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F a c u l d a d e P r e s i d e n t e An t ô n i o C a r l o s d e Ub e r a b a Disciplina: PROCESSO PENAL I Professor( a): LUIS FERNANDO ALVES SILVA Curso: DIREITO Períod o: 6º Data: 17/09/2020 1ª avaliação Aluno(a) : SÉRGIO FELIPE DA SILVA SANTOS RESOLUÇÃO DA 1ª AVALIAÇÃO (I) Regulamento: (a) A avaliação deve ser realizada individualmente (b) É permitida a consulta. (c) A prova deverá ser respondida EM ARQUIVO DE WORD ( .doc) e enviada pelo portal, em resposta ao exercício proposto, sendo que o aluno deve enviar as respostas de forma organizada e pela ordem das questões. (d)Critérios de avaliação: e.1) capacidade de solucionar juridicamente o problema proposto; - e.2) capacidade de interpretar e expor o raciocínio com lógica e poder de argumentação; (e) A avaliação tem o valor de 30 pontos. (II) Caso concreto e questões No dia 02 de março de 2020, uma criança recém-nascida é vista boiando em um córrego e, ao ser resgatada, não possuía mais vida. Helena a mãe da criança, foi localizada e negou que houvesse jogado a vítima no córrego. Sua filha teria sido segundo ela, seqüestrada por um desconhecido. Durante a fase de inquérito, testemunhas afirmaram que a mãe apresentava quadro de profunda depressão no momento e logo após o parto. Além disso, foi realizado exame médico legal, o qual constatou que Helena, quando do fato, estava sob influência de estado puerperal. A míngua de provas que confirmassem a autoria, mas desconfiado de que a mãe da criança pudesse estar envolvida no fato, a autoridade policial representou pela decretação de interceptação telefônica da linha de telefone móvel usado pela mãe, medida que foi decretada pelo juiz competente. A prova constatou que efetivamente praticara o fato, pois, em conversa telefônica com uma conhecida, de nome Lia, afirmara ter atirado a criança ao córrego, por desespero, mas que estava arrependida. O delegado intimou Lia para ser ouvida, tendo ela confirmado, em sede policial, que Helena de fato havia atirado a criança, logo após o parto, no córrego. Em razão das aludidas provas, a mãe da criança foi então denunciada no dia 13 de março de 2020 pela prática do crime descrito no art.123 ( Infanticídio) do Código Penal perante a 1º Vara do Tribunal do Júri. Na audiência de instrução, debates e julgamento, realizada no dia 13 de setembro de 2020, Lia é novamente inquirida, ocasião em que confirmou ter a denunciada, em conversa telefônica, admitido ter jogado o corpo da criança no córrego. Finda a instrução, o Ministério Público manifestou-se pela pronúncia, nos termos da denúncia, e a defesa, pela impronúncia, com base no interrogatório da acusada, que negara todos os fatos. O magistrado, na mesma audiência, prolatou sentença de pronúncia pela prática do crime descrito no art. 123 do Código Penal, motivando sua decisão essencialmente na medida cautelar de interceptação telefônica autorizada na fase policial e no depoimento da testemunha Lia, intimando as partes no referido ato. PERGUNTA-SE: 1) Explique o que são elementos de investigação (informação) e elementos de prova. (05pts). RESPOSTA: Para compreensão do assunto aqui postulado, faz-se necessário o entendimento acerca do que vem a ser Inquérito Policial. Este por sua vez, está elencado no nosso Código de Processo Penal: [...] Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. No que tange ao seu conceito, trata-se, portanto, de um procedimento administrativo e inquisitivo que tem como foco fornecer elementos de informação para o Autor da Ação Penal. Nesse sentido, importante frisar a presença de duas vertentes que compõem o Inquérito Policial. São elas: elementos de informação e elementos de provas. Em se tratando do elemento da informação, esta é acolhida na fase pré-processual, isto é, “fase investigativa”, em sequência são adquiridos sem a avaliação da ampla defesa, simplesmente por ser o inquérito policial, meio inquisitivo. Sob a égide do nosso ordenamento jurídico, o código de Processo Penal resguarda a respeito do tema em questão: [...] Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9043.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9043.htm#art1 informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Como é possível observar, o artigo 155 trata justamente sobre os refiridos temas. Assim, fica claro que os elementos de informação são insuficientes a fundamentar possível condenação. Ademais, tais elementos são cabíveis à decretação de medidas cautelares e formação da opinião a respeito do delito (opinio delicti). Em se tratando de elementos de provas, será produzida na fase judicial, fase esta onde está presente o sistema acusatório, no qual deverão ser observados os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa, e, é exatamente por isso que este elemento possui valor probatório. Ademais, é possivel afirmar que há uma diferença entre essas duas vertentes, informação e prova, no qual está intimamente ligado no momento em que elas são apuradas, bem como na diferença do valor probatório que ambas possuem. Em resumo, enquanto os elementos de informação não são insuficientes para ser base de uma fundamentação para o Juiz competente, os elementos probatórios possuem esta base, estando o mesmo evidente no artigo 155, como fora citado. 