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Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/294/respeitar-
diferencas
Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Abril | 2002
Criança e Adolescente
Respeitar as diferenças
Só assim se consegue afastar o fantasma do preconceito e
formar jovens mais tolerantes
Denise Pellegrini
Só assim se consegue afastar o fantasma do preconceito e formar 
jovens mais tolerantes Foto: Fernando Vivas
 
Muitos professores que trabalham em escolas públicas de periferia
comentam que as turmas, com o passar dos anos, vão "clareando". Grosseira,
a expressão indica que há menos alunos negros na 7ª e 8ª séries do que na
1ª. A cruel constatação, no entanto, não significa o reconhecimento de que
existe preconceito na escola. Pesquisa realizada pela professora Irene Sales
de Souza, da Universidade Estadual Paulista, em Franca, mostrou que 83%
dos 200 entrevistados negaram já ter presenciado situações de discriminação
no ambiente escolar, apesar de todos serem unânimes em afirmar que existe
racismo no Brasil! Por isso, está mais do que na hora de abordar essa difícil
questão em sala de aula e evitar que mais crianças (sobretudo da raça negra)
desistam de estudar. "A discriminação afeta a auto-estima do estudante. Isso
se reflete no aprendizado e é uma das causas da evasão", confirma a
pesquisadora Ana Maria de Niemeyer, professora do Departamento de
Antropologia da Universidade Estadual de Campinas.
Lutar contra o preconceito é uma decisão que precisa ser encampada pela
coletividade, não é uma responsabilidade só de quem é discriminado. "Se a
https://novaescola.org.br/conteudo/294/respeitar-diferencas
construção da auto-imagem do jovem em nosso país prevê que o negro se
sinta submisso e o branco, superior, sempre haverá problemas para a
sociedade como um todo", analisa a consultora educacional Isabel Santos, do
Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades, o Ceert. Para
combater essa triste realidade, a instituição está promovendo o prêmio
Educar para a Igualdade Racial, que valoriza iniciativas criativas,
desenvolvidas dentro da escola, com o objetivo de promover a pluralidade
cultural e acabar com o racismo.
 
Pluralidade Cultural
Tema: Aceitação da diversidade
Objetivo: Conhecer as várias etnias e culturas, valorizá-las e respeitá-las.
Repudiar a discriminação baseada em diferenças de raça, religião,classe
social, nacionalidade e sexo. Reconhecer as qualidades da própria cultura,
exigir respeito para si e para os outros
Como chegar lá: Procure em sua disciplina elementos que propiciem o
desenvolvimento de atividades ligadas ao tema. Fique atento ao que
acontece na sala de aula, na escola e na comunidade e que se caracterize
como estereótipo, discriminação ou preconceito. Identifique outros
elementos na mídia. Os dois caminhos facilitam a discussão em classe
Dica: Todos nós temos uma históriade vida, com características pessoais
e crenças arraigadas. Analise-se e verifique se suas posições têm por base
a justiça e a ética. Não tenha medo de trocar idéias com os colegas, pois o
tema é delicado mesmo
 
