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Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Agrárias Departamento de Engenharia Rural PROF. Sérgio Ricardo Rodrigues de Medeiros DISCIPLINA: Construção Civil e Obras Hidráulicas - ENR 5611 Definição: – Estrutura formada pela abertura de um orifício na parede de um reservatório, na qual a borda superior atinge a superfície livre do líquido. – Haverá escoamento através da estrutura formada. – Hidraulicamente os vertedores podem ser considerados como orifícios incompletos: sem a borda superior. – O escoamento é semelhante ao dos orifícios de grandes dimensões. São estruturas hidráulicas utilizadas para medir vazão em cursos d’água naturais e em canais construídos. VERTEDORES VERTEDORES - DEFINIÇÃO Os vertedores podem ser definidos como paredes, diques ou aberturas sobre as quais um líquido escoa. O termo aplica- se também aos extravasores de represas. Os vertedouros devem ser construídos com forma geométrica definida e seu estudo é feito considerando-os como orifícios sem a parte superior. VISÃO ESPACIAL Esquema de um vertedor retangular com lâmina livre VERTEDOR - NOMENCLATURA Crista ou Soleira: superfície por onde a água extravasa Face: Presente nos vertedores com contrações laterais Régua para medição da carga hidráulica VERTEDORES - EXEMPLO Exemplo de vertedor em chapa metálica, usado em instalações para tratamento de água. VERTEDORES - CLASSIFICAÇÃO Muitos fatores podem servir de base para a classificação dos vertedores Quanto à forma: • Simples: retangular, triangular, trapezoidal, circular, exponencial; • Compostos: mais de uma forma simples combinadas; Quanto à altura relativa da soleira: • Livres ou completos: (p > p’); • Afogados ou incompletos: (p < p’); À esquerda na figura, vê-se um vertedor de forma simples (retangular) utilizado para medir grandes vazões. À direita há um vertedor de seção composta (retangular na parte superior e triangular embaixo). A forma triangular é apropriada para medir pequenas vazões com precisão. CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES: FORMA CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES Quanto à espessura da parede: • parede delgada ou soleira fina: e ≤ 2H/3 o contato segundo uma linha entre a lâmina e a soleira; • parede espessa ou soleira espessa: e > 2H/3 ou 0,66; CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES: CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES: SOLEIRA ESPESSA Condição: e > 0,66 H e H Soleira CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES: SOLEIRA DELGADA Vertedor triangular de soleira delgada CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES: SOLEIRA DELGADA Soleira chanfrada para que a lâmina vertente toque num só ponto. Lâmina vertente (também denominada veia líquida) Fundo do canal Superfície Chanfrada Quanto à forma da Lâmina: • Lâmina Livre: com aeração na face inferior de forma que a pressão seja igual à pressão atmosférica; • Lâmina alterada: aderente ou contraída CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES: FORMA DA LÂMINA Quanto à largura relativa da soleira: • sem contrações laterais: L = B; • com uma ou duas contrações laterais: L < B. CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES: LARGURA RELATIVA CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES: LARGURA RELATIVA Vertedor retangular com duas contrações laterais Vertedor sem contrações laterais CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEDORES Quanto ao perfil da soleira: Crista viva Arredondada Quanto à posição do vertedor (em relação à corrente) Normal Lateral Quanto ao perfil do fundo: Em nível Em degrau Quanto às normalizações: Vertedor padrão Vertedor particular PRINCIPAIS USOS DOS VERTEDORES: Medição de vazão • Extravasores de Barragens • Tomada d´água em canais • Elevação de nível nos canais • Decantadores e ETA • Escoamentos em galerias • ETE CÁLCULO DA VAZÃO ATRAVÉS DE VERTEDORES Fazendo-se h1=0 e h2=H, a equação fica: 3 Para orifícios de grandes dimensões, foi deduzida a seguinte equação: Q 2.Cd.L. 2.g . h23 / 2 √h13/ 2 3 2.g.H 3 / 2 Q 2 .Cd.L. Altura da lâmina / carga hidráulica Largura da contração Coeficiente de descarga / vazão 0 3 Q 2.Cd.L. 2.g . h23 / 2 √h13/ 2 CÁLCULO DA VAZÃO ATRAVÉS DE VERTEDORES Q = K.L.H3/2 , onde Para o valor médio de Cd = 0,62, temos: K = 2/3 x 0,62 x 4,43 = 1,83 Q = 1,83.L.H3/2 (Fórmula de Francis para vertedores sem contrações laterais) Sendo Q dada em m3/s e L e H em metros. 