2) Explique os elementos migratórios (provas não repetíveis, provas cautelares e provas antecipadas) descritos na parte final do art. 155 do CPP. (05pts) RESPOSTA: O Código de Processo Penal nos reguarda em seu artigo 155 sobre A PROVA, no qual o mesmo possui três vertentes cabíveis à análise. Sendo assim, para melhor entendimento, eis o que diz o caput do artigo citado: [...] Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Como pôde ser observado, os Elementos Migratórios, são elementos extraídos do Inquérito Policial e que podem servir de base para possível sentença penal condenatória. Desta forma, o mesmo apresenta-se esmiuçado em três vertentes: provas não repetíveis, provas cautelares e produção antecipada de provas. As Provas não repetíveis, são aquelas de iminente perecimento, sendo colhidas durante o inquérito policial por inviabilidade lógica da sua realização na fase processual. Como exemplo simples e claro para melhor compreensão, temos a constatação da embriaguez para os efeitos do artigo 306, CTB. As Provas Cautelares, são aquelas pautadas pela necessidade e urgência, como a interceptação telefônica. Por fim, temos a ultima vertente intitulada como Produção Antecipada de Provas, no qual se refere à prova instaurada perante o juiz, ainda sob o trâmite do inquérito policial, fixando assim uma prevenção. Ademais, é de competência exclusiva de o magistrado intimar as futuras partes do processo, bem como garantir o respeito ao principio do contraditório e ampla defesa. Como exemplo, temos oitiva de uma testemunha em leito de morte. 3)No caso hipotético descrito, o juiz agiu adequadamente ao prolatar a sentença condenatóriapelo crime de Infanticídio motivando sua decisão essencialmente na medida cautelar de interceptação telefônica autorizada na fase policial e no depoimento da testemunha Lia? Fundamente a luz da teoria dos frutos da árvore envenenada. (10 pts) RESPOSTA: Pois bem, como fora bem relatado no caso anexado à inicial desta avaliação, o Ministério Público ajuizou ação penal em face de Helena, ora Ré, alegando que a mesma cometeu crime de infanticidio (art. 123 CP). Mas, essa denuncia deverá será ser anulada pelos fudamentos que se passará a seguir: No caso aqui discutido, mostra-se que a autoridade policial apresentou como prova a interceptação telefônica, sendo então deferida pelo Magistrado. Contudo, a interceptação telefônica não foi meio de prova lícita. Nesse sentido, trata-se então de Prova Ilícita. O crime no qual o denunciante alega que a Ré cometeu, está elencado no artigo 123 do Código Penal brasileiro no qual trata do infanticidio, com detenção de 2 a 6 anos. Nesse sentido, eis o que está reguardado no artigo 2º, III, da lei nº 9.296/96: [...] Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: III- o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Nesse sentido, o crime de infanticidio, previsto no artigo 123 do Código Penal, também é apenado com detenção, tornando assim a interceptação telefônica prova ilícita. Insta consignar que, o fato da autoridade policial “está desconfiado de que a mãe estaria envolvida” não é motivo cabível para o mesmo pedir interceptação telefônica. Nesse sentido, diante de tais fatos e fundamentos apresentados, mostra-se e prova-se que a interceptação telefônica não deveria ter sido admitida, uma vez que, a mesma não apresenta indícios plausíveis que configure a autoria da Ré em questão. Ademais, os direitos de Helena estão elencados na lei nº 9.296/96, art. 2º, I, que diz: [...] Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; Sobre os meios de obtenção de prova ilícita, este está assegurado no artigo 157 do Código em estudo: [...] Art. 157 – são inadimissíveis, devendo ser desentranhado do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Ademais, é de suma importância observar o que a carta magna diz: [...] Art. 5º, LVI – são inadimissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Como o próprio caso narrado nos mostra, não houve essa observância, pelo contrário, houve uma total inobservância do Juiz em defirir o desentranhamento de tal prova do processo. Nesse sentido, resta claro que a prova não possui base jurídica para tal feito, tornando assim todo o processo sujeito a ANULAÇÃO. Importante frisar ainda que, devido ao não esgotamento de todos os meios de investigação, e ainda solicitar uma inteceptação telefônica, a autoridade policial está assim violando o disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.296/96, que diz: [...] Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; Ademais, em se tratando da testemunha apresentada, a autoridade policial tomou conhecimento da mesma através da interceptação telefônica ilícita. Diante desta, o testemunho de Lia não é cabível, pois, trata-se de prova ilícita por derivação, perfeitamente coerente com o que diz a teoria dos frutos da árvore envenada. Tal teoria determina a inadmissibilidade da prova ilícita por derivação. A afirmação dessa teoria se dá razão de que a partir de uma prova ilícita, as demais irão se contaminar com esta, equiparando-se com os frutos de uma árvore, apodrecendo a árvore, não há a possibilidade de seus frutos permanecerem íntegros. Nesse sentido, diante do que fora apresentado nesta questão, com embasamento em leis e fundamentos jurídicos, não há respaldo legal que prove que o juiz agiu adequadamente ao prolatar a sentença condenatória pelo crime de Infanticídio, sendo, portanto, o pocesso sujeito a ANULAÇÃO. (II) Dissertação Redija um texto dissertativo acerca da competência do Ministério Público para promover atividades investigatórias para fins de preparação e eventual instauração de ação penal. Em seu texto, responda de forma fundamentada, necessariamente, aos seguintes questionamentos. (10pts) A competência em apreço está expressamente prevista pela Constituição Federal de 1988 entre as funções institucionais do Ministério Público? Qual o posicionamento atualmente predominante acerca dessa matéria, na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal? Como o Supremo Tribunal Federal aplica a doutrina dos poderes implícitos a essa matéria? Quais são os requisitos adotados pelo STF para uma investigação criminal presidida pelo MP ser válida? RESPOSTA: Assim como o ato de Dom Pedro I bradar às margens do riacho do Ipiranga a independência, foi vista como um marco de vitória e conquista para a sociedade brasileira naquela época, a instauração do Ministério Público no Brasil não foi diferente. O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do estado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada por dois grandes processos que culminaram na formalização do mesmo como instituição e na ampliação de sua área de atuação. Ademais, somente em no império de 1832, se iniciou a sistematização das ações do Ministério Público regidos pelo Código de Processo Penal do Império daquela época. Por conseguinte, veio passando por modificações significativas até o processo de codificação brasileiro, no qual fora responsável pelo crescimento institucional do Ministério Público, visto que os códigos cíveis e criminais, bem como os do âmbito processual, atribuíram muitas funções ao Parquet. Nesse sentido, diante de tais fatos aqui narrados, a dissertação aqui proposta não se deixará de se atentar em mostrar sobre o que vem a ser o Ministério Público, bem como as suas competências e entendimento dos Tribunais brasileiro diante das referidas indagações. O Ministério Público da União, a luz do artigo 127 da nossa Constituição Federal, é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Trata-se de uma instituição permanente porque é essencial a uma das funções soberanas do Estado, seja ela jurisdicional, sejam elas incumbidas pelas incumbências constitucionais que possui. Sendo um órgão autônomo, independente e essencial à função jurisdicional do Estado, a Constituição Federal de 1988 prevê algumas das suas funções institucionais, sendo imprescindível a citação de tal prerrogativa para melhor compreensão: [...] Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populaçõesindígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. § 2º As funções de Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação. § 3º O ingresso na carreira far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, e observada, nas nomeações, a ordem de classificação. § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93, II e VI. Ademais, a Lei complementar nº: 75/1993, também fala sobre as funções do Ministério Público: Art. 5º São funções institucionais do Ministério Público da União: I - a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e dos interesses individuais indisponíveis, considerados, dentre outros, os seguintes fundamentos e princípios: a) a soberania e a representatividade popular; b) os direitos políticos; c) os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil; d) a indissolubilidade da União; e) a independência e a harmonia dos Poderes da União; f) a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; g) as vedações impostas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; h) a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e a publicidade, relativas à administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União; II - zelar pela observância dos princípios constitucionais relativos: a) ao sistema tributário, às limitações do poder de tributar, à