentes casos.
É à luz desta categoria que deveremos observar Breve História de Quase Tudo, cuja primeira particularidade pode ser assinalada no percurso profissional e literário do seu autor, Bill Bryson. Basicamente desde sempre, Bryson escreveu sobre viagens. Os seus travelbooks1 são famosos, sobretudo no mundo anglo-saxónico, e a sua presente incursão no ramo da ciência terá surpreendido muita gente. Segundo as suas palavras, o desejo de escrever algo assim partiu dos seus pesadelos enquanto jovem aluno, obrigado a encarar a ciência com materiais de estudo pouco claros e extremamente aborrecidos. Vai daí, decidiu arranjar maneira de pintar todas essas cinzentas matérias com cores bem mais alegres, e aqui temos este Breve História de Quase Tudo.
E quando escolheu o título, não estava a brincar! Na realidade, ao longo das suas quase quinhentas páginas, uma infinidade de ciências é desdobrada perante o atónito olhar do leitor, que nem se apercebe da passagem de uma para outra. Geologia, paleontologia2, sismologia, antropologia, física quântica, química, farmacologia... um leitor apenas terá de escolher, porque qualquer ramo da ciência que lhe ocorra terá elevadas probabilidades de se encontrar representada neste extenso tratado.
A divisão dos capítulos não coincide obrigatoriamente com a transição entre estas áreas do saber; nem o ritmo adotado por Bryson o permitiria, tal é a velocidade com que muda de assunto. Não pense o leitor que por ação desta dinâmica as coisas são expostas de forma atabalhoada e superficial. Bom, superficial talvez, que afinal de contas este livro é sobre quase tudo, mas há aqui margem para vários conceitos, e não poderá mesmo assim ser de ânimo leve que se classificará o texto de superficial.
Uma das características da escrita do autor é o humor despretensioso com que se exprime. Por incrível que possa parecer, quem lê este livro pode dar consigo mesmo a rir literalmente à gargalhada, perante as situações narradas, mas, sobretudo, pela forma como estas são descritas por Bryson. (…)
Quanto à edição portuguesa da Quetzal Editores, há que se lhe tirar o chapéu: «plasticamente» muito agradável, é enriquecida por um excelente trabalho de tradução assinado por Daniela Garcia.
http://criticanarede.com/lds_histquase.html (Consultado em 18-11-2014)
Vocabulário
1 livros de viagens; 2 ciência que estuda os fósseis
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
Teste de avaliação 1 | Sequência 1
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Identifica, justificando, o tema dominante no texto.
2. Divide-o em três partes lógicas, justificando.
3. Apresenta uma justificação plausível e adequada ao sentido geral do texto para o uso do sinal de pontuação com que termina a frase «E quando escolheu o título, não estava a brincar!», l. 13.
4. O texto apresenta pelo menos uma característica do livro que pode ser alvo de crítica e duas que são obviamente positivas. Justifica esta afirmação, com base em elementos textuais pertinentes.
B
A edição de livros de divulgação científica tem em Portugal uma expressão e tradição notáveis. Existe mesmo uma coleção, «Ciência aberta»,da responsabilidade da editora Gradiva, que é escolhida até por autores estrangeiros para lançamento mundial de obras suas. Entre muitos outros títulos, nesta coleção foi editado o famoso Cosmos de Carl Sagan, que deu origem a uma conhecida série televisiva e ao filme Contacto, com Jodie Foster.
Escreve um texto no qual indiques justificadamente se, na tua opinião, é preferível ler um livro ou ver uma série televisiva ou um filme nele baseado.
O teu texto deve ter entre 120 e 150 palavras.
GRUPO II
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.
Artigo de divulgação científica
Planeta para ET1
Há lugares na Terra cujas condições, verdadeiramente extremas, não ficam atrás das que reinam em certas luas e planetas, e onde prosperam criaturas que proporcionam pistas sobre como poderá ser a vida extraterrestre.
Na cada vez mais febril procura de planetas habitáveis noutros mundos, dentro e fora do nosso Sistema Solar, os astrobiólogos descobriram que não é preciso mergulhar nos lagos de metano de Titã (uma das luas da Saturno), perfurar rochas marcianas ou submergir sob a espessa camada de gelo de Europa (satélite de Júpiter) para encontrar vida extraterrestre ou imaginar como poderá ser. No segundo caso, existem no nosso próprio planeta recantos que abrigam micro-organismos tão espantosamente resistentes, obstinados2 e adaptáveis a ambientes extremos como os que poderiam habitar outros mundos.
Enquanto se espera que a tecnologia, a vontade política e o dinheiro permitam o ideal, que seria viajar diretamente para esses sítios longínquos em busca de vestígios de vida, cientistas como Chris McKay, astrobiólogo do Centro de Investigação Ames da NASA, na Califórnia, estudam cenários terrestres que mantêm certas semelhanças com alguns planetas e satélites vizinhos. O objetivo é procurar reconhecer indícios de vida em ambientes que podem ser considerados incompatíveis com ela, tal como a conhecemos. Obtém-se, assim, um profundo conhecimento da enorme diversidade metabólica3 terrestre, fundamental para as missões interplanetárias já em curso, como a da Curiosity em Marte, planeta onde o veículo robótico da NASA chegou em agosto de 2012. Com efeito, o rover4, verdadeiro laboratório com rodas, procura indícios de vida no planeta vermelho. Os dados recolhidos pelos investigadores na Terra poderão revelar-se fundamentais para o Curiosity poder explorar onde interessa e o que interessa. Estão em jogo interrogações sobre o que é a vida, como podemos defini-la, quais os requisitos para poder existir, e quais os limites que a inibem (temperatura, salinidade, acidez…).	 (continua)
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
-
30
-
-
-
-
35
-
-
-
A formação da crosta terrestre, dos oceanos e da atmosfera são processos que ainda não compreendemos bem. Sabe-se que, há cerca de 3500 milhões de anos, época em que os investigadores situam a origem da vida, a Terra era um lugar muito mais quente do que hoje: a temperatura à superfície oscilava entre os 55 e os 85 graus Celsius, precisamente o nível em que prosperavam muitos extremófilos, os micro-organismos que vivem em condições extremas. Naquela época, a nossa casa poderia ser definida como uma concentração em constante transformação, embora inerte, de rochas, gases e água. Nesse caso, como foi possível surgir vida da não-vida?
