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17- SENTENÇA

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Direito Processual Penal
Professor Hélbertt
SENTENÇA
I- Conceito– é a decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, abordando a questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação. Por conta dessa definição, parte da doutrina tem dificuldade em caracterizar a pronúncia como sentença, uma vez que não há término da relação processual, mas, sim, coloca fim a uma fase do procedimento do Tribunal do Júri. 
II- Natureza jurídica– É a manifestação intelectual lógica e formal emitida pelo Estado, por meio de seus órgãos jurisdicionais, com a finalidade de encerrar um conflito de interesses, qualificado por uma pretensão resistida, mediante a aplicação do ordenamento legal ao caso concreto. Na sentença consuma-se a função jurisdicional, aplicando-se a lei ao caso concreto controvertido, com a finalidade de extinguir juridicamente a controvérsia. 
III- Classificação dos atos jurisdicionais – segundo a doutrina, as decisões jurisdicionais podem ser encaixadas em uma das seguintes classificações:
1- Despachos – são decisões do magistrado, sem abordar questão controvertida, tem a finalidade de dar andamento ao processo. Por exemplo: designar audiência, determinar a intimação das partes, determinar a juntada de documentos etc. Por ter essas características, são também denominados de despachos de mero expediente, porque são análises feitas pelo presidente do processo, sobre o expediente a ser adotado naquele feito.
2- Decisões interlocutórias – são soluções dadas pelo juiz, acerca de qualquer questão controversa, envolvendo contraposição de interesses das partes, podendo ou não colocar fim ao processo.
a) decisões interlocutórias simples – são as decisões que dão solução a uma controvérsia, sem colocar fim ao processo ou a um estágio do procedimento, por exemplo, decretação da prisão preventiva, decretação de prisão temporária, quebra do sigilo telefônico ou fiscal, determinação de busca e apreensão, recebimento de denúncia ou queixa, deferimento de medida cautelar etc. No caso dessas decisões serem favoráveis ao réu, cabe RESE. Se forem contrárias ao réu, cabe HC, Mandado de segurança, ou apelação. 
b) decisões interlocutórias mistas terminativas (ou decisão com força de definitiva) – são as decisões que resolvem uma controvérsia, colocando fim ao processo ou a uma fase dele, sem análise do mérito, por exemplo, sentença de impronúncia, acolhimento de exceção de coisa julgada, declaração de reconhecimento de litispendência, decisão que rejeita a denúncia, decisão que reconhece a menoridade do réu etc. No caso de reconhecimento de litispendência, por exemplo, o processo terminará, uma vez que se reconheceu que os fatos apurados em determinado processo estão sendo apurados em outro processo. Pôs fim ao processo, porém, não analisou o mérito, ou seja, não foi analisado se o réu praticou ou não o crime. 
c) decisões interlocutórias mistas não terminativas – são as decisões que colocam fim a uma fase processual, sem analisar o mérito. O exemplo clássico e unânime é a pronúncia, que coloca fim à primeira fase do procedimento do tribunal do júri, porém, não analisa o mérito. Dessas decisões cabe Recurso em Sentido Estrito, nos termos do artigo 581, inciso IV do Código de Processo Penal.
3- Decisões definitivas – são aquelas que definem o processo colocando fim nele, decidindo acerca da pretensão punitiva do Estado, mas sem avaliar o mérito, ou seja, sem decidir se a ação é procedente ou improcedente (sem se manifestar sobre autoria e materialidade). Nestes casos somente chega a afastar a pretensão punitiva estatal, por reconhecer presente alguma causa extintiva da punibilidade. Por exemplo: reconhecimento da prescrição, reconhecimento da decadência, declaração da extinção da punibilidade pela morte do agente, ou qualquer outra causa do artigo 107 do Código Penal, ou de outro diploma jurídico, como, por exemplo, a extinção da punibilidade pela cumprimento da transação penal nos termos do artigo 76 da Lei 9.099/1995, ou do cumprimento sem causas de revogação da suspensão condicional do processo, nos termos do artigo 89 da Lei 9.099/1995. Contra essas decisões cabe apelação.
4- Sentenças – conforme já dito no conceito acima, é a decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, abordando a questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação. 
IV- Classificação das sentenças – a doutrina classifica as sentenças da seguinte maneira. 
1- Condenatórias – sentença condenatória é aquela que julga procedente a pretensão punitiva do Estado descrita na peça acusatória inicial, ou seja, denúncia ou queixa. 