repartição do poder impositivo e das receitas tributárias e aos direitos do contribuinte; b) às finanças públicas; c) à atividade econômica, à política urbana, agrícola, fundiária e de reforma agrária e ao sistema financeiro nacional; d) à seguridade social, à educação, à cultura e ao desporto, à ciência e à tecnologia, à comunicação social e ao meio ambiente; e) à segurança pública; III - a defesa dos seguintes bens e interesses: a) o patrimônio nacional; b) o patrimônio público e social; c) o patrimônio cultural brasileiro; d) o meio ambiente; e) os direitos e interesses coletivos, especialmente das comunidades indígenas, da família, da criança, do adolescente e do idoso; IV - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União, dos serviços de relevância pública e dos meios de comunicação social aos princípios, garantias, condições, direitos, deveres e vedações previstos na Constituição Federal e na lei, relativos à comunicação social; V - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União e dos serviços de relevância pública quanto: a) aos direitos assegurados na Constituição Federal relativos às ações e aos serviços de saúde e à educação; b) aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade; VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal e na lei. § 1º Os órgãos do Ministério Público da União devem zelar pela observância dos princípios e competências da Instituição, bem como pelo livre exercício de suas funções. § 2º Somente a lei poderá especificar as funções atribuídas pela Constituição Federal e por esta Lei Complementar ao Ministério Público da União, observados os princípios e normas nelas estabelecidos. Como fora mostrado nos artigos acima mencionados, é possivel perceber preciso e claro na lei as funções do Ministério Público, dentre as quais não se inclui a competência para promover atividades investigatórias para fins de preparação e eventual instauração de ação penal. Ainda nesse sentido, diante da inexistência de tal previsão constitucional e legal, o Supremo Tribunal Federal se posicionou em relação ao referido tema, no qual, segundo eles, diante da força dos princípios instituidores do Ministério Público, quais sejam: a unidade, indivisibilidade e a independência funcional o “Parquet” é competente para promover atividades investigatórias para fins de preparação e eventual instauração de ação penal. Ademais, vejamos o entendimento do Supremo Tribunal em relação ao que se propõe: REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. CONSTITUCIONAL. SEPARAÇÃO DOS PODERES. PENAL E PROCESSUAL PENAL. PODERES DE INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 2. Questão de ordem arguida pelo réu, ora recorrente. Adiamento do julgamento para colheita de parecer do Procurador-Geral da República. Substituição do parecer por sustentação oral, com a concordância do Ministério Público. Indeferimento. Maioria. 3. Questão de ordem levantada pelo Procurador-Geral da República. Possibilidade de o Ministério Público de estado-membro promover sustentação oral no Supremo. O Procurador-Geral da República não dispõe de poder de ingerência na esfera orgânica do Parquet estadual, pois lhe incumbe, unicamente, por expressa definição constitucional (art. 128, § 1º), a Chefia do Ministério Público da União. O Ministério Público de estado- membro não está vinculado, nem subordinado, no plano processual, administrativo e/ou institucional, à Chefia do Ministério Público da União, o que lhe confere ampla possibilidade de postular, autonomamente, perante o Supremo Tribunal Federal, em recursos e processos nos quais o próprio Ministério Público estadual seja um dos sujeitos da relação processual. Questão de ordem resolvida no sentido de assegurar ao Ministério Público estadual a prerrogativa de sustentar suas razões da tribuna. Maioria. 4. Questão constitucional com repercussão geral. Poderes de investigação do Ministério Público. Os artigos 5º, incisos LIV e LV, 129, incisos III e VIII, e 144, inciso IV, § 4º, da Constituição Federal, não tornam a investigação criminal exclusividade da polícia, nem afastam os poderes de investigação do Ministério Público. Fixada, em repercussão geral, tese assim sumulada: “O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante14), praticados pelos membros dessa instituição”. Maioria. 5. Caso concreto. Crime de responsabilidade de prefeito. Deixar de cumprir ordem judicial (art. 