Ações que valorizem as diferentes etnias e culturas devem, sim, fazer parte
do dia-a-dia de todos os colégios. Mas isso não é tudo. É preciso que os
alunos aprendam a repudiar todo e qualquer tipo de discriminação, seja ela
baseada em diferenças de cultura, raça, classe social, nacionalidade, idade ou
preferência sexual, entre outras tantas. "A Pluralidade Cultural é uma área do
conhecimento", lembra Conceição Aparecida de Jesus, uma das autoras dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de 5ª a 8ª série, que têm um capítulo
inteiro dedicado ao tema. Pedagoga e consultora, ela ensina a incluir o tema
no planejamento. "Cultive o hábito de ouvir as pessoas e desenvolva projetos
pedagógicos com propostas que tenham por base questões presentes no
cotidiano das relações sociais." Quem adota essa prática com estudantes que
sofrem com o preconceito garante: a agitação da turma diminui, todos se
aproximam do professor e os mecanismos de ensino e aprendizagem são
facilitados. 
Nesta reportagem, você vai conhecer o que quatro escolas vêm fazendo para
valorizar a Pluralidade Cultural: na periferia de São Paulo, jovens de 5ª a 8ª
série de dois colégios localizados bem perto um do outro estão aprendendo a
se conhecer melhor e descobrindo que o preconceito faz parte da vida de
todos; numa escola comunitária de Salvador, cujos alunos são em sua
maioria negros, a questão racial perpassa todo o currículo, da pré-escola à 4ª
série; em Campo Grande, uma instituição particular leva as crianças de
Educação Infantil e da 1ª série a conhecer a realidade de índios e estrangeiros,
como os muitos paraguaios que moram na cidade.
Conhecer a si mesmo
Para estudar as facetas da discriminação racial na escola, a antropóloga Ana
Maria de Niemeyer tocou, de novembro 1997 a dezembro de 2001, um
projeto de pesquisa que envolveu dez educadores de duas escolas
paulistanas, separadas por poucos quarteirões, em que negros e mestiços
são a maioria da clientela. Orientados por Ana, os professores aplicaram
diversas técnicas em sala de aula. Uma delas, oferecida como atividade extra-
curricular, era a oficina de vídeo. "Os jovens escreviam o roteiro e
trabalhavam como atores, produtores e câmeras", conta Maria José Santos
Silva, coordenadora do trabalho. Um dos vídeos produzidos mostra a história
de um menino branco que não deixa o colega negro participar de uma
partida de futebol. Exibida para toda a comunidade, a fita serviu de mote para
discussões. 
No decorrer do projeto foram surgindo pistas sobre como o problema da
discriminação era visto. "É consenso, na comunidade, que o negro só é aceito
por seu esforço individual, nunca por ação do grupo", enfatiza Ana. Redações
escritas por estudantes de 6ª série indicaram problemas com a auto-imagem.
"Um deles terminou uma história dizendo que o personagem, negro como o
próprio aluno, fez uma plástica para ficar branco." 
Márcia Lucas leciona Língua Portuguesa na Escola Estadual Doutor Francisco
Brasiliense Fusco, que fica no pedaço mais pobre da rua, bem perto de uma
favela. Disposta a provocar uma reflexão sobre a condição de vida da
garotada e melhorar a auto-estima ela propôs a produção de auto-retratos.
"No começo, eu só recebia desenhos com tons bens claros", recorda a
professora. Questionados, os meninos e meninas diziam que não gostavam
da própria cor. "Eu os elogiava e destacava a ação de personalidades negras
no cenário mundial." 
No ano passado, além do auto-retrato, ela pediu que os estudantes de 8a
série escrevessem uma auto-descrição, com características físicas e
psicológicas. Os textos foram embaralhados e redistribuídos. "Na dinâmica,
cada jovem tinha de ler a redação em voz alta e descobrir a quem ela se
referia", explica Márcia. Nem sempre a aparência descrita era fiel à realidade.
"Alguns negros se definiam como morenos, o que rendia uma repreensão
dos colegas." Márcia, que se definiu como negra para a turma, mediava os
debates. "Dias depois, ao refazer a tarefa, vários alunos assumiram sua cor",
comemora.
Na vizinha Escola Municipal de Ensino Fundamental Ministro Synésio Rocha,
que fica mais longe da favela e, por isso, é considerada melhor que a
Francisco Brasiliense Fusco, o professor de Geografia André Semensato
ampliou o espectro original do projeto. "Depois de estudar com a turma de 6ª
série a formação do povo brasileiro, resolvi discutir outros tipos de
segregação, além da racial", relata. No ano seguinte, o livro 12 Faces do
Preconceito, de Jaime Pinsky, serviu de inspiração para o trabalho com a
garotada, já na 7ª série. "Após observar a charge que abria cada capítulo da
publicação, eles pesquisaram, na biblioteca e na internet, os temas que mais
lhes interessavam", afirma Semensato, que fez tudo em dupla com a
responsável pela sala de informática, Ana Pens. "No final, a garotada
transformou a pesquisa em um arquivo de PowerPoint, para apresentar ao
resto da escola", relata a professora. A discriminação contra judeus,
mulheres, idosos, jovens e homossexuaisfoi discutida em classe. "Todos
passaram a se policiar e a toda hora questionavam se determinada atitude
era preconceituosa ou não", festeja Semensato. "Foi importante eles
perceberem que, apesar de ser vítimas de racismo, muitos discriminavam os
homossexuais", completa a coordenadora Maria José.
Os povos da cidade
A Pluralidade Cultural é conteúdo importante do currículo da Escola Gappe,
em Campo Grande. "Ao entrar em contato com a diversidade, os estudantes
aprendem a respeitá-la", justifica Stael Gutierrez, coordenadora de Educação
Infantil e 1a série. Por isso, um dos objetivos é fazer com que os alunos
conheçam índios e imigrantes que habitam a cidade. Dentro desse espírito, a
professora Élida Souza desenvolveu com a classe de 4 anos o projeto
Crianças de Todo o Mundo. "Trouxemos vários estrangeiros para mostrar um
pouco da cultura de seus países." 
Gente que nasceu na Escócia, na França, no Japão e no Paraguai foi até a sala
de aula. Elina Souza, assessora de Língua Portuguesa da Gappe, integra a
grande colônia paraguaia na capital sul-matogrossense. "Esse povo exerce
enorme influência na nossa cultura", enfatiza Stael. Como todos os outros
visitantes, ela levou roupas e objetos típicos para mostrar às crianças, fotos
de locais turísticos e a receita de um prato, que foi preparado e saboreado e
ensinou uma música e uma dança.
Na 1ª série, a professora Adriana Godoy estabeleceu um paralelo entre a vida
das crianças de antigamente e de hoje e entre as que residem em Campo
Grande e em outras localidades. "Perguntei aos pequenos se os índios que
moram aqui na cidade têm os mesmos costumes que eles." A resposta devia
vir na forma de desenhos que mostrassem as hipóteses da turma sobre
como é a casa, a alimentação, os brinquedos. A maioria acreditava que os
índios viviam de tanga, tomavam banho no rio e se alimentavam de peixes. O
próximo passo foi ir até uma aldeia terena. "Quando viram que eles vão à
escola, onde têm acesso a computador, e gostam dos mesmos desenhos
animados e dos mesmos doces, meus aluninhos ficaram muito surpresos",
lembra Adriana. 
Ela teve o cuidado de explicar que nem todos os índios são como esses
terena, que deixaram a zona rural em busca de trabalho na cidade. Os mais
velhos permanecem no campo. Foi fácil compreender a lição já que todos
estão acostumadas a vê-los no mercado e na feira vendendo produtos
agrícolas e artesanato. De volta à sala de aula, hora de revisar as hipóteses
iniciais e chegar a novas conclusões. "Eles compreenderam as condições de
vida daquele povo e, como resultado, passaram a respeitar as diferenças",
afirma Adriana. Para a consultora Conceição, a experiência é positiva, pois
"ajuda a diminuir o preconceito contra os índios, muitas vezes vistos como
preguiçosos."
Comunidade envolvida
O objetivo da Escola Comunitária Luiza Mahin, que oferece classes da pré-
escola até a 4ª série em Salvador, é levar as crianças a construir uma boa
imagem de si mesmas e a resgatar a influência da cultura africana na
construção da identidade brasileira uma proposta pedagógica condizente
com a realidade da clientela, majoritariamente negra. "Alguns chegam aqui se
dizendo brancos, mas logo percebem que, na verdade, não o são", afirma a
coordenadora pedagógica Jamira Munir. Essa descoberta se dá, por exemplo,
durante a produção da árvore genealógica de cada aluno. "No início dessa
tarefa, pergunto quem é negro e poucos alunos levantam a mão", afirma Diva
de Souza, professora da 4ª série. 
Durante o trabalho, ela mostra que é preciso levar em consideração outras
características além da cor da pele. "Falo do cabelo crespo, dos lábios grossos
e do nariz achatado e eles começam a se enxergar como negros."
Paralelamente à conscientização, Diva eleva a auto-estima da turma, citando
artistas, políticos e líderes comunitários afro-descendentes. "No final, quando
pergunto quem é negro quase todos erguem o braço."
Os conteúdos das diversas disciplinas estão sempre relacionados à questão
da negritude. Em Matemática, Sônia Dias, da 1a série, e Aucélia da Cruz, da 2ª,
criaram uma pesquisa de campo. Os estudantes perguntam a cinqüenta
moradores vizinhos da escola se eles se consideram negros. Em classe, a
garotada monta gráficos com as respostas separadas homens, mulheres,
adolescentes. Segundo Aucélia, a pesquisa mostra que a maioria das pessoas
do bairro assume sua cor. As professoras incluem também aspectos
socioeconômicos no trabalho. "Chamamos a atenção para o fato de que,
mesmo durante o dia, havia muitos adultos em casa. Isso significa que eles
não têm emprego", conclui Sônia. 
A consultora Conceição garante que atividades como essas, cada vez mais
comuns em escolas de todo o país, logo estarão fazendo toda a diferença. "Os
alunos vão passar a cobrar de todos os professores uma posição firme contra
os preconceitos e a favor do respeito às diferenças. Isso ainda vai se
transformar numa boa epidemia."
 