2- Absolutórias – é a sentença que julga improcedente a pretensão punitiva do Estado descrita na peça acusatória inicial, ou seja, denúncia ou queixa. 
a) próprias – simplesmente absolvem o réu, não impondo qualquer tipo de sanção penal sobre o acusado (ou querelado), reconhecendo que no processo não se conseguiu fazer prova da materialidade ou da autoria. 
b) impróprias – é a sentença que absolve o réu por reconhecer ser o réu inimputável por doença mental, mas em virtude de sua periculosidade, lhe é imposta uma medida de segurança. Assim, como é declarada a isenção de pena, entretanto é aplicada outra sanção penal, qual seja, medida de segurança, tal sentença é chamada de absolutória imprópria, pois, de forma inapropriada se denomina de absolutória uma sentença que aplica uma sanção penal. No caso do semi-imputável (fronteiriço), não se aplica a sentença absolutória imprópria, mas sim o juiz condena e, sendo o caso, substitui a pena por medida de segurança. 
c) subjetivamente simples – há somente um sujeito decidindo. São as sentenças proferidas por juízos de primeira instância.
d) subjetivamente plúrimas – há mais de um sujeito decidindo. São as decisões proferidas pelos órgãos colegiados, como nos Tribunais, onde três, cinco ou o pleno decidem.
e) subjetivamente complexas – mais de um órgão participa da elaboração da decisão com funções distintas. O exemplo típico é a decisão do tribunal do júri, onde um órgão decide sobre os fatos (conselho de sentença composto pelos jurados) e outro decide sobre a pena (o juiz togado). 
V- Requisitos formais da sentença – são as partes nas quais a sentença é dividida. Analisando o Código de Processo Penal, observa-se que são requisitos que devem constar na sentença os seguintes: 
1- Relatório, exposição ou histórico – é a história útil do processo, conforme estabelece o artigo 381, em seus incisos I e II, do Código de Processo Penal, vemos o que deve conter no relatório: I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las; II - a exposição sucinta da acusação e da defesa. Apesar dos incisos fazerem referência somente à qualificação das partes e às alegações da acusação e da defesa, na prática, o juiz faz uma síntese do que ocorreu no processo, descrevendo as fases e acontecimentos relevantes do processo, demonstrando que leu o processo e conhece o conteúdo do caso. 
a) embargos de declaração do relatório – apesar de ser importante e indispensável na sentença, de eventuais omissões do relatório não cabe embargos de declaração, tendo em vista não haver conteúdo decisório. 
b) dispensa do relatório no caso de infração de menor potencial ofensivo – segundo o artigo 81, § 3º, da Lei 9.099/95, que estabelece o Juizado Especial Criminal, no procedimento sumaríssimo, que apura os crimes de menor potencial ofensivo, é dispensável o relatório.
2- Motivação ou fundamentação – o artigo 381, inciso III do Código de Processo penal traz o que deve contar na fundamentação ou motivação: a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão. Já o artigo, inciso IX da Constituição Federal temos a regra de que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às própriaspartes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. 
a) importância – todas as partes são indispensáveis, mas, não constitui exagero afirmar que é a a parte mais importante da sentença, pois é na fundamentação que se manifesta o princípio da persuasão racional do juiz ou do livre convencimento motivado, já que é na motivação que o juiz apresenta, de forma racional, os motivos que o levaram a decidir dessa ou daquela maneira. 
b) artigos de lei – é na fundamentação também que o juiz deverá colocar quais são os artigos de lei e princípios que se aplicam ao caso concreto. 
Obs: é chamada de fundamentação “per relazione” as situações em que o juiz se vale dos argumentos apresentados por uma das partes para fundamentar sua decisão. 
3- Conclusão ou parte dispositiva – o artigo 381, inciso V, denomina de dispositiva a última parte da sentença. É é nessa parte que o juiz manifestará se entende que julga procedente, improcedente ou parcialmente procedente a ação. 
a) dosimetria ou aplicação da pena – é no dispositivo que o juiz determinará qual a pena que cabe ao réu, observando-se o método trifásico contido no artigo 59 do Código Penal.
4- Parte autenticativa – a assinatura do juiz. Se não for assinada pelo juiz, não há sentença, sendo o documento inexistente, não somente nulo. 
VI- Sentença suicida – é aquela que tem uma contradição entre as razões expostas na fundamentação e o dispositivo. Por exemplo, o juiz na fundamentação diz que não ficou caracterizada determinada qualificadora. Contudo, no dispositivo condena o réu na forma qualificada. Tais sentenças são passiveis de embargos de declaração, nos termos do artigo 382 do Código de Processo Penal. 
