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1 Estado de Necessidade e Legítima Defesa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA TEORIAS DO ESTADO DE NECESSIDADE a) Teoria diferenciadora Para a teoria diferenciadora, existe o estado de necessidade justificante, que exclui a ilicitude, e o estado de necessidade exculpante, que exclui a culpabilidade. • Se o direito protegido for de maior valor que o direito sacrificado, há um estado de necessidade justificante. • Se o direito protegido for de igual valor, há um estado de necessidade exculpante. • Se o bem ameaçado ou protegido for de menor valor, há um estado de necessidade exculpante. b) Teoria unitária Para a teoria unitária, só existe um estado de necessidade, que é o estado de necessidade justificante. A palavra justificante remete às causas de justificação (excludentes de ilicitude). • Se o direito protegido ou ameaçado for de maior valor do que o sacrificado, há um estado de necessidade justificante. • Se o direito protegido for de igual valor ao do sacrificado, há um estado de necessidade justificante. • Se o bem protegido ou ameaçado for de menor valor, há uma causa de diminuição de pena. O Código Penal Brasileiro adotou a teoria unitária. Já o Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora. Teoria unitária Teoria diferenciadora Direito protegido x sacrificado Direito protegido x sacrificado Maior valor – estado de necessidade justificante. Maior valor – estado de necessidade justificante. Igual valor – estado de necessidade justificante. Igual valor – estado de necessidade exculpante. Menor valor – causa de diminuição de pena. Menor valor – estado de necessidade exculpante AN O TAÇ Õ ES 2 Estado de Necessidade e Legítima Defesa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Direto do concurso 1. (FGV/ANALISTA PORTUÁRIO – ADVOGADO/CODEBA/2016) Diego e Jú- lio César, que exercem a mesma função, estão trabalhando dentro de um armazém localizado no Porto de Salvador, quando se inicia um incêndio no local em razão de problemas na fiação elétrica. Existe apenas uma pequena porta que permite a saída dos trabalhadores do armazém, mas em razão da rapidez com que o fogo se espalha, apenas dá tempo para que um dos trabalhadores saia sem se queimar. Quando Diego, que estava mais pró- ximo da porta, vai sair, Júlio César, desesperado por ver que se queimaria se esperasse a saída do companheiro, dá um soco na cabeça do colega de trabalho e passa à sua frente, deixando o armazém. Diego sofre uma queda, tem parte do corpo queimada, mas também consegue sair vivo do local. Em razão do ocorrido, Diego ficou com debilidade permanente de membro. Considerando apenas os fatos narrados na situação hipotética, é correto afir- mar que a conduta de Júlio César a. Configura crime de lesão corporal grave, sendo o fato típico, ilícito e culpável. b. Está amparada pelo instituto da legítima defesa, causa de exclusão da ilicitude. c. Configura crime de lesão corporal gravíssima, sendo o fato típico, ilícito e culpável. d. Está amparada pelo instituto do estado de necessidade, causa de exclu- são da ilicitude. e. Está amparada pelo instituto do estado de necessidade, causa de exclu- são da culpabilidade. Comentário Debilidade permanente é causa de lesão grave, mas a questão deixa claro que era o único modo de Júlio Cesar não ser queimado. Ele estava diante de um perigo que não provocou por sua vontade e, diante de queimar a si e ao companheiro, ele preferiu queimar o companheiro. Portanto, há um caso clássico de estado de necessidade, causa de exclusão da ilicitude. 3 Estado de Necessidade e Legítima Defesa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online AN O TAÇ Õ ES 2. (COPESE–UFPI/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/PREFEITURA DE TERESIN– PI/2015) Quanto ao estado de necessidade, é CORRETO afirmar: a. Há estado de necessidade, quando a pessoa atua diante de um perigo a que deu causa propositalmente. b. Em situação que não extrapole os limites legais do exercício de sua pro- fissão, pode o bombeiro militar deixar de socorrer uma pessoa em perigo alegando estado de necessidade. c. Pode-se reconhecer o estado de necessidade se havia outro modo de evi- tar o perigo. d. Caracteriza-se o estado de necessidade mesmo diante de situação de pe- rigo que não seja atual ou iminente. e. Um dos pressupostos do estado de necessidade é a demonstração da ine- vitabilidade do comportamento, ou seja, a demonstração de que não havia outra forma de atuar diante da situação de perigo. Comentário a. Aquele que deu causa voluntariamente não pode alegar o estado de ne- cessidade. b. Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode alegar o es- tado de necessidade. c. Se havia outro modo de evitar o perigo, não se reconhece o estado de necessidade. d. O perigo deverá ser atual ou iminente. LEGÍTIMA DEFESA Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Requisitos a) Agressão injusta (humana) 4 Estado de Necessidade e Legítima Defesa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Para que haja legítima defesa, é preciso haver uma agressão injusta por uma pessoa. Agressão é lesão a bem jurídico (integridade física, vida). A agressão injusta pode ser dolosa ou culposa. É possível legítima defesa contra fatos culposos, pois as agressões culposas também são injustas. Obs..:� a palavra injusta significa que a conduta tem que ser fato típico + ilícito. Isso é o injusto penal. Ou seja, se existe uma excludente de culpabilidade, é possível a legítima defesa. E o ataque de animais? A agressão deve ser humana, não pode ser de animais. Se alguém sofre um ataque de animais, é estado de necessidade. No entanto, se esse animal foi indu- zido pelo homem, o animal é um meio tão somente. Portanto, será legítima defesa, pois há uma agressão humana. Obs..:� existem excludentes especiais na Lei dos Crimes Ambientais para o abate animal. E a agressão de inimputáveis? É possível a legítima defesa contra atos de inimputáveis, pois a agressão deles é injusta – fato típico e ilícito, só não é culpável. b) Agressão atual ou iminente A agressão deverá ser atual ou iminente. Não há que se falar em legítima defesa futura, antecipada. A legítima defesa antecipada ocorre quando uma pessoa sabe que será agre- dida no dia seguinte, por exemplo, e repele essa agressão hoje. 5 Estado de Necessidade e Legítima Defesa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Ex..: uma facção toma a cadeia e começa a fazer reivindicações ao diretor, que não atende e é morto pela facção. O comandante da rebelião também mata um agente penitenciário e afirma que, se não atenderem seu pedido, no dia seguinte matará outro agente. Um dos agentes, com medo de ser morto, mata o membro da facção. Esse agente não está em legítima defesa, pois a agressão contra ele não é atual ou iminente. Mas é possível que caiba para ele a excludente de culpabili- dade inexigibilidade de conduta diversa. c) Defesa de direito próprio ou de terceiro Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Na legítima defesa de terceiros, é necessária a autorização do ofendido? Depende. Se o caso tratar de direito indisponível, não é necessária a autoriza- ção. Porém, se se tratar de direitos disponíveis, é necessária a autorização. A auto- rização para a legítima defesa também vale para a agressão injusta. Se essa agres- são injusta for autorizada em direitos disponíveis, há o consentimento do ofendido. d) Repulsa com os meios necessáriosA repulsa deverá ser feita com os meios necessários (meios disponíveis). Dentre os meios disponíveis, será utilizado aquele que é tão somente necessário para repelir. Ou seja, dentre os disponíveis, não se pode utilizar um meio que vai além do necessário. e) Uso moderado Primeiro se escolhe qual o melhor instrumento a ser utilizado. Se alguém esco- lhe um meio necessário de forma desproporcional, responde pelo excesso doloso ou culposo. 6 Estado de Necessidade e Legítima Defesa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online f) Elemento subjetivo do tipo permissivo As excludentes de ilicitude também são chamadas de tipo permissivo. Matar alguém é uma norma proibitiva. Matar alguém em legítima defesa é uma norma permissiva. Elemento subjetivo é o dolo de praticar a conduta em legítima defesa. Ex..: um homem vê o seu desafeto na rua, e o mata. Porém, na hora que ele matou o desafeto, o desafeto estava matando outra pessoa, e o homem não sabia. Objetivamente, ele estava em legítima defesa, pois defendeu o direito de outrem. No entanto, nesse caso, não existe o elemento subjetivo – o dolo de estar praticando a legítima defesa querendo estar em legítima defesa. Portanto, ele não estará em legítima defesa. GABARITO 1. d 2. e �����������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Wallace França.
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