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei nº 201/67). Procedimento instaurado pelo Ministério Público a partir de documentos oriundos de autos de processo judicial e de precatório, para colher informações do próprio suspeito, eventualmente hábeis a justificar e legitimar o fato imputado. Ausência de vício. Negado provimento ao recurso extraordinário. Maioria. (RE 593727, Relator(a): CEZAR PELUSO, Relator(a) p/ Acórdão: GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 04- 09-2015 PUBLIC 08-09-2015). Como pôde ser observado, o STF não deixou de se atentar em mencionar o seu posicionamento acerca dos requisitos adotados para uma investigação criminal presidida pelo MP ser válida. No que tange a indagação feita sobre a forma que o Supremo Tribunal Federal aplica a doutrina dos poderes implícitos a essa matéria, o mesmo tem como base a letra do que diz a doutrina, no qual diz que, quando a constituição atribui funções a seus órgãos, são igualmente atribuídos os meios necessários para que seja possível cumprir essa missão constitucionalmente imposta. Assim, se a CF/1988 confere ao MP as funções de promover a ação penal pública, ela também atribui ao “Parquet” todos os meios necessários para o exercício da denúncia, entre eles a possibilidade de reunir provas que fundamentem a acusação, viabilizando o exercício da titularidade da proposição da ação penal pública. Para concluir, entende-se que, no que tange às bases legais, o Ministério Público não tem competências para tais feitos. Contudo, com base na teoria do poderes implícitos, segundo o STF o Ministério Público tem competência do Ministério Público para promover atividades investigatórias para fins de preparação e eventual instauração de ação penal. (I) Regulamento: (II) Caso concreto e questões RESPOSTA: Pois bem, como fora bem relatado no caso anexado à inicial desta avaliação, o Ministério Público ajuizou ação penal em face de Helena, ora Ré, alegando que a mesma cometeu crime de infanticidio (art. 123 CP). Mas, essa denuncia deverá será ser anulada pelos fudamentos que se passará a seguir: No caso aqui discutido, mostra-se que a autoridade policial apresentou como prova a interceptação telefônica, sendo então deferida pelo Magistrado. Contudo, a interceptação telefônica não foi meio de prova lícita. Nesse sentido, trata-se então de Prova Ilícita. O crime no qual o denunciante alega que a Ré cometeu, está elencado no artigo 123 do Código Penal brasileiro no qual trata do infanticidio, com detenção de 2 a 6 anos. Nesse sentido, eis o que está reguardado no artigo 2º, III, da lei nº 9.296/96: [...] Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: III- o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Nesse sentido, o crime de infanticidio, previsto no artigo 123 do Código Penal, também é apenado com detenção, tornando assim a interceptação telefônica prova ilícita. Insta consignar que, o fato da autoridade policial “está desconfiado de que a mãe estaria envolvida” não é motivo cabível para o mesmo pedir interceptação telefônica. Nesse sentido, diante de tais fatos e fundamentos apresentados, mostra-se e prova-se que a interceptação telefônica não deveria ter sido admitida, uma vez que, a mesma não apresenta indícios plausíveis que configure a autoria da Ré em questão. Ademais, os direitos de Helena estão elencados na lei nº 9.296/96, art. 2º, I, que diz: Sobre os meios de obtenção de prova ilícita, este está assegurado no artigo 157 do Código em estudo: [...] Art. 157 – são inadimissíveis, devendo ser desentranhado do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Ademais, é de suma importância observar o que a carta magna diz: [...] Art. 5º, LVI – são inadimissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Como o próprio caso narrado nos mostra, não houve essa observância, pelo contrário, houve uma total inobservância do Juiz em defirir o desentranhamento de tal prova do processo. Nesse sentido, resta claro que a prova não possui base jurídica para tal feito, tornando assim todo o processo sujeito a ANULAÇÃO. Importante frisar ainda que, devido ao não esgotamento de todos os meios de investigação, e ainda solicitar uma inteceptação telefônica, a autoridade policial está assim violando o disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.296/96, que diz: [...] Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; Ademais, em se tratando da testemunha apresentada, a autoridade policial tomou conhecimento da mesma através da interceptação telefônica ilícita. Diante desta, o testemunho de Lia não é cabível, pois, trata-se de prova ilícita por derivação, perfeitamente coerente com o que diz a teoria dos frutos da árvore envenada. Tal teoria determina a inadmissibilidade da prova ilícita por derivação. A afirmação dessa teoria se dá razão de que a partir de uma prova ilícita, as demais irão se contaminar com esta, equiparando-se com os frutos de uma árvore, apodrecendo a árvore, não há a possibilidade de seus frutos permanecerem íntegros. Nesse sentido, diante do que fora apresentado nesta questão, com embasamento em leis e fundamentos jurídicos, não há respaldo legal que prove que o juiz agiu adequadamente ao prolatar a sentença condenatória pelo crime de Infanticídio, sendo, portanto, o pocesso sujeito a ANULAÇÃO. (II) Dissertação
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