VII- Embargos de declaração (embargos aclaratórios, embargos declaratórios ou embarguinhos) – o artigo 382 do Código de Processo Penal estabelece que “qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão”. O verbo declarar deve ser entendido como “explicar” ou “esclarecer” algo que foi dito na sentença e que não ficou muito claro para uma das partes. Cabe a oposição de declaração nos casos de omissão, que se objetiva complementar uma decisão (sobre uma qualificadora ou qualquer outra circunstância, sobre o início do cumprimento de pena etc); obscuridade, que se dá quando a decisão não é suficientemente clara, objetiva-se, então, aclarar ou esclarecer o que o magistrado quis dizer; contradição se dá quando o julgador argumenta em um sentido, porém, decide de outra, por exemplo, o julgador alega que todas circunstâncias judicias são favoráveis ao réu e aplica a pena na primeira fase acima do mínimo legal e ambiguidade, que é a fala que possui mais de um sentido. 
1- Requisitos para oposição de embargos declaratórios – os requisitos são aqueles constantes no artigo 382 do Código de Processo Penal. Caso haja obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão na sentença para uma das partes, está presente um dos requisitos necessários para a interposição dos embargos declaratórios. Além disso, deve estar presente também o requisito da tempestividade, ou seja, oposição no prazo de dois dias a contar da data da intimação da sentença. 
	
a) obscuridade – falta de clareza: O juiz que decide com linguajar rebuscado e de difícil compreensão, citando expressões em outros idiomas, por exemplo. 
b) ambiguidade – duplo sentido, pode-se entender duas coisas com o que foi dito: por exemplo, o juiz diz que analisando a conduta social do réu, percebe-se que é difícil de se encontrar na atualidade pessoas com as características do réu. O que o juiz quis dizer com isso? Que o réu é pessoa de bom comportamento, pois difícil hoje em dia encontrarmos pessoas boas ou é de mau comportamento, pois maldade como a do réu não se vê em qualquer lugar?
c) contradição – há duas ideias no texto, sendo que uma necessariamente contraria a outra: o juiz na fundamentação diz que não ficou caracterizada determinada qualificadora. Contudo, no dispositivo condena o réu na forma qualificada.
d) omissão – determinado ponto não foi enfrentado pelo juiz: por exemplo, o juiz condena o réu a dois anos de reclusão, porém não informa em qual regime (fechado, semiaberto ou aberto) se dará o início do cumprimento da pena. 
2- Prazo – o prazo para a oposição dos embargos de declaração é de 02 (dois) dias. 
3- Órgão competente para julgar os embargos – quem julgará os embargos declaratórios será o próprio juiz que prolatou a sentença, pois ele é quem deve aclarar ou esclarecer o que sentenciou. 
4- Embargos de declaração com efeitos infringentes – como já dito, o objetivo dos embargos de declaração é o de esclarecer o conteúdo de uma sentença. Contudo, em algumas situações, a procedência de referido recurso poderá gerar um efeito infringente (efeito modificativo), ou seja, ao sanar algum dos vícios (contradição, omissão, obscuridade ou ambiguidade) poderá alterar de forma significativa a situação do réu, fazendo com que a sentença original passe a ter um efeito diverso. Por exemplo, o juiz na fundamentação demonstra que irá condenar o réu, contudo, no dispositivo acaba por absolver o réu, nesse caso a acusação opõe embargos de declaração e o juiz declarando a sentença, acaba por condenar o réu. Observe que nesse exemplo, os embargos que tinham por objetivo aclaramento da sentença, acaba por modificar a situação do réu. 
Obs 1: não se deve confundir embargos de declaração com efeitos infringentes com o recurso chamado embargos infringentes, que é um recurso exclusivo da defesa, que se dá contra uma decisão colegiada de um tribunal desfavorável ao réu não unanime. 
Obs 2: embora a lei só preveja embargos de declaração de sentença ou acórdão, ao menos em tese, qualquer decisão judicial pode ser embargada. 
Obs 3: devem ser opostos no prazo de dois dias e interrompem o prazo para qualquer outro recurso, ou seja, o prazo é zerado, inicia a contagem novamente.
Obs 4: Artigo 83 da Lei 9.099/95 – na Lei do Juizado Especial Criminal, os embargos de declaração devem ser opostos em cinco dias, e também interrompem o prazo para interposição do recurso de apelação e os requisitos são obscuridade, contradição, omissão. 