A resposta poderia residir na química, nomeadamente no estudo dos compostos que contêm ferro e enxofre.
Em laboratório, minerais como a pirite, que possui estes dois elementos, produziram reações químicas que serviram de base a uma hipótese sobre a origem da vida: o ferro e o enxofre poderiam ter desempenhado um papel importante na formação de aminoácidos, as substâncias químicas orgânicas que constituem os componentes fundamentais das proteínas, as quais formam as células de animais e vegetais. (…)
Nestas páginas, visitamos alguns dos sítios mais extremos do nosso planeta, lugares onde McKay e outros especialistas procuram as chaves para o aparecimento da vida. Talvez nos ajudem a encontrá-la não muito longe daqui.
Revista Superinteressante, n.º 197, setembro de 2014, p. 76.
(Texto adaptado, com supressões)
Vocabulário e notas
1 extraterrestres; 2 teimosos; 3 variedade de transformações químicas em seres vivos; 4 veículo apropriado para andar em superfícies irregulares
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1 A frase que melhor sintetiza o conteúdo dos dois primeiros parágrafos é 
(A) Não é necessário explorar outros planetas para descobrir marcas de vida típica de ambientes de naturezaextraterrestre.
(B) É necessário explorar outros planetas para descobrir marcas de vida típica de ambientes de natureza extraterrestre.
(C) Os astrobiólogos estão convencidos de que é muito importante visitar outros planetas para descobrir pistas do que poderá ser a vida extraterrestre.
(D) Os astrobiólogos descobriram na terra micro-organismos de natureza idêntica aos que poderão existir noutros planetas.
1.2 A consecução do objetivo apresentado no terceiro parágrafo depende
(A) da aplicação de dois fatores.
(B) da aplicação de três fatores.
(C) do conhecimento de duas características.
(D) do conhecimento de três características.
1.3 O planeta Terra é apresentado, no quarto parágrafo, através de uma
(A) hipérbole.
(B) comparação.
(C) metáfora.
(D) personificação.
1.4 O quinto parágrafo refere um processo no qual os aminoácidos
(A) não desempenham qualquer papel.
(B) desempenham um papel inicial.
(C) desempenham um papel intermédio.
(D) desempenham um papel final.
Teste-modelo IAVE 
Teste de avaliação 2 | Sequência 1
1.5 A prova de que este texto funciona como introdução a um texto mais extenso encontra-se
(A) no primeiro parágrafo.
(B) no terceiro parágrafo.
(C) no quinto parágrafo.
(D) no último parágrafo.
2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.
2.1 Indica o processo morfológico de formação de palavras presente na criação do neologismo «astrobiólogos», l. 5.
2.2 Indica a função sintática da expressão destacada na frase «precisamente o nível em que prosperavam muitos extremófilos», l. 25.
2.3 Classifica a oração destacada na frase «Em laboratório, minerais como a pirite, que possui estes dois elementos, produziram reações químicas», l. 31.
GRUPO III
Escreve um texto bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras, no qual aprecies criticamente um livro ou um filme que te tenha marcado especialmente.
Sequência 2
Testes-modelo IAVE
Teste de avaliação
1
GRUPO I
A
Lê o poema seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.
Cantigas de amigo
Cantiga de romaria
Fui eu, madr’, en romaria a Faro con meu amigo
e venho del namorada por quanto falou comigo,
ca1 mi jurou que morria
por mi, tal bem mi queria
Leda2 venho da ermida3 e desta vez leda serei,
ca falei com meu amigo que sempre muito desejei,
ca mi jurou que morria
por mi, tal bem mi queria
Du m’eu vi4 com meu amigo, vin leda, se Deus mi perdon,
ca nunca lhi cuid’ a mentir por quanto m’ele disse’ enton,5
ca mi jurou que morria
por mi, tal bem mi queria
Joan de Requeixo, in Poemas portugueses – Antologia da poesia portuguesa do século XIII ao século XXI,
Porto, Porto Editora, 2009, p. 149.
Vocabulário e notas
1 porque; 2 alegre, feliz; 3 pequena igreja; 4 enquanto vinha; 5 v. 10: porque estou certa de que me não
mentiu em tudo o que me disse.
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Explicita, justificando, a relação entre o sujeito poético e a sua mãe.
2. Indica as causas do estado psicológico do sujeito poético, apresentando pelo menos três, uma relativa a cada estrofe.
3. Tem em atenção o refrão. Explica em que consiste a sua expressividade literária.
4. Apesar da existência de marcas paralelísticas como, entre outras, o refrão, esta cantiga não é um exemplo de paralelis-mo perfeito. Justifica esta afirmação.-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
B
A variedade do sentimento amoroso é uma característica da expressão do amor nas cantigas de amigo.
Escreve um texto no qual comproves esta afirmação com base na tua experiência de leitura.
O teu texto deve ter entre 120 e 150 palavras.
GRUPO II
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.
Homens e mulheres da Idade Média, livro coletivo organizado pelo historiador francês Jacques Le Goff, retrata a época em questão como um tempo «muito mais positivo e mais progressista do que se pensou», nas palavras do próprio Le Goff, que já se debruçara em diversas outras obras sobre esse tema que tanto o fascina. O livro apresenta um panorama com 112 de seus personagens mais notórios, cujos perfis traçados por Le Goff e equipa não se limitam a resumir a vida e a exaltar os feitos dos retratados, mas mostrá-los como testemunhas da época em que viveram, o que permite novos olhares sobre a História dita oficial, aquela muitas vezes propagada de forma simplista ou reducionista1, quando não equivocada, nos livros didáticos2. Cristóvão Colombo, por exemplo, embora fosse um homem tipicamente medieval, «teria ficado muito surpreso que se fizesse dele um inventor da modernidade», como o livro o considera.
É na Idade Média que, talvez pela primeira vez, se verifica um certo equilíbrio entre homens e mulheres nas suas dimensões históricas. O que se deve, em grande parte, à mudança de estatuto da figura feminina na perspetiva da Igreja – a santidade. As mulheres puderam, enfim, tornar-se monjas, desempenhando papel decisivo na espiritualidade da época, nomeadamente no culto à Virgem Maria.
Outro foco bem evidenciado é o dinamismo artístico do período, materializado3, sobretudo, na produção musical (vocal e instrumental), na pintura e na arquitetura religiosa – embora grande parte daqueles que fizeram da época o «tempo das catedrais» tenham os seus nomes ignorados pela História.