Quer saber mais?
Escola Comunitária Luiza Mahin, Conj. Santa Luzia, qd. 5, 18, CEP
40450-300, Salvador, BA, tel. (71) 312-6300
Escola Estadual Doutor Francisco Brasiliense Fusco, R. Jaracatiá, 941,
CEP 05754-070, São Paulo, SP, tel. (11) 3743-2697
Escola Gappe, R. 25 de Dezembro, 1107, CEP 79010-220, Campo Grande,
MS, tel. (67) 383-6751
Escola Municipal de Ensino Fundamental Ministro Synésio Rocha, R.
Jaracatiá, 448, CEP 05754-070, São Paulo, SP, tel. (11) 3743-2682
BIBLIOGRAFIA 
Cidadania em Preto e Branco, Maria Aparecida Silva Bento, 80 págs., Ed.
Ática, tel. (11) 3346-3000, 14,90 reais
Do Silêncio do Lar ao Silêncio Escolar, Eliane Cavalleiro, 110 págs., Ed.
Contexto, tel. (11) 3832-5838, 19,90 reais
12 Faces do Preconceito, Jaime Pinsky (org.), 123 págs., Ed. Contexto,
17,90 reais
Os Educadores e as Relações Interétnicas: Pais e Mestres, Irene Sales
de Souza, 165 págs., Ed. Unesp-Campus de Franca, tel. (16) 3711-1857
(esgotado)
 
 
	Pluralidade Cultural
	Conhecer a si mesmo
	Os povos da cidade
	Comunidade envolvida

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