3 K 2 .Cd. 2.g Coeficiente do vertedor INFLUÊNCIA DAS CONTRAÇÕES LATERAIS As contrações ocorrem nos vertedores cuja largura é menor que a largura do canal onde estão instalados. Quando for necessário construir um vertedor com contrações laterais, deve-se fazer uma correção no valor de L da fórmula de Francis, que passa a ser denominado L’. L L’ A presença das contrações faz com que a largura real L atue como se estivesse reduzida a um comprimento menor L’. • Para uma contração apenas, L’ = L – 0,1.H • Para duas contrações, L’ = L – 0,2.H. Para o caso mais comum de duas contrações laterais, a fórmula fica: INFLUÊNCIA DAS CONTRAÇÕES LATERAIS Q 1,838.L 0,2.H .H 3 / 2 VERTEDOR CIPOLLETTI Para compensar a redução da vazão produzida pelas contrações laterais, Cipolletti propôs um modelo de vertedor de forma trapezoidal com a seguinte forma: Q1 Q1 L Q2 A soleira L continua com a mesma dimensão, mas as vazões Q1 de ambos os lados compensam a redução de vazão. Q = Q2 + 2 Q1 VERTEDOR CIPOLLETTI VERTEDOR CIPOLLETTI A inclinação das faces deve ser 1:4 (1 na horizontal para 4 na vertical), pois deste modo a vazão através das partes triangulares acrescentadas compensa o decréscimo provocado das vazões laterais pelas contrações. Para o vertedor Cipolletti pode ser aplicada a fórmula de Francis sem a correção para o comprimento da soleira. 4 1 Q = 1,83.L.H3/2 VERTEDOR CIPOLLETTI Fórmula empírica para vertedor trapezoidal. Q2 Q1 Q1 h L Baseado-se em experiências feitas em 1915 para vertedores trapezoidais, Gourley Crimp estabeleceu a seguinte fórmula empírica: Q 1,32h2,47tg 1,69b1,02h1,47 (1) A fim de compensar esse decréscimo de vazão, Cipolletti imaginou adicionar ao retângulo uma área triangular, de mesma carga h, cuja vazão é dada por: 3 15 5 2 tg C h 2g Q 8 d VERTEDOR CIPOLLETTI Cálculo do decréscimo de vazão em vertedor retangular com duas contrações; 2 VERTEDOR CIPOLLETTI O vertedor de Cipolletti, no qual a soleira está em parede delgada pode ser representado por: VERTEDOR TRIANGULAR Os vertedores triangulares são recomendados para medir pequenas vazões, pois permitem maior precisão na leitura da altura H do que os de soleira plana. São usualmente construídos a partir de chapas metálicas, com ângulo de 90°. 90° Q 1,4.H 5 / 2 VERTEDOR TRIANGULAR VERTEDOR TRIANGULAR Vertedor triangular de 900 de paredes delgadas VERTEDOR TRIANGULAR Vertedor Circular Vertedor Circular •Usado para pequenas vazões •Fácil construção e instalação •Não requer nivelamento da soleira •Lâmina vertente sempre aerada •Mais eficiente para pequenos valores de H •Pouco empregado Obs: Q em m3/s e D e H em m. Q 1,518D0,693 H 1,807 Formado por tubo de eixo vertical Soleira é curva Escoamento se dá em lâmina livre H < De / 5 L = De Usualmente emprega-se n = 1,42 Vertedor Tubular Vertical de Descarga Livre Q K L H n Largamente usado em tomadas de água em barragens para abastecimento de água. De (m) K 0,175 1,435 0,250 1,440 0,350 1,455 0,500 1,465 RECOMENDAÇÕES PARA CONSTRUÇÃO DE UM VERTEDOR RETANGULAR (Preferencialmente sem contração lateral) A soleira deve ser delgada, reta, em nívelcom o plano horizontal e normal à direção do fluxo (convém utilizar uma placa de metal); A distância da crista ao fundo e aos lados do canal deve ser igual a 3H (no mínimo 20 cm); Deve haver livre admissão de ar debaixo da lâmina de água (veio livre); A carga hidráulica H deve ser maior que 5 cm e menor que 60 cm; RECOMENDAÇÕES PARA CONSTRUÇÃO DE UM VERTEDOR RETANGULAR O comprimento da soleira deve ser no mínimo igual a 3H (no mínimo 20 a 30 cm); A montante do vertedor deve haver um trecho retilíneo para regularizar o movimento da água, de preferência com o fundo em nível. Observações: - A régua pode ser colocada num poço lateral ao canal para fugir da influência de ondas; - O nível da água a jusante não deve estar próximo da soleira do vertedor (p’ < p).
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