VIII- Princípio da congruência (adstrição ou correlação) entre a denúncia e a sentença – é princípio garantidor ao direito de defesa, pois atrela a sentença prolatada à acusação feita e diz respeito ao que o juiz está vinculado quando vai prolatar sua sentença. No Processo Civil, para o juiz elaborar uma sentença deve observar o princípio da correlação ao analisar o conteúdo do pedido, devendo evitar que a sentença seja citra petita, ultra petita ou extra petita. No primeiro caso o juiz não analisa algo que foi pedido, no segundo caso o juiz entrega mais do que se pediu e no terceiro caso é dado algo que não foi pedido. No Processo Penal não importa o que é pedido, mas sim, os fatos narrados na peça acusatória. Assim se o juiz condena somente por um fato, apesar de serem narrados dois fatos, então a sentença será citra petita (a acusação denuncia por tráfico e associação ao tráfico e o juiz somente se manifesta e condena por tráfico e nada diz sobre a associação ao tráfico). Se além do fato narrado o juiz condena e aplica uma qualificadora ou causa de aumento de pena que não foi narrada, então estaremos diante de uma sentença ultra petita. E haverá uma sentença extra petita caso o juiz condene o réu, além do fato descrito, por um fato que sequer foi mencionado na denúncia, por exemplo, o réu foi denunciado somente por roubo e a sentença condena por roubo e abuso de incapaz. 
1- ‘Emendatio libelli’ – em tradução livre do latim para o português, temos “emenda da acusação”. No Código de Processo Penal referido instituto encontra-se no artigo 383 com a seguinte redação: O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhedefinição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. Um exemplo para facilitar o entendimento. Supunha-se que o Promotor de Justiça tenha descrito em uma denúncia que Horácio, em determinado dia, valendo-se de uma faca, subtraiu para si uma coisa alheia móvel, mediante ameaça contra a vítima Judite. Esta conduta se enquadra perfeitamente na descrição estabelecida no artigo 157 do Código Penal (roubo). Porém, ao tipificar a conduta o Promotor de Justiça diz: ante o exposto, denuncio perante Vossa Excelência João como incurso nas penas do artigo 155 do Código Penal, quando o correto seria ter requerido a condenação no artigo 157 do Código Penal. Nesse caso, o juiz fará um “remendo” na denúncia ou uma “emenda” na denúncia, ou seja, em latim, fará uma “emendatio libeli”, pois, sem modificar a descrição feita pelo promotor na denúncia, atribuirá definição jurídica diversa, posto que o promotor atribuiu como definição jurídica artigo 155 e o juiz atribui como definição jurídica do mesmo fato descrito 157. Resumindo, o juiz chama a conduta descrita pela acusação pelo nome correto, corrigindo o nome dado na inicial acusatória. 
a) Suspensão condicional do processo – instituto trazido pelo artigo 89 da Lei 9.099/1995. Tal instituto é aplicável a todos os crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano. Se no caso da ‘emendatio libeli’ o promotor de justiça, por exemplo, havia chamado furto de roubo e por isso não havia aplicado a suspensão condicional do processo, sendo direito do réu, deverá o juiz, nesse caso, encaminhar os autos do processo ao Ministério Público para que se manifeste nesse sentido, conforme parágrafo 1º, do artigo 383, do Código de Processo Penal.
b) competência de outro juízo – se pela nova definição jurídica o crime passa a ser de competência de outro juízo, deverão os autos ser remetidos ao juízo competente. Por exemplo, se o promotor descreveu um crime de lesão corporal leve, e tipificou como tentativa de homicídio. Nesses casos a competência é do juizado especial criminal, não da justiça comum, conforme parágrafo 2º, do artigo 383, do Código de Processo Penal.
c) princípio da não surpresa – o artigo 10 do Código de Processo Civil estabelece que o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Ou seja, se as partes não se manifestaram, deve ser dada a oportunidade para que as partes tragam argumentos para, eventualmente, alterar o entendimento do magistrado em relação a alguma situação do processo, inclusive se o juiz tiver que decidir de ofício, por exemplo, o reconhecimento da extinção da punibilidade, conforme traz a redação do artigo 61 do Código de Processo Penal. Tal posicionamento é defendido por parte da doutrina, já outra parte entende que não há necessidade.
d) emendatio libeli em grau de recurso – é possível que haja a emendatio libeli em segunda instância, desde que não haja reformatio in pejus. Ou seja, se houver recurso exclusivo da defesa, não poderá ser aplicada a sistemática da emendatio libeli se a situação do réu for piorada. Por exemplo, se somente a defesa recorre da sentença que condenou o réu pelo crime de furto alegando a negativa de autoria e o tribunal, além de entender que não há absolvição, entende que na verdade não se trata de furto, mas sim de roubo. Nesse caso, haverá reforma da sentença de primeira instância e tal reforma vai tornar a situação do réu mais gravosa, e isso não é permitido. 