Homens e mulheres da Idade Média está dividido em cinco partes. A primeira abarca o período entre a Antiguidade tardia e a alta Idade Média, cujo personagem central é Carlos Magno, sagrado imperador pelo papa e que assume a missão de submeter os bárbaros à civilização romana. A morte de Carlos Magno é o que principia a segunda parte, que vai até ao ano 1000, momento em que se afirma a cristandade. A terceira aborda a fase mais luminosa da Idade Média, não por acaso intitulada na obra como «o apogeu medieval», quando as cidades aceleraram o desenvolvimento urbano, e as universidades cresciam com a participação dos teólogos4. A quarta parte é intitulada «Perturbações e mutações», e trata do período de transição rumo ao Renascimento, quando se multiplicam as revoltas campesinas conhecidas por jacqueries, e também algumas movimentações que, de certa forma, anunciam a Reforma protestante vindoura. Para encerrar, há o capítulo sobre «Personagens imaginários», em que são evocadas figuras míticas como a da Virgem Maria, a do rei Arthur, a de Robin Hood e a de Satanás. Le Goff justifica a inclusão destas personagens – «Numa sociedade o imaginário tem seguramente tanta importância e eficácia quanto as condições reais da vida e do pensamento».
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=42197466
(Texto adaptado, consultado em 26-10-2014)
Vocabulário e notas
1 simplificada em excesso; 2 livros destinados ao ensino básico, manuais escolares; 3 concretizado; 4 especialistas em teologia, a ciência ou
estudo que se ocupa de Deus, da sua natureza e seus atributos e das suas relações com o homem e com o universo
Teste de avaliação 1 | Sequência 2
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
-
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1 Este texto apresenta o livro Homens e mulheres da Idade Média, coordenado por Jacques Le Goff,
(A) de forma tendencialmente objetiva.
(B) de forma tendencialmente subjetiva.
(C) equilibrando objetividade e subjetividade.
(D) dando maior ênfase à subjetividade.
1.2 O livro apresenta a Idade Média partindo
(A) de resumos da vida de 112 personagens importantes nesse período histórico.
(B) da exaltação de grandes feitos dessas personagens.
(C) da condição de observadores do seu tempo dessas personagens.
(D) da crítica aos «livros didáticos», l. 8.
1.3 A «arquitetura religiosa», l. 15, é uma das marcas mais importantes da Idade Média, «o ‘tempo das catedrais’», l. 16. Contudo, segundo o texto,
(A) a produção artística também foi muito importante.
(B) a música «vocal e instrumental», l. 15, teve grande desenvolvimento também.
(C) desconhecem-se os nomes dos arquitetos responsáveis por essas construções.
(D) ignoram-se os nomes dos trabalhadores que construíram esses edifícios.
1.4 A terceira das fases em que o livro divide a Idade Média é apresentada através de
(A) uma hipérbole.
(B) uma metáfora.
(C) uma anáfora.
(D) uma comparação.
1.5 O último capítulo do livro Homens e mulheres da Idade Média distingue-se dos outros devido a
(A) ter uma extensão bastante superior à média.
(B) abordar um tema de natureza diferente dos outros.
(C) tratar do tema do imaginário da sociedade medieval.
(D) ser importante o tratamento do tema do imaginário das sociedades em geral.
2. Responde, de forma correta aos itens apresentados.
2.1 Indica o processo fonológico de alteração que se verifica na evolução da palavra latina amicu- para a palavra portuguesa «amigo», v. 1, (texto do Grupo I).
2.2 Indica a função sintática desempenhada pelo pronome pessoal átono existente na frase «que já se debruçara em diversas outras obras sobre esse tema que tanto o fascina.», ll. 3-4, (texto do Grupo II).
2.3 Classifica a oração subordinada presente na frase «A quarta parte (…) trata do período de transição rumo ao Renascimento, quando se multiplicam as revoltas campesinas», ll. 23-24, (texto do Grupo II).
GRUPO III
Escreve um texto cuja função seja apreciar criticamente um livro recentemente lido ou um filme visto há pouco tempo.
O teu texto deve ter um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras.
Teste-modelo IAVE 
Sequência 2
2
Teste de avaliação
Teste de avaliação 1 | Sequência 1
2
GRUPO I
A
Lê o poema seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.
Cantigas de amor
Quantos an1 gran coita d’amor
eno mundo, qual oj’ eu ei2,
querrian morrer, eu o sei,
e haverian en sabor. 3
Mais4 mentr’eu5 vos vir, mia senhor,
sempre m’eu querria viver,
e atender6 e atender!
Pero7 já non posso guarir8,
ca já cegam os olhos meus
por vós, e non me val’ i9 Deus
nem vós; mais por vos non mentir,
enquant’ eu vos, mia senhor, vir,
sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
E tenho que fazem mal sem10
quantos d’amor coitados son
de querer sa morte, se non
houveron nunca d’amor ben,
com’eu faço11. E, senhor, por en12
sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
Joan Garcia de Guilhade, in Poemas portugueses – Antologia da poesia portuguesa do século XIII
ao século XXI, Porto, Porto Editora, 2009, pp. 63-64.
Vocabulário e notas
1 têm; 2 tenho; 3 v. 4: teriam nisso prazer; 4 mas; 5 enquanto eu; 6 esperar; 7 mas; 8 curar-me; 9 nisso;
10 v. 15: entendo que ajuízam mal; 11 como me acontece a mim; 12 por isso
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Identifica, justificando, o sentimento que o sujeito poético expressa nos vv. 1-2.
2. Explicita a relação existente entre o sujeito poético e os outros na mesma situação.
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
3. Identifica, justificando, o recurso expressivo presente no v. 9.
4. Tem em atenção as repetições constantes do refrão. Refere, justificando, a sua expressividade literária.
B
A coita amorosa é uma característica fundamental da expressão do amor nas cantigas de amor.
Escreve um texto no qual comproves esta afirmação com base na tua experiência de leitura.
O teu texto deve ter entre 120 e 150 palavras.
GRUPOII
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário.
Os jograis
Os jograis são uma das mais importantes instituições da Idade Média, porque são eles quem conserva e vulgariza1 a cultura da palavra num tempo em que o livro era um objeto tão precioso como uma joia cara. Através dele se comunicam entre si os diversos grupos sociais com os seus valores; as diferentes regiões culturais do mundo com as suas criações próprias. Eles transmitem o repertório folclórico internacional, assim como as invenções que o vão enriquecendo. Além disso, é por via deles que passam à cultura oral muitas criações registadas em livros. São os intermediários culturais por excelência (…).
O camponês, o burguês, o senhor, ou nas feiras e romarias, ou nos festins e banquetes, ao ar livre ou em salões, até mesmo nas naves das igrejas, entretinham-se a ver o jogral que tocava, cantava e bailava, mostrava o macaco dançarino, executava malabarismos com facas ou maçãs, fazia trejeitos2 e paródias3 e por vezes recitava poemas ou relatava notícias de longínquas e extraordinárias terras. Se o sacerdote tinha o prestígio do saber e entendia os mágicos sinais que enegreciam os livros, o jogral despertava a imaginação com as suas estórias de países fantásticos ou de guerreiros invencíveis, com as suas canções, a desenvoltura4 de viajante sabedor e de aventureiro. Enquanto no clérigo se via um ministro de Deus, um guardião da porta do Céu, o jogral parecia um discípulo do Diabo, sem vergonha, sem eira nem beira, errante5. E a mulher que o acompanhava, dançarina ou cantadeira, não era também uma mulher como as outras: livre e devassa6, mostrava o corpo no bailado e nas acrobacias, e os seus cantares eram uma provocação ao jogo erótico.
Do ponto de vista eclesiástico, o jogral, parente do Diabo, só como agente do mal podia encontrar o seu lugar. Mas isso mesmo o tornava perigosamente sedutor. As suas estórias e cantares levavam a imaginação para um mundo livre bem longe das naves da igreja: para o luar, para as florestas na primavera, para as cidades de sonho, para as ilhas encantadas do mar desconhecido. Por isso, durante muito tempo a Igreja e os moralistas condenaram os jograis. Lembrava-se a frase de Santo Agostinho segundo a qual dar presentes aos jograis era o mesmo que dá-los ao Diabo. São Gregório Magno, Papa, num texto traduzido em Alcobaça, narrava complacentemente7 a morte desastrosa de um jogral em castigo de se ter intrometido numa festa religiosa.
Numa iluminura8 francesa do século XII, num manuscrito do Breviário de Amor, de Matfré de Armengaud, os jograis são representados como demónios à mesa de um festim, servindo os manjares e tocando trompa e violino. Algum rei mais piedoso os expulsou da sua corte. Afonso X, o Sábio, conta nas Cantigas de Santa Maria como um jogral que quis arremedar9 uma imagem da Virgem com o Menino nos braços foi logo castigado, ficando torto na boca e nos braços.
 (continua)
Teste-modelo IAVE 
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
-
30
-
-
Mas não era fácil dispensá-los. Os moralistas distinguiram subtilmente entre os bons e os maus jograis, e a
joglaria10 acabou por adquirir direitos de cidade na sociedade medieval.
António José Saraiva, A cultura em Portugal – teoria e história – Livro II – primeira época: a formação,
Lisboa, Livraria Bertrand, 1984, pp. 56-57.
Vocabulário
1 divulga; 2 gestos estranhos, cheios de comicidade; 3 brincadeiras imitativas de natureza cómica; 4 o à vontade; 5 viajante; 6 pecadora; 7 com
satisfação; 8 desenho, miniatura, grafismo que ornamenta livros, especialmente manuscritos medievais; 9 imitar de forma caricatural, distorcida,
zombeteira; 10 os jograis enquanto instituição
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1 A frase que melhor sintetiza o conteúdo do primeiro parágrafo é
(A) A função dos jograis na Idade Média consistia em substituir os livros.
(B) Durante a Idade Média, os jograis foram o principal veículo das trocas culturais.
(C) A função dos jograis na Idade Média consistia em transmitir informações que constavam dos livros.
(D) Durante a Idade Média, os jograis foram o principal veículo de divulgação dos livros.
1.2 O segundo parágrafo estrutura-se através de uma comparação entre
(A) as várias classes sociais e os eclesiásticos.
(B) as várias classes sociais e os jograis.
(C) os jograis e os eclesiásticos.
(D) Deus e o Diabo.
1.3 O conector «por isso», l. 21, refere-se a um facto
(A) enunciado antes, concretamente à capacidade de os jograis serem capazes de libertar as imagina-ções.
(B) enunciado depois, concretamente à condenação que a igreja lançava sobre os jograis.
(C) enunciado depois, concretamente às condenações que Santo Agostinho e São Gregório Magno lançaram sobre os jograis.
(D) enunciado antes, concretamente à capacidade de os jograis serem considerados parentes do Diabo.
1.4 O quarto parágrafo apresenta dois exemplos cuja função no texto é
(A) mostrar como a arte medieval representava os jograis.
(B) ilustrar informação anteriormente apresentada sobre os jograis.
(C) ilustrar informação posteriormente apresentada sobre os jograis.
(D) exemplificar uma visão negativa dos jograis na Idade Média.
Apesar de mal vistos, os jograis eram aceites na sociedade. Os «moralistas», l. 22, encontraram um modo
de os integrar porque
(A) admitiam a inexistência de maus jograis.
(B) não admitiam a existência de bons jograis.
(C) não admitiam a inexistência de maus jograis.
(D) admitiam a existência de bons jograis.
Teste de avaliação 2 | Sequência 2
2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.
2.1 Indica o processo fonológico que se verifica na evolução da palavra «eno», v. 2, para no (texto do Grupo I).
2.2 Indica a função sintática desempenhada pelo pronome pessoal átono existente na frase «dar presentes aos jograis era o mesmo que dá-los ao Diabo.», ll. 22-23, (texto do Grupo II).
2.3 Classifica a oração subordinada presente na frase «(…) entretinham-se a ver o jogral que tocava», l. 8, (texto do Grupo II).
GRUPO III
Escreve um texto cuja função seja apreciar criticamente uma série da TV que vejas frequentemente.
O teu texto deve ter um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras.
Teste-modelo IAVE 
Sequência 2
3
Teste de avaliação
Teste de avaliação 3 | Sequência 2
2
GRUPO I
A
Lê o poema seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Cantigas de escárnio e maldizer
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais1 ora2 quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via3;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia4!