2- ‘Mutatio libeli’ – em tradução livre do latim para o português temos “mudança de acusação”. Ou seja, o promotor de justiça acusou o réu de um crime, mas na verdade ficou comprovado que o crime foi outro. Nesse caso não basta um simples remendo como se dá na ‘emendatio libeli’, é necessária outra peça de acusação. O artigo 384 do Código de Processo Penal diz que encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. Por exemplo, o Promotor de Justiça denunciou Horácio por furto, informando que houve subtração de coisa alheia móvel da vítima Judite. Durante a instrução, tanto a vítima, quanto as testemunhas, são contundentes em afirmar que Horácio praticou o crime ameaçando a vítima com uma faca. Assim, nesses casos, fica demonstrada a prática de crime diverso daquele narrado na denúncia, então a acusação deve ser mudada, ser fita uma mutatio libeli. 
a) quem pode mudar é o acusador – quem pode aditar é somente o acusador e somente cabe nos casos de ação penal pública ou nos casos de ação penal privada subsidiária da pública, nos termos do que dispõe o artigo 384 do Código de Processo Penal, nunca nas ações penais privadas. 
b) princípio da congruência – como já foi dito, o juiz somente pode sentenciar de acordo com o que consta na peça acusatória. Desse modo, se não está descrito na peça acusatória as circunstâncias que foram descobertas somente no momento da instrução probatória na fase processual, deve ser a peça acusatória aditada. 
c) elemento ou circunstância – elementar é aquilo que faz parte do próprio tipo penal incriminador, já circunstância são as qualificadoras ou causas de aumentou ou diminuição da pena.
d) segunda instância – nos termos da súmula de número 453 do STF, não é possível falar em mutatio libeli em segunda instância. Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa. Isso se dá porque a esse instituto diz respeito à mudança da peça acusatória, e tal peça, necessariamente, é formulada em primeiro grau de jurisdição. 
e) discordância entre Ministério Público e julgador – caso não seja efetuado o aditamento pelo Ministério Público, como o magistrado não pode aditar a denúncia, uma vez que vigora no Brasil o sistema acusatório, então o magistrado deverá aplicar o estabelecido no artigo 28 do Código de Processo Penal, conforme a regra do § 1º do artigo 384 do Código de Processo Penal. Ainda deve ser lembrado que se encaminhado ao chefe do Ministério Público e este entender que também não é caso de aditamento, o juiz deverá julgar de acordo com o que consta na denúncia. 
f) oitiva de novas testemunhas – se houver aditamento, é como se fosse uma nova denúncia, devendo o magistrado ouvir a defesa e após receber ou rejeitar o aditamento. Recebendo, haverá a possibilidade de serem ouvidas outras testemunhas relacionadas somente ao aditamento, pois agora o Ministério Público deverá provar o que aditou e o réu poderá se defender da nova denúncia. É a regra do § 2º do artigo 384 do Código de Processo Penal. 
Obs: em caso de rejeição do aditamento, a doutrina entende que cabe RESE por analogia, pois não há previsão legal no rol do artigo 581, inciso I do Código de Processo Penal. 
IX- Sentença absolutória – a sentença absolutória é aquela que o juiz julga improcedente a pretensão punitiva que se encontra na peça acusatória. 
1- Casos em que o juiz deverá absolver o réu - Na parte do dispositivo o julgador deverá demonstrar em qual inciso do artigo 386 do Código de Processo Penal ele fundamenta sua decisão. Tal artigo estabelece que o juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva.
a) prova da inexistência do fato – nessa hipótese do inciso I do artigo 386, haverá influência na esfera cível, havendo uma dependência relativa, pois as provas que são formadas no Processo Penal são mais robustas e, sendo provado que o fato não existiu, entãonão há como se provar juridicamente na esfera cível que o fato ocorreu. 
b) falta de prova da existência do fato – no caso do inciso II do artigo 386, não se tem certeza, havendo dúvida que milita em favor do réu. Nesses casos há possibilidade de haver uma condenação na esfera cível contra o réu, uma vez que as provas necessárias para a condenação na esfera cível podem ser menos robustas que na esfera penal.
c) atipicidade do fato – a sentença criminal somente tem razão de ser para a aplicação de uma pena a um fato definido como crime. Desse modo, caso a instrução penal deixe claro que a conduta do réu não constituiu em prática de crime, evidentemente deverá ser a sentença absolutória. Observe-se que se a absolvição se der com fundamente no inciso III do artigo 386, nada impedira que haja ingresso com uma ação na esfera cível, uma vez que, apesar de do fato não ser crime, pode configurar um ilícito civil. 
d) não participação do réu na infração penal – nesse caso, mais uma vez, assim como ocorre no inciso I, há certeza jurídica de que o réu não deve ser punido, desta vez não porque o fato não constituir crime, ou o fato não ter ocorrido, mas sim, porque ficou provado que, apesar do crime ter ocorrido, certo está que o réu não teve relação com a prática de referido crime. nesses casos a sentença absolutória também terá influência na esfera cível, não podendo a matéria ser rediscutida. 