Dona fea, se Deus mi pardom,
pois avedes [a] tam gram coraçom
que eu vos loe, em esta razom
vos quero já loar toda via;
e vedes qual sera a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei,
em que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
Joam Garcia de Guilhade, in A lírica galego-portuguesa, Lisboa,
Editorial Comunicação, 1983, p. 160.
(Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões
para análise literária de Elsa Gonçalves)
Vocabulário e notas
1 mas; 2 agora; 3 apesar de tudo; 4 tola
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Identifica o tema da cantiga.
2. Relaciona-a com o louvor da dama típico das cantigas de amor.
3. Identifica o recurso expressivo utilizado recorrentemente no decurso da cantiga – ao serviço da chacota. Justifica, apresentando pelo menos um exemplo.
4. Identifica estruturas paralelísticas cuja função é acentuar a sátira. Justifica a tua resposta.
B
As cantigas de escárnio e maldizer abordam um variado leque de alvos de sátira.
Escreve um texto que tenha entre 120 e 150 palavras no qual, apelando à tua experiência de leitura, comproves esta afirmação.
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
--
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
-
30
-
-
-
-
35
-
-
GRUPO II
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.
Medos medievais, medos de hoje: paralelismo legítimo?
Os homens e as mulheres que viviam há mil anos são nossos antepassados. Falavam uma língua parecida com a nossa e as suas conceções do mundo não andavam muito longe das nossas. Há portanto analogias1 entre as duas épocas, mas também diferenças e são estas diferenças que têm muito a ensinar-nos. Não são as semelhanças que vão impressionar-nos, é o que nos afasta que nos leva a interrogar-nos.
Mudamos porquê e em quê? E em que pode o passado trazer-nos confiança?
A nossa sociedade sente-se inquieta. O simples facto de ela se voltar resolutamente2 para a sua memória3 é
prova disso. Os franceses nunca comemoraram tanto. Todas as semanas se festeja aqui ou além o aniversário de qualquer coisa. Se nos agarramos assim à memória dos acontecimentos ou dos grandes homens da nossa história é também para recuperarmos a confiança. É portanto porque está oculta no fundo de nós uma inquietação, uma angústia.
A Idade Média está longe da nossa história e as informações são raras. Temos portanto que considerar a Idade Média no seu conjunto. Verificamos que esta sociedade foi tomada, entre o ano 1000 e o século XIII, por um progresso material fantástico, comparável ao que se desencadeou no século XVIII e ainda hoje prossegue. A produção agrícola multiplicou-se por cinco ou seis e, em dois séculos, a população das regiões que constituem a França atual triplicou. Este mundo mudava muito depressa. Acelerava-se a circulação dos homens e das coisas. Depois, nos meados de século XIV, entrou-se numa fase de quase estagnação que durou até meados do século XVIII. Assim, por exemplo, nenhum progresso notável se registou nos transportes entre o reinado de Filipe Augusto e o de Luís XVI, a duração do trajeto de Marselha a Paris mantém-se praticamente igual num período de cinco séculos.
Vemos também claramente a evolução das mentalidades. Num período de forte crescimento, como atualmente, os filhos não pensavam como os pais. Apesar de esta sociedade muito hierarquizada4 cultivar fundamentalmente o respeito pelos anciãos. Ora aí temos uma diferença em relação a hoje.
Todavia, não podemos responder a todas as perguntas que se fazem sobre a Idade Média. Para compararmos
o homem medieval e o homem de hoje nos seus temores é necessário abrir um pouco o campo a fim de recolher indicações, factos suficientes.
Temos também de tentar esquecer o que pensamos e meter-nos na pele dos homens de há oito ou dez séculos
para penetrarmos na civilização da Idade Média, tão diferente da nossa. Nesse tempo, ninguém duvidava que
houvesse outro mundo situado além das coisas visíveis. Impunha-se então uma evidência: os mortos continuavam a viver nesse outro mundo. E, à exceção das comunidades judaicas, toda a gente estava convencida de que Deus tinha encarnado5. (…)
Tudo o que parecesse um desregramento6 da natureza era considerado sinal anunciador das atribulações7 que
haviam de preceder o fim do mundo. Tomo um exemplo: toda a gente pensava que, segundo a vontade divina, o curso dos astros é regular. O aparecimento de um cometa, isto é, de uma irregularidade, suscitava inquietação.
Georges Duby, Ano 1000 ano 2000 – no rasto dos nossos medos, Lisboa,
Teorema, 1997, pp. 13-18. (Texto adaptado)
Vocabulário e notas
1 semelhanças; 2 corajosamente; 3 para a lembrança, através de comemorações, de momentos ou personagens importantes da história;
4 sociedade dividida em estratos segundo a importância de cada um, fundamentalmente clero, nobreza e povo; 5 Deus tinha vindo ao mundo,
fazendo-se homem na pessoa de Jesus Cristo; 6 algo invulgar; 7 sofrimentos
Teste-modelo IAVE 
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1 Pode dizer-se que a função deste texto é
(A) fazer uma apreciação crítica sobre a mentalidade medieval.
(B) convencer da inferioridade da mentalidade medieval comparada com a nossa.
(C) expor modos de viver e de pensar do homem medieval.
(D) narrar os medos do homem medieval.
1.2 A frase que melhor sintetiza o primeiro parágrafo é
(A) As nossas sociedades podem aprender conhecendo principalmente o que há de comum entre elas e a sociedade medieval.
(B) As nossas sociedades podem aprender conhecendo o que há de diferente entre elas e a sociedade medieval.
(C) As nossas sociedades podem aprender conhecendo o que há de comum e de diferente entre elas e a sociedade medieval.
(D) As nossas sociedades podem aprender conhecendo principalmente o que há de diferente entre elas e a sociedade medieval.
1.3 O «progresso material», l. 16, registado na Idade Média, a partir do ano 1000,
(A) não é comparável ao dos nossos tempos.
(B) é comparável ao dos nossos tempos.
(C) não é comparável ao que se iniciou no século XVIII.
(D) foi de curtíssima duração.
1.4 No que respeita às relações familiares, uma grande diferença entre o nosso tempo e a Idade Média do tempo do progresso material – séculos XI a XIV – reside
(A) no modo como olhamos para os idosos.
(B) no modo como os filhos se relacionam com os pais.
(C) no modo como os idosos eram tratados nesse tempo.
(D) no modo como os pais se relacionavam com os filhos.
1.5 O homem medieval via em determinados fenómenos físicos, para ele incompreensíveis,
(A) um sinal de Deus.
(B) um sinal de desgraça.
(C) um aviso de desgraça próxima.
(D) um sinal de que se aproximava o fim do mundo.
Teste de avaliação 3 | Sequência 2
2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.
2.1 Indica, justificando, o processo fonológico que se verifica na evolução da palavra do português antigo «fea», v. 1, para feia, no português contemporâneo (texto do Grupo I).
2.2 Indica a função sintática das palavras destacadas na frase «está oculta no fundo de nós uma inquietação», ll. 12-13, (texto do Grupo II).
2.3 Classifica a oração subordinada presente em «Nesse tempo, ninguém duvidava que houvesse outro mundo», ll. 30-31, (texto do Grupo II).
GRUPO III
Escreve um texto de natureza expositiva no qual apresentes, justificando, pelo menos três problemas que consideres dos mais graves do mundo atual.
O teu texto deve ter entre 200 e 300 palavras.
Teste-modelo IAVE 
Sequência 3
1
Teste de avaliação
Teste de avaliação 1 | Sequência 3
2
GRUPO I
A
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados a seguir ao texto.
De triinta e oito portas que há na cidade, as doze eram todo o dia abertas, encomendadas1 a boõs homees
d’armas que tiinham cuidado de as guardar; pelas quaes neũa pessoa, que muito conhecida nom fosse2, havia d’entrar nem sair, sem primeiro saber em certo por que razom ia ou viinha; e ali atravessavom paos com tavoado pera dormir os que tal cuidado tiinham3, por de noite serem deles acompanhadas4, e neuũ malicioso seer atrevido de cometer neuũ erro.
E dalgũas portas tinham certas pessoas de noite as chaves, por razom dos batees5 que taes horas iam e viinham d’aalem6 com trigo e outros mantimentos, segundo leedes7 em seu logar; outras chaves apanhava uũ homem cada noite de que o Meestre muito fiava, e veendo primeiro como as portas ficavom fechadas, lhas levava todas aos Paaços onde pousava8. Acerca da9 porta de Santa Catarina da parte do arreal10 per onde mais acostumavom sair aa escaramuça, estava sempre uma casa prestes11, com camas e ovos e estopas12, e triaga13, e outras necessárias cousas pera pensamento14 dos feridos quando tornavom15 das escaramuças.
Na ribeira havia feitas duas grandes e fortes estacadas16 de grossos e valentes paos, que o Meestre mandara
fazer ante que el-Rei de Castela veesse, por defender17 o combato da ribeira; e eram feitas des onde18 o mar mais longe espraia ataa19 terra junto com a cidade. E ũa foi caminho de Santos, a fundo da torre de atalaia contra aquela parte20, onde entendeo que el-Rei poeria seu arreal21; outra fezerom no outrocabo da cidade junto com o muro dos fornos da cal contra o moesteiro de Santa Clara. (…)
Nom leixavom os da cidade, por serem assi cercados, de fazer a barvacãa22 d’arredor do muro da parte do arreal, des a porta de Santa Caterina, ataa torre d’ Alvoro Paaez, que nom era ainda feita, que seeriam dous tiros de besta23; e as moças sem neuũ medo, apanhando pedra pelas herdades, cantavom altas vozes24 dizendo:
Esta é Lixboa prezada,
mirá-la e leixá-la25.
Se quiserdes carneiro26,
qual derom ao Andeiro26;
se quiserdes cabrito27,
qual deram ao Bispo27,
e outras razões semelhantes. (…)
 (continua)
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
-
-
-
As outras cousas que pertenciam ao regimento28 da cidade, todas eram postas em boa e igual ordenança; i nom havia neuũ que com outro alevantasse arroido29 nem lhe empecesse per talentosos excessos30, mas todos usavom d’amigavel concordia, acompanhada de proveito comuũ.
Fernão Lopes, Crónica de D. João I, «Capítulo 115», (Textos escolhidos), Lisboa, Seara Nova / Comunicação, 1980, pp. 173-175.
(Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de Teresa Amado)
Vocabulário e notas
1 entregues, confiadas; 2 exceto se fosse muito conhecida; 3 os que estavam encarregados das portas construíram uma espécie de casas onde podiam dormir, junto às portas; 4 para de noite as portas se manterem sob a sua vigia; 5 barcos; 6 do margem sul do rio Tejo; 7 conforme lestes; 8 onde o Mestre de Avis vivia; 9 perto da; 10 arraial, acampamento; 11 pronta; 12 usados para fazer curativos; 13 medicamento; 14 curativo; 15 regressavam; 16 espaços defendidos por estacas; 17 para defender; 18 desde onde; 19 até; 20 perto de Santos; 21 onde o Mestre de Avis entendeu que o rei de Castela estabeleceria o seu acampamento; 22 os da cidade, apesar de cercados, continuavam a construir uma parte da muralha (barbacã) ainda não terminada; 23 seria este o comprimento da muralha em construção: a distância que percorre, em duplicado, a flecha arremessada de uma besta, tipo de arco; 24 cantavam em voz alta, de modo a serem ouvidas pelos castelhanos; 25 olhá-la e ir embora; 26 referência ao assassinato do Conde Andeiro, partidário da rainha Dona Leonor e do rei de Castela, morto pelo Mestre de Avis; 27 referência ao assassinato do Bispo de Lisboa, pela população enfurecida, convencida de que ele seria partidário do rei de Castela; 28 governo, organização; 29 provocasse desacatos; 30 nem lhe causasse dano por atos intencionalmente desordeiros
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Indica as várias precauções tomadas relativamente às portas da cidade cercada abertas durante o dia.
2. Elabora uma caracterização do Mestre de Avis com base nos elementos textuais pertinentes.
3. Tem em atenção a letra da cantiga que cantavam as «moças» de Lisboa, e identifica os seus destinatários externos e internos, justificando.
4. Identifica a personagem coletiva referida na globalidade do texto, justificando.
B
A afirmação da consciência coletiva do povo de Lisboa durante o cerco é uma característica com a qual o leitor da Crónica de D. João I se depara frequentemente.
Escreve um texto no qual comproves esta afirmação com base na tua experiência de leitura.