e) falta de provas da participação do réu na infração penal - no caso do inciso V do artigo 386, não se tem certeza, havendo dúvida, a qual milita em favor do réu. Nesses casos há possibilidade de haver uma condenação na esfera cível contra o réu, uma vez que as provas necessárias para a condenação na esfera cível podem ser menos robustas que na esfera penal.
f) causas excludentes da ilicitude ou da culpabilidade – se houver alguma causa excludente da ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade etc) ou excludente de culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa, obediência hierárquica etc), haverá a absolvição do réu, mesmo que haja somente uma dúvida haverá a absolvição em homenagem ao princípio do in dubio pro reo. Somente deve ser observado que se a excludente da culpabilidade for a inimputabilidade ocorrerá a absolvição imprópria, por meio da qual não será aplicada uma pena, mas, sim uma medida de segurança. 
g) falta de provas robustas – aqui o princípio do in dubio pro reo se manifesta em sua plenitude. Havendo dúvidas, por não ser o conjunto probatório robusto o suficiente sobre a autoria ou a materialidade, então o juiz deverá absolver o réu. Nesses casos, há possibilidade de haver uma condenação na esfera cível contra o réu, uma vez que as provas necessárias para a condenação na esfera cível podem ser menos robustas que na esfera penal. 
2- Efeitos da sentença absolutória –os efeitos da sentença absolutória são vários. Alguns estão previstos no artigo 386, parágrafo único: 
a) em relação à liberdade do réu – se o réu respondeu ao processo preso, o réu deve ser colocado imediatamente em liberdade, mesmo se tiver sido interposto recurso de apelação por parte da acusação. 
b) em relação às medidas cautelares diversas da prisão - cessam as medidas cautelares e provisoriamente aplicadas. Caso seja medida protetiva referente à Lei Maria da Penha, pode o juiz, dependendo do caso, entender ser cabível continuar a medida, por exemplo, proibição do réu se aproximar da vítima. 
c) imposição de medida de segurança – no caso de sentença absolutória imprópria, será aplicada medida de segurança. 
d) exceção da verdade – nos crimes contra a honra, a sentença absolutória impede que se argua exceção da verdade, nos termos do artigo 138, § 3º, inciso III do CPP e art. 523.
e) levantamento de sequestro ou hipoteca legal – com o trânsito em julgado da sentença absolutória, caso tenha sido determinado sequestro ou hipoteca legal, estas medidas serão retiradas. 
f) restituição de fiança – se no decorrer da investigação ou do processo o réu tenha sido colocado em liberdade por força do pagamento de fiança, esta será restituída. 
h) restituição de objetos e valores – caso haja objetos e valores apreendidos e pertencentes ao réu, estes serão restituídos, caso sua posse não seja proibida por lei. 
i) dever de indenizar – em alguns casos, dependendo do fundamento para a absolvição, será excluído o dever de indenizar. 
j) retorno ao status quo ante – se crime praticado também constituir em uma infração administrativa e a sentença absolutória tiver como fundamento a inexistência do fato ou reconhecer que certamente o réu não contribuiu com a prática do crime. 
X- Sentença Penal Condenatória – é aquela que julga procedente a pretensão punitiva do Estado formulada na peça acusatória.
1- Requisitos da sentença condenatória – o artigo 387 do Código de Processo Penal, em seus incisos, estabelece o que o juiz deve observar ao proferir uma sentença penal condenatória. 
a) circunstâncias do crime – o juiz deve mencionar todas as circunstâncias que o crime ocorreu, bem como as atenuantes e agravantes relacionadas ao fato. 
b) outras circunstâncias – o inciso II do artigo 387 faz referência ao método trifásico de aplicação da pena, estabelecido pelos artigos 59 e 60 do Código Penal, ou seja, na primeira fase devem ser observadas as circunstâncias judiciais, na segunda fase as circunstâncias atenuantes e agravantes e por fim, na terceira fase, serão analisadas as majorantes e minorantes (causas de aumento e de diminuição da pena). 
c) aplicação da pena – o inciso III do artigo 387 complementa o inciso anterior, na medida em que com as conclusões que chegar ao analisar o método trifásico, deverá aplicar a pena. 
d) fixação de valor mínimo para reparar o dano – tendo em vista que a sentença penal pode servir como título executivo judicial, o juiz pode fixar um valor mínimo para ser executado no juízo cível, conforme a redação do inciso IV do artigo 387. Tal fixação não impede que o ofendido discuta outro valor, uma vez que a fixação é de valor mínimo e não do valor total. A Lei não exige, porém, o STJ estabeleceu que deve haver pedido na peça acusatória para que o julgador fixe esse valor mínimo. 
e) decretação ou manutenção de medida cautelar – segundo o § 1º do artigo 387 do Código de Processo Penal, o juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta. Desse modo, sendo a liberdade a regra, deverá o julgador demonstrar se há necessidade de ser decretada a prisão preventiva se o réu estiver solto ou se a mantém, caso o réu tenha respondido o processo em liberdade. 
f) detração – segundo o artigo 42 do Código Penal, o tempo da prisão provisória deve ser abatido na pena imposta. Por conta disso, o § 2º estabelece que o próprio juiz sentenciante analisa a detração, não precisando esperar o juiz da execução para tanto com a seguinte redação o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. Deve ser observado, contudo, que o juiz sentenciante somente deverá fazer a detração se esse instituto for influir no regime inicial ao cumprimento da pena. Por exemplo, se o réu foi condenado à uma pena de vinte anos e ficou preso preventivamente por dois anos. Nesse caso, restará dezoito anos de cumprimento. Nesses casos, o regime inicial não será alterado, pois tanto vinte quanto dezoito anos iniciam o cumprimento da pena no regime fechado, conforme artigo 33, § 2º, alínea ‘a’ do Código Penal. 
2- Efeitos da sentença condenatória– o principal efeito da sentença é o de fazer esgota-se com sua prolação o poder jurisdicional do magistrado em relação ao caso que lhe foi apresentado, não podendo mais praticar qualquer ato jurisdicional naquele processo, a não ser, em alguns casos excepcionados pelo próprio Código de Processo Penal, como, porexemplo, nos casos de embargos de declaração, no caso de erro material da sentença (o juiz digitou errado o nome do réu) ou no recurso em sentido estrito em que é possível o juízo de retratação do magistrado. Outro efeito importante é a necessidade de cumprir a pena imposta. Os outros efeitos da sentença condenatória são os seguintes:
a) certeza da obrigação de reparar o dano resultante da infração, art. 63 do CPP.
b) perda de instrumentos ou do produto do crime, artigo 91 do CP.
c) perda do valor correspondente à diferença entre o valor do patrimônio do condenado aquele que seja compatível com seu rendimento lícito – Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. § 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.   
d) há ainda os chamados efeitos secundários, os quais encontram-se no artigo 92 do CP: São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. 
e) a prisão do réu, caso estejam presentes os requisitos da prisão preventiva. 
f) lançamento do nome do réu no rol dos culpados.
XI- Sentença Penal e Perdão Judicial -O perdão judicial é uma renúncia do Estado à pretensão punitiva, manifestada através do Juiz. Nesse caso, a renúncia à aplicação da pena acarreta como consequência automática e inafastável, a extinção da punibilidade. O perdão judicial pode ser definido como o instituto jurídico pelo qual o juiz, reconhecendo a existência de todos os elementos para condenar o acusado, não o faz, declarando-o não passível de pena. 
1- Causa extintiva da punibilidade –Segundo a regra do artigo 107, inciso IX, do Código Penal, o perdão judicial é causa de extinção da punibilidade, nos casos previstos em lei. 
2- Causas de perdão judicial no Código Penal - O perdão judicial poderá ser concedido nos seguintes crimes previstos no Código Penal: 
a) Artigo 121, § 5º (homicídio culposo);
b) Artigo 129, § 8º (lesão corporal culposa);
c) Artigo 140, § 1º, incisos I e II (injúria);
d) Artigo 168-A, § 3º (apropriação indébita previdenciária)
e) Artigo 176, parágrafo único (outras fraudes);
f) Artigo 180, § 5º (receptação culposa);
g) Artigo 242, parágrafo único (parto suposto, supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido);
h) Artigo 337-A, § 2º (sonegação de contribuição previdenciária)
3- Perdão judicial na legislação penal especial – Fora dos casos previstos no Código Penal, o perdão judicial também poderá ser concedido nos seguintes casos:
a) a Lei de Proteção à Testemunha (Lei nº 9.907, de 13 de julho de 1.999), que dispõe sobre a concessão do perdão judicial ao réu que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com as investigações e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa, a localização da vítima com a sua integridade física preservada e a recuperação total ou parcial do produto do crime, devendo o juiz considerar a personalidade do beneficiário e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso (art. 13, caput, e parágrafo único). 
b) também é possível a concessão do perdão judicial nos crimes de trânsito, de homicídio culposo, nos termos do artigo 302, do Código de Trânsito Brasileiro. 
c) lesão corporal culposa, previstos nos artigos 303 do Código de Trânsito Brasileiro.