O teu texto deve ter entre 120 e 150 palavras.
Teste-modelo IAVE 
GRUPO II
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Na Crónica de D. João I a narrativa apoia-se em dois tipos de personagens: os grupos e os indivíduos. Entre os primeiros, encontramos: as populações civis, em que se avantaja a de Lisboa, seguida das de várias outras cidades e vilas, e faz sentir a sua presença a «arraia meúda»1 não necessariamente localizada; e os grupos militares, seja os exércitos portugueses (nas quatro grandes batalhas) e castelhanos (sempre numerosíssimos), seja os pequenos contingentes que saem a tomar um castelo, pôr cerco a uma vila, realizar uma pilhagem para reabastecimento, ou simplesmente fazer negaças ao inimigo do outro lado da fronteira. Entre os segundos, destacam-se a grande distância dos outros, pela importância que assumem na ação e pela minuciosa caracterização, D. João I, Nun’Álvares e D. Leonor.
As cenas em que são protagonistas os populares caracterizam-se em geral pelo movimento, rápido, precipitado mesmo, como precipitados são os seus atos, não gastando muito tempo a ponderar razões. Nos poucos casos em que há diálogo, é sob a forma de vozes, nem sempre identificadas, que se isolam da multidão, representando-a face a um interlocutor externo, ou dirigindo-se aos próprios companheiros. Ocorre, raramente e quando em situações de oposição aos burgueses ou aos nobres, que se assista a uma tirada relativamente longa, ameaçando ou anunciando a decisão duma passagem à ação. Mas mais normalmente as falas são curtas, incitando a uma ação violenta ou à vigilância, insultando um traidor, proclamando fidelidade a um senhor, pedindo favores ao Mestre ou ao rei. Não é um discurso refletido. (…)
[D. João I] surge-nos como chefe militar sem prestígio, traído pelos que supõe seus mais dedicados, desobedecido pelas suas tropas, escarnecido pelos habitantes dos castelos2 que interminavelmente cerca com a mais estrondosa ineficácia, posto em xeque por pactos vexatórios3 que nada o obrigava a aceitar, sempre apanhado desprevenido por toda a espécie de obstáculos, naturais ou outros. Apesar disso, é querido e seguido por muitos. No episódio do cerco de Coira, uma conversa entre o rei e alguns cavaleiros traduz claramente a sua inépcia como chefe, mas revela também a relação de boa amizade que o une aos seus (cap. 76, 2.ª Parte): porque sabe rir e sorrir, porque conhece o prazer de passar um serão «em sabor» com os seus homens, porque ouve igualmente conselhos e censuras, porque reconhece fraquezas, porque é sensível a pedidos e fiel à palavra dada, porque procura que reine a concórdia à sua volta, porque é capaz de levar a amizade até ao sacrifício.
Fernão Lopes, Crónica de D. João I (Textos escolhidos), Lisboa, Seara Nova / Comunicação, 1980, pp. 38, 39 e 46.
(Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de Teresa Amado)
Vocabulário
1 o povo; 2 castelos de localidades que tomaram o partido do rei de Castela; 3 acordos vergonhosos
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
1.1 O primeiro parágrafo do texto está assente numa lógica de progressão textual que caracteriza
(A) em primeiro lugar, as personagens individuais e seguidamente as coletivas.
(B) em primeiro lugar, as personagens coletivas e depois as individuais, exemplificando pela mesma ordem.
(C) em primeiro lugar, as personagens individuais e depois as coletivas, exemplificando pela ordem inversa.
(D) em primeiro lugar, as personagens individuais e depois as coletivas.
1.2 No segundo parágrafo, explicita-se a relação entre
(A) as palavras que saem da multidão e os atos desta.
(B) as ações da multidão e as palavras de quem a dirige.
(C) as palavras que saem da multidão e os objetivos desta.
(D) as ações da multidão e as palavras de oposição aos nobres e burgueses.
1
Teste de avaliação 1 | Sequência 3
2
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
1.3 A visão de D. João caracteriza-se
(A) por um acumular de características positivas.
(B) por um acumular de características negativas.
(C) pelo equilíbrio entre características positivas e negativas.
(D) pelo predomínio das características negativas sobre as positivas.
1.4 O «episódio do cerco de Coira», l. 20,
(A) tem como função exemplificar informação que é apresentada posteriormente.
(B) é um exemplo relativo às qualidades de D. João I.
(C) exemplifica um defeito de D. João I.
(D) acentua alguns dos defeitos de D. João I.
1.5 A sequência de várias orações subordinadas adverbiais causais presente no final do texto, entre as ll. 22-25, tem como função
(A) realçar a camaradagem entreD. João I e os seus soldados e cavaleiros.
(B) comprovar que D. João I não tinha somente defeitos.
(C) chamar a atenção para as qualidades humanas e de chefia de D. João I.
(D) ilustrar as suas capacidades militares.
2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.
2.1 Indica o processo fonológico presente na evolução da palavra do português antigo «batees», l. 6, para batéis, no português moderno (texto do Grupo I).
2.2 Indica a função sintática desempenhada por «D. João I, Nun’Álvares e D. Leonor.», l. 8, (texto do Grupo II).
2.3 Classifica a segunda oração coordenada presente em «ameaçando ou anunciando a decisão duma passagem à ação.», l. 14, (texto do Grupo II).
GRUPO III
Escreve um texto expositivo no qual apresentes o contexto histórico em que ocorreu o cerco de Lisboa narrado por Fernão Lopes na Crónica de D. João I.
O teu texto deve ter um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras.
Teste-modelo IAVE 
Sequência 3
2
Teste de avaliação
Teste de avaliação 2 | Sequência 3
2
GRUPO I
A
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Toda a cidade era dada a nojo1, cheia de mezquinhas querelas2, sem neuũ prazer que i houvesse: uũs com
gram mingua do que padeciam; outros havendo doo3 dos atribulados4; e isto nom sem razom, ca se é triste e
mezquinho o coraçom cuidoso5 nas cousas contrairas6 que lhe aviinr podem7, veede que fariam aqueles que as continuadamente tão presentes tiinham?