XII- Publicação da sentença – a publicação da sentença é o ato pelo qual a sentença torna-se pública, ou seja, ela pode ser conhecida por todos, em cumprimento ao disposto no artigo 389 do Código de Processo Penal. Conforme se extrai da análise do artigo 799 do Código de Processo Penal, o serventuário do cartório tem 2 (dois) dias para realizar o ato de publicação da sentença. A prova de que a sentença agora é pública é a certidão do serventuário do cartório com os seguintes dizeres: “na data de hoje, publico em cartório a sentença retro”. Quando a sentença é prolatada em audiência ou na sessão de julgamento perante o tribunal do júri, a publicação se dá nessas situações, não havendo a necessidade de certificar a publicação. Com a publicação ocorrem dois fenômenos importantes para Direito: 
1- Imutabilidade da sentença por parte do magistrado – o magistrado não pode mais alterar o conteúdo da sentença, a não ser nos casos de erro meramente material ou de embargos de declaração. 
2- Interrupção do prazo prescricional – ocorre a interrupção do prazo prescricional, nos termos do artigo 117, IV do Código Penal. 
XIII- Intimação da sentença– a intimação da sentença é o ato por meio do qual se dá a conhecer seu conteúdo às partes e seus representantes no processo. Cada parte ou representante é intimado de forma diversa no processo: 
1- Ministério Público – deve ser feita pessoalmente.
2- Defensor Público – deve ser feita pessoalmente.
3- Defensor Dativo – deve ser feita pessoalmente.
4- Defensor Constituído – pessoalmente ou pela imprensa oficial.
5- Réu na sentença penal condenatória – se a sentença for condenatória, a intimação o réu se dará de forma diferente, dependendo se tiver defensor dativo ou constituído. 
a) pessoalmente se estiver em local certo, preso ou solto. 
b) por edital se estiver em local incerto. 
Obs: se o defensor for constituído, poderá somente este ser intimado, sendo dispensável a intimação do réu (artigo 392, inciso II)
6- Réu na sentença penal absolutória – a jurisprudência entende ser desnecessária a intimação do réu da sentença penal absolutória: STJ - HABEAS CORPUS HC 111698 MG 2008/0164353-9 (STJ) A AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO RÉU DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INOCORRÊNCIA. INTIMAÇÃO DO RÉU DA DECISÃO CONDENATÓRIA DE SEGUNDO GRAU. RT 568/386. Esse é o entendimento que prevalece também no TJ de São Paulo. 
7- Vítima – a vítima, em alguns casos, também deve ser intimada das decisões proferidas no processo penal, nos termos do artigo 201, § 2º, do Código de Processo Penal, com a seguinte redação: Oofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. 
XIV- Retificação da sentença– conforme já dito, após a publicação da sentença, o juiz somente pode retificá-la para consertar erro material (nome do réu escrito de forma errada, por exemplo), por meio de embargos de declaração, ou no caso de interposição do recurso em sentido estrito, que possibilita o juízo de retratação. 
XIV- Coisa Julgada – é a imutabilidade da decisão, ou por não ter sido interposto recurso no prazo legal, ou após a interposição dos recursos possíveis, não haver outros para serem interpostos. 
1- Coisa julgada formal – há coisa julgada formal quando estão esgotados todos os recursos cabíveis para alterar uma decisão proferida dentro de um processo. A coisa julgada formal diz respeito às decisões tomadas dentro de um processo que não dizem respeito ao mérito. Por exemplo, as decisões que dizem respeito à concessão de quebra de sigilo telefônico; decisão que julga extinta a punibilidade; decisão que declara a incompetência do juízo etc. 
2- Coisa julgada material – diz respeito às sentenças de mérito, ou seja, àquelas que analisam os fatos e decidem se o crime de fato ocorreu ou não, ou se o réu praticou ou não o crime. Coisa julgada material é a imutabilidade da sentença ou de seus efeitos não só no mesmo processo porque se extinguiram as vias recursais, mas também acarretando a proibição de outra decisão sobre a mesma causa em outro eventual processo. 
3- Relatividade da coisa julgada material – a coisa julgada material é tratada de forma diversa caso a sentença seja condenatória ou absolutória. 
a) sentença condenatória – a coisa julgada será relativa, podendo a qualquer tempo ser reaberto o caso e haver nova sentença de mérito caso se vislumbre a possibilidade de ter havido erro judicial, uma vez que um inocente não pode permanecer na prisão, ou sofrer outras punições de forma injusta, simplesmente porque decorreu o prazo para a interposição de um recurso. 
b) sentença absolutória – a coisa julgada é absoluta, pois o Estado não pode se valer do mesmo instrumento para analisar inúmeras vezes um caso que já houve manifestação judicial declarando o cidadão inocente. 
XV- Condenação em caso de pedido de Absolvição por parte do Ministério Público – o artigo 385 do Código de Processo Penal estabelece que nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. Há quem critique esse dispositivo pois se o acusador entende que não é o caso de condenação, observando-se o sistema acusatório, não poderia o magistrado pleitear a condenação. 
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