Pero com todo esto, quando repicavom, nenhuũ non mostrava que era faminto, mas forte e rijo contra seus emigos. Esforçavom-se uũs por consolar os outros, por dar remédio a seu grande nojo, mas nom prestava conforto de palavras nem podia tal door seer amansada com neũas doces razões; e assi como é natural cousa a mão ir ameúde onde se a door, assim uũs homees falando com outros, nom podiam em aI departir senom em na mingua que cada uũ padecia. Ó quantas vezes encomendavom nas missas e preegações que rogassem a Deos devotamente por o estado da cidade! E ficados os geolhos, beijando a terra, braadavam a Deos que lhes acorresse, e suas prezes nom eram compridas! Uũs choravam antre si, mal-dizendo seus dias, queixando-se por que tanto viviam, como se dissessem com o Profeta: «Ora veesse a morte ante do tempo, e a terra cobrisse nossas faces, pera nom veermos tantos males!» Assi que rogavam a morte que os levasse, dizendo que melhor lhe fora morrer que lhe serem cada dia renovados desvairados padecimentos. Outros se querelavom a seus amigos, dizendo que foram desventuirada gente, que se ante nom deram a el-rei de Castela que cada dia padecer novas mizquiindades, firmando-se de todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar.
Sabia porém isto o Mestre e os de seu Conselho, e eram-lhe doorosas d’ouvir estas novas; e veendo estes males a que acorrer nom podiam, çarravom suas orelhas do rumor do poboo.
Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer alguũs homees e molheres, que tanta diferença há d’ ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom, como há da vida aa morte? Os padres e madres viiam estalar de fame os filhos que muito amavom, rompiam as faces e peitos sobr’eles, nom teendo com que lhe acorrer, senom planto e espargimento de lagrimas. e sobre todo isto, medo grande da cruel vingança que entendiam que el-Rei de Castela deles havia de tomar; assi que eles padeciam duas grandes guerras, ũa dos emigos que os cercados tiinham, e outra dos mantiimentos que lhes minguavom, de guisa que eram postos em cuidado de se defender da morte per duas guisas.
Fernão Lopes, Crónica de D. João I (Textos escolhidos), Lisboa, Seara Nova / Comunicação, 1980, pp. 197-198.
(Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de Teresa Amado)
Vocabulário
1 estava cheia de tristeza; 2 questões frequentes por tudo e por nada; 3 pena; 4 os que sofriam mais; 5 preocupado, sofredor; 6 com as coisas adversas; 7 que podem suceder de vez em quando
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. A cidade é apresentada como um ator coletivo. Justifica esta afirmação transcrevendo pelo menos dois exemplos pertinentes.
2. Explica por que razão havia pessoas na cidade cercada que desejavam a morte.
3. Explicita e justifica as reações do Mestre de Avis e de outros responsáveis pela defesa da cidade aos lamentos dos habitantes cercados.
-
-
-
-
5
-
-
-
-
10
-
-
-
-
15
-
-
-
-
20
-
-
-
-
25
-
4. Identifica, justificando, o recurso expressivo presente em «padeciam duas grandes guerras», ll. 23-24, tendo em consideração o sentido geral do parágrafo em que ocorre a frase.
B
Escreve um texto que tenha entre 120 e 150 palavras no qual apresentes as linhas gerais do contexto histórico em que decorre o cerco da cidade de Lisboa pelo exército castelhano.
GRUPO II
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário.
Breve história da cidade proibida
Durante cinco séculos, o Palácio de Pequim foi a residência oficial dos imperadores da China e o centro do seu poder. O lugar sempre fascinou pelas suas dimensões, pelo seu aspeto secreto e, para os privilegiados que a ele tinham acesso, pela magnificência dos seus edifícios e o luxo dos seus aposentos. (…)
O palácio inscreve-se numa longa tradição de residências imperiais que se sucedem ao longo de vários milénios. Inúmeros elementos fazem dele o centro cosmológico1 do mundo. Assim, a cor vermelha era a cor imaginada da Estrela Polar, único ponto fixo no céu da cosmografia2 chinesa. O próprio palácio era comummente designado por esse epíteto: Cidade Púrpura Proibida. Diversos elementos, simultaneamente simbólicos e decorativos, pontuam o conjunto do complexo. Um leão e uma leoa de bronze guardam as portas. Abrigo para uma medida de cereal, quadrante solar, animais emblemáticos (como a tartaruga) sublinham as funções religiosas e judiciais do monarca.
Vários templos estão espalhados por toda a extensão do palácio. O serviço religioso era desempenhado por clérigos específicos e apenas uma parte dos habitantes do palácio os frequentava. (…)
O palácio está dividido em duas partes: o átrio exterior, consagrado a vida cerimonial e, nas traseiras, o átrio interior, para utilização do imperador e sua família. Pátios sucessivos – alguns de grandes dimensões – e passagens ao ar livre entre longos muros delimitam os espaços de área variável, com afetações3 precisas. A partir da Praça da Paz Celestial, uma sequência de portas monumentais e átrios – orientados de sul para norte, como manda a tradição chinesa, e dispostos segundo um ritmo intencional – conduz ao pavilhão da Suprema Harmonia, o edifício mais sumptuoso e mais vasto do palácio, coração do Império, onde se realizavam as audiências mais importantes, frente ao trono imperial. Atrás, dois outros edifícios, construídos sobre o mesmo envasamento4 de mármore com três níveis, completam este primeiro conjunto e constituem um cenário grandioso para uma grande parte das cerimónias oficiais. Três alamedas sublinham o eixo sul-norte do palácio. O caminho central só era percorrido pelo imperador, num palanquim5. Neste percurso solene, as escadas são substituídas por rampas de mármore branco, esculpidas com dragões de corpo reptilíneo, símbolos por excelência do imperador.
Por detrás do átrio exterior, um longo átrio, perpendicular ao eixo principal, separa o palácio em dois. A porta da Pureza Celestial dá acesso a uma outra fiada de três pavilhões erigidos sobre um envasamento comum. Residência dos imperadores e imperatrizes até 1723, esta parte traseira será a seguir utilizada como aposentos de aparato; assim o Palácio da Tranquilidade Terrena era utilizado para a noite de núpcias do casal imperial. O jardim imperial ocupa a parte posterior do recinto. O seu plano simétrico rompe com a ordenação habitual dos jardins chineses. A despeito de frequentes alterações, os elementos deste eixo central conservaram, em geral, o aspeto que tinham no século XV.
AA. VV., ABCedário da cidade proibida, Lisboa, Público,

Continue navegando